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13 setembro 2020

Fraude Eleitoral na Rússia

Eis alguns trechos de um texto bem interessante sobre as eleições russas:

Examinemos los resultados del referéndum que tuvo lugar este Junio para eliminar el límite de mandatos, permitiendo la reelección de Putin hasta el año 2036. Si echamos un ojo a los resultados electorales por colegio electoral (fuente oficial y datos en formato electrônico) llama la atención que el porcentaje de votos a favor de la reforma propuesta por Putin tiende a ser prácticamente idéntico en muchos colegios electorales de cada distrito electoral. Por ejemplo, en el distrito de Akushinsky, que cuenta con unos 52 colegios electorales de unos 500 votantes cada uno, votó a favor de la propuesta de Putin exactamente el 93% de los votantes en la práctica totalidad de los colegios electorales.


Os valores são tão homogêneos que a justificativa mais plausível é a fraude eleitoral. O texto faz uma simulação considerando uma distribuição binomial, com média de 93% e de maneira aleatório chega ao seguinte resultado (simulado):


Veja que o resultado é bem mais inconstante que a realidade. 

La inverosímil distribución de los resultados ofciales refleja tanto la dificultad que tienen los burócratas rusos para simular procesos de generación de datos con algún componente estocástico como, sobre todo, la impunidad con la que se comete el fraude electoral. Otros regímenes autoritarios, como la Bielorrusia de Lukashenko, evitan divulgar datos desagregados de voto que podrían resultar muy embarazosos. Sin embargo, el régimen de Putin no tiene pudor en seguir utilizando burdos métodos de manipulación electoral y publicar datos que son manifestamente falsos. Por desgracia, en Rusia sigue siendo cierto aquel dicho de Stalin: lo que cuenta no es quien vota, sino quien cuenta los votos.

Contabilidade? - Uma das áreas mais relevantes é a fraude. Aprendemos com exemplos como este que "dados" fabricados podem ser recusados quando analisados de maneira adequada. 

Fonte: Manuel Bagues, 11 de set 2020, Nada es Grátis, Estadística y fraude electoral: lo que el teorema central del límite nos revela acerca del régimen de Putin

Quando somente medir o custo de um processo não resolve


Após ficar congelado por mais de 20 anos, o valor autorizado para dispensa de licitação foi reajustado em 2018, quando passou de R$ 8 mil para R$ 17,6 mil. À época, a CGU alegou que o processo licitatório era excessivamente custoso, em especial, para gastos de baixo valor. O novo estudo revela, porém, que, mesmo com a dispensa de licitação, essas contratações continuam dando prejuízo ao erário.

O problema principal é o custo operacional dessas operações e o grande volume de transações de baixo valor. Elas representam 61% do total de processos de aquisição feitos pelo governo, mas, em termos financeiros, a participação é irrisória: 0,54% do total. “O cúmulo da ineficiência é fazer eficientemente o que não precisa ser feito”, ironiza Sérgio Neiva, coordenador-geral de auditoria da CGU. 

Atualmente, se um setor do governo precisa comprar um simples “pen drive” (em inglês, armazenador de arquivos digitais), o pedido tem que ser encaminhado a várias áreas da administração. Se a compra é aprovada, o ato de dispensa de licitação tem que ser publicada no “Diário Oficial da União”.

Cálculo feito pela própria CGU concluiu que, considerando as horas trabalhadas pelos servidores envolvidos, o “pen drive” custaria, em média, R$ 4,4 mil à União. (Camarotto, Murillo, Compras sem licitação custaram 183% a mais, Valor, 8 de setembro de 2020)

Dois problemas sérios na análise. Em primeiro lugar é necessário que a comparação seja feita entre "compras com o Cartão de Pagamento do Governo Federal" versus "compra com licitação" e isto não foi feita. O segundo ponto é que a proposta da CGU só trará economia nas despesas se os valores forem evitáveis. Imagine que no atual processo de compra tenha um funcionário que exerça uma determinada função. Se no novo processo esta atividade for eliminada, mas o funcionário continuar recebendo seu salário, agora não fazendo nada, a proposta não trouxe benefício global para o setor público. 

(Foto: aqui)

Rir é o melhor remédio

 

Esta frase é bastante divulgada: não recuse uma oportunidade. Aprenda como fazer depois. Embaixo, "como pilotar um avião". 

12 setembro 2020

Incerteza Política e Avaliação de Propriedades


Um novo artigo estuda a ligação entre a contínua incerteza política e os direitos de propriedade de longo prazo em Hong Kong. O artigo conclui que propriedades sujeitas a incertezas políticas são vendidas com um desconto significativo e que o desconto é maior quando a confiança das pessoas diminui e os residentes se sentem mais incertos quanto ao futuro. 

Evidências recentes (por exemplo, Pastor e Veronesi, 2013; Baker et al., 2016; Hassan et al., 2019) mostram que a incerteza política desempenha um papel significativo na avaliação de ativos, bem como na atividade econômica em economias desenvolvidas, normalmente associadas a e ambientes políticos estáveis. Seria de se esperar que essa força econômica universal prevalecesse mais nas economias de mercado emergentes, especialmente aquelas que lutam contra a indeterminação prolongada em sistemas políticos complicados pela história colonial.

Isso pode ser particularmente verdadeiro para os mercados imobiliários. Em qualquer mercado imobiliário, o valor do ativo de longo prazo - o valor presente dos fluxos de caixa líquidos esperados no futuro - depende da perpetuidade e continuidade da propriedade da terra. Os participantes do mercado, tanto famílias quanto instituições financeiras, estão expostos a riscos políticos substanciais quando a posse da terra termina no final de seus prazos fixos. (...)

How Does Political Uncertainty Axect the Valuation of Long-Term Property Rights? Lessons From Hong Kong - ZHIGUO HE, MAGGIE HU, ZHENPING WANG, VINCENT YAO September 3, 2020 - ProMarket

Marcas mais valiosas

 Um novo ranking das marcas mais valiosas. Agora da Brand. O resultado final é o seguinte:


Veja que o ranking é por empresa, não por produto. Como é feito o cálculo? A revista Exame, local da publicação, explica:

1. Calcula a força da marca. É um índice de zero a 100 que leva em consideração gasto com marketing, percepção dos consumidores e como está o desempenho nos negócios. Veja que é um índice calculado pela Brand

2. Faixa de royalties do setor. É um número percentual e corresponde a taxa de licenciamento praticada. Novamente o cálculo é da própria empresa.

3. Taxa de royalties, obtida pela força da marca vezes a faixa de royalties. 

4. A partir da receita total da empresa, calcula-se a receita que é específica da marca. Trata-se de uma proporção, também estimada pela Brand

5. Estimativa de receitas futuras. Provavelmente será a receita da marca. Utiliza a previsão de analistas e crescimento da economia

6. Multiplica a taxa de royalties pela receita futura estimada. 

7. Retira do valor acima o imposto e calcula o valor presente líquido, que corresponde ao valor da marca. (nada é dito sobre a taxa de desconto)

Óculos para evitar a procrastinação

 Saiu na Superinteressante:

Agendas, planners e aplicativos de organização podem até ajudar com prazos, mas executar a tarefa é outra história. Quando você está prestes a começar seu trabalho, surge aquela voz dizendo “por que não checar o Instagram uma última vez?” e pronto: lá se vão 30 minutos (ou mais) do seu dia.

Mas a startup canadense Auctify pode ter a solução para isso: óculos anti-procrastinação, projetados para monitorar a rotina dos usuários e avisá-los quando perderem o foco em suas atividades. 

Os óculos – batizados como Specs – são equipados com inteligência artificial, que usa aprendizado de máquina para monitorar o que você está olhando e dizer se aquilo é produtivo ou não. Todos os dados gerados pela ferramenta podem ser acessados por um aplicativo próprio que, ao longo do dia, vai montando um gráfico com todas as suas atividades como forma de feedback.  

[...]

Os desenvolvedores explicam que, ao perder o foco, a pessoa leva em média 23 minutos para restabelecê-lo e voltar totalmente a tarefa. Além disso, parte da população acaba recorrendo ao café ou medicamentos para manter a atenção em suas atividades. Os óculos e seu aplicativo seriam uma forma saudável de evitar a procrastinação. Apesar de já haver aplicativos de gerenciamento de tempo no mercado, a Auctify afirma que sua ferramenta usa metodologias psicológicas clinicamente comprovadas que incentivam o usuário a se manter produtivo, sem que ele se sinta mal ou cobrado.  

Rir é o melhor remédio

 

Estamos todos no mesmo barco? 

11 setembro 2020

Exemplo de não Sinergia: Autolatina


Quando estou explicando o conceito de sinergia em sala de aula, este é um dos exemplos preferidos: a junção da Ford e Volks, nos anos 80, que resultou na Autolatina. Parecia a típica "sinergia", que todo executivo gosta de falar. O Jornal do Carro resumiu alguns dos pontos desta sinergia:

O mercado brasileiro “batia pino” nos anos 80 e a Ford pensava em fechar suas fábricas no Brasil. Na prática, iria deixar o país, pois as importações ainda estavam proibidas. 

A solução “genial” foi se associar à Volkswagen para compartilhar recursos, projetos e competências. Surgiu então a Auto Latina, holding responsável pelas duas marcas. Ambas manteriam áreas comerciais, de marketing, produtos e concessionárias distintas. Cada uma com seu “presidente” e respectiva equipe, ambos subordinados ao chefão geral da holding.(...)

1. Culturas diferentes - Reunir sob mesmo teto duas culturas opostas como a norte-americana e a germânica era o mesmo que montar um time de futebol mesclando jogadores brasileiros e argentinos. Os embates internos foram amenizados com as finanças sob o comando da Ford, comercialização e marketing pela VW

2. Engenharia única - A engenharia era única, para reduzir custos no desenvolvimento de projetos. Aplataforma do Escort deu origem ao Ford Verona. E também a três modelos VW: Apollo, Logus e Pointer. O sedã Santana e perua Quantum da VW se fantasiaram de Ford Versailles e Royale. Carros da VW produzidos pela Ford e vice-versa.

3. Compartilhado, mas nem tanto - Desenvolver projetos conjuntos significava trocar figurinhas entre as duas engenharias. Mas a parceria não ia além do Brasil e Argentina e as matrizes negavam revelar segregods industriais e de manufatura para o concorrente. A rigor, o maior intercâmbio foi de motores (CHT da Fort, AP da VW) entre as marcas. 

4. Vias de Fato - (...) Executivos quase chegavam às vias de fato nas reuniões da holding…

5. Qualidade questionável - A qualidade dos “filhotes da AutoLatina" começou a ser questinada. O VW Apollo era o mesmo Ford Verona com variações no painel e acabamento, sem problemas técnicos. Mas Logus e Pointer eram novos modelos VW (na plataforma do Ford Escort) com carrocerias tão mal projetadas que, ao subir com duas rodas no passeio, costumavam “cuspir” o vigia (vidro traseiro) por problemas torcionais.

A Auto Latina não durou mais que sete anos pois as marcas não obtiveram a sinergia imaginada. Nem os carros originados da parceria vingaram: o VW Apollo, por exemplo, não durou dois anos. E a rigorosa auditoria da matriz da VW jogou uma pá de cal em todos eles.

Cartas aos estudantes de contabilidade

 A editora Gen lançou um livro intitulado "cartas aos estudantes de contabilidade", tendo como coautores os professores Sérgio de Iudícibus, Eliseu Martins e José Carlos Marion.

Esta semana a editora disponibilizou uma seção do capítulo do Iudícibus, disponível: aqui.

Vide trecho:

Contabilidade segue a Economia? Certamente, grande parte das transações registradas pelo sistema contábil é de natureza econômica. Entretanto, na Contabilidade de Custos o sistema contábil realiza apropriações do que, em um primeiro momento, representou gastos para o sistema de produção. Hoje em dia, todavia, o campo dos stakeholders aumentou bastante, apesar de a estrutura conceitual inicial do IASB dar clara preferência aos acionistas ou cotistas e aos credores, incluindo fornecedores, trabalhadores da empresa, governo, instituições ambientais e outros interessados. O relato integrado nada mais é do que a face escrita dessas preocupações ampliadas com vários usuários da informação. Historicamente, a Contabilidade sempre se adequou aos desenvolvimentos econômicos e sociais nas várias épocas, desde os rudimentares desenhos nas paredes das cavernas dos homens pré-históricos, pintando principalmente animais, uma espécie de inventário rudimentar, passando pelas antigas civilizações sumério-babilonense, egípcia, grega, romana, medieval, luzindo extraordinariamente na renascença italiana, revolução industrial, surgimento das grandes potências econômicas da Europa, Estados Unidos e mais recentemente Ásia. Note-se que a Contabilidade não apenas serviu para contabilizar os fenômenos econômicos das várias épocas, bem como, em um efeito circular, facilitou os progressos econômicos e civilizatórios nos vários países e continentes citados! Se fosse, a Contabilidade, apenas um sistema de contabilização e de controle, seria o caso de atribuir-lhe uma importância secundária. Na verdade, as empresas e nações, a economia em geral, se nutrem das melhores decisões que a Contabilidade proporciona aos que tomam tais decisões! Aliás, segundo o historiador econômico Schumpeter, não teria sido possível escrever a história da Economia se não existissem os livros diários dos comerciantes de vários países europeus, principalmente das repúblicas da Renascença italiana! Assim, em alguns casos, Contabilidade e Economia estão interligadas, mas são campos de conhecimento distintos. E, sem dúvida, a Contabilidade é a mais antiga, nas suas raízes históricas, com relação a publicações.


Rir é o melhor remédio

 

O que é melhor: o dia ou a noite? 

10 setembro 2020

Concorrência na produção da norma ESG


Eis um tema interessante. Com o aumento da relevância da informação sobre o ambiente, a questão da governança e informações (ESG na sigla em inglês) há um interesse sobre com evidenciar isto. Segundo um artigo de Durão (Mercado cobra critérios ESG mais claros de companhias e gestoras de fundos e recursos, Estado de S Paulo, 10 de setembro de 2020) há uma questão importante:

Fink [um investidor] prega a adoção das diretrizes do Sustainability Accounting Standards Board (SASB), organização que fornece padrões para relatar informações de sustentabilidade que tenham maior potencial de afetar a performance financeira de uma companhia. Para avaliar e relatar riscos relacionados ao clima e questões de governança essenciais para gerenciá-los, menciona as recomendações da Força Tarefa Sobre Divulgações Financeiras Relacionadas ao Clima (TCFD).

A sopa de letrinhas dá uma ideia da complexidade do tema. A Organização Internacional das Comissões de Valores (Iosco) – que reúne reguladores do mercado de capitais – mapeou mais de 50 iniciativas diferentes de padronizações de dados. [grifo do blog]

Veja que esta divergência pode ser saudável. Diversas iniciativas podem ajudar a produzir um padrão que seja saudável. Atualmente na contabilidade financeira temos um monopólio na produção de normas. Isto pode facilitar o preparador, que irá obedecer a somente uma sigla, mas é ruim para inovação da informação. Competição é uma palavra importante. 

Lembrando o capítulo 1 do livro de Teoria da Contabilidade: quem regula o regulador? Na contabilidade financeira não temos isto. Na área de ESG isto pode surgir naturalmente. (Imagem: aqui)

Pandemia e Segurança Digital

A falta de comunicação entre o departamento de tecnologia e as áreas de negócio é um problema conhecido nas empresas, mas a covid-19 aumentou muito os riscos decorrentes dessa lacuna. (...) A pandemia acelerou a escalada dos ataques, que já vinha se intensificando. (Com pandemia, falta de diálogo agrava riscos à segurança digital - Valor Econômico - João Luiz Rosa — 09/09/2020)


O texto é interessante por alertar que a falta do diálogo pode agravar os riscos digitais. Mas vejo outro problema que o texto não indica: o funcionário que trabalha em casa não tem, muitas vezes, a mesma estrutura de "defesa" digital do equipamento do seu escritório. 

Múltiplo para IPO da construção


Existem dois grandes métodos de avaliação de uma empresa (e de uma unidade de negócio também): múltiplo e fluxo de caixa descontado. O problema do múltiplo é que muitos usam, mas muitas vezes não revelam o segredo. Por isto é importante destacar quando surge exemplos de múltiplos. Veja um caso

Na avaliação de Luís Largman, que foi diretor financeiro e de relações com investidores da Cyrela e responsável pela concepção e estruturação do IPO da companhia, boas incorporadoras listadas têm apresentado, em média, o múltiplo de duas vezes o preço sobre valor patrimonial. Com base nesse valor, ele considera que as empresas com ofertas em curso se tornam atrativas com múltiplo de 1,5 vez.

(Falhas do passado pesam sobre IPOs de construtoras - Por Chiara Quintão — Valor Econômico - 08/09/2020)


Rir é o melhor remédio

 


09 setembro 2020

IFRS 9 e a recessão


 

Eis um trecho de um artigo da PwC (grifo do blog):

Até agora, bilhões foram contabilizados em provisões incrementais, enquanto a inadimplência ainda está para aumentar. Em muitos casos, a inadimplência nem mesmo ocorreu graças aos feriados de pagamento e ao enorme apoio governamental. Tão enorme, na verdade, que alguns indivíduos se descobriram melhor do que antes. Para os bancos, isso significa algumas coisas. Em primeiro lugar, é provável que haja perdas. As provisões retiradas serão consumidas à medida que as inadimplências atrasadas se concretizarem. Em segundo lugar, o risco continuará a ser muito difícil de medir. Simplificando, as regras normais não se aplicam. Estar desempregado ou não lucrativo geralmente reduz a capacidade de pagamento, o que leva à inadimplência e, em última instância, à inadimplência - não é verdade (imediatamente, pelo menos) quando o dinheiro está de graça e os reembolsos estão em espera.

(Imagem: aqui)

Precificar ou Avaliar?


Precificar ou Avaliar? Depende da situação. Veja um exemplo (‘O valor da Amazônia tem de ser precificado’, diz Rubens Ometto - Entrevista com Rubens Ometto Silveira Mello, presidente do conselho de administração do Grupo Cosan - O Estado de S.Paulo, 9 set 2020)

Em tempos de ‘novo normal’ – que nem sabemos o que é – como a Cosan reage às novas prioridades?

Estamos no agronegócio e na energia renovável. O Brasil tem grandes vantagens nos dois setores. Temos a matriz energética mais limpa do mundo, por meio de hidrelétricas, energia solar, energia eólica, do etanol que você adiciona à gasolina, do álcool que se usa diretamente nos carros flex fuel. Outra coisa marcante é a produção de grãos, somos o celeiro do mundo. E o Brasil tem solo, ótima qualidade da terra, chuva na hora correta. E temos a Amazônia. O mundo está pendurado na Amazônia. Ela é o maior sequestrador de carbono do planeta e produtora de oxigênio. Tem de ser muito valorizada.

De que forma?

O Brasil tem de montar campanha. E não cair na armadilha de alguns países e empresas. Claro que você tem maus empresários, que praticam crimes na Amazônia, mas não é tudo isso que sai na imprensa. Eu vivi isso há 20 anos atrás, quando o etanol começou a crescer e o setor sucroalcooleiro foi muito atacado. Diziam que ele ia invadir a Amazônia – e nada disso aconteceu. Hoje, as empresas que fazem agronegócio em outras partes do mundo tentam arrumar uma taxação pra proteger seus produtores. Acho que temos de contra-atacar. Essa Amazônia vale ouro para o mundo e isso precisa ser precificado. Tem muita gente lá fora que depende disso pra trabalhar e se sustentar.

O mais adequado seria "avaliado". Mas certamente "precificar" parece mais culto. Imagem: aqui

Quando a análise incremental não é usada ...


Uma das lições básicas da disciplina de custo é que a análise da decisão é feita sob a ótica incremental (ou marginal). Assim, na decisão de continuar ou parar uma obra, a análise deveria ser feita verificando os custos de cada uma das situações. Aqueles valores que não se alteram, não deve ser levado em consideração. Básico. 

Mas em alguns casos percebemos como esta lição não foi apreendida (ou esquecem de forma proposital). Em uma reportagem sobre a usina Angra 3, o Estado de S Paulo toma a opinião de várias pessoas, incluindo o presidente da Eletronuclear. Eis o trecho que provoca calafrios:

A decisão de prosseguir com a obra justifica-se, em boa medida, pelo alto custo que teria a decisão de desistir de Angra 3. Guimarães [presidente da Eletronuclear] confirma que para abandonar o projeto a Eletronuclear teria de arcar com uma fatura da ordem de R$ 12 bilhões, somando financiamentos já sacados e contratos firmados com dezenas de fornecedores.

Ora, o financiamento irá existir, independente se a obra irá ou não continuar. Ou seja, é irrelevante para decisão. 

Rir é o melhor remédio

 

Quando Putin oferece chá e você é alérgico a cianeto

08 setembro 2020

Co-autoria sem permissão

Recentemente o Retration Watch publicou um caso de uma pesquisa que foi retratada por uma motivo aparentemente insólito: a retirada de co-autoria de uma artigo, que foi publicado sem autorização de alguns pesquisadores (veja o caso aqui). 

Esta situação é mais comum que imaginado. Há alguns dias, atuando como diretor do Congresso da UnB, recebi uma solicitação parecida de um professor: retirada de seu nome de um artigo que foi submetido por sua orientanda, em conjunto com ele e outro professor. Este professor não tinha autorizado a inclusão do seu nome.  

Qual a razão disto ocorrer? Várias possíveis respostas. Em primeiro lugar, a inclusão de um nome "conhecido" pode dar mais visibilidade para a pesquisa que está sendo publicada. Este é um motivo forte e talvez seja a grande razão para isto ocorrer, em qualquer área. 

A segunda razão é uma falha de comunicação. Em muitos processos colaborativos, não fica claro as fronteiras. No passado recebi uma proposta de um pesquisador e seu orientando de incluir meu nome na pesquisa por já ter feito orientação sobre o assunto. Achei que isto não era motivo suficiente e recusei [o artigo acabou sendo publicado em um periódico de bom nível]. Aqui a comunicação foi clara. Mas parece que isto nem sempre ocorre. No caso citado do congresso, a orientanda do professor sequer mandou uma comunicação para seu orientador dizendo que estava fazendo a submissão e quais os nomes que constariam do trabalho. 

A terceira razão são algumas regras que criamos. Aqui as situações são diversas, mas limito a tratar de regras que são construídas em alguns programas de pós-graduação (inclusive o que coordeno), que induzem a produção conjunta entre orientador e orientando. Em muitos casos, só é possível a defesa com a co-autoria. 

Mesmo que estas regras são estejam explicitas, ainda assim são fortes o suficiente para induzir a situação como esta. Veja o caso de um aluno de graduação que fez o trabalho sob orientação (e grande sugestão) do seu orientador. O trabalho foi submetido e aprovado no congresso, somente com um autor. Logo depois, este aluno aparece para o processo seletivo e o seu orientador da graduação, que seria o orientador natural, recusa este encargo. Sabe ele que o trabalho conjunto com o aluno não será reconhecido como tal. Ou seja, seu esforço não será recompensado com a produção. 

Ao longo da minha trajetória, já tive casos onde fui co-autor sem merecer, mas já tive casos que não apareci como participante da pesquisa, apesar de ter feito parte dela. Da minha parte, eu percebo que os primeiros casos são mais difíceis de serem lembrados; mas o segundo grupo, quando participamos da pesquisa e não somos considerados, são inesquecíveis. 

Acho que esta discussão cabe em uma aula de ética. Ou de metodologia. Mas o ponto fundamental é a comunicação franca entre as pessoas que estão fazendo a pesquisa.