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15 fevereiro 2022

Uber e o resultado

Sobre o desempenho do Uber, que desde 2014 entregou um prejuízo líquido acumulado e corrigido de 31 bilhões de dólares:

The public narrative about ridesharing is that it used innovative technology and powerful network economies to offer consumers much higher service coverage at much lower fares, and that its high corporate valuation was justified by its unicorn-like growth rate and its potential for many more years of robust growth. None of this narrative was ever true, and this marketplace data helps demonstrate that it no longer offers consumers the things that made it popular and has little potential for future growth. But despite this data and $31 billion in losses over twelve years (Uber) and $7.6 billion in losses in the last five years (Lyft) have stopped the business press from continuing to endorse the old narratives. And both companies carefully avoid releasing the operating and revenue data that would make it easier for investors and reporters to question the validity of those narratives.

A tabela principal do artigo está a seguir:

Não sei se concordo com a análise. Parece que a estratégia da empresa é mais próxima da Amazon (e da Netflix) que primeiro dominou o mercado, com um rápido crescimento. E depois aumentou seus preços. 

Impotência Estratégica


É um truque que todo político (gestor público, também) deve saber. Não é desculpa, mas sim impotência estratégica. O argumento é que não é possível fazer nada e o objetivo é ganhar uma vantagem ou consolidar uma posição. Isto é bastante usado:

- Defesas legais. Reivindicar uma falta de responsabilidade é um apelo comum de inocência ou mitigação. Um dos usos mais famosos disso foi o de Ernest Saunders que, tendo sido preso por abuso de informação privilegiada, foi libertado mais cedo da prisão depois de sofrer demência apenas para fazer uma recuperação milagrosa. 
- Sites corporativos. Tornar difícil para os clientes cancelar suas assinaturas por ter um design ruim, mas é uma maneira de manter a renda. 

Há outros exemplos. Mas isto funciona na contabilidade:

A alegação de que não podemos fazer algo é usada para esconder o fato de que optamos por não fazê-lo. 

Em muitos casos, a "contabilidade" é a responsável pela impotência estratégica: a empresa não pode fazer nada, pois isto contraria as normas contábeis. Ou não está nas normas de forma expressa. 

Rir é o melhor remédio

 

Imposto de renda: você poderia ...

Links


A ciência e o mistério do amor

Sonho de habitação verde de Brad Pitt para os sobreviventes do furacão Katrina - O ator bancou um projeto de moradia que foi mal planejado. O problema é que os habitantes pagaram pela habitação, que possui problemas estruturais

Índice de democracia 

Há crise de replicação na matemática? - "não temos provas"

Cientista que acusou a indústria de suplementos de fraude é acusado de plágio

14 fevereiro 2022

Maior Furto da História

O ex-banqueiro Roger Ng está sendo julgado em Nova Iorque por ser cúmplice do que pode ser a maior pilhagem da história. Ng participou do desvio do fundo estatal malaio 1MDB, no valor de 4 bilhões de dólares. Parece que Ng fez a ponte entre Jho Low, o grande responsável pelo desvio, e o Goldman Sachs. Juntamente com Low e Tim Leissner, que já se declarou culpado, pagaram 1 bilhão em suborno para funcionários da Malásia, com objetivo de ter a responsabilidade de gerir 6,5 bilhões do fundo soberano do governo asiático.

O dinheiro foi gasto em festas, iates e até financiamento de um filme, ironicamente The Wolf of Wall Street. A defesa irá dizer que Ng não foi uma figura importante na trama e que não estava ciente do desvio. O vigarista seria Leissner.

A subsidiária malaia do Goldman já se declarou culpada e a matriz fez um acordo, incluindo a retenção de dinheiro de ex-executivos.

Fonte: DealBook, NYT

História da Contabilidade: "Novo" sistema

 

Em 24 de outubro de 1940, na sua edição de número 224, o Diário de Notícias do Rio Grande do Sul anunciava, o novo sistema de contabilidade. Eis um trecho da notícia (com grafia da época):

Foi, ontem, inaugurado no Tezouro do Estado o novo sistema de contabilidade, denominado "regime de competência", na Diretoria da Contabilidade, da qual é diretor o sr. Alipio Kempf. (...) Depois falou o dr. Oscar Fontoura que esplicou detalhadamente o novo sistema de contabilidade adotado no Tezouro, que trará grandes vantagens para o serviço público. (...) Na foto: o secretario da Fazenda expõe ao interventor o novo metodo

Esta notícia foi publicado um pouco depois de um conferência de contabilidade pública no Rio de Janeiro, onde estiveram, provavelmente, alguns secretários de fazenda dos estados. Cerca de 30 anos antes, os governos adotaram, no Brasil, as partidas dobradas. 

História da Contabilidade: uso do termo Azienda


Do Vida Doméstica, ano 1952, edição 416, a coluna de Sebastião Valença, "Nos Domínios do Idioma":

Em trabalhos de Contabilidade, quase sempre, entre nós, pessimamente escritos, além de frequentemente não passarem de cópia de mestres italianos, vemos o emprego abusivo do termo "azienda", ao lado do derivativo "aziendal". Ora, "azienda" é palavra italiana e deve traduzir-se com inteira propriedade pela palavra portuguesa "administração". "Organismo aziendal" não é mais bonito do que o nosso "organismo administrativo", assim como "a vida aziendal" é bem mais inexpressiva do que "a vida administrativa". Sejamos razoáveis: o expressionismo vernáculo está muito acima desses europeis, que só se ouvem na boca de certas culturas embebidas de palavriado exótico quando se dão a revelar "altos" conhecimentos técnicos, nem sempre bem assimilados, em linguagem que os arrasaria em modesta prova de escriturário, sob as vistas do D.A.S.P.

