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13 outubro 2022

Criptoativos e a posição da CVM

 Se ontem o Fasb mudou sua posição sobre a mensuração das criptomoedas, admitindo agora o uso do valor justo, a CVM também divulgou sua posição. 

A Comissão de Valores Mobiliários do Brasil (CVM) divulgou, nos últimos dias, um Parecer de Orientação sobre criptoativos e o mercado de valores mobiliários. De número 40, o documento ressalta uma abordagem amigável da autarquia para o setor e as novas tecnologias, com recomendações que buscam garantir a previsibilidade e segurança do mercado.

"O parecer tem caráter de recomendação e orientação ao mercado, com o objetivo de garantir maior previsibilidade e segurança para todos, além de contribuir em direção à proteção do investidor e da poupança popular, bem como de fomentar ambiente favorável ao desenvolvimento da cripto economia, com integridade e com aderência a princípios constitucionais e legais relevantes", afirmou João Pedro Nascimento, presidente da CVM no documento.

Orientações - As orientações do Parecer 40 abordam seis áreas diferentes: tokenização, caracterização de tokens como valores mobiliários, enquadramento, transparência de informações, mercado marginal e tecnologia.

De acordo com o documento, a tokenização em si não está sujeita à prévia aprovação ou registro perante a CVM.

No entanto, emissores e a oferta pública destes tokens estarão sujeitos à regulamentação aplicável, assim como a administração de mercado organizado para emissão e negociação dos tokens que sejam valores mobiliários, bem como para os serviços de intermediação, escrituração, custódia, depósito centralizado, registro, compensação e liquidação de operações que envolvam valores mobiliários.

"CVM nos parece indicar direções para buscar viabilizar a oferta pública e negociação de tokens que sejam valores mobiliários dentro do conjunto de regras existentes, com a possibilidade de sua flexibilização, desde que, evidentemente, sejam apresentadas salvaguardas que a justifiquem", comentou Erik Oioli, da VBSO Advogados.

"Isto denota, também, a importância da estruturação adequada e idônea dos projetos de tokenização, para construção de casos de uso que realmente tragam benefícios para o mercado, sem prejuízo do grau de proteção dos investidores", disse.

Caracterização - Caracterizando os criptoativos como “ativos representados digitalmente, protegidos por criptografia, que podem ser objeto de transações executadas e armazenadas por meio de tecnologias de registro distribuído”, o documento busca se equiparar a outros países, que buscam entender e regular o setor de criptoativos,

“Tendo em vista o cenário global, debates sobre a regulação desses ativos estão cada vez maiores e em diversos países, com o reconhecimento de que este é um desafio transfronteiriço e que demanda orientações. Diante disso, o Parecer de Orientação vai ao encontro desse propósito, a fim de trazer orientações com relação ao mercado de capitais brasileiro”, afirma o documento.

No que recomenda a CVM, os agentes de mercado devem analisar as características de cada criptoativo, com o objetivo de determinar se é valor mobiliário, o que ocorre quando:

• é a representação digital de algum dos valores mobiliários previstos taxativamente nos incisos I a VIII do art. 2º da Lei 6.385 e/ou previstos na Lei 14.430 (i.e., certificados de recebíveis em geral); ou

• se enquadra no conceito aberto de valor mobiliário do inciso IX do art. 2º da Lei 6.385, na medida em que seja contrato de investimento coletivo.

Transparência - “A abordagem inicial da CVM com relação aos criptoativos que forem considerados valores mobiliários estará em linha com o princípio da ampla e adequada divulgação (full and fair disclousure)”, explica o parecer.

“A concentração inicial da Autarquia é no sentido de prestigiar a transparência em relação aos criptoativos e valorizar o regime de divulgação de informações, sem prejuízo da avaliação quanto à necessidade de complementar posteriormente a atuação da CVM com outras medidas a serem conjugadas a esta abordagem”, acrescenta o documento.

Enquadramento - A Comissão de Valores Mobiliários enquadra os tokens em três diferentes tipos:

• Token de Pagamento (cryptocurrency ou payment token): busca replicar as funções de moeda, notadamente de unidade de conta, meio de troca e reserva de valor;

• Token de Utilidade (utility token): utilizado para adquirir ou acessar determinados produtos ou serviços; e

• Token referenciado a Ativo (asset-backed token): representa um ou mais ativos, tangíveis ou intangíveis. São exemplos os “security tokens”, as stablecoins, os non-fungible tokens (NFTs) e os demais ativos objeto de operações de “tokenização”.

Segundo o documento, a CVM entende que um token referenciado a ativo pode ou não ser um valor mobiliário. Além disso, um único criptoativo pode se enquadrar em uma ou mais categorias, a depender das funções que desempenha e dos direitos a ele associados.

Tecnologia - Na última década, o mercado de criptoativos se multiplicou e agora é avaliado em US$ 926 bilhões, segundo dados do CoinMarketCap. Boa parte do que causou este movimento foi a tecnologia e a prova de que moedas, serviços financeiros, entre outros, poderiam ser nativos da internet.

Com isso, grandes empresas e instituições passaram a reconhecer que o assunto não poderia mais ser ignorado, passando a realizar pesquisas e desenvolver iniciativas no setor. Uma delas é o Sandbox Regulatório da CVM, que gerou a joint venture Vórtx QR Tokenizadora.

Mencionando o projeto, a Comissão de Valores Mobiliários reiterou que é receptiva às novas tecnologias e que continuará aprofundado o seu estudo e análise.

“A CVM reitera que é receptiva às novas tecnologias que contribuem e influenciam positivamente a evolução do mercado de valores mobiliários. A Autarquia entende que adoção de tecnologias deve ser feita como uma forma de ampliação de horizontes e, não, uma limitação da extensão com que direitos podem ser exercidos”, afirma o documento.

“Neste sentido, a CVM continuará aprofundando o estudo e a análise do tema e de sua aplicação ao mercado de capitais, podendo, caso necessário e cabível, regular esse novo mercado, inclusive à luz de sua experiência com o Sandbox Regulatório”, conclui.

Cripto ativos e o valor justo

 Segundo o FASB, os criptos ativos devem ser mensurados a valor justo:


The Financial Accounting Standards Board on Wednesday said companies should use fair-value accounting for measuring bitcoin and other crypto assets, moving a step closer to a standard that could clear up uncertainty over reporting how much such holdings are worth.

There are currently no specific accounting or disclosure rules for cryptocurrency assets, so businesses classify them as indefinite-lived intangible assets similar to intellectual property such as trademarks. Companies must review the value of such assets at least once a year and write it down if it drops below the purchase price. If the value rises, companies can only record a gain when they sell the asset, not if they continue holding it.


Companies and accountants want the FASB to adopt fair-value accounting instead, which would allow them to recognize losses and gains immediately and treat digital assets as financial assets.

The FASB on Wednesday said fair-value accounting best captures the economics of crypto assets and determined the method would be a requirement rather than an option for companies. “We’ve heard from investors that they want transparency through disclosure, and the only way to get to that is fair value,” board member Gary Buesser said.

[...]


The FASB in August detailed criteria for assets it will include in its cryptocurrency project, leaving out nonfungible tokens and certain stablecoins. The board will next consider what will have to be included in disclosures about the assets and how companies should inform investors.





O que ocorre quando um pesquisador faz parte do corpo editorial de um periódico?

