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07 abril 2014

Entrevista com Samuel Pessoa



Samuel Pessoa, um físico que leciona economia, estreitou as relações com o PSDB na campanha presidencial deste ano. O senador Aécio Neves, candidato dado como certo para a legenda, anunciou que ele é um de seus assessores. Pessoa faz duras críticas à atual política econômica: "eu chamo de ensaio nacional desenvolvimentista - foi uma tragédia para o País e tem de ser revertido", diz. Na sua avaliação, a reversão deve ser seguida reformas que possam dar eficiência ao Estado sem que seu tamanho seja reduzido: "A sociedade quer educação, sistema de aposentadoria, programas sociais - é impossível reduzir o Estado", disse na entrevista que segue. 

Como o senhor esta vendo o atual momento da economia?

Samuel Pessoa: Vou falar o que repito em todo lugar porque acho importante. Quando se olha a formulação de política econômica no Brasil, eu acho que há duas agendas muito diferentes. A partir do final do segundo mantado do governo Lula, passamos a ter duas agendas. Uma é muito anterior ao governo Lula. É uma agenda que está com a gente desde a democratização - uma agenda estrutural. Há outra agenda, que veio de 2009 para cá. Ela está associada a saída do ministro Antonio Palocci e a ida do ministro Guido Mantega (no Ministério da Fazenda). Isso aconteceu em 2006. O ministro Mantega teve muito senso de oportunidade e habilidade política para implantar a agenda dele aos poucos, conforme os fatos fossem permitindo. Em 2009, depois da crise, foi o grande momento em que ele pode trazer para a formulação da política econômica uma nova agenda. A primeira agenda estrutural eu chamo de contrato social da redemocratização. A segunda agenda - da equipe econômica do Mantega e da presidente Dilma e do final do governo Lula - eu chamo de ensaio nacional desenvolvimentista. Eu separo muito bem essas duas agendas. Acho que essa segunda é petista puro sangue. Acho que o Palocci, dentro daquele grupo político, talvez seja a excepcionalidade e parece que esse grupo político do PT tem um visão muito favorável ao nacional desenvolvimentismo e a esse conjunto de políticas econômicas - se bem que, posso estar exagerando, porque houve um período do governo Lula em que havia muita continuidade e que esse tema da agenda nacional desenvolvimentista não tinha proeminência. A outra agenda, a estrutural, é uma opção que a sociedade brasileira fez na Constituição, lá em 88. Está materializada no texto constitucional e essa opção vem sendo referendada e repactuada a cada eleição desde então. Ela expressa o desejo da nossa sociedade de construir um Estado de bem estar social muito abrangente, nos moldes dos países da Europa continental. Esse desenho esta no nosso texto constitucional. Neste aspecto, não há nenhuma diferenciação entre nenhum grupo política em atuação no Brasil. Em particular, eu acho que isso não distingue tucanos de petistas. O que inclui? Política de valorização do salário mínimo. Abono salarial, que é um programa lá do governo Sarney (José Sarney, ex-presidente da república). A aposentadoria rural. A Lei orgânica da assistência social. Renda mensal vitalícia. O programa bolsa família. A universalização da saúde. Mais recentemente, algumas iniciativas muito interessantes, como ProUni, Fies (programas de financiamento para o ensino superior) e todo um esforço de educação técnica. É um desejo da nossa sociedade avançar na questão da equidade. Com mais ou menos eficácia - tem programas que fazem sentido e outros que não fazem - isso é uma discussão. Mas esse é o pacote que o eleitor quer. O que cada governo faz é muito em função do que está na agenda desse pacto. A segunda agenda, não. Ela tem uma diferença grande. É uma agenda para colocar o Estado - o setor público - interferindo no desenvolvimento econômico. É o Estado decidindo a alocação de capital. É o Estado fazendo microgerenciamento das políticas de impostos e das tarifas de importação para incentivar alguns setores escolhidos segundo certos critérios. É o Estado fazendo microgerenciamento da política de intermediação financeira. Além disso, tenta adotar teorias heterodoxas sobre o processo inflacionário que acabam interferindo na liberdade do Banco Central e tendo um impacto sobre a inflação. É uma agenda grande. Começou no governo Lula, antes de 2009. Mexe nos graus de independência das agências reguladoras. Coloca uma parte grande da regulação de volta para os ministérios e, além de colocar de volta para os ministérios, passa a ter muita discricionariedade na regulação de diversos setores da economia. Ou seja: ao invés de usar um sistema de regras e procedimentos, pesos e contra pesos, passamos a ter a mão pesada do Estado. A gente vê isso no setor de petróleo, no setor de energia elétrica. Até na reformulação do marco ferroviário, com a ideia de separação vertical - que eu acho que não vai funcionar. Foi uma má ideia. Tem uma lista longa. Esse pacote não é da sociedade. É um pacote de um grupo de pessoas que está no centro da formulação da política econômica e que avalia que essas medidas são necessárias para acelerar o crescimento econômico. A minha avaliação é que esse ensaio nacional desenvolvimentista deu errado. Deu tudo errado. Foi uma tragédia para o País. Foi adotado por motivos ideológicos e acho que ele tem de ser revertido. 

[...]

Mas como resolver?

Samuel Pessoa: A solução não está na economia. A solução é política - e os políticos terão que resolver. O que a economia diz é: ou repactuamos, para que o gasto cresça mais lentamente, ou aumentamos a carga tributária, o que é legítimo, ou não fazemos nada e se soluciona com inflação - o que eu acho que a sociedade não quer. Mas nós que atuamos na área econômica temos apenas um papel, uma função: informar direito. Vamos pegar as manifestações do ano passado. A sociedade mostrou ter uma leitura diferente da minha e acho que essa leitura é muito equivocada. As sociedade acredita que dá para resolver todos os problemas do Estado combatendo a corrupção e suas ineficiências. Isso não é verdade. Combater a corrupção e as ineficiências do Estado é muito importante e precisa ser feito. É mais importante ainda quando se lembra que houve o ensaio nacional desenvolvimentista e destruição na governança de diversos setores da nossa economia - no setor de petróleo, no de energia, nas agências reguladoras. Construíram-se muitas ineficiências ao longo de anos de governo petista. Sendo bem específico: a gente gasta com o INSS algo como 7,5% do PIB. Tem uma tabela do Mansueto que todo ano a gente atualiza. Essa conta aumentou 3 pontos porcentuais do PIB nos últimos 20 anos. Essa conta não é cara porque tem um monte de falecidos ganhando indevidamente o benefício. Ou porque um monte de gente fraudou e está ganhando indevidamente o benefício. Ou porque um monte de gente que tem direito ao benefício conseguiu fraudar e recebe um benefício maior do que a regra permite. Isso deve existi em toda parte. Deve existir no Estados Unidos. É bem possível que seja um pouco pior no Brasil. Mas isso não representa o grosso. Medidas de gestão para resolver esses problemas não resolvem a questão estrutural - o fato de o contrato social requerer que o gasto público cresça a uma velocidade maior que o crescimento do PIB. Esse problema é estrutural. Essa questão vai ser tratada na esfera política, envolvendo executivo e legislativo. Os técnicos têm pouco a dizer a esse respeito.

Mas qual é a sua opinião - como compatibilizar a agenda social com a necessidade de financiamento público?

Samuel Pessoa: O processo eleitoral é que vai dizer o que fazer. A forma como a sociedade se pronunciar, a forma como o debate entre candidato e sociedade ocorrer é que vai dizer. Se eu disser o que quero, não vou falar como economista, vou falar como cidadão. Aliás, gente, eu não sou economista. Eu sou professor de economia e sou físico -- e apenas formado em física. Ser físico é para poucos. Não é o meu caso, infelizmente. Então, posso falar pelo cidadão Samuel, que é rico - todos nós aqui fazemos parte do 1% da sociedade mais rica. Até hoje, eu me penitencio pela aquela ida ao Senado, travestido de técnico. No fundo eu representava o cidadão. Isso me entristece até hoje. Eu confundi as duas personas. Por isso, acredito que agora não é momento para eu falar. Algum candidato contrario ao Aécio pode pegar alguma coisa que eu falar e apresentar em um programa para dizer: está vendo? O Aécio quer fazer isso. Um dos assessores dele disse que ele deve fazer isso.

Publicaram hoje uma entrevista do Aécio em que ele toca sobre vários pontos da economia. Dois deles chamam a atenção: ele acha que é preciso manter a política do salário mínimo e que o gasto não deve cresce acima do crescimento do PIB. Ele disse isso. Qual a tua opinião?

Samuel Pessoa: A política do salário mínimo e os atuais critérios de elegibilidade do INSS gera um dinâmica da previdência em que o crescimento é maior que o PIB. Tem sido assim nos últimos anos. Deve ter alguma ineficiência. É possível melhorar os mecanismos de controle. Mas não é isso que vai resolver. Para manter isso intacto, será preciso mexer em outras rubricas para que o gasto como um todo não cresça. Isso pode ser feito. Mas é preciso ver com o senador o que ele tem na cabeça. Eu acho que a aproximação do debate eleitoral, essas questões vão ser tratadas.

Olhando para a outra agenda, a nacional desenvolvimentista que o sr. criticou muito, o que é preciso mudar?