DASP corresponde a entidade que cuidava dos recursos humanos no governo federal até os anos 80 do século passado. 

Olhando o blog, entre mais de 26 mil postagens, nós nunca usamos este termo. Esta é a primeira vez. 

Rir é o melhor remédio

 

Antes do encontro com seu orientador ...

12 fevereiro 2022

Fraude e Inteligência Artificial


Um trecho do blog de Tracey Conen, sobre o uso de Inteligência Artificial (AI) no combate de fraude. 

Algumas das coisas que o software que usa a AI para detectar fraudes pode identificar como problemas incluem:

= > número incomumente alto de transações um pouco abaixo do nível de autorização para um supervisor

= > alto número de desembolsos físicos

= > transações que ocorrem com frequência com valores redondos

= > padrões incomuns para perdas ou ajustes

= > evidência de pagamento de faturas duplicadas

= > pagamentos parciais por parte de clientes

= > identificação de endereços suspeitos ao comparar dados de funcionários, clientes e fornecedores

= > faturamento de fornecedores além dos valores orçados devido à codificação inadequada de pagamento

= > preço do fornecedor aumenta a uma taxa que excede os valores semelhantes de outros fornecedores

=> alterar os padrões de compra (...)

Existem três vantagens principais no uso de software com IA:

A capacidade de examinar grandes conjuntos de dados em um curto período de tempo

A capacidade de monitorar transações em tempo real

O aprendizado de máquina significa que o software aprende a reconhecer padrões e atividades suspeitas para detectar melhor a fraude no futuro

Acrescento que a IA por si só não garante a inexistência de fraude. A possibilidade de usar a IA é real quando você tem uma grande massa de dados para o aprendizado; em muitas empresas, isto não é possível e o software só irá "aprender" depois que a fraude for uma realidade. 

Rir é o melhor remédio

quando você diz que quer comprar algo no telefone
 

11 fevereiro 2022

Finanças pessoais: tudo deve ser pago duas vezes

 


Em finanças pessoais é importante lembrar de um conceito importante para alguns produtos que compramos: devemos pagar duas vezes. Considere dois exemplos dados no site raptitude

O primeiro, você comprar o livro Moby Dick por dez reais em um sebo. Parece que este seria o único valor que gasto por você. Mas para que o livro tenha seu valor, você precisa ler. Este é o segundo preço: as várias horas dedicadas a leitura sobre a caça de uma baleia. E este tempo tem um custo. Assim, o livro Moby Dick possui dois preços pagos: do livro e do tempo consumido na leitura.

Pensar em um livro desse jeito torna mais real o efeito da compra de um livro. Geralmente quando compramos livros temos o hábito de pensar no potencial prazer da leitura, mas esquecemos que há um custo, sob a forma de deixar de assistir uma série no streaming, conversar com amigos, dormir ou trabalhar. Se ao tomarmos a decisão de compra do livro pensarmos realmente no seu segundo custo, talvez a ideia de comprar Moby Dick não seja tão razoável para alguns.

Há diversos outros exemplos, mas cito aqui a assinatura de um serviço de streaming. Você paga um valor mensal e este é o primeiro custo. Ao usar o serviço chegamos ao segundo custo: as horas que passamos na frente da televisão tem o seu preço.

O site Raptitude manda você pensar na sua casa e notar a presença de diversos produtos ou serviços que você pagou o primeiro preço, mas não o segundo: livros ainda não lidos, assinatura que você não usufrui, jogos não jogados, mensalidade da academia que você não vai, produtos ainda na caixa, entre outros.

Continuamos pagando o primeiros preço, criando uma dívida enorme referente ao segundo preço.

Links


Zuckerberg e Metaverso: é possível acreditar? - segundo o autor, não. Para ele, todo mundo que fala que metaverso é o futuro está embalando novamente coisas antigas e trazendo desinformação. 

Enciclopédia iconográfica restaurada do século XIX (ou aqui) (figura acima)

25 artistas mais bem pagos dos EUA

Arrependimento: vantagens para sua vida

Pirataria e Oscar (aqui uma planilha com dados de 19 anos)

Rir é o melhor remédio

 

Quando você fecha o balanço antes do prazo

10 fevereiro 2022

Resista à cultura de esclarecimentos


Sempre achei estranho uma entidade emitir uma norma e logo a seguir soltar um documento esclarecendo o que escreveu. Se isto estava ocorrendo a razão era simples: a norma não estava bem escrita. Os últimos anos isto tornou-se uma praga. Achei alguém que pensa da mesma forma:

A SEC e o FASB passam muito tempo "esclarecendo" seus padrões anteriores. Esses esclarecimentos geralmente são procurados por empresas com grandes orçamentos de conformidade. Os esclarecimentos acabam criando uma cultura de atendimento a esses "clientes". É melhor que auditores e executivos exerçam julgamento profissional para aplicar os padrões ao seu conjunto único de circunstâncias. 

Mais ainda:

regras complexas criam seus próprios incentivos perversos: privam o investidor não técnico e desinformado e criam uma porta giratória entre montadores ou reguladores e empresas de consultoria. 

Já postamos que normas são negócios, que há um problema na regulação contábil, entre outros pontos. O ISSB poderia aprender com os erros do passado e começar uma nova era na normatização contábil. 

