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17 outubro 2016

O Contador

No dia 20 de outubro deve estrear no Brasil o filme O Contador. Com Ben Affleck (de Gênio Indomável), no papel de Christian Wolff, Anna Kendrick, como Dana Cummings, e J. K. Simmons (The Closer), o filme trata de uma pessoa com mais afinidade com os números do que com as pessoas. Trabalhando como freelance, Wolff descobre registros fraudulentos de uma organização criminosa.

O filme tem endereço oficial que você pode acessar aqui, que inclui jogos. Com um pouco mais de duas horas, a nota no IMDB do filme era, nesta data, de 7,9, nada mal para um filme relativamente barato (44 milhões de dólares de custo) e que fez 25 milhões na primeira semana. As críticas da imprensa são levemente favoráveis: 15 positivas, 6 negativas e 23 neutras. O The Guardian fala em clichês e deu nota 4, mas o The Wall Street Journal deu nota 7.

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16 outubro 2016

Eletrobras

A Eletrobras divulgou um fato relevante na sexta-feira. A motivação foi a informação que a empresa estava depositando as demonstrações contábeis dos exercícios sociais de 2014 e 2015 na bolsa dos Estados Unidos.

O comunicado informa alguns valores diferentes daqueles registrados e divulgados pelas demonstrações contábeis para o usuário brasileiro. São aqueles resultantes de fatos e informações disponibilizadas recentemente. A empresa informa que, a exemplo da Petrobras, não tem condições de estimar os efeitos da corrupção e superfaturamento nos exercícios anteriores (“Assim, não há informações suficientes que permitam a Companhia determinar os períodos específicos, anteriores a 2014, em que superfaturamentos possam ter ocorrido e, consequentemente, os períodos das demonstrações financeiras que foram afetados”). Utiliza, inclusive, o IAS 16 e o IAS 8 para justificar esta decisão contábil. De maneira resumida as mudanças ocorridas nas demonstrações para a SEC poderiam afetar para mais o resultado do exercício de 2015 e para menos de 2014, em montantes razoavelmente próximos.

O comunicado é muitas vezes confuso, prolixo e ilegível. Por exemplo, “os relatórios de investigação independente reportam determinados superfaturamentos relacionados à propina e práticas de cartel, considerados ilegais no âmbito de alguns contratos de projetos investigados, os quais foram celebrados, desde 2008, com certos empreiteiros e fornecedores”. Ora, propina e cartel não são ilegais em alguns contratos, mas em todos.

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Fonte: Aqui

15 outubro 2016

Fato da Semana: Nobel de Economia


Fato: Nobel para Teoria de Contratos

Data: 10 outubro de 2016

Descrição dos estudos premiados - A teoria de contratos estuda como as pessoas constroem contratos diante da existência de informação assimétrica. Trata-se de uma área que inclui conhecimentos de economia e direito, mas com influencia em outras áreas. A teoria de contratos inclui os conceitos de risco moral, seleção adversa e sinalização.

Relevância - Diversas situações contábeis podem usar os achados da teoria. É o caso dos contratos entre uma empresa e sua auditoria externa. Ou da chefia com seus subordinados. Alguns dos contratos desenhados podem gerar lançamentos contábeis, em razão das definições postas pela estrutura conceitual da contabilidade. Em outros isto não ocorre. Ademais, certos tipos de contratos podem depender da contabilidade para mensurar variáveis relevantes, como é o caso dos contratos de desempenho.

Notícia boa para contabilidade? O reconhecimento de um área que tem interface com a contabilidade é sempre importante. (É interessante notar que no doutorado de contabilidade da UnB temos a disciplina de Economia da Informação, onde os aspectos associados a risco moral, assimetria, seleção adversa, sinalização e screening são abordados)

Desdobramentos - O prêmio Nobel de Economia tem mostrado que esta área do conhecimento é multidisciplinar. Estudos anteriores que possuem vínculos com esta área já tinham sido premiados, destacando sua relevância.

Mas a semana só teve isto? A questão dos bancos (Deutche, Wells Fargo, entre outros) e a discussão do modelo proposto pela PEC dos gastos públicos merecem destaque.

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13 outubro 2016

Samsung

Os problemas da empresa coreana com seu celular Galaxy Note 7 - que estaria explodindo, segundo alguns relatos - pode ter influencia sobre o resultado da empresa:

A Samsung reduziu sua estimativa de lucro do terceiro trimestre em um terço nesta quarta-feira, 12, absorvendo um impacto de US$ 2,3 bilhões ao descartar o smartphone que é seu carro-chefe – o que pode representar uma das falhas de segurança de produto mais custosas da história da tecnologia.

A estimativa é somente para redução da receita da empresa. Eventuais danos para marca e a venda de produtos da empresa é mais difícil de ser quantificado. 

Margem de erro real das eleições: 7%

As anyone who follows election polling can tell you, when you survey 1,000 people, the margin of error is plus or minus three percentage points. This roughly means that 95 percent of the time, the survey estimate should be within three percentage points of the true answer.

If 54 percent of people support Hillary Clinton, the survey estimate might be as high as 57 percent or as low as 51 percent, but it is unlikely to be 49 percent. This truism of modern polling, heralded as one of the great success stories of statistics, is included in textbooks and taught in college classes, including our own.

But the real-world margin of error of election polls is not three percentage points. It is about twice as big.

In a new paper with Andrew Gelman and Houshmand Shirani-Mehr, we examined 4,221 late-campaign polls — every public poll we could find — for 608 state-level presidential, Senate and governor’s races between 1998 and 2014. Comparing those polls’ results with actual electoral results, we find the historical margin of error is plus or minus six to seven percentage points. (Yes, that’s an error range of 12 to 14 points, not the typically reported 6 or 7.)

[...]


Fonte: aqui

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Quando você ama seu irmãozinho mais que tudo...


12 outubro 2016

O que torna um preço justo?

Resumo:

People's fairness preferences are an important constraint for what constitutes an acceptable economic transaction, yet little is known about how these preferences are formed. In this paper, we provide clean evidence that previous transactions play an important role in shaping perceptions of fairness. Buyers used to high market prices, for example, are more likely to perceive high prices as fair than buyers used to low market prices. Similarly, employees used to high wages are more likely to perceive low wages as unfair. Our data further allows us to decompose this history dependence into the effects of pure observation vs. the experience of payoff-relevant outcomes. We propose two classes of models of path-dependent fairness preferences—either based on endogenous fairness reference points or based on shifts in salience—that can account for our data. Structural estimates of both types of models imply a substantial deviation from existing history-independent models of fairness. Our results have implications for price discrimination, labor markets, and dynamic pricing.

Fonte: What Makes a Price Fair? An Experimental Analysis of Market Experience and EndogenousFairness ViewsHolger Herz and Dmitry Taubinsky NBER Working Paper No. 22728 October 2016

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11 outubro 2016

Melhores universidades de 2016

The results are in, and the world’s elite higher education institutions have a new champion. The University of Oxford is the best university in the world, according to the results of the 2016-2017 Times Higher Education World University Rankings.

