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28 junho 2022

EY é multada em US$100 milhões por trapaça em exame de ética

A notícia do dia na contabilidade: a empresa de auditoria Ernst & Young – que gosta de ser chamada de EY – irá pagar cem milhões de dólares para encerrar as acusações da SEC sobre a trapaça cometida por seus auditores na obtenção do CPA.


Quando uma empresa resolve pagar uma multa para encerrar um processo, usualmente reconhece as acusações. No caso da EY, é a maior multa contra uma empresa de auditoria. Além da multa, a EY afirmou que irá adotar medidas para corrigir os problemas éticos.

A SEC descobriu que empregados da EY obtiveram ou distribuíram gabaritos para os exames do CPA, além de trapacear no quesito de educação profissional. O irônico é que a trapaça ocorreu no tema “ética”. A SEC chamou a atenção de que profissionais responsáveis por detectar fraudes de clientes trapacearam em exames de ética. Além disto, a própria EY parece ter dificultado as investigações da SEC. Em uma resposta à SEC, a EY não informou sobre uma denúncia interna da trapaça, mesmo após uma investigação interna da auditoria ter comprovado a trapaça e discutido o assunto com a gestão superior da empresa.

Esta não é a primeira empresa multada por questões éticas. Em 2019 a KPMG foi multada em 50 milhões pelo mesmo motivo de trapacear nos exames. Em comunicado, a EY disse que “nada [na empresa] é mais importante que nossa integridade e nossa ética."

Leia mais aqui e aqui

Souvenir

O artigo a seguir faz um apanhado da literatura sobre souvenir:


With the great economic significance of the souvenir business, academic interest in the souvenir field is increasing. The purposes of this study are to examine the holistic development of souvenirs research from 1981 to 2020, identify research themes and gaps, and suggest future research directions. With the tool of VOSViewer software, bibliometric analysis and systematic quantitative literature review were conducted. The research identifies five existing themes: (1) the souvenir object itself; (2) economic significance and socio-cultural impact; (3) souvenir business and ecology; (4) souvenir shopping behavior; and (5) souvenir shopping satisfaction and its consequences. This thematic map contributes to understanding the essence of souvenirs and their relationship with other tourism system elements; it reveals the possibility of exploring tourism phenomena and addressing the challenges through the souvenir field perspective. It has practical implications for the stakeholders to address issues and struggles for development in the context of the COVID-19 pandemic.

Minha primeira reação ao ler foi: e tem literatura sobre souvenir? Os autores compilaram mais de 200 artigos sobre o assunto. Os valores mostram que são produtos com mercado e que fazem parte do turismo de um determinado local. 

São ativos? Para quem está vendendo, parece que se enquadram na melhor definição, pois irá gerar riqueza para os comerciantes. Quem compra, talvez o valor seja mais emocional do que de uso ou troca. Pode ser um ativo, dependendo do caso. 

Foto: Marina Lisova

27 junho 2022

Números romanos


Os historiadores costumam destacar que a adoção dos números hindus-arábicos nas cidades italianas foi uma das razões para o surgimento das partidas dobradas. 

Neste ponto, destaque para o papa Silvestre II, que apoiou Fibonacci quando da adoção dos números na Itália. Isto ocorreu no início do milênio. Trezentos anos depois as partidas dobradas aparece nos registros contábeis comerciais na Itália. Bem antes de Pacioli, que não inventou o método. Bem antes de ser ensinado em Portugal (após 1750) ou ser adotado na administração pública brasileira (início do século XX). 

Cartoon: aqui

Rir é o melhor remédio

 

grupos que publicam fotografias com estátuas. Várias bem divertidas. Acima, Robin Williams e sua comunicação com uma estátua. 

24 junho 2022

SEC deve tratar do clima?

A entidade que regula o mercado de capitais dos Estados Unidos, a SEC, está diante de um impasse: deve ou não regular sobre o clima? Um grupo de ex-funcionários da SEC, que inclui Harvey Pitt (nomeado por Bush) e Mary Schapiro (por Obama), além de diversos especialistas, defendem que a agência não pode ignorar a questão. E usa a própria história da SEC para basear o ponto de vista. 

