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12 junho 2017

Resenha: TED Talks

Este livro é um guia de como falar em público, baseado na experiência dos palestrantes do TED. Estas conferências ficaram famosas na internet pelo fato de serem curtas (cerca de 18 minutos), objetivas e didáticas. O livro de Chris Anderson resume algumas dicas dos organizadores para os palestrantes. O autor enfatiza a relevância da novidade na introdução, mas o foco principal do livro é preparação. Anderson afirma que as boas palestras representam horas de preparação, o que inclui, inclusive, decorar a palestra! E ele diz algo decisivo: se um Bill Gates, um Daniel Kahneman ou um Barry Schawartz fazem isto, qual a razão de você também não fazer. Segundo o autor, um pecado capital numa palestra é o convidado falar algo como “estava vindo para esta palestra, quando pensei ...”.

Para a maioria das pessoas, decorar uma palestra de dezoito minutos pode levar cinco ou seis horas. Uma hora por dia, durante uma semana.


Conforme o autor: “Uma coisa é se preparar menos do que o necessário. Mas vangloriar-se disso? Isso é um insulto. O palestrante está dizendo que o tempo da plateia não vale nada. Que o evento não vale nada.” A palestra deve ser fruto de uma longa preparação, que inclui uma linguagem próxima ao seu público, mas não necessariamente powerpoint. Anderson faz uma constatação importante: um terço das Conferências TED mais vistas na internet não conta com um slide sequer. A sua regra básica é: melhor não usar slide algum a usar slides ruins. Assim, slides com um monte de texto são proibidos numa palestra de qualidade; a regra é um slide para cada ideia:

Pensando assim, conclui-se que a ideia é bem simples. A finalidade principal dos recursos visuais não deve ser comunicar palavras. A boca do palestrante já faz isso muito bem. A finalidade dos recursos visuais é mostrar aquilo que a boca não mostra tão bem: fotografias, vídeos, animações e dados importantes.


Ao longo da minha vida acadêmica tenho encontrado muito deste tipo de erro. O livro também comenta sobre a roupa, a tecnologia a ser usada, entre outros assuntos de interesse.

Vale a pena? Para quem é professor ou costuma dar palestras é uma obra importante. Apesar de muitas vezes a nossa aula ter mais de 18 minutos e nosso tempo disponível para preparar uma aula é bem menor que seis horas, algumas dicas são relevantes para o professor. Mesmo para quem deseja ou precisa falar em público, o livro pode indicar alguns caminhos interessantes. Sim, vale a pena.

Rir é o melhor remédio


11 junho 2017

Links

Uma empresa indiana de TI diz que Trump é ruim para seus negócios

O maior feito da Terra: 10 vezes Garros (ao lado)

Arábia Saudita proíbe camisa do Barcelona

Sérgio Cabral passou a perna na JBS

Característica facial mais atraente na mulher

Muito além do dinheiro público

Segundo Cristiane Barbieri (O Estado de S Paulo, Perda com JF vai além dos cofres públicos), os ex-presidentes da Petros, que eram conselheiros da BRF, recebia do concorrente propinas para obter informações privilegiadas. No caso, o concorrente era o grupo JeF. A BRF disse, oficialmente, que não sabia da relação entre os conselheiros e a JeF e que não iria divulgar um fato relevante.

Um aspecto interessante é que os dois conselheiros teria uma postura de desinteresse:

Saíam no meio de reuniões ou faltavam, não pertenciam a comitês e pouco participavam.

O episódio seria um exemplo de como o grupo da empresa JBS foi danoso para o mercado.

Nas delações, assiste-se a confissões de práticas anticoncorrenciais variadas. Elas vão da tomada de uma fábrica de lácteos da BRF à entrada em novos setores, com a criação ou aquisição de empresas gigantescas.

Rir é o melhor remédio


10 junho 2017

Fato da Semana: Fortalecimento dos reguladores

Fato: Fortalecimento dos reguladores

Data: 8 junho

Contextualização
Os problemas políticos fizeram caminhar uma proposta de fortalecimento de dois órgãos reguladores brasileiros: CVM e Banco Central. Uma proposta de medida provisória estava parada na presidência da república. Aparentemente, diante das revelações da relação entre o atual presidente e o executivo da JBS, o governo decidiu aprovar a medida.

Com isto, CVM e Banco Central poderão fazer acordos de leniência e ampliaram o valor de uma possível multa a ser aplicada para a entidade que cometer infrações.

Relevância
A medida provisória tem o mérito de facilitar o trabalho dos reguladores e agilizar o processo de punição. É mais um instrumento para melhorar a qualidade da fiscalização e regulamentação da CVM e do Banco Central.

Notícia boa para contabilidade?
Sim. Como entidades de controle de caráter mais técnico, a CVM e o Banco Central passam a contar com melhores mecanismos para regular o mercado.

Desdobramentos
A medida não deve ser aplicada à JBS, já que seus problemas são anteriores à sua edição. Mas significa que estes reguladores terão mais força numa negociação.

Mas a semana só teve isto?
A compra do Popular pelo Santander por um euro, a troca do auditor da BT, a multa da Braskem e mais punições para JBS - agora com o corte na linha de financiamento do governo na Caixa - foram notícias importantes da semana.

(Fonte da Figura, aqui)

Rir é o melhor remédio





Dois comerciais legais.

08 junho 2017

Links

Banco Popular: lição para a Itália?

