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20 janeiro 2020

Contabilidade e Corrupção: Isabel dos Santos 4

E agora a reação de Isabel dos Santos. Esta declaração é interessante

Em reação, a empresária angolana destacou que a sua fortuna deve-se ao seu “carácter, inteligência, educação, capacidade de trabalho, perseverança”, acusando vários meios de comunicação social de “racismo” e “preconceito”, fazendo “recordar a era colonial em que nenhum africano pode valer o mesmo que um europeu”.

A empresária falou à BBC. Ela disse que as autoridades angolanas estão promovendo uma caça às bruxas “muito, muito seletiva, que serve o propósito de dizer que há duas ou três pessoas relacionadas com a família dos Santos”. Mais ainda: “Lamento que Angola tenha escolhido este caminho, penso que todos temos muito a perder”.

A empresária argumenta que as empresas que lançou nos últimos 20 anos são competentes e geridas por bons profissionais, e rejeita a ideia de que o facto de ser filha do antigo Presidente de Angola é sinónimo de culpa.

Contabilidade e Corrupção: Isabel dos Santos 3

Duas consequências da divulgação dos documentos sobre Isabel dos Santos, que este blog resumiu ontem aqui.

A primeira é que Isabel dos Santos não irá mais ao Fórum Econômico Mundial de 2020. Este é um encontro de líderes políticos e empresários e a empresa Unitel (leia-se Isabel) tinha pago para ser patrocinador do evento. Os organizadores afirmaram que irão reavaliar o patrocínio da Unitel.

O segundo diz respeito a PwC. Na postagem de ontem afirmamos que as Big Four ganharam muito dinheiro prestando serviço para Isabel dos Santos. Especialmente a PwC. Agora (e somente depois da reportagem) a PwC confirmou ter cancelado todos os contratos de serviços com as empresas controladas por Isabel dos Santos.

“Nós esforçamo-nos para manter os mais altos padrões profissionais na PwC e estabelecemos expetativas de comportamento ético consistente por todas as empresas da PwC na nossa rede global. Em resposta às alegações muito sérias e preocupantes levantadas, iniciámos imediatamente uma investigação e estamos a trabalhar para avaliar minuciosamente os factos e concluir a nossa investigação”, comentou, num comunicado enviado à agência Lusa.
A mesma nota acrescenta que tomou “medidas para encerrar qualquer trabalho em curso para entidades controladas por membros da família dos Santos”.

Eis um resumo para quem perdeu as notícias:

O Consórcio Internacional de Jornalismo de Investigação (ICIJ), que integra vários órgãos de comunicação social, entre os quais o Expresso e a SIC, analisou, ao longo de vários meses, 356 gigabytes de dados relativos aos negócios de Isabel dos Santos entre 1980 e 2018, que ajudam a reconstruir o caminho que levou a filha do ex-presidente angolano a tornar-se a mulher mais rica de África.
Durante a investigação foram identificadas mais de 400 empresas (e respetivas subsidiárias) a que Isabel dos Santos esteve ligada nas últimas três décadas, incluindo 155 sociedades portuguesas e 99 angolanas.
As informações recolhidas detalham, por exemplo, um esquema de ocultação montado por Isabel dos Santos na petrolífera estatal angolana Sonangol, que lhe permitiu desviar mais de 100 milhões de dólares (90 milhões de euros) para o Dubai.
Revelam ainda que, em menos de 24 horas, a conta da Sonangol no Eurobic Lisboa, banco de que Isabel dos Santos é a principal acionista, foi esvaziada e ficou com saldo negativo no dia seguinte à demissão da empresária.

Contabilidade e Corrupção: Isabel dos Santos - Parte 2

Um pouco da história de Isabel dos Santos está neste infográfico. Fonte: Aqui

Rir é o melhor remédio



"Eu não vou pagar impostos. Quando eles disserem que eu vou para a prisão, direi não, as prisões custam muito dinheiro aos contribuintes. Você fica com o que teria custado para me encarcerar, e vamos dizer que estamos empatados." –Jimmy Kimmel  


Adaptado daqui.

19 janeiro 2020

Contabilidade e a Corrupção: Isabel dos Santos

Já comentamos aqui no blog sobre a empresária angolana Isabel dos Santos. Filha do quase eterno presidente de Angola, Eduardo dos Santos, a empresária foi considerada pela Anistia Internacional um dos 15 maiores símbolos da corrupção no mundo (em companhia de Fifa, Mubarak e Petrobras). Apesar de sua presença cheirar corrupção, um relatório divulgado hoje por um consórcio internacional mostrou como consultores e contadores ajudaram Isabel dos Santos a construir e legalizar seu império. Além disto, o relato mostrou como empresas “respeitáveis”, como Dolce Gabbana aceitarem ter Isabel dos Santos como cliente, mesmo sabendo quem ela era. Segundo esta empresa, “não é problema o que os [nossos] clientes fazem da sua vida”.

O relato chama a atenção que muitos bancos, como Citi, Barclays, Santander ou Deutsche (até este banco alemão, sempre envolvido em problemas) recusaram a trabalhar com dos Santos e seu marido, o “empresário” Sindika Dokolo. Em 2014, o Santander chamou Isabel dos Santos de uma pessoa politicamente exposta, termo usado para funcionários públicos e parentes, vulneráveis à suborno ou corrupção, e não aceitou trabalhar com ela.

Mas isto não aconteceu com as empresas de consultoria e as empresas contábeis, que ganharam muito dinheiro com Isabel dos Santos e seus negócios. TODAS as empresas Big Four continuaram a trabalhar para as empresas de Isabel dos Santos, mesmo após as alegações de corrupção. O mesmo ocorreu com a Accenture, a McKinsey e BCG.

O jogo feito pelas empresas de contabilidade pode ser encontrado aqui. Resumimos a seguir o texto.