 

O gráfico mostra o que ocorre quando um pesquisador passa a fazer parte de um conselho editorial de um periódico de economia. O momento 1 é quando ocorre a colaboração e o gráfico mostra o número de publicações por período. É possível notar que fazer parte de um conselho editorial pode ajudar de alguma forma na publicação do autor. Há diversas teorias para este resultado: favoritismo é uma delas, embora não seja a única razão. Para esta explicação há o fato de que os artigos publicados pelos autores que são do corpo editorial recebem menos citações. 

Partida tripla

The bookkeeping accounting method recognized all over the world is based on the so-called double entry, with which in each account (defined T-Account for its shape) there are two sections, Debit and Credit. These two sections take on different meanings depending on the nature of each account. The double entry is an exceptional consolidated accounting method that dates back to the fifteenth century, however it has highlighted limits in terms of auditing. The single entry did not take into account the cross relations between the accounts, reporting only on the journal. The double entry has overcome this limit by introducing the ledger, but a cross-check of the mirrored transactions recorded by the other companies is still missing. The introduction of blockchain technology could now offer a new opportunity to ensure further auditing control. The transition from double entry to triple entry is therefore only a matter of time. The blockchain itself is borrowing the word "ledger" from accounting and now it is time for accounting to introduce a third leg (another axis) to the T-Accounts, that can be turned into a new X-shaped version of accounts. This third axis can be used to include the unique identifier of each transaction represented by the Hash.

Há muito se discute a partida tripla. Aqui é a proposta que o terceiro item, além do débito e crédito, seja a identificação da transação em um ambiente de blockchain.

(Dica de Polyana) 

Rir é o melhor remédio

 


12 outubro 2022

Cripto ativos e a questão da instabilidade financeira

Um documento do European Securities and Markets Authority (ESMA):  

Crypto-assets have gained increasing attention due to their rapid growth and so has the interest around their implications for the traditional financial system – including financial stability. ESMA has been following these developments closely for several years, including because of their risks to consumer protection, and outlines in this article the latest understanding of crypto-assets’ risks and transmission channels to financial markets. While some sources of risk are well understood from traditional markets, others are novel and linked to the product design, technological development, or the complex infrastructures built around crypto-assets. We find that, at present, crypto-assets are still small in size and their interlinkages to traditional markets are limited. In future, this situation may change as market growth can occur suddenly and risk transmission is possible through various channels. Continuous monitoring of the crypto-asset market and its interconnectedness with the wider financial system is required to assess newly emerging threats in a timely manner, while regulations such as the EU proposal “Markets in Crypto-Assets” (MiCA) should be implemented swiftly to mitigate already identified risks.

Rir é o melhor remédio

 

sim, mas ...

11 outubro 2022

JAR e um artigo sob suspeita

Um periódico como o Journal of Accounting Research - um dos melhores da nossa área - publicou um artigo que está sendo objeto de contestação. O artigo lida com fraude na contabilidade, um assunto relevante. Usando machine learning os autores conseguiram aumentar a taxa de detecção em relação a regressão logística. O problema é que um texto no EcoWatchJournal descobriu falhas no processo. Eis o resumo:

This critique examines the results of an article that applies machine learning to the detection of accounting fraud, published in Journal of Accounting Research. Their key finding is that machine learning improved fraud detection by 70 percent above a previously published logistic regression. The authors make their data and Matlab code available at Github. Using their files, I replicate their study. Upon closer inspection, we see that some fraudulent firms were contained in both the training and test samples, which improves the results of their model, but contradicts what was described in the published paper. I asked the authors about this issue and gratefully received a response. The response is quoted in the present critique. Getting a proper assessment of the potential of machine learning is important, as such techniques and models are relied upon by industry practitioners and regulators, including the Securities and Exchange Commission.

Veja que o problema é sério. Os autores usaram as mesmas empresas na amostra de teste e na amostra de treinamento. Isto é um erro, já que melhora os resultados. 

Em agosto de 2022 os autores publicaram uma errata do artigo. Mas a crítica persistiu no próprio Econ Watch Journal:

This paper treats an erratum published in Journal of Accounting Research (JAR) in August 2022. The erratum was prompted by two critical comments authored by me and published in Econ Journal Watch. The erratum mischaracterizes its authors’ previous research related to the preferred test sample period. More importantly, the authors say that I identified an error in their program code. This is false. Rather, I identified a misidentification within the dataset, a misidentification that was disclosed neither in their original JAR article, nor in the program code appended to that article, nor in their Econ Journal Watch reply to my first comment. Finally, the erratum never addresses why the misidentification occurred, nor why they did not acknowledge the misidentification on the two prior opportunities to do so. I have asked for an investigation at the Journal of Accounting Research into academic research misconduct.

A errata tenta confundir a crítica feita, já que não foi um problema no código, mas o uso da base de dados. Veja que no final, Walker, que levantou a polêmica sugere que é um caso para investigação de má conduta científica. 

via aqui

Sites de empresas de contabilidade

 O Accounting Web promete mostrar nove sites de empresas de contabilidade que seriam exemplo para outras empresas. Apesar dos exemplos serem dos Estados Unidos e Inglaterra, eu acho que existem boas dicas aqui. Particularmente gostei do site da Perkins Accounting. Das grandes empresas é citado somente a PwC e isto é positivo: afinal queremos saber que não é preciso ser uma grande potência financeira para produzir um conteúdo agradável para o potencial cliente. 


A relação pode ser encontrada aqui. Seria interessante uma iniciativa deste tipo aqui no Brasil. Afinal, qual seria o site de empresa de contabilidade mais bonito? 

Ex-chefão da F1 tem nova acusação relacionada com o fisco


Durante anos, Bernie Ecclestone reinou sobre a Fórmula 1. Agora, Ecclestone está sendo julgado por uma suposta falha na sua declaração de imposto de renda. Ele teria esquecido de declarar ativos de 400 milhões de libras existentes no exterior. Bernie, que tem 91 anos, será julgado no dia 9 de outubro de 2023, em um caso que deve demorar seis semanas, segundo afirmou o promotor do caso.  

Ecclestone nega que a acusação, que partiu de uma investigação da Receita Federal inglesa, o HMRC. 

Anteriormente o empresário já foi acusado de problemas fiscais, entre outras controvérsias. 

Entenda o caso do Credit Suisse

O Credit Suisse, maior banco da Suíça, está enfrentando uma crise sem precedentes em sua história.

A instituição financeira helvética registrou prejuízos recordes nos últimos meses, além de ser envolvida em uma série de escândalos que minaram sua credibilidade.

As ações do Credit Suisse na Bolsa de Valores de Zurique caíram 60% desde o começo do ano, mesmo se nesta terça-feira, 4, estão demonstrando uma certa retomada. Mesmo assim, o valor de mercado do banco passou de cerca de US$ 30 bilhões no começo do ano para US$ 10 bilhões em outubro.

Entretanto, os Credit Default Swap (CDS), papéis considerados apólices de seguros contra a possibilidade que falência do banco, continuam em suas máximas históricas, chegando em 325 pontos base desde o final de semana, alta de 48% no último mês.

No começo do ano, os CDSs estavam em cerca de 50 pontos base. Uma escalada que demonstra uma desconfiança crescente do mercado sobre a capacidade de sobrevivência do Credit Suisse (gráfico).



Isso pois os escândalos Archegos Capital Managment e Greensill geraram prejuízos bilionários para o balanço do banco suíço. Tanto que o mercado já esta precificando a necessidade de um aumento de capital de, pelo menos, US$ 4 bilhões. E isso explica, em parte, a queda das ações na Bolsa de Valores: o mercado já está esperando essa operação.