Igreja, ativo permanente e pandemia


Eis uma constatação no setor religioso:

Muitas instituições religiosas fecharam as portas da noite para o dia, transferindo seus serviços para o Zoom. Agora, à medida que suas instalações reabrem, elas não estão certas se os fiéis retornarão. Se menos congregados aparecerem, duas tendências poderão se intensificar. Muitas organizações religiosas se livrarão de imóveis mal aproveitados. E mais igrejas se fundirão.

Há muito tempo, economistas analisam grupos religiosos como se fossem empresas. Em 1776, o escocês Adam Smith argumentou em Riqueza das Nações que igrejas são empreendimentos similares a açougues, padarias e cervejarias. Em um mercado livre e competitivo, no qual dependem de doações e voluntários, elas devem atuar com zelo e diligência para atrair fiéis. Fusões, aquisições e falências são inevitáveis.

Atualmente, o mercado da religião está em movimento, talvez mais do que nunca. No lado da demanda, as igrejas do Ocidente sofrem com a secularização global iniciada muito antes da pandemia. Mesmo nos EUA, o exemplo mais patente de país rico que prosperou ao lado da religião (dizem alguns que por causa dela), a fatia de cidadãos que se identificam como cristãos diminuiu de 82%, em 2000, para menos de 75%, em 2020.

(...) Uma manobra essencial para qualquer igreja, esteja ela em dificuldades ou prosperando, é equilibrar suas contas, e isso significa lidar com seu portfólio de imóveis. A religião organizada está lutando contra os mesmos problemas que proprietários de lojas de shopping centers abandonados e de escritórios vazios, à medida que os negócios migram para o ambiente online. Eles devem ficar parados assistindo enquanto o público diminui? Se não, de que maneira deveriam repensar seus imóveis?

Por séculos, as religiões acumularam riquezas terrenas na forma de imóveis. O Vaticano possui milhares de edifícios, alguns nas mais requintadas regiões de Londres e Paris. A Igreja da Cientologia é dona de endereços em Hollywood que, estima-se, valem US$ 400 milhões, de um castelo na África do Sul e de uma mansão do século 18 em Sussex. O Wat Phra Dhammakaya, templo da seita budista mais abastada da Tailândia, ostenta centros de meditação em todo o mundo. O tamanho da fortuna da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, mais conhecida como a igreja Mórmon, é um mistério; afirma-se que a instituição possui investimentos de US$ 100 bilhões, incluindo fazendas de gado, um parque temático no Havaí e um shopping center em Utah. Templos, sinagogas e mesquitas assistem atentamente os preços dos imóveis aumentar.

(...) A internet tem sido tanto uma bênção quanto uma maldição. Um sermão virtual do arcebispo de Canterbury, em 2020, foi ouvido por 5 milhões de pessoas – mais de cinco vezes o número de fiéis que frequentavam a igreja semanalmente no Reino Unido antes da pandemia. Mas a participação online cobra um preço. Os fiéis param de frequentar os centros religiosos, e construções tornam-se obsoletas.

Por isso, grupos religiosos têm vendido imóveis mais rapidamente do que antes – ou estão explorando novos usos. Líderes em busca de um lugar no Céu estão aprendendo a vender ou alugar lugares na Terra. Testemunhas de Jeová, que têm 9 milhões de fiéis no mundo, venderam sua sede no Reino Unido. A Hillsong, uma gigantesca igreja australiana de 150 mil fiéis em 30 países, aluga teatros, cinemas e outros espaços para serviços dominicais.

Provavelmente a grande maioria não tem um valor atual dos imóveis. A venda pode significar receita, que pode ser usada para cobrir algumas das despesas. Mas parte destas é fixa e isto resolve o problema no curto prazo. 

Pfizer e seu resultado

 

A empresa Pfizer divulgou seus resultados de 2021 na terça. Com lucro de 22 bilhões de dólares e receita de 81 bilhões, a aposta da empresa na luta contra a Covid mostrou um sucesso também financeiro. Em 2021 a receita aumentou de 42 bilhões para 81 bilhões em parte por conta da vacina, com receita de 37 bilhões. Em 2022 a previsão que a receita da vacina deve ser menor, 32 bilhões, mas será compensada por uma droga contra a Covid. 

Foram 3 bilhões de doses da vacina e isto significa que cada dose gera US$12 de receita ou um pouco mais de 60 reais a dose (este valor pode ser maior ou menor, conforme cada contrato; sabe-se que o governo de Israel, por exemplo, pagou um preço bem alto, mas garantiu as primeiras doses). 

Gráfico: aqui

Links


Como a pesca de arenque ajudou na igualdade de gênero na Islândia

Pub de 12 séculos está fechando na Inglaterra

Contabilidade nacional verde

Harford: a stripper, o congressista e uma indicação para comissão do orçamento do Congresso

Caetano Veloso, pela New Yorker

Rir é o melhor remédio

 

Para quem gosta de conselhos motivacionais ...

09 fevereiro 2022

KPMG e a demanda de US$1,8 bi

Para uma empresa com receita de 32 bilhões um pedido de indenização de 1,8 bilhão não parece muita coisa. A empresa de auditoria KPMG, uma das maiores do mundo, está enfrentando um processo na Inglaterra com conta do seu trabalho na Carillion. Trata-se de um lembrente para que o trabalho de auditoria seja mais sério. O processo originou do fato dos auditores não terem visto diversas "bandeiras vermelhas", tendo aprovado as contas da Carillion por três anos seguidos.

O valor solicitado decorre de dividendos pagos pela empresa antes da falência (210 milhões de libras), honorários profissionais para um serviço de qualidade ruim (31 milhões) e perdas comerciais (1 bilhão).

Trata-se de um dos maiores pedidos de indenizações contra um auditor do mundo. A KPMG alega que a responsabilidade pelo fracasso da Carillion é do conselho e da administração da empresa. Entretanto, recentmente reconheceu que andou manipulando reuniões, atas e planilhas.

Cartoon aqui

KPMG do Canadá investe em Criptomoeda


A KPMG do Canadá anunciou que estaria adicionando no seu ativo criptomoedas. Geralmente os contadores são considerados conservadores e adeptos do status quo e tal anúncio pode ter dois significados. O primeiro, a entidade ganha a imagem de moderna e diferente dos concorrentes. Mas pode existir uma segunda explicação: a empresa está enroscada no Reino Unido e seria uma forma de jogar uma cortina de fumaça.

Outra possível explicação é que a filial atuou no mercado de maneira bem reduzida e independente da matriz. A decisão do braço canadense pode não revelar a posição da empresa no mundo. Afinal, a notícia não revela o valor do investimento. A KPMG tem sede na Europa, com receita de 32 bilhões de dólares. 

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Empresas que recebem subsídios do governo tendem a evidenciar mais - as empresas divulgam para ajudar os políticos e reduzir os custos do escrutínio público

Desde 2010, os governos mundiais concederam 5 trilhões de US$ em subsídios para combustíveis fósseis - o ponto positivo é que 2020, o último ano da série, o valor foi o menor. Mas a previsão para 2021 é ruim. (Tabela acima)

Cientistas estão dizendo que os modelos de previsão de clima estão errados: o papel da nuvem - aquela que fica no céu - não foi considerado de forma adequada e não temos computadores com capacidade de cálculo para tal. 

Créit Suisse pode pagar uma mula de 46 milhões de dólares por ajudar traficante búlgaro

Rir é o melhor remédio

 

Significado da bandeira da Argentina. 

08 fevereiro 2022

O que usamos para mensurar?


No passado tínhamos um jargão: custo como base de valor. Entre a consistência de medir todos os elementos do patrimônio por um único método e escolher o melhor método para cada caso, a contabilidade indicava o primeiro caso. 

A adoção das normas internacionais de contabilidade muda esta filosofia. Agora o que importa é escolher a "melhor" medida em cada situação. É bem verdade que o termo melhor pode ter várias interpretações; para as normas, corresponde a melhor representação de cada situação. Mas já discutimos aqui que nem sempre isto deveria significar a representação fiel. 

A tabela acima é o resultado preliminar de uma pesquisa realizada por Acilon Souza, para sua tese de Doutorado. Mostra as quatro possibilidade de mensuração, para as companhias abertas, ao longo de 2014 a 2019. Apesar de custo não ser mais a base de valor, ainda é a forma de mensuração mais usada: quase 3/4 dos casos. O valor justo está presente em 17% dos casos e o restante divide entre valor presente e MEP. 

Lucro da Apple é de 100 bi no ano

 



Como a pandemia fez bem para a Apple. O gráfico mostra que o lucro da empresa explodiu, sendo 35 bilhões no último trimestre. 

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Os piores do ano no Framboesa

Custo de logística da Amazon dispara

Ronaldo, jogador de futebol de Portugal, possui 400 milhões no Instagram

06 fevereiro 2022

Aramco pode emitir mais ações


A Arábia Saudita retomou os planos de listar mais ações da Aramco, a petroleira mais valiosa do mundo, segundo pessoas familiarizadas com a estratégia. O governo quer vender até US$ 50 bilhões em papéis da empresa, o que representa cerca de 2,5% de participação na estatal.

(...) A listagem de ações seria, de longe, a maior da história do mercado de capitais e poderia ser difícil de ser realizada. A empresa estabeleceu o recorde anterior de maior oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês) do mundo em 2019, quando levantou US$ 29,4 bilhões na Tadawul, ou bolsa de valores saudita.

(...) A listagem de 2019 foi uma versão reduzida das ambições originais da empresa, que planejava vender 5% da empresa por até US$ 100 bilhões, inclusive em uma grande bolsa internacional. Mas os investidores internacionais desconfiaram das questões de governança e do preço das ações, que avaliaram a empresa em US$ 1,7 trilhão. O IPO apenas doméstico acabou listando 1,5% da petroleira.

Via aqui

Anteriormente, a Arábia Saudita teve problemas em lançar as ações no exterior por conta do preço do petróleo e da questão política - leia-se o assassinato de Jamal Khashoggi. Os planos originais incluíam uma grande bolsa internacional. Mas o governo teve que contentar com uma IPO doméstica, onde as compras de ações ocorreram por pressão do governo.

O momento político mudou: a pressão sobre o governo já não existe mais. Além disto, há sinais de uma crise energética em um futuro próximo; alguns dizem que esta crise é decorrência das questões ambientais. A crise da Rússia e Ucrânia pode ajudar. 

Em termos de lucro, a Aramco é muito lucrativa; sua estrutura é relativamente enxuta e o custo de produção é muito baixo, o que faz com que o ponto de equilíbrio seja muito interessante. 

