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16 setembro 2022

Três gráficos atuais

 

O gráfico mostra o número de mortos em razão do Covid 19 no mundo. O ponto máximo foi no final de dezembro de 2020, com mais de cem mil mortos por semana. Ocorreu uma redução e novo pico quase na metade de 2021. No início de 2022 um novo aumento nas mortes, mas desde março parece que a doença está regredindo no mundo. Lembrando que estes números são estimativas, uma vez que há controvérsia no número de mortos de países como China e Egito. 

A Índia tornou-se a quinta maior economia do mundo.
O tenista Federer anunciou a aposentadoria. Além de ter um jogo elegante e ser um grande vitorioso do esporte, Federer acumula riqueza. A maioria fora das quadras. É o tenista com maior receita anual e nos últimos doze meses os 90 milhões de US$ a mais foram longe das quadras. Logo a seguir, Osaka e Serena, que também aposentou. Djokovic, o maior tenista dos últimos tempos, não é muito simpático em termos de patrocínio. Sua posição contra vacina também não ajuda muito. 


Estrategias de investimentos sao falsas

 Um dos grandes problemas na area de financas reside no p-hacking e no problema de data snooping das estrategias de investimentos. A maioria das estrategias de investimento de investimento sao falsa. Pouco tema comentado no Brasil:


Resumo:

We implement a data mining approach to generate about 2.1 million trading strategies. This large set of strategies serves as a laboratory to evaluate the seriousness of p-hacking and data snooping in finance. We apply multiple hypothesis testing techniques that account for cross-correlations in signals and returns to produce t-statistic thresholds that control the proportion of false discoveries. We find that the difference in rejections rates produced by single and multiple hypothesis testing is such that most rejections of the null of no outperformance under single hypothesis testing are likely false (i.e., we find a very high rate of type I errors). Combining statistical criteria with economic considerations, we find that a remarkably small number of strategies survive our thorough vetting procedure. Even these surviving strategies have no theoretical underpinnings. Overall, p-hacking is a serious problem and, correcting for it, outperforming trading strategies are rare.


Fonte: p-hacking:Evidence from two million trading strategies



Uma pequena introdução a contabilidade da sustentabilidade


O que é contabilidade de sustentabilidade? O que é ambiental, social e governança (ESG)? E como os contadores podem se beneficiar disso?

A conscientização dos impactos sociais e ambientais das empresas está crescendo. Os investidores estão buscando empresas que possam evidenciar sua sustentabilidade corporativa. A consciência social e a justiça estão ditando o comportamento do consumidor. Enquanto isso, a transparência na forma como as organizações são governadas está sendo exigida por funcionários e clientes.


Todos esses fatores inspiraram a necessidade de as empresas informarem seu desempenho não financeiro. É aqui que os contadores podem ajudar. Tendo um conjunto de habilidades para análise, para relatórios e para consultoria independente significa que os contadores estão na posição perfeita para ajudar as empresas em seu desenvolvimento sustentável.

Mas por onde os contadores começam? Neste artigo, exploramos os padrões contábeis de sustentabilidade do ESG e como os contadores podem obter mais informações.

Uma introdução à contabilidade de sustentabilidade

A contabilidade de sustentabilidade é o relato de informações não financeiras como resultado do desempenho de uma organização. Normalmente, isso se concentra nos impactos sociais e ambientais e no desempenho de um negócio.

O objetivo da contabilidade da sustentabilidade é ajudar a gerar valor em uma organização que não está necessariamente diretamente ligada aos relatórios financeiros.

A contabilidade da sustentabilidade pode rastrear seu histórico até a década de 1970. Foi quando as organizações começaram a olhar para os impactos sociais e ambientais de seus negócios. Embora durante esse período, os relatórios contábeis de sustentabilidade não fossem bem definidos.

Levou até o final dos anos 90 e início dos anos 2000, após discussões filosóficas mais amplas dentro do setor - bem como numerosos movimentos sociais e ambientais - para que a contabilidade da sustentabilidade fosse definida.

E com essa definição, surgiram mais pesquisas, literatura, programas de treinamento e desenvolvimento de padrões.

