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10 junho 2017

Fato da Semana: Fortalecimento dos reguladores

Fato: Fortalecimento dos reguladores

Data: 8 junho

Contextualização
Os problemas políticos fizeram caminhar uma proposta de fortalecimento de dois órgãos reguladores brasileiros: CVM e Banco Central. Uma proposta de medida provisória estava parada na presidência da república. Aparentemente, diante das revelações da relação entre o atual presidente e o executivo da JBS, o governo decidiu aprovar a medida.

Com isto, CVM e Banco Central poderão fazer acordos de leniência e ampliaram o valor de uma possível multa a ser aplicada para a entidade que cometer infrações.

Relevância
A medida provisória tem o mérito de facilitar o trabalho dos reguladores e agilizar o processo de punição. É mais um instrumento para melhorar a qualidade da fiscalização e regulamentação da CVM e do Banco Central.

Notícia boa para contabilidade?
Sim. Como entidades de controle de caráter mais técnico, a CVM e o Banco Central passam a contar com melhores mecanismos para regular o mercado.

Desdobramentos
A medida não deve ser aplicada à JBS, já que seus problemas são anteriores à sua edição. Mas significa que estes reguladores terão mais força numa negociação.

Mas a semana só teve isto?
A compra do Popular pelo Santander por um euro, a troca do auditor da BT, a multa da Braskem e mais punições para JBS - agora com o corte na linha de financiamento do governo na Caixa - foram notícias importantes da semana.

(Fonte da Figura, aqui)

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Dois comerciais legais.

08 junho 2017

Links

Banco Popular: lição para a Itália?

Banco Popular: ações judiciais a caminho (aqui também)

Banco Popular: o banco que vendeu sua alma (fotografia)

Vídeo: museu da falha

Escândalo da Odebrecht na República Dominicana

E o INAI quer cópia de todos os contratos da Odebrecht com a Pemex entre 2006 a 2016 (México)

"O mundo é amador, comparado ao Brasil" (em corrupção)

Hospital Escola: Custo versus taxa de mortalidade

Existem dois tipos de hospitais: o hospital escola ou de ensino e o hospital comum. Qual o melhor? O hospital escola está vinculado a um curso na área de saúde, geralmente medicina. Por ter esta característica, o hospital escola é mais caro. Quando um paciente entra num hospital escola, ele pode ser o tema de uma aula, onde o professor irá expor o seu caso e os alunos utilizarão o paciente como parte do aprendizado. O tempo padrão num hospital escola é diferente de um hospital comum. Neste último, o paciente, depois de ser tratado a partir de um procedimento comum por parte de um profissional, será liberado. No hospital escola o caso de um paciente poderá ser discutido numa turma, depois de ser detalhadamente analisado.

O hosptial escola também serve para novos experimentos e de treinamento para a nova geração de profissionais da saúde. Apesar do aluno ter um salário reduzido, o tempo mais demorado no tratamento e a possibilidade de servir de experimento faz com que o custo total seja muito maior. No Brasil isto é reconhecido pelo próprio governo, que paga um extra para cada paciente que é tratado num hospital escola. Vale a pena?

Além de formar futuros profissionais, com maior qualidade, o fato de existirem hospitais escola tem outro aspecto: uma pesquisa recente, relata no The Incidental Economist mostra que o hosptial escola reduz a taxa de mortalidade em relação ao hospital comum. Isto ocorre pela utilização de terapias inovadoras. E o efeito é maior sobre a mortalidade, quanto mais alunos estiverem em treinamento por leito.

Estes resultados podem indicar que o custo da vida salva compensa o gasto mais elevado nos hospitais que possuem a missão de educar.

BT troca auditor

Depois de 33 anos, a PwC deixará a auditoria da empresa britânica BT. No início do ano, a BT reconheceu que uma filial italiana tinha manipulado os resultados. As ações cairam após a divulgação. Diante do problema, a BT contratou a KPMG para investigar os acontecimentos. A KPMG relatou a existência de práticas contábeis impróprias, que abrangia vendas, compras e leasing. E que o problema ocorria há anos.

E parece que o trabalho da KPMG agradou. A BT pretende que a troca seja suave e por este motivo a PwC ainda deve assinar os resultados de 2017-18. Em maio a BT anunciou que os pagamentos de Gavin Patterson, executivo-chefe, cairia de 5,28 milhões de libras esterlinas para 1,34 milhão.