Banco Popular: ações judiciais a caminho (aqui também)

Banco Popular: o banco que vendeu sua alma (fotografia)

Vídeo: museu da falha

Escândalo da Odebrecht na República Dominicana

E o INAI quer cópia de todos os contratos da Odebrecht com a Pemex entre 2006 a 2016 (México)

"O mundo é amador, comparado ao Brasil" (em corrupção)

Hospital Escola: Custo versus taxa de mortalidade

Existem dois tipos de hospitais: o hospital escola ou de ensino e o hospital comum. Qual o melhor? O hospital escola está vinculado a um curso na área de saúde, geralmente medicina. Por ter esta característica, o hospital escola é mais caro. Quando um paciente entra num hospital escola, ele pode ser o tema de uma aula, onde o professor irá expor o seu caso e os alunos utilizarão o paciente como parte do aprendizado. O tempo padrão num hospital escola é diferente de um hospital comum. Neste último, o paciente, depois de ser tratado a partir de um procedimento comum por parte de um profissional, será liberado. No hospital escola o caso de um paciente poderá ser discutido numa turma, depois de ser detalhadamente analisado.

O hosptial escola também serve para novos experimentos e de treinamento para a nova geração de profissionais da saúde. Apesar do aluno ter um salário reduzido, o tempo mais demorado no tratamento e a possibilidade de servir de experimento faz com que o custo total seja muito maior. No Brasil isto é reconhecido pelo próprio governo, que paga um extra para cada paciente que é tratado num hospital escola. Vale a pena?

Além de formar futuros profissionais, com maior qualidade, o fato de existirem hospitais escola tem outro aspecto: uma pesquisa recente, relata no The Incidental Economist mostra que o hosptial escola reduz a taxa de mortalidade em relação ao hospital comum. Isto ocorre pela utilização de terapias inovadoras. E o efeito é maior sobre a mortalidade, quanto mais alunos estiverem em treinamento por leito.

Estes resultados podem indicar que o custo da vida salva compensa o gasto mais elevado nos hospitais que possuem a missão de educar.

BT troca auditor

Depois de 33 anos, a PwC deixará a auditoria da empresa britânica BT. No início do ano, a BT reconheceu que uma filial italiana tinha manipulado os resultados. As ações cairam após a divulgação. Diante do problema, a BT contratou a KPMG para investigar os acontecimentos. A KPMG relatou a existência de práticas contábeis impróprias, que abrangia vendas, compras e leasing. E que o problema ocorria há anos.

E parece que o trabalho da KPMG agradou. A BT pretende que a troca seja suave e por este motivo a PwC ainda deve assinar os resultados de 2017-18. Em maio a BT anunciou que os pagamentos de Gavin Patterson, executivo-chefe, cairia de 5,28 milhões de libras esterlinas para 1,34 milhão.

Os problemas reduziram o valor da empresa em 8 bilhões de libras ou 34 bilhões de reais. Além deste efeito, as empresas que participam da FTSE 350 devem trocar seu auditor a cada dez anos. A PwC também auditava a Tesco em 2014 e foi substituída pela Deloitte.

Mais punição

Ontem divulgamos uma investigação da Reuters onde a Caixa Econômica Federal estaria "punindo" a JBS pela divulgação de acusações contra o presidente da República.

Hoje o Valor divulgou que o governo ampliou os poderes punitivos da CVM e do Banco Central. Através de uma medida provisória, o governo  multiplicou as multas das duas entidades. Na CVM, a multa máxima passou de 500 mil para 500 milhões; no Banco Central, de 250 mil para 2 bilhões. A medida estava parada na presidência da república desde 2015, segundo o jornal.

No texto da capa do jornal tem-se que a JBS afirma ser vítima de represálias pelas delações.

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07 junho 2017

Ranking da Folha

Dos cursos de graduação:

1º) Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
2º) Universidade de São Paulo (USP)
3º) Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
4º) Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUCSP)
5º) Universidade de Brasília (UNB)
6º) Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
7º) Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
8º) Universidade Federal do Paraná (UFPR)
9º) Universidade Federal da Bahia (UFBA)
10º) Universidade Presbiteriana Mackenzie (MACKENZIE)

Fonte: Aqui

Caixa e a retaliação

Segundo informação da Reuters, o governo brasileiro determinou que a Caixa Econômica Federal não financiasse mais as empresas dos irmãos Batista. A agência de notícias informou que esta foi uma decisão da presidência da república. Recentemente, o presidente Temer foi acusado de obstruir uma investigação a partir de gravações feitas por um dos membros da família Batista.

A Caixa é o maior credor da J & F, com empréstimos de quase 10 bilhões de reais. Segundo o texto da Reuters:

A situação ressalta a maneira discricionária em que os credores do Estado são administrados no Brasil, e como os mutuários estão expostos a retaliação saem das graças com o governo. A Caixa foi utilizada como uma ferramenta política pelo antecessor de Temer, Dilma Rousseff, provocando grandes prejuízos devido a empréstimos imprudentes e decisões de tomada de risco.

Recentemente, a Caixa informou que aumentou a provisão relacionada com os empréstimos para JF. Para a empresa JF a perda do acesso ao dinheiro que no passado foi fácil e barato é um grande problema. A holding deverá buscar outras fontes ou vender ativos, como aconteceu recentemente com algumas unidades da empresa.

Braskem paga multa de 3 bilhões

A Braskem anunciou na noite desta terça-feira (6) que a Justiça Federal de Curitiba homologou o acordo de leniência firmado entre a petroquímica e o Ministério Público Federal no âmbito da Operação Lava Jato. A decisão é a etapa que faltava para a validação definitiva do acordo global firmado pela empresa com autoridades dos Estados Unidos, Suíça e Brasil, segundo comunicado enviado à Comissão de Valores Mobiliários (a CVM, órgão que regula o mercado de capitais no país). Fonte: aqui

A Braskem pagará uma multa de 3,1 bilhões de reais, sendo 1,6 à vista. Do valor, 2,2 bilhões serão para o MPF, que irá destinar o dinheiro para indenizações a terceiros. Além da multa, a empresa terá que tomar medidas para evitar a repetição das práticas de corrupção constatadas na operação Lava Jato, incluindo um monitoramento externo de três anos. Em troca, a empresa recebe um perdão.