A proposta do grupo tem resistência, inclusive de ex-funcionários da SEC também. O Deal Book, do New York Times, lembra que a Suprema Corte está diante de um caso parecido, envolvendo a Environmental Protection Agency (EPA) e seu poder em regular a emissão de carbono. Caso a EPA não seja considerada apta para tratar do assunto, a decisão da Suprema Corte pode afetar o desejo que a SEC seja instrumento para atuar sobre o clima. 

Influência dos influenciadores

 




Congresso da UnB

 

Estão abertas as submissões para o 8º Congresso de Contabilidade e Governança e 5º Congresso de Iniciação Científica do CCGUnBIC da Universidade de Brasília - UnB.

O Congresso UnB de Contabilidade e Governança – CCGUnB tem por objetivo possibilitar a análise crítica, a produção científica e o debate de temas relacionados à contabilidade e governança junto à comunidade acadêmica, aos profissionais e à sociedade, considerando aspectos teóricos, metodológicos e empíricos. A oitava edição do CCGUnB será realizada nos dias 16, 17 e 18 de novembro de 2022, em formato presencial.

Segue calendário com as datas importantes para o Congresso:

Data de realização do Congresso: 16/11/2022 a 18/11/2022

Submissões e Divulgações

Submissão de Artigos: 20/05/2022 a 12/08/2022.

Submissão Consórcio Doutoral: 20/06/2022 a 23/09/2022.

Divulgação dos Artigos Selecionados: 30/09/2022.

Divulgação dos Pareceres de Avaliação: 24/10/2022.

Divulgação da Programação do Evento: 31/10/2022

Inscrições:

Inscrição dos Autores: 30/09/2022 a 21/10/2022

Inscrição dos Participantes: 30/09/2022 a 31/10/2022

Para mais informações consulte: http://www.ccg.unb.br/

23 junho 2022

Goodwill e Einstein

The idea of applying quantum physics concepts or methods to economic and/or social phenomena is not new. Quantum mechanics is increasingly entering the social world as a means of helping to explain social phenomena. This article extends this approach to the accounting field, to explore the economic nature of goodwill. After reviewing Barad’s concept of agential realism, we develop a quantum interpretation and present a new conceptual approach to accounting goodwill. In this theory-building exercise we discuss quantum concepts such as entanglement, diffraction and intra-action to propose a physical and economic inseparability between goodwill and other company assets. We maintain that intangible capital (goodwill) and physical capital are “entangled”, and this entanglement forms the company’s economic value. Unlike Einstein, we conclude that the entanglement of physical capital and intangible capital through intra-action is not “spooky action at a distance” but a form of wealth creation (or wealth destruction) in companies.

(Kleber Vasconcelos e Paulo Lustosa. Accounting Forum)

700 anos de taxas de juros


 

22 junho 2022

Doing Business

A partir do trabalho de três economistas da instituições, o Banco Mundial criou, no início dos anos 2000, o índice Doing Business. A ideia era medir a facilidade ou não de "fazer negócios" em diferentes países do mundo. Os índices mais elevados significava que haveria, naquele país, melhores regulamentos, mais simples, para proteger as empresas e seus direitos. O relatório tornou-se cada vez mais relevante, até ser descontinuado pela instituição em setembro de 2021, diante de supostas irregularidades dos dados divulgados.

O índice tornou-se uma referência em diversos estudos. A comparabilidade entre as diferentes economias era bastante simples e poderosa. Apesar da crítica do índice ser parcial - não levava em consideração muitos aspectos de "fazer negócios" como a qualidade da infraestrutura, a informação era analisada e usada amplamente. Afinal era possível ver, no índice, os procedimentos para abrir um novo negócio, o tempo e custo para obter uma conexão de eletricidade ou registrar um imóvel, a proteção para os investidores, o tempo gasto com preparação de informações fiscais, a burocracia para exportar e importar, o processo de falência, entre outras informações.

Veja que muitas das informações do índice são de conhecimento do contador despachante. E que o índice era bastante favorável a redução das regulamentações governamentais, o que não trazia simpatia de alguns políticos e governantes.


Assim, para abrir um negócio no Canadá eram necessários cinco dias e um procedimento burocrático somente. No Chade, eram nove procedimentos e tomava 62 dias em média para ser concluído.