Cada uma das grandes empresas de auditoria continuaram trabalhando para Isabel dos Santos mesmo após o início das denúncias. Vamos a uma relação (alguns exemplos):

Deloitte = Finstar
EY = Zopt
KPMG = Urbinvest
PwC = a preferida de Isabel dos Santos, inclusive como consultoria tributária usando paraíso fiscal

As empresas deveriam denunciar indícios de corrupção e lavagem de dinheiro. Mas parece que isto não funciona com as empresas de auditoria, mesmo com as regras exigindo uma conduta dos profissionais mais rígida. Sikka, um professor de contabilidade, resume isto: é um modelo de franquia global quando querem ganhar negócios, mas no momento da responsabilidade, afirmam que os negócios locais são independentes.

A reportagem tentou olhar o lado das Big Four, mas encontrou desculpas como “confidencialidade” e outras do gênero. A reportagem então submeteu um dos documentos divulgados, que incluía uma “taxa de sucesso” para o esposo de Isabel dos Santos de 4 milhões de dólares, a quatro peritos e todos disseram que isto parecia suspeito. Mas os profissionais da PwC não entenderam assim.

Isabel dos Santos disse que os documentos que serviram de base para reportagem são falsos. (os documentos podem ser encontrados aqui) Como uma grande parte da fortuna de Isabel dos Santos foi investida em Portugal, o assunto atraiu a imprensa de lá (aqui e aqui, por exemplo)

Falando com Estranhos

O novo livro de Malcolm Gladwell tem muito de Malcolm Gladwell: usando uma “teoria”, Gladwell escolhe alguns “casos” e conta de forma agradável, justificando sua “teoria”. Depois de Outliers, Ponto da Virada, Davi e Golias, Blink e o conjunto de artigos publicados em O que se passa na cabeça dos cachorros, Gladwell publica agora Falando com Estranhos. A ideia central é que os seres humanos não sabem julgar as pessoas. Não sabemos falar com as pessoas desconhecidas e isto causa mal entendidos.

Para a contabilidade, dois aspectos interessantes que Gladwell aborda no novo livro. O primeiro é a história de Madoff, um especialista em fundos de investimento que enganou muitos investidores. Gladwell centra a atenção naquele que ele não conseguiu enganar: Harry Markopolos que descobriu que Madoff era uma enganação e sua estratégia de investimento era uma pirâmide. O exemplo é usado pelo autor para destacar que o ser humano tem um pressuposto no julgamento dos desconhecidos: que eles falam a verdade. Assim, Hitler foi verdadeiro quando disse para Chamberlain que não iria fazer a guerra; e Madoff também foi verdadeiro quando disse em uma entrevista que não tinha fraude no seu fundo. Bons casos para destacar sua teoria.

O segundo aspecto interessante para a contabilidade é a parte Transparência. Aqui Gladwell usa Friends, Amanda Knox e um caso de estupro em uma festa universitária. Seu ponto de vista é que muitas informações pode ser sinal de decisões ruins. Isto é contrário ao que a contabilidade pensa e nós exigimos da regulação. Gladwell enfatiza o caso dos juízes que devem decidir quanto um acusado deve pagar de fiança para não ir preso. Os juízes insistem em “olhar nos olhos” dos acusados, antes da decisão. E tudo parece indicar que a transparência das expressão dos atores de Friends é válida para uma série de TV, não para a vida real. Na vida real, a expressão dos acusados pode ser enganosa e levar às decisões ruins. Mais informação é igual a decisão ruim.

Vale a Pena? Gladwell é polêmico nas suas ideias e simplifica demais algumas coisas. Mas é inegável que é um excelente contador de história. Não é o melhor livro dele (ficaria entre Outliers e Blink), mas é um livro fácil de ler.

Competição é para perdedores: lições de Peter Thiel

Reportagem no WSJ

Gangue importa

Usando dados de El Salvador, uma pesquisa mostrou que pessoas que vivem em áreas sob o controle de gangues tem menor educação, riqueza ou renda, quando comparado com pessoas que vivem 50 metros de distância, em região não controlada por gangues. 

Como a distância é pequena entre as áreas, não é o fato de ter menos serviços públicos disponíveis ou outro tipo de justificativa. Segundo os autores, as gangues restringem a mobilidade das pessoas e as opções de trabalho. Isto faz diferença para as pessoas que vivem em áreas dominadas por gangues.

Via aqui

Rir é o melhor remédio

Fonte: Aqui

18 janeiro 2020

Efeito colateral da inspeção de auditoria

 A presença e a possibilidade de inspeção, por parte do PCAOB, faz com que a empresa de auditoria concentre seus esforços nos clientes de maior risco, deixando de lado os clientes de menor risco.

Veja que é algo como acontece com um professor que orienta dois alunos: aquele com maior risco de ser reprovado talvez tenha mais atenção do professor. Mas nem sempre é isto que ocorre: sabendo disto, o professor pode focar no melhor aluno e deixar abandonado o "caso perdido". O que ocorre mais?

No caso do auditor, há um risco reputacional. Isto pode fazer com que a conclusão da pesquisa pareça meio óbvia, mas é algo novo sobre a forma como o auditor trabalha.


I provide theory-based causal evidence on the effects of risk-based regulatory inspections, modeled after the PCAOB's, on auditor behavior in a multi-client setting where clients with relatively higher misstatement risk ("higher-risk" clients) have a higher risk of being inspected than clients with relatively lower misstatement risk ("lower-risk" clients). I predict and find inspections increase auditor effort, but only for higher-risk clients. Inspections impair auditors' decision performance for lower-risk clients relative to a regime without inspections and relative to higher-risk clients within an inspections regime, ceteris paribus. Theory-based process model results show inspections increase auditors' perceived inspection risks, which increase auditor effort for higher-risk clients, but also increase auditors' task-related anxiety resulting in decreased decision performance for lower-risk clients. Notwithstanding the previously-identified benefits, this study identifies potential unintended consequences of risk-based regulatory inspections.

Lori Shefchik Bhaskar (2019) How do Risk-Based Inspections Impact Auditor Behavior? Experimental Evidence on the PCAOB's Process. The Accounting Review In-Press.  

Barcelona primeiro

O ranking dos maiores clubes de futebol do mundo aponta, pela primeira vez, o Barcelona em primeiro lugar. O clube espanhol ultrapassou o United e o Real Madrid, que dominavam a classificação feita pela Deloitte. A tabela abaixo mostra a evolução da receita do time em três grandes grupos: renda dos jogos, transmissão dos jogos e comercial. O que garantiu a posição do Barcelona foi a parte comercial, que duplicou em dez anos.

Mas a evolução dos outros dois grupos também foi importante. Veja, em termos comparativos, os dados do Real Madrid, o grande adversário do Barcelona na Espanha. A receita dos jogos do Real aumentou 12% (versus 63% do Barcelona). Os direitos de transmissão apresentaram um comportamento similar, mas a evolução do grupo "comercial" no Real foi de 187%, versus 215% do Barcelona.

Concentração no futebol

Usando as informações contábeis, a UEFA chegou a conclusão que o futebol está altamente concentrado.

Depois de Deloitte e KPMG divulgarem seus relatórios financeiros em relação ao futebol europeu, foi a vez de a Uefa apresentar a sua própria compilação de dados, mas relativos a 2018. E o recorte da federação também foi diferente, apontando para um problema no panorama geral do futebol europeu: a discrepância financeira entre os principais clubes e o restante é uma ameaça ao sucesso do futebol no continente. O relatório aponta que os 30 clubes mais ricos geraram basicamente o mesmo que os outros 682 juntos.

Mas a concentração também ocorre nas ligas. O mesmo fato está ocorrendo no Brasil, onde os campeonatos estaduais irão deixar de ter relevância, sendo substituído pelo campeonato nacional. E neste campeonato, o número de clubes favoritos reduz a cada dia.

Rir é o melhor remédio

Submissão de um artigo

17 janeiro 2020

Projeto de lei visando custo menor para captação de pequena empresa

O governo quer ressuscitar uma proposta que permite a redução dos custos de captação de recursos no mercado de capitais para pequenas e médias empresas. Uma minuta de projeto de lei já está pronta para ser encaminhada ainda este ano ao Congresso Nacional, alterando a Lei das Sociedades Anônimas para conferir à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) a possibilidade de aplicar descontos regulatórios às companhias com faturamento bruto anual inferior a R$ 500 milhões. [...]

Segundo pontos da minuta repassados ao Valor, a CVM poderá dar descontos em procedimentos no que se refere à obtenção do registro de emissor; distribuições públicas, no mercado primário ou secundário, de valores mobiliários (inclusive com relação à possibilidade de dispensa da participação de instituição intermediária); prestação de informações periódicas e eventuais (de modo a, por exemplo, reduzir a periodicidade das demonstrações contábeis ou flexibilizar a exigência de que sejam auditadas).

Além disso, isenções e descontos poderão ser concedidos no caso de distribuição obrigatória de dividendos, além da obrigação de realização de oferta pública de aquisição de ações para cancelamento do registro de companhia aberta e por aumento de participação. Segundo o subsecretário, às vezes alguns custos são justificados e proporcionais para uma empresa grande, mas acabam inviabilizando o acesso das pequenas ao mercado de capitais. [...]

Outra medida para reduzir custos de pequenas e médias empresas é a criação de lei específica para disciplinar a nota comercial como valor mobiliário desvinculado da nota promissória. [...]

Outras medidas foram acordadas no ano passado do âmbito IMK para serem implementadas em 2020 com o objetivo de modernizar instrumentos financeiros. [...] Entre elas, está a possibilidade de emissão das Letra Imobiliária Garantidas (LIG) no exterior. No lado tributário, após consenso no IMK, será debatido com a Receita Federal a isenção de Imposto de Renda de Pessoa Física (IRPF) para as contribuições extraordinárias cobradas dos participantes dos fundos de pensão para restabelecer o equilíbrio financeiro e garantir a sustentabilidade dos pagamentos.

Fonte: Aqui

Alphabet se torna 4ª empresa nos EUA a atingir US$ 1 trilhão em valor de mercado

Fonte: aqui
A Alphabet, empresa mãe do Google, se tornou a 4ª empresa a atingir valor de mercado de US$ 1 trilhão nos Estados Unidos nesta quinta-feira (16). As ações da companhia subiram 0,8%.

Com o feito, a Alphabet se junta a outras empresas, todas do setor de tecnologia, que já tinham alcançado esse valor: Apple, Microsoft e Amazon, que tecnicamente nunca terminou um pregão valendo mais de US$ 1 trilhão.

Apple atingiu o valor em 2018, assim como a Amazon. A Microsoft alcançou a marca em abril do ano passado.

Os ganhos mostram a dominância das empresas de tecnologia no mercado acionário. As cinco maiores empresas do índice S&P 500 — Amazon, Microsoft, Alphabet, Apple e Facebook — respondem por 19% do peso do índice, uma alta de 7 pontos em relação a 5 anos atrás.

A Alphabet foi oficialmente criada em 2015, quando o Google decidiu separar o negócio principal da empresa — baseado em buscas de internet e venda de publicidade — de outras iniciativas, como carros autônomos, produtos para casa conectada e até o YouTube.

Fonte: Aqui

Método ou Metodologia

Malcolm Smith, em Research Methods in Accounting, faz a distinção entre método e metodologia:

Método de pesquisa diz respeito as questões técnicas associadas com a condução da pesquisa; metodologia da pesquisa está interessada com as filosofias associadas com a escolha do método da pesquisa (p. xiii, 4a ed)

Parece que sempre trocamos isto nos artigos, não? 

Ambiente é preocupação do Fórum Econômico Global

Um relatório sobre o risco global produzido pelo Fórum Econômico Global traz como grande preocupação a questão ambiental. Um resumo do documento, em língua portuguesa, pode ser obtido aqui.

Sobre a Amazônia, segundo o Jornal de Negócios, a questão também é preocupante:

Em terra, o “desaparecimento” da Amazónia também foi identificado como outro grande risco ambiental com forte impacto na economia. Nos últimos 50 anos, a floresta amazónica “perdeu 17% do tamanho”. “A Amazónia absorve agora um terço menos de carbono do que há uma década”, referiu o relatório.

Outro sinal de alarme sobre o desaparecimento da Amazónia foi dado a conhecer por uns cientistas que descobriram que se a grande floresta perder mais 20% a 25% do seu tamanho, “chegaria a um ponto sem retorno, em que um ciclo vicioso de seca, incêndios e cobertura florestal perdida seria irrecuperável”.

As consequências do desaparecimento da Amazónia, além de pôr em causa 10% das espécies terrestres que aí vivem, também significaria que o ser humano iria deixar de descobrir potências curas para doenças e criaria as condições para “incêndios e inundações na região mais intensos, assim como padrões imprevisíveis de períodos de chuva ou seca”.

“Isto colocaria em causa a produção de alimentos, aumentar a escassez da água e reduzir a geração de hidroenergia, com custos económicos superiores a três biliões de dólares [2,6 biliões de euros]”, referiu o relatório.

Executivos e Fraude Contábil

Veja o que apareceu no NYTimes sobre o que deve ocorrer em 2020:

Processos criminais por fraude contábil são incomuns, mas no final do ano passado, os promotores assumiram uma posição mais agressiva ao acusar os executivos seniores de violarem as regras contábeis.

Em dezembro, os promotores federais indiciaram um co-fundador da Outcome Health, Rishi Shah; o ex-presidente da empresa, Shradha Agarwal; e seu diretor financeiro, Brad Purdy, de lavagem de dinheiro e fraude postal e eletrônica por fazer declarações falsas a um banco para obter quase US $ 1 bilhão em empréstimos e investimentos patrimoniais.

O Departamento de Justiça também acusou os ex-executivos da MiMedx, Praker Petit e William Taylor, de "encher os canais" vendendo mais produtos aos distribuidores do que precisavam (...) 


Se os promotores federais puderem convencer um júri de que os réus violaram a lei de valores mobiliários, é provável que haja condições substanciais de prisão.

A questão para a BMW é se o relatório de vendas de veículos também enganou os investidores. A SEC está investigando se a empresa manipulou números para torná-lo mais saudável do que era. Se isto for encontrado, a empresa poderá sofrer uma penalidade substancial.

Em setembro, a Fiat Chrysler pagou US $ 40 milhões para resolver alegações de que usava práticas duvidosas para aumentar suas vendas. A SEC concluiu que a Fiat Chrysler havia fornecido informações imprecisas aos investidores, violando as leis federais de valores mobiliários.

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PEPS

16 janeiro 2020

DRE de uma equipe de fórmula 1

A estrutura de custos de uma equipe de Fórmula 1 é muito mais transparente do que poderíamos imaginar. A maioria possui sede na Grã-Bretanha e precisam depositar demonstrações financeiras anuais já que possuem uma receita acima de 10,2 milhões de libras e mais de 50 funcionários. As equipes com sede na Itália também precisam divulgar. Somente a Alfa Romeo suíça não tem esta obrigação, mas a Ferrari divulga junto com a montadora.

A melhor divulgação é da Toro Rosso, que tem sede na Itália, mas possui uma operação na Grã-Bretanha. A demonstração da equipe encontra-se abaixo:

A principal receita é o patrocínio da Red Bull, que colocou 83 milhões de dólares na equipe. Há outras receitas de 30 milhões, que inclui patrocínio e outros. Os prêmios representam 60 milhões e dependem do desempenho. Assim, a receita total da equipe é de 184 milhões de dólares.

Um custo elevado é o de “compras de materiais usados ​​para fabricar carros de F1, roupas de equipe, adesivos para carros de F1 e outros consumíveis”, com um valor de 56 milhões. Custos com pessoal (quatro gerentes, 14 gerentes juniores, 190 trabalhadores de colarinho branco e 102 colares azuis, totalizando 310) significa US $ 40 milhões.Os "custos com serviços de transporte de carro, motorista de carro de corrida e despesas de viagem e hospedagem da equipe” também é elevado. Os motores, fabricados pela Honda, tem um custo de 17 milhões. Aluguel de circuitos de teste tem um valor de 23 milhões.

No final, a equipe tem um lucro operacional de 2,5 milhões, indicando uma margem operacional de 1,3%

Fonte: Aqui

Propósito de uma entidade

Uma das discussões recentes do Iasb é sobre o propósito de uma entidade. O relato da discussão pode ser acessado aqui. Os membros do Iasb sabem que muitas vezes o objetivo declarado de uma entidade é muito mais uma ferramenta de marketing, com pouca conexão com a forma de gerar fluxos de caixa e criar valor da entidade. Veja por exemplo o propósito da BP:

Our purpose is to deliver products and services that will add value to your business today and tomorrow.

Veja da Petrobras:

Provide energy that ensures prosperity in an ethical, safe and competitive way.

[sem risos, por favor]

Esta é a crítica do Iasb: é uma ferramenta de marketing. Outra questão é que muitas entidades não possuem um objetivo declarado. Mas neste ponto o Iasb realmente surpreendeu: alguns membros expressaram a opinião que o propósito final de uma entidade orientada para o lucro é GANHAR DINHEIRO. Bingo.

Mas

Alguns membros comentaram que há uma tendência cada vez maior para que o objetivo não seja expresso em termos de criação de valor para a entidade, mas para outras partes interessadas.

No geral, os membros concordaram que a Declaração de Prática revisada deve permitir que as entidades discutam seus propósitos, mesmo que seja declarado amplamente sem conexão com a geração de fluxos de caixa, porque isso daria aos usuários uma visão da identidade.

Adnoc, estatal do petróleo do Abu Dhabi

A tentativa da Aramco de se tornar uma empresa diversificada e moderna, através de uma oferta pública de ações, ofuscou outra empresa: a Companhia Nacional de Petróleo de Abu Dhabi ou ADNOC. Está empresa é a sétima maior produtora de petróleo do mundo, com 97,8 bilhões de barris.

Mas assim como a Aramco, a Adnoc tem planos de modernização e diversificação, buscando lucratividade. Mas a busca por recurso da Adnoc é um pouco diferente da Aramco. A empresa saudita buscou ofertar ações, inicialmente no mercado internacional para investidores estrangeiros. Mas a recepção dos investidores não foi muito agradável, e a Aramco terminou fazendo uma oferta voltada principalmente para os investidores domésticos.

Já a Adnoc foi mais “criativa”. Talvez por isto não foi muito notada. Segundo a Reuters, nos últimos três anos a empresa obteve 19 bilhões de dólares (versus quase 30 bilhões da Aramco) com investidores estrangeiros. Entre os investidores, o fundo BlackRock e a empresa de investimento KKR.

Resta ver que abordagem para atrair investimentos será mais proveitosa nos próximos anos. Mas está em jogo a capacidade das empresas de diversificar com sucesso da produção de petróleo e, de maneira mais ampla, para as economias domésticas que dependem delas para resistir a choques nos preços do petróleo.
Junto, o governo está procurando mudar a empresa, focando no desempenho dos funcionários. A empresa já demitiu seis mil funcionários e pretende mudar a cultura conservadora existente.

Rir é o melhor remédio

Depreciar terrenos

15 janeiro 2020

Fuga digna de filme

Saiu no InfoMoney que Ghosn, em uma entrevista à CBS Newsconfirmou que Hollywood entrou em contato com o intuito de realizar uma produção cinematográfica sobre sua história de vida e não descartou a ideia.

A fuga de Ghosn deu muito o que falar (aqui e aqui). Uma das hipóteses é a de que ele se escondeu dentro de uma caixa de instrumentos musicais e embarcou em um jato particular, com controles menos rigorosos e sem raios x para bagagem.

Recentemente a Yamaha publicou o seguinte tweet (tradução livre): “não mencionaremos o motivo, mas houve muitos tweets sobre entrar em grandes estojos de instrumentos musicais. Após um incidente infeliz será tarde avisar, por isso, pedimos a todos que não o façam”.



Relembre aqui a queda de Ghosn.

excesso de informação

Researchers in China have investigated what we mean by “information overload” in the context of a social media application, WeChat. Their findings have implications for those who use and run such services as well as other researchers in the field and psychosocial practitioners.

Writing in the International Journal of Mobile Communications, the team reports how the amount of information received and the length of content correlates with user perceptions of information overload as one might expect. However, the number of subscriptions within the service that a user has was not a significant factor in this perception. However, the perception of information overload was associated with negative emotions and an increased (but ongoing) intention to discontinue usage. Negative emotions and this urge to disconnect from the service was higher with a higher level of experience.

Information overload has been defined as the point at which users of any given service receive so much information in a short space of time that they no longer have the capacity to process all of that information satisfactorily and this leads to stress or anxiety and diminished decision-making ability for those people.

“Living in a [so-called] digital society, we are bombarded with information whether or not we actively seek it,” the team writes. “We are all affected by the increasing number of sources from which information emanates.” They add that “Recognising the antecedents and consequences of information overload can help us to prevent it or at least deal with it.”



Zhang, X., Ma, L., Zhang, G. and Wang, G-S. (2020) ‘An integrated model of the antecedents and consequences of perceived information overload using WeChat as an example’, Int. J. Mobile Communications, Vol. 18, No. 1, pp.19–40.

Carlsen alcança outra marca no xadrez: 111 partidas sem perder

Está sendo realizado na Holanda o tradicional torneio Tata de xadrez. Nas quatro primeiras rodadas, o grande campeão mundial, Magnus Carlsen, saiu com quatro empates. Parece muito ruim para quem é o maior jogador da atualidade; com estes empates, Carlsen perdeu 8,4 pontos no rating, caindo para 2863,6, menos de 26 pontos da maior pontuação da história (de Carlsen, obviamente). Mas Carlsen acaba de bater uma marca incrível: 111 jogos sem perder. Entre 2004 a 2005, o enxadrista Tiviakov ficou 110 partidas sem sofrer derrota, embora jogando com adversários mais fracos: o rating médio dos adversários de Carlsen foi de 2700 (menos de quarenta jogadores possuem hoje uma marca maior que esta), enquanto de Tiviakov foi de 2.476.

Se vencer o torneio, seria a oitava vez que Carlsen faz isto. Recentemente, o norueguês venceu os títulos mundiais de Rápido e Blitz. Com isto, ele é o campeão mundial no jogo clássico e nos dois estilos rápidos. E em dezembro, Magnus tornou-se o melhor do mundo no Fantasy Football Premier League, na frente de 7,3 milhões de pessoas.

Enquanto joga o torneio da Holanda, Carlsen começa a estudar os potenciais adversários na disputa do título de xadrez. Em abril, oito classificados irão disputar um torneio cujo vencedor irá enfrentar Carlsen no final de 2020: um americano (Caruana, italiano de nascença, e último desafiante), dois chineses, três russos, um Azerbaidjão e um holandês.

Dos atuais jogadores, talvez um deles possa, no futuro, derrotar Carlsen. Trata-se do iraniano Alireza Firouzja. Nascido em 2003, Firouzja já tem 2723 pontos de rating, o que garante estar entre os melhores do mundo. Por uma questão política, os jogadores do Irã deixam de participar de torneios com a presença de israelenses. No final de 2019, Firouzja deixou de competir pelo Irã e passou a disputar torneios com a bandeira da federação internacional de xadrez, a Fide. Ele foi considerado por Nakamura como um dos três melhores jogadores de xadrez com tempo reduzido, ao lado de Carlsen e Nakamura. No campeonato mundial de xadrez rápido e blitz Firouzja chegou a estar em vantagem contra Carlsen, mas perdeu o jogo por uma questão de regulamento. E ele tem 16 anos, somente. No torneiro da Holanda, que Carlsen está jogando, Firouzja venceu duas, empatou uma e perdeu uma. Seu rating aumentou 9,7 pontos com este resultado.

Doação para o terceiro setor

As entidades do terceiro setor tem como uma das principais fontes de renda as doações. A questão contábil já foi discutida bastante, mas agora surgiu algo novo: como lidar com as doações inadequadas? Eis um caso interessante. Jeffrey Epstein faleceu recentemente, mas ficou com a fama de ser um predador sexual. Entre 2002 a 2017, Epstein fez diversas doações para o Instituto de Tecnologia de Massachusetts ou MIT. Além disto, ele visitou a universidade pelo menos nove vezes.

Depois que a vida de Epstein começou a ser questionada, o MIT ficou preocupado com os efeitos destas doações e das visitas. A entidade contratou um escritório de advocacia, que fez um relatório sobre a relação de Epstein com o MIT. Desde 2008, Epstein já tinha uma ficha criminal não recomendável: tinha declarado culpado de duas acusações criminais por solicitar prostituição com menores. Depois disto, passou um ano na cadeia.

Depois da pena, Epstein visitou o MIT pelo menos nove vezes. O relatório conclui que a administração central não sabia que estas visitas aconteciam. O relatório absolveu a administração do MIT por estas visitas, mas afirmou que ocorreram erros em aceitar as doações de Epstein após a sua condenação. E grande parte das doações financeiras foram após suas condenação na Flórida, em 2008. Mas a investigação mostrou que as doações foram realizadas para dois pesquisadores de um laboratório, o MIT Media Lab: o ex-diretor, Joi Ito e o professor Seth Lloyd. O relatório aponta o dedo para ambos, por não terem "informado adequadamente o MIT sobre as doações". Isto soa estranho, pois uma doação deveria ter passada pela contabilidade do MIT.

Também soa estranho, ou cínico, a atitude do MIT, condenando agora as doações. Se uma pessoa é condenada e cumpre sua pena, será que as pessoas que estão recebendo uma doação necessitam recusar a doação?

Sobre o caso, leia Nidhi Subbaraman. MIT review of Epstein donations finds “significant mistakes of judgment”. Nature. doi: 10.1038/d41586-020-00072-x

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14 janeiro 2020

Ministro da economia da Sérvia

O ministro da economia da Sérvia obteve seu doutorado na Faculdade de Ciências Organizacionais (FOS) da Universidade de Belgrado em 2013. O trabalho era sobre criação de valor nas situações de reestruturação e privatização. Na mesma época da defesa, Mali tinha também submetido uma tese na Faculdade de Economia, mas não está claro se tratava do mesmo trabalho ou de outro, original.

Em 2014, um site afirmou que pelo menos um terço da tese tinha sido plagiado, inclusive usando textos da Wikipedia. No mesmo ano, uma editora informou que um artigo de Mali tinha parágrafos não citados de outro autor. Em 2015, Mali tem um trabalho retirado da revista "Organization and Management", que depois republicou o texto, com a correção.

No final de 2016, uma comissão de ética da FOS concluiu que pela não contestação da contribuição científica do trabalho. Mas um acadêmico contestou e afirmou que o trabalho é um plágio, solicitando a anulação do doutorado.

Já em 2017, o relato da comissão de ética foi rejeitado e outra comissão foi formada. Mali não foi a única figura pública que teve problemas com plágio. Mas o seu caso prosseguiu com uma série de investigações e relatórios. Para encurtar, em dezembro de 2019, a Universidade de Belgrado cassou o doutorado de Mali por plágio.

Agenda 2020

Eis uma possível agenda do Iasb para o ano (com nome do projeto, o tipo de documento e data esperada):

Goodwill and impairment - Discussion paper - Q1 2020
Comprehensive review of the IFRS for SMEs - Request for information - Q1 2020
Business combinations under common control - Discussion paper - Q2 2020
IBOR reform and its effects on financial reporting — Phase 2 - Exposure draft -  Q2 2020
Rate-regulated activities - Exposure draft -  Q2 2020
Post-implementation review of IFRS 10, IFRS 11, and IFRS 12 - Request for information - Q2 2020 Disclosure initiative — Targeted standards-level review of disclosures - Exposure draft - H2 2020 Management commentary (wider corporate reporting) - Exposure draft - H2 2020 2020
Agenda consultation - Request for information -  H2 2020

Mudança no Oscar

A Netflix teve a sua primeira indicação ao prêmio Oscar em 2014. Em 2018 foram 8, número que aumentou para 15 em 2019 e aumentou para 24, para este ano, segundo o anúncio feito ontem. Se no ano passado foi Roma, este ano é o filme Irishman, com 10 indicações.

Rir é o melhor remédio


13 janeiro 2020

Oligopólio x Censura

In my latest Locus column, Inaction is a Form of Action, I discuss how the US government's unwillingness to enforce its own anti-monopoly laws has resulted in the dominance of a handful of giant tech companies who get to decide what kind of speech is and isn't allowed -- that is, how the USG's complicity in the creation of monopolies allows for a kind of government censorship that somehow does not violate the First Amendment. 


We're often told that "it's not censorship when a private actor tells you to shut up on their own private platform" -- but when the government decides not to create any public spaces (say, by declining to create publicly owned internet infrastructure) and then allows a handful of private companies to dominate the privately owned world of online communications, then those companies' decisions about who may speak and what they may say become a form of government speech regulation -- albeit one at arm's length.

I don't think that the solution to this is regulating the tech platforms so they have better speech rules -- I think it's breaking them up and forcing them to allow interoperability, so that their speech rules no longer dictate what kind of discourse we're allowed to have. 

(via aqui)

Sobre a importância do Oriente Médio

Even beyond Iran, the region scarcely registers on multinationals’ profit-and-loss statements. The Middle East and Africa accounted for 2.4% of listed American firms’ revenues in 2019, according to Morgan Stanley, a bank. For European and Japanese companies it was 4.9% and 1.8%, respectively. Middle Easterners still buy comparatively few of the world’s cars (2.3m out of 86m sold globally in 2018). Peddlers of luxury goods like Prada, an Italian fashion house, and L’Oréal, a French beauty giant, book 3% of sales in the Middle East (not counting sheikhs’ shopping trips to Milan or Paris).

The overall regional footprint of Western finance appears equally slight. At the end of 2018 big American banks had $18.5bn-worth of credit and trading activity in the region, equivalent to 0.2% of their assets. This includes JPMorgan Chase’s $5.3bn business in Saudi Arabia and Citigroup’s $9.6bn exposure to the United Arab Emirates (UAE). European banks have, if anything, been retreating. BNP Paribas of France sold its Egyptian business seven years ago and earned a footling €121m ($143m) in the Middle East in 2018. HSBC reports a substantial $58.5bn in Middle Eastern assets, though that is still a rounding error in the British lender’s $2.7trn balance-sheet.


Fonte: The Economist. Via aqui, que destaca a ausência do setor de energia. 

Velocidade na estrada

Um mapa mostrando os limites de velocidade no mundo:

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12 janeiro 2020

Decisões Financeiras de um Casal Real

O príncipe Harry e sua esposa, a ex-atriz Meghan Markle, anunciaram que estão se afastando das suas obrigações reais. Há uma suspeita de que o racismo poderia ser uma razão para a decisão (vide aqui).

A notícia pode ser interessante para quem gosta de finanças pessoais, avaliação de marca e gerenciamento patrimonial. Assim como o Brexit, a decisão, chamada de Megxit, a decisão parece estar ocorrendo de forma caótica. Em termos financeiros e sob a ótica do casal, a decisão criou um problema: como manter o estilo de vida sem a receita real? Outra outra decisão (vão mudar o estilo de vida) parece que foi tomada, já que o casal pretende passar mais tempo na América do Norte

O caso torna interessante pois permite diferenciar balanço de DRE. Em termos de balanço, o casal parece ter um patrimônio avaliado em 30 milhões de dólares, sendo 5 milhões de Meghan - da época que era atriz, e o restante de Harry, resultado da herança da mãe. Mas isto é diferente da DRE, que apresenta as receitas e despesas do casal.

Hoje 95% das despesas do casal tem origem nos recursos do pai, o príncipe Charles, e o restante do Fundo Soberano, originário do governo britânico, que paga à Família Real para realizar certas tarefas e cuidar dos palácios reais. Isto não conta os custos de segurança, que são pagos pelos súditos, à parte. Esta conta deve ter um valor de 100 mil libras esterlinas por ano. Com a decisão, o casal deixa de receber o dinheiro do Fundo Soberano ou 5% da renda. A segurança deve continuar e os valores deverão aumentar, já que o casal pretende viver mais na América do Norte.

O fluxo de caixa futuro poderá ser reforçado com receita de livros e salário de televisão. O casal Obama, por exemplo, receberam 60 milhões de dólares de adiantamento sobre livros de memória. Ou seja, há um grande potencial aqui, já que a conta de ambos no Instagram tem mais de 10 milhões de seguidores e Meghan foi a pessoa mais procurado no Google do Reino Unido.

Além disto, o casal pode cortar despesas. As roupas durante a maternidade de Meghan tiveram um custo de 500 mil dólares e a acupuntura e numerologia custaram 11 mil.

Olhando sob a ótica financeira, parece que a decisão do casal pode ter sido interessante, já que tem o potencial de liberar seu tempo para ganhar dinheiro de forma menos convencional para a família real

Ver mais aqui e aqui

Taxar robôs

Uma provável saída para proteger os empregados da crescente automoção seria a criação de um imposto sobre robôs. Entretanto, há controvérsias sobre a forma de implantação e se é uma medida razoável do ponto de vista econômico.

No passado as máquinas destruíram certos tipos de empregos, mas criaram outros.

Os tratores, por exemplo, diminuíram o número de trabalhadores agrícolas no século XX. Mas criou novas oportunidades para mecânicos e engenheiros e alimentou a demanda de mão-de-obra nas fábricas.
Mas talvez a automação agora seja diferente e vá destruir empregos, sem criar outros novos.

Um estudo divulgado no ano passado pelos economistas Daron Acemoglu e Pascual Restrepo descobriu que a aceleração da automação pode não estar alimentando uma nova demanda de mão-de-obra e, ao contrário, está atrasando o crescimento do emprego.
Além disto, existe uma grande dificuldade em implantar um imposto deste tipo:

"Se tivermos que definir um robô para fins fiscais, já perdemos a batalha. Será impossível ficar sem brechas", disse Gale ao Business Insider, oferecendo o exemplo de se um carro autônomo pode ser considerado um robô.
Além disto, seria importante reduzir a tributação atual sobre o trabalho humano. E contar que outros países também adotem a mesma postura.

Necessidades Razoáveis

Assim como na contabilidade nós temos o valor justo, em processos judiciais com litígio de casais há a figura das "necessidades razoáveis". Eis um caso interessante descrito por Tracey Coenen. 

Dennis Quaid, um ator, fez um acordo no seu processo de separação. Existia a previsão de um apoio de 13.750 dólares/mês de apoio financeiro aos filhos e um percentual de acréscimo. Em 2019, o ator faturou cerca de 6,6 milhões/ano, o que aumentaria  o valor a ser pago para mais de 1,3 milhões. Um dos fatores considerados neste tipo de julgamento é um item denominado de "as necessidades razoáveis das crianças". Mas o que seria isto?

What is a “reasonable” need? The parties often disagree. But in general I suggest that we look at the standard of living that was established during the marriage, and use that as our basis for what is reasonable. In other words, it is reasonable to continue living the same lifestyle after the marriage ends. If a family lived in luxury housing, drove luxury cars, and wore high end clothing while the parents were married, it is probably not reasonable to expect that the children live in the most basic housing, with a beat-up car, and wearing thrift store clothing.


Back to the Quaids. The original child support of $165,000 per year is 12.7% of the base of $1.3 million. If we applied the same percentage to the income of $6.6 million, you’d have $838,200 in child support per year. There is probably a good argument that the children don’t need that much, and that their mother would be unfairly enriched by that amount of child support.

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Fonte: Aqui

11 janeiro 2020

Gastos com P&D: 50 empresas que mais investem

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História da Contabilidade: Ainda Manucci

Sobre Manucci, eis o que diz Miguel Gonçalves:

Analisada a documentação de 1299–1300 (não existem outros quaisquer livros de contas sobreviventes da filial de Salon), verifica-se que Manucci, o guarda-livros responsável pela contabilidade da filial do grupo Giovanni Farolfi e Companhia em Salon, mantinha já práticas de contabilidade que actualmente podemos considerar notáveis, como seja, a título exemplificativo (ver Lee, 1977, pp. 90-91; Soll, 2014, p. 37), o cumprimento do pressuposto do regime de acréscimo, na medida em que o razão contém um exemplo de uma renda de um armazém paga antecipadamente em Maio de 1299 pela empresa Giovanni Farolfi e Companhia referente a um período de quatro anos (16 libras tornesas, no total), a qual foi devidamente especializada, isto é, apenas 4 libras tornesas foram reconhecidas no final do período como gasto do primeiro exercício dos quatro em questão (por contrapartida do crédito de uma conta que modernamente seria a de Diferimentos – Gastos a Reconhecer, a qual foi debitada em Maio de 1299 por 16 libras tornesas referentes ao pagamento total), o que demonstra que há mais de 700 anos os contabilistas conhecem e respeitam os actuais princípios contabilísticos geralmente aceites da especialização dos exercícios e do balanceamento (correlação) entre rendimentos gerados e gastos que lhes estão directamente associados, em ordem à obtenção de uma imagem mais verdadeira e apropriada das operações da filial de Salon da firma Giovanni Farolfi e Companhia.

Fonte: Gonçalves M. (2019). Contabilidade por partidas dobradas: história, importância e pedagogia (com especial referência à sua institucionalização em Portugal, 1755–1777). De Computis - Revista Española de Historia de la Contabilidad, 16 (2), 69 - 142. doi: http://dx.doi.org/10.26784/issn.1886-1881.v16i2.355

Amatino Manucci: o inventor das partidas dobradas?

Muitas pessoas acreditam que Luca Pacioli foi o criador das partidas dobradas. Um pouco de pesquisa irá mostrar que Pacioli descrevia um método praticado pelos comerciantes de Veneza. Talvez a figura que mais se aproxime do inventor do método seja Amatino Manucci.

Ele era contador da Giovanni Farolfi, uma empresa baseada em Nimes, França. Mas Manucci trabalhava em Salon, na França. É dele o mais antigo registro contábil conhecido onde se utiliza as partidas dobradas. Este documento, entre 1299 a 1300 - mais de 150 anos antes de Pacioli - sobreviveu aos dias atuais. Apesar de incompleto, os registros incluem o uso de débito e crédito.

Mas provavelmente não foi ele que "inventou" o método. Não se sabe que foi. Mas se tivermos que nomear um "pai" da contabilidade moderna, talvez Manucci seja muito mais adequado do que o Frei Pacioli.


Leia mais aqui ou aqui

Resenha: Essa Gente

O leitor dos blogs de Contabilidade sabem que no final do ano, por iniciativa da Isabel, realizamos um amigo oculto. Este ano presentei a Claudia Cruz com 1984, Admirável Mundo Novo e O senhor das moscas. E ganhei presentes do meu amigo Orleans, que foram os dois últimos livros do Chico Buarque. Não tinha lido nenhum deles e sempre tive admiração pelo trabalho dele. Gosto em especial das músicas, mas tinha ficado impressionado com Budapeste.

Recebido o presente, li os dois livros em três dias, durante o descanso do Natal. O Irmão Alemão é interessante ao narrar, misturando ficção e vida real, a existência de um filho alemão de Sérgio Buarque de Holanda. Essa Gente é a obra mais recente. Achei um bom livro, que também causa “estranheza”.

O roteiro de Essa Gente é um escritor que está tentando voltar a escrever uma grande obra. E ele registra seus esforços e sua vida sob a forma de diário. O livro termina em setembro de 2019 (acho que é isto, pois estou escrevendo esta resenha de memória) e em muitos momentos a realidade do Rio de Janeiro e do Brasil aparece na obra de maneira sutil.

É um livro relativamente curto. Gostei do presente do amigo oculto.