Os problemas reduziram o valor da empresa em 8 bilhões de libras ou 34 bilhões de reais. Além deste efeito, as empresas que participam da FTSE 350 devem trocar seu auditor a cada dez anos. A PwC também auditava a Tesco em 2014 e foi substituída pela Deloitte.

Mais punição

Ontem divulgamos uma investigação da Reuters onde a Caixa Econômica Federal estaria "punindo" a JBS pela divulgação de acusações contra o presidente da República.

Hoje o Valor divulgou que o governo ampliou os poderes punitivos da CVM e do Banco Central. Através de uma medida provisória, o governo  multiplicou as multas das duas entidades. Na CVM, a multa máxima passou de 500 mil para 500 milhões; no Banco Central, de 250 mil para 2 bilhões. A medida estava parada na presidência da república desde 2015, segundo o jornal.

No texto da capa do jornal tem-se que a JBS afirma ser vítima de represálias pelas delações.

Rir é o melhor remédio


07 junho 2017

Ranking da Folha

Dos cursos de graduação:

1º) Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
2º) Universidade de São Paulo (USP)
3º) Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
4º) Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUCSP)
5º) Universidade de Brasília (UNB)
6º) Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
7º) Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
8º) Universidade Federal do Paraná (UFPR)
9º) Universidade Federal da Bahia (UFBA)
10º) Universidade Presbiteriana Mackenzie (MACKENZIE)

Fonte: Aqui

Caixa e a retaliação

Segundo informação da Reuters, o governo brasileiro determinou que a Caixa Econômica Federal não financiasse mais as empresas dos irmãos Batista. A agência de notícias informou que esta foi uma decisão da presidência da república. Recentemente, o presidente Temer foi acusado de obstruir uma investigação a partir de gravações feitas por um dos membros da família Batista.

A Caixa é o maior credor da J & F, com empréstimos de quase 10 bilhões de reais. Segundo o texto da Reuters:

A situação ressalta a maneira discricionária em que os credores do Estado são administrados no Brasil, e como os mutuários estão expostos a retaliação saem das graças com o governo. A Caixa foi utilizada como uma ferramenta política pelo antecessor de Temer, Dilma Rousseff, provocando grandes prejuízos devido a empréstimos imprudentes e decisões de tomada de risco.

Recentemente, a Caixa informou que aumentou a provisão relacionada com os empréstimos para JF. Para a empresa JF a perda do acesso ao dinheiro que no passado foi fácil e barato é um grande problema. A holding deverá buscar outras fontes ou vender ativos, como aconteceu recentemente com algumas unidades da empresa.

Braskem paga multa de 3 bilhões

A Braskem anunciou na noite desta terça-feira (6) que a Justiça Federal de Curitiba homologou o acordo de leniência firmado entre a petroquímica e o Ministério Público Federal no âmbito da Operação Lava Jato. A decisão é a etapa que faltava para a validação definitiva do acordo global firmado pela empresa com autoridades dos Estados Unidos, Suíça e Brasil, segundo comunicado enviado à Comissão de Valores Mobiliários (a CVM, órgão que regula o mercado de capitais no país). Fonte: aqui

A Braskem pagará uma multa de 3,1 bilhões de reais, sendo 1,6 à vista. Do valor, 2,2 bilhões serão para o MPF, que irá destinar o dinheiro para indenizações a terceiros. Além da multa, a empresa terá que tomar medidas para evitar a repetição das práticas de corrupção constatadas na operação Lava Jato, incluindo um monitoramento externo de três anos. Em troca, a empresa recebe um perdão.

Santander compra o Popular por um euro

No dia quatro fizemos uma postagem sobre as dificuldades do Banco Popular, uma instituição bancária da Espanha, a quinta maior daquele país. Neste ínterim, o Banco Central da Europa constatou a inviabilidade do Popular. Além disto, nos últimos cinco dias o Popular perdeu metade do seu valor e a Comisión Nacional del mercado de Valores (CNMV) suspendeu as negociações de suas ações. A instituição começou a sofrer com a desconfiança do mercado e a falta de liquidez, segundo um comunicado da Junta de Resolución Bancaria europeia.