O primeiro caso estourou na primavera de 2021, quando o Archegos, family office do investidor sul-coreano Bill Hwang baseado em Nova York quebrou, gerando um prejuízo de US$ 5,5 bilhões para o Credit Suisse. O family office estava muito alavancado e acabou recebendo uma chamada de margem que gerou sua falência.

Após esse episódio, o banco suíço reduziu os empréstimos para fundos de hedge e prometeu uma reformulação de seu departamento de compliance.

No caso do Greensill, empresa financeira britânica fundada em 2011 especializada em emprestar dinheiro para empresas financiarem suas necessidades de fluxo de caixa, quebrou em outubro de 2021 gerando um prejuízo de US$ 10 bilhões para o Credit Suisse.

Além disso, o capital do banco foi consumido por multas e sentenças judiciais adversas.

Por exemplo, um tribunal das Bermudas ordenou que o Credit Suisse pagasse para um bilionário georgiano mais de US$ 600 milhões por ter permitido que um seu funcionário roubasse e administrasse mal seus recursos.

Em outro caso, um tribunal suíço considerou o Credit Suisse culpado por ajudar uma quadrilha búlgara a lavar dinheiro relacionado ao tráfico de cocaína.

Por isso, se torna cada vez mais urgente um tratamento de "emagrecimento" das atividades do Credit Suisse, com a venda de ativos e demissões de funcionários, que permitirá reduzir custos em cerca de US$ 3,5 bilhões, passando de cerca de US$ 19 bilhões em 2021 para cerca de US$ 15,5 bilhões.

No segundo trimestre do ano, o banco registrou um prejuízo de 1,59 bilhões de francos suíços, contra um lucro de 253 milhões de francos de 2021. Uma piora dos números, já que primeiro trimestre de 2022 o prejuízo tinha sido de 273 milhões de francos. Os resultados do terceiro trimestre serão divulgados no final de outubro.

O novo CEO do Credit Suisse, Ulrich Körner, escreveu em um memorando enviado na última sexta-feira que o banco vive um "momento crítico", mas procurou tranquilizar a equipe sobre a “forte base de capital e posição de liquidez” do banco suíço, prometendo apresentar um plano de reestruturação até o dia 27 de outubro.

Não por acaso, muitos veículos de imprensa especializada e analistas financeiros estão falando de um possível "Novo Lehman Brothers" no caso do Credit Suisse. Com o risco de um contágio para todo o setor financeiro europeu, e de lá para a economia real do Velho Continente. Desencadeando uma nova crise econômica global.

O caso Credit Suisse é muito diferente do caso do Lehman Brothers

A turbulência que o Credit Suisse está enfrentando hoje é algo completamente diferente da crise vivida pelo Lehman Brothers há quinze anos atrás.

Em primeiro lugar, é necessário considerar que o Credit Suisse tem um coeficiente patrimonial Cet1 ratio de 13,5%. Um número alto em comparação com seus concorrentes. Caso os ativos prejudiciais sejam eliminados do balanço, com um custo estimado em cerca de US$ 2,5 bilhões, esse coeficiente patrimonial deveria passar para 12,5%.

Além disso, o Liquidity Coverage Ratio (LCR) - índice que visa garantir que um banco mantenha um nível adequado de ativos líquidos de alta qualidade não onerados, que poderiam ser convertidos em caixa para atender às suas necessidades de liquidez - está em 191%, entre os melhores da classe, com uma carteira de ativos líquidos de alta qualidade (HQLA) de cerca de US$ 235 bilhões.

Uma base patrimonial dessa proporção tranquiliza muitos analistas, que conseguem excluir um risco de insolvência como ocorreu no caso do Lehman Brothers em 2008.

No caso do quarto maior banco de investimento americano, o problema era o excesso de alavancagem e de exposição a empréstimos "subprime", ou seja com elevado risco de insolvência. Quando os juros nos EUA começaram a subir, a insolvência também aumentou, e acabou quebrando o banco.

Uma condição comum a todos os grandes institutos de crédito dos Estados Unidos, mesmo se em proporções diferentes, que levou para um efeito cascata e obrigou o governo americano e o Federal Reserve (Fed) a lançar o maior plano de resgate do setor financeiro da história.

No caso do Credit Suisse a situação é muito diferente. O banco não está nem próximo a alavancagem do Lehman Brothers, e seus problemas são ligados apenas a má gestão e escândalos pontuais.

Mais do que um problema de liquidez, existe um problema ligado ao movimento atual dos spreads que colocam o Credit Suisse em desvantagem em termos de custos de financiamento. Segundo um relatório do Citi, o aumento dos custos para o private banking será de até US$ 300 milhões. Um setor onde há o risco de novas saídas de capital e que o mercado considera possível de desinvesitmento por parte do Credit Suisse.


"Too big to fail", ou, "trop grosses pour faire faillite"

Outro ponto que é necessário considerar é que o Credit Suisse não é apenas um banco, é parte integrante da economia, da história e do orgulho nacional da Suíça. Muito mais do que a velha fórmula "grande demais para falir", aplicada no passado para justificar o resgate de grandes bancos americanos, britânicos e até alemães, como o Deutsche Bank.

No caso do Credit Suisse, que tem US$ 1,1 trilhão sob sua gestão, se o CEO Körner não conseguir levar adiante seus planos de reestruturação, o banco poderá ser socorrido pelo Conselho Federal da Suíça.

Alguns analistas também estão especulando sobre a possibilidade de uma fusão entre o Credit Suisse e o rival UBS. Todavia, a fusão entre o primeiro e o segundo maior banco da Suíça dificilmente seria aprovada pelas autoridades de regulação do setor bancário e da proteção da concorrência.

Portanto, mesmo se o Credit Suisse vive um "momento crítico", conforme declarado por Körner, o mundo dificilmente vai vivenciar uma nova crise econômico-financeira como a desencadeada pela falência do Lehman Brothers, quinze anos atrás.

Fonte: aqui. Foto: regularguy.eth

Rir é o melhor remédio


Medicina sem propaganda

10 outubro 2022

Internet está mudando a língua e como a moderação do algoritmo tem seu papel

 

A presença de "controles" nos sites mais populares está mudando como as pessoas estão se comunicando. Os algoritmos de moderação do TipTok, do Facebook e de outras plataformas foram programados para evitar certos debates. Para o usuário esta regra significa tentar dizer algo, evitando certas palavras, para não ser banido ou excluído. 

As empresas tem interesse em alinhar ao poder, para evitar um questionamento regulatório que seja ruim para seus negócios. Esta escolhe envolve a moderação de conteúdos considerados polêmicos. Esta postura provoca uma reação nos usuários em reinventar as palavras para expressar o que deseja. Veja um exemplo simples: na China os usuários são punidos se falarem mal de Xi. Para fugir da restrição, os chineses começaram a substituir Xi pelo Ursinho Pooh - já que o personagem tem a aparência de Xi. Depois de algum tempo, falar do personagem também foi objeto de censura. 

A mudança da língua sempre ocorreu. Mas com a internet parece que a dinâmica é bem mais veloz. Um texto publicado no site Mashable sinaliza que realmente isto ocorre nos dias atuais. Assim como no passado os religiosos evitavam o termo "diabo" e usavam, no lugar, derivações como "tinhoso", nos dias atuais é impossível controlar a criação de novos termos para evitar a seletividade dos algoritmos. Isto torna a linguagem mais sutil, acredito, e mais complexa. Basicamente as pessoas procuram substitutos para comunicar algo que usando os termos diretos seriam barrados nos sites. 