A contabilidade de sustentabilidade tem um benefício distinto para as empresas de contabilidade. À medida que mais e mais empresas começam a entender e relatar suas atividades e impactos sustentáveis, elas buscarão aconselhamento independente. Não há razão para que esse tipo de relatório independente não possa ser conduzido pelos contadores.

Os contadores já têm as habilidades e a experiência para relatar de forma independente. Essa independência pode ajudar a evitar a 'lavagem verde' nos relatórios não financeiros. Os contadores que relatam sustentabilidade podem ajudar as empresas a se beneficiarem de práticas sustentadas. Seja através da retenção de funcionários, satisfação do cliente, melhor consumo de energia ou redução de resíduos.

Compreendendo o valor dos relatórios de sustentabilidade

Para entender o valor dos relatórios de sustentabilidade, é necessário entender como eles diferem dos relatórios financeiros.

No seu mais básico, os relatórios financeiros analisam a documentação e a comunicação do desempenho financeiro. Isso ocorre através de demonstrações de resultados, balanços e fluxos de caixa. O objetivo é rastrear e analisar o desempenho dos negócios por meio de entradas e saídas financeiras.

Os relatórios de sustentabilidade, por outro lado, analisam o desempenho não financeiro de uma empresa. Especificamente, seus impactos ambientais, desempenho social e governança.

Mas onde está o valor de relatar informações não financeiras para empresas?

Compreender como uma empresa pode ser mais sustentável tem dois benefícios principais.

Em primeiro lugar, identificar oportunidades em que uma empresa pode ser sustentável pode ter um impacto positivo no desempenho financeiro. Por exemplo, rastrear o uso de energia ou a produção de resíduos com o objetivo de reduzi-lo pode ter um ganho financeiro positivo para as empresas. Da mesma forma, uma empresa que explora seu desempenho de diversidade pode introduzir novas idéias, pontos de vista e formas de trabalhar que podem ter impactos positivos.

Em segundo lugar, por meio de um sistema de contabilidade de sustentabilidade, uma empresa pode adicionar mais à sociedade do que apenas seu impacto financeiro. Combater questões ambientais, ter impactos sociais positivos e operar um negócio com governança justa são preocupações que impactam todos globalmente. Embora uma empresa que represente essas áreas possa não impactar diretamente os resultados, eles impactam se a própria empresa opera em uma economia favorável a ela.

O aumento da popularidade do ESG

ESG é um termo usado para monitorar três pilares de sustentabilidade e responsabilidade de um negócio, fora do desempenho financeiro.

A contabilidade da sustentabilidade, por meio do ESG, ajuda as empresas a relatar uma ampla gama de questões. Isso, por sua vez, pode incentivar a confiança do consumidor através de uma maior compreensão do impacto da responsabilidade social que uma empresa tem.

Mas a necessidade de relatórios de ESG e de sustentabilidade está crescendo não apenas por demandas sociais ou mesmo políticas. As decisões de investimento estão sendo tomadas, com o ESG sendo um aspecto importante. De fato, investidores e empresas de investimento estão percebendo o que é o desenvolvimento sustentável das organizações agora. E o crescimento da importância no ESG para a tomada de decisões de investimento é rápido.

Os investidores estão ficando mais preocupados com o impacto do ESG nos modelos de negócios.

Existem várias razões para esse crescimento em preocupação. Em primeiro lugar, há as questões ambientais globais, bem como um aumento da conscientização sobre justiça social e governança justa. Significando que há necessidade de investidores trabalharem com empresas que praticam a sustentabilidade corporativa.

Mas, em segundo lugar, há também um caso de investidores que desejam estar à frente da curva em relação a possíveis mudanças políticas. De fato, a UE já implementou diretrizes que exortam as empresas com mais de 500 funcionários a divulgar sua contabilidade de sustentabilidade nos relatórios gerenciais. E, de fato, as propostas recentes da SEC nos EUA também verão os relatórios do ESG se tornarem obrigatórios para grandes empresas.

Por fim, o aumento do ESG vem primeiro nos negócios. Com a demanda política em segundo lugar. E, embora a regulamentação esteja atualmente focada em empresas maiores, não há razão para que pequenas e médias empresas também não possam começar a analisar sua contabilidade de sustentabilidade.

