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04 agosto 2022

"Parei de ler notícias"


Um artigo de opinião de Amanda Ripley para o The Washington Post: Parei de ler as notícias. 

Então, um dia, uma amiga jornalista confidenciou que também estava evitando as notícias. Então eu ouvi de outro jornalista. E outro. (A maioria era mulher, notei, embora não todas.) Esta notícia sobre não gostar de notícias sempre foi sussurrada, um pequeno segredo sujo. Isso me lembrou a cena em "O dilema social" quando todos os executivos de tecnologia admitiram que não deixaram seus filhos usarem os produtos que haviam criado.

E isso chega ao cerne do problema aqui: se muitos de nós se sentirem envenenados por nossos produtos, pode haver algo errado com eles?

Mês passado, novos dados do Instituto Reuters mostrou que os Estados Unidos têm uma das maiores taxas de evasão de notícias do mundo. Cerca de 4 em cada 10 americanos às vezes ou frequentemente evitam o contato com as notícias - uma taxa mais alta do que pelo menos 30 outros países [vide gráfico a seguir]. E de forma consistente, em todos os países, as mulheres têm uma probabilidade significativamente maior de evitar notícias do que os homens. Afinal, não éramos apenas eu e meus amigos jornalistas hipócritas.

Por que as pessoas estão evitando as notícias?? É repetitivo e desanimador, geralmente de credibilidade duvidosa, e deixa as pessoas se sentindo impotentes, de acordo com a pesquisa. A evidência apóia sua decisão de recuar. Acontece que quanto mais notícias consumimos sobre eventos de vítimas em massa, como tiroteios, mais sofremos. Quanto mais notícias políticas ingerimos, mais erros nós fazemos sobre quem somos. Se o objetivo do jornalismo é informar as pessoas, onde está a evidência de que está funcionando?

Então, talvez haja algo errado com as notícias. Mas o que? Muitas pessoas dizem que o problema é viés. Jornalistas dizem que o problema é o modelo de negócios: a negatividade é click. Mas comecei a pensar que ambas as teorias estão perdendo a peça mais importante do quebra-cabeça: o fator humano.

As notícias de hoje, mesmo as de alta qualidade, não foram projetadas para seres humanos. Como Krista Tippett, jornalista e apresentadora do programa de rádio e podcast "On Being", coloca: "Na verdade, não acho que estamos equipados, fisiologicamente ou mentalmente, para receber notícias e fotos catastróficas e confusas. Somos criaturas analógicas em um mundo digital."

(...) Quando destilei tudo o que eles me disseram, descobri que há três ingredientes simples que estão faltando nas notícias como a conhecemos.

Primeiro, precisamos de esperança para acordar de manhã. Pesquisadores têm encontrado essa esperança está associada a níveis mais baixos de depressão, dor crônica, insônia e câncer, entre muitas outras coisas. Desesperança, por outro lado, está ligado à ansiedade, depressão transtorno de estresse pós-traumático e ... morte.

(...) Segundo, os humanos precisam de um senso de ação. (...) sentir que você e seus companheiros humanos podem fazer algo - mesmo algo pequeno - é como convertemos a raiva em ação, frustração em invenção. (...)

Finalmente, precisamos de dignidade. Isso também não é algo em que a maioria dos repórteres pensa, na minha experiência. O que é estranho, porque é essencial para entender por que as pessoas fazem o que fazem.(...)

P.S. Depoimento pessoal: parei de assistir notícias na televisão. E tenho evitado ler algumas notícias nos jornais. E minha decisão de parar o "rir é o melhor remédio" foi postergada. 