Apesar de não medir todos os aspectos do ambiente de negócios, não considerar o sistema financeiro, não contemplar todos os regulamentos e não ser uma avaliação da competitividade, a proxy da estrutura regulatória do país era bem razoável. Mais importante, provocou a mudança nas leis de vários países, para "melhorar" sua posição no ranking. Mesmo a pesquisa acadêmica foi influenciada pelo índice: estima-se que mais de três mil trabalhos usaram o índice.

Em 2018 surge o primeiro escândalo envolvendo o índice. O Banco Mundial anunciou rever o cálculo dos anos anteriores e corrigir alguns dos números. O Chile tinha sido prejudicado, uma vez que o governo de esquerda, de Michelle Bachelet, não era bem quisto na instituição. Mais recentemente surge a notícia da suposta manipulação dos dados da China, Azerbaijão, Emirados Árabes e Arábia Saudita, entre outros. O relatório de 2020 tinha sido comprometido na sua qualidade.

Além disto, existia uma disputa interna na instituição, o desinteresse dos democratas dos Estados Unidos que não gostam do tom contrário a regulamentação e o fato do relatório não agradar a alguns governos.

A perda do índice é lamentável. Sua influência foi bastante positiva em revelar regulamentos que interessavam a funcionários corruptos e políticos ignorantes que fazem leis inócuas. Talvez surjam alternativas ao índice, mas levará tempo para adquirir a qualidade do estudo do Banco Mundial. As alegações de interferências não são uma boa razão para não calcular o índice. 

Rir é o melhor remédio



 

Excesso de Confiança

  • Quantos países fazem parte da Fifa? Chute um número aproximado.

  • Eu apostaria entre 100 a 120 países

  • Certeza?

  • Vai por mim. 


O excesso de confiança é uma das características do ser humano. Um teste comum realizado em pesquisas é fazer perguntas como “quantos países fazem parte da Fifa?” ou “qual a população da Islândia?” ou “quantas cachoeiras existem em Foz do Iguaçu?”. São perguntas genéricas; geralmente quando aplicamos, solicitamos que indique um intervalo onde você tem 90% de certeza que sua resposta estará correta. Um questionário com dez questões, espera-se que o respondente acerte nove respostas. 

***

Veja o exemplo do número de países que fazem parte da Fifa. Para ter 90% de certeza que minha resposta é a correta, se eu não conheço o assunto, minha alternativa é informar um intervalo bastante amplo. Talvez entre 10 a 300 países. Parece uma resposta exagerada, mas o objetivo é ter a certeza de 90%. 


Dar um palpite mais conservador significa menos confiança no seu palpite. No caso acima, o número correto é 211. Bem acima do palpite entre 100 a 120 países. Tenho aplicado este teste em diversas turmas minhas. De uma maneira geral, das dez questões, os alunos acertam em torno de 3 a 4 questões. Isto significa que o número esperado, de nove questões certas, não foi alcançado. Mais ainda, os alunos que acertaram os nove intervalos, foram a exceção. 


A melhor forma de acertar o teste é necessário aumentar o intervalo. Se a pergunta é “Qual a população da Islândia?” e não tenho nenhum conhecimento sobre o que é Islândia o meu intervalo deve ser enorme. Talvez entre mil e cem milhões. Se sei que a Islândia é um país da Europa, que já jogou a copa do mundo, talvez possa restringir o intervalo entre cem mil e dez milhões. Sabendo que é um país perto do polo norte, o meu chute pode ser entre dez mil e cinco milhões. 


As pessoas tendem a ser confiantes nos seus palpites. Esta é a regra geral. Uma pergunta que demonstra o excesso de confiança é questionar, a um grande grupo, quem dirige melhor do que a média dos motoristas. O resultado do questionamento é que mais de 60% das pessoas afirmam que sim. Um economista sueco, Ola Svenson, fez uma pesquisa na Suécia e obteve 69% das pessoas dizendo sim. 