It is the first time that a university from outside the United States has topped the table. It leapfrogs last year’s number one, the California Institute of Technology, and becomes the first new number one in six years. CalTech is number two. Before we look at what this means, here’s the top 10.
You can access the full ranking of 980 universities here.

Remarkably, vice-chancellor of the University of Oxford, Louise Richardson, describes the practice of securing the number one spot as “really quite simple”. It’s all about recruiting the best scholars, she says, since “any university is only as good as the academics it can attract”.

And she's right – at least in part. Research performance and academic reputation form a huge part of what makes an institution successful.

But the Times Higher Education rankings are the most comprehensive global rankings going, drawing on 13 separate performance indicators and assessing institutions on their core missions – not only research, but also teaching, knowledge transfer and international outlook.

This allows universities that excel in measures such as staff-to-student ratio, international research collaboration, and income from industry to perform well in the rankings too, and the result is a global ranking that celebrates excellence in higher education across the world. This map shows the range of countries that have an institution in the table this year.



So what do these rankings tell us about the global academic landscape? Times Higher Education has been publishing rankings since 2004, and the 13 datasets published since then tell the story of higher education’s evolution.

Despite Oxford’s headline-grabbing rise to the top of the pile, the rankings’ upper echelons are remarkably stable. While the top two institution’s swapped places, all of the institutions from third down to ninth remain exactly the same year on year. The University of Chicago also hold on to its position (10th) although it is joined this year by the University of California, Berkeley, which rises three places.

Once again, it is the US that has the most institutions in the ranking (148) followed by the United Kingdom (91), Japan (69) and China (52). But it is when you cream off the top 200 positions that you perhaps get a better picture of where the world’s truly elite universities are based.


Here you can see that while China has overtaken everyone but the US, the UK and Japan, when all 980 institutions are considered it slips down to number 10 in the top 200 list. The established European giants – Germany, the Netherlands, Austria, Switzerland – may have fewer institutions in the overall table, but the calibre of their universities is clear to see.

However, although Western countries continue to dominate the top tier, Asia is becoming increasingly visible as a higher-education power. It is a trend that is well established: since the first rankings were published, Asia’s position has been steadily gaining momentum.

China (mainland) takes four places in this year’s top 200 – up from two last year. South Korea also has four, the same as last year, but every one of its top 200 institutions has climbed to a higher position. Hong Kong, for the record, has five top 200 universities, compared with three in last year’s table.

A big reason for this is money. East Asia, in particular, has invested heavily in higher education in recent years. But reputation also plays a huge part. The Times Higher Education reputation scores are allocated based on 20,000 responses from academics across the world. Year on year, more of them are naming Chinese institutions as the best universities in their field.



The Times Higher Education tables are independently audited, and received aclean bill of health from PricewaterhouseCoopers earlier this year. You can seethe full methodology here, which explains how the results are pulled together, and you can explore the full 2016-2017 ranking here.

Fonte: Aqui

Links

Itau e Citi ou HSBC e Bradesco: análise comparativa

Quatro grupos de países (ao lado)

Nobel para Hart, teoria da firma, Coase, ...

Ter um Nobel não é para qualquer um (École Normale Supérieure e Caltech dominam)

Banqueiros da Islândia são condenados por manipulação do mercado

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10 outubro 2016

Novo Regime Fiscal



Conceito:
Despesa primária total não poderá ter crescimento real a partir de 2017; a PEC limitará, pela primeira vez, o crescimento do gasto público e contribuirá para o necessário ajuste estrutural das contas públicas;

Os gastos totais da União, incluídos os Poderes Legislativo (inclusive o TCU) e Judiciário, além de Ministério Público da União e Defensoria Pública da União, serão reajustados com base na inflação oficial (IPCA) do ano anterior;

A despesa primária total inclui os pagamentos de restos a pagar referentes a despesas primárias;

Prazo:
20 anos com possibilidade de revisão da regra de fixação do limite a partir do 10º ano de vigência;

Despesas no primeiro ano:
No primeiro ano de vigência (2017), o limite dos gastos totais equivalerá à despesa paga do ano anterior corrigida pela inflação do ano anterior;

Saúde e educação:
Valores mínimos dos gastos com saúde e educação da União passarão a ser corrigidos pela variação da inflação do ano anterior e não mais pela receita. É prerrogativa do Congresso Nacional decidir onde os recursos públicos serão alocados, respeitando esse novo piso constitucional caso a PEC seja aprovada.

Exceções:
Ficam fora do alcance da PEC as transferências constitucionais a Estados, municípios e Distrito Federal e os créditos extraordinários, além das complementações ao Fundeb, as despesas da Justiça Eleitoral com as eleições e despesas de capitalização de estatais não dependentes.

Descumprimento:
Em caso de descumprimento do limite estabelecido para os Poderes e órgãos, o poder que extrapolar o limite ficará proibido no exercício seguinte:
conceder vantagem, aumento, reajuste ou adequação de remuneração de servidores públicos, salvo os derivados de sentença judicial ou de determinação legal decorrente de atos anteriores à publicação da PEC;
criar cargo, emprego ou função que implique aumento de despesa;
alterar estrutura de carreira que implique aumento de despesa;
admitir ou contratar pessoal, a qualquer título, ressalvadas a reposição decorrente de aposentadoria ou de falecimento de servidores, e as reposições de cargos de chefia e de direção que não acarretem aumento
de despesa;
realizar concurso público.

Adicionalmente, no caso de descumprimento do limite pelo Poder Executivo, ficam vedados no exercício seguinte:
despesa nominal com subsídios e subvenções econômicas não poderá superar aquela realizada no exercício anterior;
concessão ou ampliação de incentivo ou benefício de natureza tributária da qual decorra renúncia de receita.

Dia do casamento e durabilidade

Uma pesquisa realizada na Holanda entre 1999 a 2013 mostrou que a data do casamento interfere na sua durabilidade. Aquelas datas especiais, como o dia dos namorados ou dias numéricos (9 de setembro de 1999, por exemplo) apresenta uma incidência de casamentos de 137 a 509% maior. Um aspecto curioso é que estas datas também apresentam uma maior probabilidade de insucesso, de 11 a 18% maior.

Kabátek, Jan; Ribar, David. Not Your Lucky Day: Romantically and Numerically Special Wedding Date Divorce Risks

Nobel para Contratos

Ao contrário da minha torcida, o Nobel de Economia não foi para Baumol. Mas o comitê fez uma escolha muito adequada e interessante: teoria de contratos. Oliver Hart e Bengt Holmstrom foram os vencedores deste ano.

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08 outubro 2016

Links

O contador de Trump e o conhecimento do fisco

Como a imagem do contador aparece na imprensa?