Samuel Pessoa: É preciso reduzir os créditos do Tesouro para bancos públicos. Foi um excesso. Foram os anos 70 voltando. O Geisel voltando. Parece um trem fantasma. É preciso consertar os preços. Novamente, isso também é um trem fantasma. Nos anos 70, na hiperinflação da redemocratização, por várias vezes, tentamos controlar preços segurando tarifa pública. Fizemos isso desde os anos 50. Nunca deu certo. O preço precisa ser real. Mas dizem: ahhhh, mas tem o problema da pobreza. Sim, mas o problema de pobreza a gente cuida com os mecanismos corretos - com um bolsa família, que é um instrumento poderoso, espetacular, que precisa ser valorizado e reforçado o tempo todo. Para mim, o presidente Lula marcou um enorme gol quando unificou os programas sociais, aumentou e potencializou os benefícios. Teve um impacto muito importante. As pessoas precisam ter uma garantia mínima de vida, sim, mas você faz isso com política de salário mínimo, com bolsa família, que dão uma renda para as pessoas. Mas os preços, da gasolina, da energia, precisam ser corretos. Isso precisa ser desfeito. Não gosto da política de desoneração. Acho que o senador tem uma opinião diferente da minha nesse aspecto. Eu sou um fiscalista. Acho muito ruim ter um superávit primário mais baixo quando as condições de endividamento do Estado não permitem. Acho muito ruim o risco-país, desde outubro, ter aberto 100 pontos em relação a México, Chile, Peru. Acho muito ruim a gente começar a fazer conta: será que essa dívida vai começar a crescer feito bola de neve? E eu acho que isso foi gerado por uma política desastrada de desoneração tributária. Tirando a desoneração sobre salário e sobre cesta básica, que têm benefícios óbvios e já deveriam ter sido adotadas há muito tempo, sou contrário as desonerações tópicas para esse ou aquele setor. A gente precisa reforçar a posição fiscal. O princípio de uma macroeconomia em ordem é um setor pública em ordem. A gente entrou numa crise muito profunda em 2008 e 2009 e houve muita competência por parte da equipe do ministro Mantega para enfrentar aquele episódio e tirar o País da crise. Um dos instrumentos adotados foi a política de desoneração. Eu acho que até exageram nos instrumentos contracíclicos em 2009. Não precisava de tudo que foi feito. Mas reproduzir a prática em 2011, 2012 foi um erro gigantesco. A economia brasileira já estava vivenciando uma realidade totalmente diferente. Por causa dessa política desastrada de desonerações ficamos com os ônus sem ter os bônus. O Tesouro Nacional ficou com os ônus, mas o País não teve os bônus da política. Também aumentaram imposto de importação, mas isso caiu. Foi uma boa medida cair. A gente agora via ter de enfrentar a inflação com uma posição fiscal sólida e um Banco Central independente. Uma boa medida é tentar passar no Congresso a independência formal do Banco Central.

[...]

Excluindo essa agenda que o sr. considera desastrosa, o que deve ser colocado no lugar para elevar o crescimento?

Samuel Pessoa: O tema crescimento também tem dois aspectos. Há um aspecto político. Crescer dói. Não é fácil. A China cresce 7% ao ano. Vai lá ver se está todo mundo feliz com aquele crescimento. A taxa de poupança de uma família chinesa é de 50% da renda. Poupando 50% da renda dá para crescer muito. Pergunta: a sociedade brasileira que poupar isso para crescer mais rápido? Ou tem outra escolha? Quer crescer mais lentamente? Esse são temas para os quais o profissional de economia não tem nada a dizer. Não é bom. Não é ruim. É uma escolha da sociedade. Isso bate no contrato social da redemocratização. Eu tenho dito, tenho escrito várias vezes - a sociedade brasileiro escolheu crescer pouco. Quer cresce de maneira mais sólida. A agenda da sociedade brasileira hoje não é crescimento. É equidade. O Brasil tem crescido e tem melhorado, mas no nosso ritmo, atendendo às nossas demandas. Por outro lado, o ensaio nacional desenvolvimentista piorou a situação, porque ele tira a eficiência da economia. Uma parte do nosso baixo crescimento é um padrão de escolha da sociedade. Mas outra parte do baixo crescimento, mais recente, no meu entender, vem da eficiência econômica e dos erros de política econômica que foram cometidos seguidamente a partir de 2009. Se for revertido, o Brasil cresce mais. Vou até dar a minha conta porque esse é um debate que temos feito. O Brasil está crescendo hoje 2 pontos porcentuais a menos do que crescia antes. O mundo cresce 0,6 a menos. A América Latina cresce 0,7 a menos. Nós estamos crescendo 2 a menos. Alguma coisa que aconteceu e fez com que a nossa desaceleração fosse muito maior do que a desaceleração do resto do mundo. É verdade que as economias estão interligadas e que o ciclo mundial é sincronizado, principalmente agora que o mundo é globalizado. O ciclo do Brasil é igual ao ciclo do mundo. Mas a gente abaixou mais. Por que? Bom, 0,6 ponto porcentual de queda foi provocada pelo mundo. E o resto? Você tem o esgotamento do fator trabalho, que deve explicar cerca de meio ponto porcentual de queda. Mas tem cerca de um ponto porcentual de perda - talvez um pouco menos - que no meu entender vem da ineficiência econômica e de uma certa desorganização que existe na economia. São as consequências na mudança do regime econômico que o ministro Mantega chamou de a nova matriz econômica. Isso está tirando um ponto porcentual do crescimento. Talvez a minha conta esteja exagerada e não seja tudo isso - seja 0,7 ou 0,8. Revertendo essa política, voltando ao regime anterior e avançando a partir de onde a gente estava antes, isso muda. O FHC não é o fim dos tempos. Ele fez o que era possível naquela janela de oportunidade nos oito anos que teve. Ele deixou muita coisa a ser feita. Nos primeiros anos do governo Lula, o País avançou muito, principalmente na área de crédito. Mas temos agora que desfazer as coisas erradas e continuar naquela toada.

O para frente nessa toada inclui o que?

Samuel Pessoa: Para atender as ruas, uma parte do trabalho é melhorar a eficiência do Estado. Essa é uma agenda que está parada. Falei isso inúmeras vezes. Desde o primeiro mandato de FHC, quando se fez muita coisa. Bresser Pereira passou pelo Ministério da Administração Federal e Reforma do Estado. Depois a Claudia Costin deu continuidade. Mas até pela complexidade dos temas tratados no segundo mandato de FHC, essa agenda ficou um pouco parada. O governo petista não conseguiu tocar essa agenda. A questão da reforma administrativa inclui dar ao Estado instrumentos de gestão para fazer com que as pessoas que passaram no concurso público, mas que sejam funcionários ruins, possam ser demitidas Hoje o cara só é mau funcionário público se roubar. Se ele tiver um desempenho ruim que penalize a comunidade, ele fica. Essa é uma questão fundamental para atender as demandas das ruas. Foi uma pena o longo ciclo petista não trazer nenhum reflexão nessa direção. Gastaram muito tempo destruindo coisas que funcionavam bem. Um exemplo: o marcado regulatório do petróleo. Gastou-se energia do setor público que poderia ser endereçada para outros temas. No âmbito estadual, o Aécio, dentro do que é possível fazer com legislação estadual, fez muita coisa em Minas Gerais. Essa é uma agenda importantíssima para que se possa melhorar os serviços de saúde, educação e segurança. A gente não vai melhorar saúde, educação e segurança colocando mais dinheiro. Talvez até precise gastar um pouco mais com saúde, mas a questão, de forma geral, não é mais dinheiro. É preciso usar melhor o dinheiro - mas para usar melhor o dinheiro é preciso olhar o Estado por dentro. Tem também a eterna agenda da reforma tributária. A presidente Dilma reconheceu e os economistas que trabalham com ela estão cientes e se esforçaram para levar adiante. No entanto, acredito que perdemos uma chance preciosa. O ensaio nacional desenvolvimentista destruiu a situação fiscal. Só para vocês terem uma ideia. O primário recorrente neste ano, desconsiderando receitas extraordinárias, provavelmente vai ser 0,8 % do PIB. O primário em 2002 era 3%. Um pouco mais que isso. O ano de 2002 terminou com déficit de transações correntes acho que um pouquinho abaixo de 2 pontos porcentuais. Este ano vai fechar em 4 ou 3,9. O fiscal, além da perda da transparência e outros efeitos ruins, piorou muito. A gente perdeu a oportunidade de usar o espaço fiscal que tínhamos lá atrás para fazer um reforma tributária, negociando com os estados. Foi trágico. Quiseram reinventar o Geisel, ao invés de usar esse espaço fiscal para fazer a reforma tributária, que é muito importante. Agora, essa reforma tributária só vai sair se o executivo quiser muito e se ele tiver espaço fiscal, para poder liderar o processo. 


Quando o senhor fala que elevar a eficiência do Estado, considera a possibilidade de reduzir o seu tamanho retomando as privatizações? 


