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10 março 2021

Mudança de Visual

 

Algumas empresas estão fazendo uma mudança no logo. Foco é a simplicidade. Via Bloomberg

Custo de entrada, Queima de Caixa e Remuneração dos Acionistas


Os carros elétricos tornaram-se o "futuro" da indústria automobilística. Há controvérsias se são adequados para um ambiente mais sustentável, mas o certo que a batalha entre os elétricos e os modelos tradicionais parece estar pendendo para os primeiros. 

Quando comparamos os novos fabricantes - liderados pela Tesla - e os fabricantes atuais, a questão da competição entre estes dois grupos deve levar em consideração o custo de entrada, a queima de caixa e a remuneração dos acionistas.

A indústria tradicional (GM, Volks, Toyota e outros) estão sob a ameaça de uma mudança tecnológica que poderá tornar obsoleto o carro movido a derivado do petróleo. O dilema destes fabricantes é que para entrar na briga eles precisam de dinheiro para "queimar". Isto inclui fazer investimento em novos modelos e novos processos de produção. Mas este grupo precisa também de distribuir dividendos para seus acionistas. E não sobra recurso para ambos.

Os novos concorrentes conseguiram obter recursos via financiamento e a captação via mercado acionário. Alguns deles possuem uma grande reserva de caixa para queimar, podendo ter fluxo operacional negativo e grande saídas com investimento. Além disto, o acionista sabe que este é um jogo arriscado e não espera dividendos neste momento. E isto dispostas a destruir a indústria tradicional.

Neste ambiente, os fabricantes de carros elétricos estão reduzindo cada vez mais o preço dos modelos. E estão fazendo isto em razão da elevada concorrência, que não se resume somente a Tesla.

As empresas tradicionais resolveram investir. GM e Ford deverão gastar mais de 20 bilhões cada. A Volks disse que seu investimento na linha de carros elétricos será de quase 90 bilhões nos próximos cinco anos. 

As montadoras tradicionais podem enfrentar um outro problema: os fabricantes novos planejam entrar no mercado de picapes. Este é o produto mais rentável. Mais concorrentes neste segmento significa redução no preço e nas margens. E menos dinheiro para as tradicionais empresas. Entre as montadoras tradicionais, quem estiver mais atrasada ou depender mais de captação de recursos, talvez não sobreviva. 

Imagem: Tokyo EV

Crise? Na contabilidade?

 

O crescimento anual da receita de 100 maiores empresas de contabilidade está plotado no gráfico. E olha a surpresa aí: 2020, o ano da pandemia, a receita destas empresas cresceu. É bem verdade que a taxa foi menor que nos anos anteriores, quando o crescimento anual estava entre 6 a 9%. Mas foi o ano da crise para muitas pessoas. 

A Era de Ouro da Ignorância

Não concordo, mas Tim Hadford é provocativo ao afirmar que estamos na era de ouro da ignorância:

(...) Como chegamos a isso? A explicação mais simples - para reaproveitar uma frase do ex-secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Larry Summers - é: “Existem idiotas. Olhe em volta." Mas embora haja uma certa satisfação visceral nessa explicação, há muito mais coisas acontecendo.

Robert Proctor, um historiador, cunhou o termo “agnotologia” [vide aqui] para descrever o estudo acadêmico da ignorância. Ele se interessou pelo fenômeno depois de estudar o esforço bem-sucedido da Big Tobacco para semear dúvidas sobre as evidências científicas sobre os riscos dos cigarros.

Três elementos [ajudam a explicar isto e] vale a pena destacar - nenhum deles [é] inteiramente novo.

Primeiro, distração. É possível que as pessoas gastem horas todos os dias consumindo o que é descrito como “notícias”, sem nunca se envolver com nada significativo. Algumas distrações são óbvias: fazer o sudoku não ajudará você a entender as implicações do acordo comercial pós-Brexit, assim como olhar para fotos de celebridades.

(...) Em segundo lugar, tribalismo político. Em um ambiente polarizado, toda afirmação factual se torna uma arma em um argumento. (...)

As distrações nos impedem de prestar atenção ao que importa, e o tribalismo político nos faz rejeitar evidências que colocam nossa tribo em uma posição ruim. Combine os dois, adicione esteróides e você terá o terceiro elemento da era da ignorância: o pensamento conspiratório.

Os pensadores da conspiração dedicam enorme energia mental para extrair significado de trivialidades. Evidências esmagadoras podem ser descartadas como notícias falsas fabricadas pela conspiração. Então, a ignorância pode ser banida? Não é fácil. David McRaney, criador do livro e podcast You Are Not So Smart , e Adam Grant, autor de Think Again , oferecem conselhos semelhantes: não comece com os fatos.

Em vez disso, estabeleça um relacionamento, faça perguntas e ouça as respostas. (Desnecessário dizer que isso é muito mais fácil em uma conversa na vida real do que nas redes sociais.) 

(...) Em vez de tentar esclarecer outra pessoa, sugiro que cada um de nós comece com seus próprios pontos cegos. Estamos todos distraídos. Todos nós também temos tribos: sociais, senão políticas. Somos todos vulneráveis, então, a acreditar em coisas que não são verdadeiras. E somos igualmente vulneráveis ​​a negar ou ignorar verdades importantes. Devemos todos desacelerar, nos acalmar, fazer perguntas e imaginar que podemos estar errados. É um conselho simples, mas muito melhor do que nada. É também um conselho muito fácil de ignorar.

