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31 julho 2020

Fraude Filmada

A fraude contábil da empresa alemã Wirecard será transformada em documentário, com lançamento previsto para 2021. A ascensão e queda da empresa correspondeu a um dos maiores escândalos contábeis da Alemanha. A "obra de arte" terá a direção de Raymond Ley, com produção de Nico Hoffman e Marc Lepetit.

A expectativa é que o documentário tenha seis episódios de 45 minutos cada. Também deverá existir um podcast da série que estará disponível no audionow.de.

IPSASB


Aqui o link para as normas internacionais do setor público, em dois volumes.

Presos e estrangeiros

O gráfico mostra a proporção de estrangeiros nas prisões. Em Mônaco, 100% dos prisioneiros são estrangeiros. Ou seja, os locais não cometem crimes. Andorra e Emiratos Arábes possuem uma percentagem elevada também. De comum, são em geral países pequenos, vários deles Europeus. Preconceito? Alguns deles são locais atrativos para operações financeiras de diversos tipos. No caso de Mônaco, há outra explicação: a população local é minoria.

Rir é o melhor remédio

Quem nunca usou sua calculadora para fazer uma operação deste tipo?

30 julho 2020

Taxando as Multinacionais

Um artigo bem interessante publicado no Financial Times, denominado Epidemia eleva pressão para taxar mais as multinacionais (traduzido pelo Valor Econômico) discute a situação da taxação das empresas multinacionais. O texto apresenta um exemplo simples, do Savoy:

Em 2018, o Savoy tinha dívidas de 347 milhões de libras e pagava juros de até 15%, altíssimos para a Europa. O dinheiro foi emprestado pela controladora imediata do The Savoy Hotel Limited, uma empresa chamada Dunwilco (1784) Limited, que por sua vez pertence à uma empresa chamada Dunwilco (1783), que por sua vez pertence à Dunwilco (1847), que por sua vez pertence ao dono derradeiro do hotel, a Breezeroad Limited, com registro no Reino Unido. A dívida flui em cascata nessa estrutura empresarial e costuma ser refinanciada a cada um ou dois anos. Para os dois principais acionistas do Savoy Hotel, um dos homens mais ricos do mundo e um dos maiores fundos soberanos, esse arranjo complexo têm dois efeitos notáveis: as contas do Savoy parecem impenetráveis para quem é de fora e a empresa não pagou nada de imposto como pessoa jurídica nos últimos 15 anos.

O exemplo fica mais concreto com dados mais amplos:

No Reino Unido, mais de 50% das subsidiárias de multinacionais estrangeiras atualmente não contabilizam lucros tributáveis, segundo estudo de 2019 da pesquisadora Katarzyna Bilicka, da Universidade de Oxford. Nos EUA, 91 empresas da lista Fortune 500, entre as quais Amazon, Chevron e IBM, pagaram uma taxa efetiva zero em impostos federais em 2018.

De um lado, tem-se corporações com um batalhão de funcionários pensando no planejamento financeiro. De outro, burocratas em diversos países, que não possuem o mesmo interesse e não conseguem extrair impostos das multinacionais. Segundo o texto, a OCDE está preparando um projeto tendo por base dois pilares:

A primeira, chamada de “pilar 1”, fortalece o direito de os países tributarem as empresas a partir das vendas em seus territórios, independentemente de onde a empresa é legalmente constituída (um ganho para a maioria das grandes economias e uma perda para os paraísos fiscais). (...)

O segundo pilar tenta criar um patamar mínimo de imposto a ser aplicado sobre todas as multinacionais. A OCDE estima que as duas reformas elevariam a arrecadação de impostos sobre as empresas em 4% no mundo, somando US$ 100 bilhões ao ano.

Mesmo este valor estimado é pouco em relação ao potencial de taxação das multinacionais.

Imagem aqui

PIB dos EUA caiu 33%

Desde fevereiro, a maior economia do mundo está em recessão. Agora, a informação de que o PIB anualizado do segundo trimestre dos Estados Unidos caiu 32,9%, muito acima da redução de 10% em 1958. A principal razão foi a redução no consumo.

o colapso do PIB era esperado e, de fato, pode ser considerado "melhor que o esperado". A verdadeira questão é o que acontece a seguir e o terceiro trimestre é o trimestre de recuperação em forma de V.

Impairment na Shell

A empresa de petróleo Shell registrou um prejuízo. A razão foi o teste de recuperabilidade.

A empresa ainda foi forçada a fazer uma rebaixa recorde do valor dos seus ativos de petróleo e gás através de uma taxa de redução no valor recuperável de 16,8 mil milhões de dólares depois de rever as suas previsões para os preços globais do petróleo após a pandemia da Covid-19. A depreciação inclui a participação do grupo num campo de petróleo offshore na Nigéria, de propriedade da parceria da empresa italiana de petróleo Eni, que está a ser alvo de um processo judicial, em Itália.

A Shell espera que os preços globais do petróleo permaneçam bem abaixo dos níveis médios de 2019 nos próximos três anos. A petrolífera previa que os preços do petróleo chegassem a 35 dólares por barril em 2020, subindo para 40 dólares em 2021, 50 dólares em 2022 e 60 dólares em 2023. O preço médio do petróleo no ano passado foi de 64,36 dólares por barril.

Lições da Pemex

A empresa de petróleo estatal mexicana Pemex sofreu os mesmos problemas da Petrobras: uma corrupção generalizada. Uma análise de um periódico mexicano faz uma constatação triste sobre a dificuldade de comprovar os atos ilícitos.

La razón es que los delitos que se el imputaban eran de los denominados “formales” que, según los abogados consultados, son aquellos que no tienen una conclusión material fácilmente identificable como si la tiene, por ejemplo, un robo donde se puede regresar lo robado, o el peculado donde puedes devolver el dinero que posiblemente desviaste. Lozoya [ex-presidente da empresa e provavelmente corrupto, foto], al igual que Duarte [ex-governador de um estado do México e provavelmente corrupto], está acusado de asociación delictuosa y cohecho (recibir sobornos).

“Asociación delictuosa es reunirse para cometer un delito. Es un acuerdo que aunque delictivo no tiene una consumación material. Si nos acusan de cohecho pues la afectación es para quien dio el soborno, tampoco hay reparación. Y es lo mismo en el lavado de dinero. La única alternativa es que haya algún decomiso de cuentas o casas, pero eso es distinto a una reparación que se ordene”, dijo Gabriel Regino, experto penalista.

Um ponto comum entre a Pemex e a Petrobras: a presença da Odebrecht como provável corruptora. 

Códigos do Submundo

Um comentário bem pertinente na análise do livro Codes of the Underworld, de Diego Gambetta

Detentores do poder corruptos promovem os mais incompetentes para mostrar que seu poder supera objeções. 

Fiquei pensando sobre este ponto: Calígula (e seu cavalo), Trump (e seu genro) e ... temos bons exemplos aqui.

Contabilidade - há um campo fértil de investigação contábil de fraude e outros crimes. Se este comentário for realmente pertinente, quando um auditor (ou investigador) encontrar em uma entidade um empregado realmente incompetente, isto talvez seja um sinal de que seu chefe pode ser corrupto. 

Rir é o melhor remédio

Este é aquele teste para saber se você está ficando velho. Se você souber para que serve cada um destes objetos, então ...




29 julho 2020

Marketing é a Economia Comportamental Original

O famoso autor Philip Kotler, da área de marketing, escreveu (via aqui) um texto defendendo a ideia que a chamada economia comportamental foi precedida pelo marketing social. Segundo ele,

O campo do marketing classifica e explica a grande variedade de comportamentos humanos há mais de 100 anos. Os profissionais de marketing se basearam nas disciplinas de psicologia, sociologia, antropologia e psicologia social para descrever as grandes variedades de comportamento humano. Os profissionais de marketing ficaram fascinados com exemplos de comportamento "irracional". Por que muitas pessoas continuam seu hábito de fumar quando sabem que isso reduzirá sua vida? Por que as famílias pobres têm tantos filhos que os manterão e a seus filhos pobres? Por que um CEO decide adquirir um concorrente mesmo quando ele sabe que mais da metade de todas as fusões fracassa. (...) Poderíamos ter chamado isso de “economia comportamental” porque sempre estávamos preocupados em equilibrar o lado da demanda e o lado do custo desses esforços.

Imagem: aqui

Contabilidade - há um grande interesse da contabilidade pelo campo comportamental. Várias pesquisas são realizadas para tentar entender como o ser humano se comporta diante da informação contábil, por exemplo. 

Computação em Nuvem e estrutura de custo

A pandemia aumentou a utilização dos serviços de computação em nuvem. Conforme um texto do Valor:

A pandemia alimentou ainda mais a demanda, à medida que a atividade on-line aumentou, oferecendo uma vantagem para os grandes players de nuvem, incluindo Amazon, Microsoft e Google, ajudando a impulsionar o setor de tecnologia durante a crise econômica. A Amazon, líder do setor, disse em abril que sua divisão de nuvem cresceu 33%, para US$ 10,22 bilhões no primeiro trimestre. A companhia vai divulgar os resultados do segundo trimestre nesta quinta-feira.

Do outro lado, a computação em nuvem é uma despesa. Com as atividades reduzidas, pode ser uma despesa que precisa ser reavaliada. Eis um exemplo da Entur, empresa de administração de emissão de bilhetes e planejamento de viagens da Noruega. Esta empresa dobrou seus gastos anuais em três anos.

a covid-19 derrubou a venda de passagens. O uso da nuvem da Entur caiu mais de 50% - mas, para o choque da empresa, sua fatura mensal da nuvem do Google, de cerca de US$ 100 mil, aumentou 7% entre janeiro e abril, porque os aplicativos precisavam continuar em execução. A Entur, então, começou a vasculhar seus relatórios de uso da nuvem e encontrou gastos desnecessários, como pagar por servidores em nuvem adicionais para lidar com aumentos na hora do rush.

Foto: Aqui

Assembleias e a Participação Virtual

Com a pandemia, a CVM regularizou a realização de Assembleias de maneira virtual. Após a normatização, um grande número de empresas fez seu encontro, seja totalmente virtual ou de forma híbrida.

Uma declaração do diretor da CVM sugere que esta não será uma alternativa provisória.

“No cenário sem pandemia, as assembleias híbridas vão ser mais comuns” 

(diretor da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Gustavo Gonzalez).

A princípio parece descartado a assembleia 100% digital, no cenário posterior à pandemia.

(Imagem aqui)

Investigações não divulgadas da SEC

Resumo:

One of the hallmarks of the SEC’s investigative process is that it is shrouded in secrecy––only the SEC staff, high-level managers of the company being investigated, and outside counsel are typically aware of active investigations. We obtain novel data on all investigations closed by the SEC between 2000 and 2017––data that was heretofore non-public––and find that such investigations predict economically material declines in future firm performance. Despite evidence that the vast majority of these investigations are economically material, firms are not required to disclose them, and only 19% of investigations are initially disclosed. We examine whether corporate insiders exploit the undisclosed nature of these investigations for personal gain. Despite the undisclosed and economically material nature of these investigations, we find that insiders are not abstaining from trading. In particular, we find a pronounced spike in insider selling among undisclosed investigations with the most severe negative outcomes; and that abnormal selling activity appears highly opportunistic and earns significant abnormal returns. Our results suggest that SEC investigations are often undisclosed, economically material non-public events and that insiders are trading in conjunction with these events.

Blackburne, Terrence and Kepler, John and Quinn, Phillip J. and Taylor, Daniel, Undisclosed SEC Investigations (April 25, 2020). Management Science, Forthcoming, Available at SSRN: https://ssrn.com/abstract=3507083

Rir é o melhor remédio

Do filme O Poderoso Chefão, Michael Corleone

28 julho 2020

Recebendo comida: como trajar

Este divertido comercial do Just Eat mostra um pedido da empresa para seus clientes: vestir-se decentemente ao abrir a porta. Via aqui.

Energia Verde será secundária por muitos anos

É sempre bom ler um artigo que desafia o pensamento típico com bons argumentos. Este é o caso do artigo de Gail Tverberg, no blog Our Finite World (via aqui). Tverberg argumenta que não é possível um mundo futuro baseado na chamada energia “verde” (hidráulica, solar e eólica). São vários os argumentos, mas gostaria de destacar dois deles.