Outras pesquisas similares já foram feitas neste sentido. Algumas delas:

  • Foi perguntado a um casal, qual a contribuição individual de cada um para a união e felicidade do par. A soma da percentagem chega a mais de 100%; 

  • Para cada jogador de uma equipe de basquete foi questionada a sua contribuição para o resultado do time. A soma das percentagens também foi superior também a 100%;

  • Para um grande grupo de estudantes em diversos países do mundo: Qual a contribuição - de 0 a 100% - que o seu país deu para a história? O resultado dos Estados Unidos foi de 30%. Os russos responderam 60%; os canadenses 40%; malaicos responderam 49% e os portugueses 38%. A soma das respostas em 35 países foi de 1.156%, média de 33%. 


As pessoas tendem a atribuir o sucesso a seus próprios talentos e habilidades. Muito mais do que seria razoável. Mas quando existe um evento adverso, geralmente é o “azar” ou a “sabotagem”. Em finanças, os analistas de investimento costumam atribuir maior peso ao sucesso e esquecer as recomendações ruins. 

***

O que explica a superconfiança? Há algumas respostas potenciais, como gênero - os homens são mais confiantes que as mulheres - a idade e a educação. Há uma certa controvérsia sobre a idade, mas as pesquisas mostram que geralmente as pessoas que são “especialistas” tendem a ser mais confiantes que os leigos. Os especialistas sabem mais que os leigos e isto se transforma em mais confiança. As características pessoais, bem como a vida passada de cada indivíduo também pode ajudar a entender o excesso de confiança. 


O teste da calibração foi aplicado a diferentes profissões e pessoas e os resultados mostraram que uma profissão em especial se destacou pelo elevado grau de acerto. Em outras palavras, essa profissão conseguiu indicar, com 90% de certeza, um intervalo correto para a respota do teste. Trata-se do meteorologista. Não foi o médico, ou advogado, ou analista de investimento ou contador. O grau de acerto destes últimos estava bem longe do pretendido. Somente o meteorologia cravou intervalos condizentes com o solicitado pelo teste.  


Mas o que faz com que o profissional que lida com o tempo tenha tido um resultado melhor que os demais? No exercício da sua profissão, o meteorologista lida com julgamentos que são repetitivos, que possuem um feedback constante, rápido e sem ambiguidades. “Para o dia de amanhã, a previsão do tempo é de chuva, com 70% de chance”. Este é um exemplo de previsão realizada pelo meteorologista. No dia seguinte basta verificar se chuveu ou não; em 70% dos dias com esta previsão, deve ter tido chuva. Caso contrário, o modelo usado pelo profissional não é adequado e precisa ser melhorado. Imagine agora que isto seja feito diariamente e em uma grande quantidade de locais. Com o passar do tempo e com os ajustes no modelo, o meteorologista começa a entender o que significa 70% de chance. A presença de um feedback constante, rápido e sem ambiguidades é muito importante para melhorar a previsão do tempo. Isto ajuda o profissional a entender melhor. Ser confiante na previsão do tempo não é bom, pois reduz a qualidade do trabalho realizado. 


Agora imagine o médico. Os profissionais da área de saúde gostam de alardear que são mais inteligentes que os outros mortais. Mas quando o médico examina um paciente, mesmo com a ajuda de exames sofisticados, em muitas situações não possui o feedback constante, rápido e sem ambiguidades. Fazendo a previsão de que o paciente deverá ter uma determinada doença, a confirmação do seu palpite poderá acontecer muito tempo depois. E talvez este médico nem tenha acesso a tal confirmação. 


Tome o analista de investimento que recomenda que seu cliente invista seus recursos em uma determinada empresa no mercado de capitais. Este analista dificilmente saberá se o cliente fez a sua recomendação, qual a quantidade de recursos investida e o tempo. O feedback pode ser demorado ou pode não existir. É bem complicado, pois se a ação da empresa subiu, mas caiu em duas semanas, podemos dizer se ele acertou ou errou? Mais ainda, o analista geralmente não pensa em termos de probabilidade - do tipo: “existe 75% de chance da ação subir”. A ausência do feedback constante, rápido e sem ambiguidade faz com que o analista faça algo bastante humano: valorize os seus acertos e atribua seus erros aos fatores externos. 