Fato da Semana: Estrutura Conceitual


Fato: Estrutura conceitual do Setor Público

Data: 4 de outubro de 2016

Descrição do Fato - Foi publicado no Diário Oficial nesta data a estrutura conceitual do setor público, aprovada pelo Conselho Federal de Contabilidade. Trata-se de uma tradução/adaptação da estrutura conceitual do IFAC, que por sua vez foi inspirada na estrutura do Iasb/Fasb. Com esta estrutura, a resolução 750 e demais, que eram aplicadas ao setor público, perdem validade.

Relevância - A estrutura conceitual é um documento que serve de base para resoluções específicas. Além disto, numa contabilidade baseada em princípios, a resolução que traz a estrutura conceitual é o fundamento para as demais normatizações.

O IFAC utilizou a base conceitual já existente para propor uma estrutura específica para o setor público. Assim, foram realizadas algumas adaptações, como nas definições de ativo ou na conceituação de entidade para fins do setor público.

Com esta norma, a contabilidade brasileira poderia aproximar-se dos governos onde a gestão orçamentária e financeira é mais avançada. Por exemplo, a estrutura não diz nada a respeito das "contas de compensação". Isto poderia levar, quem sabe, a extinção deste atraso contábil.

Além disto, a estrutura conceitual impediria experimentos (ou pelo menos tornaria mais difícil) como já ocorreu no passado com a demonstração do resultado econômico.

Notícia boa para contabilidade? Talvez esta não seja a estrutura conceitual dos sonhos do usuário da informação contábil do setor público. E algumas opções são questionáveis. Mas é um grande avanço.

Desdobramentos - Tenho dúvidas se a estrutura, na sua essência, será respeitada pela STN, que nos últimos anos assumiu a linha de frente da contabilidade pública no Brasil. Espero que prevaleça o bom senso.

Mas a semana só teve isto? Dois outros fatos relevantes: a recomendação do TCU pela condenação das contas do governo federal de 2015 e as 20 mil postagens deste blog.

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07 outubro 2016

Estrutura Conceitual do Setor Público

Foi publicado no Diário Oficial de terça a estrutura conceitual para ser aplicada ao setor público. Ou de maneira mais formal, a norma brasileira de contabilidade NBC TSP Estrutura Conceitual, de 23 de setembro de 2016.

Esta estrutura está inspirada na abordagem conceitual emitida pelo entidade do IFAC responsável pelo setor público. Entretanto, alguns itens não foram convergidos, o que significa dizer que não teremos uma convergência 100% com as normas internacionais.

Mas mais de sessenta páginas, a estrutura conceitual do setor público apresenta um extrato da estrutura conceitual do Iasb, adaptada para o setor público. São oito capítulos que contemplam a função, autoridade e alcance da estrutura, os objetivos e usuários da informação, as características qualitativas da informação, a entidade que reporta a informação, os elementos das demonstrações contábeis (ativo, passivo, PL, receita e despesa), o reconhecimento nas demonstrações, a mensuração de ativos e passivos e, finalmente, a apresentação de informação.

Apesar da norma procurar manter uma relação com a estrutura do Iasb, alguns itens foram adaptados as características específicas do setor público. Por exemplo, veja a definição proposta de ativo: “Ativo é um recurso controlado no presente pela entidade como resultado de evento passado.” Efetivamente lembra a definição da nova estrutura do Iasb/Fasb, mas o recurso aqui não é “recurso econômico” e existe um grande destaque ao termo “controlado”, talvez fundamental para o setor público. Mas efetivamente causa estranheza do conceito. Assim como diversos trechos da estrutura parece que estamos diante de algo que não se enquadra na contabilidade do setor público brasileiro. Será que ocorreu “tradução” e não “adaptação”?

Um aspecto interessante é que a estrutura conceitual recusa a adotar aspectos já consagrados na estrutura do Iasb/Fasb, como é o caso do conceito de valor justo, que não é usado na norma. Mas em outros pontos, parece que faltou ousadia para se desgarrar. Veja o conceito de receita: “corresponde a aumentos na situação patrimonial líquida da entidade não oriundos de contribuições dos proprietários.”

De qualquer maneira, a estrutura, citando mais de 300 vezes o termo entidade, procurou estabelecer parâmetros, flexíveis por sinal, para este conceito.

Pretendo voltar a comentar a estrutura em outras postagens, mas é importante destacar que o termo accountability foi traduzido para prestação de contas e responsabilização (e não “dever de prestar contas” como geralmente usamos).

Links

Perigo das pesquisas (vídeo) (No Brasil, 100% de segundo turno na cidade de São Paulo

Campeonato mundial de xadrez feminino será no Irã: haverá obrigação de cobrir a cabeça?

Piada interna sai na edição impressa do jornal

Fotos do prêmio Red Bull

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06 outubro 2016

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A fotografia acima apresenta os últimos líderes soviéticos/russos. Um líder cabeludo é sucedido por um líder careca.

Apple lidera a lista da marca mais valiosa

Eu espero que o Nobel de Economia vá para Demsetz

Currículos criativos

Contabilidade e Tecnologia

Introdução

A discussão apresentada a seguir começou com uma matéria publicada no jornal O Globo (publicado no blog Ideias Contábeis). O tema era uma previsão das profissões que irão sumir do mapa em 2025. Baseado numa análise realizada pela consultoria Ernst Young, o texto afirmava que diversas profissões ditas operacionais irão desaparecer em menos de dez anos, como operador de telemarketing, caixa e árbitros. Naturalmente que outras profissões irão surgir ou fortalecer, em especial aquelas vinculadas a “tecnologia de ponta”. Os jornalistas responsáveis pelo texto reproduziram um comentário de um funcionário da área de Gestão de Pessoas da EY; este afirmou que no futuro o importante seria “analisar e interpretar os dados disponíveis”. O texto originalmente publicado cita entre as profissões que serão extintas o contador.

As reclamações devem ter sido enormes. Afinal a EY é considerada, antes de tudo, uma empresa contábil. E ela informa que o contador será uma profissão extinta em menos de dez anos? Protestos com certeza.

O jornal, na sua versão online, divulga uma Nota da Redação onde informa que a EY enviou um comunicado afirmando que “traduziu” erroneamente o material usado em outro local. A EY verteu o termo “tax preparer” para “contador”.

O tax preparer é um profissional que hoje atua na extração de informações do sistema da empresa e insere em um sistema específico do Fisco. Acreditamos que esse processo será realizado automaticamente pelo Fisco no futuro.

O posicionamento da EY é que todas as profissões existentes passam hoje por um intenso processo de transformação, o que logicamente engloba a de Contador.

Reforçamos que a crença da empresa é que a contabilidade segue como promissora carreira.

É interessante notar que o jornal acatou as considerações da EY e substituiu na imagem disponibilizada na internet o termo “contador” por “elaborador de obrigações fiscais” (mas o leitor pode encontrar o texto original na internet em outros endereços onde foi reproduzido)

Um pouco do Contexto Histórico

A questão da evolução da tecnologia esteve associada ao trabalho do contador. A própria obra de Pacioli citada por muitos como um marco na contabilidade, não foi a primeira da área, como creem alguns. Mas adquiriu a relevância por ter sido a primeira impressa na máquina aperfeiçoada por Gutemberg.

A revolução industrial afetou muito mais os trabalhadores braçais do que os escritórios das empresas. Esta mudança permitiu a ascensão da contabilidade de custos e seus sistemas de alocação. No final do século XIX aparecem os primeiros produtos para tirar os borrões dos livros. Naqueles tempos, a contabilidade era feita à mão e cometer erro era o grande pesadelo do profissional. Um bom escriturário fazia seu trabalho cometendo poucos erros, evitando rasurar os lançamentos. Mesmo com o surgimento destes produtos, isto não eliminou a necessidade de o escriturário cometer poucos erros.

Até o surgimento do computador o trabalho contábil sofreu pouca influência da evolução tecnológica. As máquinas de datilografia e de somar ajudam, mas provavelmente tiveram pouco impacto, pelo menos inicialmente, na produtividade do escritório. O advento do computador muda este cenário. Esta máquina pode fazer trabalhos administrativos repetitivos de forma muito mais rápida que o ser humano. E um dos primeiros alvos do computador é exatamente o processamento de dados da folha de pagamento de uma empresa. O impacto desta mudança foi tão expressivo que a máquina desenvolvida pela IBM para fazer este trabalho, um computador chamado de Hollerich, deu origem ao termo holerite, ainda hoje empregado em alguns lugares do Brasil para designar o comprovante de pagamento do funcionário.

Nos anos oitenta do século passado chega ao Brasil os computadores pessoais. E junto com eles a promessa de acesso a programas de folha de pagamento, escrituração e similares. O desenvolvimento posterior mostra que a parte operacional da contabilidade, o lançamento do débito e crédito de operações corriqueiras e recorrentes, poderia ser feito pela máquina. Mais ainda, que a ligação existente entre o sistema de venda e o sistema contábil permite que uma operação de venda que passa pelo caixa de um supermercado seja automaticamente computada na contabilidade da empresa.

Mais recentemente a máquina está conquistando o espaço das operações não corriqueiras. A análise das demonstrações contábeis já pode ser feita por sistemas desenvolvidos previamente, alimentando as decisões de investimento no mercado de capitais ou a concessão de crédito para uma empresa. Estas operações consideradas nobres e analíticas e hoje são realizadas pela máquina. Não consigo listar nenhuma área da contabilidade onde o computador não tomou, em alguma medida, o lugar do ser humano.

Desde Pacioli até os dias de hoje, o desenvolvimento tecnológico parece que contribuiu mais para eliminar trabalhos corriqueiros do que foi uma ameaça à profissão.

Papel do Conselho

Voltamos a história. Tivemos no Brasil uma das primeiras associações de profissionais de contabilidade do mundo. Tratava-se de uma associação onde se reunia os guarda-livros. Na época do império este profissional era um dos poucos que tinha a possibilidade de votar.

A criação do Conselho Federal de Contabilidade, no entanto, só ocorreu ao final do governo Vargas . Dois fatos curiosos envolveram o CFC nos primeiros momentos. Primeiro, sua constituição foi uma tentativa de Vargas de obter apoio político, o que não foi o caso, já que dias depois da criação do CFC o presidente da república foi destituído. O segundo fato é que o dirigente do conselho era um funcionário do governo, mais precisamente do Ministério do Trabalho, e a sede ficava numa sala desta repartição.

Ao longo do tempo o CFC cresceu substancialmente e conseguiu criar uma reserva de mercado. Somente aqueles que possuem um registro são considerados aptos a fazer certas atividades. Anualmente estas pessoas pagam uma contribuição ao CFC, que exerce um papel de fiscalizar a profissão.

De certa forma a atuação do CFC lembra as antigas guildas. Os membros possuem exclusividade na execução de certas tarefas. Se por um lado as guildas foram destruídas pela revolução industrial, é inegável que elas contribuam para o desenvolvimento tecnológico e criação de um goodwill. Além disto, as guildas, ou algumas delas, dava proteção aos seus associados e tinha um papel relevante no controle da qualidade do serviço. Mas isto não impediu que fossem derrotadas pela revolução industrial.

Recentemente os leitores provavelmente acompanharam a discussão, nem sempre pacífica, entre os motoristas de taxi e os associados da empresa Uber. Os taxistas tinham entre o principal ativo a autorização dada pelo poder público para explorar o serviço de transporte individual de passageiro. A chegada do Uber mostrou que o serviço era caro e ineficiente e que o modelo deveria ser alterado. Uma licença de taxista tinha um valor substancial no mercado. Isto tudo foi alterado com a entrada do Uber. Hoje o principal requisito para exercer esta profissão é ter um automóvel em condições aceitáveis. Mas mesmo isto não é garantia de empregabilidade. O Uber investe pesadamente no automóvel sem motorista, assim como diversas outras empresas. Talvez nos próximos anos a profissão de motorista profissional não exista mais. Aqui um parêntese: a profissão de motorista não está listada naquelas que correm risco de deixar de existir em 2025.

Papel do Contador

No passado era fácil reconhecer o trabalho do contador. Era a pessoa que fazia os lançamentos de débito e crédito e posteriormente apurava o balanço. Nos dias atuais, 99,99% dos lançamentos contábeis são realizados por não contadores, sem que saibam o que estão fazendo. Conforme dizemos anteriormente, um funcionário do supermercado, quando registra as compras, está alimentando o sistema contábil, creditando receita e debitando cartão de débito. Fechar balanços é algo que fazemos mandando um comando para o sistema contábil.

Alguns acreditam que o contador seja o profissional responsável pelas informações de uma empresa. Mas o antigo bibliotecário já assumiu o papel de cientista da informação. Outros consideram que cabe ao contador transformar dados em informação, mas isto também é feito pelo cientista da computação, entre outros profissionais. E ainda podemos encontrar espaço de intersecção entre o trabalho do contador e do estatístico, do economista, do administrador e assim por diante. Talvez a fronteira entre os trabalhos do contador e do não contador nunca tenham sido claras, mas com certeza nos dias atuais é muito mais difícil delimitar esta fronteira.

Para sociedade percepção da função do contador está baseada nos estereótipos. O contador é aquele sujeito que prepara as declarações do imposto de renda, que assina os balanços, que é responsável pelas demonstrações contábeis e auditoria. Mas talvez isto não seja o que o contador faz. Baseado nestas reflexões, se alguém me perguntar qual o papel do contador honestamente terei dificuldade de responder.

A questão da previsão

Voltamos para o início da discussão. Tudo começou com uma previsão das profissões que não terão espaço no futuro. Um aspecto crucial é que se trata do futuro. E temos inúmeros exemplos de como é difícil fazer previsões acertadas. Apesar da existência de Julio Verne, que anteviu a viagem a lua, o submarino e outros avanços, geralmente as pessoas erram muito ao fazer previsões. Tetlock, no seu livro Superprevisores, mostra como existem charlatães nesta área (não estou afirmando que a EY esteja nesta lista).