Santander, Bankia e CaixaBank tinham demonstrado interesse em ficar com a instituição, mas o único de apresentou uma oferta que atendia os requisitos foi o Santander. Com isto, o Popular foi vendido por um euro para o Santander. A operação não irá necessitar de dinheiro do contribuinte espanhol. Para o Santander, ficar com os clientes do Popular terá um custo, já que é necessário reforçar seu capital e vencer a desconfiança. A previsão é que o Santander aumente seu capital em 7 bilhões de euros, cerca de 26 bilhões de reais.

A não utilização do dinheiro público foi destacado por uma das autoridades que participaram do negócio, Elke König: “A decisão tomada hoje salvaguarda os depositantes e as funções críticas do Banco Popular. Isto mostra que os instrumentos dados às autoridades de supervisão depois da crise são efetivas para evitar o uso do dinheiro dos contribuintes no resgate a bancos”.

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06 junho 2017

A vida como juros compostos

Como algumas pessoas são mais produtivas do que outras? Eles são mais inteligentes ou eles apenas trabalham um pouco mais do que todos os outros? Em 1986, o matemático e cientista de computação Richard Hamming fez uma palestra na Bell Communications Research sobre como as pessoas podem fazer um excelente trabalho, "tipo de trabalho de um Prêmio Nobel". Um dos traços de que ele falou foi possuir um excelente impulso:
Trabalhei por dez anos com John Tukey no Bell Labs. Ele teve um tremendo impulso. Um dia, cerca de três ou quatro anos depois de estar por lá, descobri que John Tukey era um pouco mais jovem do que eu. John era um gênio e eu claramente não era. Bem, eu fui para o escritório de Tukey e disse: "Como alguém na minha idade por conhecer tanto como John Tukey?" Ele recostou-se na cadeira, colocou as mãos atrás da cabeça, sorriu um pouco e disse: "Você ficaria surpreso, Hamming, o quanto você saberia se você trabalhasse tão duro quanto eu fiz durante muitos anos. Eu simplesmente fui do escritório!”

O que Tukey estava dizendo foi o seguinte: "O conhecimento e a produtividade são como juros compostos." Dado duas pessoas de aproximadamente a mesma habilidade e uma pessoa que trabalha dez por cento a mais do que a outra, esta irá produzir duas vezes mais do que o primeiro produz. Quanto mais você sabe, mais você aprende; quanto mais você aprender, mais você pode fazer; quanto mais você pode fazer, mais a oportunidade - isto muito parecido com o juros compostos. Eu não quero dar uma taxa, mas é uma taxa muito alta.

Pensar na vida em termos de juros compostos pode ser muito útil. Investimento precoce e intensivo em algo que você está interessado em cultivar - relacionamentos, dinheiro, conhecimento, espiritualidade, experiência, etc. - muitas vezes produz resultados exponencialmente melhores.

É surpreendente como isto pode ser verdadeiro.

Links

Fractal na pintura de Mondrian

Bancos europeus e participação do estado: muito mais estatal que pensamos

A primeira mulher a presidir os contabilistas certificados de Portugal

Nas fotografias dos produtos da Apple a hora é sempre 9:41

Matemática Financeira e a multa da JBS

O jornal Estado de S Paulo traz uma interessante aplicação de matemática financeira: a multa da JBS. Pelo acordo firmado na semana passada e assinado nesta semana, a empresa, ex-campeã nacional, terá que pagar 10,3 bilhões de reais de multa. Este valor deverá ser pago em 25 anos, sendo que inicialmente de forma semestral e depois anualmente. Além disto, o montante deverá ser corrigido pelo IPCA.

O jornal usou os préstimos de uma empresa de gestão de recursos chamada Quantitas. Estes concluíram que a multa deve sair pela metade do valor originalmente acertado. O cálculo feito é o seguinte: o valor será corrigido pela inflação somente, sem incluir uma taxa de juros, ao contrário do acordo da Odebrecht, que será corrigido pela Selic. Assim, se a empresa aplicar os recursos que serão usados para pagar a multa em NTN-B, um investimento do próprio governo, corrigido pelo IPCA mais juros, os recursos gerados seriam suficientes para reduzir o impacto da dívida pela metade. Ou, se a empresa aplicar R$5,158 bilhões hoje nestes títulos, os recursos serão suficientes para efetuar todo pagamento.