Geralmente quando pensamos em termos de finanças, não somos tão precisos quanto o meteorologista. Para termos um feeback sem ambiguidade é necessário determinar de forma precisa o que queremos. Ao fazer investimento, ter um retorno de 10% ao final de um ano. Com isto é possível verificar se a decisão foi adequada, sem uma confiança excessiva. 


Quando recebemos uma dica de investimento, é necessário lembrar que a pessoa pode ser excessivamente confiante na sua crença. Ser crítico neste momento pode ajudar a reduzir prejuízos futuros nas decisões. Da mesma forma, quando tomarmos uma decisão financeira importante, ter uma pessoa do lado que seja pessimista, que lembre o lado negativo, também pode ajudar a evitar futuros prejuízos. Entretanto, a realidade mostra que pessoas excessivamente confiantes tendem a afastar os “pessimistas” do seu ciclo de amizades. (Algumas pesquisas já mostraram que os confiantes tendem a ter um futuro melhor dentro da estrutura de uma organização)


É importante destacar que o excesso de confiança pode ter seu aspecto positivo também. Muitos desafios que resolvemos enfrentar são encorajados pelo mesmo comportamento. Os empreendedores, que podem ajudar a sociedade investimento em projetos que poucos acreditam, possuem esta característica. Isto pode ser positivo, pois alguns investimentos estão à espera das pessoas confiantes para arriscarem seus recursos. 


Para Ler sobre o Assunto: A literatura está refleta de análise do excesso de confiança. Mas o livro de Tali Sharot, O viés Otimista, publicado no Brasil pela Rocco, é uma boa referência inicial. Sobre a calibração, O sinal e o Ruído, de Nate Silver, da Intríseca, é um bom livro. 


Foto: Towfiqu barbhuiya

Melhores Universidades da América Latina

 




21 junho 2022

Evitando notícias

 

Em 2017, perto de um quarto dos brasileiros evitavam as notícias. Cinco anos depois, com a pandemia e a guerra da Ucrânia, 54% dos brasileiros são avessos a saber as notícias. Os dados são da Reuters, via aqui. As principais razões: melancolia e desgraça, com muita notícia sobre o Covid (43% dos respondentes), efeito sobre o humor (36%), o desgaste com a grande quantidade de notícias (29%) ou com a confiabilidade das mesmas. 

Alerta perigoso

 Intervenções comportamentais envolvem sugerir gentilmente que as pessoas reconsiderem ou mudem comportamentos indesejáveis específicos. Eles são de baixo custo, fáceis de implementar e ferramenta cada vez mais comum usado pelos formuladores de políticas para incentivar comportamentos socialmente desejáveis.

Exemplos de intervenções comportamentais incluem contar às pessoas como o seu uso de eletricidade se compara aos vizinhos ou enviando mensagens de texto lembrando as pessoas a pagarem multas.

Muitas dessas intervenções são expressamente projetadas para “aproveite a atenção das pessoas”No momento em que eles podem tomar a ação desejada. Infelizmente, atrair a atenção das pessoas pode excluir outras considerações mais importantes e até sair pela culatra com conseqüências individuais e sociais caras. Uma dessas intervenções comportamentais nos pareceu estranha: vários estados dos EUA exibem estatísticas de fatalidade no ano (número de mortes) nos sinais dinâmicos de mensagens nas estradas (DMSs). A esperança é que estes mensagens preocupantes reduzirão as falhas de tráfego, uma das principais causas de morte de crianças de cinco a 29 anos em todo o mundo. Talvez por causa de seu baixo custo e facilidade de implementação, pelo menos 28 estados dos EUA exibiram estatísticas de fatalidade pelo menos uma vez desde 2012. Estimamos que aproximadamente 90 milhões de motoristas foram expostos a essas mensagens.

Como pesquisadores acadêmicos com formação em divulgação de informações e política de transporte, nos unimos para investigar e quantificar os efeitos dessas mensagens. O que encontramos nos assustou.

Ao contrário das expectativas dos formuladores de políticas (e nossas), descobrimos que exibir mensagens de fatalidade aumenta o número de acidentes.

