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03 maio 2022

Criptomoedas segundo o EFRAG


O IASPlus lembra o documento do EFRAG sobre criptomoedas:

In July 2020, the European Financial Reporting Advisory Group (EFRAG) published a discussion paper (DP) 'Accounting for Crypto-Assets (Liabilities): Holder and Issuer Perspective'. The DP provided possible approaches to address the gaps in crypto-assets (liabilities) requirements. EFRAG has now reviewed the feedback received and derives recommendations for the IASB.

Based on the feedback received, EFRAG recommends clarifying or amending existing standards using a two-step approach. As a first step, EFRAG recommends addressing the accounting requirements for holders of crypto-assets by amending IAS 38 Intangible Assets to allow measuring crypto-assets or other intangibles within the scope of the standard at fair value through profit and loss and to develop disclosure requirements for issuers. As a second step EFRAG considers that it is important to also address issuer accounting in more detail and determine the appropriate accounting requirements for issuers, given the challenges that arise from the ambiguity on the nature of rights and obligations associated with the issuance of the novel and fast-moving crypto transactions.

O documento, de 41 páginas, pode ser encontrado aqui

02 maio 2022

A nova Governança Corporativa

 Resumo:

In the last few years, there has been a dramatic increase in shareholder engagement on environmental and social issues. In some cases shareholders are pushing companies to take actions that may reduce market value. It is hard to understand this behavior using the dominant corporate governance paradigm based on shareholder value maximization. We explain how jurisprudence has sustained this criterion in spite of its economic weaknesses. To overcome these weaknesses we propose the criterion of shareholder welfare maximization and argue that it can better explain observed behavior. Finally, we outline how shareholder welfare maximization can be implemented in practice. 


The New Corporate Governance . Oliver D. Hart and Luigi ZingalesApril 2022 




Rir é o melhor remédio

 


01 maio 2022

Volta ao trabalho


Qual a razão de estar sendo tão difícil de voltar ao trabalho? Antes da pandemia, eu ficava na minha sala na universidade o dia inteiro. Gostava dos meus poucos metros, onde podia trabalhar, tomar café e ler. 

No início de junho terei que voltar as minhas atividades na universidade. Em dois anos, estive uma vez na minha sala, há duas semanas. Confesso que não senti muita saudade. Uma pesquisa de 2010 ajuda a entender a razão da dificuldade que temos em voltar para nosso espaço no local de trabalho. Tim Harford resumiu esta pesquisa no seu blog:

Em 2010, os psicólogos Alex Haslam e Craig Knight montaram um experimento no qual os participantes foram solicitados a executar tarefas administrativas simples em vários espaços de escritórios. Eles testaram quatro layouts de escritório diferentes. Um foi despojado: mesa nua, cadeira giratória, lápis, papel, nada mais. O segundo layout foi suavizado com plantas de vaso e imagens florais quase abstratas. Os trabalhadores desfrutaram desse layout mais do que o minimalista e fizeram um trabalho melhor lá.

O terceiro e o quarto layouts foram superficialmente semelhantes, mas produziram resultados dramaticamente diferentes. Em cada um, os trabalhadores foram convidados a usar as mesmas plantas e imagens para decorar o espaço, antes de começarem a trabalhar, se assim o desejarem. Mas em um deles, o pesquisador entrou depois que o sujeito terminou de decorar e depois reorganizou algo. A diferença física foi trivial, mas o impacto na produtividade e na satisfação no trabalho foi dramático. Quando os trabalhadores tiveram o poder de moldar seu próprio espaço, eles fizeram mais e melhor trabalho e sentiram muito mais conteúdo. Quando os trabalhadores foram deliberadamente destituídos, seu trabalho sofreu e, é claro, eles o odiavam. "Eu queria bater em você", admitiu um participante mais tarde.

Não era o ambiente em si que era estressante ou perturbador - era a falta de controle.

Em nossa casa temos uma percepção de controle maior. O espaço que trabalho é quase do mesmo tamanho da minha sala na universidade. Mas posso trazer uma cadeira de outro local, ir ao banheiro sem topar com um desconhecido ou ter que escutar o discurso que sai de um carro.

Foto: Nick Morrison

Emissão de carbono e IFAC

 O IFAC - entidade que congrega os profissionais contábeis mundiais - publicou o relatório da pegada de carbono. 

Para 2021, o Ifac, em parceria com a ClimatePartner mediram a Corporate Carbon Footprint (CCF) da empresa. A medida foi baseada no Greenhouse Gas Protocol Corporate Accounting and Reporting Standard (GHG Protocol).

O principal resultado encontra-se a seguir

30 abril 2022

Morte da economia comportamental?

 


Jason Hreha escreveu um artigo com o chamativo título de “The death of behavioral economics” (A morte da economia comportamental) O principal ponto considerado por Hreha é o fato de que a aversão a perda está sendo “questionado” por pesquisas mais recentes.

Parte do debate conduzido por Hreha está no método empregado pelos criadores/divulgadores do conceito. Hreha questiona fortemente as referências usadas por Kahneman e Tversky, assim como a forma como fizeram a pesquisa. Há uma boa resposta a estas acusações no Astral Codex e minha sugestão é a leitura https://astralcodexten.substack.com/p/on-hreha-on-behavioral-economics dos argumentos apresentados no longo texto existente lá. Como Hreha cita uma pesquisa de Gal e Rucker recente, Scott Alexander, do Astral, rebate com alguns bons argumentos. A pesquisa de Gal e Rucker parece indicar que a aversão a perda seria consequência de outros viéses, especialmente o efeito propriedade (ou efeito dotação) e o status quo. Mas os pesquisadores não dizem que a aversão não existe, mas somente que talvez não seja a principal explicação para o que ocorre na prática.