Santander compra o Popular por um euro

No dia quatro fizemos uma postagem sobre as dificuldades do Banco Popular, uma instituição bancária da Espanha, a quinta maior daquele país. Neste ínterim, o Banco Central da Europa constatou a inviabilidade do Popular. Além disto, nos últimos cinco dias o Popular perdeu metade do seu valor e a Comisión Nacional del mercado de Valores (CNMV) suspendeu as negociações de suas ações. A instituição começou a sofrer com a desconfiança do mercado e a falta de liquidez, segundo um comunicado da Junta de Resolución Bancaria europeia.

Santander, Bankia e CaixaBank tinham demonstrado interesse em ficar com a instituição, mas o único de apresentou uma oferta que atendia os requisitos foi o Santander. Com isto, o Popular foi vendido por um euro para o Santander. A operação não irá necessitar de dinheiro do contribuinte espanhol. Para o Santander, ficar com os clientes do Popular terá um custo, já que é necessário reforçar seu capital e vencer a desconfiança. A previsão é que o Santander aumente seu capital em 7 bilhões de euros, cerca de 26 bilhões de reais.

A não utilização do dinheiro público foi destacado por uma das autoridades que participaram do negócio, Elke König: “A decisão tomada hoje salvaguarda os depositantes e as funções críticas do Banco Popular. Isto mostra que os instrumentos dados às autoridades de supervisão depois da crise são efetivas para evitar o uso do dinheiro dos contribuintes no resgate a bancos”.

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06 junho 2017

A vida como juros compostos

Como algumas pessoas são mais produtivas do que outras? Eles são mais inteligentes ou eles apenas trabalham um pouco mais do que todos os outros? Em 1986, o matemático e cientista de computação Richard Hamming fez uma palestra na Bell Communications Research sobre como as pessoas podem fazer um excelente trabalho, "tipo de trabalho de um Prêmio Nobel". Um dos traços de que ele falou foi possuir um excelente impulso:
Trabalhei por dez anos com John Tukey no Bell Labs. Ele teve um tremendo impulso. Um dia, cerca de três ou quatro anos depois de estar por lá, descobri que John Tukey era um pouco mais jovem do que eu. John era um gênio e eu claramente não era. Bem, eu fui para o escritório de Tukey e disse: "Como alguém na minha idade por conhecer tanto como John Tukey?" Ele recostou-se na cadeira, colocou as mãos atrás da cabeça, sorriu um pouco e disse: "Você ficaria surpreso, Hamming, o quanto você saberia se você trabalhasse tão duro quanto eu fiz durante muitos anos. Eu simplesmente fui do escritório!”

O que Tukey estava dizendo foi o seguinte: "O conhecimento e a produtividade são como juros compostos." Dado duas pessoas de aproximadamente a mesma habilidade e uma pessoa que trabalha dez por cento a mais do que a outra, esta irá produzir duas vezes mais do que o primeiro produz. Quanto mais você sabe, mais você aprende; quanto mais você aprender, mais você pode fazer; quanto mais você pode fazer, mais a oportunidade - isto muito parecido com o juros compostos. Eu não quero dar uma taxa, mas é uma taxa muito alta.

Pensar na vida em termos de juros compostos pode ser muito útil. Investimento precoce e intensivo em algo que você está interessado em cultivar - relacionamentos, dinheiro, conhecimento, espiritualidade, experiência, etc. - muitas vezes produz resultados exponencialmente melhores.

É surpreendente como isto pode ser verdadeiro.

Links

Fractal na pintura de Mondrian

Bancos europeus e participação do estado: muito mais estatal que pensamos

A primeira mulher a presidir os contabilistas certificados de Portugal

Nas fotografias dos produtos da Apple a hora é sempre 9:41

Matemática Financeira e a multa da JBS

O jornal Estado de S Paulo traz uma interessante aplicação de matemática financeira: a multa da JBS. Pelo acordo firmado na semana passada e assinado nesta semana, a empresa, ex-campeã nacional, terá que pagar 10,3 bilhões de reais de multa. Este valor deverá ser pago em 25 anos, sendo que inicialmente de forma semestral e depois anualmente. Além disto, o montante deverá ser corrigido pelo IPCA.

O jornal usou os préstimos de uma empresa de gestão de recursos chamada Quantitas. Estes concluíram que a multa deve sair pela metade do valor originalmente acertado. O cálculo feito é o seguinte: o valor será corrigido pela inflação somente, sem incluir uma taxa de juros, ao contrário do acordo da Odebrecht, que será corrigido pela Selic. Assim, se a empresa aplicar os recursos que serão usados para pagar a multa em NTN-B, um investimento do próprio governo, corrigido pelo IPCA mais juros, os recursos gerados seriam suficientes para reduzir o impacto da dívida pela metade. Ou, se a empresa aplicar R$5,158 bilhões hoje nestes títulos, os recursos serão suficientes para efetuar todo pagamento.

(Em matemática financeira, seria descobrir o valor presente - que neste caso é de R$5,158 bilhões - que será igualado as anuidades ou pagamentos a serem realizados pela empresa, a taxa de juros)

É um cálculo simples que assume uma hipótese: a taxa de juros do título público deverá continuar nos atuais níveis. Se ocorrer um aumento na taxa, o valor irá reduzir; existindo uma redução, como parece ser possível, o valor a ser aplicado deverá ser maior.

De qualquer forma, o texto mostra que o MPF precisa contratar aulas de reforço de matemática financeira para seus negociadores.