"Precisamos de mais estudos"


Eis a frase típica das conclusões de um artigo acadêmico. Faz sentido? Vamos para o Ciência Picareta, livro de Ben Goldacre:

um fato pouco conhecido é que essa frase ["há necessidade de mais pesquisas"] foi banida do British Medical Journal por muitos anos, pois não acrescenta nada; você pode dizer qual pesquisa falta ser feita, com quem, como, medindo o que e por que você deseja fazê-la, mas a afirmação superficial e aberta da necessidade de mais pesquisas é inútil e sem significado

Foto: Janko Ferlič

Londres e a lavagem de dinheiro


A revista Época publicou um texto sobre a lavagem de dinheiro em Londres. O texto completo pode ser encontrado aqui, mas destaco alguns pontos:

Todos os anos, US$ 1 bilhão (cerca de R$ 5,3 bilhões) é roubado das nações em desenvolvimento, e uma parcela significativa deste valor passa por Londres ou seus paraísos fiscais satélites — a "lavagem offshore".

O Banco Midland era um dos bancos da City de Londres. Era pequeno e queria crescer, mas as regras impediam que os bancos concorressem entre si em busca de clientes. Precisava de mais dinheiro.

Em 1955, o Midland teve uma ideia brilhante, mas dependia de outro banco, não muito distante, que tinha o problema oposto. O Narodny de Moscou tinha sede na City, mas era de propriedade da União Soviética. E seu cofre estava abarrotado de dólares.

"Eles temiam que os fundos fossem expropriados e confiscados se fossem colocados nos Estados Unidos, dado o crescente antagonismo da Guerra Fria. Por isso, o dinheiro acabou em Londres", explica Ogle.

Havia então um banco que tinha muito pouco dinheiro, e outro que tinha dinheiro demais... só o que faltava era encontrar uma forma de "driblar" as regulamentações.

Foi quando alguém dentro do Midland percebeu que o banco não precisaria comprar os dólares. Bastava apenas pedi-los emprestados, evitando as restrições britânicas à compra de moeda estrangeira.

Com estes dólares, o banco inglês poderia comprar libras esterlinas e emprestar em troca de juros. Já o Narodny não apenas deixaria seu dinheiro fora do alcance dos Estados Unidos, como ainda teria lucro.

Os detalhes da operação são inacreditavelmente complexos, mas sua essência era muito simples. O acordo permitiu que o Banco Narodny ganhasse dinheiro se esquivando das restrições americanas, e que o Banco Midland ganhasse dinheiro se esquivando das restrições britânicas.

(...) Se os financistas britânicos realmente quisessem ajudar seus clientes, precisariam de mais do que uma brecha legal; precisariam de lugares onde este dinheiro ficasse a salvo. Para a sorte deles, não foi preciso procurar muito para encontrá-los.

Perto de Londres, no Canal da Mancha, fica a ilha de Jersey — que, por quase mil anos, foi mais ou menos britânica: é governada pela monarquia britânica, mas não faz parte do Reino Unido; e usa a libra esterlina, mas estabelece seus próprios impostos. Esta combinação era potencialmente bastante rentável.

"Até o final da década de 1950, havia uma cláusula na constituição restringindo os pagamentos de juros, o que, de forma geral, limitava o uso da ilha como paraíso fiscal às pessoas que realmente viviam ali", afirma John Christensen, que ocupou altos cargos administrativos em Jersey e depois se tornou um ativista de destaque contra os paraísos fiscais.

Os lucros poderiam ser enormes, se a ilha se dispusesse a ser um pouco menos exigente. E foi o que aconteceu. Os políticos da ilha de Jersey eliminaram os incômodos obstáculos.

(...)Não existem muitos dados, especialmente de antes da década de 1980, sobre o que os ultrarricos de todos os tipos ocultavam nos paraísos fiscais.

Mas, de vez em quando, uma porta se abre — e é possível observar o que há por trás dela.

"Em duas ocasiões, nas décadas de 1960 e 1970, depois de grandes crises, foram revelados vínculos com o crime organizado, particularmente com a lavagem de dinheiro", conta Ogle.

"Mas são casos raros e, depois do fato, é feita uma investigação, e fica claro que isso sempre foi parte do que levou à expansão das jurisdições offshore."