Minha opinião é que a ignorância sempre existiu. Talvez agora seja mais fácil de mapear.

Imagem: aqui

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 Como o sucesso acontece

09 março 2021

Clima e relatório para instituições financeiras


Duas semanas depois da eleição do presidente Joe Biden, o Partnership for Carbon Accounting Financials (PCAF) lançou o primeiro Global Greenhouse Gas Emissions Accounting and Reporting Standard for the Financial Industry.

Com estes padrões, as instituições financeiras podem medir e divulgar suas emissões em razão dos empréstimos e financiamentos (e investimentos) que fizeram. 

Aqui um relatório de um funcionário das Nações Unidas sobre a questão do clima e as instituições financeiras.

A Febraban, uma entidade que reuni as instituições financeiras brasileiras, está apoiando este esforço e foi citada em um relatório de um Força-Tarefa sobre Divulgações Relacionadas com o Clima (TCFD).

Mudança na definição de Estimativas Contábeis


O Iasb (via aqui), entidade que emite normas contábeis de contabilidade financeira, está propondo uma alteração em um antiga norma, o IAS 8. Esta norma trata da questão de políticas contábeis e estimativas contábeis. A proposta é que a norma entre em vigor em 2023. 

A distinção é importante, pois mudanças de políticas contábeis tem um efeito retroativo. Já as mudanças nas estimativas contábeis são registradas em termos prospectivo. Ou seja, é um assunto com impacto nas demonstrações contábeis de muitas empresas. 

Achei interessante a proposta de definição de estimativa contábil. Segundo a proposta as estimativas são “valores monetários nas demonstrações financeiras que estão sujeitos à incerteza de mensuração”. Bastante abrangente, não? 

Imagem: aqui

Auditoria de ESG


Os relatórios que combinam as questões sociais, ambientais e de governança estão na moda. Uma novidade é que os auditores podem contar com uma espécie de manual para o trabalho na área.

Uma parceria entre o AICPA e o CAQ, o relatório pretende ajudar os auditores na questão relacionada com a ESG, sigla para os três termos (ambiente, social e governança). O documento pode ser obtido no link acima. 

Sorteio: Fraudes Contábeis

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 Concentração

08 março 2021

Confiança é Confiável

E já está no ar o Episódio #21 – A Confiança é Confiável? – da Série Ciência Aberta!

Neste episódio, conversamos sobre a pesquisa de dissertação de mestrado do PPGCont/UnB - A Confiança é Confiável? – da Pesquisadora Thais Mota Crabbi (UnB), orientado pelo Prof. Dr. César Augusto Tibúrcio Silva (PPGCont/UnB) e com apresentação do discente de graduação em Ciências Contábeis, Anderson Oliveira Menezes (UnB).



Malásia, Fundo Soberano e Deloitte

 


Já fizemos várias postagens sobre o assunto: um fundo soberano foi criado pelo governo da Malásia. Sua gestão sofreu a influência de um bon-vivant (foto), que aparentemente gastou parte dos recursos com festas, presentes caros para namorada (a atriz Miranda Kerr) e outros mimos. Além disto, um ex-presidente estava envolvido e foi preso pelo escândalo. 

O fundo, 1MDB, foi auditado pela Big Four Deloitte, que não viu alguns problemas da gestão. Para resolver as pendências com o governo da Malásia, a Deloitte concordou em pagar 80 milhões de dólares. Entre 2011 a 2014, a Deloitte atuou no fundo. Nada mal: em 2019 o governo da Malásia anunciou uma multa de 584 milhões.

Mais aqui, aqui

SEC cria uma força tarefa para o clima

 


A SEC, entidade que fiscaliza o mercado de capitais dos Estados Unidos, criou uma força tarefa, liderada pela vice-diretora de fiscalização da entidade, para tratar das questões de clima. A equipe irá verificar questões de má conduta relacionada não somente com o clima, mas também governança e questões sociais. Isto abrange a sigla ESG - ambiente, social e governança.

A equipe foi criada pela presidente interina da SEC, Allison Lee, mas provavelmente deverá persistir após a aprovação do novo presidente da SEC e sua nomeação. Afinal, o atual presidente, Joe Biden, prometeu em campanha fortalecer as políticas governamentais para o clima. 

O trabalho da força tarefa deverá incluir a análise das divulgações relacionadas com o clima, o que inclui distorções naquilo que é divulgado. Com isto, a SEC coloca o clima como uma das prioridades.

Recentemente um estudo mostrou que empresas dos Estados Unidos estavam atrás das similares europeias na questão relacionadas com o clima, a questão social e a governança. 

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 Semana, antes e depois do Covid

07 março 2021

Quando encerrar uma conversa...


Um estudo publicado em 1º de março na revista Proceedings of the National Academy of Sciences USA relata o que os pesquisadores descobriram quando subiram na cabeça dos locutores para avaliar seus sentimentos sobre quanto tempo uma determinada conversa deveria durar. A equipe descobriu que as conversas quase nunca terminam quando ambas as partes querem - e que as pessoas julgam muito mal quando seu parceiro deseja encerrar. Em alguns casos, porém, os interlocutores ficavam insatisfeitos não porque a conversa durasse muito, mas porque era muito curta. (...) 