Na metade do texto eis que encontro o seguinte:

No TikTok as pessoas dizem SA em vez de "agressão sexual" e "berinjela picante" em vez de "vibrador"; as profissionais do sexo se tornaram "contadoras" (...)





Criatividade resolve um problema contábil do Barcelona

 Do Trivela:

La Liga oficializou nesta sexta-feira o teto salarial de cada um dos clubes das duas primeiras divisões do Campeonato Espanhol. E o número que mais chama atenção é o salto do Barcelona: o limite se multiplicou em relação à temporada passada. Após o mercado de inverno, no início de 2022, o Barça tinha como teto -€144 milhões em salários anuais – sim, valores negativos, tamanho era o rombo. Graças às famosas “alavancas” acionadas nesse verão, o valor chega a €656 milhões e acomoda a atual folha salarial do clube.

O Barcelona havia extrapolado o teto salarial anterior, o que atravancava novas contratações e escancarava a crise financeira. Caso um clube ultrapasse o limite salarial, como aconteceu com o Barça, La Liga pode impor sanções sobre as contratações e impedir novas inscrições. Caso punidos, os clubes só podem gastar 25% das receitas que conseguirem. Foi o que se notou quando os catalães precisaram limitar seus reforços a aquisições sem custos e ainda vendiam jogadores para melhorar as finanças.

Mais recentemente, para garantir novas possibilidades financeiras, o Barcelona acionou vários mecanismos – as tão aclamadas alavancas. Os blaugranas venderam direitos televisivos dos próximos anos e direitos de marketing sobre o clube, além dos naming rights do Camp Nou. Também negociaram uma série de jogadores sem espaço. Com isso, melhoraram substancialmente a situação econômica no curto prazo e criaram garantias para contratações. Foi o que tornou possível as muitas aquisições do recente mercado e também as inscrições no campeonato, só garantidas em caso de respeito ao teto salarial.



O teto salarial de La Liga é estipulado automaticamente, a partir de um cálculo que leva em conta receitas e despesas. Por conta disso, os limites são diferentes para cada clube. Os salários incluídos na conta não são apenas dos jogadores profissionais, mas também da comissão técnica, das filiais e das categorias de base. O cálculo se baseia também a partir de impostos, gastos de aquisição e amortizações. Por conta da pandemia, La Liga ofereceu algumas facilidades em relação aos prejuízos das temporadas recentes. (...)

A venda realizada pode permitir uma maior liberdade de contratação agora, mas compromete o teto futuro de gasto. 

Foto: Almos Bechtold

Educação financeira superestimada

 

Pesquisadores, em um estudo recente, descobriram que muitas pessoas não apenas superestimam sua alfabetização financeira - o número dessas pessoas cresceu ao longo dos anos. Os autores do estudo (da Ohio State University, da Universidade do Alabama e da York University em Toronto) examinaram os dados da Estudo Nacional de Capacidade Financeira, que entrevista americanos de todos os estados, a cada três anos, sobre seu conhecimento e comportamento financeiro. A pesquisa fez cinco perguntas de múltipla escolha para medir o conhecimento financeiro objetivo. As questões estão relacionadas a taxas de juros, inflação, preços de títulos, hipotecas e riscos financeiros.

Os pesquisadores analisaram especificamente os dados das pesquisas de 2009, 2012, 2015 e 2018, cada uma das quais incluiu entre 25.000 e 29.000 americanos. O que eles descobriram foi que as pontuações médias dos testes diminuíram constantemente entre 2009 e 2018.

Fonte: aqui

09 outubro 2022

Conselhos de livros famosos de Finanças Pessoais versus Teoria

Eis o resumo 

Examino os conselhos dados pelos cinquenta livros de finanças pessoais mais populares e comparo-os às prescrições de modelos econômicos acadêmicos normativos. O aconselhamento popular freqüentemente se afasta dos princípios normativos derivados da teoria econômica, que devem motivar novas hipóteses sobre por que as famílias fazem as escolhas financeiras que fazem, bem como quais escolhas financeiras as famílias devem fazer. Às vezes, o aconselhamento popular é impulsionado por falácias, mas tenta levar em consideração a força de vontade limitada que os indivíduos precisam para seguir um plano financeiro, e suas ações recomendadas costumam ser facilmente computáveis por indivíduos comuns. Considero conselhos sobre taxas de poupança, a conveniência de ser um consumidor rico, alocação de ativos, gerenciamento de dívidas não hipotecárias, manutenção simultânea de dívidas com juros altos e economias com juros baixos e opções de hipotecas.

Veja que a ideia é interessante. Muitos acadêmicos não gostam de livros populares - e muitos deles são realmente ruins. Mas pode existir uma razão para o consenso popular nos livros e o conselho da teoria. A tabela 1 faz um ótimo resumo da dicotomia:

Acho que é uma referência relevante para quem leciona finanças pessoais. 




Rir é o melhor remédio

 

mais cinco minutos

08 outubro 2022

IAC propõe reformar a normatização contábil dos Estados Unidos


O Investor Advisory Committee foi estabelecido pela lei Dobb-Frank de 2010. Este comitê pode apresentar recomendações para a Comissão de Valores Mobiliários (SEC) dos Estados Unidos. Não tem poder decisório, mas sua posição pode levar a SEC a fazer alterações na maneira como conduz diferentes assuntos relacionados com o mercado de capitais.

No dia 14 de setembro tornou-se público um documento de nove páginas onde o IAC apresenta uma posição sobre a modernização da contabilidade dos Estados Unidos. E isto passa por melhorar a definição de padrões que hoje é realizada pelo Financial Accounting Foundation e o Financial Accounting Standards Board (FASB).

O documento é composto por uma introdução com uma contextualização, um background, um item onde o foco da reforma seria o investidor e três itens de reforma. As propostas são abrangentes e tocam em assuntos polêmicos. O IAC estaria insatisfeito com a informação que o investidor está atualmente recebendo para o processo de avaliação das empresas. A filosofia é que os padrões contábeis devem priorizar as necessidades dos investidores e permitir a análise e o entendimento das empresas no mundo atual.

Em termos históricos, o FASB é a terceira entidade da história contábil dos Estados Unidos responsável pela emissão de padrões contábeis. Anteriormente existiram o Committee on Accounting Procedure (CAP) e o Accounting Principles Board (APB). Nos anos 60, duas propostas do APB foram desconsideradas pela SEC: do crédito diferido (1965) e da contabilidade em ambientes inflacionários (1969). Diante destes acontecimentos, o AICPA criou dois comitês para estudar a questão dos relatórios financeiros. Um deles, Wheat Committee, sugeriu a criação de uma entidade independente de elaboração de normas que seria o sucessor do APB. O Fasb foi a primeira entidade de normatização de dedicação exclusiva do mundo.

A dedicação exclusiva permitiu que o Fasb atendesse a demanda de diversas normas. Entretanto, nos últimos anos, o Fasb tem sido criticado pela sua inação. E este termo está no documento do IAC. O documento lembra que nos últimos 20 anos o Fasb completou somente três grandes projetos: reconhecimento da receita, arrendamento e provisão para perda de crédito. Um parênteses importante: esta informação não é verídica, já que ocorreram alterações na estrutura conceitual e atualmente as normas do Fasb não obedecem uma numeração sequencial. Além disto, durante boa parte dos vinte anos, o Fasb tentou, sem sucesso, buscar uma convergência com as normas do Iasb.