Samuel Pessoa: Quando a gente fala de tamanho do Estado também temos duas agendas - totalmente diferentes. Acho impossível diminuir o Estado Brasileiro. A sociedade não quer diminuir o Estado - e a sua escolha é legítima. A sociedade quer saúde pública, universal, integral. Quer educação pública. Quer um sistema abrangente de aposentadoria. Quer um sistema abrangente de seguros público - abono salarial, seguro desemprego - e programas sociais. Como a sociedade quer tudo isso, é impossível reduzir o Estado. Nesta dimensão, o Estado só vai mudar, se a sociedade mudar. Como eu acho que ela não vai mudar, o Estado não vai diminuir. Isso não está em discussão. Eu como cidadão posso gostar mais de um Estado grande ou pequeno. Posso preferir a Suécia aos Estados Unidos. A sociedade brasileira já tomou a sua decisão - prefere a Suécia. Essa escolha não está em xeque. Não é isso que se discute nessa eleição. O que se discute é modelo de intervenção na economia. Eu acho que é preciso mudar a intervenção direta na regulação da economia. Isso é um desastre.

Para o Brasil ser Suécia, precisa de qual modelo de crescimento?

Samuel Pessoa: Uma vez eu pensei nisso. Acho que o modelo nosso modelo é meio nosso. Há o modelo anglo saxão, que é pouco welfare e tem pouca intervenção direta do Estado na economia. Há o modelo europeu que é muito welfare e tem uma regulação mais dura do Estado. Há o modelo oriental, muito pouco welfare, mas com muita regulação. O nosso é único. Muito welfare e com uma regulação menor na economia. Acho que isso é possível e tem condições de gerar crescimento econômico. Talvez seja um modelo parecido com países como a Austrália.

Doações eleitorais dos fornecedores da Petrobrás

JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO, DANIEL BRAMATTI, DIEGO RABATONE, LUCAS DE ABREU MAIA - O Estado de S.Paulo


De cada R$ 10 doados por empresas a candidatos e comitês nas eleições de 2010 e 2012, R$ 3 vieram de fornecedores da Petrobrás. Maior companhia brasileira, a estatal está no centro da mais ampla rede de financiamento privado de campanhas eleitorais no Brasil. Detentores de contratos com a companhia petrolífera desembolsaram ao menos R$ 1,4 bilhão em contribuições às campanhas de postulantes a presidente, governador, prefeito, deputado e senador.

Isso não implica que a Petrobrás tenha direcionado as doações - a legislação proíbe que empresas que tenham participação societária do Estado financiem campanhas eleitorais. Tampouco denota ilegalidade. Mostra, porém, o potencial de alcance político e econômico da estatal e ajuda a entender os temores de parte da classe política com a instalação de uma CPI da Petrobrás.

Levantamento conjunto do Estadão Dados e da Transparência Brasil revela que 4.792 candidatos e comitês partidários receberam recursos de empresas contratadas pela Petrobrás nos últimos quatro anos. Nas eleições parlamentares e para governos de 2010, 1.778 candidatos/comitês receberam desses fornecedores. Na disputa municipal de 2012, foram 3.014 os beneficiários. Os valores doados pelos fornecedores da Petrobrás constituem uma estimativa conservadora: o levantamento levou em consideração só os contratos assinados a partir de 2010.

Pontaria. Além de volumosa e extensa, a rede de doações é certeira. Dos 513 deputados federais eleitos em 2010, nada menos do que 330 contabilizaram doações de empresas privadas que mantêm contratos com a Petrobrás. Juntos, receberam pelo menos R$ 78 milhões para ajudar a bancar suas candidaturas. O valor pode ser ainda maior, porque não inclui as doações dessas empresas a comitês partidários, que podem beneficiar mais de um candidato.

A regra dos doadores é ter um pé em cada canoa partidária. Tornam-se, assim, centopeias político-ideológicas. O dinheiro foi doado indiscriminadamente tanto a partidos que apoiam o governo federal quanto a legendas que lhe fazem oposição. Nada menos que 24 siglas receberam recursos em 2010, e 26 em 2012.

Rateio. Nas eleições realizadas há quatro anos, candidatos e comitês do PT, que disputava o terceiro mandato presidencial consecutivo, receberam 25% do valor total doado pelos fornecedores da Petrobrás. Já o PSDB, principal partido da oposição e havia oito anos distante do Planalto, ficou com uma fatia levemente inferior: 24%.

Levando-se em conta as disputas pelos cargos de presidente, governador, senador, deputado federal e deputado estadual, candidatos do PT receberam em 2010, em conjunto, R$ 224 milhões de empresas ligadas por contratos à Petrobrás. As doações para tucanos somaram R$ 210 milhões.

O PMDB, que tem influência em diretorias da Petrobrás e é segundo maior partido da base governista, recebeu menos recursos do que o oposicionista PSDB em 2010: R$ 165 milhões, o equivalente a 19% do total.

Nas eleições de 2012, PT e PMDB ficaram com uma parcela maior dos recursos: 31% e 16%, respectivamente. Já o PSDB levou apenas 13%.

A lista dos fornecedores que fazem doações para campanhas tem 2.265 empresas. A maioria, porém, faz contribuições relativamente pequenas - apenas 117 empresas desembolsaram mais de R$ 100 mil. A concentração de poder no topo é alta: 81% dos recursos doados (mais de R$ 1,1 bilhão) saíram dos 50 maiores fornecedores.

Na lista dos maiores doadores estão as grandes empreiteiras do País, que têm outras fontes de recursos públicos e interesses em diversas áreas do governo, não apenas no setor do petróleo. Isso explica o fato de, em alguns casos, as doações eleitorais serem superiores aos valores dos contratos firmados com a Petrobrás.

06 abril 2014

Rir é o melhor remédio


Índice Zara


SÃO PAULO - O excesso de impostos e de burocracia colocou o Brasil, de novo, na liderança de um ranking que compara o preço de produtos aqui e lá fora. Depois do índice ‘Big Mac’ e, mais recentemente, dos índices ‘iPhone’ e ‘Play Station’, agora foram as roupas da varejista espanhola Zara que levaram o País para a lista dos mais caros do mundo.
Pesquisa feita por analistas do banco BTG Pactual em 22 dos 87 países em que a grife está presente revela que o Brasil é o lugar onde os produtos da marca são os mais caros, em dólares. Em média, os preços da Zara no Brasil são 21,5% superiores aos das lojas americanas da marca, usadas como base de comparação.

O relatório, assinado por Fabio Monteiro e Thiago Andrade, levou em conta 14 itens diferentes vendidos na Zara, de blazers a sapatos. Por exemplo: um vestido que nos EUA custa US$ 79 e na Espanha, onde fica a matriz da rede, ele é vendido por US$ 55,1, está nas araras das lojas brasileiras por US$ 171,6. Na Suíça, segunda colocada do ranking, o cliente pagaria US$ 90,4.

Considerando-se a paridade por poder de compra, para descontar a influência cambial, o Brasil parece ainda mais caro, embora deixe de ser o líder do ranking, perdendo apenas para a Polônia. Neste caso, os produtos aqui são 49,4% mais caros que os dos EUA. Na lojas polonesas, o índice é de 54,2%. "Ainda assim, fica claro que vestuário no Brasil é muito mais caro do que no resto do mundo", afirmam Monteiro e Andrade.

Em nota, a Zara explicou que "estabelece seus preços de maneira independente para cada mercado, mantendo sempre o mesmo posicionamento comercial baseado na ofertas das últimas tendências da moda, em produtos de qualidade e em preços atrativos". Segundo a varejista, essa política leva em conta as características de cada mercado, seus níveis de preço e custos.

Concorrência. O preço a que as roupas são vendidas no Brasil voltou à tona no mês passado com a barulhenta estreia da rede americana Forever 21 em São Paulo e no Rio. Com preços baixos, a varejista atraiu milhares de clientes, que fizeram filas de até três horas para entrar na loja. O levantamento do BTG aproveitou essa discussão para identificar o custo do ambiente de negócios no Brasil. Segundo os analistas, entre as principais dificuldades do mercado brasileiro estão os pesados impostos de importação, a diferença climática em relação ao hemisfério norte e os entraves para se produzir no País.

"Hoje o produto têxtil que chega ao Brasil tem uma taxa de importação que beira os 35%. Há todos os impostos que vêm em cascata, que incidem sobre o valor aduaneiro e acabam elevando o preço do produto", afirma o presidente da Associação Brasileira do Varejo Têxtil, José Luiz Cunha.

A pesquisa não surpreendeu empresários do varejo. "A carga tributária já ficou até em segundo plano, pela complexidade da regulamentação do nosso mercado e até pelo custo de se pagar impostos no Brasil", diz Flávio Rocha, presidente da Riachuelo.

Para o banco, a entrada de varejistas estrangeiras exigirá uma reação das empresas brasileiras, mas há tempo para isso. Os analistas dizem que é longo o período de aprendizado de redes internacionais no Brasil. "O número de lojas sendo abertas por Forever 21, GAP, Topshop e outras ainda é pequeno e elas estão concentradas em grandes cidades."/ COLABORARAM LUIS PHILIPE SOUZA E LETÍCIA AUTRAN, ESPECIAL PARA O ESTADO

Fonte: aqui

Assembleias evasivas

Há muito os pesquisadores descobriram que uma empresa evidencia muito além do que se encontra nas demonstrações contábeis. As informações podem estar até nas próprias demonstrações, nas suas entrelinhas. Por exemplo, a doutora Fernanda Rodrigues descobriu que os relatórios de administração das empresas brasileiras com problemas costumam tratar da economia, evitando comentar sobre o seu próprio desempenho.