Você não pode usar este artigo (Gal e Rucker) para argumentar que “a economia comportamental está morta”. Na melhor das hipóteses, o artigo prova que a aversão à perda é melhor explicada por outros conceitos econômicos comportamentais. Mas você não pode se livrar completamente da economia comportamental.

Mesmo as críticas que indicam que os experimentos foram realizados com estudantes de graduação, foram rebatidos por outros experimentos, realizados com pessoas que possuem elevada renda e mesmo assim possuem aversão a perder pequenas quantias.

O outro ataque de Hreha é sobre as cutucadas. O foco é o fato de que as cutucadas possuem um efeito pequeno, de 1,5%. Alexander argumenta que 1,5% pode ser pequeno em certas situações, mas quando o Uber usa as cutucadas, 1,5% sobre 10 bilhões significa 100 milhões, o que é muito dinheiro. Quando você considera 1,5% sobre 90 milhões de pessoas que não querem vacinar ou são preguiçosos demais, são 1,4 milhão de vacinados.

É normal que críticas irão surgir contra os conhecimentos que temos hoje da economia comportamental (ou das finanças comportamentais). Mas é necessário distinguir entre uma crítica sem fundamento, de uma revisão científica bem feita. Parece não ser o caso das considerações de Hreha.

Competições de debate ajudam a entender o radicalismo

Como entender um pouco o radicalismo de nossas redes sociais? Uma pesquisa realizada nas competições de debates, onde os debatedores recebem a posição, a favor ou contra, sobre um assunto e precisam defender sua posição, pode dar uma pista sobre o assunto. Um resumo acessível pode ser encontrado aqui.

A pesquisa acompanhou as competições em diferentes fases. Quando a pesquisa começa, acredita-se que exista uma posição de equilíbrio sobre um determinado tema. Por exemplo, a favor ou contra entregar celular para uma criança. Quando o assunto é divulgado e feito o sorteio, há um tempo de preparação - de 15 minutos. Logo a seguir, os pesquisadores entrevistaram os participantes. Veja no gráfico que os pontos vermelhos distanciam dos pontos azuis, indicando que cada lado acredita na sua posição. (No gráfico, os pontos vermelhos representam quem é a favor da posição debatida, estando como "defensores"; os pontos azuis é quem é a favor da posição debatida, estando como "opositores") 

Após uma hora de debate, novamente os pesquisadores investigam as crenças, as confianças e as atitudes (as três partes do gráfico), revelando que ocorreram mudanças durante a competição. O ato de debater - mesmo antes do debate - faz com que as pessoas assumam sua posição de forma mais forte. É como se as pessoas "vestissem a camisa" do seu lado. 

Uma possibilidade de evitar o radicalismo é fazer algo que muitas pessoas já sabem: não entrem na discussão, pois isto aumenta a polarização. É algo que me faz lembrar a razão pela qual os ingleses gostam de falar sobre o tempo; ao contrário da política e do futebol, é muito difícil polarizar quando discutimos se amanhã irá chover ou se a temperatura está agradável. 

Rir é o melhor remédio

 

Comprometidos com a diversidade. 

29 abril 2022

Economias hiperinflacionárias II

 Em janeiro foi divulgada a lista de economias hiperinflacionárias. Esta lista pode ser vista aqui. Mas nos últimos meses, o cenário econômico da Turquia se alterou substancialmente, indicando um grande crescimento na variação dos preços. Diante desta nova situação, o International Practices Task Force (IPTF) do Centre for Audit Quality (CAQ),  que é responsável pelo "monitoramento" das economias hiperinflacionárias, decidiu inclui a Turquia na lista.

A inclusão ocorreu pela mudança recente no país, desde que a lista foi publicada em novembro. De posse da lista, as empresas usam o IAS 29, Financial Reporting in Hyperinflationary Economies, nas transações com estes países. 

Endividar para comprar

O bilionário Elon Musk fez uma proposta para comprar o Twitter por 44 bilhões de dólares. Um aspecto curioso da história é que Musk irá tomar uma dívida para fazer a aquisição, mesmo tendo uma fortuna avaliada em valores superiores a isto. Qual a razão?

Sin embargo, a pesar de que para Elon Musk 44.000 millones de dólares es una parte significativa pero en absoluto impensable de su patrimonio (que asciende a los 270.000 millones de dólares, según Forbes), surge la pregunta: ¿por qué Musk debe endeudarse para comprar Twitter?

El problema que tiene Musk es habitual entre los que pueblan la lista Forbes de los mil millonarios del mundo: su patrimonio es muy poco líquido. Y está concentrado en acciones de empresas que fundaron y que controlan.

Para Musk sería relativamente fácil desprenderse de las acciones que posee, no estamos hablando de liquidez como en resto de los mortales. Estamos hablando de que si vendiera sus acciones perdería el control de las empresas. Por tanto, no es lógico que Musk venda acciones de Telsa o SpaceX para comprar Twitter, porque podría perder su capacidad de decisión dentro de las mismas.