Leia mais aqui

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Imposto explicado neste vídeo

05 fevereiro 2022

História da Contabilidade: Academia de Comércio do Piaui, em 1944


Em 1944, no jornal Gazeta, edição 1474 (e outras edições), a Academia do Comércio do Piauí publicava um Aviso para Matrícula, com os seguintes dizeres:

Os diretores da Academia de Comercio do Piauí (1), avisam aos interessados que, de hoje a 14 de março próximo estarão abertas neste estabelecimento as matriculas (2) para o CURSO COMERCIAL BASICO (Antigo Propedêutico), para o CURSO DE CONTADOR (3) (2a. e 3a. séries) e para os CURSOS TÉCNICOS DE ADMINISTRAÇÃO E CONTABILIDADE.

Para a matrícula nos dois últimos cursos deverá o candidato apresentar os seguintes documentos:

a) certificado de conclusão do antigo curso propedêutico; certificado de conclusão do curso ginasial, diploma do curso normal, ou, ainda, certificado de conclusão do 1o. ciclo do curso normal (inciso II do artigo 21 da nova lei organica do ensino comercial);

b) atestado de sanidade (4), de que conste não sofrer o candidato de moléstica infeto-contagiosa, inclusive do aparelho visual;

c) atestado de vacinação ou revacinação (5) recente. (...)

Algumas poucas observações:

(1) Academia de comércio - este termo tornou-se popular a partir da chegada da família Real. Correspondia a mesma academia aberta por Pombal em Portugal, que no Brasil foram abertas em várias cidades a partir de 1808. Sem dúvida, tornou-se parâmetro para o ensino comercial no país

(2) Vejam a divisão dos cursos. Recentemente publicamos um esclarecimento sobre a estrutura de curso existente no Brasil.

(3) A terminologia Contador não significa curso superior aqui, obviamente. 

(4) o termo "sanidade" não possui relação com doença mental

(5) o atestado de vacina era uma exigência. 

História da Contabilidade: venham verificar o que eu fiz


 Anúncio de 1941, na cidade de Vitória, Pernambuco. O Escritório de Contabilidade pede aos clientes para "virem verificar os seus trabalhos no fim de cada mês". O jornal é O Vitoriense.

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 Fiscalização do imposto de renda

04 fevereiro 2022

Facebook e o fracasso da sua criptomoeda


Há alguns meses, o Facebook anunciou com grande alarde a criação de uma moeda. Em parceria com algumas empresas com nome na área financeira, como Paypal e Visa, a empresa que possui uma grande participação nas redes sociais, parecia ser uma ameaça para os bancos tradicionais e os próprios bancos centrais.

Se o surgimento da moeda foi notícia, quase não se fala do seu fracasso. Um artigo do The Washington Post , de autoria de Elizabeth Dwoskin e Gerrit De Vynck, deixa claro que os problemas da moeda estão relacionados com conflitos internos e questões regulatórias:

Diem foi efetivamente condenado desde o início, disseram pessoas familiarizadas com o tema. Foi anunciado em 2019, com grande alarde, sob o nome de Libra. Os governos estrangeiros, os membros do legislativo e reguladores expressaram medos sobre o projeto de imediato, dizendo que o Facebook não estava preparado para resolver as preocupações com lavaem de dinheiro, proteção ao consumidor e outros riscos financeiros em potencial.

É bom lembrar que meses antes a empresa tinha sido um grande fracasso em controlar a manipulação da rede durante as eleições e existiam denúncias de venda de informações dos usuários para a Cambrigde Analitys. Afinal, como confiar um tema tão sensível à uma empresa com tão baixa credibilidade? Agora temos o seguinte:

Dois anos depois, após uma mudança de nome para Diem e uma revisão do projeto, para que fosse atrelado ao dólar dos Estados Unidos, criando mais estabilidade, [o projeto] enfrentou uma resistência maior dos reguladores, que disseram que a empresa agia de maneira arrogante. 

Alguns chegam a dizer que a reputação e confiança condenaram o projeto desde o início. Diversos episódios fortaleceram esta análise, como o ataque ao Capitólio e monitoramento da rede em diversos países. 

Foto: Kate Winegeart

Sobrepeso e corrupção

The more overweight the government, the more corrupt the country, according to a new study of 15 post-Soviet states. The study’s author, Pavlo Blavatskyy of Montpellier Business School in France, used an algorithm to analyse photographs of almost 300 cabinet ministers and estimate their body-mass index (BMI), a measure of obesity.

O estudo já não é tão recente, mas a conclusão é inusitada. Via The Economist

O uso inexplicável de uma tecnologia


Como o uso da tecnologia pode ter uma razão inexplicável. Eis um caso: 

Em 2018, a equipe do Facebook tinha um quebra-cabeça nas mãos. Os usuários cambojanos representavam quase 50% de todo o tráfego global da função de voz do Messenger, mas ninguém na empresa sabia o porquê, de acordo com documentos divulgados pela denunciante Frances Haugen.

Um funcionário sugeriu a realização de uma pesquisa, de acordo com documentos internos visualizados por Resto do mundo Tinha a ver com baixos níveis de alfabetização. eles se perguntaram? Em 2020, um estudo do Facebook tentou perguntar aos usuários em países com alto uso de áudio, mas só conseguiu encontrar um único entrevistado do Camboja, mostraram os mesmos documentos. O mistério, ao que parecia, permaneceu sem solução.

Surpreendentemente, a resposta tem menos a ver com o Facebook e mais com a complexidade da linguagem Khmer, e com a maneira como os usuários se adaptam a uma tecnologia que nunca foi projetada com eles em mente.