No primeiro, eles questionaram 806 participantes online sobre a duração de sua conversa mais recente. A maioria deles aconteceu com uma pessoa importante, familiar ou amigo. Os indivíduos envolvidos detalhavam se havia um ponto na conversa em que desejavam que ela terminasse e estimaram quando foi em relação ao momento em que a conversa realmente terminou. (...) 

No segundo experimento, realizado em laboratório, os pesquisadores dividiram 252 participantes em pares de estranhos e os instruíram a falar sobre o que quisessem por um período de um a 45 minutos. Posteriormente, a equipe perguntou aos sujeitos quando eles gostariam que a conversa tivesse terminado e adivinhar a resposta do parceiro à mesma pergunta. (...) 

Mastroianni e seus colegas descobriram que apenas 2% das conversas terminaram no horário que ambas as partes desejavam e apenas 30% delas terminaram quando um dos dois queria. Em cerca de metade das conversas, as duas pessoas quiseram falar menos, mas o ponto de corte geralmente era diferente. Os participantes de ambos os estudos relataram, em média, que a duração desejada da conversa era cerca de metade da duração real. Para surpresa dos pesquisadores, eles também descobriram que nem sempre as pessoas ficam reféns de conversas: em 10% das conversas, os dois participantes do estudo desejaram que a conversa tivesse durado mais. E em cerca de 31 por cento das interações entre estranhos, pelo menos um dos dois queria continuar.

A maioria das pessoas também falha em intuir os desejos de seus parceiros. Quando os participantes adivinharam quando o parceiro queria parar de falar, eles erraram em cerca de 64% do tempo total da conversa.

Eu gostei desta parte aqui:

O fato de as pessoas falharem tão completamente em julgar quando um parceiro de conversa deseja encerrar as coisas “é uma descoberta surpreendente e importante”, diz Thalia Wheatley, psicóloga social do Dartmouth College, que não esteve envolvida na pesquisa. Por outro lado, as conversas são “uma expressão elegante de coordenação mútua”, diz ela. “E, no entanto, tudo desmorona no final, porque simplesmente não conseguimos descobrir quando parar.” Esse quebra-cabeça é provavelmente um dos motivos pelos quais as pessoas gostam de conversar enquanto tomamos um café, uma bebida ou uma refeição, acrescenta Wheatley, porque “o copo vazio ou o cheque nos dão uma saída - uma muleta crítica para o fim da conversa”.

Outro ponto interessante:

As descobertas também abrem muitas outras questões. As regras de conversação são mais claras em outras culturas? Quais pistas, se houver, os conversadores especialistas pegam? E quanto à dinâmica dos chats em grupo?

Acrescentaria também assunto, idade, gênero, ...

Fonte: aqui

Razão para ESG


Hoje, mais de $ 40,5 trilhões globalmente são investidos de acordo com princípios ambientais, sociais e de governança. Mas quem define o que constitui um investimento ESG e até que ponto podemos confiar nas declarações ESG emitidas por empresas? Precisamos de um conjunto de normas ESG genuinamente globais - e a Europa pode, e deve, desempenhar um papel de liderança na sua formulação e implementação.

Longe de ser uma questão puramente técnica, avaliar o desempenho não financeiro das empresas é uma questão profundamente política. O primeiro passo é a escolha de indicadores para medir o desempenho ambiental ou social de uma empresa. Depois, há a questão de estabelecer padrões ESG básicos que a Europa, os Estados Unidos ou a China exigirão de todas as empresas que desejam fazer negócios em seus mercados, bem como um quadro de referência que influenciará diretamente os fluxos financeiros e de investimento.

Fonte: aqui

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 Diversos de Nowak:





06 março 2021

Locais de filmagens no mundo

Um infográfico com os principais locais de filmagens em cada país aqui. Na América Latina, a natureza:

(Esperava que fosse o Cristo no caso do Brasil ou as Cataratas)

Ranking das Consultorias


 A seguir, a lista das 11 mais prestigiosas empresas de consultoria: 

1) McKinsey & Co. 

2) Boston Consulting Group 

3) Bain & Company 

4) Deloitte Consulting LLP 

5) PwC Advisory/Strategy 

6) Ernst & Young LLP Consulting Practice 

7) Accenture 

8) Booz Allen 

9) Hamilton Oliver Wyman 

10) EY-Parthenon 

11) KPMG LLP (Advisory)

Fonte: aqui

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Balanço bonito

05 março 2021

Mais sobre a ESG


Mais sobre relatórios relacionados com ambiente, social e governança: 

O Center for Audit Quality e o American Institute of CPAs divulgaram um guia na quarta-feira para relatórios e atestados ambientais, sociais e de governança para contadores.

O relatório, “Relatório e atestado ESG: um roteiro para profissionais”, oferece um plano que os auditores podem usar para fornecer garantia a seus clientes sobre divulgações ESG. Ele vem com estudos de caso de empresas que buscaram a garantia de auditor de suas informações ESG, incluindo Etsy, UBS e Vornado Realty Trust.

O CAQ e o AICPA divulgaram o relatório em um momento em que os investidores estão prestando mais atenção às divulgações ESG das empresas em meio à crescente demanda por fundos ESG à medida que aumentam os riscos das mudanças climáticas. O governo Biden prometeu se concentrar no combate à crise climática. Os contadores podem desempenhar um papel no fornecimento de garantia de que as divulgações ESG são precisas. Ao mesmo tempo, a parte social do ESG está se mostrando mais na forma como as empresas respondem às crescentes demandas por diversidade, igualdade e inclusão nas contratações e promoções.

Imagem aqui

Conselhos para uma boa aula online


A aula online é um desafio. Estamos aprendendo como melhorar nosso conteúdo. A seguir, 5 dicas para uma melhor aula 

De todas as coisas necessárias para o sucesso acadêmico, uma das mais essenciais é que os alunos tenham um bom relacionamento com seus instrutores.

Isso é particularmente verdadeiro na sala de aula digital, onde a pesquisa mostrou que os alunos que têm um bom relacionamento com seus professores são mais propensos a continuar com a aula e obter boas notas .

Como um instrutor de faculdade comunitária que estudou as perspectivas dos professores sobre o que é necessário para estabelecer um bom relacionamento com os alunos, observei cinco ações que acredito que todos os educadores deveriam realizar para construir melhores relacionamentos em suas aulas online.

1. Trabalhe em tempo real

Quando alunos e professores trabalham juntos em tempo real por meio de videoconferência é mais fácil manter o engajamento. Os professores podem observar os alunos sonolentos ou distraídos e ver se os alunos parecem confusos ou entusiasmados.

Usar transmissões ao vivo e zoom não deixa de ter seus problemas. Alguns alunos e professores podem não se sentir confortáveis ​​quando outras pessoas olham o ambiente de sua casa. Pode ser necessário dar a essas pessoas uma passagem ocasional quando as coisas estão especialmente barulhentas ou bagunçadas em casa.

Outros podem não ter uma banda larga ou o hardware necessários para se conectar em tempo real. No entanto, escolas e provedores de internet estão trabalhando para preencher as lacunas entre quem tem e quem não tem. Nesse ínterim, os professores podem postar gravações em vídeo das aulas para todos os alunos que faltarem às aulas devido a problemas de conexão com a internet.

2. Promova a colaboração

Os alunos se beneficiam não apenas quando constroem relacionamento com os professores - eles também se beneficiam quando constroem harmonia uns com os outros .

Quando os alunos recebem regularmente a oportunidade de resolver problemas e desenvolver a compreensão como parte de uma equipe, a sala de aula se torna um lugar mais respeitoso e produtivo. Também pode promover um ambiente mais acolhedor, e isso pode ser especialmente significativo para alunos introvertidos. Indivíduos tímidos podem achar uma sala de aula intimidante, e ter uma câmera na cara de alguém pouco ajuda a reduzir a autoconsciência. Quando nomes são conectados a rostos e rostos são conectados a alunos reais, imperfeitos e esforçados, um sentimento de comunidade é construído . Os alunos também têm a oportunidade de ver seu professor ajudando outros, o que pode ajudar os educadores a mostrarem seu desejo sincero de ajudar e responder a perguntas.

3. Compartilhe algo pessoal

Quando as pessoas falam sobre si mesmas, elas se tornam mais acessíveis. Compartilhar histórias pessoais ajuda os outros a compreender melhor uma pessoa. A pesquisa mostra que quando a incerteza sobre uma pessoa é reduzida, as pessoas ficam mais confortáveis com a pessoa e talvez até gostem dela.

O professor de comunicação Joseph Walther descobriu que relacionamentos significativos podem se desenvolver online se todos os envolvidos estiverem dispostos a revelar algo sobre si mesmos .

Isso não significa que uma aula inteira deva ser ocupada com reflexões autoindulgentes. Pequenas injeções de humanidade serão suficientes. Talvez o instrutor dê uma atualização ocasional sobre algo de sua vida pessoal, seja o progresso em seu fermento inicial ou sua incursão na apicultura. Dar uma olhada na vida familiar dos professores também pode ser apreciado, seja por meio de uma apresentação a uma criança ou de um rápido vislumbre do gato da família.

Compartilhar não deve ser uma rua de mão única. Os alunos também devem ter uma saída para a auto expressão. Isso pode significar escrever uma pequena biografia e compartilhá-la em um fórum de discussão da classe ou talvez fazer um vídeo TikTok relacionado aos conceitos do curso.

4. Lembre-se dos pequenos detalhes

Ao conhecer cada aluno e verificar regularmente, um professor pode identificar desafios e problemas com antecedência, abordando-os antes que fiquem fora de controle.

Além disso, quando os professores mostram interesse sincero em seus alunos como indivíduos, esses alunos se sentem mais seguros e com mais apoio . Mesmo pequenos gestos podem significar muito: anexar uma nota de congratulação a uma nota de boa tarefa; compartilhar um vídeo engraçado com alguém que está tendo um dia difícil; perguntando a um aluno sobre seu time favorito; ou postar um artigo interessante relacionado ao hobby de um aluno.

Para alguns estudantes universitários, apenas ter um professor que sabe seus nomes pode ser significativo. Quando os alunos sentem que o instrutor realmente se preocupa com eles e com seu sucesso, é mais provável que esses alunos se envolvam com o material do curso e com o professor.

Isso é especialmente importante quando os alunos estão experimentando níveis elevados de ansiedade durante a pandemia de COVID-19 .

5. Mantenha as aulas organizadas

Seja online ou presencial, os alunos precisam de estrutura para ter sucesso. Pelo que observei, quando os alunos têm instruções e horários simples e claros, sua incerteza é reduzida e, assim, a ansiedade excessiva pode ser evitada. Quando os alunos não estão sobrecarregados, eles são mais propensos a se conectar com outras pessoas, processar informações e sintetizá-las com sucesso.

Em última análise, a educação online tem muito em comum com a educação face a face . Nenhum dos dois está isento de desafios e alegrias, e ambos se beneficiam de um relacionamento forte entre aluno e professor.

Crime sem Castigo no Insider da Petrobras


Sobre o Insider da Petrobras. O presidente da república decidiu mudar a gestão da empresa e isto provocou uma queda nos preços. 

Duas ordens de compra foram realizadas naquele dia: uma de 2,6 milhões de opções, às 17h35, e outra às 17h44, de 1,4 milhão de papéis, ambas com preço de R$ 0,04. A movimentação revelada pelo jornal O Globo e confirmada pelo Estadão/Broadcast a partir de dados da B3, a Bolsa de São Paulo, indica que um investidor pode ter lucrado R$ 18 milhões com as opções, negociadas em volume que só faria sentido se ele realmente acreditasse que as ações iriam cair ao menos 8% no pregão seguinte.  

A hipótese mais provável, caso a infração se comprove, é de que a informação tenha vazado para um agente de mercado. A situação configura o chamado "insider" secundário, praticado por alguém sem ligação direta com a companhia e, por isso, de mais difícil comprovação. A Lei 13706/2017 criminalizou esse "insider" indireto, que pode envolver parentes de executivos, investidores, fundos e ex-administradores da empresa. Antes, apenas os "insiders" primários - que têm acesso à informação relevante na fonte e dever de sigilo, como diretores, conselheiros e controladores - podiam ser condenados pela Justiça.

O histórico de punição no Brasil não é muito bom:

De 2008 a 2018, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) abriu 54 processos sancionadores contra 158 acusados de "insider trading" (o termo usado no mercado para informação privilegiada), resultando em 66 condenações administrativas, segundo levantamento da FGV Direito-SP. Na esfera criminal, houve apenas uma sentença condenatória definitiva no País. 

Criminalizada em 2001, a conduta prevê pena de reclusão de 1 a 5 anos e multa de até três vezes o montante da vantagem obtida com o crime. Vinte anos depois, o Brasil teve apenas uma condenação definitiva - no caso da oferta da Sadia pela Perdigão - e nenhuma prisão. Em 2019, Eike Batista foi condenado a 8 anos e 7 meses de prisão, e a pagar multa de R$ 82,8 milhões, por insider com papéis da OSX, mas em primeira instância. Em 2017, os irmãos Joesley e Wesley Batista chegaram a ter prisão preventiva decretada pelo crime.  

Na esfera administrativa, a multa recorde aplicada pela CVM em um caso de insider foi de R$ 536,5 milhões, imposta a Eike Batista por negociar ações da OGX com base em informação privilegiada. A cifra corresponde a duas vezes e meia o valor das perdas evitadas pelo empresário com a operação. A segunda maior foi a pena de R$ 26,4 milhões ao banco suíço Credit Suisse, em 2010. 

Se a CVM não consegue punir os dirigentes da Petrobras pelo que aconteceu na empresa, imagine este tipo de operação. (Ontem postamos um pouco sobre o caso da Petrobras. No relatório disponível para o público fica a impressão de que a área técnica fez um esforço no sentido de punir os dirigentes, mas os diretores optaram pela absolvição.)

Foto: aqui

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 Antes e Depois da Faculdade

04 março 2021

Caso de Impairment da Petrobras


Li a enorme peça produzida pela CVM sobre o caso da Petrobras para as demonstrações contábeis de 2010 a 2014 (SEI 19957.005789/2017-71). O material pode ser dividido em quatro partes. A primeira é o relatório produzido pela área técnica da CVM, onde são considerados pontos relacionados com a UGC Refino, a Comperj e a Refinaria Abreu e Lima, a RNEST. A segunda parte é a defesa dos acusados, com diversos argumentos, inclusive contábil. A terceira parte é o segundo relatório da área técnica, onde alguns pontos da acusação existente na primeira parte foram deixados de lado. A quarta parte é o relato dos diretores da autarquia, basicamente absorvendo os acusados. 

Antes de qualquer coisa, gostaria de deixar claro que considero que o teste de impairment é uma regra subjetiva e como tal trata muito mais de uma opinião da empresa. Assim, julgar se ocorreu erro ou não somente em algum caso de um erro de cálculo grosseiro. 

No caso, a área técnica da CVM tenta argumentar contra dois pontos básicos que ocorreram na empresa: a própria Petrobras sabia que a Comperj e a RNEST não eram viáveis, segundo relatórios internos; e a empresa usou uma taxa de desconto inadequada para calcular os fluxos presentes, menor que a taxa usada no parque já instalado. Sobre o primeiro ponto, é possível imaginar que estes relatórios seriam provisórios e não devem confundir com o teste. Para o segundo, reproduzo parte do trecho do relator:

Os argumentos apresentados pela Companhia e trazidos pelas defesas me convenceram que os parâmetros utilizados nos cálculos das taxas de desconto não guardam relação obrigatória com o fato de a RNEST estar em estágio pré-operacional e as outras refinarias operando, sendo possível, portanto, que resultem em uma taxa menor para o ativo em construção, como de fato resultaram no presente caso.

O fato da taxa de desconto de um projeto novo ser menor que projetos existentes é algo estranho. Projetos já consolidados possuem um risco menor que um novo projeto. Pode ocorrer? Sim, mas não é usual. A empresa alega que a estrutura de capital do novo projeto era diferente. Mas realmente não convence. 

O relator indica que o uso da UGC para o teste de impairment pode ser "interessante" (este termo é meu):

Esse tratamento contábil, pelo qual a avaliação periódica dos valores recuperáveis é feita para a UGC, e não para cada ativo, pode fazer com que eles compensem entre si suas respectivas performances e que eventuais perdas individuais sejam absorvidas por ganhos em outras unidades. Com isso, o conjunto, ao fim do exercício, pode não ter qualquer desvalorização reconhecida em balanço, ainda que algum de seus componentes, caso fosse testado isoladamente, pudesse ter perdas reconhecidas.

Neste ponto, o relator não concorda com a empresa, que incluiu a RNEST dentro da UGC de Refino, sem que a refinaria fosse efetivamente da Petrobras (era uma parceria com a venezuelana PDVSA). Mas sua posição foi vencida pelos dois outros diretores. Ou seja, nada de punição. 

Trata-se de um caso interessante. 

Quando o Charlatão prevalece


Sobre Charlatões, no Stumbling and Mumbling uma constatação: as pessoas preferem ouvir charlatães, conforme diversos experimentos. Quais as razões? 

Uma possibilidade é o viés da confirmação. Você segue o conselho do charlatão quando o que ele diz é próximo ao que você acredita. Uma pesquisa perguntou às pessoas quais artigos sobre pandemia elas queriam ler, a partir dos títulos. Os pessimistas escolhem os artigos pessimistas e as pessoas otimistas escolhem os artigos otimistas. E após a leitura, a crença prévia saiu fortalecida. Isto já tinha sido estudado antes e a conclusão foi a mesma. Existem outras explicações, como o fato de que buscamos especialistas afinados com nossa postura, o efeito rebanho, o viés de seleção, entre outros. 

Uma implicação de tudo isso é que uma emissora de serviço público, como a BBC pretende ser, não consegue ser, imparcial. Se você oferecer às pessoas dois lados de uma história ou duas cabeças falantes, muitos escolherão o charlatão ou a história falsa, em vez da verdadeira. E obteremos uma polarização maior - o que pode resultar em uma boa TV, mas não necessariamente em uma boa política ou uma boa sociedade.

Um aspecto que julgo relevante na discussão: talvez "charlatão" não seja algo binário, do tipo "ou é charlatão ou não é charlatão", mas uma escala, onde parte do que é dito pode ser verdadeiro, mas uma parte não.

Mês de nascimento e Latitude

 Eis uma relação bem curiosa:


O mês que ocorre mais nascimentos tem uma relação com a latitude. No gráfico não tem o Brasil. Os dados de 2018 do nosso país mostra o seguinte:


Março, abril e maio, ao contrário do que eu esperava. (Imaginava setembro, outubro e novembro, cerca de nove meses depois do Natal e Carnaval)

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 Antes e depois da Selfie

03 março 2021

Significado da Covid em vidas

 

Este gráfico mostra o número de mortes na Espanha, desde 2000 até 2020. Há algumas questões metodológicas, mas é nítido o efeito da Covid sobre o resultado. 

Novo logo com lembranças antigas

A Amazon reformulou o seu logo. Entretanto, algumas pessoas começaram a achar que o novo logotipo do app de compra guardava uma lembrança nada agradável. Veja a seguir:
O Logo proposto está do lado esquerdo. No centro, a figura que o logo lembra. E no lado direiito, o novo logo reformulado. 

A proposta de logo, lançada em janeiro, trazia uma "tira de fita azul" com o sorriso da Amazon. Mas para alguns, parecia o bigode de Adolf Hitler. Uma sutil mudança, com a fita azul dobrada, tenta afastara a comparação. 

Onde a Cerveja é cara

 

O Mapa mostra o preço da cerveja em cada país. Em comparação com os vizinhos, o preço em Brasília (local da pesquisa no Brasil) não é cara: $2,52. Mas é mais que na Argentina (1,79). A origem dos dados está aqui. Se o seu sonho é ir assistir a Copa do Mundo no Catar, o preço de um recipiente de 330 mil é de 11 dólares. 

EnANPAD 2021

Mais informações: aqui.

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Fonte: Aqui

02 março 2021

SEC e a questão do clima


Decididamente, a questão do clima nos relatórios das empresas é o assunto. Na mala direta do NY Times o lembrete que a SEC, nos Estados Unidos, deverá colocar o assunto como pauta central: 

A S.E.C. "está preparando o cenário, enviando um sinal de que não estamos mais em uma administração onde 'mudança climática' é um termo proibido", disse o Sr. Hall. "É uma de advertência para que as pessoas saibam que novas regras de divulgação estão vindo". Ele disse que espera que os democratas pressionassem o Sr. Gensler [indicado para presidir a entidade] a adotar exigências específicas de divulgação, enquanto os republicanos provavelmente farão lobby por um sistema mais vago, baseado em princípios, que dê às empresas uma margem de manobra adicional.