Estudamos o uso dessas mensagens de fatalidade no Texas. O estado fornece um laboratório útil para estudar essas mensagens, pois possui 880 DMSs, 17 milhões de motoristas e, infelizmente, 3.000 mortes relacionadas à estrada por ano. O aspecto mais vantajoso dessa amostra, no entanto, é que, de agosto de 2012 até o final de nossa amostra, em 2017, o Departamento de Transportes do Texas mostrou essas mensagens de fatalidade apenas por uma semana por mês - uma semana antes da reunião mensal da Comissão de Transportes do Texas.

Esse recurso institucional nos permitiu comparar, por exemplo, o número de acidentes que ocorrem em torno de uma DMS durante a semana em que mensagens de fatalidade estão sendo mostradas, em relação a colisões no mesmo segmento da estrada durante as outras três semanas do mesmo mês. Além disso, fomos capazes de controlar a hora do dia, dia da semana, condições climáticas e feriados. Nós descobrimos isso houve dois a três por cento mais acidentes dentro de um a 10 quilômetros de cada DMS durante a semana em que foram mostradas mensagens de fatalidade. Isso sugere que essa intervenção comportamental específica saiu pela culatra no Texas.

(...)

Com base em nossas descobertas, hipotetizamos que essas mensagens de fatalidade causam mais falhas porque deixam os motoristas ansiosos e os distraem. Nossa pesquisa encontrou várias evidências que apoiavam essa hipótese.

Primeiro, descobrimos que quanto maior o número exibido de mortes (uma mensagem plausivelmente mais chocante e perturbadora), maior o aumento de acidentes. Contagens mais altas de fatalidade estão associadas a significativamente mais falhas, enquanto contagens mais baixas de fatalidade estão associadas a menos acidentes.

Mensagens relacionadas e fatais causam o maior aumento de acidentes em janeiro, quando a exibição mostra o total do ano anterior no Texas. Por outro lado, há um número marginalmente menor de acidentes em fevereiro, quando a contagem de fatalidades é redefinida e é a mais baixa.

Segundo, o aumento de acidentes está concentrado em segmentos rodoviários mais complexos, onde o foco na estrada é provavelmente mais importante e o custo de uma distração mais grave. (...)

Nossa pesquisa mostra que exibir mensagens de fatalidade não resulta em direção mais segura e menos acidentes. Além do argumento mais óbvio de que exibir mensagens de fatalidade pode ser contraproducente, nossas descobertas destacam duas questões mais amplas.

Primeiro, embora as intervenções comportamentais devam chamar a atenção, isso pode ser levado longe demais e ter consequências caras. Segundo, é vital avaliar políticas e seus resultados ao longo do tempo, pois mesmo boas intenções podem não necessariamente levar aos resultados desejados.

Fonte: aqui

Melhores Universidades do Mundo

 










20 junho 2022

"Divulgação do impacto climático é senso comum"

 Passo a maioria dos dias defendendo ações que possam ser consideradas radicais. Mas hoje estou defendendo o bom senso. Em março, a Comissão de Valores Mobiliários dos EUA propôs uma nova regra que exigiria que empresas de capital aberto divulgassem seus riscos relacionados ao clima e emissões de gases de efeito estufa (GEE). Agora que o período para comentários públicos terminou, a SEC deve adotar a nova regra de divulgação na íntegra.

Conforme escrito, a regra proposta exigiria que as empresas divulgassem dados de emissões de GEE para suas próprias operações, bem como para os produtos que compram e vendem. Seria aplicável a todas as empresas negociadas publicamente nos Estados Unidos e, portanto, a US $ 82 trilhões valor da negociação que a SEC supervisiona a cada ano.

A regra pode parecer abrangente, mas é realmente apenas sobre informação. As empresas devem compartilhar com os investidores como as mudanças climáticas podem afetar seus retornos. As informações são o pão com manteiga dos reguladores financeiros, CEOs, investidores e mercados em geral. Cada negociação está conectada a um investidor que toma decisões com base nas melhores informações disponíveis. Não há nada radical em querer mais.

A ação da SEC chega na hora certa. As empresas tinham uma parcela rígida do US $ 145 bilhões em custos relacionados ao clima e ao clima incorridos nos EUA em 2021. Os riscos climáticos já são substanciais e pode-se esperar que cresçam. É por isso que um comitê bipartidário e pesado em negócios (que incluía o World Resources Institute) recomendou as novas regras de divulgação em um relatório de 2020 à Commodity Futures Trading Commission.