Acho que a resposta está incompleta. Se Musk vendesse suas ações - na verdade, se anunciasse as vendas - o preço provavelmente vai cair. Realmente o mercado não vai absorver rapidamente o volume de ações. Outra possibilidade é dar suas ações na compra, mas esta sugestão irá gerar dificuldade na venda.

Sete grandes mentiras das palestras motivacionais

Da Forbes, um texto de Chris Westfall, algumas idiotices das palestras motivacionais: 

O que realmente faz um profissional buscar melhorias a cada dia? Essa é a pergunta que qualquer palestrante motivacional tenta responder. Eles são executivos, escritores, estrelas do Tik Tok ou do esporte. Mas não leve a sério tudo o que dizem. A única pergunta que você realmente precisa se fazer, quando confrontado com o deslumbramento motivacional, é simples: será que é verdade?

No Instagram, o perfil The Good Quote tem mais de 29 milhões de seguidores. Parece que todo mundo nas mídias sociais é um palestrante motivacional, compartilhando sua voz para ajudar os outros a se elevarem. O impulso de ajudar pode ser muito poderoso, especialmente se isso significar mais curtidas e validação social. No entanto, palestrantes motivacionais de fundo de quintal costumam transmitir mal-entendidos e clichês que realmente não resistem a uma investigação menos superficial.

Toque duas vezes, mas não aposte sua carreira apenas em uma frase inspiradora. Pronto para quebrar alguns mitos?

1. Acredite em si mesmo e você pode fazer qualquer coisa - Existem pessoas que não acreditam em si mesmas – na verdade, podem até ser bastante inseguras – mas mesmo assim são bem-sucedidas. Alguns podem dizer que a insegurança pode até ser uma fonte de inspiração. Talvez haja algo além da crença que possa fazer uma diferença real. Que tal abandonar sua necessidade de acreditar em você acima de tudo e partir para a ação? Essa sim é uma estratégia motivacional na qual você pode acreditar.

2. Sua mente determina tudo, então você precisa controlá-la - Em 2020, cientistas no Canadá identificaram que nós temos mais de 6.000 pensamentos por dia. A National Science Foundation descobriu que a pessoa média tem cerca de 12.000 a 60.000 pensamentos por dia. O controle da mente é a missão de um tolo. Tentar definir sua mente é como tentar pegar o vento. Pensamentos são fugazes e a cada instante um novo está a caminho. Talvez você não precise gerenciar sua mentalidade para encontrar o sucesso real. O que você poderia fazer se não estivesse perdendo tempo preocupado com isso?

3. Garra e determinação são a chave - Pense no seu relacionamento pessoal mais satisfatório. Nasceu de garra e determinação? Foi sua vontade de ferro que permitiu que você conhecesse seu marido ou compartilhasse uma amizade fenomenal? A garra é importante, mas não é o único caminho para os resultados. Você já deve ter conhecido alguém que teve sucesso quase apesar do que estava fazendo. Trabalhar duro é uma ótima maneira de conseguir bons resultados – nisso os palestrantes motivacionais têm razão. Mas a garra, assim como a força de vontade, não é um recurso infinito. Se você tiver que ser outra pessoa – uma versão mais corajosa de si mesmo, por exemplo – isso pode ser um trabalho árduo que exige muita energia. Em vez disso, pense em maneiras de facilitar o seu caminho até o sucesso.

4. “Se alguém tem que fazer, esse alguém sou eu.” - Na verdade, nada de valor acontece sem o envolvimento de outras pessoas. As roupas que vestimos, os computadores que usamos e as estradas em que dirigimos vieram do esforço de outras pessoas. Se parece que você tem que levantar o mundo inteiro sozinho, você vai acabar com um ombro dolorido. Não acredite em mais essa invenção motivacional.

5. A disciplina é a chave para o sucesso - Esta é de fato muito boa. Considere suas próprias experiências: permanecer comprometido com o que você quer é uma maneira importante de obtê-lo. Afinal, ações (não humores ou mentalidade) determinam os resultados. Mas e se a disciplina fosse apenas lembrar-se sempre do que você quer de verdade e manter o foco e nada muito além disso?

6. Eu superei (câncer, terremoto, invasão do Capitólio) e você também pode. - Histórias inspiradoras de quem supera obstáculos são muito comuns em palestras motivacionais. No entanto, superar o câncer ou qualquer outra doença, pode ser apenas uma circunstância. O mal-entendido aqui é chamar essas pessoas de “sobreviventes”.  Considere uma mulher no auge da vida, uma instrutora de aeróbica com energia ilimitada e saúde radiante admirada por muitos. Mas quando o câncer veio, ela não conseguiu vencê-lo. Apesar da garra, determinação, boa dieta, disciplina (e muita quimioterapia), ela foi tirada de sua família (saudade de você, mãe). Não caia na armadilha de que os sobreviventes têm superpoderes. Saiba que superar as circunstâncias naturais nem sempre tem a ver com disciplina ou perseverança.