"É uma declaração significativa e uma empresa pode ver como uma oportunidade", de acordo com Wes Bricker da PwC, um ex-contabilista-chefe da S.E.C. O Sr. Bricker disse que pensava que muitas empresas já tinham ido além do que é exigido sob a antiga estrutura, respondendo às crescentes exigências do mercado por transparência em seu impacto ambiental. Para as empresas que ainda não estão lá, o anúncio da S.E.C. é um lembrete da direção que as coisas estão tomando.

Foto: aqui

Atualizando o uso do Emoji

 Sobre o uso do Emoji  😂: Eu parei de usar há um tempo porque vi pessoas mais velhas usando, como minha mãe, meus irmãos mais velhos e apenas pessoas mais velhas em geral.

Os jovens agora usam: 


que corresponde a "estar morto", que seria algo muito engraçado. Ou então 😭. Mesmo o 🤣 está ultrapassado. Mas será válido para cultura brasileira? 

Como a pandemia alterou a publicação científica


Como a pandemia alterou o processo de publicação científica? Uma resposta baseada na experiência profissional, em outra área, mas que parece fazer sentido para artigos de contabilidade também:

A publicação científica é um aspecto do sistema científico que certamente foi afetado pela crise de Covid. Entre outras mudanças, os critérios usados ​​para avaliar os manuscritos submetidos parecem ter mudado. Isso impacta a ciência no centro de seus mecanismos de autorregulação e garantia de qualidade. Resta saber se mudou para melhor.

No início da pandemia, revistas científicas e seus editores criaram sistemas acelerados para conteúdos relacionados com COVID-19, permitindo rápida revisão e evitando o atraso desnecessário da publicação.  Estudos têm demonstrado que esses esforços são altamente eficazes, com o tempo médio entre o envio e a publicação sendo reduzido em quase 50% em amostras de periódicos médicos. Embora esses esforços sejam obviamente louváveis, eles levantam questões sobre o conteúdo e a qualidade do processo de revisão: os documentos relacionados à Covid-19 são igualmente examinados e mantidos de acordo com os mesmos padrões de qualidade de outros manuscritos? Quais são os efeitos duradouros dessas mudanças para a revisão editorial por pares? E que implicações isso tem para a qualidade da pesquisa e a confiança (pública) na ciência?

(...) Usando o modelo aberto de revisão por pares em duas revistas médicas, comparei os manuscritos submetidos antes da pandemia com aqueles submetidos durante a pandemia, tanto para conteúdo relacionado ao COVID-19 quanto para conteúdo não relacionado ao COVID-19. Acontece que a revisão dos artigos relacionados à Covid-19 não parece ser menos completa - apesar de ser muito mais rápida - mas vemos uma mudança notável nos critérios de qualidade usados ​​para avaliar esses manuscritos.

Na avaliação de manuscritos acadêmicos que lidam com conteúdo relacionado ao COVID-19, editores de periódicos, revisores e leitores parecem ser um pouco mais brandos em suas opiniões, usando diferentes critérios de qualidade e estando satisfeitos com padrões potencialmente mais baixos. Em particular, eles parecem pedir menos experimentos adicionais, estão satisfeitos com amostras menores e sugerem estratégias diferentes para abordar reivindicações muito fortes. Os autores não são, por exemplo, solicitados a remover, estender ou melhorar dados de baixa qualidade, mas sim encorajados a meramente afirmar isso como uma limitação ou mesmo conclusão de seu estudo. (...)

Política Pública, fertilização e casamento

 Um exemplo de como uma política pública pode mudar o perfil e as decisões pessoais. Em Israel, a partir de 1994, o governo começou a cobrir os gastos com fertilização in vitro. Isto trouxe duas mudanças relevantes para as mulheres. 

As mulheres passaram a casar mais tarde, adiando a decisão de maternidade (gráfico acima, esquerda, que mostra a idade e o ano do casamento). Além disto, a diferença de idade entre homem e mulher muda (gráfico da direita)


Rir é o melhor remédio


 Trabalho que exige experiência. Mas para ter experiência é necessário trabalho. 

01 março 2021

História da Contabilidade: um resumo da Alvares Penteado quando fez 50 anos


Ainda no O Observatório, desta vez na edição 197, de 1952. Um pequeno trecho trata da Alvares Penteado:

Em dois de julho corrente a Escola de Comércio "Alvares Penteado" comemorou o cinquentenário de sua fundação. Desde o início de sua atividade tem-se ela constituído num centro de ensino de que se orgulha a civilização paulista. A Escola de Comércio "Alvares Penteado", pioneira de estudos comerciais no Brasil, começou com a denominação de Escola Prática de Comércio, instalando-se modestamente a dois de julho de 1902, no prédio no. 36 da Rua Libero Badaró, esquina da Rua Direita, cedida gentilmente pelo Conde de Prates. Organizado o corpo docente, selecionado em nossas escolas superiores e nos centros econômico-financeiros, a 15 de julho tiveram início as aulas, regularmente matriculados, quantidade considerada elevada para o acanhado ambiente em que se instalara. O decreto federal no. 1.339, de 9 de janeiro de 1905, reconheceu de caráter oficial os diplomas expedidos pela Escola Prática de Comércio e providenciou sobre a organização dos curso, dividindo-os em dois: um geral, de comércio, e outro superior, de ciências comerciais, com várias vantagens para os diplomados. Em 5 de janeiro de 1907 a diretoria e a congregação da Escola de Comércio de São Paulo, reunidas em sessão extraordinária sob a presidência do diretor-presidente, senador Lacerda Franco, por unanimidade de votos resolveram ligar perpetuamente o nome do Conde Alvares Penteado à Escola. Daí a atual denominação de Escola de Comércio "Alvares Penteado"

Presentemente [1952] a Fundação mantém os seguintes cursos: comercial básico, técnico de contabilidade e técnico de secretariado. Desde de 1932 funciona também, mantido pela Fundação, a Faculdade de Ciências Econômicas de São Paulo que possui os seguintes cursos de grau superior: ciências econômicas, ciências contábeis e ciências atuariais. Nada menos de 53.188 alunos já passaram pelos vários cursos da Fundação e muitos deles ocupam postos de destaque na administração pública e particular. Até 1951, diplomaram-se 9.343 alunos, assim distribuídos: auxiliar de escritório, 759; guarda-livros, 783; secretários, 275; contadores e peritos contábeis, 3.597; técnico em contabilidade, 1.978, e bacharéis em ciências econômicas, 973. 

Confesso surpreso com o número de formados com o título de contador. Espera mais os concluintes com a função de guarda-livros. 

Foto: aqui

Balanço de 1944 de uma Construtora

 Ainda no O Observatório, ed. 111 de 1945, o balanço de uma construtora, a Dourado. O balanço foi assinado por um guarda-livros, que colocou seu número de registro:


Na estrutura do ativo, que também iniciava com as contas menos líquidas, obras contratadas e obras em construção:

Este era o principal ativo da empresa. Isto tinha reflexo no passivo, cuja principal conta eram oriundas das obrigações com estas obras:
Em lugar da DRE, a conta de Lucros e Perdas:

Veja que interessante: do lado do débito, as despesas; e do crédito, as receitas e o saldo do exercício anterior. 

Balanço de 1937 da Cia Antarctica

 

Eis o balanço da Companhia Antarctica Paulista, referente ao dia 31 de dezembro de 1937, publicado no O Observador Economico, ed. 027, de 1938. A empresa foi uma fabricante de cerveja conhecida, até ser adquirida pela Brahma para dar origem a Ambev. Há alguns pontos interessantes neste balanço:

(1) a ordem do ativo e do passivo (não tinha a terminologia "passivo e patrimônio líquido) é inversa. No caso do ativo, inicia-se com os valores imobiliários e a conta caixa está no final. No caso do passivo, inicia-se com Capital e Fundo de Reserva, do grupo Capital e Reservas, e finaliza com Porcentagem da Directoria. Em ambos os lados, as "contas compensadas"

(2) no ativo, o principal grupo são os imobiliários, com destaque para a instalação em São Paulo, no bairro da Mooca. Mais de 10% do ativo. O valor das instalações e máquinas neste imóvel também é elevado. Há a contabilização de "animais". Lembremos que estamos em 1937 e os animais eram usados 

(3) O valor de mercadorias é expressivo e há valores em caixa e selos dos impostos. Existe o grupo de Devedores em Conta Corrente e Títulos, que corresponderia aos Clientes dos dias atuais. Há um grupo chamado de "Valores Aleatórios", com subgrupo de Depósitos para Recursos Fiscais. O valor não é expressivo. 

(4) Do lado do passivo, metade do patrimônio líquido é capital. Boa parte do passivo é oriundo das operações, existindo um financiamento via Debêntures. 

(5) Junto, o Certificado dos Auditores - esta palavra "certificado" dá muita credibilidade, não? Moore Cross, Chartered Accountant, assinam que o balanço "demonstra a verdadeira situação financeira da Companhia naquela data". 

Não é divulgado uma demonstração de resultado ou algo próximo. Mas o relatório da diretoria é bastante amplo. A primeira página encontra-se a seguir:

O primeiro item do Relatório é "impostos". A empresa reclama da carga tributária e afirma que pagou mais imposto que o próprio capital da Companhia. Mais ainda, os impostos pagos em cinco anos foi mais de 10 vezes o volume de dividendos distribuídos. (Parece uma versão antiga da DVA). A página seguinte do relatório trata de outros assuntos:
Os títulos desta página são: Cultivo de Cevada e Lúpulo, Leis Sociais, Empréstimos por debêntures, Negócios em Geral e Distribuição dos Lucros. Com respeito a isto há um texto indicando um lucro bruto, que deduzida "despesas e encargos", inclusive "depreciação, ficou a sobra de (...)". Por sinal, o lucro líquido é bastante adequado: 7/61. [Achei bem interessante a presença da depreciação]

Na página seguinte, na continuação, a empresa apresenta a distribuição deste lucro, entre dividendos, provisão para liquidações. E o item chamado "O Malogro de Tentativas Manhosas", onde a diretoria descreve uma tentativa de um inventariante de ocupar um cargo na direção da empresa. 

Rir é o melhor remédio

 

Quando podemos aceitar o UEPS