Como as mudanças climáticas afetam os negócios é exatamente o tipo de informação que os CEOs precisam para gerenciar riscos e aproveitar novas oportunidades. Investidores e governos em todo o mundo estão cada vez mais pressionando por maior transparência da informação. A Força-Tarefa apoiada pelo G20 sobre Divulgações Financeiras Relacionadas ao Clima (TCFD) emitiu suas recomendações em 2017, conquistando o apoio de mais de 3.000 empresas e 92 países ao redor do mundo desde então.

Além disso, do Conselho Internacional de Padrões de Sustentabilidade espera-se novas regras relacionadas ao clima até o final do ano. A China é teste uma política de divulgação obrigatória. E a União Européia está elaborando sua Taxonomia de Finanças Sustentáveis, que vai além da divulgação de riscos climáticos, categorizando a atividade econômica de acordo com critérios claros de sustentabilidade. Todas essas iniciativas exigirão relatórios corporativos de emissões de GEE.

Para muitos líderes empresariais, não há nada de novo aqui. Empresas líderes como Apple, Best Buy, Coca-Cola, Cargill, Ford, Gap, Hilton e Starbucks já estão divulgando riscos relacionados ao clima, incluindo aqueles associados às suas cadeias de suprimentos. Longe da margem, essas empresas representam a América dominante. Até os gigantes do petróleo e gás Shell, TotalEnergies e Equinor ter um longo histórico de relatórios sobre emissões em suas cadeias de valor.

Os CEOs experientes já estão usando divulgações de risco relacionadas ao clima para identificar e buscar novas oportunidades de negócios. Como Presidente e CEO da General Electric, Lawrence Culp colocou em 2020, “Estamos particularmente conscientes dos desafios de engenharia ainda a serem resolvidos para tornar realidade a ambição de zero líquido. ... No entanto, acreditamos que esses desafios também são oportunidades estratégicas importantes para a GE. ” Os CEOs e investidores entendem cada vez mais que a economia do século XXI terá que ser verde, eficiente e resiliente. O fluxo de capital em investimentos com rótulo sustentável subiu para um recorde de US $ 649 bilhões em 2021.

Mas a disponibilidade e a qualidade dos dados permanecem muito desiguais. As empresas seguem abordagens extremamente divergentes para divulgar seus riscos climáticos. Alguns contam suas emissões de uma maneira, outros de outra maneira. Alguns não relatam as emissões do "escopo 3" associadas ao uso de seus produtos (um problema que a regra da SEC corrigiria). E alguns são completamente opacos, sem relatar ou gerenciar suas emissões. Como resultado, muitas empresas - e seus investidores - desconhecem os riscos e oportunidades climáticos que enfrentam. Em vez de clareza, temos confusão.

Se as empresas fossem obrigadas a aderir a um conjunto uniforme de divulgações, os investidores seriam muito mais capazes de discernir para onde o dinheiro deveria fluir. Depois que os investidores puderem ver as divulgações todos empresas, eles podem tomar melhores decisões para seus clientes, e as empresas estarão em condições equitativas, permitindo uma concorrência virtuosa.

A mudança global em direção à divulgação obrigatória está bem encaminhada. Ao agir agora, a SEC pode fornecer uma base muito mais forte para os mercados se manterem, e os EUA podem permanecer um tomador de regras global, em vez de se tornarem um tomador de regras. Todos os atores financeiros - empresas, investidores, governos e cidadãos com 401Ks - devem enfrentar os riscos das mudanças climáticas, algumas das quais já se materializaram. Exigir que as empresas divulguem esses riscos não é radical; é prudente. 

 Fonte: aqui

Melhores Universidades do Brasil

 


17 junho 2022

Fraudes Contábeis do Batman


André Charone Lopes produz um artigo onde comenta as fraudes contábeis do Batman (via blog do Alexandre Alcântara). A ideia é que o Batman tem seu diferencial como herói no seu treinamento e inteligência, além dos "equipamentos". O ponto do argumento é que Batman só consegue comprar estes equipamentos usando dinheiro da empresa Wayne Enterprises, um ativo de baixa liquidez.

