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16 abril 2019

Notre Dame


  • A discussão contábil sobre o incêndio em Notre Dame passa pelo conceito de heritage asset e sua mensuração
  • A estimativa do custo de reposição irá depender das decisões sobre restaurar ou replicar e o nível de detalhe na reconstrução do prédio.

O incêndio que atingiu a Catedral de Notre Dame deve ter chocado o leitor deste blog. Como nosso lema é “débitos e créditos da vida real”, fiquei na obrigação de escrever algo sobre o fato, sob a ótica contábil. Vamos cometar dois conceitos importantes: heritage asset e custo de reposição.

A contabilidade estuda edíficios como a Catedral de forma aprofunda há muitos anos e o termo usado é “heritage asset”. Este tipo de ativo fornece uma contribuição para sociedade, para uma nação, podendo ser um ativo físico, como a catedral, ou uma herança cultural intangível. Sabemos que um ativo como este possui um valor. A grande dificuldade da contabilidade é mensurar o quanto vale. Os métodos existentes não conseguem captar plenamente o “valor” de um heritage asset e seriam muito mais uma aproximação do seu valor real.

O incêndio destruiu um ativo. Mas certamente não sabemos o que isto representa em termos de unidade monetária. Uma das formas de mensurar é fazer uma estimativa de quantas pessoas visitavam este local e o que significava para a economia do local este turismo. Parece lógico e simples, mas isto não diz muita coisa sobre o valor; no caso de Notre Dame, “talvez” o incêndio possa atrair mais turistas que antes. (Aqui uma informação sobre as doações para reconstruir o prédio) Se isto ocorrer, a mensuração deveria indicar que ocorreu uma valorização contábil, o que não faz sentido.

Outro aspecto importante, também sobre a ótica contábil, é o conceito de custo de reposição (mas não o de custo corrente). O custo de reposição lida com a necessidade de reconstruir o local, da forma mais próxima ao que existia anteriormente. Certamente será esta a decisão dos franceses (mas não foi esta a decisão com respeito as torres gêmeas do 11 de setembro), o que implica no cálculo da reposição. Isto parece simples, mas o rigor na reposição pode afetar o montante que a França irá desembolsar para reconstruir Notre Dame. A decisão entre restaurar ou replicar o que existia mudará o valor da reposição. Se incluir os ativos portáteis também.

Um olhar sobre tragédias similares, como o incêndio do Palácio de Catarina (destruído pelos nazistas), o templo Toda-ji (restaurado no século XIX), o Museu Nacional, o Palácio de Inverno Russo e a Catedral de York, pode ajudar a entender um pouco o significado do incêndio em Notre Dame. Talvez não.

Queda no dinamismo dos négocios: 10 fatos

Queda do dinamismo dos négocios nos EUA


1. Market concentration has risen.



2.Average markups have increased.




3.Average profits have increased.



4.The labor share of output has gone down.



5.The rise in market concentration and the fall in labor share are positively associated.



6.The labor productivity gap between frontier and laggard firms has widened.




7.Firm entry rate has declined.


8.The share of young firms in economic activity has declined.


9.Job reallocation has slowed down.


10.The dispersion of firm growth has decreased





Ufuk Akcigit and Sina T. Ates
NBER Working Paper No. 25755April 2019

Rir é o melhor remédio

Via aqui

15 abril 2019

Palmas para Grant Thornton

Em 2014 a Grant Thornton apresentou problemas na inspeção realizada pelo PCAOB em 65% dos trabalhos fiscalizados de 2012. Era o pior desempenho entre as empresas de auditoria.

Agora, em relatório de março, o PCAOB informou que inspeciou 34 auditorias de 2017 realizadas pela Grant Thornton. E encontrou problemas em 6 delas. Isto representa 18% de deficiência. É a primeira vez que uma empresa apresenta um índice abaixo de 20% desde 2019.

Danske, Parte 2


  • Descobriu que o maior banco da Dinamarca, o Danske, estava envolvido em lavagem de dinheiro através da filial da Estônia
  • A investigação também atingiu o Deutsche Bank, o Swedbank e, agora, a empresa de auditoria EY
  • As autoridades acusam a EY de ter falhado na comunicação do problema.


O Danske Bank, instituição financeira da Dinamarca, está envolvido em um escândalo relacionado com lavagem de dinheiro (aqui um resumo publicado no Blog). Na sexta passada, as autoridades da Dinamarca comunicaram que estão investigando a qualidade do trabalho da auditoria do banco. A investigação também está sendo realizada nos Estados Unidos, Estônia (de onde o banco foi “expulso”), França e Grã-Bretanha. Os pagamentos realizados na filial da Estônia, entre 2007 a 2015, para pessoas da Rússia e outras localidades do leste europeu, parece ter incomodado.

A EY foi a empresa responsável pela auditoria do Danske até 2015, quando a Deloitte assumiu a função. A empresa de auditoria não teria feito seu papel, tendo falhado na comunicação com as autoridades. A EY sabia do problema. A questão parece que sobrou também para a KPMG, que auditou o Kobenhavns Andelskasse, também usado para lavagem de dinheiro.

Mas existem críticas para as autoridades reguladoras, tanto da Dinamarca quanto da Estônia, que demoraram a reagir ao escândalo. As denúncias também alcançaram o Deutsche Bank e o Swedbank. Por sinal, o banco sueco contratou a EY para ajudar no trabalho de investigação, mas cancelou o contrato diante da pressão pelo fato da auditoria estar envolvida no escândalo, via Danske.

Responsabilidade e Autoridade

É muito comum um argumento onde um gestor afirma não ter responsabilidade por determinado ato. Um dos princípios da gestão é que você delega tarefas, nunca a responsabilidade. Eis uma frase sobre alguns problemas que foram descobertos em cartórios em São Paulo:

“Também foi desconsiderado para os fins da aplicação da multa que o gerenciamento administrativo do cartório não era feito pelo Tabelião Archimedes, mas por seu substituto. Portanto, jamais poderia ser responsabilizado pela alegada falta de repasses ao Estado. Além disso, o laudo apresenta falhas na apuração dos valores, tendo sido superficial”.

Observe o "jamais" na frase, contrário a tudo que se tem na questão da não delegação de responsabilidade.

Autoria

A semana passada tivemos a divulgação da primeira fotografia do buraco negro. Aqui (via aqui) o artigo, com 200 co-autores:
Algo está mudando na ciência...

Rir é o melhor remédio

Um dia depois do dia do Café

14 abril 2019

História da Contabilidade: Revista da Associação dos Guarda-Livros 7

Uma das poucas vezes onde a questão próxima do mercado de trabalho dos Guarda-Livros é discutida na sua Revista ocorreu no número 11 de 1874. Ali, em um artigo assinado por José Frederico de Freitas Junior, há uma defesa aos que foram formados no Instituto Commercial. Freitas Jr defende que o titulado tenha preferência na contratação de emprego público:

(Revista da Associação dos Guarda-Livros, ed. 11, 1874, p. 6).

História da Contabilidade: Revista da Associação dos Guarda-Livros 6

Um dos números da Revista da Associação dos Guarda-Livros (ed 10, 1875, p. 8, seção variada) (imagem ao lado) é possível notar a maneira como a mulher era considerada naquela época. A notícia é sobre a mulher na contabilidade:

Aqueles que tem viajado a Europa e America do Norte sabem que papel consideravel representa a mulher no commercio, na industria e nas artes. No commercio sobretudo, a mulher tornou-se precioso auxilio para o marido negociante, porque encontra n´ella o mais fiel e zeloso empregado, quer ella se ocupe da venda dos artefactos, quer se empregue na comptabilidade, quando sabe escripturação. (...) 

Inspirados n´esta ideia a Camara do commercio de Pariz facilitou ás mulheres o conhecimento da escripturação commercial, e há um anno abrio uma aula nocturna, a qual tem produzido excellentes resultados, segundo lemos em um jornal que temos á vista. [conforme grafia original] 

E aí a Revista narra o caso de uma escola que existe em Paris. Para concluir:

Amantes do progresso como somos, applaudimos ao exito da aula da contabilidade para as mulheres e sentimos que a educação da mulher no Brazil não seja encaminhada para este ramo de industria, pois muitas moças que vegetam em trabalho ingrato, e porventura á mingua dos trabalhos a que se dedidam, vão engrossar as fileiras do vicio, encontrariam nesta profissão senão feliz futuro, certamente honesto e vantajoso meio de vida.

(Confesso que ainda não entendi direito se o redator defende a possibilidade da mulher da contabilidade ou não).

História da contabilidade: Revista da Associação dos Guarda-livros 5

Os mais antigos devem saber o que é cabedal. Uma pesquisa no dicionário revela que o termo equivale a posse materiais, bens, riqueza, patrimônio.

No código de comércio de 1850, no seu artigo 800 (isto mesmo), afirma que uma quebra será considerada com culpa quando entre a data do último balanço e a falência, existirem obrigações diretas que represente o "dobro do seu cabedal apurado nesse balanço".

No número 2 da edição de 1875 da Revista da Associação dos Guarda-Livros, Lucas Faria já alertava para os dois significados da palavra cabedal:

Assim, o termo pode representar dois conceitos distintos na contabilidade. Mais adiante Lucas Faria esclarece que cabedal é sinônimo de ativo:

História da Contabilidade: Revista da Associação dos Guarda-livros - 4

Há duas semanas comentamos sobre a Revista da Associação dos Guarda-livros (aqui, aqui e aqui). Infelizmente a leitura da Revista, disponibilizada na Hemeroteca da Biblioteca Nacional, não modifica muito o que já sabemos sobre a história da contabilidade no Brasil. Isto por dois motivos. Em primeiro lugar, a revista teve uma duração relativamente pequena: dois anos ou doze números. Isto corresponde a 96 páginas, já que cada número tinha 8 páginas. O segundo ponto é que o conteúdo das páginas estava muito focado em uma longa discussão sobre a crise de 1864 e a transcrição das assembleias da Associação onde o assunto foi tratado.

Um aspecto importante é que a Revista teve uma duração de dois anos e três meses quando se conta os três números da Revista Mercantil. Em dezembro de 1875, na primeira página do número 12, a revista anuncia que estaria quitando sua dívida com os assinantes. E que a partir de janeiro de 1876 passaria a chamar Revista Mercantil. A ideia seria focar nos assuntos mercantis, deixando o registro das atas da Associação em segundo plano. Nos últimos números de 1875 já era perceptível uma "crise" na revista, com mudanças regulares na tipografia responsável pela impressão e no formato do periódico. A Revista da Associação passou a admitir textos de "humor", poemas e o registro das atas ficaram mais sucintos.

Um aspecto curioso é que em um dos números é revelado o número de assinantes da revista: 22. Mesmo sabendo que o público alfabetizado era reduzido no Brasil daquele período, este número realmente é pequeno. Além disto, parecia que a Revista tinha dificuldade em encontrar textos para serem publicados, já que em diversos números o editor apela para que os profissionais ajudassem também encaminhando artigos.

Em termos de assunto, uma olhada nos 24 números da revista revela pouco assunto contábil. Um ou outro artigo onde algo é comentado.

A figura mostra o último número da revista. Na parte final, a assinatura da diretoria da Associação. É possível perceber que alguns dos colaboradores usuais da revista, como Lucas Faria, já não constava desta relação.

Rir é o melhor remédio

E hoje nos preparamos para o início da última temporada de Game of Thrones!

Tive que cobrar uns favores e prometer outros tantos para que GoT tivesse a estréia adiada para abril, por ser niver da minha irmã Renata! \o/ Que presente maravilhoso, heim!? ;)




12 abril 2019

Disney+

Ontem, em uma reunião com investidores, a Disney anunciou oficialmente quais exatamente são os seus planos para o Disney+, o futuro serviço de streaming da empresa. A revelação de ontem foi completa, e mostrou todo o plano de conteúdos do serviço, a data de lançamento nos Estados Unidos e, de forma global, o preço da mensalidade e até mesmo o layout de como será o acesso ao Disney+. E, pelo jeito, os investidores gostaram bastante do que viram.

Após o anúncio ocorrido na noite de ontem, as ações da Disney na Bolsa de Nova York subiram 9%, deixando claro que os investidores acreditam que a Disney está no rumo certo com seus planos para o serviço de streaming, e que ela está pronta a competir de igual para igual com a Netflix, que hoje domina completamente esse mercado. Na manhã desta sexta-feira (12) o valor teve uma leve queda de 3,5%, para se estabilizar como a maior alta da empresa na última semana.

Para os acionistas, a grande questão era nem tanto o conteúdo que seria oferecido, mas o preço cobrado para se acessar esse conteúdo, e a Disney não desapontou ao anunciar que seu serviço teria uma mensalidade na metade do preço do que é cobrado hoje pela Netflix.

De acordo com o analista e ex-chefe de estratégia de marketing da Amazon Studios, Matthew Ball, o preço da Disney torna a empresa imediatamente competitiva porque não será uma despesa a mais para o público dos Estados Unidos, mas apenas uma mudança de como essas pessoas gastam seu dinheiro. Ball relembra que, segundo os últimos relatórios de padrões de compra, os consumidores do país gastam US$ 2,8 bilhões por ano alugando ou comprando DVDs e Blu-rays de filmes e animações da Disney, valor que, caso seja dividido pelo número de residências do último censo dos Estados Unidos, daria uma média de US$ 24 gastos por ano, por cada residência, em produtos Disney. Como não são literalmente todas as pessoas do país que compram ou alugam filmes da Disney, na prática o que irá acontecer é que, ao cobrar US$ 70 em uma assinatura anual para o Disney+, esses consumidores que já gastam comprando e alugando DVDs passarão rapidamente a assinar o serviço, o que deverá significar que, assim que lançar seu streaming, a Disney já possui de cara cerca 40 milhões de potenciais consumidores.

Apesar de possuir outros concorrentes que já estão ou que deverão entrar logo no setor — como a Apple, a Amazon, a Warner e a CBS —, tudo se desenha para que no futuro a principal disputa pela dominância do mercado de streaming seja entre a Disney e a Netflix. Por enquanto, a alta das ações da Disney mostram que investidores e consumidores acham justo o preço anunciado pela empresa e estão dispostos a assinar o Disney+, mas só poderemos saber se esses consumidores realmente irão se tornar clientes do serviço e que essa previsão está correta a partir de novembro.


Fonte: Aqui

Investimento para filhos

Olha que legal o Felipe, do blog Contabilidade e Métodos Quantitativos, em uma ótima reportagem sobre pais investindo o dinheiro para garantir rendas para os filhos:



Ele aparece no minuto 2:07 e a participação termina no minuto 3:42.

Ele acrescentou nos comentários:
Eu fui o entrevistado. Lembrem sempre de questionar tudo sobre os produtos que te são oferecidos. Questione taxas, prazos etc. Alguns produtos, como previdência, têm benefício de dedução do imposto de renda. Isso deve ser levado em consideração, porém não aceite qualquer previdência, porque existem muitos produtos ruins, que te entregam pouco resultado, por causa das taxas altas. Ah, não esqueça também de sempre alocar com base no seu perfil de aceitação de risco. Use o tempo ao seu favor para diluir o risco de curto prazo!

Os números secretos da Uber: US$ 1 bi no Brasil, US$ 11 bi no mundo

Saiu na Exame:

A Uber deu entrada na noite desta quinta-feira em seu aguardado IPO e, com isso, a empresa de transporte por aplicativo divulgou números até então inéditos sobre sua operação, incluindo mais detalhes sobre o Brasil.

Já se sabia que o Brasil era o segundo maior mercado da Uber no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos. Com os números divulgados hoje, é possível ter uma dimensão melhor das operações da empresa por aqui.

No Brasil, a empresa faturou 959 milhões de dólares no ano passado, um crescimento de 115% em relação a 2017. A longo prazo, o crescimento é impressionante no país, com o faturamento subindo 406% em relação a 2016. No mundo, a Uber teve faturamento de 11,3 bilhões de dólares em 2018 (crescimento de 149% em relação a 2017 e 318% desde 2016).

O número de usuários no mundo fechou 2018 em 91 milhões e cresceu 35% em relação a 2017. A Uber tem mais de 22 milhões de usuários no Brasil e mais de 600 mil motoristas parceiros, estando presente em mais de 100 cidades.

A Uber chegou ao Brasil em 2014, inicialmente em São Paulo e Rio de Janeiro, para operar na Copa do Mundo de futebol daquele ano. No Brasil, as principais concorrentes são a brasileira 99 (comprada no ano passado pela chinesa Didi Chuxing) e a espanhola Cabify.

São Paulo também está entre os destaques do comunicado da empresa, estando entre as cinco maiores regiões metropolitanas onde a Uber opera. No ano passado, 24% do valor das corridas (sem descontar o percentual pago ao motorista) veio desta cinco regiões metropolitanas, que são, além de São Paulo, Los Angeles, Nova York, São Francisco e Londres.

Apesar de ser o segundo mercado da Uber no mundo, o Brasil ainda está longe dos Estados Unidos, país natal do serviço e que responde por mais de metade do faturamento da Uber no mundo. Em 2018, a empresa faturou 6 bilhões de dólares no país.
[...]

Mas embora tenha crescido na casa dos três dígitos nos últimos anos, a Uber acredita que ainda está longe de atingir o máximo de seu potencial. A empresa aponta que somente 2% da população nos 63 países em que opera usou seus serviços no último trimestre de 2018. “Apesar de termos crescido em uma escala incomparável, só estamos começando”, afirma a empresa no documento.

O problema é que o ritmo de crescimento está diminuindo, em vez de aumentar. O faturamento do último trimestre de 2018, de 2,97 bilhões de dólares, foi praticamente igual ao do trimestre anterior, de 2,94 bilhões. Ou seja, para conquistar os 98% da população que falta, a empresa precisará voltar a acelerar. O dinheiro da abertura de capital pode ser uma boa oportunidade. A questão é que uma nova frente de investimentos em marketing e em promoções dificultaria ainda mais um desafio crônico da companhia: ganhar dinheiro.

O caminho da empresa até o IPO não foi fácil. O documento divulgado nesta quinta-feira mostra que a Uber teve 6,8 bilhões de dólares de prejuízo entre 2014 e 2018. Algo comum entre startups, mas, ainda assim, uma perda maior até mesmo que a da varejista Amazon em seus primeiros anos. Nos primeiros 17 trimestres (ou quatro anos) de operação, a empresa fundada por Jeff Bezos teve prejuízo de 2,8 bilhões de dólares.
[...]

Mesmo após a abertura de capital, os desafios devem continuar. Os mercados de mobilidade pessoal, entrega de alimentos e logística para indústria são altamente competitivos, com rivais maduros, bem estabelecidos e com custos baixos em quase todos os grandes mercados da Uber.

Para se manter competitivo nesses mercados, a empresa corta as taxas de serviço e oferece incentivos aos motoristas e promoções aos consumidores. Assim, a empresa apresenta perdas significativas desde o início e não tem previsão de lucro.

“Esperamos que nossas despesas operacionais cresçam consideravelmente no futuro próximo e podemos não alcançar lucratividade”, escreveu a empresa.