O primeiro é que estas fontes de energia são intermitentes. Ou seja, está disponível quando o sol estiver brilhando ou o vento soprando. Mas muitas aplicações da indústria a intermitência é um problema. Se você quiser usar um elevador, a energia intermitente pode significar que a máquina pararia de funcionar se não existir vento soprando. Isto é válido para uma série de situações, o que faz com que a energia verde tenha uma limitação de uso. Conforme lembra Tverberg, para ser útil, a eletricidade precisa estar disponível quando existir uma demanda por parte dos usuários. A luz solar pode ser uma boa fonte de energia em dias claros, mas não em períodos nublados ou durante o período noturno. Talvez por este motivo, a energia verde é responsável por uma parcela bem reduzida do abastecimento mundial: aproximadamente 10% tem sua origem nos ventos, no sol ou na força dos rios (gráfico). E isto não deve mudar tão cedo.

O segundo aspecto interessa ao leitor do blog. Refere-se ao custo de produção. Para Tverberg, não sabemos efetivamente quando custa produzir a energia verde, uma vez que em muitos locais do mundo há um forte subsídio para este setor. E parte deste recurso é proveniente do petróleo e derivados. Assim, não é possível comparar a energia verde com as fontes predominantes e afirmar, como pretendem alguns, que os custos estão cada vez mais próximo. Na visão do texto, há ainda um grande futuro para as fontes tradicionais de energia.

Os balanços que estão chegando

Os balanços que as empresas anunciarão nos próximos dias (ou já anunciaram) serão importantes para medir a influência da pandemia sobre os resultados. Uma vez que os efeitos maiores da crise de saúde ocorreu especialmente a partir de final de março, será no segundo trimestre de 2020 que teremos uma ideia melhor como o Covid-19 prejudicou (ou beneficiou) as empresas.

Nesta semana, algumas das maiores empresas do mundo irão divulgar os resultados, como as empresas de tecnologia e de petróleo. O Financial Times (via aqui) resume bem esta situação:

Decorridas duas semanas da safra de balanços corporativos nos Estados Unidos, três lições importantes ficaram claras. Primeiro, Wall Street pode ter sido pessimista demais em relação aos resultados. Segundo, as empresas que parecem estar prosperando na pandemia serão castigadas se seus números desapontarem. E terceiro, as incertezas com o coronavírus tornaram mais difícil para as empresas dizer muitas coisas sobre o futuro.

Um ponto interesse diz respeito a estrutura de custos. Neste sentido, alguns custos não evitáveis justificam um eventual resultado ruim:

Embora as empresas tenham reduzido as folhas de pagamento em resposta às quarentenas, muitas tiveram problemas para reduzir uma série de custos fixos, como as despesas com leasing, e precisaram gastar mais para viabilizar o trabalho a distância ou permitir o distanciamento social, além de realizar medidas de higiene intensas para manter seus funcionários e clientes seguros.

Apesar do foco no resultado, o texto chama atenção para o interesse nos dividendos.

“Talvez o importante nessa safra de balanços não sejam os lucros; talvez sejam os dividendos”, diz Jeff Kleintop, principal estrategista global de investimentos da Charles Schwab. Ele observa que muitos investidores estão em busca de rendas que não estão conseguindo no mercado de bônus.

Foto: aqui

Pressão e manipulação

Eis uma caso onde a pressão por atingir metas termina por conduzir a manipulação dos resultados. A empresa europeia Airbus, de fabricação de aviões, tem várias fábricas pelo continente. A produção espalhada faz com que o planejamento deva ser observado de forma bem rigorosa. Na produção do modelo A350, as instalações na Espanha, em Getafe, manipulou, entre 2016 e 2017,

O problema envolveu uma diferença entre as horas de trabalho que faltavam para terminar o projeto e o que estava realmente pendente. A investigação interna ocorreu em 2018.

Além da suposta maquiagem nas horas pendentes de trabalho, a investigação reuniu testemunhos sobre problemas de natureza industrial no processo de montagem de componentes do A350 confiados à Airbus Getafe, como “a falta de espaço e dificuldades de automação, que eram um obstáculo para que ele poderia alcançar seus objetivos operacionais e financeiros ".

Leia mais aqui. Foto: Airbus

Rir é o melhor remédio

Em tempos de pandemia, escolhendo o que fazer as 4 horas da manhã