"É extremamente difícil saber com precisão porque o segredo e o anonimato são o principal ativo vendido por essas jurisdições."

(...) Mas por que exatamente os britânicos são tão úteis para a lavagem de dinheiro?

"O Reino Unido é considerado, quase universalmente, uma jurisdição de baixo risco em termos de criminalidade", explica Barrow.

Se forem estabelecidas muitas empresas e muitas contas bancárias para estas empresas em diferentes jurisdições com normas flexíveis, é possível mover o dinheiro por meio delas.

E, se forem empresas britânicas, com diretores britânicos, tudo parece ser legítimo para o próximo país de destino.

"Estas empresas são criadas com facilidade", diz Barrow.

"Você pode pagar 12 libras (cerca de R$ 77) a partir de um computador em qualquer parte do mundo, dizendo que você se chama Darth Vader e mora na Lua, e criar uma empresa com estas informações."

(...)Falsificar deliberadamente as informações de uma empresa é ilegal, mas é um delito de baixo risco.

Aqueles que querem esconder seu dinheiro e movimentá-lo como quiser não enfrentaram obstáculos ao usar as estruturas corporativas do Reino Unido para ocultar sua identidade.

"Você se assustaria com a quantidade de casos na Companies House [o órgão governamental responsável pelo registro de companhias no Reino Unido], em que a empresa A é propriedade da empresa B, que é propriedade da empresa A... você pode ficar louco pesquisando isso!", exclama Barrow.

A Companies House enfrenta diariamente uma avalanche de fundações de novas empresas — e não tem poder nem recursos para verificar todas as informações fornecidas.

"Em um dia comum, cerca de 3,5 mil empresas se apresentam para registro. Cada uma fornece cerca de 15-20 pontos de dados separados. Assim, diariamente, isso representa cerca de 100 mil dados", diz Barrow.

"Como se pode monitorar tudo isso com recursos limitados e tecnologia antiquada? É impossível, e os criminosos sabem disso."(...)

50 anos de uma reportagem fundamental para pesquisa científica

 São poucas as vezes que uma reportagem pode alterar os rumos da ciências. Aconteceu há cinquenta anos com Jean Heller, da AP (foto abaixo).

A repórter recebeu de um colega uma dica sobre um experimento realizado pelo governo dos Estados Unidos desde 1932 em uma comunidade pobre do Alabama. O governo recrutava homens negros e indicaram que eles seriam tratados de doenças como anemia, fadiga e sífilis. Em troca da participação, homens receberiam exames médicos gratuitos, refeições gratuitas e seguro funerário. Mas o governo poderia fazer uma autopsia em caso de falecimento. 

Mais de 600 homens participaram (foto), mas um terço nunca receberam tratamento, mesmo existindo a penicilina desde os anos 40 para o tratamento de sífilis. O absurdo é que o experimento só parou após a publicação da reportagem, em 1972, ou décadas depois do início. 

A história ganhou diversos prêmios jornalísticos e ainda hoje tem seus efeitos. Recentemente, durante a pandemia, muitos negros recusaram a vacinação, lembrando a triste história de Tuskegee. 

Rir é o melhor remédio

 

Subida e queda

03 agosto 2022

Roupa e reunião no Zoom


Da revista Forbes:

A pesquisa da McKinsey demonstrou também que a roupa que vestimos afeta a forma como as outras pessoas nos percebem. E a surpresa é que elas também podem afetar o nosso desempenho.

Um experimento com dois grupos que usavam jalecos mostrou uma diferença de desempenho de acordo com o nome dado à peça. O primeiro grupo, em que o nome dado foi “jaleco”, teve uma performance notável. No outro grupo, em que a roupa era chamada de “avental de pintura”, não foi observado efeito algum. Os autores do experimento chamaram esse fenômeno de “cognição incorporada”. Uma tentativa recente de repetição da experiência não produziu os mesmos resultados, mas os autores concluíram que o conceito permanece válido.