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Fonte: Minha irmã ;)

05 junho 2017

Aramco e o perigo de ter ações negociadas na Bolsa de NY

Recentemente comentamos sobre a possibilidade de oferta pública de ações da empresa de petróleo da Arábia Saudita. Comentamos que a Aramco poderia ser a maior empresa do mundo em valor de mercado, embora existam dúvidas sobre isto.

A Reuters chama atenção para o fato da empresa estar sendo alertada para os potenciais problemas em fazer a oferta na bolsa dos Estados Unidos, em razão da cultura judicialista daquele mercado. Isto poderia incluir, por exemplo, uma potencial demanda de familiares das vítimas do ataque de 11 de setembro, já que há desconfianças que aquele país apoiou, de alguma forma, os terroristas.

Outro aspecto diz respeito a informação contábil: a empresa não cumpri as regras de divulgação das reservas de petróleo. Mas o mercado dos Estados Unidos possui prestígio e isto pode ser determinante na escolha da empresa.

Investigação privada

Um texto do Estado de S. Paulo questiona a qualidade dos trabalhos de investigação interna realizada nas empresas para apurar atos ilícitos. Cita alguns casos:

No ano passado, Joesley Batista havia contratado o escritório Veirano Advogados e a consultoria Ernst Young (EY) para apurar irregularidades em uma das empresas do grupo JF, a Eldorado Celulose. A conclusão assinada pelas duas empresas, em janeiro deste ano, é de que não havia indícios de que os fatos apurados pela Polícia Federal tinham fundamento.

Dois meses depois, Joesley fez uma delação, onde afirmava ter usado notas frias e pagamentos para políticos:

Afirmou, por exemplo, que um empréstimo de R$ 946 milhões feito pelo FI-FGTS (fundo de investimentos que usa recursos do FGTS) foi obtido por meio de pagamento de propinas, e que os cerca de RS 37,4 milhões em pagamentos feitos pela Eldorado a empresas de Lúcio Funaro, apontado como operador do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha e intermediador dos empréstimos do FI-FGTS, eram referentes a pagamentos ilícitos.

Diante deste caso, o texto questiona a qualidade destas investigações forense. Uma possibilidade para explicar o problema é o escopo do trabalho.

O Estado ouviu cinco advogados especialistas no assunto, que preferiram não ter seus nomes revelados, e eles afirmam que esse serviço tem sido feito muitas vezes com um pensamento antigo: o de que o advogado deve defender seu cliente. Na investigação forense, dizem, isso não pode acontecer, sob o risco de o próprio escritório perder sua credibilidade.

Isto é um problema: qual a razão de não revelar o nome? Isto traz dúvida sobre a qualidade do texto. A seguir o texto confunde escopo com qualidade:

No caso da Eldorado, o argumento do Veirano Advogados é que toda a investigação foi feita dentro do escopo passado pela empresa.

O Veirano também foi responsável pela investigação feita no BTG Pactual após a prisão de André Esteves, principal acionista do banco, em 2015, envolvido em denúncias na Lava Jato. A conclusão da investigação foi de que, dentro do escopo apresentado pela empresa, não havia irregularidades.

A EY, por sua vez, já foi responsável por centenas de investigações desse tipo, e garante que a conclusão apresentada ao conselho da Eldorado em janeiro não refletia o trabalho que havia feito. Em entrevista ao Estado em fevereiro, um sócio da consultoria, Idésio Coelho, afirmou que o resultado do levantamento de dados que era de sua responsabilidade não foi apresentado ao conselho. A empresa é responsável hoje por uma investigação na JBS.

A última denúncia é grave. Trata-se de manipulação. Então o problema não é com a investigação, mas com o que é feito com o relatório, por parte da empresa.

PwC e Tesco

A Tesco é uma empresa britânica de varejo, com faturamento de 56 bilhões de libras esterlinas e quase 500 mil empregados. Em 2015 o regulador britânico na área contábil, o Financial Reporting Council, iniciou uma investigação sobre problemas na sua contabilidade. Em partircular, o FRC analisou a auditoria da PwC, desconfiado que a empresa não atuou de forma adequada diante da superestimação do resultado em 326 milhões de libras em 2014.

Agora o FRC concluiu que a PwC não pode ser considerada culpada por má conduta depois de dois anos e meio de investigação. Em março de 2017 a empresa Tesco foi multada em 129 milhões de libras.

Links

Indicadores bibliométricos e a inovação científica

Vídeo: qual a razão do cachorro inclinar a cabeça?

Intelectuais na TV: caso dos quiz shows

Al Roth: mercados online de prostituição são difíceis de abolir

Nokia está de volta, com seu celular "indestrutível"

É possível apresentar dados do governo de forma acessível: exemplo do Reino Unido

Este gosta de uma cerveja: fugindo do ataque em Londres (imagem)

Crescimento sustentável

O índice de crescimento sustentável determina a taxa de crescimento máxima de vendas que uma empresa pode ter sem comprometer sua estrutura financeira. O cálculo é bastante simples: a variação do patrimônio líquido sobre o patrimônio líquido inicial. Assim, se o patrimônio líquido de uma empresa cresceu num determinado período em 10%, esta deveria ser a taxa de crescimento da receita da empresa. Um crescimento acima de 10% pode comprometer, no longo prazo, a estrutura de financiamento da empresa.

Assim, o índice de crescimento sustentável deve ser visto em conjunto com o crescimento da receita da empresa. Se quisermos uma análise mais sofisticada é possível usar a expressão que multiplica a margem líquida pela retenção do lucro, o giro do ativo e a alavancagem financeira. Robert Higgins, em Analysis for Financial Management, dedica uma grande atenção para este índice. Já fizemos uma postagem sobre este índice http://www.contabilidade-financeira.com/2012/04/crescimento-sustentavel.html, indicando as suas principais características.