7. Você precisa ter grandes objetivos se quiser chegar a algum lugar - Mire nas estrelas, diz o ditado, e você pode pousar na lua. O problema é que não há oxigênio na lua. Altas expectativas podem criar pressão e um motivo para nos sentirmos desmotivados quando não atingimos nossas expectativas altas demais. Comece fazendo o que é possível. Não há nada de errado em ter grandes expectativas, mas quando você vincula sua identidade à sua capacidade de realização, o que acontece? E se você pudesse dizer: “Aconteça o que acontecer, eu estou bem”. Isso lhe daria a liberdade de experimentar coisas novas, sem apego àquele grande objetivo.  Metas são boas, mas apegar-se a elas e vincular sua autoestima a números, títulos e conquistas pode privá-lo de sua capacidade de encontrar soluções criativas.

Só porque uma frase é bonita não significa que seja verdade para todos.  Temos que lembrar as palavras do jornalista norte-americano Edward R. Murrow: “Nossa maior obrigação é não confundir slogans com soluções”. Talvez seja hora de criar sua própria motivação, parar de tentar gerenciar suas crenças, humor ou mentalidade e fazer o que você sabe que precisa fazer. Entenda que as palavras dos outros são apenas ferramentas, não regras. Você ainda tem a capacidade de pensar por si mesmo. Essa é a verdadeira motivação.

28 abril 2022

Influência da mídia


O Stumbling and Mumbling questiona a influencia da mídia, a partir da situação política do Reino Unido. É bem verdade que a circulação dos jornais impressos caíram substancialmente. No Brasil, por exemplo, uma revista como a Veja já teve tiragens acima de um milhão de exemplares semanais. Hoje provavelmente possui menos de cem mil. 

O mesmo é válido para os jornais de negócios, que eram leituras físicas obrigatórias e local onde qualquer grande empresa gostaria de estar. (Esta última parte da frase é válida, já que estes jornais usualmente não tinha/tem uma abordagem crítica sobre os dados divulgados pela área de marketing das empresas)

Ainda assim, há uma grande preocupação com o papel da mídia. Para o site há duas possíveis explicações. A primeira é que o grupo jornalístico não somente informa as notícias, mas também cria. Em outras palavras, a mídia pode definir a pauta do debate. Recentemente o ministro da educação perdeu seu posto em razão das denúncias divulgadas por um grande jornal brasileiro. A partir da repercussão do fato, as pressões sobre o pastor foram enormes e motivou sua demissão.

Uma segunda razão, ainda segundo o Stumbling and Mumbling, é que a crença no poder da mídia é uma profecia auto-realizável. Em parte, seu poder deriva da influência em moldar a opinião da elite, que inclui congressistas, empresários e outros. A mídia seria como o Mágico de Oz, que possui o poder porque as pessoas acreditam nesse poder. 

É bem verdade que parte da crença do poder desta mídia desapareceu nos últimos anos, transferindo para os "influenciadores" digitais e algumas plataformas de notícias. Apesar do enorme número de sites na internet, os produtores de conteúdo ainda são reduzidos. 

27 abril 2022

Rir é o melhor remédio

 

Efeito nocivo da tecnologia: freios e filme de terror. 

Meios de pagamentos e finanças pessoais


Quando postergamos o pagamento, a análise sobre a vantagem da decisão deve ser feita usando os conceitos de valor presente e valor futuro. Se podemos pagar um produto no futuro pelo mesmo montante no momento atual, a melhor decisão é deixar para desembolsar mais adiante. Em termos financeiros, o fato do valor presente e o valor futuro serem iguais significa que a taxa de juros é igual a zero.

A racionalidade deste tipo de decisão é matemática, mas não leva em consideração aspectos comportamentais e de sinalização. Algumas pessoas ficam incomodadas quando possuem dívida e sua preocupação pode ser tão elevada que superar os benefícios obtidos com a compra a prazo. Outro aspecto é a sinalização. Pagar à vista pode transmitir um sinal para outras pessoas de que você possui uma seriedade, que honra seus compromissos e que possui recursos suficientes para seus gastos.

A questão comportamental tem sido explorada na literatura. Apesar do que diz a análise “simplesmente matemática” da decisão de comprar à vista ou comprar a prazo, diversas pesquisas em finanças comportamentais já mostraram a compra a prazo pode não ser uma decisão mais adequada.

Uma vez que em finanças pessoais a decisão de comprar à vista versus comprar a prazo está associada ao método de pagamento, as pesquisas com cartão de crédito, o principal meio de pagamento a prazo para muitas pessoas, mostraram efeitos sobre o processo de compra. Geralmente quem compra com cartão de crédito possui maior disposição para pagar – mesmo o produto não sendo necessário ou estando com um preço inadequado. Além disto, usar o cartão de crédito faz com que os gastos aumentem e as pessoas possuem uma menor consciência do ato de gastar. As pesquisas já mostraram que o cartão de crédito é amigo da impulsividade na compra e, por consequência, do aumento da dívida pessoal.

Não é surpresa que um dos principais conselhos para uma vida econômica saudável é restringir o uso dos cartões de crédito, privilegiando o dinheiro. Pense na situação em que você vai ao supermercado efetuar suas compras. Se você leva o cartão de crédito, seu limite é o limite do cartão, geralmente bastante folgado. Mas se você leva dinheiro físico, suas compras estarão restritas ao volume de moeda que você possui. É bem provável que alguma vez você saiu de casa somente com dinheiro, viu um produto interessante, mas não comprou pelo limite de recursos que dispunha. Também é provável que você tenha pensado depois que o produto não era realmente necessário.

Veja a situação pelo outro lado. A empresa sabendo deste fato vai procurar facilitar a vida de quem compra com crédito. Os estabelecimentos comerciais aceitam cartão de crédito pois, entre outros motivos, sabem que você tende a gastar mais quando compra a prazo. E facilitam sua vida o máximo que podem. Os sites da internet permitem que você cadastre seu cartão de crédito para “facilitar” sua vida; neste caso, aumentar o seu consumo no site. Afinal, para gastar, basta um clique.

Uma razão deste comportamento é que existe um custo de transação. Quando compramos com cartão de crédito, basta passar o cartão em uma máquina e somente no outro mês você irá arcar com o seu ato. A palavra “basta” da frase anterior é importante, pois indica um reduzido custo de transação.

Merle van den Akker lembra, no blog Behavioral Economics (*), que diversas teorias foram propostas para explicar o comportamento distinto das pessoas e os métodos de pagamento. Segundo ela, a teoria mais antiga e conhecida é a da dor de pagar. Nesta teoria, os sentimentos negativos associados com o desembolso está associada com o método de pagamento. Ao “ver” o dinheiro sendo gasto, as pessoas reduzem seu comportamento compulsivo de comprar. As pesquisas mostraram que o uso do crédito torna as pessoas menos sensíveis aos preços, o que aumenta a chance de fazer a transação.

Neste sentido, o cartão de crédito tem menor dor de pagamento, já que não é transparente e não físico. As formas modernas de pagamento, como o uso do celular e o pix, provavelmente se enquadram neste tipo de situação. E veja que o pagamento pelo celular adiciona um elemento importante neste aspecto, na medida que a grande maioria das pessoas estão acostumadas a ter o aparelho por perto. E junto com o aparelho, um app do banco, que permite realizar um pix ou outro tipo de pagamento.

Conforme diz van den Akker, “temos que reformular a maneira como pensamos os métodos de pagamento e suas implicações para a tomada de decisões financeiras”.

(*) Esta postagem foi baseada neste texto. No artigo há links para as pesquisas sobre a questão dos meios de pagamentos e as finanças pessoais

Foto: Clay Banks

26 abril 2022

Limitações da Análise Custo-Benefício

Anteriormente já tinha citado a pesquisa que questiona os benefícios da análise custo-benefício em projetos públicos. Mas o artigo do Nada es Gratis faz um bom resumo. Eis um trecho:

Aunque en el artículo de Flyvbjerg y Bester (2021) se presentan numerosos contrastes estadísticos, desagregados por tipos de proyecto, la figura que acompaña a esta entrada resume perfectamente la idea de que las estimaciones de costes y beneficios suelen estar sesgadas. En ella se presentan dos histogramas que muestran la frecuencia relativa de los sobrecostes (aecost) e infrabeneficios (aebenefit), respectivamente. Si las estimaciones de costes y beneficios fueran – mayoritariamente – precisas e imparciales, ambos histogramas se distribuirían más o menos simétricamente alrededor de uno con colas relativamente finas (técnicamente, esperaríamos que el logaritmo de la distribución fuera exactamente simétrico en torno a uno).

Sin embargo, como puede observarse, cada uno de los histogramas es bastante asimétrico, no se distribuye en torno a uno y presenta una concentración de valores extremos relativamente alta (en la cola izquierda para los beneficios, en la derecha para los costes). De hecho, considerando ambas variables conjuntamente, se observa que – por término medio – los sesgos detectados funcionan de tal manera que los excesos de costes no se compensan con los excesos de beneficios, sino todo lo contrario. También vemos que los tipos de inversión con grandes sobrecostes medios tienden a tener grandes déficits de beneficios medios. Estos resultados son importantes porque los errores no solo no se anulan en el caso de los costes y los beneficios por separado, como se ha documentado anteriormente. Además, la inexactitud se ve acelerada por el hecho de que la inversión media se ve obstaculizada por una combinación de sobrecostes e infrabeneficios lo que socava la viabilidad de la inversión en ambos frentes. Además de a simple vista, todos estos resultados son estadísticamente muy significativos en términos de diferentes tests sobre la asimetría y curtosis de la distribución, y totalmente compatibles con la literatura existente con muestras de menor tamaño. La influencia del tipo de inversión, la distribución geográfica o temporal sobre las conclusiones también fueron analizadas, obteniéndose que el patrón de subestimación de los costes y sobrestimación de los beneficios es universal en el espacio y el tiempo con un nivel muy alto de significatividad. 

Propriedade Intelectual e produtos piratas

Dia 26 de abril é o Dia Mundial da Propriedade Industrial. Criado para proteger os direitos e incentivar a criação de novos produtos, a propriedade industrial enfrenta um inimigo no comércio de produtos piratas. 

Mas qual o tamanho deste comércio? Qualquer número poderia ser questionado, já que é um montante difícil de estimar. O gráfico a seguir compara com algumas das economias mundiais:

E quais produtos são contemplados pelos piratas? Também é um item difícil de estimar, mas as mercadorias apreendidas pela alfândega estabelece uma estimativa interessante. Geralmente são itens de luxo, com elevada margem, fácil de transportar e comercializar. Relógios, jóias, bolsas e outros são alguns dos itens, conforme o gráfico abaixo

25 abril 2022

Materialidade

A materialidade é um item da teoria da contabilidade bastante controverso. A similaridade com o termo relevância ajuda a aumentar a confusão existente. E ao mesmo tempo os práticos possuem uma necessidade de ter uma regra mais acessível para determinar o que é material e o que não é material.