De qualquer forma, na página três do documento do IAC há uma crítica forte a inação da entidade. Além disto, o Fasb tem sido criticado por focar na simplificação. Segundo um dado de Jack Ciesielski, 30% dos ASU (Accounting Standards Updates) entre 2013 a 2021 estavam relacionados com a simplificação. O problema é que existem muitas questões que mereciam a atenção do FASB, segundo o IAC: fluxo de caixa, intangíveis, apresentação, relatório por segmento, impacto do clima e contabilidade de custo do trabalho, são citados. O documento foca nos dois primeiros itens para mostrar que há problemas urgentes a serem tratados pelo Fasb. A questão do intangível é importante demais: inicialmente apareceu na agenda do Fasb em 2001; depois de vinte anos, o projeto permanece na agenda.

Diante deste cenário, o IAC propõe três pontos. O primeiro é solicitar que a SEC constitua um Comitê Consultivo sobre Modernização Contábil para ajudar o FASB na definição de padrões. Neste item é lembrado que recentemente uma norma criou uma alíquota sobre lucro corporativo. O documento lembra que isto inclui a questão da infraestrutura de dados.

O segundo ponto é exigir que o Fasb leve em consideração o custo do atraso na promulgação de tópicos críticos e que incorpore os custos nas suas atividades. A regra de arrendamento entrou na agenda em 2006 e só foi finalizada em 2016, para entrar em vigor em 2018. O processo de aprovação de normas no Fasb é demorado e consome muito tempo. Mas há um custo neste processo: o custo do atraso.

Finalmente, o IAC solicita que exista uma ampliação ao acesso às normas da FASB, incitando a FASB a criar um banco de dados que estaria livremente disponível ao público. O documento cita que hoje para ter acesso aos documentos do Fasb é necessário um pagamento de 1.197 dólares e esta seria a assinatura básica. O PCAOB são gratuitos e uma subscrição do IASB custa 295 euros.

No dia 21 de setembro o IAC votou a recomendação. Logo depois, a Reuters lembrou que anteriormente o presidente da FASB, Richard Jones, disse durante uma reunião da FAF em agosto afirmou que "não há nenhum órgão eleito que tenha o direito de falar em nome dos investidores" ou "de qualquer de nossas outras partes interessadas". Jones observou, então, que nem todos os investidores têm as mesmas opiniões, e o conselho tenta reunir todas as diferentes opiniões durante a divulgação.

Foto: Juliane Mergener

Rir é o melhor remédio

Um jovem contador, acaba de sair da universidade, vai para entrevista de emprego. O entrevistado pergunta qual o salário inicial que ele desejaria. 

 - Trinta mil reais, mais os benefícios, responde o jovem 

O entrevistador fala: 

- Que tal 45 dias de férias anuais, fundo de pensão, despesas de alimentação reembolsável, conta do telefone pagas pela empresa, carro da empresa… Carro, não. Merceder conversível. Sem trabalho nos finais de semana. 

 O jovem fica atento às palavras do entrevistador e para não parecer impressionado fala: 

- Você está brincando? 

O entrevistador responde: 

- Sim, mas você começou. 

Adaptado daqui

07 outubro 2022

Imposto, Crime e Paz: Ales Bialiatski


Gostamos de lembrar que a fraude tributário foi responsável pela prisão de Al Capone. De forma simplista, a contabilidade conseguiu prender o criminoso, que outras provas não foram capaz. 

No anúncio do Prêmio Nobel de hoje, para Ales Bialiatski (juntamente com a entidade Memorial Center for Civil Liberties) mostra que o "crime tributário" também pode ser usado para prender pessoas que lutam pela paz. Bialiatski foi preso em 2021 - e continua até hoje - por crimes tributários:

On October 6, 2021, Bialiatski was charged with tax evasion with a maximum penalty of 7 years in prison. As of January 1, 2022, he was still in prison.

Johnson e Johnson usa falência para reduzir seu passivo

A revista New Yorker traz um história sobre a empresa Johnson & Johnson e as ações judiciais relacionadas com o talco que a empresa produz e vende. 

A Johnson ou J&J é uma empresa bastante conhecida em todo mundo. Seus produtos incluem o Band-Aid, Tylenol e o popular talco, que segundo a própria empresa, foi usado por metade dos bebês nascidos entre 1930 e 1990 nos Estados Unidos. Mas desde 1971 já existe uma desconfiança que os elementos usados na produção do talco, por conter amianto, pode ser cancerígeno. A empresa sempre insistiu que seu produto era seguro para o público externo, embora internamente os cientistas sabiam que isto não seria verdade. 


Mas as evidências levaram um grande número de consumidores a processarem a empresa. Diante de um potencial passivo, de grandes proporções, a empresa usou o mecanismo de falência. Isto é maquiavélico, mas interessante. 

Diante das provas existentes que o talco da empresa poderia provocar câncer, a empresa criou uma subsidiária, denominado LTL (uma sigla para algo como "Lítigio do Legado do Talco"). Esta empresa absorveu todo o passivo judicial relacionado com o talco. Mais ainda, a empresa escolheu, de forma criteriosa, uma sede onde o processo judicial fosse favorável, no caso a Carolina do Norte. Logo a seguir, a empresa entrou com um pedido de falência. Por conta deste fato, as 40 mil ações judiciais - é este o número listado na New Yorker, mas a Wikipedia indica 26 mil - estão sob a decisão de um juiz somente, o responsável pelo processo de falência. 

A LTL nunca teve um escritório ou funcionário. Foi criada em 11 de outubro de 2021 e no dia 14 de outubro, dois dias após ser transferida para Carolina do Norte, pediu falência. 

Foto: Marius Teodorescu e Wesley Tingey

Conselho de Administração e a participação de mulheres

Segundo a época

O porcentual de mulheres nos Conselhos de Administração das empresas brasileiras aumentou, porém, há espaço para melhorias quando o assunto é diversidade nas cadeiras de conselhos. Segundo a pesquisa Brasil Board Index 2021, da empresa de consultoria Spencer Stuart, as mulheres ocupam 14,3% das cadeiras dos Conselhos de Administração no Brasil. No ano passado, o contingente correspondia a 11,5% das cadeiras. A pesquisa também mostra que, neste ano, 65% dos conselhos têm ao menos uma representante mulher, em 2020 o índice era de 57%.

O mapeamento da Brasil Board Index contou com 211 empresas listadas na Bolsa de Valores de São Paulo (B3) em segmentos diferentes de governança corporativa. (...) Já de acordo com o estudo “Retrato da Conselheira no Brasil”, publicado pelo Women Corporate Directors (WCD), as mulheres que ocupam a função de conselheiras são brancas (97%), entre 51 e 60 anos (45%), mães (82%), cisgêneros (88%), heterossexuais (98%) e residentes no Estado de São Paulo (74%).

Para aumentar a diversidade nas empresas de capital aberto, a Bolsa de Valores de São Paulo (B3) pretende exigir que as companhias cumpram uma meta de inclusão de mulheres e pessoas pretas, trabalhadores LGBTQIA+ e pessoas com deficiência, em conselhos e diretorias. Caso a norma seja aprovada, o prazo para cumprimento é até 2026 e, as empresas que descumprirem poderão sofrer consequências, inclusive abertura de processo para a "deslistagem".

A presença de mulheres pode ser interessante não somente pelo "marketing" da inclusão, mas pelo fato de que geralmente as mulheres são mais avessas ao risco. Sobre a B3 ... Anteriormente mostramos que ela não é a mais indicada para falar sobre o assunto. E ameaçar de "deslistagem" realmente não ajuda.