Mas a evidenciação pode também ocorrer na forma como o executivo pronuncia o seu discurso na assembleia anual ou dá uma declaração. Para aqueles que gostam de uma série, num dos primeiros episódios de Lie to Me, Cal Lightman, um especialista em mentiras, vê um executivo dando uma declaração para televisão. Ao perceber que estava mentido, Lightman manda vender suas ações da empresa do executivo. Este tipo de evidenciação, que ocorre “sem querer”, é a evidenciação Ops. As pesquisas sobre a evidenciação Ops geralmente são muito criativas. Elas procuram descobrir sinais de algo de errado está ocorrendo com uma empresa.

Recentemente dois pesquisadores usaram a localização e o horário das assembleias dos acionistas para verificar se isto estaria dizendo alguma coisa sobre o desempenho da empresa. Em geral as empresas costumam fazer suas assembleias próximas a sua sede. Mas existem casos onde o local é muito distante. Li e Yermack, os dois pesquisadores, descobriram que quando a assembleia muda para um local distante da sede, as empresas tendem anunciar resultados ruins. Analisando mais de 10 mil assembleias anuais, entre 2006 a 2010, os resultados encontrados foram significativos.

A pesquisa também se ateve a atitudes que algumas empresas têm em tentar desencorajar a participação. Isto acontece nas mais diferentes empresas – a Wal-Mart, por exemplo, limitou o tempo total para perguntas em 15 minutos das 4 horas na sua assembleia de 2013 – e as estratégias também são diferentes. A pesquisa descobriu que a participação das assembleias cai quando ocorre em horário pouco usual.

Assim, quando sua empresa marcar uma assembleia para um hotel longe da sede e num horário pouco convencional desconfie. É uma evidenciação ops.


Leia mais; LI, Yuanzhi; YERMACK, David. Evasie Shareholder Meetins. NBER, Working Paper 19991, março de 2014

Manual do mundo: Como economizar água no banho

05 abril 2014

Rir é o melhor remédio


Fato da Semana

Fato da Semana: A grande marca alcançada pela empresa OGX, hoje OGPar, ao divulgar suas demonstrações contábeis nesta semana. A empresa obteve o maior prejuízo da história empresarial brasileira. Parte deste resultado deveu-se as “baixas” contábeis de investimentos ruins realizados no passado.

Qual a Relevância disto? O recorde, por si só, já seria suficiente para colocar a empresa na história. Mas algumas questões são interessantes da parte contábil: qual a razão para que o teste de imparidade não tenha sido realizado – com todos os seus efeitos – antes?;a empresa é viável?; o que fazer com os auditores e seus pareceres?; entre outros aspectos.

O interessante ainda é que os gestores da empresa estão propondo um aumento de 50% na remuneração dos gestores e conselheiros.

Positivo ou negativo? Para contabilidade é negativo. O teste de recuperabilidade deveria representar a amortização no momento do reconhecimento da inviabilidade do investimento. Todos sabiam disto, menos a contabilidade...


Desdobramentos: Como a empresa “limpou” o balanço, nos próximos meses terá mais condições de apresentar resultado positivo. Se obtiver fôlego dos investidores. 

Teste da Semana

Este é um teste para verificar se o leitor está atento ao que foi notícia sobre a contabilidade durante a semana:

1. O Bitcoin, a moeda digital, foi reconhecida pela receita dos EUA como sendo
Ativo financeiro
Ilegal
Moeda
Propriedade

2. O governo, e o leão, modificaram o seguinte conceito para fins de arrecadação
Despesa
Moeda
Receita
Salário

3. Este mês é especial para o blog. Estamos comemorando
8 anos
5 anos
3 anos
1 ano

4. A Bloomberg estimou que este ativo das empresas dos EUA represente atualmente 1,64 trilhão de dólares
Caixa
Estoques
Intangível
Investimentos no exterior

5. Com respeito a questão anterior, a principal empresa é
Apple
General Motors
Google
Wal-Mart

6. O TCU considerou que existe grave lesão ao interesse público o leilão de Três Irmãos, que trata-se
De um parque nacional
De uma praia do nordeste
De uma rodovia
De uma usina hidrelétrica

7. Este produto custa nos Estados Unidos quase 400 dólares. No Brasil sai por 1.700 dólares
Ipad
Iphone
Preço do ingresso para Copa
PS4

8. O recorde de prejuízo de empresas brasileiras foi quebrado esta semana. A empresa que apresentou este desempenho foi
OGPar
Eletrobras
Petrobras
Siderbras

Respostas: (1) Propriedade; (2) Receita; (3) 8 anos; (4) Caixa; (5) Apple; (6) usina hidrelétrica; (7) PS4; (8) OGPar.

Se acertou 7 = Excelente; 6 =Quase lá; 5 e 4 = Médio

Depois do prejuízo recorde, aumento da remuneração...

Em épocas de crise, as empresas costumam adotar uma postura espartana para mostrar que estão preocupadas em voltar aos trilhos. Em janeiro, a japonesa Nintendo anunciou que seu presidente, Satoru Iwata, cortará pela metade o seu salário. O restante dos diretores reduzirá seus ganhos entre 20% e 30%. Isso porque o lucro da Nintendo caiu 30%. O que se poderia esperar, então, da antiga OGX, atual Óleo e Gás Participações (OGPar), que apresentou o maior prejuízo da história do Brasil e está em recuperação judicial?

Após anunciar perdas recordes de R$ 17,430 bilhões, a OGX está propondo justamente o contrário: aumentar em 50% a remuneração total do conselho de administração e da diretoria executiva em 2014. O montante sugerido é de R$ 21,015 milhões, ante os R$ 14 milhões distribuídos em 2013. A cifra ainda precisa ser aprovada pela assembleia geral de acionistas, marcada para 02 de maio.

Melhor que a Petrobras
Três pontos chamam a atenção na proposta. O primeiro é que o valor é mais que o dobro dos R$ 10,2 milhões propostos apenas dois anos atrás, quando a OGX ainda era uma das estrelas da bolsa brasileira, e seu fundador, Eike Batista, circulava nas listas dos homens mais ricos do planeta.

O segundo é que o valor é maior do que aquilo que a Petrobras deve pagar à sua cúpula neste ano: R$ 19,355 milhões, distribuídos entre a diretoria executiva, o conselho de administração e o conselho fiscal. Nunca é demais lembrar que a Petrobras é uma das maiores petroleiras do mundo, e fechou 2013 com uma produção de 2,539 milhões de barris de óleo por dia. O volume é mais do que os 2,3 milhões que a OGX produziu em Tubarão Azul, hoje o seu principal campo, em todo o ano passado. Acrescente-se que, nos comentários que acompanharam o balanço de 2013, a diretoria admitiu a possibilidade de encerrar a produção de Tubarão Azul neste ano, por falta de tecnologia que sustente a exploração.

O terceiro é que os R$ 21 milhões representam praticamente tudo o que a empresa tinha em caixa em dezembro do ano passado - US$ 11 milhões, ou cerca de R$ 26 milhões.

Sem crise

Dos R$ 21 milhões propostos como pagamento pela OGX, o conselho de administração deve ficar com R$ 8 milhões. Em 2012, esse valor foi de apenas R$ 2,2 milhões. Do total, R$ 6 milhões serão pagos aos conselheiros, apenas se o plano de recuperação judicial for aprovado pelos credores - uma negociação que envolve uma dívida total de US$ 5,8 bilhões. Eike Batista candidatou-se para mais um mandato no conselho, como presidente. Seu pai, Eliezer Batista, também pretende se reeleger como vice-presidente na assembleia de 02 de maio. Completam a chapa proposta pela OGX para o conselho, outros cinco candidatos, sendo três independentes.

Já a diretoria executiva pode receber R$ 13 milhões, incluindo pro labore, benefícios, remuneração baseada em ações e bônus vinculados à aprovação do plano de recuperação judicial. Em 2012, quando a empresa ainda não havia mergulhado na crise e era apresentada por Batista como uma “mini Petrobras”, a direção executiva recebeu honorários de R$ 7,8 milhões, além de R$ 200 mil em benefícios.

O balanço da OGX mostra que a empresa queimou bastante caixa no ano passado. Somente do terceiro para o quarto trimestre, quando a empresa já havia pedido proteção da Lei de Falência, colocou os investimentos em banho-maria e demitiu funcionários, US$ 74 milhões saíram do caixa. Parte do resgate da OGX passar por um aporte de capital dos próprios credores, por meio da subscrição de debêntures. Uma primeira injeção de capital, de US$ 125 milhões, foi feita em março. Outros US$ 90 milhões devem entrar no caixa da empresa, quando a recuperação judicial foi aprovada. Pelo menos para a cúpula da OGX, a crise da empresa não é tão grave assim, a ponto de justificar uma certa sobriedade em seus salários. Resta saber se os credores concordarão em lhes dar o aumento.

Márcio JULIBONI - Ex-OGX propõe um aumento de 50% nos ganhos de diretores e conselheiros

Novo livro de Levitt e Dubner

No dia 13 de maio será lançado nos Estados Unidos o livro da trupe Freakonomics, Steven D. Levitt e Stephen J. Dubner, intitulado Think Like a Freak: The Authors of Freakonomics Offer to Retrain Your Brain. A tradução livre é algo como “Pense como um Freak*: Os Autores de Freakonomics se Oferecem para Retreinar o seu Cérebro”.

*É a palavra-chave da “grife” deles então nem imagino como (e se) será traduzido.