Eis um trecho do texto:

É claro que suas ações garantem a Bruce Wayne dividendos e outras remunerações gordas o suficiente para viver de forma muito confortável. Entretanto, as suas atividades como vigilante mascarado consomem muito, muito dinheiro.

Os custos anuais para manter a Batcaverna, o Batmóvel, a Batwing e outras centenas de “batbugigangas” funcionando ultrapassariam em muito o que Bruce teria direito como acionista.

Nas Histórias em Quadrinhos, para solucionar esse problema, Bruce passou então a utilizar dinheiro da própria Wayne Enterprises para financiar as suas atividades como Batman, utilizando empresas de fachada para emitir notas frias e justificar a saída de recursos da companhia.

Em poucas palavras, o maior super-herói de todos os tempos montou uma rede gigante de fraude contábil para desviar dinheiro da sua própria empresa.

O público em geral pode até pensar que essa manobra contabilística não seria nada demais, afinal de contas, Bruce Wayne é sócio majoritário da Wayne Enterprises, então, supostamente, ele estaria “roubando” dele mesmo.

Porém é importante lembrar que, segundo o próprio Postulado Contábil da Entidade, o patrimônio da Pessoa Jurídica não se confunde com os patrimônios pessoais dos seus sócios.

Confesso que não li Batman, exceto a versão de Frank Miller, que remodelou o herói. Então não posso argumentar se realmente Batman emitiu notas frias para justificar a saída de recursos da empresa, como está no texto. Na versão de Frank Miller, pelo que eu estou lembrado, isto não aparece. Assim como não é dito se a Wayne é uma empresa de capital aberto ou não - aparentemente não, pois isto não é comentado. 

Para resolver a questão, recorri a Wikipedia, que possui um verbete sobre a Wayne Entreprises. Vou fazer um breve resumo do que eu encontrei no verbete a seguir. 

A Wayne foi fundada pelos ancestrais da família Wayne no século XVII como uma empresa comercial. A empresa tornou-se uma corporação no século XIX, com atuação diversificada e multinacional. Eis um trecho que julgo destacar: 

After Bruce Wayne returned from the past after a final battle with Darkseid, he revealed that he had been publicly funding Batman for years and founded Batman Inc to publicly fund Batman's allies throughout the world.  

Veja que existe mais de um período na vida do financiamento do Batman. Continua o texto: 

Following the end of the Joker War, Wayne Enterprises officially shut down Batman Inc. as a result of Bruce Wayne's choice to publicly fund Batman. Lucius Fox officially regained control of the Wayne fortune but warned Bruce that even if he did return his wealth to him, he would no longer be able to use the companies to fund his crusade as Batman as the board of directors would be monitoring the money. The board also set about attempting to remove Bruce Wayne from active participation within the company and simply pay him a large amount to fund his playboy lifestyle. Lucius Fox is attempting to fight the situation on Wayne's behalf and return his fortune to him with no legal results.

O Lucius Fox, da citação acima, é o gestor principal, na ausência de Bruce Wayne, da empresa. A presença do conselho de administração, monitorando a empresa, é um sinal de que o mesmo possui uma participação. O desejo do conselho de remover Bruce Wayne também mostra que há acionistas minoritários na empresa. 

O grande problema dos heróis é que os detalhes mudam muito com o tempo. Batman foi criado há décadas e o pano de fundo da história mudou com o passar do tempo. É possível perceber as incoerências no próprio verbete da Wikipedia. Os problemas são percebidos pelos fãs do personagem, mas não são relevantes para o leitor eventual. 

O texto sobre as fraudes contábeis chama a atenção para a questão da entidade. Retirar dinheiro da Wayne para fazer as despesas necessárias para combater o crime vai contra o princípio da entidade. Talvez seja incompreensível para Bruce Wayne o conceito, mas não para Lucius. Ou talvez Bruce Wayne saiba que alguns crimes precisam ser cometidos para combater um mal maior. Realmente não sei.

De qualquer forma, o texto é um exemplo didático para a questão da entidade. 

Foto: Jon Tyson

Rir é o melhor remédio

 

Tecnologia ultrapassada