Envelhecimento e Finanças

 

Investir, sob um certo ponto de vista, nada mais é do que avaliar todas as incertezas no horizonte. Que hoje em dia não são poucas: as eleições presidenciais no Brasil, a guerra da Rússia com a Ucrânia, a pandemia, a escalada global da inflação, o risco de recessões mundo afora e por aí vai. O que muita gente esquece é que, na hora de investir, as certezas também precisam ser levadas em conta – por mais incertas que sejam. E uma das certezas que impactam diretamente a economia é essa: a expectativa de vida das pessoas está aumentando.

O que é longevidade financeira?

Daí o sucesso, cada vez maior, da chamada longevidade financeira. Já ouviu falar? Nada mais é do que a capacidade de se contar com renda suficiente para envelhecer com equilíbrio financeiro, independente dos percalços pelo caminho.

O aumento da expectativa de vida demanda atenção muito maior nas finanças – e cada vez mais cedo. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), a turma que nasceu na década de 1940 tinha expectativa de viver até os 45 anos, mais ou menos – sim, muito quarentão já podia ser chamado de “senhorzinho”. Em 2019, antes da pandemia virar o mundo do avesso, a previsão aumentou para 76 anos.

No ano passado, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, conduzida pelo IBGE, 14,7% da população brasileira era formada por idosos. De um total de 212 milhões de pessoas, 31,2 milhões estavam acima dos 60 anos. Em 2100, estima o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), 40,3% da população terá mais do que 60 anos.

Tudo isso para falar que o Instituto de Longevidade MAG, cujo nome já diz a que veio, acaba de lançar um guia sobre o assunto. Com dicas práticas de especialistas, te ajuda a fazer com que seu dinheiro também viva por mais tempo. Para atingir esse objetivo, vale dizer, é necessário cuidar também da saúde, do trabalho, da aposentadoria e de diversos outros aspectos que impactam a qualidade de vida.

“Poupar é um dos pilares necessários para garantir longevidade financeira, mas não basta apenas poupar”, diz o educador financeiro Thiago Martello, que contribuiu com a elaboração desse guia. “É preciso investir bem o dinheiro para fazer com que ele trabalhe por você.”

Deixar o dinheiro na poupança, todo mundo sabe, é uma das piores decisões. “Os juros sobre juros são uma das grandes forças do universo”, diz o especialista. “Podemos usá-los para o nosso bem, quando se tratam de rendimentos de investimentos, ou para o mal, quando entramos em dívidas.”

Guia de como fazer o dinheiro render (e durar)

O acesso ao guia do Instituto de Longevidade MAG é gratuito (basta acessar o site https://institutodelongevidademag.org/ e fazer um cadastro). “O guia traz orientações que têm como base cinco pilares: gastar bem, poupar certo, ganhar mais, investir melhor e proteger capital”, resume Arnaldo Lima, o diretor do instituto.

“Pense que você viverá pelo menos 100 anos e a única certeza é que estará consumindo recursos financeiros durante todo esse tempo", aconselha Thiago Lauria, especialista em planejamento financeiro. Muito provavelmente, acrescenta ele, você não estará produzindo o montante suficiente para garantir a sua sustentabilidade financeira.

Ele recomenda que você pare de estabelecer objetivos de curto, médio e longo prazo. “Você tem apenas um objetivo: viver bem até o último dia da sua vida de forma sustentável, patrimonial e financeiramente”, defende.

Segundo o especialista, é preciso levar em conta, em primeiro lugar, as inevitáveis transições ao longo do anos, que envolvem carreira/negócios, filhos, moradia e casamento. Todas as decisões relacionadas a esses tópicos, obviamente, vão impactar no seu patrimônio lá na frente.

Depois é preciso ter em mente o estilo de vida que você persegue. Suas preferências, afinal, estão diretamente ligadas ao tamanho do patrimônio que precisa ser construído. “Cada família deve ter o seu mapa, que contemple a jornada de onde está, os pontos de parada, e o ponto de chegada”, recomenda Lauria. É uma das bases para a longevidade financeira.

Fonte: aqui

Rir é o melhor remédio

 

Sobre a privatização da empresa aérea portuguesa TAP. Um resumo da história está aqui

06 outubro 2022

Mídias sociais, clima e narrativa positiva

 Um extenso relatório sobre como empresas de automóveis, combustíveis e avião trabalham nas mídias sociais sobre a questão ambiental. O resumo está a seguir:

We report the results of a pilot study as a first step towards establishing a major new research initiative that will monitor, analyze, and expose digital climate discourse and deception. This initiative will be directed by Dr. Geoffrey Supran at the University of Miami in collaboration with computer scientists at the Algorithmic Transparency Institute (ATI), a project of the National Conference on Citizenship.

We perform a textual and visual content analysis of 2,325 organic social media posts generated by 22 major European Union-based fossil fuel producers, car manufacturers, and airlines on Facebook, Instagram, TikTok, Twitter, and YouTube during the summer of 2022. This yields the following insights:

• Climate silence: During a summer of unprecedented European heat waves, droughts, and wildfires, only a negligible handful of posts made any explicit reference to climate change or global heating.

• Greenwashing: Two-thirds of oil and gas (72%), auto (60%), and airline (60%) companies’ social media posts paint a ‘Green Innovation’ narrative sheen on their ‘Business-as-usual’ operations, which are given less air time. This ratio of ‘green-to-dirty’ in each industry’s public communications (3-to-1, 4-to-1, and 1.2-to-1, respectively) misrepresents their contemporary commitments to decarbonization, implying that at least some of their social media content constitutes greenwashing. We interpret greenwashing by the fossil fuel industry to be most blatant, whereas that by airlines is notably subtle.

Misdirection: One-in-five oil and gas (23%), auto (22%), and airline (15%) company posts feature sports, social causes, and/or fashion. The overarching theme of this narrative of ‘Misdirection’ is to focus the audience’s attention on engaging topics unrelated to companies’ core business operations. This can variously (1) legitimize fossil fuel interests’ social license to operate; (2) distract attention away from firms’ core business roles, responsibilities, and contributions to the climate crisis; and (3) market brands as exclusive, desirable, and relevant.

• Nature-rinsing (formally termed ‘executional greenwashing’): Statistical analysis reveals fossil fuel interests’ systematic use of nature-evoking imagery to enhance the ‘greenness’ of their brand image on social media. To our knowledge, this subtle intentionality to fossil fuel interests’ ‘green’ messaging has never previously been quantified. 

• Demographic greening and misdirection: Statistical tests show that companies (particularly car manufacturers) variously leverage not just the imagery of nature, but also of female-presenting people, non-binary-presenting people, non-Caucasian-presenting people, young people, experts, sportspeople, and celebrities to reinforce their messages of ‘Green Innovation’ and/or ‘Misdirection’

Um exemplo do relato, com as empresas de automóveis:

A dica está em Skeptical Science. Lá também tem um artigo sobre projetos espetaculares de alguns países que tenta promover uma narrativa positiva de um país. Obviamente que os veículos tradicionais de comunicação não irão divulgar este tipo de relato. 

Musk recua e entrega documento afirmando a intenção de comprar o Twitter

Em abril deste ano, o bilionário Elon Musk divulgou que compraria o Twitter por 44 bilhões de dólares. Depois disto, Musk fingiu que estava encontrando problemas com a aquisição por culpa da empresa de mídia social. Em julho, em um longo artigo, Matt Levine mostra que os argumentos eram fracos. 

Na segunda desta semana, o Twitter recebeu uma correspondência dos advogados de Musk e rapidamente entregou o documento no Tribunal de Delaware, onde a questão está sendo analisada. A juíza responsável pelo caso chamou os dois lados para tentar entender o que estava ocorrendo. 