A incerteza é muito grande e mesmo dizer que os preparadores de formulários de imposto de renda perderão seu cargo é muito arriscado. A perspectiva para a EY é que o governo irá fazer isto para o contribuinte. Duas observações precisam ser feitas aqui: a previsão foi realizada em outros país, onde esta possibilidade talvez esteja mais perto de ser realizada; e o estudioso superestimou a capacidade do governo em desenvolver soluções amigáveis para a sociedade.

Pense o seguinte: você poderia inferir há dez anos que a profissão de taxista estaria ameaça em 2016. Mas será que realmente que esta profissão corre o risco de acabar? Ou simplesmente haverá uma transformação, onde a licença do governo deixará de ser relevante?

Um aspecto que pode contribuir com a discussão é que geralmente as previsões mais “charmosas” são aquelas mais “radicais”. Fazer uma previsão de que os automóveis não precisarão de motoristas em dez anos é muito mais impactante do que afirmar que o sistema de direção será misto, sendo que algumas tarefas serão realizadas pelo computador e outras pelo ser humano. Provavelmente a segunda previsão está mais próxima do que irá ocorrer. Mas anunciar a chegada do automóvel sem motorista promove as ações das empresas de tecnologia e do setor de automóveis, além de ajudar a vender consultorias. Ou melhor, soluções inteligentes para a moderna empresa.

De igual modo, afirmar que uma profissão será extinta traz muito mais destaque do que prever que haverá uma redução nos postos de trabalho em razão da automação.

O Efeito incerto da automação

Um problema adicional na discussão é que o efeito da automação não é tão linear quanto gostaríamos que fosse. Talvez o melhor seria olhar para o passado para tentar entender o que esperamos nos próximos anos.

As máquinas da revolução industrial não eliminaram os trabalhadores braçais, mas modificaram a forma do trabalho e o tipo de especialidade. O computador não tirou o trabalho do contador, mas evitou que ele tivesse que gastar horas fechando o balanço.

Bessan fez uma análise interessante entre as máquinas de atendimento dos bancos e o número de empregados. Na década de noventa o número destas máquinas, denominadas de ATMs, cresceu exponencialmente. A reação esperada seria uma redução drástica no número de empregos. De fato, isto ocorreu num primeiro momento. Mas na década seguinte o quantitativo de trabalhadores aumentou. Segundo Bessan, as máquinas permitiram a redução no custo dos bancos, permitindo que estas empresas aumentassem seu leque de produtos e serviços, o que compensou a perda inicial de empregos. Bessan mostra que a questão tem muito mais a ver com elasticidade, um conceito básico da economia, do que com bola de cristal.
Baseado nisto é possível afirmar que as profissões que usam o computador tendem a ter um crescimento maior. Assim, não é a máquina que substitui o homem, mas o homem que usa a máquina que substitui aquele que não usa. Ou seja, o designer gráfico está substituindo o tipógrafo, na comparação de Bessan.

Ernst Young

A EY é uma das maiores empresas de contabilidade do mundo. Além de prestar este tipo de serviço, a empresa faz também consultoria. Lançar previsões pode ser interessante para a empresa, pois passaria a ser percebida como uma “bola de cristal”. Num mundo com tantas incertezas, saber que é possível contratar uma empresa capaz de prever o que irá ocorrer é um conforto. As empresas de consultoria possuem este papel.

Ao fazer essas projeções, a EY abre o espaço no mundo de negócios como sendo a grande especialista nas transformações no ambiente de trabalho. O problema é que a empresa ainda obtém uma grande parte dos seus lucros na contabilidade. Afirmar que a profissão pode ser extinta atiçou os brilhos cartoriais e trouxe desconforto para a empresa que ainda necessita do apoio institucional da classe contábil.

Mas o engano da EY pode ser importante já que traz reflexões para aqueles que não querem somente defender seu território ou o sistema de registro profissional. Isto lembra uma história antiga: os fabricantes de vela resolveram protestar contra uma ameaça aos seus negócios, que poderia levar a falência as indústrias e gerar desemprego. Pediam proteção ao governo para defender a indústria e o trabalho contra o sol, que impedia que as pessoas utilizassem velas 24 horas por dia.

Conclusão

Tenho dúvidas se a discussão criada a partir do texto do Globo seja relevante. Para os “fabricantes de velas” soltar uma nota de repúdio ou solicitar correções faz parte do seu papel. Mas o sol continuará no firmamento. A tecnologia está colocada como um instrumento. Saber tirar proveito dela para melhorar o trabalho não depende de notas de protestos, previsões, cartórios, desculpas ou anuidades. Cabe a cada profissional saber interagir com a condição posta pela automação. E adaptar-se aos novos tempos.

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Fonte: Aqui

05 outubro 2016

TCU recomenda reprovação das contas

O Tribunal de Contas da União (TCU) recomendou ao Congresso Nacional a reprovação das contas da presidente da República referentes ao exercício de 2015. A decisão se baseou em 10 irregularidades identificadas pelo Tribunal. Agora, cabe ao Congresso o julgamento final das contas. Confira neste infográfico as etapas do processo de avaliação das contas presidenciais. Dentre as principais irregularidades apontadas, os ministros destacaram os atrasos indevidos nos repasses aos bancos públicos, conhecidos como “pedaladas fiscais”; a abertura de créditos suplementares incompatíveis com a meta do resultado primário vigente à época; e o contingenciamento de despesas em valores inferiores aos necessários para respeitar a meta fiscal. Além das 10 irregularidades apontadas pelo Tribunal, a corte propôs cinco recomendações relacionadas às contas de 2015. Após a sessão, realizada na manhã desta quarta-feira (05), o presidente do Tribunal, ministro Aroldo Cedraz, e o relator do processo, ministro José Múcio Monteiro, entregaram o relatório ao presidente do Congresso, senador Renan Calheiros.