Mas quais são os pilares que compõem o ESG? O que se entende por Ambiental, Social e Governança? E quais áreas compõem cada um dos três pilares do ESG?

Fatores ambientais

O impacto que uma empresa tem no meio ambiente deve ser contabilizado na contabilidade da sustentabilidade.

Normalmente, isso pode incluir (mas não limitado a) relatórios sobre :

uso de energia

desperdício

uso de recursos naturais

poluição.

Também é importante relatar oportunidades ambientais. Onde a empresa pode diminuir seu impacto no meio ambiente? As oportunidades devem ser incluídas em qualquer relatório de sustentabilidade.

Fatores Sociais

A contabilidade da sustentabilidade também examina como a empresa mantém sua responsabilidade social corporativa. Isto deve ser tratado como mais do que atividades sociais, concentrando-se nas políticas que ela tem e no impacto das ações dessas políticas.

Os fatores sociais podem incluir:

diversidade

segurança do produto

direitos humanos nas cadeias de suprimentos

privacidade de dados

saúde e segurança

investimento em pessoas.

Ser claro em seus Fatores Sociais, com métricas prováveis para apoiá-los, pode dar a uma empresa uma estratégia clara de Recursos Humanos. Além disso, ter evidências de seus Fatores Sociais pode ajudar a apoiar seus esforços de recrutamento, provando ser um empregador a ser escolhido [pelo potencial empregado].

Fatores de Governança

A chave para produzir uma contabilidade de sustentabilidade confiável é um relatório honesto e transparente da governança corporativa. Isto torna as empresas mais responsáveis por suas ações e ajuda a responder às preocupações das partes interessadas.

Os relatórios sobre fatores de governança podem incluir:

estrutura de gerenciamento

propriedade e controle

representação de funcionários na tomada de decisões

pagamentos de bônus e compensação

pagar de forma igual entre os sexos.

O objetivo dos Fatores de Governança é demonstrar a responsabilidade da liderança. As organizações que relatam índices mais altos de transparência de Governança vêem menos má administração, menos escândalos e têm melhor reputação. Isto pode levar a uma maior confiança dos investidores, bem como a uma força de trabalho mais motivada.

Benefícios da ESG para Contadores

A contabilidade de sustentabilidade requer medição e relatórios de forma a garantir a verdade.

Ser capaz de relatar informações da ESG de forma independente pode ajudar as empresas a serem transparentes com sua sustentabilidade. E isto é importante. Relatórios honestos e transparentes de boa qualidade, informações confiáveis são a única maneira de uma empresa modificar seu comportamento para o desenvolvimento sustentável.

Os contadores estão na posição única de poder oferecer este serviço devido às suas habilidades e reputação existentes.

Com o crescimento da conscientização na ESG, e as empresas que desejam relatar sobre sua sustentabilidade, os contadores que podem oferecer contabilidade de sustentabilidade criam a capacidade de se diferenciar dos concorrentes.

(...)

Palavras finais

Os contadores têm muito a oferecer quando se trata de relatar sobre a sustentabilidade de um negócio. Com as indústrias querendo investir no desenvolvimento sustentável, os relatórios de sustentabilidade corporativa são um mercado em crescimento.

Tendo a capacidade de oferecer relatórios e conselhos independentes e confiáveis, os contadores estão perfeitamente posicionados para diversificar a elaboração de relatórios de sustentabilidade.

A ESG oferece uma estrutura confiável e diretrizes de relatórios de sustentabilidade para as empresas, para começar. Os contadores podem obter mais informações sobre o que é o ESG ao participar do curso da ICA, Desmistificando o ESG. Este curso oferece uma maior compreensão do que é ESG, e os benefícios que o acompanham.

(Fonte: Mercia, via Accountingweb

Rir é o melhor remédio

 

Dívida: para a geração futura

15 setembro 2022

Exportação de água

Há alguns anos eu ouvi de um biólogo o termo "exportar água". Refere-se a usar de maneira intensiva a água na produção de algo que será exportado. Nossa agricultura faz isto. Eis que encontro o termo novamente:


"Quando você exporta uma commodity como a soja, o valor da água e da biodiversidade perdidas não está embutido no preço da semente. Por isso, o Brasil é competitivo", disse o pesquisador [Reuber Brandão] em entrevista à BBC News Brasil.

Brandão aponta que boa parte do bioma já está perdido para sempre. Conservar o restante do Cerrado, diz, seria um movimento estratégico mais importante do que manter o país na posição de maior exportador de soja do mundo.

Segundo o Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o Cerrado perdeu 4.091,6 km² para o desmatamento entre janeiro e julho deste ano, uma alta de 28,2% em relação ao mesmo período do ano passado.

(...) Reuber Brandão, de 50 anos, conhece o Cerrado desde a infância, quando brincava e consumia as frutas típicas. Depois, estudou a biodiversidade da região até virar professor de manejo de fauna e de áreas silvestres da Universidade de Brasília (UnB), cidade onde nasceu. Ele também é membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza (RECN). (...)

Um processo de mensuração adequada pode ajudar aqui. Mas a cobrança do uso da água também seria um incentivo. Haverá argumentos contrários, indicando que isto poderia reduzir a competitividade da produção. 

Bateria de automóveis elétricos: um problema para o futuro próximo

A solução para os veículos que usam petróleo seria, a princípio, os veículos elétricos. Mas temos aqui um problema para o médio prazo: o que fazer com as baterias de lítio? Entre 2022 e 2030 há uma previsão de reciclar 6 milhões de baterias.


Sendo o lítio um elemento que gera um resíduo perigoso, o problema parece ser sério para alguns. E o processo não é fácil e barato. E há o risco de incêndio.

Escondida nos subúrbios de Chicago, fica a cidade de Morris, Illinois. Por volta do meio-dia de junho. Em 29 de 2021, o corpo de bombeiros recebeu uma ligação de que um incêndio no armazém havia eclodido em uma estrutura que muitos moradores supunham ser apenas um prédio abandonado. A ligação veio de alguém que alegou ser funcionário de uma empresa que estava armazenando 200.000 libras de baterias no prédio, a maioria das quais era de lítio. A chefe dos bombeiros, Tracey Steffes, disse a repórteres que era a primeira vez que seu departamento lutava contra um incêndio de lítio. A mitigação de incêndios tradicionais é feita usando água ou produtos químicos para cortar o suprimento de oxigênio. No entanto, o lítio é único, pois não requer oxigênio para queimar. Uma vez aceso, ele cria o que Thibodeau [um especialista na área] chamou de "fugitivo térmico", o que é incrivelmente desafiador de controlar.

“Quando a bateria entra nesse estado, é quase impossível parar, ", disse Steffes a repórteres após o incêndio de junho de 2021.

Os moradores confusos de Morris foram rapidamente evacuados de bairros próximos ao incêndio e passaram horas em quartos de hotel, assistindo a fumaça encher o céu e temendo pela segurança de suas casas.

Nos dias de hoje, cerca de 5% das baterias são recicladas. O principal motivo é a dificuldade do processo.

Rir é o melhor remédio

 

Procrastinação 

14 setembro 2022

O que influencia a Qualidade da Informação Contábil dos municípios

Eis o resumo:

Esta pesquisa analisa os fatores explicativos do Ranking da Qualidade da Informação Contábil e Fiscal dos municípios brasileiros para o ano de 2019. Utilizou-se, como métrica quantitativa, o modelo de regressão GLM com Distribuição Gama e função de ligação a identidade. Foram analisados os 5.570 municípios brasileiros, sendo excluídos, 2.013. Os resultados evidenciaram que as variáveis Índice FIRJAN do Desenvolvimento Municipal (IFDM), Índice de Efetividade da Gestão Municipal (IEGM) e PIB per capita, as cidades localizadas nas regiões Sudeste e Norte e a gestão municipal com viés de ideologia partidária de Centro Esquerda influenciam na nota do Ranking

Eis a tabela com o resultado principal:

O artigo completo está aqui. Um achado importante (e surpreendente):

 Por fim, as cidades com gestão municipal sobre o viés de ideologia partidária de Centro Esquerda desfavorecem o ranking elaborado pela STN.  

Trabalho de Natália Gomes e Maurício Correa da Silva, ambos da UFRN. 

Quando uma guerra forçar uma baixa contábil


A OneWeb, uma empresa britânica de startups que pertence em parte ao governo britânico, foi forçada a receber uma baixa de US $ 229 milhões nesta semana, depois que a Rússia impediu seus planos de lançamento no início deste ano e manteve 36 de seus satélites como reféns.

A empresa informou que seu prejuízo líquido no exercício encerrado em 31 de março foi de US $ 390 milhões e que havia recebido receita de apenas US $ 9,6 milhões. No entanto, ele tem pedidos de "mais de US $ 300 milhões", divulgou.

A empresa tinha planos de fazer um lançamento no início do ano, mas uma plataforma de lançamento no Cazaquistão cancelou o evento. (Uma nota interessante: o Cazaquistão é um país independente, então a guerra não deveria afetar. Mas sendo uma ex-república soviética, esta regra não é válida. No caso, a plataforma era controlada pela Rússia.)

A empresa deveria concorrer com a Starlink (leia Musk) e Blue Origin (Amazon).  

Fonte: aqui

Cadastro


Do Mario Negruni, uma proposta para criação de um cadastro de profissionais responsáveis pelas contas dos contribuintes pessoa jurídica: 

O Projeto de Lei 2279/22, do deputado Hugo Leal (PSD-RJ), determina a criação, pela Receita Federal, de um cadastro eletrônico dos profissionais de contabilidade responsáveis pelas contas de contribuintes pessoa jurídica. O texto tramita na Câmara dos Deputados.

Pela proposta, o cadastro será compulsório. Desta forma, todas as pessoas jurídicas, independentemente do porte (com exceção dos microempreendedores individuais – MEI) ou ramo de atuação, deverão prestar informações sobre o responsável técnico contábil, como o registro profissional. (1)

O objetivo da medida, segundo o autor do projeto, é evitar que profissionais sem habilitação profissional trabalhem para as empresas e organizações (2). Hugo Leal lembra que os contabilistas são responsáveis pela prestação de informações à Receita Federal (3).

“Se a Receita recepciona informações de contribuintes que foram apuradas por profissionais inabilitados, leigos ou prestadas zeradas ou incompletas, os órgãos de fiscalização ficam prejudicados no real planejamento de ações de fiscalização. O que resulta em uma frustração de arrecadação e gera danos ao Erário”, diz o deputado.

Prazo

A proposta determina que a Receita Federal disponibilize, no cadastro, área para que o responsável técnico contábil possa autodeclarar qualquer tipo de alteração em seus dados.

A estruturação do cadastro eletrônico deverá ocorrer em 90 dias, a contar da publicação da futura lei. A Receita Federal deverá ainda fazer campanhas de divulgação da nova obrigação.

Tramitação

O projeto será analisado, em caráter conclusivo, pelas comissões de Desenvolvimento Econômico, Indústria, Comércio e Serviços; de Finanças e Tributação; e de Constituição e Justiça e de Cidadania (4).

Parece algo realmente estranho. Minhas anotações:

(1) Qual a necessidade? Isto pode voltar contra o profissional, que será responsabilizado pela informação. 

(2) Aqui mostra que a "ideia brilhante" é corporativista. Mas isto pode ser feito pela áreas competentes dos Conselhos, sem precisar de mais uma informação para a Receita. 

(3) Para que a medida possa permitir que os Conselhos fiscalizem é necessário que estas entidades tenham acesso a informação, que seria a princípio sigilosa. É isto que o deputado quer? Realmente não consigo entender a lógica da proposta. 

(4) Quem sabe teremos um bom senso aqui. 

Foto: Robert Zunikoff

Rir é o melhor remédio

 

Ajuda divina para passar no exame

13 setembro 2022

Moral tributária, Multinacionais e Big Four

Uma pesquisa da OCDE indicou que as autoridades fiscais possuem uma percepção negativa das empresas multinacionais quando se trata de impostos.  Esta percepção também alcança as chamadas Big Four, quatro grandes empresas de auditoria (Deloitte, EY, KPMG e PwC) quando se trata de confiança e impostos. Mas o estudo diz que há opiniões positivas sobre a Big Four em termos de seguir a letra da lei e apresentar conformidade formal. 

O destaque do relatório parece ser a falta de comunicação e de confiança dos funcionários fiscais com as multinacionais e as Big Four. O resultado variou conforme o local da pesquisa, sendo que o menor índice foi obtido no Caribe e na América Latina. 

É importante notar que o foco do relatório foi a moral tributária e as empresas multinacionais. A questão da moral tributária não tem sido objeto de atenção, mas o relatório reconhece que há uma mudança em razão da crescente importância para os investidores e para as multinacionais do tema ESG. 

O relatório reconhece que o tema "moral tributária" é importante para os países em desenvolvimento. E existem poucas pesquisas:

Embora exista um interesse crescente no moral tributário das EMN (multinacionais), há pesquisas relativamente limitadas sobre o tema. Embora o corpo de pesquisas sobre moral tributária tenha aumentado nos últimos anos, muito disso se concentrou em indivíduos, em vez de tentar entender quais fatores podem influenciar o moral tributário das empresas, especialmente EMNs, como o moral tributário pode variar entre países e regiões, e como isso pode ser aprimorado.


IFAC e o combate a corrupção e ao crime econômico

 O IFAC emitiu um documento com um plano de ação para combater a corrupção e o crime econômico. Trata de uma estrutura para "aprimorar o papel da profissão contábil no combate à corrupção e ao crime econômico". São cinco pilares e mais de trinta ações: 


A base foi o código de ética (IESBA)

Criação do Comitê Consultivo de Sustentabilidade por parte da Fundação IFRS


A Fundação IFRS anunciou a criação de um comitê, chamado Comitê Consultivo de Sustentabilidade (SCC). A finalidade é "identificar, informar e aconselhar" o ISSB, o International Sustainability Standards Board, sobre quais as questões que são relevantes para a sustentabilidade. Parece que seria um órgão de aconselhamento.

O SCC terá quatro entidades permanentes: o Fundo Monetário Internacional, a OCDE, as Nações Unidas e o Banco Mundial. Duas destas entidades são tipicamente "financeiras" ou "bancárias". Além destas entidades, foram divulgados outros nomes, que não possuem assento permanente: CDP, TCFC, GSG, GRI, JSE (bolsa de Johannesburg), UNEP e WBCSD. (Veja que interessante, nenhum nome brasileiro.) (Tiveram uma preocupação com a diversidade de gênero, nomeado uma maioria de mulheres) 

A primeira reunião do SCC será agora, nesta semana. 

Entendo que além de ser uma entidade consultiva, o SCC irá garantir uma maior legitimidade as decisões do ISSB. Foi realmente uma decisão positiva da Fundação, uma vez que suas normas serão fatalmente questionadas. 

Foto: Avel Chuklanov

Fasb e Criptomoedas

Ainda sobre a decisão do Fasb de estudar criptomoedas, a entidade que regula a contabilidade dos Estados Unidos não usou o termo "meio de troca"; a entidade entende que isto não ajudaria na definição. É interesse esta posição, pois trata-se de uma moeda no seu nome, mas que não tem seu uso como tal. Isto estaria em uma posição contrária ao entendimento da receita daquele país. 

Aglomeração de cientistas compensa?

 Que a aglomeração ajuda na pesquisa científica já sabíamos. O estudo comparou o ganho na produtividade da pesquisa versus o custo de morar em cidades com muitos cientistas:


Cities with a larger concentration of scientists have been shown to be more productive places for additional scientists to do Research and Development. At the same time, these urban areas tend to be associated with higher costs of doing research, in terms of both wages and land. While the literature on the benefits of agglomeration economies is extensive, it offers no direct evidence of how productivity gains from agglomeration compare with higher costs of production. This paper aims to shed light on the balance between local productivity and local costs in science. Using a novel dataset, we estimate place-based costs of carrying out R&D in each US metro area and assess how these place-based costs vary with the density of scientists in each area. We then compare these costs with estimates of the corresponding productivity benefits of more scientist density from Moretti (2021). Adding more scientists to a city increases both productivity and production costs, but the rise in productivity is larger than the rise in production costs. In particular, each 10% rise in the stock of scientists is associated with a 0.11% rise in costs and a 0.67% rise in productivity. This implies that firms moving from cities with a small agglomeration of scientists to cities with a large agglomeration of scientists experience productivity gains that are 6 times larger than the increase in production costs. This finding is consistent with the increased concentration of R&D activity observed over the past 30 years. However, while the productivity estimate has only modest non-linearities, the cost estimates suggest much larger non-linearities as the concentration of scientists increases. For the most concentrated R&D cities, the difference between productivity gains and cost increases is close to zero.