É preciso tomar um certo cuidado, pois a pesquisa foi realizada por uma entidade não científica - a empresa de consultoria McKinsey - e o próprio texto afirma que a repetição não produziu os mesmos resultados. Finalmente, a pesquisa não foi validada através da publicação em um periódico científico.

Mas sabemos que a roupa é uma forma de sinalização e isto talvez possa ocorrer nas reuniões online. 

Foto: Anthony Tran

Celebridades e Emissão

Um site rastreou algumas celebridades e montou um ranking das pessoas que mais "emitiram" carbono a partir das viagens com seus jatos particulares:


Swift esclareceu que muitas viagens rastreada não tinha sua presença.

Imposto de solteiro


Entre as muitas curiosidades tributárias, recentemente encontrei sobre o imposto de solteiro (bachelor tax), que é um tributo punitivo para os homens com este estado civil. 

Historicamente o casamento foi uma parte importante das sociedades, seja por questões nacionalistas ou por ser também uma questão de raça ou uma forma de inibição do homossexualismo. No antigo Pacto de Varsóvia, o imposto era uma forma de incentivar a geração de filhos nos países comunistas. 

Talvez o caso mais interessante seja o da Argentina:

Um imposto de solteiro existia na Argentina por volta de 1900. Homens que pudessem provar que haviam pedido a uma mulher que se casasse com eles e haviam sido rejeitados estavam isentos do imposto. Isso deu origem ao fenômeno das "rejeitadoras profissionais", mulheres que por uma taxa jurariam às autoridades que um homem havia proposto a elas e elas haviam recusado.

Título e missão de um periódico

Sabemos que o nome de uma pessoa está vinculada ao sucesso ou fracasso de sua vida pessoal. Mas isto é válido para um periódico? Aparentemente sim. Julián D. Cortés explora como o nome e a missão de um periódico pode trazer informações sobre um periódico. Usando uma amostra de 1500 periódicos da área de negócios, administração e contabilidade, Cortés fez algumas descobertas interessantes. 

Em primeiro lugar, o número médio de caracteres dos títulos dos periódicos foi de 35. A missão do periódico é reveladora. Separando os periódicos em dois grupos, os 10% melhores e os 10% piores, foi encontrado para o piso inferior o seguinte:

Para os periódicos de mais prestígio, a missa lidava com outro tipo de termo:
A própria legibilidade da missão também é esclarecedora:
Os países ibero-americanos não tiveram um bom desempenho. 


Cinco maneiras de lutar contra a desinformação


Segundo Tim Harford:

1. Muita desinformação é simples demais - basta parar um pouco para saber que fruta cítrica não combate o covid. 

2. Devemos desacelerar e prestar atenção na nossa reação - não caímos no conto por sermos estúpidos, mas por sermos emotivos. 

3. Temos aliados - há verificadores de boatos e céticos que verificam a desinformação

4. A descrença também pode ser ruim e termina por reduzir o impacto de uma realidade triste

5. Não devemos perder de vista o que importa

Todo artigo de jornal que você leu, todo debate político que assistiu, toda conversa que teve e todas as postagens de mídia social que você já pensou em compartilhar - todos eles o prepararam para a tarefa desafiadora e essencial de assumir a responsabilidade pelo que você lê, compartilha, acredita e não acredita.

Imagem: Markus Winkler

Rir é o melhor remédio

 

Servimos auditores fiscais

02 agosto 2022

Primeiro experimento da história


Talvez não seja o primeiro experimento, mas um dos mais antigos narrados. Do livro de Daniel, da Bíblia, no reinado de Nabucodonosor. Este rei que deu ordem ao chefe dos eunucos cuidar da alimentação dos judeus, com uma dieta e vinho:

Daniel tomou a resolução de não se contaminar com os alimentos do rei com seu vinho. Pediu ao chefe dos eunucos para dês se abster [de animais impuros e de vinho]. Este, graças a Deus, tomado de benevolência para com Daniel, atendeu-o de boa vontade, mas disse-lhe: 

"Temo que o rei, meu senhor, que estabeleceu vossa alimentação e vossa bebida, venha a notar vossas fisionomias mais abatidas do que as dos outros jovens de vossa idade, e que por vossa causa eu me exponha a uma repreensão da parte do rei". 

Mas Daniel disse ao dispenseiro a quem o chefe dos eunucos havia confiado o cuidado de Daniel, Ananias, Misael e Azarias: 

"Rogo-te, faze uma experiência de dez dias com teus servos: que só nos sejam dados legumes a comer e água a beber.  Depois então compararás nossos semblantes com os dos jovens que se alimentam com as iguarias da mesa real e farás com teus servos segundo o que terás observado". 

O dispenseiro concordou com esta proposta e os submeteu a prova durante dez dias. No final deste prazo, averiguou-se que tinham melhor aparência e estavam mais gordos do que todos os jovens que comiam das iguarias da mesa real. 

O experimento é uma técnica bastante usada na ciência. No exemplo, temos um típico experimento, onde um grupo recebe um tratamento e outro mantém com a melhor alternativa considerada então disponível. Se o resultado for favorável ao grupo submetido ao experimento, a nova técnica deve ser adotada. Há algumas nuances que consideramos no dias atuais, como a randomização da amostra. Mas isto é um pequeno detalhe da história.

O texto foi citado no excelente livro Ciência Picareta, de Ben Goldacre, na página 55. Imagem: aqui

Empresas Chinesas na bolsa dos EUA: impasse ainda persiste


O presidente da Comissão de Valores Mobiliários, a SEC, Gary Gensler, afirmou na quarta-feira passada que ainda é necessário um acordo, entre os EUA e a China, para que as empresas chinesas, com ações na bolsa dos EUA, não sejam expulsas. O acordo envolve o acesso aos documentos de trabalho da firma de auditoria. A eventual expulsão envolve 200 empresas chinesas, incluindo o grupo Alibaba

Com 20 anos de idade, completados no domingo, a lei Sarbox criou uma série de quesitos para as empresas, inclusive o acesso do fiscalizador das auditorias, o então recém-criado PCAOB. Entretanto, a China sempre travou este acesso. Em 2020 o impasse ficou pior com uma lei que poderia forçar a saída da Nasdaq e da Bolsa de Nova York, em 2024, se o PCAOB não tivesse acesso aos documentos de trabalho.

O PCAOB já inspecionou 4.300 empresas de 58 países, com revisão de mais de 15 mil auditorias.

As muitas maneiras de avaliar o meio-ambiente

 


Existem mais de 50 maneiras de valorizar o meio ambiente, mas a maioria das pesquisas e políticas se concentra em apenas alguns métodos. Isso inclui contar espécies e avaliar o custo da substituição de um serviço prestado por natureza. No entanto, avaliar a natureza em termos puramente monetários também pode ser prejudicial às pessoas e ao meio ambiente (1), de acordo com a maior avaliação mundial da avaliação ambiental.

“A formulação de políticas desconsidera amplamente as múltiplas maneiras pelas quais a natureza é importante para as pessoas”, especialmente os indígenas e as comunidades de baixa renda, diz o relatório do Painel Intergovernamental de Políticas Científicas sobre Serviços de Biodiversidade e Ecossistemas (IPBES).

Por exemplo, em propostas de barragens hidrelétricas, as necessidades das comunidades afetadas são frequentemente vistas como secundárias (2) às dos consumidores urbanos - especialmente se as comunidades precisam ser deslocadas, resultando em pessoas perdendo meios de subsistência e sendo obrigadas a mudar seu modo de vida, o relatório encontra.

A falha mundial em avaliar adequadamente a biodiversidade causou um declínio a longo prazo em uma variedade de serviços que o meio ambiente fornece, disse Anne Larigauderie, ecologista que lidera o secretariado do IPBES em Bonn, Alemanha, no lançamento do relatório em 11 de julho. "A capacidade de polinizar as culturas ou regular a água está em declínio há 50 anos", disse ela.

Há fortes evidências de que avaliar a natureza com base nos preços de mercado está contribuindo para a atual crise da biodiversidade, disse Unai Pascual, economista do Centro Basco de Mudanças Climáticas em Leioa, Espanha, no lançamento em Bonn. "Muitos outros valores são ignorados em favor do lucro e do crescimento econômico a curto prazo", acrescentou Pascual, que co-presidiu a avaliação.

Um resumo para os formuladores de políticas foi aprovado por 139 governos em 8 de julho. Espera-se que o relatório completo de avaliação seja divulgado antes da Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre Diversidade Biológica, que ocorre em Montreal, Canadá, em dezembro. Espera-se que os delegados desta reunião cheguem a acordo sobre um novo conjunto de metas e indicadores para a conservação da biodiversidade.

Estudos da natureza

Oitenta e dois pesquisadores de todo o mundo, com áreas de especialização em ciências, ciências sociais e humanas, identificaram 79.000 estudos em avaliação ambiental e descobriram que seu número vem aumentando 10% ao ano há 4 décadas. Mas poucos desses estudos são adotados pelos formuladores de políticas. Os pesquisadores selecionaram 1.163 dos estudos para uma revisão aprofundada e descobriram que apenas 5% desses casos eram recomendações adotadas pelos tomadores de decisão.

Metade dos estudos selecionados para uma revisão aprofundada utilizou indicadores biofísicos, como número de espécies ou quantidade de biomassa florestal. Outros 26% usavam indicadores monetários, como quanto custaria se a polinização precisasse ser realizada por seres humanos ou os valores que os governos pagam aos agricultores para conservar a biodiversidade em terras agrícolas.

Apenas um quinto dos estudos valorizou a biodiversidade de acordo com critérios socioculturais. Aqueles que incluíram estudos sobre a importância para as pessoas de um local sagrado e pesquisas sobre o valor que alguém atribui ao local onde cresceram. Os valores socioculturais não têm necessariamente uma quantidade numérica ou preço. O valor dos locais sagrados não precisa ser transformado em dólares, ou euros, disse o co-autor do IPBES, Sander Jacobs, ecologista do Instituto de Pesquisa da Natureza e Florestas de Bruxelas, no lançamento do relatório.

Os autores do relatório descobriram que a maioria dos estudos não considera vários valores, mesmo quando as evidências mostram que isso leva a melhores resultados para o meio ambiente. A equipe descobriu que poucos cientistas consultam ou envolvem as pessoas que vivem e trabalham em regiões de alta biodiversidade. Apenas 2% dos estudos revisados em profundidade relataram ter feito isso. E apenas 1% envolveu pessoas em todas as etapas, desde a criação de um estudo até a publicação. "O envolvimento das partes interessadas é principalmente básico, incluindo as partes interessadas como provedores de dados e informações", diz o relatório.

“Precisamos construir coalizões de cientistas de diferentes disciplinas. Mas a ciência também precisa de aliados ”, diz Pascual. “Os cientistas precisam ser humildes e convidar aqueles que representam outras maneiras de conhecer. Essa coalizão poderia fornecer uma abordagem orientada a soluções para a biodiversidade e as crises climáticas."

Fonte: Nature

(1) grifo do blog. Parece importante e contradiz o senso comum que devemos mensurar para gerenciar.

(2) aqui parece que o problema não está no método, mas na forma como é empregado. O negrito a seguir é do blog

Twitter e Musk

 O gráfico da Statista conta a história recente do processo de aquisição do Twitter por parte de Elon Musk

Desde que o principal acionista da Tesla anunciou que pretendia comprar e fechar o capital do Twitter, as ações da Tesla e do Twitter sofreram variações com as notícias. Quando o bilionário fez uma pausa na aquisição, as ações caíram. Isto foi em maio. A aprovação do processo não fez recuperar o preço. 

Sobre este assunto, recomendo fortemente o artigo de Matt Levine que tem um subtítulo bem interessante: Musk perdeu o interesse em fingir comprar o Twitter. O texto é bem longo e Levine destrói os argumentos de Musk. 

Meta longe do valor máximo

 

Eis a evolução das ações da empresa Meta (ou Facebook). De um valor de 380 por ação, em 2021, a ação chegou a 160, o mesmo valor de 2020. Em termos de valor de mercado total, a empresa viu desaparecer 650 bilhões de valor em dez meses. 

Na sexta a empresa deixou de estar entre as dez maiores por valor de mercado dos Estados Unidos:

Há várias explicações para o comportamento do mercado: redução da receita, aumento das despesas, restrição de rastreamento nos iPhones da Apple (e efeito sobre receita) e processos legais. E parece que o consumidor está cansado da empresa. 

DRE de forma visual

Como a Apple tem lucro? Eis um gráfico

E o Google:

A Microsoft
Amazon

Desonestos, seleção e persistência da corrupção


A questão da desonestidade é cara no setor público. Diversos estudos mostraram que isto também pode estar vinculado a chance de ser funcionário público. Em países como a Dinamarca, ser funcionário público é destinado as pessoas honestas. Eis a ideia:

La noción de que se pueden generar círculos viciosos o virtuosos es consistente con evidencia empírica que muestra que hay una relación inversa entre el nivel de corrupción en el sector público de un país y la integridad de quienes se interesan por la función pública. En India, donde existe la percepción de que la corrupción es un fenómeno extendido, estudiantes universitarios más deshonestos muestran mayor interés en ser funcionarios públicos (Hanna y Wang, 2017). En Dinamarca, país caracterizado por la baja percepción de corrupción, son los individuos más íntegros los que manifiestan una mayor preferencia por un empleo en el sector público (Barfort, Harmon, Hjorth y Olsen, 2019).

La idea de que las rentas de la corrupción pueden atraer a la función pública a individuos más proclives a incurrir en actos corruptos no es nueva (Besley, 2005), pero la evidencia empírica escasea por la dificultad de hacer una estimación causal de esta relación. Esta estimación requiere i) tener una medida de integridad a nivel individual y ii) contar con una variación exógena en la disponibilidad de puestos de trabajo con y sin oportunidades de extracción de rentas.

A grande questão é que o processo seletivo dever levar em consideração a luta contra a corrupção. A melhoria da contratação passa por levar em consideração o passado de honestidade de uma pessoa:

Los resultados también son relevantes para las políticas de lucha contra la corrupción, pues sugieren que i) es importante tener en cuenta los posibles efectos sobre la selección a la hora de diseñar normas e incentivos en una organización (como se advierte aquí), y ii) la mejora de las prácticas de contratación del sector público (como las analizadas aquí y aquí) debería ser un foco central de la reforma en los lugares donde se percibe que la corrupción es frecuente.

Rir é o melhor remédio


 

Congresso de História em Portugal

Irá realizar-se em Coimbra (26 Novembro, 2022 - Sábado) em regime híbrido uma jornada de história da contabilidade organizada pela Associação Portuguesa de Técnicos de Contabilidade (APOTEC) e pelo ISCAC-Coimbra Business School. Este congresso ocorre no âmbito das comemorações do 45.º aniversário da APOTEC.

A submissão de trabalhos está aberta, conforme o seguinte documento: https://www.apotec.pt/fotos/editor2/45_anos/programa_pt.pdf 

 Miguel Gonçalves, ISCAC | Coimbra Business School.