Para muitos o twitter está morto, para tantos outros, não. Após divulgar a pré-venda na plataforma, houve um aumento de vendas considerável seguido por um tweet de agradecimento dos autores:


Eles agradecem pois estão em 321 no ranking de vendas. Antes de anunciar o livro a seus "seguidores", estavam na posição 22.243.

Segundo a sinopse, com a marca registrada de misturar análises não convencionais com a forma cativante de contar histórias, os autores nos levam para dentro do seu processo intelectual e nos ensinam a pensar de forma mais produtiva, criativa e racional – ou seja, pensar como um Freak.

Alguns dos passos:

- Primeiro deixe de lado a sua bússola moral – porque é difícil ver um problema claramente se você já decidiu o que fazer em relação a ele.

- Aprenda a dizer “eu não sei” – porque até você conseguir Admir o que você ainda não sabe, é virtualmente impossível que você aprenda o que precisa.

- Pense como uma criança – porque você aparecerá com ideias melhores e fará perguntas melhores;

- Faça um mestrado em incentivos - porque para melhor ou pior, incentivos comandam o mundo;

- Aprenda a persuadir pessoas que não querem ser persuadidas – porque estar certo raramente é o suficiente para seguir o dia;

- Aprenda a apreciar a vantagem de desistir – porque você não poderá resolver os problemas de amanhã se não estiver disposto a abandonar os fracassos de hoje.


No Brasil o livro também estará disponível para download, mas ainda em inglês: por R$ 33,90 na Amazon brasileira (na americana: US$15,29); R$24,99 na Livraria Cultura. Interessante é a Saraiva que está indicando a venda de duas edições (que acredito serem cópias impressas): uma da Harpercollins USA por R$ 57,00 e outra, da Penguin Books UK por R$ 83,50.

Os preços foram pesquisados no dia 3 de abril e devem sofrer alterações.

04 abril 2014

Resultado do Sorteio


Parabéns Ernani! E agradecemos a todos que participaram, especialmente aos que nos ajudaram a divulgar o sorteio.

Clique na imagem para uma qualidade melhor.

Rir é o melhor remédio


Bitcoin é legalmente considerada propriedade


A Receita Federal dos Estados Unidos notificou, conforme noticiado pelo The Guardian, que a Bitcoin, assim como outras criptomoedas, devem ser tratadas como propriedade e não como moeda. Por um lado isso significa que as pessoas que compram Bitcoin e depois a vendem com um lucro estão passivas a taxas menores que estariam em outras circunstâncias.

Por outro será mais difícil usar o Bitcoin como moeda. Gastar Bitcoins em um produto conta como um resgate, então poderá haver um ganho de capital a ser registrado na conta do usuário. Em termos mais simples, se uma Bitcoin comprada por $5 apresenta valor o suficiente para ser utilizada na compra de um PC de $1.000, o cliente teria que declarar e pagar taxas sobre um lucro de $995.

Alguns analistas dizem que isso é preocupante, mas não é o fim do mundo para o Bitcoin como moeda. Todavia, alguns temem isso ser ainda mais nocivo do que inicialmente aparenta.

Adam Levitin, um professor de Direito da Georgetown University, acredita que a regulamentação significa que a Bitcoin nunca poderá ser tratada como fungível. Fungíveis são instrumentos ao portador, valores mobiliários ou bens que sejam equivalentes, substituíveis e intercambiáveis. Commodities como soja ou trigo, ações ordinárias da mesma companhia e moeda corrente são exemplos conhecidos de fungíveis. Por exemplo, o petróleo bruto é fungível - quando um negociador comprar barris de petróleo não se importará com quais barris especificamente estará lidando. Obras primas não são fungíveis porque o trabalho que o negociador receberá importa um bocado.

Levitin explica que, após a decisão da Receita, o preço pelo qual um Bitcoin em particular for adquirido (é rastreável) determina os ganhos de capital daquele Bitcoin quando gasto. Então se eu gastar o Bitcoin A, que eu comprei por $10 e agora vale $400, eu tenho um tratamento tributário muito diferente do que se eu utilizar a Bitcoin B, que eu comprei por $390. Isso significaria que uma Bitcoin não é fungível e, então, se tornaria inviável como moeda. Se eu tiver que adivinhar qual Bitcoin da minha carteira quero gastar e qual será o tratamento tributário, completa o professor, o Bitcoin simplesmente não funciona como um meio comercial de troca.

Na falta de mais esclarecimentos pela Receita, alguns consideraram tolas as afirmações de Levitin. Mesmo às ações e títulos, o arquétipo da propriedade financeira, são permitidas as contabilizações sobre um custo médio base, o que envolve pagar impostos sobre o lucro derivado do preço médio de aquisição do instrumento financeiro. Tal medida, se aplicada à Bitcoin, restauraria a fungibilidade da moeda.

No entanto a Bitcoin é única no sentido de que, mesmo se a contabilização com base em um custo médio não for permitida, poderia ser tecnologicamente forçada. Similar à forma como “tumblers” permitem que os usuários gastem Bitcoins sem serem rastreados ao misturar centenas de Bitcoins na mesma carteira antes de repassar aos comerciantes, é trivial trocar uma Bitcoin por outra.

Um usuário com duas Bitcoins, uma comprada por $5 e a outra por $10, poderia simplesmente entregar ambas ao pagar por um bem que vale uma Bitcoin e receber outra Bitcoim de troco. Isso forçaria tanto a Bitcoin gasta quanto a recebida como troco a serem contabilizadas pelo custo médio de $7,50, já que seria impossível distinguir uma da outra.

O tratamento da Bitcoin como uma propriedade ainda trará alguns efeitos irritantes para aqueles que quiserem utilizá-la como moeda, exigindo uma manutenção de registros muito bem feita e trazendo a perspectiva de ter que incluir a compra de um café na declaração de Imposto de Renda.

Leia mais aqui (em inglês).

Como estudar Contabilidade Financeira

Recebi a seguinte mensagem do leitor Pedro Silva

Tenho lido recentemente seu blog de Contabilidade Financeira e decidi fazer esta pergunta que penso que seja interessante e atrativo para os leitores que chegam pela primeira vez: como estudar contabilidade financeira se você for um aluno universitário? Quais são os métodos e meios mais eficazes?

É muito difícil de responder a esta pergunta. Já li muitas obras, com diversas abordagens. Numa delas, o autor ensina contabilidade a partir da venda de limonada por um grupo de crianças. Isto ajuda a ter uma ideia sobre a criatividade de alguns autores.

Baseado nestas leituras, na evolução da tecnologia e na minha experiência a minha resposta é: depende. Se seu interesse de estudo é como usuário, sendo você um aluno do curso de administração, por exemplo, não vejo motivos para perder muito tempo com o fechamento de um balanço ou lançamentos de eventos contábeis. O principal método é observar o resultado produzido pela contabilidade, ou seja, as demonstrações contábeis. É bem verdade que é importante conhecer como se chega a um balanço, tendo uma noção do débito e crédito. Mas o restante deixe com o contador (e o computador). Neste tipo de interesse, é muito mais relevante a apresentação dos índices de análise de balanço, por exemplo, do que o ajuste de um seguro antecipado.

Se você é um aluno de contabilidade o entendimento do método e fechamento do balanço ainda é importante. Mas neste caso o método mais eficaz é começar do final. Ou seja, estudando as demonstrações contábeis e entendendo para sua utilidade. Além disto, o estudo do usuário e alguns conceitos básicos são relevantes. Depois disto, a escrituração, incluindo ajustes. O estudo deveria concluir com o uso da análise, que na verdade deveria acompanhar todo o processo. Assim, para o melhor aprendizado, é importante que a cada passo exista um vinculo com o uso para decisão. Esta é o método dos livros estrangeiros mais recentes. Mas infelizmente não tem sido esta a abordagem utilizada pelos professores e autores no nosso país.

Por acreditar neste método é que escrevi, em parceria com o professor Tristão, o livro de Contabilidade Básica. Atualmente terminei de revisar um livro de contabilidade geral para o curso de Administração Pública do PNAP. E estou juntamente com a professora Fernanda, terminando um livro de contabilidade básica, que esperamos publicar brevemente.

Atualização: O livro foi publicado e você pode, ainda, acompanhar algumas postagens neste link.

Conceito de Receita

O governo federal alterou o conceito de receita bruta para fins de incidência de impostos e contribuições. A determinação foi estabelecida por meio da Medida Provisória nº 627, publicada em 12 de novembro de 2013, e está prestes a ser transformada em lei.

Ela dispõe sobre as novas regras de apuração dos tributos IRPJ (Imposto de Renda Pessoa Jurídica), CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido), PIS-Pasep (Programa de Integração Social (PIS) e o Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público) e Cofins (Contribuição para Financiamento da Seguridade Social).

Seu objetivo foi adequar a legislação tributária à legislação societária e, assim, estabelecer os ajustes que devem ser efetuados em livro fiscal para a apuração da base cálculo dos tributos.

O que isto muda na vida dos empresários? Muito. Principalmente no cálculo dos tributos federais O conceito de receita bruta para estes tributos agora é único.

Diz o texto da MP que a receita bruta compreende não só o produto da venda de bens nas operações de conta própria e o preço dos serviços prestados, mas, também, o resultado auferido nas operações de conta alheia, as receitas da atividade ou objeto principal da pessoa jurídica e os valores decorrentes dos ajustes a valor presente.