Em termos históricos é possível notar que a materialidade era muito importante para a discussão contábil no passado. Na discussão sobre a existência ou não de um grupo de princípios contábeis, iniciada no final do século XIX e ao longo de boa parte do século XX (JONES, AIKEN, 2015).

Franco (1988) faz um levantamento da evolução dos princípios. Pelo estudo é possível perceber que a materialidade é lembrada na obra de Anthony, de Hendricksen, de Needles, Anderson e Caldwell, entre outros autores. A VII Conferência Interamericana de Contabilidade, em 1965, indicou a materialidade, mas não a relevância, como sendo um dos princípios gerais. Em 1971, Iudícibus, influenciado por Finney e Miller, publicou uma lista de princípios e convenções, na qual a materialidade está enquadrada neste último grupo. No trabalho de Iudícibus a relevância ainda não está presente. Mais tarde, no livro Teoria da Contabilidade, o mesmo autor manteve sua posição, muito embora tenha alterado a lista para postulados, princípios e convenções.

Em 1972, durante a X Conferência Interamericana de Contabilidade, Franco indicou preceitos básicos e 14 regras convencionais, entre as quais a relevância dos fenômenos (materialidade). O trabalho de Iudícibus foi aprovado a Estrutura Conceitual Básica da Contabilidade, em 1988, com postulados ambientais, princípios e convenções, sendo estas restrições aos princípios. É basicamente a listagem de Iudícibus da década anterior.

O livro de Franco traz um quadro comparativo entre a posição do autor, de 1972, e a obra de Iudícubus, a posição do Iasc através da NIC 1, o texto de Iudícibus de 1980, a posição do Conselho Federal de Contabilidade de 1981 e a estrutura Ibracon/CVM de 1986. É destaque que a relevância estava no documento NIC 1, de 1974, mas aparece como convenção da materialidade, nos trabalhos de Iudícibus e nos documentos derivados do Ibracon/CVM.

Franco (1988, p. 114) considera que a relevância dos fenômenos refere-se ao respeito “a qualquer dos preceitos básicos da Contabilidade ou a qualquer das regras convencionais”, que pode invalidar as demonstrações como sendo a representação adequada do patrimônio. Assim, o conceito de Franco é muito mais voltado para o produto da contabilidade do que para a influência sobre o usuário da informação. No texto do autor, os termos relevância e materialidade poderiam ser usados de maneira intercambiável, apesar de existir uma ressalva para determinadas situações onde algo irrelevante pode ser material.

Enquanto discutíamos os princípios de contabilidade no Brasil, ocorre uma mudança de foco nos Estados Unidos, que irá influenciar a questão da materialidade nos anos seguinte. Em 1963, Moonitz publica um artigo no Journal of Accountancy comentando sobre postulados de contabilidade (MOONITZ, 1963). No relato de Moonitz, a Accounting Research Studies do AICPA recebeu pelo menos uma posição onde existe a defesa que a materialidade deveria constar como um postulado da contabilidade. Este comentário afirmava que a materialidade deveria ser um postulado pois é “a raiz de muitos mal-entendidos” e a função dos postulados seria resolver os mal-entendidos.

Previts e Flesher (2015) lembram que quando o Fasb começou a trabalhar em 1973, sete itens inicialmente foram considerados no início, sendo dois deles – normas qualitativas para os relatórios financeiros e materialidade – resultariam no documento de 1980, de estruturação conceitual. Na verdade, o texto da materialidade não chegou a ser emitido, apesar de existir dez parágrafos sobre o assunto em 1980.

Os teóricos da época, como Hendricksen (1982) e Kam (1990) tratavam do assunto nas suas obras. Este último já alertava da importância do conceito para fins de discussões judiciais. É interessante notar que os livros de teoria de quarenta anos depois já não discutem esta questão (Scott, 2015, é um exemplo).

Isto talvez seja reflexo de uma nova postura dos reguladores. O esforço conjunto Iasb e Fasb reorganiza as características qualitativas da informação. Nesta nova visão, a materialidade passou a ser subsidiária do conceito de relevância (JONES, 2015). Entretanto, a cada texto permanece um sentimento de que ambos os conceitos podem ser usados de maneira intercambiável, pelo menos para fins de regras contábeis.

Considere alguns pronunciamentos para fins comparativos. O CPC 26 diz que a materialidade depende da natureza ou magnitude da informação ou ambas. Para este pronunciamento, a entidade avalia se a informação é material, dentro do contexto de suas demonstrações. O CPC das Pequenas e Médias Empresas, vai mais além: “A informação é material – e, portanto, tem relevância – se sua omissão ou erro puder influenciar as decisões econômicas de usuários, tomadas com base nas demonstrações contábeis”. Veja que se trocarmos os termos na frase, o sentido parece continuar o mesmo. Neste pronunciamento, os termos são definidos em um glossário:

Relevância: Importância da informação que permite influenciar as decisões econômicas de usuários, ajudando-os a avaliar acontecimentos passados, presentes e futuros ou confirmando, ou corrigindo, suas avaliações passadas. 