O início dos processos para o IPO da Uber vem duas semanas depois de a Lyft, principal concorrente nos Estados Unidos, fazer sua oferta pública de ações. A Lyft foi a primeira de uma série de IPOs de empresas de tecnologia esperados para este ano. Mas desde o lançamento das ações, em 29 de março, a empresa vem vendo o valor dos papéis caírem dia após dia, com preocupação dos investidores sobre a potencial de lucratividade da empresa.

As ações da Lyft, inclusive, chegaram a seu menor patamar nesta quinta-feira, pressionadas pela proximidade do IPO da maior concorrente. A ação fechou o pregão a 60,12 dólares, quase 16,5% abaixo dos 72 dólares por ação da abertura de capital.

A Uber deve enfrentar os mesmos questionamentos e desconfiança dos investidores. Apesar do comunicado trazendo mais detalhes sobre as finanças da companhia, ainda não se sabe quanto custará uma ação da empresa: os números oficiais e o preço das ações devem ser divulgados somente no fim do mês, com a primeira oferta na bolsa vindo somente em maio.

A imprensa noticiou que a Uber espera arrecadar cerca de 10 bilhões de dólares com as ações lançadas no mercado, além de obter uma valorização de 90 a 100 bilhões de dólares, segundo o jornal Wall Street Journal. O jornal americano também aposta que as ações devem ficar entre 48 e 55 dólares.

Com o IPO, Uber e Lyft se lançam na corrida por usuários e investidores — mas ainda continuarão longe da corrida pelo lucro.

Frase


Rir é o melhor remédio


11 abril 2019

Mais sobre a esposa do Ghosn

Via G1:

Carole Ghosn, mulher de Carlos Ghosn, está de volta ao Japão, onde deve ser ouvida pela Justiça na investigação sobre as suspeitas de fraudes que teriam sido cometidas pelo ex-presidente da aliança Nissan-Renault-Mitsubishi - informou seu advogado, François Zimeray, nesta quarta-feira (10).

Ela havia deixado o Japão no último fim de semana, depois da recente detenção do marido, afirmando que "se sentiu em perigo". Segundo diferentes jornais japoneses, porém, a Justiça queria interrogá-la.
[...]

De acordo com a agência de notícias Kyodo, o escritório do promotor de Tóquio suspeita que somas de dinheiro desviado teriam passado por uma empresa administrada por ela.

Carlos Ghosn foi preso em 4 de abril em Tóquio por novas suspeitas de crimes financeiros, um mês depois de ser libertado sob fiança.

Sua mulher, que estava presente quando foi preso, disse que voltou para a França, apesar de seu passaporte libanês ter sido confiscado pela polícia japonesa. Carole disse que usou seu outro passaporte, americano.

Como ler livros-texto de forma mais eficiente



Há legendas em inglês.

TPM

Segundo o Google Analytics, 56% do nosso público é composto por mulheres. Esta é uma postagem "off topic", mas achei válida por demonstrar de uma forma bem sintetizada algo que acontece com a maioria de nós a cada ciclo menstrual. Haja fôlego!



Rir é o melhor remédio

09 abril 2019

Austeridade Fiscal: quando funciona?

[...]
At the moment the consensus among economists seems to be that governments need to approach any fiscal consolidation with caution since they risk disrupting economic growth or making a recession worse, and should take care to balance spending cuts with tax increases. This book argues this approach is a mistake.

The authors think that the evidence of various austerity programmes over the last four decades suggests that the negative impact of economic austerity on growth has been exaggerated. While tax hikes can indeed be bad for the economy, cuts in public spending can actually boost economic growth, by increasing confidence among investors that spending is under control. What’s more, austerity is far from the “political kiss of death” that many people believe it to be – voters are willing to back a government with the “courage” to make difficult sacrifices to get a country’s house in order.

[...]


Resultado de imagem para Austerity: When It Works and When It Doesn't

Fonte: aqui

08 abril 2019

Crise da Replicação pode ser bom para a ciência

A discussão sobre a reprodução de pesquisas na ciência tem mostrado que diversos estudos (aqui, por exemplo) realizados no passado, publicados em periódicos científicos de excelência, apresentaram resultados forçados.

Há alguns anos um erro em uma planilha Excel foi descoberto graças a replicação de um trabalho.

Um texto do The Conversation afirma que a “crise da replicação” é boa para ciência. E apresenta diversos argumentos onde o esforço de replicação pode ajudar no progresso científico.

Alguns periódicos agora exigem que os cientistas disponibilizem seus dados e códigos de computador, o que torna mais provável que outros detectem erros em seu trabalho. Além do mais, alguns cientistas podem agora "pré-registrar" suas hipóteses antes de iniciar seu estudo - o equivalente a chamar sua chance antes de começar.

Combinado com o compartilhamento aberto de materiais e dados, o pré-registro melhora a transparência e a reprodutibilidade da ciência, assegurando que uma fração menor de estudos futuros não seja replicada.

Além disto, a discussão pode fazer com que os pesquisadores tenham uma visão melhor sobre os métodos usados. Recentemente, um grupo de cientistas defendeu o abandono da significância estatística.

A incrível possibilidade de que uma grande fração das descobertas de pesquisas publicadas possa ser apenas casual é exatamente o motivo pelo qual as pessoas falam da crise de replicação. Mas não é realmente uma crise científica, porque a consciência está trazendo melhorias na prática de pesquisa, novos entendimentos sobre inferência estatística e uma apreciação de que descobertas isoladas devem ser interpretadas como parte de um padrão maior.

Em vez de minar a ciência, sinto que isso está reafirmando as melhores práticas do método científico.

Estimativas Contábeis via Machine Learning

Resumo:

The progressive migration of financial reporting from the cost basis to fair values has created the need for a wide range of estimates to be included into the process. These values are in general clearly an improvement on obsolete cost based measurements but also create the possibility of self-serving manipulation of critical financial information. This study shows that critical estimates in one particular industry are quite weak and finds that the usage of a set of different algorithms including the ones used in machine learning to predict estimates produces far superior results.
Fonte: Ding, Kexing and Lev, Baruch Itamar and Peng, Xuan and Sun, Ting and Vasarhelyi, Miklos A., On Creating Accounting Estimates using Machine Learning (September 21, 2018). Available at SSRN: https://ssrn.com/abstract=3253220 or http://dx.doi.org/10.2139/ssrn.3253220

[...]

To prove this I teamed up with a great group of ML experts at Rutgers University (Miklos Vasarhelyi, Kexing Ding, Xuan Peng, and Ting Sun). In the first research on the use of ML in accounting, we focus on property & casualty insurance companies. The reason: a major cost item of these companies is the “future loss estimate.” Explanation: For insurance policies written (earned) in a given year, the major cost item are the payments made on insurance claims (car accidents, home damage, etc.). But that’s not the end of the story. People can, and often do claim damages years later, like long-term effects of concussions. So, in addition to claims paid during the insured year, there will be claims to be paid in the future years (“insurance long tails”). Thus, a proper measurement of insurance companies’ earnings requires accounting for both claims paid during the year, and an estimate of future claims― “future loss estimates.” These are generally large estimates having a material effect on insurance companies’ reported earnings. We focus on these estimates in our ML research.

In essence, we conducted a horse-race between managers’ annual loss estimates and the ML predictions of future claims, both compared to the actual claims paid over the subsequent 10 years. Humans, with all their frailties (manipulation) vs. machines, like former world chess champion Gary Kasparov playing against a computer.

[...]

By using ML, you can cut managers’ errors by more than a third! And this is just our initial run of ML predictions. Improvements are coming. (The third row in the table show the impact of one of our predictors―top management compensation. Without this key variable, the average error improvement decreases by 5-10%. Second vs. third rows).

q2

Summarizing, this is the first demonstration of the use of Machine Learning in improving the quality and reliability of financial information. In addition to insurance companies’ loss estimates, ML can be applied to a wide range of managerial accounting estimates, like the bad debt reserve, future payments on warranties, pension estimates, etc., etc. Very promising indeed, leading me to the final figure:

07 abril 2019

Grandes cientistas

Na sua coluna semanal, Fernando Reinach comenta sobre o que seria um grande cientista (grifo nosso):

(...) Recentemente, usando esse método [de mais citações], a Clarivate Analytics elaborou uma lista dos 6.078 melhores cientistas entre os 9 milhões que existem na Terra. E entre os 6.078 estão alguns brasileiros que trabalham aqui na pátria amada. Não aguentei e fui ver quem era o mais citado do Brasil. Encontrei o nome de Álvaro Avezum, um cardiologista do Dante Pazzanese. Ele é o brasileiro com mais citações: 39.593 distribuídas em 237 trabalhos científicos. [Recentemente, o Valor Econômico deu destaque para esta lista, no seu caderno de final de semana]

Mas o que teria descoberto Álvaro Avezum para ser tão citado? Imediatamente fui atrás do seu trabalho científico mais citado. É um trabalho de 2004 publicado na Lancet, uma das melhores revistas científicas do mundo, talvez a melhor da área médica. Esse trabalho teve nada menos que 11.367 citações desde 2004. Para você ter uma ideia, o trabalho de Watson e Crick, publicado em 1953, relata talvez a mais importante descoberta do século 20, a estrutura do DNA. Esse trabalho, que rendeu um Prêmio Nobel aos dois, só acumulou 12.572 citações. Claro que fui ler o tão citado trabalho do brasileiro.

O trabalho é realmente importante. Foi ele que demonstrou que fumar, ter colesterol alto, diabete, sobrepeso e sedentarismo são fatores de risco para doenças cardiovasculares, principalmente enfarte do miocárdio. É com base nele que toda a prevenção de doenças cardiovasculares se baseia. E eu que não sabia que isso havia sido descoberto por um brasileiro! Mas vamos aos detalhes, que é onde o diabo se esconde.

A descoberta que esses fatores aumentam sua chance de enfartar foi feita na Europa bem antes desse trabalho ser iniciado. Mas como a amostra de pacientes só incluía europeus, um grupo de cientistas canadenses decidiu que era preciso estender essa observação para o resto da população mundial e resolveu repetir o estudo. Foi montada uma rede de cardiologistas em 262 centros de pesquisa em 52 países.

O trabalho consistia em selecionar pacientes que aparecessem no hospital sofrendo um enfarte do miocárdio. Para cada paciente era necessário um questionário e amostra de sangue e identificar uma pessoa com características semelhantes que não tivesse enfartado. O estudo coletou dados de 15.152 pacientes e 14.820 controles. Após longa análise, os canadenses concluíram que os resultados dos pacientes europeus valiam para todos.

Como esse trabalho envolveu médicos de todo o mundo, o número de autores no trabalho é enorme: são 415. Entre eles estão 19 brasileiros, e entre os brasileiros está Álvaro Avezum, que coordenou as atividades no Brasil. Mas qual foi a contribuição? Entre fevereiro de 1999 e março de 2003, eles enviaram dados de brasileiros para o Canadá. Cada um dos 19 cientistas brasileiros enviou dados de dois pacientes por mês, em média. Foi essa a contribuição brasileira.

É claro que essa não é a mais importante descoberta da ciência brasileira. Recentemente, um matemático do Rio ganhou a medalha Fields – o prêmio de matemática mais importante do Mundo. Esses 19 brasileiros colaboraram em um trabalho científico que se tornou importante, é verdade e louvável. Mas dizer que essa é a mais importante descoberta do mais importante cientista brasileiro é claramente um erro crasso de julgamento. Se realmente queremos avaliar cientistas de maneira justa vamos ter que voltar ao básico: grande cientista é quem faz grande descoberta e para isso é necessário entender a descoberta, sua importância e a contribuição do autor.

Outra situação interessante: um dos autores mais citados é Gujarati. O que fez ele? Escreveu um excelente de estatística. Muitos trabalhos científicos citam Gujarati para sustentar suas escolhas nos métodos.

O que realmente deveríamos estudar na escola



Vimos a dica do vídeo no Instagram @conversacontabil.

No vídeo ela comenta que geralmente uma família elege uma pessoa para declarar o imposto de renda de todo mundo. Alguém se identifica?

Eu achei engraçado e ri um pouco da confusão...


Rir é o melhor remédio


06 abril 2019

Os grandes problemas do Deep Learning


Here’s my view: deep learning really is great, but it’s the wrong tool for the job of cognition writ large; it’s a tool for perceptual classification, when general intelligence involves so much more. What I was saying in 2012 (and have never deviated from) is that deep learning ought to be part of the workflow for AI, not the whole thing (“just one element in a very complicated ensemble of things”, as I put it then, “not a universal solvent, [just] one tool among many” as I put it in January). Deep learning is, like anything else we might consider, a tool with particular strengths, and particular weaknesses. Nobody should be surprised by this.

Deep learning is important work, with immediate practical applications.

Realistically, deep learning is only part of the larger challenge of building intelligent machines. Such techniques lack ways of representing causal relationships (such as between diseases and their symptoms), and are likely to face challenges in acquiring abstract ideas like “sibling” or “identical to.” They have no obvious ways of performing logical inferences, and they are also still a long way from integrating abstract knowledge, such as information about what objects are, what they are for, and how they are typically used. The most powerful A.I. systems … use techniques like deep learning as just one element in a very complicated ensemble of techniques, ranging from the statistical technique of Bayesian inference to deductive reasoning.

[...]

At that time I concluded in part that (excerpting from the concluding summary argument):
Humans can generalize a wide range of universals to arbitrary novel instances. They appear to do so in many areas of language (including syntax, morphology, and discourse) and thought (including transitive inference, entailments, and class-inclusion relationships).

Advocates of symbol-manipulation assume that the mind instantiates symbol-manipulating mechanisms including symbols, categories, and variables, and mechanisms for assigning instances to categories and representing and extending relationships between variables. This account provides a straightforward framework for understanding how universals are extended to arbitrary novel instances.

Current eliminative connectionist models map input vectors to output vectors using the back-propagation algorithm (or one of its variants).

To generalize universals to arbitrary novel instances, these models would need to generalize outside the training space.

These models cannot generalize outside the training space.
Therefore, current eliminative connectionist models cannot account for those cognitive phenomena that involve universals that can be freely extended to arbitrary cases.


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Tesouro Direto reduz spread do Tesouro Selic para 0,01% ao ano

O Tesouro Direto dá mais um passo importante na redução dos custos de aplicação no Tesouro Selic; mudança faz parte de um contínuo processo de melhorias

O Tesouro Nacional está reduzindo a diferença entre a taxa de investimento e a taxa de resgate – conhecida como spread de compra e venda – do Tesouro Selic de 0,04% para 0,01% ao ano (ou 1 ponto-base). Essa alteração é parte do contínuo processo de aprimoramentos no Tesouro Direto e terá como resultado a redução dos custos de aplicação para o investidor e, consequentemente, o aumento de sua rentabilidade líquida.

O spread justifica-se pela necessidade de evitar que as oscilações dos preços praticados no mercado secundário, que servem de referência para o Tesouro Direto, resultem em perdas para o investidor ou para o Tesouro Nacional.

Agora, com a evolução do Programa e por meio de desenvolvimentos tecnológicos e operacionais, o Tesouro Direto reduz o spread, criando mais flexibilidade para o investidor que precisa resgatar seu Tesouro Selic antes do prazo de vencimento. O novo spread passa a valer a partir desta sexta-feira, 5 de abril de 2019.

A redução do spread potencializa o impacto positivo da rentabilidade do Tesouro Selic. Dessa forma, o Tesouro Nacional reafirma seu compromisso em proporcionar à população um investimento atraente, com custos cada vez menores, em um ambiente de redução das taxas de juros na economia brasileira.


Fonte: aqui.

Eenviado pelo Glauber, a quem agradecemos.

Renda Fixa x Variável: o caso do Brasil


A teoria financeira prega que, se há mais risco, o retorno de um investimento é maior, mas a renda fixa, com riscos bem menores, resultou em ganhos maiores do que o Ibovespa no longo prazo.

Uma crença bastante arraigada entre muitos gestores e analistas é que a renda variável gera ganhos maiores do que a renda fixa no longo prazo. Isto é, a cotação das ações pode oscilar, mas sempre vale mais a pena o investimento mais arriscado nos horizontes mais longos. Isso porque, em teoria, ao assumir riscos maiores, investidores exigem retornos maiores. No longo prazo, o retorno maior se realizaria, compensando o risco incorrido.

Há lógica nesse raciocínio, válido para todas as economias desenvolvidas. No entanto, o Brasil tem um longo histórico de taxas de juros altíssimas. Tivemos incríveis 65% ao ano em 1994 e45% em 1999, já com a inflação controlada. Mesmo em anos mais recentes, como 2015 e 2016, as taxas estiveram acima de 14% — bem maiores dos atuais 6,5%.

Para testar essa crença, é preciso antes de tudo definir “longo prazo”. É um conceito elástico, que em economia pode significar o infinito. Alguns gestores e investidores falam em cinco anos, outros, em 10, 20 ou 30 anos.

Além disso, nem todas as pessoas investem no mesmo dia — é preciso levar em conta todos os pontos de entrada e saída de investimentos. Considerando um prazo de 10 anos, uma pessoa pode ter entrado em 2005 e saído em 2015 e o resultado será diferente do que se tivesse entrado em 2000 e saído em 2010 ou qualquer outro período de 10 anos. A maneira mais correta de saber, então, é variar janelas de tempo com todas as possibilidades de entrada.

Para entender melhor essa discussão, resolvemos fazer as contas. Para representar a bolsa, utilizamos o Ibovespa, que reúne 80% das ações mais negociadas. Consideramos o retorno realizado via proventos e dividendos e descontamos o Imposto de Renda.

Já para a renda fixa foi preciso combinar taxas, já que não existe um único índice com histórico tão longo. Utilizamos as Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional (ORTNs), disponíveis no site debit.com.br, para o período de 1968 a 1974. De 1974 a 1986, consideramos a taxa over, que pode ser consultada no site do Ipea (ipeadata.com.br). E a partir de 1986, o CDI, disponível no portal Economática . Nesse caso, foram considerados 100% da taxa.

A comparação foi feita com todas as janelas de investimento em três períodos: desde 1968, ano de criação do Ibovespa; 1986, incluindo o CDI; e 1994, com a estabilização da economia a partir do Plano Real.

Desde 1994, há 14.908.530 diferentes combinações com horizontes de investimento variando de 500 a 5.959 dias úteis. A renda variável ganha só em 4.154.852 (28%) das vezes e a renda fixa, em 10.753.678 (72%). Para 2.520 dias úteis (cerca de 10 anos), há 3.340 combinações, das quais o CDI ganha 2.232 vezes (65%) contra 1.208 vezes (35%) do Ibovespa.

Alguns gestores costumam alegar que os juros nas últimas duas décadas são uma anomalia. Devido à desorganização da economia e a inflação antes de 1994, o Plano Real teve taxas de juros muito altas para controlar a inflação. Recuando ou avançando no tempo, a desvantagem da renda variável permanece.

Para o período de 1986 em diante, há mais de 30 milhões de combinações, contemplando horizontes de investimento entre 500 e 8.267 dias úteis. Nova lavada da renda fixa, que em 75% das vezes, desbanca o investimento de maior risco.

Por exemplo, para 5.040 dias úteis (aproximadamente 20 anos), temos 3.228 combinações; nesse caso o Ibovespa só ganha em 18% das vezes.

Já no maior período começando em 1968, há 74.963.890 combinações possíveis, das quais a bolsa só ganha em 32% das vezes. Para prazos de 7.560 dias úteis (30 anos), há 3.689 combinações; caso em que bolsa perde em 68% das vezes.

Em verdade, paradoxalmente, ao ampliar o prazo de investimentos, a chance de a renda fixa ter retornos maiores que a renda variável aumenta. É verdade que o número de eventos de mais longo prazo diminui, mas é sintomático que isso aconteça sistematicamente.

É importante lembrar, mais uma vez, que nas ocasiões em que um investidor entrou na bolsa visando ao longo prazo, era público quanto a renda fixa pagava. Em outras palavras, por mais alta que fosse a taxa de juros, gestores e investidores de renda variável no longo prazo acreditavam que teriam mais sucesso. No entanto, aqueles que entraram na bolsa para o longo prazo, na média, erraram feio.

Existe entre muitos gestores uma possível irracionalidade e um viés de supervalorizar os ganhos na renda variável. Claro que investimentos mais arriscados devem gerar retornos maiores, por isso é difícil entender o comportamento do mercado no Brasil. Difícil saber se os que brigam com os números não sabem trabalhar corretamente com os dados ou se essa é uma verdade inconveniente para aqueles que vendem renda variável. Afinal, os mesmos que hoje ganham do CDI ou da Selic no menor patamar histórico não admitem que perderam durante muitos anos

[...].

Fonte: No Brasil, retorno não compensou risco maior da renda variável- Samy Dana e Rodrigo De Losso -

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Rir é o melhor remédio

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05 abril 2019

Mais sobre Ghosn

Saiu no G1:

Um tribunal de Tóquio prorrogou nesta sexta-feira (5), até o dia 14 de abril, a prisão provisória do ex-presidente da Nissan, o brasileiro Carlos Ghosn. O executivo voltou a ser detido na quarta-feira (3) por novas suspeitas de sonegação financeira.
[...]

A detenção de Ghosn ocorreu apenas um mês depois de o executivo ter sido libertado e um dia depois de ter anunciado no Twitter uma coletiva de imprensa para 11 de abril.

O ex-executivo foi preso desta vez devido à existência de um "risco de destruição de provas", declarou o procurador adjunto Shin Kukimoto.

Ghosn havia saído da prisão - sob fiança - em 6 de março, acusado de três crimes por declarações inexatas de rendimentos entre os anos 2010 e 2018 em documentos que a Nissan entregou a autoridades financeira.

A investigação que motivou a nova prisão refere-se a uma transferência de milhões de dólares para uma distribuidora de carros da Renault e da Nissan em Omã, no Oriente Médio.

Segundo a promotoria, parte do dinheiro transferido, cerca de US$ 5 milhões, acabou em uma conta bancária controlada pelo Ghosn. De acordo com a mídia local, o dinheiro foi usado para pagar por um iate familiar e cobrir empréstimos pessoais.

A prisão, que especialistas jurídicos sem relação com o caso descreveram como muito rara para alguém já solto sob fiança, faz parte da quarta acusação obtida pelos procuradores contra o executivo, em um escândalo que abalou a indústria automotiva global e provocou questionamentos sobre o sistema judicial do Japão.

As demais, assim como a primeira, referem-se a má conduta financeira ligada à declaração de suas rendas. Ele nega os crimes.

Fonte: Aqui

O maior divórcio da história

Jeff Bezos está finalizado o divórcio com a esposa MacKenzie. O FT publicou que o bilionário continuará com três quartos de sua participação na Amazon, enquanto ela ficará com ações no valor de mais de US $ 35 bilhões, mas entregará todos os seus direitos de voto na Amazon a Bezos, permitindo-lhe manter seu atual nível de controle na empresa que fundou há quase 25 anos e que hoje vale quase US $ 900 bilhões. Esse foi considerado o maior acordo do gênero. A divisão na participação conjunta de US $ 143 bilhões na Amazon resolve questões de governança e propriedade que pairaram no ar desde que o casal anunciou que estava se divorciando em janeiro.

MacKenzie será agora a 4ª mulher mais rica do mundo, atrás apenas de Francoise Bettencourt Meyers, Alice Walton e Jacqueline Mars.


Ele segue sendo o homem mais rico do mundo.

Rir é o melhor remédio

- Está vendo aquele prédio ali? É a biblioteca.
Se algum dia você quiser emprestado um livro, tudo o que tem a fazer é ir lá e dizer para eles qual você quer e eles te deixarão levá-lo para casa.
- De graça?
- Completamente de graça.
- Te faz imaginar o que estão aprontando...

03 abril 2019

Teoria dos Caos, Irredutibilidade computacional e Previsões



Fonte: New kind of Science de Wolfram

Maiores Bancos do mundo

10- Credit Agricole - França - Ativo total de 2,117 bilhões de dólares - Fundado em 1894

9- Bank of America - 2,281 bilhões - Valor de mercado de 325 bilhões

8- BNP Paribas - Frances - criado em 2000 - 2,357 bilhões

7- HSBC Holdings - Londres - 2,521 bilhões - fundado em 1885 - presente em mais de 80 países

6- JPMorgan Chase Co - 2,533 bilhões e valor de mercado de 390 bilhões. Fundado em 2000

5- Mitsubishi UFJ Financial Group - Japão - 2,787 bilhões - Formado em 2005

4- Bank of China - 2,991 bilhões, fundado em 1912 - Presente em 27 países

3- Agricultural Bank of China - 3,235 bilhões, criado em 1951 - 330 milhões de clientes

2- China Construction Bank Corp - 3,4 bilhões

1- Industrial Commercial Bank of China - 4,009 bilhões, fundado em 1984 - Tem meio milhão de empregados na China

O Itau tem ativos de 1,55 trilhão de reais ou 400 milhões de dólares. Ou 10% do ICBC, o primeiro da lista.

Fonte: Aqui

Postalis

É verdade que muitas vezes os reguladores são lentos em punir. Mas é inegável o progresso feito pela CVM. Agora, a entidade que fiscaliza o mercado aplicou uma grande punição para alguns dos acusados do escãndalo da Postalis. Em resumo a CVM aplicou as seguintes punições:

Condenação de Fabrizio Dulcetti Neves: à proibição temporária, pelo prazo de 10 anos, de atuar, direta ou indiretamente, em qualquer modalidade de operação no mercado de valores mobiliários.
Condenação de Leandro Ecker: à multa no valor de R$ 12.690.853,71, correspondente a duas vezes e meia o ganho ilícito obtido.
Condenação de André Barbieri Perpétuo: à multa no valor de R$ 13.196.767,56, correspondente a duas vezes e meia o ganho ilícito obtido.
Condenação de Alexej Predtchensky: à multa no valor de R$ 13.114.248,90, correspondente a 10% do valor total das operações irregulares.
Absolvição de BNY MELLON Serviços Financeiros DTVM S.A. e José Carlos Lopes Xavier de Oliveira da acusação de precificação imprecisa de ativos.
Extinção da punibilidade de Cristiano Giorgi Muller Carioba Arndt, em razão de seu falecimento a antes do julgamento.
Como houve, no caso, condenação à penalidade de proibição temporária, o Colegiado deliberou, com base na Lei 13.506/17, conceder ao acusado ao qual tal penalidade foi aplicada, o prazo de 10 dias, contados da data da ciência da decisão, para requerer ao Colegiado da CVM o efeito suspensivo da aplicação dessa penalidade.

Ainda cabe recurso. Há outros processos envolvendo alguns dos personagens.

Viés da publicação

Um problema sério que atinge a pesquisa científica é o viés da publicação. Da mesma forma que ocorre com os tabloídes, os periódicos e os membros das comissões de avaliação gostam de pesquisas que sejam mais “excitantes”. Em geral, isto significa pesquisas em apresentaram um p-valor elevado (vide sobre isto, postagem recente do blog). Caso o resultado não seja “excitante”, os periódicos tendem a não publicar e os avaliadores a questionar a validade do trabalho. Conforme destaca Guerra Pujol, isto gera uma falha de mercado acadêmica, gerando uma superprodução de estudos sensuais.

Para cada estudo que mostra que há uma relação entre gerenciamento de resultado e relatório de auditoria com ressalva temos diversos estudos “entediantes” que mostram que esta relação não existe. Se não sabemos deste estudo, não temos uma ideia real se efetivamente existe uma relação entre gerenciamento e auditoria.

Neste ponto, nós pesquisadores temos uma parcela enorme de culpa. Quando o resultado mostra com pouca significância, tentamos diversas técnicas, buscando um resultado que seja condizente com o que esperamos. E aceitamos que avaliadores descartem nossa pesquisa por não apresentarem resultado “sensuais”.

Uma forma de reduzir este problema é deixar registrado, antes do início da pesquisa, quais os testes serão realizados. Isto evitaria a “dragagem de dados" (ou aqui)

Rir é o melhor remédio

Carro inteligente

02 abril 2019

Significância estatística

Esta é uma discussão que interessa aos pesquisadores: há um movimento para repensar a questão da significância estatística. Em outras palavras, os famosos 5% de qualquer pesquisa. Um manifesto, com mais de 800 assinaturas chama a atenção para o uso incorreto do assunto:

Pesquisas de centenas de artigos descobriram que os resultados estatisticamente não significativos são interpretados como indicando "nenhuma diferença" ou "nenhum efeito" em cerca de metade (ver "Interpretações erradas" e Informações suplementares). (...) Concordamos e pedimos que todo o conceito de significância estatística seja abandonado. (...)

Em vez disso [proibição dos valores p], e em consonância com muitos outros ao longo das décadas, estamos pedindo uma parada no uso de valores de P de maneira convencional e dicotômica - para decidir se um resultado refuta ou apóia uma hipótese científica


Bogard critica um pouco a abordagem do artigo:

Embora eu concorde com os sentimentos do resto do artigo da Nature, tenho medo de que os ideais expressos pelos autores possam ser abusados ​​por outros, querendo fugir das salvaguardas do rigor científico ou não compreender completamente os princípios da inferência estatística.

Segundo ele, Gellman também teria preocupações semelhantes. Bogard confessa que o assunto não é trivial, mesmo para ele:

É difícil para os Phds que passaram a vida toda fazendo essas coisas. É difícil para os profissionais que fizeram suas carreiras com isso. Isso é difícil para mim.

Uma palavra de alento no final:

O economista Noah Smith discutiu o retrocesso em relação aos valores de p há alguns anos. Ele afirmou corretamente que "se as pessoas estão fazendo ciência corretamente, esses problemas não serão importantes a longo prazo".

Mistério na DFC


  • A Energisa divulgou uma DFC partindo de um lucro positivo e chegando a um fluxo das atividades operacionais negativo
  • Duas contas destacam: "ganho com combinação de negócios" e "diminuição de fornecedores"
  • A primeira é justificada em notas explicativas; a segunda não, permanecendo um mistério

As demonstrações contábeis da empresa Energisa chama a atenção para um aspecto curioso na sua Demonstração dos Fluxos de Caixa. De um lucro líquido de 1,180 bilhão de reais no consolidado, a empresa teve um caixa negativo das operações de 968 milhões de reais. Qual a explicação para esta mudança. Olhando os itens temos “ganho auferido na combinação de negócios” de menos 1,170 bilhão. Esta valor substancial é decorrente da aquisição, por parte da empresa, das ações da Ceron e da Eletroacre, em razão do leilão da Eletrobras. Isto é o que informa as notas explicativas da empresa.

Mas outra conta de destaque é a diminuição de fornecedores. O valor da DFC é de menos 1,783 bilhão. Geralmente esta conta está associada a variação que ocorre na conta de fornecedores da empresa. Mas isto não justifica. Veja que o valor de fornecedores no final de 2017 era de 1,418 bilhão no curto prazo e 96 milhões no longo prazo; já no final de 2018 este saldo era de 1,653 bilhão e 75 milhões, curto e longo prazo, nesta ordem. Ou seja, a variação ocorrida nos fornecedores não justifica este montante.

De onde veio esta variação? Também é decorrente da mesma operação de aquisição de ação. Na semana passada encaminhamos esta dúvida para o RI da empresa. Não obtivemos resposta. Permanece o mistério.

Rir é o melhor remédio


01 abril 2019

Fatores de Prêmio Global

Resumo:

We examine 24 global factor premiums across the main asset classes via replication and new-sample evidence spanning more than 200 years of data. Replication yields ambiguous evidence within a unified testing framework with methods that account for p-hacking. The new-sample evidence reveals that the large majority of global factors are strongly present under conservative p-hacking perspectives, with limited out-of-sample decay of the premiums. Further, utilizing our deep sample, we find global factor premiums to be not driven by market, downside, or macroeconomic risks. These results reveal strong global factor premiums that present a challenge to asset pricing theories.

Baltussen, Guido and Swinkels, Laurens and van Vliet, Pim, Global Factor Premiums (January 31, 2019). Available at SSRN: https://ssrn.com/abstract=3325720 or http://dx.doi.org/10.2139/ssrn.3325720

Rir é o melhor remédio

Fonte: Aqui