Com isso, diversos dispositivos de que tratam da base de cálculo dos tributos federais (previstos nas Leis 9.249/1995, 9.430/1996, 9.718/1998, 10.637/2002 e 10.833/2003) também foram alterados. O conceito agora é comum a todos.

Antes da publicação da MP, a base de cálculo correspondia ao faturamento e aplicava-se à neutralidade tributária. A MP incluiu à base de cálculo os valores decorrentes do ajuste ao valor presente e às receitas da atividade ou objeto principal da pessoa jurídica

Vamos supor que um determinado grupo econômico é controlado por uma empresa holding. Tipo de empresa que visa participar de outras empresas através da detenção de quotas ou ações do seu capital social, de forma que possa controlá-las.

Neste caso, diante do novo conceito a receita de equivalência patrimonial passa a compor as receitas da atividade e, portanto, haverá a incidência de IRPJ, CSLL, PIS-Pasep e Cofins. O mesmo pode ocorrer com as receitas habituais que não constam do contrato social.

As novas regras estabelecidas pela MP são obrigatórias a partir de 2015, mas o contribuinte poderá optar em aplicá-las no ano-calendário de 2014.

Portanto, resta ao contribuinte aplicar as duas metodologias (a anterior e a atual) para a apuração dos tributos e fazer a melhor opção.


Valdir Amorin, dica de Alexandre Alcantára

Como a cultura de um país impacta na prática contábil?



Pesquisa visa verificar como a cultura de um país impacta na prática contábil. Participe!!

Objetivo: verificar em que extensão as dimensões culturais impactam a prática contábil no Brasil a partir da percepção dos seus operadores.

Público alvo: usuários, professores, profissionais e estudantes de Contabilidade

Para a mensuração das dimensões culturais (individualismo x coletivismo; masculinidade x feminilidade; distância do poder e aversão à incerteza), recorreu-se ao questionário Valued Survery Model 08 (VSM 08) adaptado construído por Hofstede em 2008 na sua versão em português.

Quanto aos valores contábeis, foi utilizado questionário criado e valodado por Chanchani e Willett (2004) e utilizado nas investigações de Almeida e Lisboa (2011) e Karabinar, Canel e Öktem (2012).

Link para responder o questionário: Clique aqui

Via Ideias Contábeis

Listas: Os melhores aeroportos do mundo

1Singapore Changi Airport
2Incheon International Airport
3Munich Airport
4Hong Kong International Airport
5Amsterdam Schiphol Airport
6Tokyo International Airport Haneda
7Beijing Capital International Airport
8Zurich Airport
9Vancouver International Airport
10London Heathrow Airport

Fonte: Aqui

03 abril 2014

8 anos: que as celebrações se iniciem!

Este é um mês especial. No dia 18 de abril o Contabilidade Financeira comemorará 8 anos. Um marco e tanto! Então, celebremos juntos a contabilidade, a conectividade, a oportunidade de podermos dividir e compartilhar nossa linda ciência.

Agradecemos a todos que nos acompanham, utilizam a página para se atualizar sobre finanças e afins, para rir com o 'Rir É O Melhor Remédio', para espairecer no trabalho, enrolar antes de voltar aos estudos (e quem disse que o que fazemo aqui não ajuda a estudar!?), como opção para não ter que assistir Faustão e Big Brother. São todos bem vindos! Agradecemos os e-mails, comentários, curtidas. E comemoremos!!! 8 anos! 

Quer participar ainda mais com a gente? Continue sempre de olho no blog. Além das postagens tradicionais, temos surpresas para vocês.

Hoje, em harmonia com o texto “Pesquisa: O Outiler É Relevante?” sortearmos o famoso livro do Nassim Nicholas Taleb: A Lógica do Cisne Negro.


As regras são as de sempre. Será feio por meio do Contest Machine e, como este é um sorteio relâmpago, durará apenas 24h, ou 50 inscrições, o que chegar primeiro.



Se o widget não aparecer acima, clique aqui para participar.

Boa sorte!

Lembrem-se das regras: Os participantes devem ter 18 anos ou mais. Os prêmios serão enviados pelos autores do blog. Aos autores são reservados direitos de substituir um ou todos os prêmios por outro de valor igual ou superior caso algum prêmio divulgado se torne indisponível. Os sorteados serão notificados por meio do e-mail cadastrado e devem responder em até 3 dias (72 horas) com um endereço de envio de correspondência válido ou estará abrindo mão do prêmio e um novo participante será selecionado. Ao aceitar o prêmio, todos os participantes concordam que os autores do blog poderão postar o seu nome em páginas e textos relacionados a "sorteios anteriores" e em qualquer outro tipo de publicidade sem qualquer compensação ou consideração adicional, a não ser que a lei proíba.


Resumindo: Coloquem nome e sobrenome, assim como um e-mail válido. Respondam ao nosso e-mail de indicação do resultado com os dados postais em até 72h ou escolheremos outro ganhador.
O sorteio ficará ativo até o dia 4 de abril ou até 50 cadastros serem preenchidos, o que chegar primiro.

Será escolhido apenas um vencedor. Divirtam-se e boa sorte! Contabilidade Financeira


Disclosure: O livro foi adquiro pelo blog.

Rir é o melhor remédio

Adaptado daqui

Pesquisa: O Outlier é relevante?

Quando fazemos pesquisas com dados é comum encontrarmos alguma informação bastante diferente das demais. Chamamos de valores extremos ou outliers. Existem várias técnicas para identificar cientificamente um outlier, que o leitor pode encontrar num livro de estatística, como por exemplo, o teste de Mahalanobis.

A grande dúvida para o pesquisador é se deve-se retirar ou não este dado. Ao retirar, os resultados estatísticos geralmente ficam melhores. Isto é um ponto positivo interessante a ser considerado. Mas o conforto pode ser punido por desprezar uma informação que pode ser útil. Os pesquisadores financeiros devem lembrar os valores extremos do comportamento do mercado acionário. Estes valores serviram de alerta para Nassim Taleb, que em lugar de ver “outliers” enxergou um comportamento que poderia levar a decisões ruins.

Além disto, o outlier pode ser a base de uma pesquisa. No passado fiz uma pesquisa com uma orientanda sobre o impacto do trânsito no mercado acionário de São Paulo. Depois de investigar a lentidão do trânsito na cidade de São Paulo, selecionamos os dias onde a informação era outlier. Ou seja, os dias de “muito caos” no trânsito. Com esta informação de outlier, comparamos com os dias de “caos”, ou seja, os dias normais no trânsito de São Paulo. Neste caso, a escolha do outlier era a essência da pesquisa. Sua determinação servia de propósito para verificar os efeitos na situação extrema.

Concluindo, o outlier pode ser uma importante informação para uma pesquisa. Antes de eliminar, verifique se você realmente não consegue aprender um pouco mais com este valor extremo.

Preço dos alimentos em alta, reduz a pobreza e desigualdade





Standard microeconomic methods consistently suggest that, in the short run, higher food prices increase poverty in developing countries. In contrast, macroeconomic models that allow for an agricultural supply response and consequent wage adjustments suggest that the poor ultimately benefit from higher food prices. In this paper we use international data to systematically test the relationship between changes in domestic food prices and changes in poverty. We find robust evidence that in the long run (one to five years) higher food prices reduce poverty and inequality. The magnitudes of these effects vary across specifications and are not precisely estimated, but they are large enough to suggest that the recent increase in global food prices has significantly accelerated the rate of global poverty reduction. The policy implications of these findings are therefore nuanced: short-run social protection is justified in the face of high food price volatility, but passing on higher prices to producers in the long run is an important means of reducing poverty in the poorest countries.

O que é risco sistêmico?

O prémio Nobel da Economia de 2013 Lars Peter Hansen diz que o conhecimento sobre o conceito de "risco sistémico" é "fundamentalmente vago". Por isso defende que desenhar políticas com base nesse conceito "torna esse desenho difícil de fazer em termos de transparência" e de comunicação.

Os economistas ainda têm pouco conhecimento sobre o conceito de “risco sistémico”. Quem o diz é o prémio Nobel da Economia Lars Peter Hansen. O professor da Universidade de Chicago foi um dos oradores do V Congresso da Distribuição Moderna.
“O que é risco sistémico? Essa é uma boa questão. Os economistas não têm boas respostas sobre o que é exactamente isso”, afirmou o economista no seu discurso.

Hansen defende que este conceito surgiu com a crise financeira e foi “muito usado nas discussões de políticaeconómica” mas em termos de modelos formais “há conhecimento limitado sobre o que é”.

O conceito é “fundamentalmente vago”, garante, por isso usá-lo como base para desenhar políticas “torna esse desenho difícil de fazer em termos de transparência” e de comunicação.

OGPar bate recorde

Recentemente divulgamos os maiores lucros e prejuízos de 2013. A lista foi alterada com o prejuízo de 17,4 bilhões da OGPar, conforme notícia do Estado de S Paulo:

A OGPar, novo nome da OGX, petroleira que era controlada por Eike Batista, anunciou nesta terça-feira um prejuízo recorde de R$ 17,4 bilhões no ano passado. Essa é a maior perda registrada no País por uma companhia de capital aberto pelo menos nos últimos 27 anos, segundo levantamento recente da consultoria Economatica.

Até então, o maior prejuízo era creditado ao Banco do Brasil que, em 1996, anunciou perdas de R$ 7,5 bilhões no ano. Em 2013, até a divulgação dos resultados da petroleira, o recorde era da Eletrobrás, que teve prejuízo de R$ 6,29 bilhões.


Como tivemos um longo período inflacionário é muito difícil fazer generalizações no tempo. Além disto, os valores acima não estão corrigidos.

No quarto trimestre do ano passado, a antiga OGX, em recuperação judicial, ficou no vermelho em R$ 9,786 bilhões. No acumulado de 2013, a empresa teve prejuízo de R$ 17,430 bilhões, enquanto o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação) somou R$ 141 milhões. A receita líquida anual chegou a R$ 870 milhões.


Observe como o Ebitda é uma medida enganosa de desempenho. Enquanto a empresa tem um prejuízo de 17 bi, o Ebitda é positivo! Mas existe uma explicação para isto...

Segundo relatório, o resultado em 2013 foi "substancialmente afetado" por provisão para perda de parte dos investimentos realizados nas Bacias de Campos, Santos e Espírito Santo no valor de R$ 8,9 bilhões.


É muito comum quando existe a mudança de gestão ocorrer uma aumento na amortização de ativos, como aconteceu com a empresa.

Também houve impacto negativo causado por despesa decorrente da rescisão dos contratos de afretamento de equipamentos requisitados a OSX no valor de R$ 4,6 bilhões, dos quais R$ 3,5 bilhões deverão ser convertidos em capital, nos termos do Plano de Recuperação Judicial. A empresa cita ainda despesa de R$1,8 bilhão com poços secos e áreas subcomerciais devolvidas; despesas financeiras, sobretudo juros de financiamentos, no valor de R$ 655 milhões; e despesa de variação cambial, de R$1 bilhão.


Muitas destas despesas são expurgadas do Ebitda. Esta é uma informação muito "otimista" da empresa.

Produção. A petrolífera informou também que o campo de Tubarão Azul poderá cessar a produção ainda no ano de 2014, segundo indicam os estudos existentes após testes que foram iniciados na região.

"Durante o período de testes no Campo de Tubarão Azul no mês de fevereiro a produção somou 105,5 mil barris e, mesmo com o início dos testes e de acordo com os estudos existentes, o campo poderá cessar a produção ainda no ano de 2014", disse a empresa no documento.

O campo de Tubarão Azul é emblemático na derrocada do império de Eike Batista. A crise teve início justamente no dia 26 de junho de 2012, quando a OGX informou que a vazão do poço de Tubarão Azul, na Bacia de Campos, seria bem menor do que havia sido prometido.


Observe o tempo entre a amortização e a constatação que o campo não era tão promissor.

No ano passado, a produção do campo foi de 1,6 milhão de barris de petróleo, com média de 4,3 mil barris por dia (bpd), queda "relevante" em relação ao ano anterior, que apresentou média de 9,9 mil barris por dia. Segundo a empresa, a redução ocorreu por causa de problemas operacionais derivados das bombas centrífugas submersas, que ocorreram desde março de 2013 causando o fechamento dos poços por vários meses.

Recuperação judicial. A OGX entrou com pedido de recuperação judicial no fim de outubro do ano passado, em meio à crise de confiança que atingiu a companhia. No fim de 2013, a empresa fechou acordo com os grandes detentores dos títulos da sua dívida bilionária. O acerto previu a injeção de novos recursos por investidores internacionais e a conversão da dívida de US$ 5,8 bilhões em participação acionária.


A decisão de amortização limpa o balanço e tentar reestabelecer a credibilidade da contabilidade, medida essencial neste momento.

Listas: As cidades com Maior Risco de Desastre Natural

10. Teerã - Irã
9. Los Angeles - EUA
8. Xangai - China
7. Kolkata - Índia
6. Nagóia - Japão
5. Jacarta - Indonésia
4. Osaka e Kobe - Japão
3. Delta do rio das Pérolas - China (inclui Hong Kong e Macau)
2. Manila - Filipinas
1. Tóquio e Yokohoma - Japão (fotografia)

Fonte: Aqui

02 abril 2014

Rir é o melhor remédio

Do livro "Un libro ilustrado de malos argumentos"

Resenha: Un libro ilustrado de malos Argumentos

Um dos grandes desafios de uma cientista é evitar as armadilhas do raciocínio e dos argumentos. Quando usamos o argumento de autoridade – por exemplo, citando Pacioli em Contabilidade ou Hicks em Economia – é uma forma de reforçar nossas ideias. Mas o argumento de autoridade deve ser usado apelando para uma autoridade pertinente. Na segunda feira, numa aula sobre inflação e contabilidade, uma aluna usou no seu argumento um livro de contabilidade gerencial. Esta é a típica situação onde usamos uma autoridade “irrelevante”. Outra situação é apelar para a “sabedoria ancestral”. Por exemplo, a astrologia era praticada pelas civilizações ancestrais e, por isto deve ser uma ciência verdadeira.

O livro Un libro ilustrado de malos Argumentos apresenta uma série de argumentos ruins que são usados diariamente nas nossas conversas ou nos textos científicos. O livro possui uma versão inglesa e outra espanhola. Em ambos, em cada folha aparece do lado esquerdo um texto explicativo e do lado direito uma ilustração bem humorada onde a argumentação é apresentada usando animais. Isto torna a leitura agradável e fácil de ser entendida. Ao terminar a leitura fica a impressão que cometemos tantos erros de argumentação.

Vale a pena? Como leitura preliminar é um livro interessante. Além disto, a obra é muito didática e pode ser lida gradualmente.

Se decidir comprar o produto, sugerimos escolher um de nossos parceiros. O blog é afiliado aos seguintes programas:
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SouBarato.com.br


ALMOSSAWI, Ali. Un libro ilustrado de malos Argumentos. Março de 2014, via aqui

Peso das Demonstrações Contábeis

Recentemente a CVM anunciou que está estudando medidas para redução da quantidade de informações disponibilizadas para os investidores. De igual modo, o Iasb também está analisando medidas que possam reduzir as notas explicativas, a principal culpada pelo grande aumento na quantidade de páginas disponibilizadas para os usuários. Aparentemente os órgãos reguladores parecem que desejam que os usuários tenham menos informação.

Mas parece que realmente existe algo errado com as empresas. A possibilidade de divulgar as informações principalmente na rede social reduz enormemente o custo da informação. Além disto, o “Control C, Control V” estimula que as informações que eram relevantes no ano passado sejam reproduzidas este ano. Mais páginas para os analistas lerem.

Dois aspectos devem ser considerados. Em primeiro lugar, o excesso de informação parece que não ajuda muito a qualidade da análise. Algumas pesquisas já mostraram que aumentar a quantidade de informação não significa, necessariamente, melhorar a qualidade da decisão. Em segundo lugar, o aumento dos números de páginas, num mundo com excesso de informação, não significa que as empresas estão atraindo a atenção dos analistas. Muito provavelmente os usuários não irão ler mais páginas sobre a empresa. Isto tem sido objeto de estudo da economia da atenção. Como o tempo do usuário é constante, sua opção é entre ler páginas maçantes de demonstrações contábeis versus curtir fotografias de amigos numa rede social.

Veja o exemplo da Petrobras: sua demonstração financeira padronizadas possui 118 páginas. Mais 75 páginas do relatório de administração, totaliza quase 200 páginas para conhecer o desempenho da empresa no fechamento do ano. Mas isto não é privilegio de uma estatal: as demonstrações do Bradesco contam com 130 páginas do relatório de sustentabilidade e 146 das demonstrações contábeis.

Uma pesquisa recente realizada nos Estados Unidos mostrou que o tamanho do relatório pode indicar mais do que um excesso de informação. Segundo Tim Loughran e Bill McDonald, da Notre Dame, o tamanho da informação contábil pode revelar sobre as perspectivas da empresa. Comparando o tamanho dos relatórios com a volatilidade do mercado, eles descobriram que o tamanho ajuda a entender a volatilidade do mercado. Ter menos informações para analisar faz com que a avaliação da empresa seja feita de forma mais simples e natural.

Leia mais em LOUGHRAN, Tim; MCDONALD, Bill. Measuring Readability in Financial Disclosures. Journal of Finance, 2014. (Uma versão pode ser encontrada aqui. Um resumo menos técnico pode ser encontrado aqui).

Caixa, muito caixa

Uma estimativa feita pela Bloomberg indica que as empresas dos Estados Unidos, exceto as financeiras, possuíam 1,64 trilhão de dólares no final de 2013. Isto representa 12% a mais que o ano anterior, um recorde histórico.

Entre as empresas com maior volume, Apple, Microsoft, Google e Verizon. Ter muito caixa pode ser interessante para uma empresa quando deseja não depender dos empréstimos (e de suas exigências), melhora os índices financeiros, mas atrai investidores ativistas, que tentam forçar a empresa a fazer aquisições arriscadas ou distribuir dividendos.

Mas parte do grande volume de recursos decorre da escolha destas empresas em manter seus recursos líquidos em países com carga tributária reduzida. A mesma Bloomberg informa que o volume de dinheiro das empresas dos EUA fora do país é de 1,95 trilhão, um aumento de quase 12% em relação ao ano passado.