Confira a seguir as irregularidades e recomendações apontadas pelo TCU:
Irregularidades
1. Manutenção do estoque de operações de crédito vencidas até 31/12/2014 durante praticamente todo o exercício de 2015, relativamente a atrasos nos repasses ao Banco do Brasil respeitantes à equalização de juros do Plano Safra, tendo iniciado aquele ano com valor aproximado de R$ 8,3 bilhões, em desacordo com o art. 36, caput, da Lei Complementar 101/2000 (itens 3.5.6.1 e 7.2);
2. Manutenção do estoque de operações de crédito vencidas até 31/12/2014 durante praticamente todo o exercício de 2015, relativamente a atrasos nos repasses ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social respeitantes à equalização de juros do Programa de Sustentação do Investimento, tendo iniciado aquele ano com valor aproximado de R$ 20 bilhões, em desacordo com o art. 36, caput, da Lei Complementar 101/2000 (itens
3.5.6.2 e 7.2);
3. Realização de novas operações de crédito pela União junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, no primeiro e no segundo semestres do exercício de 2015, nos valores de R$ 3,7 bilhões e R$ 4,37 bilhões, respectivamente, em virtude de passivos oriundos do Programa de Sustentação do Investimento, operacionalizado
por aquela instituição financeira, em desacordo com os arts. 32, § 1º, incisos I e II, e 36, caput, da Lei Complementar 101/2000 e com os pressupostos do planejamento, da transparência e da gestão fiscal responsável insculpidos no art. 1º, § 1º, da Lei Complementar 101/2000 (itens 3.5.6.3 e 7.2);
4. Realização de novas operações de crédito pela União junto ao Banco do Brasil no primeiro e no segundo semestre do exercício de 2015, nos montantes de R$ 2,6 bilhões e R$ 3,1 bilhões, respectivamente, em virtude de passivos oriundos da equalização de taxa de juros em operações de crédito rural, em desacordo com o art. 165, § 8º, c/c o art. 32, § 1º, incisos I e II, da Lei Complementar 101/2000, bem como com o art. 36, caput, da mesma lei e com os pressupostos do planejamento, da transparência e da gestão fiscal responsável insculpidos no art. 1º, § 1º, da Lei Complementar 101/2000 (3.5.6.4 e 7.2);
5. Omissão de passivos da União junto ao Banco do Brasil, à Caixa Econômica Federal, ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social e ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, nas estatísticas da dívida pública divulgadas pelo Banco Central do Brasil ao longo do exercício de 2015, contrariando os pressupostos do planejamento, da transparência e da gestão fiscal responsável insculpidos no art. 1º, § 1º, da Lei Complementar
101/2000 (itens 3.5.7 e 7.3);
6. Pagamento de dívidas da União junto ao Banco do Brasil e ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social sem a devida autorização na Lei Orçamentária Anual ou em lei de créditos adicionais, inclusive com o registro irregular de subvenções econômicas, contrariando o que estabelecem o art. 167, inciso II, da Constituição Federal, o art. 5º, § 1º, da Lei Complementar 101/2000 e os arts. 12, § 3º, inciso II, e § 6º, e 13 da Lei 4.320/1964
(itens 3.3.6 e 7.4);
7. Pagamento de dívidas da União junto ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço sem a devida autorização em Lei Orçamentária Anual ou em lei de créditos adicionais, e também com o registro irregular de subvenções econômicas, contrariando o que estabelecem o art. 167, inciso II, da Constituição Federal, o art. 5º, § 1º, da Lei Complementar 101/2000 e os arts. 12, § 3º, inciso II, e § 6º, e 13 da Lei 4.320/1964 (itens 3.3.6 e 7.4);
8. Abertura de créditos suplementares, entre 27/7/2015 e 2/9/2015, por meio dos Decretos Não Numerados 14241,14242, 14243, 14244, 14250 e 14256, incompatíveis com a obtenção da meta de resultado primário então vigente, em desacordo com o art. 4º da Lei Orçamentária Anual de 2015, infringindo por consequência, o art. 167, inciso V, da Constituição Federal (itens 3.3.2.1 e 7.5);
9. Condução da programação orçamentária e financeira com amparo na proposta de meta fiscal constante do Projeto de Lei PLN 5/2015, e não na meta fiscal vigente nas datas de edição dos Relatórios de Avaliação de Receitas e Despesas Primárias do 3º e do 4º Bimestres de 2015, bem como dos Decretos 8.496/2015 e 8.532/2015, contrariando o disposto nos arts. 9º da Lei Complementar 101/2000 e 52 da Lei 13.080/2015 (itens 3.5.3 e 7.6);
10. Contingenciamentos de despesas discricionárias da União em montantes inferiores aos necessários para atingimento da meta fiscal vigente nas datas de edição dos Decretos 8.496, de 30/7/2015, e 8.532, de 30/9/2015, amparados, respectivamente, pelos Relatórios de Avaliação de Receitas e Despesas Primárias do 3º e 4º Bimestres de 2015, contrariando o disposto nos arts. 9º da Lei Complementar 101/2000 e 52 da Lei 13.080/2015;

Recomendações
1. Utilização de recursos vinculados do superávit financeiro de 2014 em finalidade diversa do objeto da vinculação,em ofensa ao parágrafo único do art. 8º da Lei Complementar 101/2000 (itens 3.3.5 e 7.7);
2. Utilização de recursos de fundos especiais em finalidade diversa do objeto da vinculação, em desacordo com o estabelecido no art. 73 da Lei 4.320/1964 e em ofensa ao parágrafo único do art. 8º da Lei Complementar
101/2000 (itens 3.3.5 e 7.7).
3. Abertura de créditos extraordinários por meio das Medidas Provisórias 686/2015, 697/2015 (em relação aos créditos destinados ao Ministério das Relações Exteriores), 702/2015 e 709/2015, em desacordo com os requisitos constitucionais de urgência e imprevisibilidade previstos no art. 167, § 3º;
4. Abertura de créditos extraordinários por meio das Medidas Provisórias 686/2015, 697/2015 (em relação aos créditos destinados ao Ministério das Relações Exteriores), 702/2015 e 709/2015, com características de créditos suplementares e especiais, em desacordo com o art. 167, inciso V, e 62, § 1º, alínea “d”, da Constituição Federal, c/c os arts. 40 e
41, inciso III, da Lei 4.320/64;
5. Abertura de créditos suplementares qualificados indevidamente como créditos extraordinários, por meio da MP 686/2015, que aumentaram as dotações autorizadas referentes às despesas primárias da União, de forma incompatível com o alcance do resultado primário do exercício, com infringência ao art. 167, inciso V, da Constituição Federal, ao art. 4º da Lei Orçamentária Anual de 2015 – Lei 13.115/2015, bem como em desacordo com o art. 9º da Lei Complementar 101/2000.

Mundo é mais aleatório que análise de regressões

A cada dia que passa fica evidente a fragilidade das pesquisas empíricas em ciências sociais. Há uma falta de rigor no uso de ferramentas estatísiticas (principalmente, econometria) pelos pesquisadores devido ao desconhecimento das propriedades dos dados econômicos-financeiros. Taleb vai direto ao ponto:

"Econometrics is dominated by standard deviations, and more generally by measures in the L2 norm,1 based on squares of numbers (SD is the square root of the average of the sum of the squared deviations), all of which are grounded in a class that revolves around the Gaussian family: the Gaussian and related distributions that converge to it under a reasonable amount of summation, such as the binomial, Poisson, chi-square, and exponential distributions. The problem is that the Gaussian distribution is of limited applicability outside of textbook examples — it is the type of randomness that prevails in game setups such as coin tosses, or possibly in quantum mechanics. Using it leads to the underestimation of fat tails and the role of extreme events, and to predictions that underestimate their own errors."

Resumo:

Where the problem is not expert underestimation of randomness, but more: the tools themselves used in regression analyses and similar methods underestimate fat tails, hence the randomness in the data. We should avoid imparting psychological explanations to errors in the use of statistical methods.

Fonte: Taleb, Nassim Nicholas and Goldstein, Daniel G., The Problem is Beyond Psychology: The Real World is More Random than Regression Analyses (October 10, 2011). International Journal of Forecasting,

William Baumol ganha o Nobel de Economia 2016

O prêmio Nobel de Economia será divulgado no dia 10 de outubro. Mas, consta uma notícia no site da NYU dizendo que Baumol ganhou o Nobel deste ano. Parece ser apenas uma nota que foi preperada antecipadamente. Mas achei estranho estar no site....