Material, Materialidade: Omissões ou declarações inexatas de itens são materiais se elas puderem, individual ou coletivamente, influenciar as decisões econômicas de usuários tomadas com base nas demonstrações contábeis. A materialidade depende do tamanho e da natureza da omissão ou imprecisão julgada nas circunstâncias que a envolvem. O tamanho e natureza do item, ou a combinação de ambos, poderia ser o fator determinante.

Há algumas diferenças sutis, mas talvez isto tenha passado desapercebido no processo de produção da norma. Por exemplo, a relevância parece não estar restrita às demonstrações, ao contrário da materialidade. E esta vincula-se a natureza e tamanho do item, ou ambos, que não está destacado no conceito de relevância.

De certa forma, os pronunciamentos contábeis parecem assumir uma distinção sutil entre os dois termos. A relevância é mais amplo que a materialidade, pois esta está focada no tamanho dos valores. Como lembrou Franco (1988), a ausência de contabilidade de um pequeno montante pode não ser material, mas é relevante para fins da qualidade da informação como um todo. Talvez com esta visão seja possível a distinção entre os dois termos, mas por enquanto, os reguladores não estão fazendo muito em esclarecer tal assunto.

Na Estrutura Conceitual é dito que a “informação é material se a sua omissão, distorção ou obscuridade puder influenciar, razoavelmente, as decisões que os principais usuários de relatórios financeiros para fins gerais”. A materialidade estaria vinculada a valores que afetem as demonstrações, específicos de cada entidade. Se no passado Pattillo traduziu a materialidade em termos objetivos – 5 a 10% do valor do lucro líquido (BEAN, THOMAS, 1996), a estrutura piora a situação ao afirmar que “não se pode especificar um limite quantitativo uniforme para materialidade ou predeterminar o que pode ser material em uma situação específica”.

Volte no texto da Estrutura que define materialidade e compare agora com a relevância: “Informações financeiras relevantes são capazes de fazer diferença nas decisões tomadas pelos usuários”.

Na realidade, o termo materialidade possui quatro aspectos que podem ser considerados, tanto para contabilidade, financeira ou não, quanto para teoria. O primeiro aspecto é que a materialidade corresponde a decisão de capitalizar ou não um determinado item (por exemplo, FREEMAN et al, 2014). Nas primeiras noções de contabilidade aprendemos este dilema com a despesa de material de consumo. Em muitos casos práticos, não é material considerar material de consumo como estoques e levar ao resultado conforme seu consumo (SILVA; RODRIGUES, 2018). Apesar de não existir uma regra para esta decisão, a relação custo benefício da informação é o critério básico. Dificilmente lembramos da relevância em tais casos.

O segundo aspecto é a agregação ou não da informação. No estoque de material de consumo, posso separar os itens em papel, tinta para impressora, canetas, entre outros. A agregação da informação em um único item, seja para fins de evidenciação, seja para fins de contabilização, tem por premissa a materialidade. Se o primeiro aspecto é esquecido nos pronunciamentos, este segundo está presente explicitamente no CPC 26 que afirma que devemos “apresentar separadamente nas demonstrações contábeis cada classe material de itens semelhantes. A entidade deve apresentar separadamente os itens de natureza ou função distinta, a menos que sejam imateriais.”Um texto similar está presente no CPC das Pequenas e Médias empresas.

O terceiro aspecto da materialidade está vinculado ao objetivo de usar a contabilidade para fins de controle. Uma informação de pequenas diferenças no caixa de uma empresa pode não ser material, mas é relevante sobre o que nos diz do processo interno.

Finalmente, a materialidade está vinculada a quantidade. Este talvez seja o aspecto que lembremos quando surge o termo. É algo específico de cada entidade, mas se um valor for pequeno, não será importante para decisão do usuário. Não existe uma regra geral, mas provavelmente os 5% estabelecimentos há cinquenta anos talvez ainda seja usado.

É também possível encontrar uma associação entre materialidade e tangibilidade. Mas esta associação não é adequada, nem com os teóricos, nem com os reguladores.

De qualquer forma, a materialidade parece ter perdido o protagonismo, se é que algum dia o teve. Nos critérios de reconhecimento do Fasb cita-se a definição – enquadra-se dentro da definição do elemento, a mensurabilidade, a relevância e a fidedignidade (confiabilidade). A materialidade não é citada, mas está associada – leia-se “misturada” – com a relevância.

Se a materialidade é um aspecto específico da relevância (KIESO, WEYGANDT, WARFIELD, 2020), afetando as decisões do usuário, ainda é um desafio sua avaliação em termos de cada item. Os autores citados tomam um exemplo

As duas empresas tiveram um ganho no exercício. Mas a empresa A é muito grande e este valor de ganho relativamente pequeno. Assim, considerar este ganho junto com as receitas não irá afetar o nosso julgamento da empresa. Já a empresa B é menor e o valor de 5 mil é expressivo no total. Agregar o ganho não usual com as vendas pode não ser adequado. A materialidade de valores próximos variou conforme a entidade.

Recentemente os reguladores resolveram trabalhar a questão. Parecia que tudo conduzia a um final feliz, onde o termo seria naturalmente absorvido pelo conceito da relevância. Em 2015 postamos que existia uma divergência, nos Estados Unidos, entre os conceitos de materialidade. Enquanto o Fasb tinha um conceito, a justiça – leia-se Suprema Corte – tinha outro entendimento, que não era o mesmo do PCAOB, nem da SEC. Mais recentemente, o SASB foi acusado de usar uma conceituação de materialidade confusa. Como esta entidade trabalha com relatórios ambientais, o assunto é de forte interesse nos dias atuais.

Antes disto, o Iasb percebeu que o conceito pode ser útil para promover o julgamento das empresas na divulgação daquilo que é útil ou não. Ou seja, seria um conceito útil para tornar os relatórios mais concisos. É interessante que neste momento a entidade apelou para a materialidade – não a relevância. Seria a materialidade que ajudaria as empresas a incluir ou excluir dos relatórios determinados itens, preparando um guia prático, para ajudar neste sentido.

Entretanto, a iniciativa do Iasb não tinha a mesma importância dos pronunciamentos. Era, antes de tudo, um guia prático, em um ambiente que pode ser um pouco legalista. Um segundo aspecto é que o Iasb volta para o preparador, deixando com este a decisão do que o usuário irá encontrar nas demonstrações. E a atitude do regulador é contraditória já que muito do excesso de informação ocorre em razão das normas emitidas pelo próprio Iasb.

Mas isto não intimou o Iasb. O Conselho discutiu a necessidade de indicar as maneiras pelas quais as informações materiais são obscurecidas (DELOITTE, 2018):

a) usar uma linguagem vaga ou pouco clara

b) espalhar a informação em diferentes locais das demonstrações

c) fazer a agregação de maneira inadequada

d) fazer a desagregação de maneira inadequada

e) ocultar as informações com informações imateriais

Aguardemos os próximos capítulos

Referências

BEAN, LuAnn; THOMAS, Deborah. Materiality in CHATYFIELD, Michael; VANGERMEERSCH, Richard. The History of Accounting. New York, Garland, 1996

DELOITTE. IASB finalises amendments to IAS 1 and IAS 8 regarding the definition of materiality. In Iasplus, www.iasplus.com, 31 out 2018.

FRANCO, Hilário. A Evolução dos princípios contábeis no Brasil. São Paulo: Atlas, 1988.

FREEMAN, Robert et al. Governmental and Nonprofit Accounting. Essex: Pearson, 2014.

HENDRICKSEN, Eldon. Accounting Theory. Homewood, Irwin, 1982.

JONES, Stewart; AIKEN, Max. Evolution of early practice descriptive theory in accounting in JONES, S. The Routledge Companion to Financial Accounting Theory. Londres: Routledge, 2015.

KAM, Vernon. Accounting Theory. New York, Wiley, 1990.

KIESO, Donald; WEYGANDT, Jerry; WARFIELD, Terry. Intermediate Accounting: IFRS Edition, 4a. ed. Wiley, 2020.

MOONITZ, Maurice. Comments on “The Basic Postulates of Accounting”. The Journal of Accountancy, jan. 1963.

PREVITS, Gary; FLESHER, Dale. Financial accounting reporting in the United States of America – 1820 to 2010 in JONES, S. The Routledge Companion to Financial Accounting Theory. Londres: Routledge, 2015.

SILVA, César A. T.; RODRIGUES, Fernanda F. Curso Prático de Contabilidade. São Paulo, Atlas 2018. SCOTT, William. Financial Accounting Theory. Toronto: Pearson, 2015.

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Fonte: aqui

22 abril 2022

Aposte no Semibeta

 Bollerslev et al. (2022) mostram que é possível decompor o Beta do CAPM em 4 Semibetas definidos pela covariância entre o mercado e o ativo de retorno individual. Considere as quatro combinações possíveis de retornos positivos e negativos para o ativo individual e o mercado: ambos os retornos são positivos (o estado P), ambos negativo (N), sinal misto com retorno de mercado positivo (M+) e sinal misto com retorno de mercado negativo (M -).




A estrutura de média-variância sugere que a covariação decorrente dos dois estados onde o retorno de mercado é positivo (P e M+) não deve ganhar nenhum prêmio de risco. Por outro lado, qualquer covariância associada a relação negativa dos retornos de mercado e de ativos individuais (N) deve ser compensada ​​positivamente, enquanto a covariância decorrente de retornos negativos de mercado e retornos positivos de ativos individuais (M) deve ter um prêmio de risco negativo. Essa interpretação é resumida no gráfico abaixo:






A teoria de precificação de ativos de média-variância prevê que apenas dois dos semibetas devem ser precificados, sendo que um corresponde ao conjunto de covariância negativa (N) que tem um prêmio de risco positivo, e o outro está associada a um retorno negativo de mercado e um retorno postivo do ativo (M- ) que tem prêmio de risco negativo.

Os autores estimaram o prêmio de risco anualizado para N seja de cerca de 23%, enquanto o prêmio de risco anualizado para M   é de cerca de -9%, em comparação com um prêmio de risco para o CAPM de cerca de 4%. Essas descobertas empíricas se baseiam em semibetas realizados calculados a partir de duas décadas de dados intradiários de alta frequência do S&P 500. 

Eles mostram ainda que estratégias de negociação simples que apostam em N e contra M  
levam a índices de Sharpe que são mais do que o dobro do mercado. Levando em conta
custos de transação, essas estratégias também produzem alfas ajustados ao risco grandes e fortemente estatisticamente significativos. 

Resumindo, não aposte contra beta, aposte a favor e contra os semibetas certos.