Menos Caixa, menos crime

Uma pesquisa conduzida por uma equipe de economistas e criminologistas mostrou existir uma relação entre dinheiro e crime. Partindo da ideia de que a quantidade de dinheiro em circulação nas ruas é um convite para os criminosos, os pesquisadores procuraram relacionar as duas variáveis. A oportunidade surgiu quando o estado do Missouri adotou um programa de pagamento através de transferência eletrônica através de cartões de débito. A adoção desta forma de pagamento provocou um impacto negativo na taxa de crimes como roubos e assaltos em 9,8%. O programa também afetou o número de prisões, mas não teve efeito sobre os estupros. 

Listas: Países que mais usam "no worries"

A expressão "no worries" está tomando conta da língua inglesa. Os países que mais usam são Malásia, Cingapura e Austrália.

01 abril 2014

Rir é o melhor remédio


Política e Negócios

A discussão recente sobre as péssimas decisões de investimento da Petrobras mostram a estreita ligação entre a política e os negócios. Mas isto não ocorre somente nas empresas do Estado. Este vínculo ficou claro na ascensão e queda do empresário Eike Batista, que se aproveitou dos financiamentos do governo para expandir seus empreendimentos. Talvez não seja exagero em afirmar: “olhe com atenção uma empresa de sucesso no Brasil e você irá enxergar a política (e os políticos) ajudando seu desempenho”.

No Brasil estamos acostumados a ver nitidamente a relação da política (e dos políticos) com o crescimento de empresas. Mas isto não é privilegio nosso. Em 2001, Ray Fisman estudou a conexão existente entre as empresas da Indonésia e o governo local. De 1967 a 1998 mandou no país o presidente Suharto. Durante três décadas, Suharto comandou o país de maneira centralizadora e ditatorial, reprimindo os dissidentes e separatistas. Sob seu comando, a Indonésia apresentou um elevado nível de crescimento. Suharto também enriqueceu pessoalmente, “tendo criado um pequeno círculo de privilegiados” através de monopólios estatais e subsídios.

Fisman observou que quando a vida de Suharto estava em perigo, o valor das empresas próximas dele e de sua família apresentava queda no valor das ações. A razão é simples: provavelmente estas empresas perderiam o acesso ao poder e suas vantagens. Isto recebe a denominação de “crony capitalism” ou capitalismo de compadrio. Este tipo de capitalismo apresenta uma estreita relação entre os negócios e os políticos de um país.

Tudo leva a crer que o capitalismo de compadrio é mais forte nos países mais corruptos e onde a participação do estado na economia é mais efetiva. Mas o capitalismo de compadrio também existe em países desenvolvidos. Uma pesquisa conduzida por pesquisadores estadunidenses mostrou que isto também ocorre nos países desenvolvidos. Para isto, eles usaram a nomeação de Timothy Geithner como secretário do tesouro do governo de Obama. Geithner possuía uma série de conexões com grandes empresas, como o Citigroup. O resultado foi que a ações destas empresas responderam de maneira positiva à nomeação de Geithner. Ou seja, o estudo indicou que as conexões com o poder foram consideradas pelos investidores como um ponto positivo para estas empresas. Exatamente como se espera no capitalismo de compadrio. Exatamente como num “país subdesenvolvido”.

Para ler mais:
Acemoglu, D, S Johnson, A Kermani, J Kwak, and T Mitton, (2013), “The value of political connections in turbulent times: evidence from the US”, National Bureau of Economic Research working paper 19701, December.

Links em inglês que valem a pena

- Em um déjà vu da defesa da Enron “se há crime corporativo, a culpa é da contabilidade”, a MF Global (postamos sobre ela em 2012) está processando a PwC alegando que negligencias contábeis cooperaram para a falência da corretora.

- A Hasbro convidou o público para sugerir novas normas para o jogo de tabuleiro Banco Imobiliário e as regras mais populares se tornarão oficiais. Na chamada, as sugestões são bem insípidas (mães podem ser liberadas da prisão, só é permitido começar a comprar propriedades após a primeira rodada, bla bla) então a The Economist está incentivando seus leitores a apimentarem as sugestões em um espírito que reflita “a realidade de se negociar nos dias de hoje”.

- Uma publicação do conglomerado HSBC em parceria com a PwC para investir no Brasil. O propósito da publicação é “fornecer a investidores estrangeiros uma visão mais ampla do atual ambiente econômico, legal e administrativo a serem enfrentados quando se negociando com o Brasil”.

- Como o Twitter mudou nos últimos anos apresentado em 12 gráficos. “Responder está morrendo, retweeting está em alta, a América do Norte não é mais a maioria, mas a língua inglesa sim”.

Leilão: Sucesso do Sucesso

O tema da discórdia de hoje? Concessão. Discorra sobre o assunto sem maldizer o Partido dos Trabalhadores utilizar os termos "a culpa é do governo", "ano de eleição é assim", "privatização mudou de nome". Bem. Eu não faria isso com os meus alunos e não farei com você, querido leitor. Então vamos afrouxar as regras e começar a postagem.

Antes vamos nos situar. O portal G1 Economia relembrou bem que:
O plano para reduzir as contas de luz entrou em prática em janeiro de 2013 e gerou corte médio de 20% nas tarifas de energia. Para chegar a esse resultado, uma das medidas adotadas pelo governo foi oferecer a renovação de todas as concessões de geração e transmissão de energia que vencessem até 2017. 
Em troca da renovação, as empresas aceitariam receber valores mais baixos pela operação desses empreendimentos, levando, assim, ao barateamento da produção e transporte da energia. 
Como Cesp, Copel e Cemig não aderiram ao plano, o governo pretende levar os empreendimentos administrados por elas a novo leilão. Três Irmãos é a primeira hidrelétrica a ser relicitada pelo governo federal entre esses empreendimentos.
Sobre o leilão da Cesp, saiu no Estado de São Paulo que:
Classificado de "sucesso do sucesso", o leilão da usina hidrelétrica de Três Irmãos [...] pode ser uma amostra do pouco apetite dos investidores, após a aprovação da nova regulamentação federal para a energia elétrica.
Houve apenas uma oferta, que saiu vencedora com uma proposta quase sem deságio. A proposta reduziu em R$ 0,87 o teto de receita anual proposto pelo governo para a licitação, que era de R$ 31.623.036,87. 
Especialistas dizem que, dado o grau de insegurança regulatória e de descapitalização que se instalou após o pacote do setor elétrico, esse desempenho era esperado. Antes do leilão de Três Irmãos, eles já informavam que a tendência era haver poucos participantes. 
E, havendo, o mais provável é que esses seriam de dois tipos: empresas ligadas ao governo federal e empresas privadas com pouca experiência, que cobrariam caro para cobrir o risco elevado envolvido no negócio.
Pouco tempo depois (pouco tempo menos, tipo horas depois de finalizado o certame) o Triunal de Contas da União (TCU) impediu a assinatura do contrato para poder avaliar o modelo de licitação. Isso porque não incluiram a operação do canal de navegação e as eclusas da Usina! As eclusas (imagem abaixo) são como degraus para os navios e, assim, permitem que embarcações subam ou desçam os rios ou mares em locais onde há desníveis. Então, por ser uma via de transporte, o Ministério de Minas e Energia achou válido não incluir no edital da licitação. Bacana, não?


O interessante é que a diretora de novos negócios de Furnas, Olga Simbalista, atribui a falta de concorrentes no leilão exatamente devido ao fato de não terem incluído as eclusas e a operação do canal de navegação... Então foi um sucesso pra quem? Pra Furnas? Para os consumidores? Para o governo?

O Valor acrescentou que, segundo o ministro do TCU, há “receio de grave lesão ao interesse público, diante da indefinição de quem ficará responsável pela operação e manutenção das eclusas e do canal Pereira Barreto, a partir de quando fazendo jus a que remuneração”. Ainda bem que alguem está receoso. Nos conforta.

Esse "novo modelo" foi definido há algum tempo e já se falava dele há mais tempo ainda. A Cesp, atual operadora da Três Irmãos, foi uma das empresas que não aderiu ao programa de renovação antecipada das concessões (a Eletrobras aderiu e culpou a isso o prejuízo também em 2013). Começa o jogo dos leilões. Há de se esperar muito sucesso este ano.

No fim das contas o diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Romário de Oliveira Batista, falou que o Ministério dos Transportes se mostrou disposto (interessante a escolha de palavras... "disposto") a contribuir para a definição do papel das empresas nesses ativos, algo que deveria ter sido feito antes da licitação. 
Segundo o portal Exame a fala foi:
"O Ministério dos Transportes se colocou a disposição para contribuir para essa redefinição de papeis, porque você sai de um único concessionário que faz os dois serviços, para dois", disse [Romário de Oliveira Batista].
Apesar da pesquisa, ainda não descobrimos (piscadinha) quem classificou o leilão como "sucesso do sucesso", mas acreditamos ter sido uma observação irônica.

Listas: As mais lucrativas e os maiores prejuízos

Os maiores lucros:
Os maiores prejuízos:
P.S. A tabela ficou desatualizada com o prejuízo da OGPar de 17,4 bilhões (divulgado em abril)

Discursos



"Todos os discursos são tolices quando ditos por pessoa sem brilho. Seriam palavras deliciosas se fossem ditos por gente ilustre."

Molière via Blog da Dad

O Beijo


A fotografia mostra o exato momento que dois caracóis se beijam em cima de cerejas. Foi tirada por Vyacheslav Mischenko, na Ucrânia. "Eles podiam ser vistos se inclinando em direção ao outro, em uma tentativa desesperada para beijar"