O Twitter está desconfiado em parar o litígio somente com a correspondência. Não confia em Musk, segundo o Deal Book, do New York Times. Está considerando a possibilidade de ter uma supervisão para o fechamento do negócio e cobrar juros de Musk. Segundo a mesma fonte, não se sabe a razão da mudança de ideia de Musk. Pode ser uma análise sobre suas chances no julgamento e as consequências de continuar a via judicial. 

O Verge escutou especialista e pelo menos um deles disse que a mera correspondência de Musk não é suficiente para parar o processo. 

A principal alegação de Musk é que o Twitter entregou informações inconsistentes da empresa, especialmente o número de usuários bots. Pelas contas do Twitter isto corresponde a 5% do total, mas Musk chegou a alegar que o percentual seria de 20%, um valor muito questionável. 

Para que o negócio se concretizado, Musk precisa fechar o financiamento. Há dúvidas, neste momento, se as instituições financeiras teriam interesse em fechar o negócio. Pelo pouco que conhece, os bancos podem ter perdas caso sejam demandados em termos de dinheiro. Musk não consegue vender rapidamente as ações que possui em empresas como a Tesla sem criar outros problemas.  

... Musk tenta se livrar do acordo de compra e da multa rescisório de US$ 1 bilhão, estipulada em contrato em caso de desistência do negócio

Mesmo os planos futuros de Musk para o Twitter já estão recebendo críticas. De qualquer forma, e como mostra o gráfico, a correspondência de Musk já fez disparar o preço das ações da empresa. 

Endividamento de um país

O endividamento de uma empresa ou de uma pessoa é sempre um índice importante sobre a saúde financeira. Isto também é válido para um país. Países endividados são também nações que podem ter problemas no futuro. Além da análise comparativa, a evolução ao longo do tempo pode ser uma informação importante para analisar a saúde financeira de um país. 

O gráfico mostra que muitos países aumentaram a dívida ao longo do tempo. No gráfico é usada a relação entre dívida e riqueza gerada, medida pelo PIB. Um pais com uma relação igual a cem significa que a dívida do governo corresponde a um ano de produção da economia. Neste sentido, a dívida japonesa corresponde a mais de duas vezes e meia a sua produção. Os países com maior dívida relativa, na ordem, são: Venezuela, Japão, Grécia, Itália, Portugal e Estados Unidos. 

A análise histórica também é importante. Veja que a China, em 1995, tinha uma relação correspondente a um quarto. Vinte e cinco anos depois a relação subiu para 68 ou dois terços. Um crescimento rápido demais na dívida pode ligar um alerta. 

A relação brasileira é de 98,9%, abaixo de várias economias mundiais. Mas em 2001, o último ano completo do governo FHC, era de 67%. Em 2015 era de 72% e aumentou bastante nos anos seguintes. 

Assim como em uma empresa ou para uma pessoa, o nível de endividamento sozinho não explica tudo. É preciso olhar a capacidade de gerenciamento da dívida. Em 2018 a dívida da Venezuela era de 180% do PIB. Dois anos depois o índice chegou a 304%. Isto não é uma evolução boa. 

Rir é o melhor remédio

 

Mensagem para o filho. Quem nunca mandou uma mensagem para uma pessoa que está alguns metros de você? 

05 outubro 2022

Padronização de carregador de celular na Europa

 


Do Boing Boing

A União Europeia votou hoje para tornar o USB-C o padrão obrigatório para carregar portas em dispositivos de consumo, na esperança de reduzir o desperdício eletrônico e agradar os consumidores cansados de ter que ter carregadores especiais para cada um [dos eletrônicos]. Os modelos mais populares já mudaram nas versões recentes, com uma exceção proeminente: o iPhone da Apple, ainda usando o conector Lightning, de propriedade da empresa. A lei (...) isenta pequenos dispositivos, como relógios e rastreadores de fitness.

Parece razoável, mas é sempre questionar se faz sentido. E se o carregador da Apple for mais eficiente? O burocrata em Bruxelas decidiu que todos devem aceitar sua escolha? 

NFT e a destruição de uma obra de Frida Kahlo

Eis uma história surreal:

(...) um milionário resolveu colocar fogo em uma obra da pintora mexicana Frida Kahlo (1907-1954) depois de digitalizar a imagem, transformada em 10 mil tokens não fungíveis (NFTs).

O episódio, que aconteceu em Miami (EUA) e foi publicado no final de julho no YouTube, além de gerar uma enxurrada de críticas dos internautas, é objeto de uma investigação aberta pelo Instituto Nacional de Belas Artes e Literatura (INBAL) do México, que tenta descobrir se a pintura queimada por Martin Mobarak é mesmo o original da obra "Fantasmones Siniestros" (fantasmas sinistros), de 1944, avaliada em 10 milhões de euros, R$ 51,5 milhões pela cotação da moeda europeia na última terça-feira, 27. [foto]

Segundo o magnata mexicano, que detém, ou detinha, a obra desde 2015, e que se autoproclama “alquimista de arte”, “visionário”, “líder filantropo” e “transformador NFT” em sua página no LinkedIn, o objetivo da transformação da obra em NFTs é criar “pedaços” que possam crescer “na eternidade.” Mobarak disse ainda que os fundos arrecadados pela venda dos NFTs serão destinados a entidades ligadas à saúde infantil, à Casa Museu Frida Kahlo e à Escola de Belas Artes Mexicana, e a Escola Nacional de Artes Plásticas, entre outros beneficiários.

A queima de uma obra de arte, na contabilidade, teria um tratamento semelhante a uma perda, um furto ou desaparecimento de um objeto. Ao criar NFT da obra, o empresa poderia estar calculando o valor digital que obteria. Mas quem compraria um arquivo digital sabendo que Mobarak fez o que fez? 

Trump e os impostos

Um novo livro sobre o ex-presidente Trump revela alguns fatos curiosos. Sobre a questão dos tributos:


Em um avião durante a campanha em 2016, Trump foi convidado por seu gerente de campanha Corey Lewandowski e sua secretária de imprensa Hope Hicks para tratar de sua recusa em divulgar suas declarações fiscais — uma questão que eles viram como um problema para a candidatura de Trump à Casa Branca.

Haberman escreve que Trump respondeu inclinando-se para trás antes de ter um pensamento repentino: "Bem, você sabe que meus impostos estão sob auditoria, eu sempre sou auditado", disse ele.

"Então, o que quero dizer é, bem, eu poderia apenas dizer: 'Vou liberá-los quando não estiver mais sob auditoria. Porque nunca deixarei de estar sob auditoria."

Desde Richard Nixon, todos os presidentes dos EUA liberaram voluntariamente suas declarações de impostos. Desde então, uma investigação do New York Times de 2020 revelou que Trump pagou US$ 750 (cerca de R$ 4 mil) em impostos federais no ano em que se tornou presidente.

Rir é o melhor remédio

 

Vi este cartoon no site da New Yorker e pareceu um pouco a figura de certos contadores e seu trabalho. Assim, o termo "contabilidade" foi acrescido pelo blog. 

04 outubro 2022

Fisco inglês fiscalizando os clubes de futebol

O HMRC (algo como Receita e Alfândega de Sua Majestade) é o fisco do Reino Unido. Com mais de 60 mil empregados, o HMRC é responsável pela fiscalização no pagamento de impostos. Em 2021, o HMRC fez diversas investigações em clubes de futebol que renderam um imposto adicional de 59 milhões de libras. Segundo informações o foco da investigação foram as taxas pagas aos agentes e os pagamentos de hotéis e voos para amigos e familiares de jogadores.