In awarding Baumol the Nobel Prize, the committee cited…[Aqui só falta as palavras do comitê do Nobel]

“Will Baumol is a profound and prolific scholar, whose contributions of nearly 70 years fundamentally shaped the way we think about entrepreneurship, economic growth and the history of economic thought,” said Peter Henry, dean of the NYU Stern School of Business. “The Nobel prize is the perfect capstone to such a long and productive career."

Fonte: aqui

Links

Aumenta a quantidade de informação sobre auditoria nos EUA

Pinturas famosas e nosso amor pela tecnologia

Seis experimentos que mudaram nossa maneira de ver o mundo

O som que repete em várias músicas modernas

Fotos antigas, onde a roupa da mulher era examinada e medida 

Rir é o melhor remédio


04 outubro 2016

Postagens

Esta semana este blog teve a 20001a. postagem. Mas uma análise da curva de postagem mostra como é difícil manter o ritmo. O número de postagem atingiu o máximo em 2011, com mais de 2.500. E no período, o pior ano foi 2015.

O número de postagens depende de uma série de fatores: características das postagens, acesso fácil a boas fontes de notícias, tempo disponível dos blogueiros, expansão dos canais de comunicação com os leitores, entre outros. Se estou atarefado com minha função de professor e as atividades administrativas na minha universidade isto fatalmente irá representar um menor número de postagem. A necessidade de criar conteúdo para o Instagram e outras redes.

Além disto, uma postagem sobre o emprego no setor contábil ou história da contabilidade leva horas de dedicação. Uma postagem como esta pode ser feita em questão de minutos. 

Governança em Emergentes

A Organização Internacional das Comissões de Valores (IOSCO) publicou o Report on Corporate Governance, trabalho coordenado pela CVM no âmbito do Comitê de Mercados Emergentes.

O material foi elaborado após a revisão dos Princípios de Governança Corporativa da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), endossados pelo G20 em 2015, o que reacendeu a importância dos reguladores de mercados de valores mobiliários se manifestarem sobre o assunto.

O trabalho contou com a participação de entidades de mais de 30 países, que apresentaram exemplos práticos e suas perspectivas sobre possíveis medidas e abordagens regulatórias, com foco, essencialmente em três temas:

(i) a composição dos conselhos de administração.

(ii) a adequação das estruturas de remuneração e incentivos.

(iii) a efetividade dos controles internos e políticas de gerenciamento de riscos.


Nota oficial da CVM. Particularmente acho muito estranho um tema como governança sendo desenvolvido para "emergentes". Ou se tem governança ou não se tem. A criação de estudos sobre governança em emergentes pode, futuramente, justificar a "baixa" governança destes países.

Nobel de Economia

Começou a temporada de premiação da mais importante distinção científica do mundo: o Nobel. Pela proximidade das áreas, o interesse volta-se para o prêmio de economia. As especulações são várias, que inclui Blanchard, Lazear e Melitz, segundo a Thomson Reuters.

O Marginal Revolution aposta em Baumol (fotografia) e um prêmio conjunto para economia ambiental (Nordhaus, Dasgupta e Martin Weitzman, por exemplo). Mas existe a possibilidade de Barro, Romer, Duflo, Diamond, Bernanke, entre outros.

Minha simpatia – e isto não conta nada para o comitê que escolhe o prêmio – é para Baumol. Com 94 anos de idade, Baumol tem um grande trabalho em diversas áreas, mas o seu enfoque sobre os custos merece mais atenção da contabilidade. Na década de sessenta, Baumol, juntamente com Bowen, notou que em alguns setores os custos aumentavam mais do que a inflação, de maneira persistente. Ele citava saúde e educação como exemplos. Baumol mostrava que nestes setores os ganhos com produtividade eram difíceis de serem incorporados ao processo econômico. Já comentamos diversas vezes sobre isto neste blog.

P.S. Não descarto uma premiação para as pesquisas sobre economia e rede social

Rir é o melhor remédio

Fonte: Aqui

03 outubro 2016

Rir é o melhor remédio


Links

Clique num espaço em branco e veja o resultado de milhares de cliques e uma análise

O Deutsche Bank é/está insolvente?

Dúvida sobre o balanço desafia a credibilidade do Deutsche (Texto original do Financial Times) (Ou a importância do nível 3)

Psicologia da senha ou como a sua personalidade pode ajudar o Hacker

Novo sistema de tradução do Google usa rede neural e tem maior precisão

A ciência da Ola (foto)

Teses de Contabilidade

Uma pesquisa nas 78 teses dos programas de doutorado, entre 2012 a 2014, no Brasil, realizada por Deisi Salm, chegou a conclusões interessantes:

(1) as áreas temáticas mais pesquisadas são a contabilidade financeira (42,31%) e a gerencial (20,51%); 

(2) a predominância de doutorandos do sexo masculino (67,95%); 

(3) em relação à metodologia, o tipo de pesquisa mais utilizado é a descritiva e os procedimentos são documental, bibliográfica e estudo de caso; 

(4) quanto à abordagem metodológica, a predominância é de estudos quantitativos (49%), e as principais técnicas utilizadas são a análise de conteúdo (técnica qualitativa) e a estatística descritiva (técnica quantitativa); 

(5) as empresas brasileiras (38,46%) são as amostras predominantes como objeto de estudo; 

(6) as teorias da agência e contingência foram as mais abordadas; e 

(7) os periódicos (57,24%) e os livros (21,61%) foram as referências mais utilizadas nos trabalhos analisados.

20 mil

Esta é a postagem 20.003 deste blog !!! Que blogueiros persistentes, para não dizer teimosos. Quase quatro milhões de views, mais de dez mil seguidores no Instagram e outros tantos no Facebook.

Baixa Liquidez do Mercado

Segundo dados da Economática, apenas 30% das ações são negociadas diariamente na bolsa de valores Bovespa. Do volume negociado, 17% são pessoas físicas e 53% de investidores estrangeiros.


O jornal Valor Econômico (Zampieri. Apenas 30% das ações são negociadas diariamente na bolsa) escutou alguns especialistas. Um deles disse que a liquidez só irá melhorar com a melhoria das condições econômicas. Outro afirmou que em momento de crise, as casas de análise reduzem a cobertura de ações; ou seja, acompanham menos títulos. Outro afirmou que a melhora da economia será essencial para aumentar o volume girado, assim como a queda nos juros.

Dois aspectos nestas observações. O primeiro é que não é possível afirmar se o número de ações negociadas diariamente na bolsa brasileira é alto ou baixo. Falta a comparação com outras bolsas. O segundo aspecto é que o gráfico não permite afirmar a existência de relação entre a liquidez do mercado e a crise econômica. (Observe que o gráfico parte do eixo 100, que traz uma dimensão falseada de maior queda no número) Ocorreram no período mudanças estruturais, como o aumento da participação do investidor estrangeiro na bolsa. Será que isto também não ajuda a explicar o comportamento?

Rir é o melhor remédio

Claudia Cruz, do Ideias Contábeis, fez um interessante (e engraçado) paralelo entre frases do livro O Pequeno Príncipe e conceitos contábeis. A seguir uma amostra:

“Foi o tempo que perdeste com tua rosa que fez tua rosa tão importante” => Formação do Capital Social

“É preciso que eu suporte duas ou três larvas se quiser conhecer as borboletas...” => Fase pré-operacional

“Só se vê bem com o coração, o essencial é invisível aos olhos” => Característica de Ativo intangível

“Se tu vens às quatro da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz” => Existência de Ativo contingente

“O que dá beleza ao deserto é que esconde um poço de água em qualquer parte” => Reconhecimento de goodwill

“É bem mais difícil julgar a si mesmo que julgar os outros. Se consegues fazer um bom julgamento de ti, és um verdadeiro sábio” => Dificuldade para definição do valor em uso

Clique aqui para ver mais

Dinâmica da Desigualdade de Renda

Resumo:

The past forty years have seen a rapid rise in top income inequality in the United States. While there is a large number of existing theories of the Pareto tail of the longrun income distributions, almost none of these address the fast rise in top inequality observed in the data. We show that standard theories, which build on a random growth mechanism, generate transition dynamics that are too slow relative to those observed in the data. We then suggest two parsimonious deviations from the canonical model that can explain such changes: “scale dependence” that may arise from changes in skill prices, and “type dependence,” i.e. the presence of some “high-growth types.” These deviations are consistent with theories in which the increase in top income inequality is driven by the rise of “superstar” entrepreneurs or managers.

Fonte: The Dynamics of InequalityXavier Gabaix, Jean-Michel Lasry, Pierre-Louis Lions, and Benjamin Moll.2016

01 outubro 2016

Deep Learning: passado, presente e futuro

Excelente reportagem da Fortune sobre o Deep Learning.

[...]

But what most people don’t realize is that all these breakthroughs are, in essence, the same breakthrough. They’ve all been made possible by a family of artificial intelligence (AI) techniques popularly known as deep learning, though most scientists still prefer to call them by their original academic designation: deep neural networks.

The most remarkable thing about neural nets is that no human being has programmed a computer to perform any of the stunts described above. In fact, no human could. Programmers have, rather, fed the computer a learning algorithm, exposed it to terabytes of data—hundreds of thousands of images or years’ worth of speech samples—to train it, and have then allowed the computer to figure out for itself how to recognize the desired objects, words, or sentences.

In short, such computers can now teach themselves. “You essentially have software writing software,” says Jen-Hsun Huang, CEO of graphics processing leader Nvidia NVDA 1.66% , which began placing a massive bet on deep learning about five years ago. (For more, read Fortune’s interview with Nvidia CEO Jen-Hsun Huang.)

Neural nets aren’t new. The concept dates back to the 1950s, and many of the key algorithmic breakthroughs occurred in the 1980s and 1990s. What’s changed is that today computer scientists have finally harnessed both the vast computational power and the enormous storehouses of data—images, video, audio, and text files strewn across the Internet—that, it turns out, are essential to making neural nets work well. “This is deep learning’s Cambrian explosion,” says Frank Chen, a partner at the Andreessen Horowitz venture capital firm, alluding to the geological era when most higher animal species suddenly burst onto the scene.





That dramatic progress has sparked a burst of activity. Equity funding of AI-focused startups reached an all-time high last quarter of more than $1 billion, according to theCB Insights research firm. There were 121 funding rounds for such startups in the second quarter of 2016, compared with 21 in the equivalent quarter of 2011, that group says. More than $7.5 billion in total investments have been made during that stretch—with more than $6 billion of that coming since 2014. (In late September, five corporate AI leaders—Amazon, Facebook, Google, IBM, and Microsoft—formed the nonprofitPartnership on AI to advance public understanding of the subject and conduct research on ethics and best practices.)

Google had two deep-learning projects underway in 2012. Today it is pursuing more than 1,000, according to a spokesperson, in all its major product sectors, including search, Android, Gmail, translation, maps, YouTube, and self-driving cars. IBM’s IBM 0.47% Watson system used AI, but not deep learning, when it beat two Jeopardy champions in 2011. Now, though, almost all of Watson’s 30 component services have been augmented by deep learning, according to Watson CTO Rob High.

Venture capitalists, who didn’t even know what deep learning was five years ago, today are wary of startups that don’t have it. “We’re now living in an age,” Chen observes, “where it’s going to be mandatory for people building sophisticated software applications.” People will soon demand, he says, “ ‘Where’s your natural-language processing version?’ ‘How do I talk to your app? Because I don’t want to have to click through menus.’ ”

[...]

Fato da Semana: Contas do setor público

Fato: Contas do Setor Público

Data: 30 setembro de 2016

Descrição do Fato
O déficit primário de agosto foi de 22 bilhões. Em doze meses o déficit é de 169 bilhões, fortemente influenciado pelo resultado de dezembro.

Explicações para o Déficit
Existem diversas causas para o déficit do setor público. Podemos citar entre elas:

A redução da receita do governo, em razão da recessão e da concessão de uma série de benefícios para empresas e setores, da frustração na venda de ativos e da redução dos dividendos das empresas estatais.
Durante os últimos anos os salários do pessoal do setor público cresceu bem acima da inflação e do setor privado. Além disto, aumentaram o número de pessoas contratadas. Na realidade, o setor público não consegue obter ganhos de produtividade.
A sociedade brasileira fez uma opção de participação do estado em setores cujo crescimento dos gastos é tradicionalmente superior aos outros setores. Vide os ensinamentos de Baumol sobre este assunto.
As empresas estatais são ineficientes e a participação do setor público na economia é desastroso, incentivando ineficiências e gastos questionáveis. (Isto inclui a nossa previdência)

Notícia boa para contabilidade? Não
A contabilidade pública parece não ajudar a sociedade a controlar o tamanho do estado, impedindo crises como esta. Pelo contrário, a nossa contabilidade pública é obscura, atrasada, legalista, pouco informativa, baseada numa teoria ultrapassada e com pouca perspectiva de mudança deste perfil.

Desdobramentos
Com respeito ao déficit, levaremos anos para corrigir os erros grosseiros cometidos nos últimos anos. Não consigo ver algo positivo sendo apresentado nos próximos anos.

Mas a semana só teve isto?
A crise do banco alemão Deustche, que não começou agora, mas está se agravando, talvez traga consequências serias para a economia mundial.

Links

Reykajavik apaga as luzes para a população ver a Aurora Boreal

Como ser persuasivo no seu pedido (vídeo)

O papel da economia (e muito mais sobre economia). Vídeo com animação 

Impacto da Crise

O impacto da crise de 2008 na economia de diferentes países:


Rir é o melhor remédio

Fonte: Aqui