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22 agosto 2018

Plágio

Olhando uma listagem de candidatos a deputado distrital, uma pessoa comentou: "conheço este candidato; é aluno da UnB e cola nas provas". O comportamento como este diz muito do candidato. Recentemente comentamos sobre um político espanhol que parece ter obtido o diploma sem ter frequentado as aulas.

Uma notícia parecida, no governo da República Checa:

Dois ministros do gabinete (...) deixaram seus postos por plagiar trabalhos acadêmicos nos tempos de universidade. Ministra da Justiça por poucas semanas, Tatana Mala, de 36 anos, pediu demissão no início de julho ante as evidências de que suas duas monografias de bacharelado – ela é graduada em direito e em engenharia agrícola – continham trechos copiados de outros trabalhos sem dar o crédito. Um software de detecção de plágio constatou que pelo menos 5% da monografia defendida por Mala em 2011 na Universidade Pan-europeia, em Bratislava, Eslováquia, fora reproduzido de um trabalho apresentado cinco anos antes na Universidade Masaryk, na cidade de Brno, na República Checa – o texto repetia até erros ortográficos do original. Trechos de um livro de referência em direito também foram plagiados. O mesmo problema foi observado na monografia que a ministra apresentou em 2005 na Universidade Mendell, em Brno, sobre influência de condições microclimáticas na reprodução de coelhos. Ela copiou pelo menos 11 páginas de um trabalho sobre o tema apresentado por outro estudante dois anos antes.

Em meados de julho, foi a vez de Petr Krcal, de 53 anos, titular da pasta do Trabalho e dos Assuntos Sociais. Ele renunciou logo quando se divulgou que três quartos de seu trabalho de conclusão de bacharelado em pedagogia social, defendido em 2007 na Universidade Tomas Bata, na cidade checa de Zlin, foram copiados de outros textos. Com formação secundária em eletrotécnica, Krcal resolveu fazer graduação aos 40 anos de idade, quando já tinha uma carreira política. “Trabalhei duro na minha monografia, mas admito que há irregularidades nela”, disse Krcal, ao anunciar sua demissão. (...)


Imagem, daqui

Rir é o melhor remédio

Duas do PhD Comics:


21 agosto 2018

Exxon e o aquecimento 2

Em setembro postamos que a empresa Exxon não estava reconhecendo o risco potencial de não explorar suas reservas em razão da pressão pública contra o uso de combustível fóssil.

No início de agosto, a SEC encerrou a investigação de dois anos sobre o cálculo do valor do ativo por parte da empresa. A SEC optou por não adotar nenhuma medida contra a Exxon. Alguns investidores não ficaram satisfeitos e ajuizaram uma ação coletiva contra a empresa e vários executivos. Um desses executivos é Rex Tillerson, que saiu da empresa para ser o poderoso secretário de estado de Trump, até ser demitido em março deste ano.

Informação trimestral sob crítica nos EUA

Com um tuíte, o presidente dos Estados Unidos propôs que a SEC, o regulador do mercado de capitais dos Estados Unidos, abolisse a exigência de que empresas com ações negociadas em bolsa divulgassem demonstrações contábeis trimestrais.

Divulgar demonstrações trimestrais teria as seguintes desvantagens:

1 - É caro - mesmo com a redução do custo da informação, proporcionada pela revolução da internet, fechar as demonstrações com este intervalo de tempo é caro. Além dos pagamentos para o auditor e conselheiros, existem custos de obtenção da informação e sua divulgação, mesmo quando só publicado na internet.
2 - Foco no curto prazo - a divulgação trimestral faz com que os investidores tenham foco nos resultados trimestrais, de curto prazo. Algumas empresas esquecem da visão estratégica de longo prazo, para focar nos resultados com periodicidade reduzida.
3 - Há formas de divulgação mais efetivas e com menor custo - em lugar de uma longa divulgação, com um processo interno complexo, que inclui passar por diversos conselhos, é possível divulgar algumas informações mais relevantes. Em algumas empresas, alguns poucos números já é suficiente para se ter uma ideia do desempenho de uma empresa.
4 - Experiência de alguns países - Recentemente diversos países aboliram a exisgência e isto não provocou uma grande perda na qualidade das transações no mercado. Desde 2013, a Comissão Européia já não tem esta exigência.