Entre os clubes que já foram investigados pelo HMRC estão os Rangers, Newcastle, Manchester United e, mais recentemente, o West Ham. O ex-técnico do City, Manuel Pellegrini, já foi multado em 343 mil libras. Um dos focos do HMRC são os benefícios em espécie, quando o clube paga passagens e estadia para a família de um jogador. Usualmente o clube não declara como pagamento ao jogador, o que evita pagamentos previdênciários.

Multa para influenciadora digital Kardashian


A mega influenciadora Kim Kardashian terá de pagar US$ 1,26 milhão (equivalente a R$ 6,6 milhões) à Comissão de Valores Mobiliários (SEC, na sigla em inglês) depois de uma ação de publicidade com criptomoedas. Segundo a SEC, Kardashian infringiu as regras do país ao divulgar um token criptográfico sem revelar que foi paga para isso.

De acordo com a agência federal norte-americana, a influenciadora e estrela de reality shows recebeu US$ 250.000 (R$ 1,3 milhão) para postar em sua conta do Instagram um conteúdo sobre os tokens EMAX, um ativo criptográfico oferecido pela EthereumMax. Segundo a Bloomberg, ela não admitiu ou negou as alegações, mas concordou em não divulgar nenhum ativo digital por três anos.

“Este caso é um lembrete de que, quando celebridades ou influenciadores endossam oportunidades de investimento, incluindo títulos de criptoativos, isso não significa que esses produtos de investimento sejam adequados para todos os investidores”, afirmou Gary Gensler, presidente da SEC, em comunicado. [vide acima] “Encorajamos os investidores a considerar os potenciais riscos e oportunidades de um investimento à luz de seus próprios objetivos financeiros.”

Anteriormente, o órgão regulador já havia alertado que famosos divulgando criptomoedas consideradas títulos precisam deixar claro se são pagos pelo apoio. Em 2018, multas foram aplicadas ao boxeador Floyd Mayweather e ao produtor musical DJ Khaled por esta razão.

Fonte: Época. Veja também aqui

EY e a separação da consultoria

Francine McKenna argumenta que o plano da EY em separar a área de auditoria do braço de consultoria é fruto de uma posição de fraqueza da entidade. No processo de separação, há um acordo de não concorrência, onde a empresa focada na auditoria ficará fora da área de consultoria por um período inicial. 


Eis um trecho interessante:

Finalmente, como as empresas de auditoria dos EUA não publicam demonstrações financeiras auditadas, o público não tem idéia se as empresas são financeiramente viáveis, principalmente quando a empresa se depara com ela perdas de litígios potencialmente catastróficas.

Vimos isso repetidamente até os queixosos têm dificuldade em extrair informações financeiras das empresas ao processá-los, mesmo que o objetivo seja avaliar quanto uma empresa poderá pagar, se vencer.

Neste sentido

A EY está enfrentando ações judiciais de uma série de auditorias recentes fracassadas, incluindo reivindicações legais de bilhões de dólares na Alemanha e no Reino Unido por causa de suas auditorias supostamente fracassadas na Wirecard AG e no operador hospitalar NMC Health PLC.

Foto: Sven Piper

Política e Excesso de mortes na pandemia



Political affiliation has emerged as a potential risk factor for COVID-19, amid evidence that Republican-leaning counties have had higher COVID-19 death rates than Democrat- leaning counties and evidence of a link between political party affiliation and vaccination views. This study constructs an individual-level dataset with political affiliation and excess death rates during the COVID-19 pandemic via a linkage of 2017 voter registration in Ohio and Florida to mortality data from 2018 to 2021. We estimate substantially higher excess death rates for registered Republicans when compared to registered Democrats, with almost all of the difference concentrated in the period after vaccines were widely available in our study states. Overall, the excess death rate for Republicans was 5.4 percentage points (pp), or 76%, higher than the excess death rate for Democrats. Post- vaccines, the excess death rate gap between Republicans and Democrats widened from 1.6 pp (22% of the Democrat excess death rate) to 10.4 pp (153% of the Democrat excess death rate). The gap in excess death rates between Republicans and Democrats is concentrated in counties with low vaccination rates and only materializes after vaccines became widely available.

Fonte: aqui

Rir é o melhor remédio

 

Escritor referência do século XX. Mudei os nomes do cartoon original (muito enviesado) para minhas referências. 

03 outubro 2022

FRC, Carillion e KPMG

Aqui é possível obter um documento com mais de 100 páginas sobre a atuação da KPMG durante a auditoria na Carillion. A acusação pesada aparece logo no início do documento:

Each of the Second to Sixth Respondents, on one or more occasions during those inspections, was involved in the creation of false and/or misleading documents, either with the intention that the FRC would be misled into accepting those documents as genuine, or alternatively, being reckless as to whether the FRC would be so misled. 

Achei curioso que no final o documento afirma:

we have considerable sympathy for Mr Paw. We gave reasons for that sympathy. He was a young man, able but not yet qualified, recruited and instructed by more senior accountants who should not have committed Misconduct, and should not have involved him in it. He was led to commit his Misconduct by his desire to assist his seniors. 

Accountancy Daily chama a atenção para o fato da KPMG ter criado "atas" de reuniões fictícias. 

A empresa Carillion apresentou dificuldades, sem que sua auditoria manifestasse nenhuma preocupação com a continuidade. 

Encontro de reguladores sobre sustentabilidade

Um encontro entre reguladores aconteceu em Londres, no final do mês passado. Segundo o Iasplus ocorreu a apresentação: (a) do EFRAG, entidade européia que está desenvolvendo diversos documentos na área, entre eles o ESRS E1 Climate Change, que foi objeto de discussão; (b) do International Public Sector Accounting Standards Board (IPSASB), que apresentou um relatório de sustentabilidade para o setor público; e (c) a SEC, dos EUA, que trouxe o The Enhancement and Standardization of Climate-Related Disclosures for Investors. 

A Austrália anunciou que irá usar os padrões ISSB, mas poderá existir itens específicos. A presença de vários padrões é uma preocupação, já que isto poderia ser um obstáculo para a internacionalização. E isto pode conduzir os padrões do ISSB para uma maior flexibilidade, o que, obviamente, dificulta a comparabilidade. 

Solução da questão climática passa pelos investidores

Gernot Wagner traz algumas considerações interessantes sobre a questão do risco climático. Seria como estarmos jogando com um baralho onde não sabemos o número exato de coringas que existe. A questão do clima, seus riscos e as probabilidades envolvidas, ainda é uma incógnita para a ciência. Mas é inegável que existe aqui um problema. Ao final do texto, sobre a contabilidade, um resumo da atual caminho escolhido pelos reguladores contábeis: 


As regras propostas pela Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos paras as divulgações relacionadas ao clima obrigariam as empresas a padronizar e relatar o impacto de suas operações no clima e os riscos que as mudanças climáticas representam para essas operações. O esforço da SEC deixa de pedir a todos os poluidores que paguem por sua própria poluição; em vez disso, cabe aos investidores decidir o que fazer com as novas informações. 

Estamos jogando a responsabilidade nos investidores. Será suficiente para resolver o problema? 

02 outubro 2022

The 32nd First Annual Ig Nobel Prize Ceremony

Cerimônia do IgNobel. A pesquisa da USP está no minuto 24:50 até 30. Gostei muito da reação humorada dos pesquisadores brasileiros. Afinal, uma boa divulgação da pesquisa. Amanhã começa a divulgação do Nobel

Rir é o melhor remédio