Veja o exemplo de uma empresa real, mostrado na figura abaixo. Na linha vermelha, o crescimento da receita, entre junho de 2012 a março de 2017. Neste período, a receita chegou a multiplicar por 2,5, no final de 2015. Um crescimento impressionante de quase 7% no trimestre. Mesmo com a redução no volume de receitas nos últimos trimestres, a empresa multiplicou por dois sua receita em cinco anos.


Na linha azul o índice de crescimento sustentável. Para acompanhar o crescimento da receita e manter a estrutura de financiamento, a empresa também deveria ter uma taxa de crescimento sustentável elevada. Entretanto, enquanto a receita dobrava de tamanho, o crescimento sustentável aumentou 20% no período, embora no final do terceiro trimestre de 2015 o crescimento sustentável acumulado chegou a 55%, para reduzir nos períodos seguintes.

Se o patrimônio líquido cresceu menos que a receita, a empresa deve ter lançado mão de financiamento de terceiros. No caso desta empresa, a dívida bruta pelo ativo saiu de 42% no final de junho de 2012 para 57% em março de 2016, reduzindo para 56,2% em março de 2017. A correlação entre este índice de endividamento e a relação entre o crescimento da receita e o crescimento sustentável é de 0,94 no período. A figura a seguir faz esta comparação em termos visuais.


Isto mostra que um elevado crescimento nas vendas de uma empresa deve ter, em contrapartida, um maior volume de recursos próprios, caso contrário a empresa torna-se mais endividada.

A próxima figura é de outra empresa, onde a taxa de crescimento da receita chegou a 30% no final do terceiro trimestre de 2013, enquanto o crescimento sustentável era de 1%. Desde então, o crescimento sustentável acumulado ficou negativo, mas a diferença com o crescimento da receita, que chegou a 65% no final de dezembro de 2015, persistiu na casa dos 30%. (Isto corresponde a diferença entre as duas linhas da figura abaixo)


No caso da segunda empresa, o efeito no endividamento foi ainda maior. No início do período analisado a dívida bruta pelo ativo era de 28,5%. O ponto máximo do endividamento ocorreu justamente no final de 2015, quando a diferença entre o crescimento sustentável e o crescimento da receita foi o máximo: 55%. Desde então, o endividamento diminuiu para 46%. A correlação entre o índice de endividamento e a relação entre crescimento da receita e crescimento sustentável é de 0,89 para esta empresa. Por sinal, a questão do endividamento tem sido apontada como o principal problema desta empresa.

Parece que o crescimento sustentável pode ser uma informação relevante no longo prazo para o analista de uma empresa.

Uma nota final: a primeira empresa é a JBS, que teve um crescimento substancial nos últimos vinte anos. A segunda empresa é a Petrobras, que foi incentivada pelo governo, na gestão Gabrielli, a fazer amplos investimentos. Em ambos os casos, o crescimento parece que não foi sustentável.

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04 junho 2017

Outro banco espanhol com problemas

O sexto maior banco da Espanha, o Banco Popular, pode ser liquidado a qualquer momento. Com sede em Madri e fundado em 1926, esta instituição tem ativos de 148 bilhões de euros e 12 mil empregados, além de quase 5 milhões de clientes. Suas ações valem hoje 0,43 euros e há dez anos tinham um valor de 15 euros.

A bolha imobiliária na Espanha derrubou os negócios do banco. Mas sua liquidação pode ser complicada, já que a instituição possui uma grande carteira de clientes entre as empresas de pequeno porte e é apoiado pela Opus Dei.

Um comprador não resolve os problemas do Banco Popular. Provavelmente dinheiro do contribuinte espanhol deverá ser usado para ajudar na solução do problema. Um potencial comprador, o Santander, somente faria negócio se existisse um apoio do governo para limpar o balanço do Popular.

Este não é o único banco espanhol com problemas. Conforme destacamos anteriormente no blog, o Bankia é outra instituição envolvida em escândalos.

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A pequena Penelope Scout imita fotografias de pessoas famosas. Aqui o motivo e outras fotografias. Você consegue saber quem são estas pessoas? No final a resposta.








Carrie Fisher (Star Wars), Taylor Swift, Frida Kahlo, David Bowie, Adele e Ellen Degeneres

03 junho 2017

Links

De onde buscar o dinheiro para salvar os bancos da Itália?

Lava-jato já atinge o México

Situações usuais de uso ruim da estatística

PCAOB discute a questão da auditoria de estimativas contábeis

PCAOB: quando o auditor precisa usar um especialista

Caso do menino do Acre era publicidade

Fato da Semana: Multa da JBS de 10 bilhões

Fato: Multa da JBS de 10 bilhões

Data: 31 de maio

Contextualização - As negociações entre a JBS e a PGR começaram em fevereiro. As negociações começaram com uma proposta de 1,4 bilhão da JBS e 11,2 bilhões. No dia 22 de maio a PGR propôs 11 bilhões. Com a troca dos negociadores, a JBS finalmente concordou com 10,3 bilhões em 25 anos, a ser arcado pela holding, o protegeria os minoritários da empresa. O pagamento assegura o encerramento das investigações contra o grupo nas operações Greenfield, Sepsis, Cui Bono, Bullish e Carne Fraca. Do dinheiro, oito bilhões serão destinados entre Funcef (25%), Petros (25%), BNDES (25%), União (12,5%), FGTS (6,25%) e Caixa Econômica Federal (6,25%). O restante serão para projetos sociais.

Relevância - Trata-se do maior valor a ser pago por uma empresa num acordo de leniência no mundo. Ao concordar com o pagamento, a empresa concorda em colaborar com as investigações e em troca reduz as punições. O valor corresponde a quase 6% das receitas líquidas.

Notícia boa para contabilidade? Sim. A criação de mecanismos de punição de empresas que atuam contra as regras de mercado é um avanço para nosso capitalismo. Saber que as instituições estão funcionando também é positivo.

Desdobramentos - As punições não encerram aqui. Novos problemas poderão surgir nos processos dos minoritários, contra os auditores etc.

Mas a semana só teve isto? A semana foi muito movimentada: os problemas ambientais da Exxon, o novo parecer de auditoria nos EUA e a relação entre o Goldman e a Venezuela foram fatos alternativos da semana.

Perguntas prováveis em um processo seletivo

1. Quais são os seus pontos fortes?
2. Quais são os seus pontos fracos?
3. Por que você está interessado em trabalhar para esta empresa?
4. Onde você se vê em cinco anos? E em 10?
5. Por que você quer deixar o seu emprego atual?
6. Por que há uma lacuna na sua trajetória profissional entre (data) e (data)?
7. O que só você pode nos oferecer?
8. Cite três pontos em que seu ex-chefe gostaria que você melhorasse.
9. Você busca uma recolocação no mercado?
10. Você tem planos de viajar?
11. Conte sobre a realização de carreira da qual mais se orgulha.
12. Conte sobre alguma vez em que você tenha cometido um erro.
13. Qual o seu emprego dos sonhos?
14. Como você ficou sabendo desta vaga?
15. O que você espera realizar nos primeiros 30 dias, 60 dias e 90 dias de trabalho?
16. Fale um pouco sobre o seu currículo.
17. Fale um pouco sobre sua formação acadêmica.
18. Descreva-se.
19. Conte-me como lidou com uma situação difícil.
20. Por que deveríamos contratá-lo?
21. Por que você está procurando um novo emprego?
22. Você trabalharia em fins de semana e feriados?
23. Como você lidaria com um cliente bravo?
24. Qual a sua pretensão salarial?
25. Conte-me sobre alguma vez em que foi além e também abaixo do que era esperado para um projeto.
26. Quem são seus concorrentes?
27. Qual o seu maior fracasso?
28. O que te motiva?
29. Qual a sua disponibilidade?
30. Quem é o seu mentor?
31. Conte-me sobre alguma vez em que discordou do seu chefe.
32. Como você lida com a pressão?
33. Qual o nome do seu CEO?
34. Quais as suas metas de carreira?
35. O que o motiva para se levantar todos os dias?
36. Quais eram os pontos fortes e fracos dos seus chefes?
37. O que as pessoas que se reportam diretamente a você diriam sobre você?
38. Se eu ligasse agora para o seu chefe e perguntasse em quais pontos você precisa melhorar o que ele diria?
39. Você é um líder ou um seguidor?
40. Qual o último livro que você leu por diversão?
41. Quais são os hábitos irritantes dos seus colegas?
42. Quais são os seus hobbies?
43. Qual o seu site favorito?
44. O que o deixa desconfortável?
45. Quais foram as suas experiências de liderança
46. Como você demitiria alguém?
47. O que você mais gosta e o que menos gosta de trabalhar neste setor?
48. Você trabalharia 40 horas ou mais por semana?
49. Quais perguntas eu não fiz para você?
50. Quais perguntas você quer fazer para mim?

Fonte: Aqui

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Fotografia criativa

02 junho 2017

Amaro Gomes: novo chairman do EEG

Órgãos consultivos do Iasb
Amaro Gomes, membro brasileiro do Iasb, foi eleito o novo chairman do Emerging Economies Group (EEG). O grupo foi criado em 2011 com o objetivo de melhorar a participação de economias emergentes no desenvolvimento das normas IFRS.

Amaro graduou-se em contabilidade pela Universidade de Brasília, é mestre em Contabilidade e Finanças pela Lancaster University e trabalhou no Banco Central como chefe do departamento de normas do sistema financeiro. É, também, coautor de Contabilidade de Instituições Financeiras com o prof. Jorge Katsumi Niyama.

A última reunião, que indicou Amaro como chairman, foi realizada nos dias 8 e 9 de maio na Índia (leia a ata aqui). O próximo encontro será no Brasil em dezembro.

Leia mais sobre Amaro aqui e aqui.

Nova norma do leasing

Proposta de Deliberação que aprova o Pronunciamento Técnico CPC 06 (R2) – Operações de Arrendamento Mercantil (correspondente ao IFRS 16 – Leasing)

“O novo pronunciamento altera de maneira mais substancial a contabilidade das entidades arrendatárias, sendo também requeridas certas divulgações no caso das entidades arrendadoras.” – José Carlos Bezerra, superintendente de normas contábeis e de auditoria (SNC).
O objetivo do novo pronunciamento é garantir que arrendatários e arrendadores forneçam informações relevantes de modo que representem fielmente essas transações.

Essas informações fornecem a base para que usuários de demonstrações contábeis avaliem o efeito que os arrendamentos têm sobre a posição financeira, o desempenho financeiro e os fluxos de caixa da entidade.

A nova revisão do CPC 06 (R2) terá vigência aos exercícios sociais que se iniciarem a partir de 1/1/2019.


Aqui

Os auditores da JBS

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM), órgão regulador do mercado de capitais, instaurou dois processos administrativos para fiscalizar os auditores indepententes que assinaram os balanços do frigorífico JBS entre 2009 e 2016, de acordo com comunicado enviado nesta quinta-feira (1).
Os dois processos administrativos foram instaurados no dia 23 de maio e foram solicitados pela Superintendência de Normas Contábeis e de Auditoria.
Uma das empresas investigadas é a BDO RCS Auditores Independentes, que assinou os demonstrativos financeiros da companhia entre 2013 e 2016. A outra é a KPMG Auditores Independentes, responsável pelo balanço de 2009 e 2012.


Fonte: Aqui

Chance de Perder o Emprego para um robô

Este site mostra qual a chance de um robô tomar seu trabalho. O trabalho tradicional de contabilidade irá sofrer muito: existe 94% de chance do contador e auditor perder o emprego para um robô. É praticamente a mesma chance dos contabilistas e pessoas que trabalham com impostos. Mas o analista financeiro a chance é menor: 23%. Assim como para advogados (3,5%), economistas (43%), estimadores de custos (57%) e analista financeiro (23%)

Links

Sobre o conceito de micro-entidade para fins de contabilidade: uma discussão comparativa com alguns países

PCAOB dos Estados Unidos aprovam um novo relatório de auditoria

Primeira grande mudança em 70 anos

Inclui Critical Audit Matters e irá incluir a frase "whether due to error or fraud" nas suas responsabilidades

JBS prepara para enfrentar a justiça dos EUA

Frase

Baseado na nossa experiência, recomendamos o reconhecimento dos efeitos da inflação seja feito quando a taxa de inflação acumulada em três anos for de 26% (aproximadamente 8% ao ano)

Sugestão do GLASS (Grupo da América Latina de Reguladores Contábeis) em encontro no início de maio. Pelo levantamento do grupo, cerca de 50 países ultrapassaram este número pelo menos uma vez entre 2010 a 2014. O Brasil chegou perto: 19,37%. Atualmente o parâmetro é de 100% em três anos. Por este critério, o número de países cairia de 50 para 4 países do mundo.

Exxon e o Ambiente: mensuração na contabilidade da empresa

Um notícia importante do NY Times sobre a questão ambiental nas empresas de petróleo. Mais especificamente sobre a Exxon:

Durante anos a Exxon Mobil insistiu que nas suas decisões de investimento levava em consideração o que a poluição por carbono poderia custar para a empresa.

(...) há evidências que a empresa (...) exagerou o valor dos seus ativos, fraudando os acionistas (...) "a evidência sugere não só que as informações públicas da Exxon sobre suas práticas de gerenciamento de risco eram falsas e enganosas, mas que a Exxon estava no meio de um esquema fraudulento para investidores e o público em geral".


O foco do texto do NYTimes é um relatório que a empresa divulgou em 2014 sobre o risco da empresa com as mudanças climáticas e como isto poderia prejudicar seus negócios. Esta semana os acionistas aprovaram uma medida para que a empresa tenha uma contabilidade mais aberta e detalhada. Um problema são as reservas que a empresa diz que possui. Ao avaliar estas reservas, a Exxon não considera a possibilidade de existir uma grande pressão pública para que estas reservas não sejam exploradas. Isto, naturalmente, poderia reduzir o seu valor na contabilidade da empresa. Além disto, parece que a empresa usa um número interno mais realista para o custo relacionado com o efeito estufa.

Por que copiar pessoas bem-sucedidas é uma má ideia?

O Presh Talwalkar do Mind Your Decisions fez uma análise interessante sobre a febre de conselhos de especialistas. As pessoas de sucesso recebem toda a atenção: de atletas campeões a líderes de sucesso. Então o que há de errado em copiar uma estratégia que alguém já provou que ela funciona?

A base foi o seguinte vídeo (há legendas em inglês, mas não em português):



Eis um sumário:

Copiar pessoas de sucesso é um erro pois pessoas bem-sucedidas são amostras aleatórias. Para avaliar uma estratégia, você precisa considerar os resultados típicos. Assim como você não julgaria uma dieta com base em algumas histórias de sucesso, você não deveria acreditar em uma estratégia de negócios com base em algumas poucas empresas lucrativas.

1. Pegue o e-mail de 50.000 pessoas e afirme ser capaz de prever o mercado acionário.

2. Para a metade das pessoas, fale que o mercado ficará estacionário ou subirá; para a outra metade diga que o mercado cairá.

3. Após uma semana, o mercado seguirá uma das duas previsões. Agora, então, siga com as 25.000 pessoas que receberam a previsão correta.

4. Repita o processo: mande para metade das pessoas uma previsão de que o mercado se manterá estável ou aumentará; envie para a outra metade uma previsão de que o mercado acionário cairá.

5. Repita o processo ao remover as pessoas que receberam a previsão errada.

6. Após 10 semanas haverá 50 pessoas que receberam apenas informações corretas e pensarão que o seu sistema de previsão funciona. Se cada um deles investir RS10.000, você poderá arrecadar RS 500.000.

O grupo que recebeu apenas previsões perfeitas só estará considerando o seu sucesso e não o processo como um todo, que teve várias falhas ao longo do caminho. Focar apenas os itens que “sobreviveram” a filtragem semanal é um exemplo de viés de sobrevivência.

Presh Talwalkar ressalta que no livro “Em Busca da Excelência” (Tom Peters, Robert H. Waterman) os autores descrevem 8 traços de sucesso de um grupo de 50 empresas utilizando dados de 1961 a 1980. Um estudo observou 35 empresas de capital aberto desde a publicação do livro, em 1982, até o fim de 2012. As companhias como um todo não tiveram um bom desempenho: 20 tinham retornos de mercado abaixo da média e 5 abriram falência.

Talwalkar afirma que por causa do viés de sobrevivência você deve ser cético a respeito de resultados baseados em uma amostra completamente aleatória. Você deverá analisar a estratégia com base em falhas e sucessos. Por exemplo, diversas pessoas seguem uma dieta da moda porque outras pessoas perderam vários quilos com ela. Esse comportamento ignora as falhas previsíveis de dietas da moda: se alguma delas funcionou antes, não haveria a necessidade de um novo tipo de dieta.

A maioria das pessoas cai no viés da sobrevivência e, então, aparecem várias reportagens e livros com conselhos enganosos do porquê se copiar pessoas de sucesso.

Rir é o melhor remédio

01 junho 2017

Links

Vídeo: a dificuldade de pronunciar Covfefe (uma palavra digitada por Trump no seu Twitter que ninguém sabe o que é)

HSBC faz parceria com empresa de AI para reduzir a lavagem de dinheiro

Toshiba e a falta do parecer do auditor

Eletrobras x Petrobras = briga de duas estatais por R$1,7 bilhão na justiça

Uber tem prejuízo

Wells Fargo: "sem fraude, a matemática não funciona"

Frase

O modelo de "rede global" da indústria de auditoria é o veículo legal usado para gerar responsabilidade, em uma versão Big Four de Catch Me If You Can . (Francine McKenna)

Segundo a McKenna, o modelo das empresas de auditoria é estabelecer sócios, até que surja um problema. Quando atende uma empresa em qualquer lugar do mundo, a auditoria enfatiza a rede global necessária para suprir as necessidades dos clientes. Se ocorre problema, negam a estrutura, para evitar responsabilidade legal. McKenna foca no caso da PwC, que "evitou" ver um problema de despesa pessoal com dinheiro da Fifa.

Notícias, notícias e notícias

Quatro textos diferentes, com origens diferentes, provocam uma reflexão sobre notícias e jornalismo. Comecemos por dois textos acadêmicos.

No início desta semana postamos um resumo de uma pesquisa realizada na França sobre a propagação de notícias. O advento dos meios modernos de comunicação aumentou o tempo que uma notícia é divulgada pelos meios de comunicação, através do mecanismo do “colar copiar”. A pesquisa mostrou que a rapidez na propagação é decorrente da cópia, mas que a reputação pode ajudar a resolver em parte este problema. A pesquisa é importante por discutir um aspecto bastante comum nos dias atuais, que é a reprodução de notícias. Mais do que a redução no custo de produção de notícias, tivemos uma substancial queda no custo de reprodução. Isto não ocorreu somente com o jornalismo, mas também com os livros acadêmicos - onde a cultura do PDF expandiu e fez cair a venda das obras, ou nos filmes, onde novos canais de acesso e o aumento da oferta derrubou os preços (vide Netflix ou torrents).

Ontem Danielle Nunes defendeu sua tese sobre Incerteza Política (vide aqui uma postagem do blog). A professora utilizou a base de dados do jornal O Globo de 1985 a 2015 para verificar o comportamento mensal dos fatos políticos que podem ter afetado o mercado acionário brasileiro. Os resultados mostram que o mercado sofre influencia da incerteza doméstica e daquela originária de outros países. O jornalismo, representado no estudo pelas notícias do jornal carioca, seria a expressão deste sentimento de incerteza.

As duas pesquisas citadas acima mostram a relevância das notícias sob a ótica acadêmica. Não menos importante para esta reflexão são dois textos postados na rede.

O primeiro é uma análise da relação entre notícia e dinheiro, feita no blog Stumbling And Mumbling. A discussão é o papel do dinheiro sobre a produção de notícias. Dillow pergunta se a presença de dinheiro na produção de notícias poderia afetar sua qualidade e se o jornalismo seria diferente. Ele faz uma ligação com textos acadêmicos, que teriam a mesma questão para responder: a pesquisa mudaria se não houvesse dinheiro envolvido? Não buscamos de forma obsessiva o p-valor dos resultados? Creio que o dinheiro não é o único motivador da escrita: afinal este blog existe há 11 anos. Mas prestígio intelectual, idealismo e necessidade de compartilhar nossos pensamentos também podem ser relevantes. O leitor precisa ver como ficamos (eu, Isabel e Pedro) contentes quando recebemos elogios.

O último é um texto longo do promarket sobre o jornalismo empresarial . Representa um resumo de um painel no Stigler Center, mas existe uma nas linhas uma grande decepção com este tipo de texto. E isto inclui críticas a enorme dependência de relatórios produzidos pelas empresas, ao invés de buscar uma análise mais crítica, o que torna os jornalistas dependentes das fontes e passíveis de serem enganados. O texto lembra duas pesquisas conduzidas por Dyck e Zingales, uma de 2002 e outra de 2008 - esta com a participação de Moss, onde a imprensa é analisada sob a ótica corporativa. Alguns dos painelistas focam suas críticas as empresas que controlam as notícias, que exclui ponto de vista marginal e afastam os textos investigativos.

Talvez a única certeza seja que a discussão não acabou.

Dinheiro para não falir

A Comissão Europeia e Itália concordaram em resgatar o banco problemático Monte dei Paschi di Siena, desenhando um projeto de plano de reestruturação que envolve cortes significativos de custos, algum bail-in da parte dos investidores, atingindo as obrigações, e a imposição de tectos à remuneração da administração, avança o FT.

Fonte: Aqui. É o dilema de salvar ou não um banco. Neste caso, uma instituição que existe desde 1472. Provavelmente a idade da instituição deve ter pesado na decisão: muito antigo para falir, então.

Fraude fiscal no futebol

O agente de futebol Wagner Ribeiro foi condenado por fraude fiscal
. A sentença é de cinco anos de prisão. Ribeiro declarou que entre 2002 a 2005 teve rendimentos de 580 mil reais, quando o valor verdadeiro seria 4,3 milhões de reais.

Apesar de recorrer em liberdade, Ribeiro terá que entregar o passaporte, o que impede de sair do país.

O agente esteve também envolvido na controversa transação de transferência de Neymar para o Barcelona e trabalha também para Gabriel Gabigol, Vinícius Junior, Robinho e Lucas Lima.

Rir é o melhor remédio

Jackie apagou uma questão da prova com corretivo:

"Jackie, você não pode simplesmente apagar uma questão que não quer responder."
Fonte: Aqui