(Em matemática financeira, seria descobrir o valor presente - que neste caso é de R$5,158 bilhões - que será igualado as anuidades ou pagamentos a serem realizados pela empresa, a taxa de juros)

É um cálculo simples que assume uma hipótese: a taxa de juros do título público deverá continuar nos atuais níveis. Se ocorrer um aumento na taxa, o valor irá reduzir; existindo uma redução, como parece ser possível, o valor a ser aplicado deverá ser maior.

De qualquer forma, o texto mostra que o MPF precisa contratar aulas de reforço de matemática financeira para seus negociadores.

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Fonte: Minha irmã ;)

05 junho 2017

Aramco e o perigo de ter ações negociadas na Bolsa de NY

Recentemente comentamos sobre a possibilidade de oferta pública de ações da empresa de petróleo da Arábia Saudita. Comentamos que a Aramco poderia ser a maior empresa do mundo em valor de mercado, embora existam dúvidas sobre isto.

A Reuters chama atenção para o fato da empresa estar sendo alertada para os potenciais problemas em fazer a oferta na bolsa dos Estados Unidos, em razão da cultura judicialista daquele mercado. Isto poderia incluir, por exemplo, uma potencial demanda de familiares das vítimas do ataque de 11 de setembro, já que há desconfianças que aquele país apoiou, de alguma forma, os terroristas.

Outro aspecto diz respeito a informação contábil: a empresa não cumpri as regras de divulgação das reservas de petróleo. Mas o mercado dos Estados Unidos possui prestígio e isto pode ser determinante na escolha da empresa.

Investigação privada

Um texto do Estado de S. Paulo questiona a qualidade dos trabalhos de investigação interna realizada nas empresas para apurar atos ilícitos. Cita alguns casos:

No ano passado, Joesley Batista havia contratado o escritório Veirano Advogados e a consultoria Ernst Young (EY) para apurar irregularidades em uma das empresas do grupo JF, a Eldorado Celulose. A conclusão assinada pelas duas empresas, em janeiro deste ano, é de que não havia indícios de que os fatos apurados pela Polícia Federal tinham fundamento.

Dois meses depois, Joesley fez uma delação, onde afirmava ter usado notas frias e pagamentos para políticos:

Afirmou, por exemplo, que um empréstimo de R$ 946 milhões feito pelo FI-FGTS (fundo de investimentos que usa recursos do FGTS) foi obtido por meio de pagamento de propinas, e que os cerca de RS 37,4 milhões em pagamentos feitos pela Eldorado a empresas de Lúcio Funaro, apontado como operador do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha e intermediador dos empréstimos do FI-FGTS, eram referentes a pagamentos ilícitos.

Diante deste caso, o texto questiona a qualidade destas investigações forense. Uma possibilidade para explicar o problema é o escopo do trabalho.

O Estado ouviu cinco advogados especialistas no assunto, que preferiram não ter seus nomes revelados, e eles afirmam que esse serviço tem sido feito muitas vezes com um pensamento antigo: o de que o advogado deve defender seu cliente. Na investigação forense, dizem, isso não pode acontecer, sob o risco de o próprio escritório perder sua credibilidade.

Isto é um problema: qual a razão de não revelar o nome? Isto traz dúvida sobre a qualidade do texto. A seguir o texto confunde escopo com qualidade:

No caso da Eldorado, o argumento do Veirano Advogados é que toda a investigação foi feita dentro do escopo passado pela empresa.

O Veirano também foi responsável pela investigação feita no BTG Pactual após a prisão de André Esteves, principal acionista do banco, em 2015, envolvido em denúncias na Lava Jato. A conclusão da investigação foi de que, dentro do escopo apresentado pela empresa, não havia irregularidades.

A EY, por sua vez, já foi responsável por centenas de investigações desse tipo, e garante que a conclusão apresentada ao conselho da Eldorado em janeiro não refletia o trabalho que havia feito. Em entrevista ao Estado em fevereiro, um sócio da consultoria, Idésio Coelho, afirmou que o resultado do levantamento de dados que era de sua responsabilidade não foi apresentado ao conselho. A empresa é responsável hoje por uma investigação na JBS.

A última denúncia é grave. Trata-se de manipulação. Então o problema não é com a investigação, mas com o que é feito com o relatório, por parte da empresa.