Os autores usaram dados de vários pesquisadores e o local onde trabalharam. Com os dados do custo de vida local, eles puderam verificar se residir em cidades caras compensava. A resposta para pergunta do título é sim. 

Rir é o melhor remédio


 

12 setembro 2022

SEC e a regulação das criptomoedas


Enquanto a regulação de criptomoedas caminha a passos largos em todo o mundo, o presidente da Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC) demonstra uma postura ofensiva contra aqueles que não seguirem as regras.

Segundo Gary Gensler, a maioria dos criptoativos atualmente representa um valor mobiliário e, por isso, as empresas envolvidas com o setor nos EUA devem se registrar com a SEC. Caso contrário, elas enfrentarão problemas com a Justiça do país, de acordo com o presidente da SEC. Empresas como a Ripple já enfrentam processos por parte da “CVM dos EUA” por conta do mesmo motivo.

“Existem muitas plataformas que estão em operação hoje que seriam mais engajadas e, em vez disso, há um pouco de… implorar por perdão em vez de pedir permissão”, afirmou Gensler.

Atualmente, uma série de projetos de lei tramitam nos Estados Unidos para regular o setor de criptomoedas. A maioria usa a abordagem de que a Comissão de Negociação de Futuros de Commodities deveria ser o órgão responsável, ao contrário da visão de Gary Gensler, da SEC.

Por isso, Gensler acredita que a aprovação de uma lei só funcionará caso “não prejudique inadvertidamente as leis de valores mobiliários subjacentes aos mercados de capitais de US$ 100 trilhões”. Em outras palavras, ele quer garantir que a SEC não perca nenhum poder no processo.

Nesta quinta-feira, em entrevista ao Financial Times, Gensler disse que qualquer legislação de regulamentação de criptomoedas deve ser feita de forma a manter a supervisão da SEC de “security tokens”, ou seja, criptoativos que se caracterizam como valores mobiliários. Para ele, estes seriam a maioria no mercado atualmente.

Além disso, o presidente da SEC acredita que ainda que as plataformas de finanças descentralizadas (DeFi) representem desafios para os órgãos reguladores, eles “seriam capazes de exercer autoridade até mesmo sobre plataformas supostamente descentralizadas”, já que, para ele, plataformas DeFi têm “um nível razoável de centralização”, citando mecanismos de governança, modelos de taxas e sistemas de incentivo.

“Com cerca de US$ 2 trilhões de valor em todo o mundo, está no nível e na natureza de que, se tiver alguma relevância daqui a cinco ou dez anos, será dentro de uma estrutura de política pública. A história apenas lhe diz que não dura muito lá fora. Finanças é sobre confiança, em última análise”, afirmou Gary Gensler.

No último mês, Gensler chegou a escrever uma carta à senadora Elizabeth Warren pedindo ao Congresso americano que fornecesse mais financiamento e desse aos reguladores “autoridade plenária para escrever regras e anexar proteções ao comércio e empréstimo de criptomoedas”.

Grifo meu. Veja a questão do poder. Fonte: Exame. Foto: Kanchanara

Mechanical Turk e o problema do p-hacking

Na postagem sobre p-hacking e o viés da publicação, onde mostramos uma pesquisa que verificou se procedimentos de registro de análise prévia poderia resolver este problema, a boa notícia é que um dos procedimentos, o PAP, pode ser uma possível resposta para a questão. Lembrando que p-hacking é a tendência a forçar um resultado que torna a pesquisa com mais chance de ser publicada ou de ser citada. E o viés da publicação é o fato de que editores e pareceristas de periódicos terem uma preferência prévia por certos resultados, afetando a decisão de aceite de um artigo. 

Em um exemplo, é mais "publicável" um estudo que afirma que um alimento pode ajudar a reduzir uma doença do que outra pesquisa que diz não existir nenhuma relação. A nossa postagem mostrou que fazendo fazendo um registro prévio das hipóteses e da forma como a questão será abordada na pesquisa pode ajudar a resolver o p-hacking e o viés da publicação. 

Três dos quatro autores do estudo que descrevemos na postagem analisaram também o Mechanical Turk. Para quem não conhece, é uma ferramenta de propriedade da Amazon que tem sido muita usada em pesquisas em diversas áreas. Sua grande vantagem é permitir que uma pesquisa seja realizada com um universo de respondentes demograficamente mais diverso, sendo possível obter grandes amostras com baixo custo. 

Analisando os estudos publicados entre 2010 e 2020, os autores constataram que a amostra dos estudos é relativamente baixa (média de 249 respondentes). Em uma das notas de rodapé da pesquisa há um caso interessante de um estudo realizado em 2013 em que cinco anos depois o líder não se lembrava de nada do experimento com 956 participantes. Isto seria um sinal de que o MTurk apresenta um baixo custo de oportunidade: se a pesquisa tivesse sido presencial, você iria lembrar de algo, já que seu custo de aplicação é elevado. 

O resultado final é que pesquisas que usam o MTurk possuem p-hacking, viés de publicação e confiança excessiva nos resultados. O próprio comportamento da comunidade de responde pode afetar o resultado. 

Eis o abstract:

Amazon Mechanical Turk is a very widely-used tool in business and economics research, but how trustworthy are results from well-published studies that use it? Analyzing the universe of hypotheses tested on the platform and published in leading journals between 2010 and 2020 we find evidence of widespread p-hacking, publication bias and over-reliance on results from plausibly under-powered studies. Even ignoring questions arising from the characteristics and behaviors of study recruits, the conduct of the research community itself erode substantially the credibility of these studies’ conclusions. The extent of the problems vary across the business, economics, management and marketing research fields (with marketing especially afflicted). The problems are not getting better over time and are much more prevalent than in a comparison set of non-online experiments. We explore correlates of increased credibility

Eis um gráfico que diz tudo sobre o MTurk:

Esta é a curva dos resultados da estatística Z. A curva deveria está em formato decrescente - caso as pesquisas não tivessem problemas. 

(Uma curiosidade: o MTurk tem este nome em homenagem da Edgar Allan Poe. Na sua época, apareceu uma máquina que jogava xadrez, um robô, representado por um turco. Poe é do século XIX, então esta máquina era um truque. O escritor relata como a "maquina" funcionava)

Cidade holandesa proíbe anúncio de carne

Será uma nova tendência? A proibição vai além da carne, mas nunca tinha visto algo parecido: 


A cidade holandesa de Haarlem, a cerca de 32 quilômetros de Amsterdã, está dando um passo controverso para combater o impacto climático da carne, proibindo anúncios que a promovam em espaços públicos. A mudança, a primeira do mundo, começaria em 2024. Outras cidades da Holanda, incluindo Amsterdã, já tinha proibido as companhias aéreas e outras empresas dependentes de combustíveis fósseis de colocarem anúncios nos ônibus, abrigos e telas da cidade.

Naturalmente, nem todo mundo está feliz com a decisão, de acordo com BBC News:

A moção elaborada por GroenLinks - um partido político verde - enfrentou oposição do setor de carnes e alguns que dizem que isso sufoca a liberdade de expressão ..

"As autoridades estão indo longe demais para dizer às pessoas o que é melhor para elas", disse um porta-voz da Organização Central para o Setor de Carne.

O partido de direita do BVNL chamou de "violação inaceitável da liberdade empresarial" e disse que "seria fatal para os criadores de porcos".

"Proibir comerciais de motivos politicamente nascidos é quase ditatorial", disse Joey Rademaker, vereador do Haarlem BVNL.

Ziggy Klazes, vereador do GroenLinks, disse à publicação holandesa Trouw, "A carne é igualmente prejudicial ao meio ambiente. Não podemos dizer às pessoas que há uma crise climática e incentivá-las a comprar produtos que fazem parte da causa."