No Camboja, todos, desde motoristas de tuk-tuk até Primeiro Ministro Hun Sen prefere enviar notas de voz em vez de mensagens. O estudo do Facebook revelou que não eram apenas os cambojanos que favorecem as mensagens de voz - embora em nenhum outro lugar fosse mais popular. No estudo, que incluiu 30 usuários da República Dominicana, Senegal, Benin, Costa do Marfim e o único cambojano, 87% dos entrevistados disseram que usavam ferramentas de voz para enviar notas em um idioma diferente daquele definido em seus aplicativos. Isso aconteceu no WhatsApp - a plataforma mais popular entre os entrevistados - junto com o Messenger e o Telegram.

No caso do Camboja, nunca houve uma maneira fácil de digitar Khmer. Enquanto Khmer Unicode foi padronizado bastante cedo, entre 2006 e 2008, o próprio teclado ficou para trás. Os desenvolvedores do primeiro teclado de computador Khmer tiveram que acomodar os 74 caracteres do idioma, o máximo de qualquer script do mundo.

Fonte: aqui

Links


 Emprego informal e seguro imperfeito no Brasil

Onde a criptomoeda é mais usada? (mapa acima)

Computação quântica tem futuro? - parece que não e isto pode estar retirando dinheiro de outras pesquisas

Financiando ciência via Vale do Silício

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 Quando você cita o blog

03 fevereiro 2022

Crime precisa ter um bom contador?


Usando dados da máfia italiana, a resposta é SIM. Eis o abstract: 

We investigate if organized crime groups (OCG) are able to hire good accountants. We use data about criminal records to identify Italian accountants with connections to OCG. While the work accountants do for the OCG ecosystem is not observable, we can determine if OCG hire “good” accountants by assessing the overall quality of their work as external monitors of legal businesses. We find that firms serviced by accountants with OCG connections have higher quality audited financial statements compared to a control group of firms serviced by accountants with no OCG connections. The findings provide evidence OCG are able to hire good accountants, despite the downside risk of OCG associations. Results are robust to controls for self-selection, for other determinants of auditor expertise, direct connections of directors and shareholders to OCG, and corporate governance mechanisms that might influence auditor choice and audit quality.

O paper pode ser acessado aqui, via aqui. Foto: Rezaei

Um exemplo de decisão empresarial ruim


As livrarias estão lotadas de obras descrevendo decisões sábias das empresas. Mas poucas obras analisam os erros. A vida empresarial é feita de muitos erros e poucos acertos. Mas os empresários de sucesso divulgam os "grandes" acertos, que muitas vezes é muito mais sorte do que uma decisão pensada e planejada. 

Gosto muito do exemplo a seguir, da Yahoo, se bem que são várias decisões ruins. Vejamos

1998 - a Yahoo recusa comprar o Google por US$1 milhão

2002 - a Yahoo oferece comprar o Google por 3 bilhões, mas o Google queria 5 bilhões. A Yahoo recusou a oferta

2006 - Yahoo quer comprar o Facebook por 1,1 bilhão, mas seu CEO baixou a oferta para 800 milhões e o Facebook recusou

2008 - A Microsoft ofereceu comprar a Yahoo por 44,6 bilhões, mas a empresa recusou

2016 - A Verizon comprou a Yahoo por 4,6 bilhões. 

Da mesma empresa, comprou Tumblr por 1,1 bilhão e vendeu por 3 milhões, seis anos depois.

Links

 

Quase todos os sites estão presos em um sistema de capitalismo de vigilância, no qual roubam dados ou dependem de tecnologia que rouba dados." - sobre as razões dos principais meios de comunicação não lutarem pela regulamentação da publicidade de vigilância

Com inflação oficial de 36%, o presidente da Turquia demitiu a pessoa responsável pelo cálculo da inflação

Quem é Joe Rogan, que causou um grande problema com suas opiniões (ou fake news) para o Spotify



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 Estudando contabilidade 

02 fevereiro 2022

IPSASB propõe mudanças na EC do Setor Público


A entidade que emite normas para o setor público, o IPSASB, está propondo diversas alterações na Estrutura Conceitual. Parte das mudanças reflete as alterações ocorridas em 2018 na Estrutura do Iasb, na qual as normas do setor público são inspiradas. 

A proposta ainda está na fase da minuta, mas podemos destacar aqui quatro alterações relevantes.  

Prudência - O antigo termo conservadorismo sempre foi marcado por polêmica e a mudança de nome, para prudência, não eliminou os problemas. Há uma acusação que o excesso de prudência pode descaracterizar a mensuração contábil e impedir a representação fiel. Se a presença da prudência traz problemas, a ausência pode ser muito pior. Os políticos perceberam isto durante a crise de 2008 e pressionaram para que o termo estivesse presente na estrutura conceitual. Além disto, incorporar a prudência na Estrutura é reconhecer algo que já fazemos na prática: o teste de recuperabilidade e o custo ou mercado são situações práticas onde a prudência domina. 

As cabeças pensantes do Iasb e do Fasb apostaram na neutralidade. Mas em 2018, o termo retorna na EC do Iasb de uma forma torta e confusa. Sem retirar a representação fiel e a neutralidade, o Iasb disse que seria possível a convivência com a prudência. O IPSASB resolveu bater na mesma tecla e repetiu a dose na proposta: a neutralidade é suportada pelo exercício da prudência e isto significa o exercício da cautela quando fazer julgamentos em condições de incerteza - ou seja, sempre. 

Nesta situação, a prudência não seria subestimar as receitas e ativos, nem subestimar as despesas e passivos. Mas como fazer esta mágica não é explicado. Talvez o Iasb quisesse dizer: seja conservador, ma non tropo. Na proposta, os argumentos se repetem nos itens 3.14 e 3.15. Mas mais adiante, no item BC3,16 e 17, o IPSASB reconhece que a não inclusão da prudência nas características qualitativas da informação é problemática. 