A favor da manutenção da prática é importante citar que alguns consideram uma informação relevante. Saber o que está ocorrendo em uma empresa com uma periodicidade menor pode ajudar a ter um quadro melhor da empresa. Além disto, se existem problemas (ou tendências) em uma empresa, tal fato pode ser notado de forma mais ágil.

Leia mais: EDGECLIFFE-JOHNSON, Andrew; BADKAR, Mamta. Trump propõe à SEC acabar com balanço trimestral. Financial Times, publicado no Valor, 20 de agosto de 2018, C2.

Auditoria

Parece notícia velha. Em lugar da PwC, entra a KPMG. Em lugar da BHS, uma empresa de moda chamada Ted Baker. A multa foi de 2,1 milhões de libras aplicada pelo FRC, o que mesmo que multou a Price há dias. O motivo foi a KPMG ter prestado serviço de perícia para Ted Baker

Enquanto isto no Brasil, na divulgação do balanço da Caixa, o parecer da PwC foi com ressalva:

A PricewaterhouseCoopers (PwC) manteve ressalvas no balanço do segundo trimestre da Caixa devido a investigações de supostos casos de corrupção envolvendo executivos do banco público. A consultoria explica que as demonstrações financeiras da instituição estão adequadas com exceção da seção “base para opinião com ressalva” uma vez que as ações em questão estão em andamento e os possíveis impactos decorrentes não são conhecidos.

“Consequentemente, não foi possível determinar se havia necessidade de ajustes ou divulgações adicionais relacionados a esse assunto sobre as demonstrações contábeis consolidadas em 30 de junho de 2018”, acrescenta a PwC, em relatório que acompanha as demonstrações financeiras da Caixa.

A EY foi recentemente punida pela CVM por não respeitar as normas de contabilidade na empresa TPI em 2012 com uma multa de 650 mil reais. O auditor foi suspenso por dois anos. A EY regateou o valor e reduziu para 350 mil.

Este é também o valor que será pago pela PwC por problemas na auditoria da ALL de 2012 a 2014. O problema foi a contabilização da ALL no capital da Vetria Mineração:

Segundo a área técnica, os registros contábeis referentes à aquisição do controle compartilhado da Vetria, bem como aqueles referentes aos reflexos da utilização da contabilidade de hedge, não teriam representado adequadamente os eventos econômicos e os desdobramentos ao longo do tempo, de forma que estariam em desacordo com as práticas contábeis adotadas no Brasil.

Made in China

Se você acha o trabalho das agências de rating ruim, pense em uma agência de rating “made in China”. Na Dagong, enquanto o título do tesouro dos Estados Unidos é classificado como BBB+, o Brasil recebe uma nota A-, melhor que a nota de todas as outras agências (Moody, Fitch, SP ...). Em geral, os países pagam para as agências fazerem a classificação de rating; assim, ou a agência de rating usa critérios ideológicos ou não recebeu para fazer a classificação.

Mais ou menos na mesma época [que rebaixo os títulos dos EUA], a Dagong forneceu à Sunshine Kaidi New Energy Group, uma empresa chinesa de capital fechado, uma classificação AA, embora já houvesse relatos das dificuldades que a empresa enfrentava com sua dívida. Em junho, a empresa deixou de pagar 18 bilhões de yuans (US $ 2,6 bilhões) em bônus.

Parece ser uma prática dar boas notas na China:

Das 1.744 empresas chinesas que emitiram títulos, 97% foram classificadas como AA ou superior pelas agências de classificação chinesas, com 27% (464 empresas) sendo classificadas como AAA. (...)

A NAFMII, uma agência do Banco Popular da China, disse em comunicado que a Dagong havia "fornecido diretamente serviços de consultoria para empresas avaliadas", o que é proibido, e "cobrava taxas elevadas", que comprometiam sua independência

Rir é o melhor remédio

20 agosto 2018

Curso Prático de Contabilidade - Estudo de Caso Adicional

A SEC, órgão dos Estados Unidos equivalente à Comissão de Valores Mobiliários do Brasil, acusou o Citigroup de falha nos controles relacionados com uma subsidiária do México. O Citigroup, instituição financeira dos Estados Unidos, fez um acordo com a SEC que, mesmo sem reconhecer que errou, terá que pagar uma multa de quase 5 milhões de dólares. Estas falhas tiveram como consequência, além da multa, perdas de quase 500 milhões de dólares. Entretanto, caso o Citigroup não fizesse acordo, o processo poderia prosseguir e resultar, mais adiante, em uma multa ainda maior.

O problema ocorreu em operações de factoring de contas a receber. A filial do Citi fez empréstimos fraudulentos que não foram detectados inicialmente. Em algumas contas a receber existiam até assinaturas falsificadas. Os controles internos da filial não conseguiu descobrir o problema e não testou a autenticidade dos documentos, antes de antecipar os recursos e registrar na contabilidade como contas a receber.

A operação é a seguinte: a empresa OSA, que presta serviços para o setor de petróleo, fez a operação de factoring com a filial do Citi, que tem o nome de Banamex. Quando a empresa OSA entregou algumas contas a receber (falsas), recebeu em troca dinheiro do Citi. Sendo uma operação de empréstimo, o valor de face das contas a receber eram superiores ao valor do dinheiro, sendo a diferença correspondente a taxa de juros da operação. A questão é que alguns documentos entregues eram falsos. Ao descobrir isto, a filial do Citi deve reconhecer uma perda.

Pede-se:
1) Você seria capaz de registrar uma operação de factoring na empresa que recebe os recursos? E na instituição financeira? Admita que os documentos da operação sejam verdadeiros. E lembre-se que a operação possui dois momentos distintos: quando é feita a troca e quando ocorre o recebimento do contas a receber.
2) No caso de documentos falsos, não existe um lançamento contábil na OSA. Você concorda com isto?
3) Uma instituição financeira faz muitas operações como esta. Como existe a chance de ocorrer algum problema com uma destas operações, a contabilidade pode (e deve) reconhecer o risco da operação. Como isto poderia ser feito?

Fonte da notícia: RYAN, Vincent. SEC Charges Citigroup for Internal Controls Failure. CFO 16 ago 2018.

Material suplementar do livro Curso Prático de Contabilidade, de César Augusto Tibúrcio Silva e Fernanda Fernandes Rodrigues. Gen, 2018.

Rir é o melhor remédio

Enquanto isto, na internet:





19 agosto 2018

Currículo falso na política espanhola

Na Espanha, o Partido Popular (PP) chegou ao poder em 2011. Recentemente, seu líder, Mariano Rajoy, foi destituído. No lugar dele, assumiu Pablo Casado (foto).

Agora uma acusação pode manchar o currículo de Casado. Algo que já conhecemos de perto, quando um ex-presidente do Brasil informou ter curso de mestrado e doutorado que não existia e agora um candidato à presidência informou ter vínculo com a USP que não existia.

No caso de Pablo Casado a questão refere-se a um título acadêmico do Instituto de Direito Público (IDP, não confundir com a escola de Gilmar Mendes, de mesmo nome). De acordo com a acusação, o título de mestrado foi usado como uma forma de presente para alunos que tinham uma posição de liderança política. Casado seria parte de um grupo de alunos que conseguiram equivalência de disciplina e dispensa de aula para obter o diploma. O caso foi parar no Supremo da Espanha e pode inviabilizar o futuro político de Casado.

PwC, lobby e carne

Enquanto entra no mercado de fraude de carne e ganha uma montanha de dinheiro fazendo lobby para uma reforma tributária, a empresa de PwC parece não ter o mesmo sucesso no seu negócio principal: a auditoria. Recentemente, o regulador inglês, o FRC, multou a PwC por falhas no seu trabalho na empresa BHS. A auditoria não apontou risco de continuidade na empresa BHS, que depois foi vendida por uma libra. A multa, de 6,5 milhões de libras, é recorde.

Segundo um relatório da FRC, o auditor sócio da PwC, responsável pela conta, dedicou duas horas ao trabalho. E o restante do trabalho foi feito, aparentemente, por subordinados.

Sobre o mercado de fraude, a PwC estaria desenvolvendo uma tecnologia para rastrear o que o animal comeu, como ele foi criado e onde foi processado. O negócio de lobby já é mais polêmico, pois parece envolver conflito de interesse entre o trabalho de auditor e a matéria tributária.

Rir é o melhor remédio

Esta fotografia acima foi tirada na Tailândia e lembra outra, na Torre de Pisa: