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18 junho 2018

Prisão na família real espanhola

Em 2014, a princesa Cristina foi acusada de uma série de crimes relacionadas a uma pequena sociedade familiar. A defesa da princesa disse que ela não estava a par da gestão e que não tinha experiência em matéria de contabilidade fiscal. Os advogados afirmaram que Iñaki Urdangarin, o marido de Cristina, seria o responsável exclusivo pela gestão da empresa.

Entre os crimes, lavagem fiscal e fraude, além de falsificação de documentos e peculato.

Hoje, Urdangarin, o cunhado do ex-rei da Espanha, entrou na sua cela na prisão de Brieva. Ele tinha sido condenado pelo Supremo espanhol a cinco anos e dez meses de prisão por desvio de dinheiro. E por ter usado sua posição para obter facilidades que possibilitaram o desvio de fundos.

A princesa Cristina não corre risco de ir para a prisão: foi "imputada"

Rir é o melhor remédio

Cinco imagens da rede:






16 junho 2018

Pegada Ecológica

A Pegada Ecológica corresponde a uma medida da determinar a sustentabilidade de uma sociedade diante dos recursos da natureza. Sua mensuração tem sido realizada para verificar se no ritmo atual uma população estava usando mais do que a capacidade do ecossistema.

Portugal, por exemplo, possui uma pegada ecológica de 3,69 hectares, mas a biocapacidade é de 1,27 hectares globais. Se cada pessoa da terra vivesse como os portugueses, seriam necessários 2,19 planetas para sustentar estas atividades.

Isto não parece ser muito bom. A pegada brasileira é de 2,9 hectares, bem próximo da média mundial e muito abaixo da pegada portuguesa. A vantagem brasileira é que a biocapacidade do nosso país é muito elevada, apesar de estar em declínio com o passar do tempo. Em relação a média mundial, a biocapacidade do Brasil é muito elevada, assim como da Rússia (veja gráfico).

Análise de sentimento

Polyana Silva destaca pesquisa sobre o sentimento referente a greve dos caminhoneiros. A professora destaca:

Não se trata de nutrir carinho ou repulsa sobre o evento em questão. É uma técnica de análise de dados não estruturados que possui como objetivo identificar opiniões opostas (positivas, negativas e neutras).


Uma análise deste tipo foi apresenta pela revista Época. E revela o que ocorreu no país nos últimos anos. Em 2013 o gráfico representativo do debate político era o seguinte:


Observe a diferença entre o primeiro e o último gráfico. Em março de 2016 as posições políticas estavam polarizadas, muito mais que em 2013.

Política em família

Na coluna de divulgação científica de Fernando Reinach no Estadão uma pesquisa muito interessante:

É obvio que discussões políticas estragam reuniões familiares. O interessante é como um grupo de cientistas descobriu que, após a eleição de Trump, os jantares de Thanksgiving (O Dia de Ação de Graças americano), nas famílias em que existe discordância política, foram 38 minutos mais curtos que a média. Em 2016, na média, esses longos jantares duraram 4 horas e 28 minutos.


Mais interessante ainda foi a metodologia usada pelos autores:

Para determinar o efeito das discussões políticas sobre a duração do jantar, em 2016 os cientistas usaram duas fontes de dados. A primeira é um banco de dados que contém a posição exata (determinada pelo GPS) de 10 milhões de telefones celulares a cada minuto durante o mês de novembro de 2016. Esse banco de dados existe porque cada telefone celular, ao se comunicar com as torres do sistema de telecomunicação, envia sua posição exata. No total foram analisados 21 bilhões de posições enviadas por 10 milhões de telefones durante novembro.

Continuando:

Analisando esses dados os cientistas puderam determinar o local em que esses 10 milhões de telefones “moram”, pois esse é o lugar onde passaram a maior parte das noites nas semanas anteriores ao Thanksgiving. Além disso, puderam identificar para onde se deslocaram na noite do jantar, pois eles enviaram às respectivas torres suas localizações precisas.

Mais que isso, é possível saber quanto tempo ficaram juntos durante o jantar, determinando o horário que eles chegaram à casa em Chicago e o horário que saíram. Dessa maneira os cientistas conseguiram determinar a residência de 6.390.634 pessoas e onde essas pessoas passaram o jantar de Thanksgiving. (...)

O segundo banco de dados que os cientistas usaram foi o resultado da votação de 8 de novembro de 2016, semanas antes do jantar de Thanksgiving, que elegeu Donald Trump. Esse banco de dados não contém o nome das pessoas que votaram, mas o número de votos que cada candidato recebeu em cada uma das 172.098 regiões eleitorais (precincts) em que os EUA são divididos. Cruzando esses dois bancos de dados os cientistas puderam determinar a probabilidade de como votou cada um dos 10 milhões de donos de telefones celulares analisados. Isso porque se uma pessoa mora em um distrito eleitoral onde Trump teve 95% dos votos essa pessoa muito provavelmente votou nele.

Com base nesses dados é possível identificar a provável ideologia de cada participante nos jantares de Thanks giving e, em um passo seguinte, identificar os jantares em que todos os participantes votaram no mesmo partido (Democrata ou Republicano) e os jantares em que participaram pessoas que haviam votado, semanas antes, em diferentes candidatos. Após identificar jantares em que todos eram muito provavelmente do mesmo partido e jantares em que as pessoas provavelmente eram de partidos diferentes, os cientistas determinaram quanto tempo duraram esses jantares.

E aí veio a conclusão: os jantares em que havia pessoas de diferentes partidos foram 38 minutos mais curtos que a média (que foi de 257 minutos). Mas os cientistas foram adiante identificando os distritos eleitorais que foram mais bombardeados por anúncios políticos antes da eleição. Quando pessoas desses distritos se encontraram semanas depois da eleição, os jantares foram ainda mais curtos.

Rir é o melhor remédio

Efeito propriedade

15 junho 2018

Pesquisa

Prezados leitores:

Você está sendo convidado a participar de uma pesquisa para o trabalho final de dissertação de mestrado desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Contabilidade da Universidade de Brasília (PPGCont - UnB) que tem por objetivo compreender como você vê a previdência em sua vida.

Caso tenha interesse, o questionário pode ser acessado pelo link seguinte:

https://goo.gl/forms/RgduXnKZrdQqLQsI3

Peço, por gentileza, que divulgue​ a pesquisa e compartilhe o link entre os colegas e em suas listas de email!

Em caso de dúvidas, pode entrar em contato pelo email: eduarda.augusta.sales@gmail.com

Desde já, agradecemos a sua participação!

Sem comemoração

Sobre as demonstrações contábeis dos Correios, alguns breves comentários:

1) As demonstrações foram auditadas pela BDO que deu um parecer com ressalvas.

2) Além disto, o parecer destaca a incerteza sobre a continuidade operacional da empresa. Ademais, a empresa afirma que a continuidade depende de aporte do controlador.

3) Sobre os números, o destaque foi a questão dos benefícios pós-emprego. No balanço, representou um passivo de 2 bilhões de reais a menos, o que reverteu o PL negativo que existia no exercício anterior. Isto também fez com que a empresa tivesse lucro operacional, em lugar de prejuízo. E mesmo o resultado abrangente foi melhor em mais de 2,5 bilhões.

4) Se o lucro melhorou, a capacidade da empresa em gerar caixa com as atividades operacionais piorou em 2017 em R$448 milhões.

5) De igual modo, piorou o caixa de investimento (em razão das aplicações financeiras) e financiamento. Assim, a empresa teve uma variação de Caixa e Equivalentes de 1,34 bilhão, negativo. Era 1,689 em 31/12/2016 e passou para 0,347.

Assim, não existe motivo para comemorar: parecer com ressalva, resultado dependendo de um lançamento não recorrente, não geração de caixa operacional, queima de caixa, ...

Polêmica ou não

Um texto publicada há mais de uma mês. Mas não resisti em fazer alguns pequenos comentários, pois está recheado de pérolas.

Depois de dois anos de prejuízos bilionários, a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) teve um surpreendente lucro de R$ 667 milhões em 2017, anunciou ontem o ministro Gilberto Kassab (Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações).

A virada nos números foi divulgada por Kassab, em uma audiência pública na Câmara dos Deputados, como sinal de recuperação da saúde financeira da estatal. Para ele, esse resultado mostra que os Correios são viáveis como empresa pública (1) e tira da pauta uma eventual privatização (2). “Não se fala mais nisso”, afirmou o ministro, dando como superada (3) a grave crise enfrentada pela ECT nos últimos anos. Houve prejuízo de R$ 2,1 bilhões em 2015 e de R$ 1,5 bilhão em 2016. (4)

De acordo com Kassab, o balanço dos Correios foi aprovado na véspera pelo conselho fiscal e será remetido hoje para análise do conselho de administração (5).

Apesar da comemoração do ministro, a reviravolta foi vista com cautela. Até outubro, a estatal registrava déficit em torno de R$ 2 bilhões (6). Segundo pessoas ligadas à ECT, não houve inversão da tendência e esse rombo cresceu ainda mais no último bimestre do ano. O que houve foi uma mudança das premissas atuariais no registro conhecido como “benefício pósemprego”, com uma redução de gastos meramente contábil (7), sem refletir qualquer equilíbrio entre receitas e despesas. (8)

Em março, uma decisão do Tribunal Superior do Trabalho (TST) restringiu o alcance da Postal Saúde, empresa criada pelos Correios em 2014 para gerir diretamente o convênio médico de seus 140 mil empregados e aposentados. (9)

O plano, que representava 90% do déficit anual da empresa, incluía outras 250 mil pessoas como cônjuges, pais e filhos.

A principal mudança avalizada pelo TST é a introdução da cobrança de mensalidade para titulares e dependentes. Pais e mães também serão excluídos a partir de julho de 2019. Com todas essas alterações, foi possível reduzir em aproximadamente R$ 3 bilhões o provisionamento futuro e os reflexos foram trazidos para valor presente. (10)

A operação contábil foi duramente criticada pelo representante dos trabalhadores no conselho de administração, Marcos César Silva, que prometeu votar pela rejeição ao balanço. Ele chamou o resultado de “forjado” e enfatizou que o lucro não decorre da “competência de políticos indevidamente colocados na direção da empresa”. “Votarei contra a aprovação das contas.” “A empresa tem a obrigação de explicar muito bem como um déficit que chegava em novembro a mais de R$ 2 bilhões virou um lucro de mais de R$ 600 milhões ao final do exercício”, completou. (11)

O próprio presidente interino dos Correios, Carlos Fortner, admitiu ter ficado surpreso com o lucro quando recebeu a notícia na semana passada. “Que mágica você fez?”, disse ter perguntado à equipe responsável pela contabilidade (12). Ele defendeu, porém, a legitimidade do cálculo e ressaltou: “Houve auditoria externa (13) e fomos crivados por questionamentos”.

A deputada Maria do Rosário (PTRS), uma das coordenadoras da Frente Parlamentar em Defesa dos Correios, ficou insatisfeita com as explicações. Ela discorda da análise de Kassab de que a privatização da companhia postal saiu do radar. “Não saiu e estamos atentos ao movimento. Já é uma prática comum resolver as contas do ponto de vista contábil (14) para apresentar ao mercado uma situação favorável à venda da empresa”, afirmou.

Um requerimento já foi protocolado na Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público da Câmara para aprofundar as discussões sobre o resultado da ECT no ano passado. Maria do Rosário criticou também o indicativo de fechamento de mais de 500 agências próprias dos Correios, em localidades onde há sobreposição com agências franqueadas, por entender que a estatal deixa de faturar em pontos melhores.


(RITTNER, Daniel. Virada súbita no balanço dos correios cria polêmica. Valor, 10 de maio de 2018, B6, via aqui). Figura, aqui

(1) o lucro, por si só, não é suficiente para afirmar que uma empresa é viável.
(2) existe aqui uma lógica estranha. Só pode ser empresa pública se for viável, caso contrário, privatize. Na realidade, o resultado contábil não deveria ser a razão final desta decisão, mas a política de governo ou, em alguns casos, a constituição.
(3) novamente, o resultado de um ano não é suficiente para chegar a esta conclusão.
(4) observe que o prejuízo acumulado em três anos é de 3 bilhões. E a crise acabou, segundo o ministro.
(5) ou seja, o ministro divulgou os resultados antes da empresa dar conhecimento ao Conselho de Administração. E já considerou como uma crise superada, mesmo não tendo a aprovação do Conselho de Administração. Aqui, uma postagem sobre este assunto. Observe que o texto é bastante feliz em usar “análise” e não “aprovação”.
(6) Deve estar falando do déficit acumulado até esta data.
(7) se mudaram somente as “premissas atuariais” é muito estranho falar em “gastos meramente contábeis”. E faz sentido falar em “gastos meramente contábeis”?
(8) Na verdade, o reporter quer dizer que na parte operacional a empresa continua com problemas, onde as despesas são superiores as receitas. O que fez o resultado ser positivo foi uma alteração nas premissas atuariais que afetou o resultado da empresa.
(9) Aqui a razão da mudança. Tendo por base a decisão, a contabilidade da empresa parece que fez o correto, ao contrário do que induz a reportagem. Parece que ocorreu uma manipulação, mas existindo uma mudança como esta, a mesma deve ser reconhecida no resultado.
(10) Veja que faz sentido a decisão da contabilidade.
(11) A leitura das demonstrações e as explicações parecem coerentes. Bastava entender contabilidade. A posição do representante parece mais política que técnica.
(12) A fama da contabilidade e do contador ... Mas ele defendeu os números, pois são favoráveis.
(13) A auditoria externa fez ressalvas, inclusive de continuidade da empresa. Isto não está comentado na reportagem, provavelmente pelo fato do balanço não ser de conhecimento público na data de publicação do texto.
(14) O que ela falou mesmo? “resolver as contas do ponto de vista contábil” seria “manipular”? O contador da ECT deveria entrar com um processo de difamação contra a deputada.

P.S. Os números não permitem comemoração

Conselho de Administração

No início de maio, o ministro Kassab, de um partido chamado PSD, anunciou o resultado dos Correios, antes que o mesmo fosse aprovado pelo Conselho de Administração. No sítio da ECT tem a composição deste Conselho. Anotei, ao lado de cada fotografia, um pequeno destaque para o currículo de cada um:
Adendo: Marcos é o representante dos trabalhadores no Conselho.

Nuvem de palavras

A nuvem de palavras é uma técnica de análise textual, onde um software seleciona as palavras mais usadas em um texto. Em geral, não se considera na nuvem as palavras de ligação  e algumas outras que podem distorcer a análise.

A nuvem acima foi construída a partir da nova estrutura conceitual do Iasb. Foi considerada somente dez palavras (isto pode ser regulado pelo analista). Percebe-se o destaque para o termo "financial" e "information", além dos conceitos de "asset, liability, income".
A nuvem acima é do CPC 00R1, onde predomina "informação" e "entidade", mas não "financeiro" ou termo que traduziria o "financial" da primeira nuvem. Mas atenção, a nuvem foi construída a partir da tradução e adaptação do CPC da norma anterior do Iasb. De qualquer forma, é curioso que uma das palavras mais usadas na norma seja "exemplo".