Materialidade - Assim como o conservadorismo perdeu terreno para a representação fiel, a materialidade também cedeu espaço para relevância. Mas uma vez que o próprio Iasb está revendo o termo em termos da preparação das demonstrações e no âmbito dos erros e estimativas, através da emenda ao IAS 1 e IAS8, o IPSASB resolveu acrescentar algumas mudanças neste sentido. Mais ainda, o IPSASB considerou que o termo obscuring information é importante para o setor público. 

A própria entidade entende que em lugar de ser uma restrição, a materialidade é um aspecto qualitativo. Mas de forma incoerente, manteve a materialidade como subitem de restrição. 

Ativo - os chamados elementos são essenciais para a contabilidade. A definição de ativo, para o setor público, seria de "um recurso controlado presentemente pela entidade, como um resultado de eventos passado". A definição proposta não inclui nenhum termo que possa lembrar "fluxo esperado". E assim como o Iasb, mantém os três elementos: recurso (recurso econômico no caso do Iasb), controle e eventos passados. Há outras pequenas diferenças, como o fato do Iasb usar "past events" - no plural - e o IPSAB usa o termo no singular. 

Passivo - o termo passivo agora enfatiza a transferência de recursos como resultado de eventos passados. As diferenças entre a definição do Iasb e do IPSASB são similares as listadas anteriormente, para o ativo. Diante da mudança da definição, há uma mudança no texto sobre os critérios relacionados com o termo. 

Fortalecendo o ISSB


Em meados do ano passado, a Fundação IFRS anunciou que estava interessada em criar uma entidade que pudesse trabalhar, de forma exclusiva, com a questão da sustentabilidade. A oficialização desta entidade aconteceu durante o encontro ocorrido em novembro, na Escócia, quando foi anunciada a criação da ISSB. 

Um dos pontos sobre o processo de criação é que a nova entidade parecia ser mais uma, dentre as dezenas existentes, que trabalham com a regulação de evidenciação na área ambiental, social e de governança. Assim, um dos desafios era a legitimação da entidade e, por consequência, do seu trabalho. A nova entidade conseguiu resolver em parte este problema: duas entidades prometeram se juntar ao trabalho da ISSB. A primeira entidade é a Value Reporting Foundation, cuja associação está marcada para meados de 2022. A segunda entidade é a Climate Disclosures Statements Board (CDSB), menos conhecida, mas que oficializou o matrimônio com a ISSB agora. Uma das vantagens para o ISSB é que a entidade pode usar o trabalho já realizado pelo CDSB e VRF, enquanto não produz suas próprias normas. Previsto para começar a funcionar na metade do ano, a produção de normas para áreas tão complexas pode demorar um pouco. 

Somente no final do ano é que o Chairman foi escolhido. Em janeiro, a vice também foi anunciada e neste mês, fevereiro, começam as entrevistas para preencher as cadeiras que faltam. 

Foto: Sandy Millar

Climate Disclosure Standards Board (CDSB)

Fundos ESG e a manipulação da ingenuidade do investidor

Investir em fundos que sejam sustentáveis, com empresas de elevada governança e cuidado com os recursos humanos, passou a ser a nova moda do mercado. Segundo Lance Roberts, The Epoch Times (via aqui) o assunto ESG em Wall Street virou sinônimo de roubo de investidores ingênuos. Se em 2008 os fundos ESG correspondiam a zero por cento do total de fundos, hoje o valor investido é superior a 16 trilhões. Significa que Wall Street mudou? Provavelmente não, pois parece não passar de um modismo, segundo os dados de Roberts.

Na tabela, lado esquerdo, um fundo com "ESG" no nome e sua carteira. No lado direito, um fundo normal. O primeiro cobra uma taxa de 0,25% e o segundo 0,09%, mas a composição é praticamente a mesma. Muitos dos fundos sequer inclui o risco de desmatamento na análise. Outro dado, o BNP Paribas é o principal financiador de combustível fóssil, mas possui "investimentos sustentáveis" para seus clientes. Finalmente, um último dado: dos 253 fundos que mudaram seu foco para ESG, em 2020, nos Estados Unidos, 87% foram simplesmente renomeados, incluindo palavras como "sustentável" ou "verde" no nome, sem mudar sua carteira. 

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Versão medieval de logos corporativos



Rir é o melhor remédio

 


01 fevereiro 2022

Valor da Coca-Cola e a Sustentabilidade

Rajgopal, em um artigo para Forbes, faz um cálculo importante sobre qual o valor do acionista da Coca-Cola. Com um valor de mercado de 235 bilhões de dólares no momento do cálculo, pode-se somar a este valor as empresas privadas associadas à Coca-Cola. Assim, a empresa teria um valor total de mercado em torno de 300 bilhões.

Em um mundo com uma longa preocupação com a sustentabilidade, a empresa de consumo não é um bom exemplo e recomendação para investir. Além de contribuir com a poluição, em razão dos restos de produtos que são lançados na natureza, a Coca-Cola também é responsável pela redução da qualidade de vida dos consumidores, já que seus produtos não são realmente saudáveis. Assim, o impacto da Coca-Cola não entra neste valor de mercado e Rajgopal tenta fazer uma estimativa.

Para isto é necessário identificar as externalidades negativas da empresa, o seu custo social. O autor foca na emissão de carbono, no uso de água, nos produtos não reciclados e nos custos incrementais pelo consumo dos seus produtos. Todos estes itens precisam ser mensurados.

Carbono – usando uma estimativa de US$100 por tonelada de carbono emitido e considerando 53 milhões de toneladas anuais, uma taxa de desconto de 5%, tem-se um valor de US$106 bilhões: (53 x 100 / 0.05).

Água – usando as estimativas de uso de água nas terras agrícolas que fabricam açúcar para as bebidas da empresa e novamente uma taxa de 5%, o autor chega a um valor de 60 bilhões.

Garrafas plásticas – isto é bem difícil e a estimativa do autor é de um custo social de 50 bilhões

Custo de saúde – que inclui os custos incrementais em razão da diabete, provocada pelo consumo dos produtos da Coca-Cola, com um valor de 168 bilhões.

Somando temos 384 bilhões, que o autor acrescentou um gasto pelo lobby da empresa de 2 bilhões (o valor é tão pequeno que não aparece no gráfico abaixo), totalizando 386 bilhões.

Recomendo a leitura das notas do texto para uma explicação mais detalhada do cálculo. Um ponto importante é que o autor obteve os valores a partir dos relatos que são divulgados.



Previsão do futuro e Café


Para os amantes do café, eis um aplicativo interessante, que usa uma tradição oriental de leitura do futuro a partir da borra do produto. Eis um resumo do que se trata:

Todos os dias, mais de um milhão de usuários do Faladdin enviam fotos de suas moagens de xícaras de café, e a equipe de Taşdelen fornece "leituras" personalizadas em 15 minutos. Dessas leituras, 700.000 estão em turco, 200.000 em árabe e 100.000 em inglês. Com sua publicidade extravagante e reivindicações bombásticas, o aplicativo certamente está pronto para zombaria. No entanto, desde o seu lançamento no início de 2017, mais de 20 milhões de pessoas, principalmente da Turquia e do Golfo Pérsico, baixaram Faladdin.

Parece brincadeira, mas não é. Um milhão de leituras por dia é bastante razoável, não? A empresa possui uma receita com anúncios, que ajuda a bancar 30 funcionários, com planos de expansão. 

Será que um contador pode usar os serviços da empresa para fazer seu teste de impairment? Chute por chute, o do café parece mais razoável ...

Rir é o melhor remédio

 

Só tem uma forma do pedido ser realizado

31 janeiro 2022

Cinco Motivos para ter Orgulho da Contabilidade

Em uma roda de amigos, você precisa de argumentos para vangloriar da profissão que escolheu. Ou então, você comunica aos seus pais a escolha da profissão e eles não entendem. Em um encontro, você diz o que faz e precisa mostrar que isto pode ser importante. Bom, depois de alguns poucos anos na profissão (afinal, nem todo mundo me conhece) eu fiz uma lista de argumentos para que você possa se orgulhar de trabalhar com contabilidade. 

Eis a minha lista dos CINCO MOTIVOS PARA TER ORGULHO DE TRABALHAR COM CONTABILIDADE:

1. O primeiro nome que os historiadores conhecem, ou seja, o nome que está no registro mais antigo já encontrado, é de um contador. Apareceu em uma relíquia arqueológica, encontrada na cidade de Uruk. Há uma registro de cevada recebido por Kushim, que é o primeiro nome da história que conhecemos. Não é um general ou um rei. Mas é um contador. Aproveite e cite que isto está no livro Sapiens, de Hariri. 

2. Se você tivesse que citar os dois maiores escritores da língua portuguesa, quem você citaria? A lista pode ser controversa, mas provavelmente Machado de Assis e Fernando Pessoa seriam lembrados. Sabe o que eles possuem em comum? Ambos trabalharam com contabilidade. Machado de Assis trabalhou no Ministério de Obras e Viação e foi responsável pelas contas públicas da repartição. Há trabalhos que mostram este fato. Fernando Pessoa chegou a ser editor de um periódico de contabilidade. 

3. Já que estamos falando de pessoas conhecidas, durante muito tempo a contabilidade foi um porto seguro para artistas que não sabiam o que desejavam da vida. No Brasil há uma extensa relação de pessoas que estudaram contabilidade, inclusive fizeram o curso de técnico em contabilidade: Milton Nascimento, Paulinho da Viola e Zico. Está bom, pois a lista é grande. Lá fora também temos artistas como Mick Jagger, Kenny G ou John Grisham. 

4. A contabilidade foi um dos fatores responsáveis pela expansão do capitalismo. No livro A Mensuração da Realidade, Crosby aponta três fatores responsáveis pela quantificação da sociedade ocidental, no período anterior à revolução industrial: a pintura, a música e a contabilidade. O economista político Sombart, que viveu entre 1863 e 1941 destacou o papel da contabilidade no processo do surgimento e consolidação do capitalismo. E Sombart não foi o único a fazer esta ligação. 

5. Há uma ligação entre a boa contabilidade e o desenvolvimento de um país. Segundo as palavras de Soll, no livro The Reckoning, "se há alguma lição histórica a ser aprendida aqui, é que as sociedades que conseguiram aproveitar a contabilidade como parte da sua cultura geral, floresceram". As evidências mostram que levar a contabilidade a sério permitiu que a Grécia, Roma, as cidades italianas, Holanda, entre outras civilizações, pudessem aproveitar melhor seus recursos e desenvolver. Quando não fizeram, a ruína chegou rápido. 

Com estes cinco argumentos é impossível que as pessoas não respeitem sua escolha. E certamente irão entender o motivo do seu orgulho. Use e abuse. Eis a cola: