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20 fevereiro 2013

Rir é o melhor remédio

Pobre e o rico

Privatização

Logo no início do livro Privatize Já (CONSTANTINO, Rodrigo. Privatize Já. São Paulo: Leya, 2012) uma citação de Milton Friedman: “se colocarem o governo federal para administrar o deserto do Saara, em cinco anos faltará areia”. A obra de Rodrigo Constantino defende as vantagens da iniciativa privada, em detrimento da participação do estado na economia. O autor faz uma aposta: nos próximos cinco anos, os países que mais diminuírem a presença do estado irão avançar mais do que os países que mais aumentarem. Ou seja, ele acredita naquilo que escreve.

O livro está dividido em cinco partes. Na primeira, o autor aponta as vantagens da privatização, usando exemplos de diversos países. A seguir, uma discussão sobre como a privatização melhorou a vida no nosso país. A análise passa por diferentes setores que experimentaram o processo, como a telefonia e a mineração. Com muitos dados de emprego, crescimento da receita, prestação de serviço, entre outros, Constantino mostra que o processo de privatização realizado na década de noventa foi um sucesso. Na terceira parte, o autor afirma que os setores onde o estado ainda atua – correios, petróleo, bancos, por exemplo – podem ganhar eficiência se as atividades fossem executadas pela iniciativa privada. A quarta parte defende que muitas atividades que são executadas pelo governo teriam mais resultado se uma empresa fosse responsável. É o caso, por exemplo, da exploração espacial. A última parte é uma discussão sobre a posição política do partido governista.

A leitura do livro é fácil e agradável. Os argumentos apresentados são baseados em fatos. Num país onde os políticos têm medo de afirmar que defendem a iniciativa privada e muitos mamam nas tetas do governo, é um livro necessário. É bem verdade que a obra seria melhor se tivesse umas cem páginas a menos. Vale a pena? Vale.

Origem dos membros do CPC

Em 2010 uma aluna de graduação pesquisou a origem dos membros do CPC. A conclusão foi que não existe um equilíbrio geográfico mínimo. Mais de dois anos depois, mesmo com algumas mudanças ocorridas no CPC, esta entidade continua tendo uma grande concentração de membros originários do estado de São Paulo.

São Paulo é responsável por um terço da produção da economia brasileira. Assim, é natural que seja uma voz preponderante nas entidades reguladoras, como é o caso do CPC. O problema é que um terço da economia possui 83% dos assentos desta entidade. Este é o resultado de um novo levantamento, realizado por uma aluna de graduação da UnB, Alana Alice da Cruz Silva.

Parte desta concentração pode ser justificada pelo fato de que algumas entidades que possuem assento cativo no CPC são exclusivamente paulistas. É o caso da Fipecafi. Mas outras entidades, que possuem sedes ou filiais em diferentes estados, indicam paulistas para fazer parte da entidade. Isto ocorre com a Apimec (presente no DF, MG, NE, RJ e Sul).

Obviamente não se defende um CPC com um representante de cada estado. Nós sabemos, pelo teorema de Arrow , da impossibilidade de se ter uma opinião que seja consensual em entidades como esta. Mas como dito em 2010:

Quais as implicações deste fato? O que deveria garantir a legitimidade do CPC é a qualidade do seu trabalho. E neste ponto, acredito que devemos reconhecer que o trabalho que está sendo realizado está acima de qualquer suspeita. Mas será que as características econômicas regionais não irão cobrar uma maior diversidade do CPC no futuro?

Heinz: FBI investiga informações privilegiadas


O FBI está investigando possíveis negociações com informações privilegiadas de opções da fabricante de ketchup H. J. Heinz antes de a empresa firmar acordo na semana passada para ser adquirida por Warren Buffett e pela brasileira 3G Capital, disse um porta-voz do órgão nesta terça-feira.

A Berkshire Hathaway, de Buffett, e a 3G disseram na quinta-feira passada que vão comprar a Heinz por 23 bilhões de dólares em dinheiro. Quase imediatamente, operadores dos mercados de opções notaram que houve atividade extremamente incomum no dia antes de o acordo ser anunciado.

Na sexta-feira, a Securities and Exchange Commission (SEC) --órgão regulador dos mercados de capitais norte-americanos-- registrou um processo contra operadores desconhecidos que, segundo a SEC, utilizaram uma conta do Goldman Sachs na Suíça para negociar com supostas informações privilegiadas sobre a transação.

Nesta terça-feira, o FBI disse que vai participar do processo.

"O FBI está ciente das anomalias com negociações que ocorreram um dia antes do anúncio da Heinz", disse um porta-voz. "O FBI está realizando consultas com a SEC para determinar se um crime foi cometido".

Uma porta-voz do grupo de investidores recusou-se a comentar sobre o envolvimento do FBI. Um porta-voz do Goldman Sachs disse que o banco está cooperando com as investigações de autoridades.

Autoridades suíças já disseram que não receberam pedido de auxílio às investigações norte-americanas.

Fonte: Aqui

Escritórios mais caros do mundo

Louis Vuitton offices - London
Londres superou Hong Kong por estreita margem e voltou a ser a cidade com os escritórios mais caros do mundo, enquanto a Zona Sul do Rio de Janeiro saltou do oitavo para o terceiro lugar, segundo um relatório da consultoria imobiliária global Cushman & Wakefield.

É a primeira vez desde 2008 que a capital britânica lidera esse ranking. A escassez de bons imóveis comerciais para alugar fez com que os preços subissem 2% no West End londrino, o que bastou para ultrapassar os preços de Hong Kong, segundo o relatório divulgado nesta terça-feira. A consultoria previu que os preços no West End continuarão subindo, refletindo a melhora econômica.

O valor médio de locação comercial em Londres é atualmente de 2.137 euros por metro quadrado, mais do que o dobro dos valores em Paris, Nova York e Moscou. No caso da zona sul carioca, os preços subiram 43% em relação ao ano passado, disse o relatório.

Globalmente, o valor de locação de espaços comerciais qualificados subiu 3 por cento, num movimento puxado em grande parte pela América do Sul, especialmente por Brasil e Colômbia. Muitos outros mercados continuarão se ressentindo das incertezas econômicas.

"Portos seguros ou cidades-portais, como Londres, Hong Kong e Nova York, continuam a colher aluguéis elevados, apesar das condições econômicas incertas, já que continuam sendo mercados cruciais nos quais fazer negócios; ao mesmo tempo, o crescimento populacional levou a um aumento nos custos de ocupação em mercados emergentes da América do Sul e Ásia", disse em nota o presidente e executivo-chefe da Cushman & Wakefield, Glenn Rufrano.

Os demais lugares na lista são os seguintes (entre parênteses, a colocação no ranking anterior):

4º. (5º.) - Connaught Place, Nova Délhi, Índia

5º. (3º.) - Bairro financeiro de Tóquio, Japão

6º. (4º.) - Bairro financeiro de Moscou, Rússia

7º. (6º.) - Bairro financeiro de Pequim, China

8º. (7º.) - Midtown de Manhattan, Quinta Avenida e avenida Madison, Nova York, Estados Unidos

9º. (9º.) - Bairro financeiro de Sydney, Austrália

10º. (10º.) - Bairro financeiro de Paris, França


Fonte: Aqui

Por que mais países não são comandados por economistas?

One of the main tasks of any modern government is to oversee a country’s economy. And yet, a great many nations are run by people with little or no economic expertise. Why is that?

The first is that in many older, established democracies, most prime ministers and finance ministers don’t have much training in economics. Central bankers, for their part, typically tend to have more expertise, but even here, there aren’t nearly as many PhDs as you’d expect.


One notable finding here is that countries in the euro zone are least likely to have prime ministers with economics degrees. “We had presumed that membership in an economic union, in particular the Eurozone, would increase the demand for more competent economic policymakers,” Hallerberg and Wehner write in an accompanying VoxEu essay. Not so.
On the other hand, the authors discovered that newer, younger democracies like Slovenia are much more likely to slot economists into positions of power — presumably because this is their way of reassuring markets and investors after a period of instability.
Now, there’s a key exception here: Countries of all types tend to turn to economists during financial crises. The authors found that “the appointment of an economics PhD as a central bank president is 22 percentage points more likely during a banking crisis.” That’s not too surprising, though it’s possible that some of this is about signaling. The paper finds that left-wing governments are much more likely to turn to formula-wielding technocrats in crises, perhaps as a way of appeasing nervous investors.
In any case, the paper doesn’t say much about whether having economists run a country actually leads to better outcomes. It’s possible that they don’t! In their VoxEU essay, the Hallerberg and Wehner note that “it is not a priori clear that technical competence in itself is a desirable trait.” After all, most governments are already staffed with thousands of trained economists. It might be far more important for a leader to be a competent manager with political savvy than to have a lot of technical expertise.
Fonte: aqui

19 fevereiro 2013

Alchian

Faleceu o economista Armen Alchian. Sua grande contribuição foram estudos sobre "direitos de propriedade". Fundamental para entender a economia moderna.

Rir é o melhor remédio

Mídia social:

FAQs sobre Compras de Empresas


Quase toda semana a imprensa econômica anuncia uma grande operação de aquisição de uma empresa. Através das operações realizadas no passado é possível responder a algumas questões sobre este assunto.

Quem ganha numa operação de Aquisição?
Apesar o grande otimismo dos compradores, os maiores ganhadores são os acionistas das empresas adquiridas. Uma análise da cotação das ações das duas empresas, antes e depois da operação, mostra que o preço pago é geralmente maior que o preço de negociação e que as ações das empresas compradora sofrem queda no valor de mercado. Este comportamento ocorre tanto no curto prazo como no longo prazo.

A empresa compradora pode ganhar numa Aquisição?
O que foi dito na resposta anterior diz respeito a uma média de operações, conforme estudos realizados em diversos países. Obviamente que algumas operações – uma minoria – podem trazer vantagens para os compradores.

O que é sinergia?
Na justificativa para a operação, os compradores apressam em usar este termo, originário da teoria de sistemas, de Von Bertalanffy. Refere-se ao fato de que uma união entre as partes pode produzir um resultado maior que aquele que seria obtido separadamente. Assim, os “ganhos sinérgicos” dizem respeito ao resultado adicional pela existência da aquisição. Na maioria dos casos a sinergia é uma ilusão.

Será que o mercado, sabendo da história de acordos ruins, não é pessimista demais? Ou seja, o mercado não reagiria de maneira pessimista demais?
A princípio a resposta seria que sim. Mas tem-se verificado que o mercado não é pessimista como se poderia acreditar. A análise das transações no longo prazo tem-se revelado que os compradores continuam pagando mais do que deviam. Mas é importante salientar que este tipo de análise é muito difícil: seria necessário isolar a aquisição de outras variáveis que ocorreram posteriormente.

Quando se compara com outras estratégias de crescimento, a aquisição não seria a melhor delas?
Uma empresa pode crescer conquistando mercado, investindo em novos produtos, entre outras possibilidades. A aquisição é uma das estratégias disponíveis. Algumas pesquisas mostraram que desenvolver novos produtos pode ser melhor do que comprar uma empresa. Novamente aqui temos que ressaltar a dificuldade de fazer este tipo de comparação.
A maioria das pesquisas foi realizada em mercados desenvolvidos. Os mercados emergentes não seriam uma exceção?
É verdade que a maioria das pesquisas referente a aquisição foram realizadas nos mercados desenvolvidos. Mas a experiência mostra que o mesmo padrão ocorre também nos mercados emergentes. Existem casos notórios – a empresa brasileira JBS é um exemplo; além disto, as motivações para aquisição transcendem ao tipo de mercado.
Qual a razão das empresas continuarem adquirindo outras empresas?
Existem diversas explicações para a persistência no erro: fatores psicológicos, processo decisório, falta de governança corporativa, incentivos perversos, conflito de interesses e erros de cálculo.
Como um erro de cálculo pode influenciar na decisão?
A aquisição deve estar focada no futuro dos negócios. Muitas vezes quem faz a análise técnica não tem preparo suficiente e comete erros grosseiros. Um exemplo seria o uso do custo do capital ponderado pelos valores históricos.  Nestas situações, o peso do patrimônio líquido tende a ser menor; mas acontece que o capital próprio possui um custo maior que o capital de terceiros. Em outras palavras, o custo do capital termina sendo menor do que o correto, aumentando o valor da empresa.

Como o processo decisório pode fazer com que as empresas compradoras tomem decisões ruins?
Segundo Damodaran, provavelmente a decisão é feita pelo executivo principal. E depois a equipe técnica é solicitada para preparar os relatórios para justificar a transação. Isto ocorreu com a compra da Autonomy pela HP, um negócio que se mostrou algo horrível.

Qual o papel dos aspectos psicológicos nisto tudo?
Um dos motivos que fazem com que o executivo tome a decisão de maneira isolada é o excesso de confiança. Esta questão já foi observada em estudos empíricos na área de finanças comportamentais: as pessoas são muito confiantes nas suas habilidades e decisões.

Como é possível evitar que o administrador tome tantas decisões ruins de aquisição?
Alguns poderiam pensar que a melhoria na governança corporativa seria o remédio. Entretanto, mesmo empresas com boa governança estão no rol daqueles que comentem erros em aquisição. É o caso da HP, por exemplo. Talvez a solução esteja nos incentivos aos gestores: punindo as decisões ruins.

E os conflitos de interesses? Como eles agem para promover decisões ruins?
Em muitos processos de aquisição a empresa contrata consultores para ajudar no acordo. Estes consultores geralmente recebem por hora contratada, mas podem aumentar seus ganhos se o negócio é fechado. Assim, as empresas que deveriam ajudar com bons conselhos recebem um grande incentivo para dar único conselho: compre.

Qual o efeito contábil das decisões erradas de aquisição?
A empresa compradora irá registrar o ágio pago na aquisição. O problema é que na maioria dos casos o valor desembolsado é muito acima do que seria razoável: os negócios são transacionados por um preço superestimado, como comentamos anteriormente. Mas existe uma forma de resolver isto: o teste de recuperabilidade (denominado de impairment) permite que ao final de cada exercício a empresa possa amortizar o valor em excesso.

O ágio pago é realmente amortizado?
Dificilmente. Uma grande amortização contábil irá depender de negociação interna na empresa. Dificilmente o contador irá fazer uma amortização sem a autorização do presidente da empresa. Mas, como comentamos anteriormente, foi este presidente de precipitou a compra errônea. E ele dificilmente irá permitir que parte do ágio fosse amortizada. Isto geralmente ocorre quando a empresa se livra do presidente de tomou a decisão ruim. 

Suspense na Big Four

O mercado de auditoria britânico, assim como da maioria dos países capitalistas desenvolvidos, é dominado pelas quatro grandes empresas - denominadas de Big Four. Uma Comissão de Concorrência, a partir de uma provocação da Câmara dos Lordes, deverá divulgar seus resultados esta semana, informou o The Guardian. A comissão começou sua investigação em 2011 e pode verificar que o mercado de auditoria é um oligopólio.

Para complicar, existem os pareceres limpos que as auditorias deram para empresas problemáticas. Isto irritou os contribuintes e promoveu o apoio a medida do legislativo.

Investindo em maconha

BRENDAN KENNEDY received an engineering degree, started a software firm and sold its assets to Boeing, studied for a Yale MBA and then joined a Silicon Valley bank reviewing new-business proposals. His latest venture takes a sharp turn off the beaten path. Mr Kennedy has become an investor in the marijuana business.

[...]The second is that despite its heft, the cannabis industry operates like, well, a grass-roots movement. The drug’s legal status is messy: although medical marijuana is legal in 18 states and in the District of Columbia, cannabis is illegal elsewhere in America. For social reasons, too, the industry is unfinanceable through normal channels. People in the business lack expertise in everything from branding to staffing.
Data are scarce. Formal benchmarks for quality, such as tests for the presence of contaminants including mould, mildew and pesticides, do not exist. Neither do proper classifications for the different varieties of the drug. Thousands of strains of cannabis can be grown, many with odd names like Apollo 11, Sour Kush, Broke Diesel and the less-than-mellow Chernobyl. Characteristics vary, too. Some strains depress; some stimulate; some suppress nausea, a key reason why marijuana is used by cancer patients undergoing chemotherapy. Consumers cannot compare what is legally produced in California with what is legally produced in Colorado— to say nothing of what is illegally sold in New York’s Washington Square Park (where a small army of salesmen all have the same patter: “Smoke. The good stuff”).
At first, Mr Kennedy wanted to create a cannabis-focused venture-capital fund but concerns about legal liabilities, as well as a desire to take majority stakes in portfolio firms, led him and a few partners to set up a different sort of fund, called Privateer Holdings. Its first investment is a website, Leafly, which offers user reviews on dispensaries and varieties of cannabis. An app was created for both Android and iPhones and there are now 50,000 downloads a month (for the forgetful, the password hint is “favourite strain”). Work is proceeding on how to add information on things like each variety’s content of tetrahydrocannabinol (THC), the active chemical in cannabis.
Mr Kennedy says Privateer has received over 200 investor pitches since November: potential acquisitions include a testing lab and a clothing company. The fund is now raising another $7m privately, and a public offering is possible once the Securities and Exchange Commission finalises new rules on “crowd-sourced funding” and small public flotations. That will write a new chapter in the story of high finance.

Por que Lemann precisa do BNDES?


A oferta de aquisição, junto com Warren Buffett, da multinacional americana de alimentos Heinz (conhecida pela tradicionalíssima marca de ketchup do mesmo nome) pela 3G Capital coloca em destaque os três bilionários brasileiros – Jorge Paulo Lemann, Marcelo Telles e Carlos Sicupira – que podem ser considerados os maiores símbolos nacionais do capitalismo liberal, desimpedido e agressivo. Desde o início da sua carreira, Lemann, ex-campeão de tênis (e também um dos pioneiros do surf no Brasil, detalhe menos conhecido), tornou-se conhecido, e até cultuado, como um visionário empreendedor, que aplica na prática, e com feroz zelo, as leis de mercado pregadas por Adam Smith e que contribuem mais para geração de riqueza para os indivíduos e para as nações do que qualquer outro sistema econômico.
A história dos bilionários brasileiros da 3G Capital é bem conhecida. Do ultra agressivo e competitivo (inclusive internamente) Banco Garantia, fundado no início da década de 70 e posteriormente vendido ao Credit Suisse, às aquisições espetaculares das Lojas Americanas e da Brahma, à fusão desta com a Antarctica na AmBev, e à posterior formação da Inbev (hoje Anheuser-Busch InBev), maior grupo de bebidas do mundo, com a fusão com a belga Interbrew.
Nos Estados Unidos, o trio esteve à frente da aquisição da Anheuser-Busch, fabricante da conhecidíssima cerveja Budweiser, pela InBev; da aquisição da empresa ferroviária CSX (a maior do Leste dos Estados Unidos); e, agora, a aquisição conjunta, por US$ 28 bilhões, da Heinz. Essas são, claro, apenas algumas das operações mais conhecidas dos três bilionários.
[...]Mas o economista acha irônico que o trio de bilionários brasileiros, que é uma aula viva sobre o funcionamento e as vantagens do capitalismo liberal, aja em solo pátrio exatamente como o grosso dos grandes grupos nacionais, buscando todas as oportunidades de usufruir de financiamentos públicos subsidiados.
“Apesar de eles não precisarem de governo, como mostra esta operação da Heinz, aqui no Brasil eles têm vários empréstimos com o BNDES”, diz Almeida. Segundo o economista, entre os dez maiores emprestadores do BNDES em 2011, na categoria que inclui indústria e varejo, constam três empresas ligadas ao trio de bilionários: a AmBev, as Lojas Americanas e a B2W, resultado da fusão da Americanas.com com o Submarino. O total de créditos do BNDES às três em 2011, de acordo com Almeida, é de pouco mais de R$ 3 bilhões.

[...]Esses são os melhores capitalistas brasileiros, um exemplo, e se dão muito bem lá fora, inclusive conseguem entrar no mercado americano, o mais competitivo do mundo, e comprar empresas e marcas históricas. Por que aqui dentro do Brasil eles precisam do BNDES?”, indaga Almeida.
Ele ressalva que não se trata de uma crítica particularista, aos três sócios da 3G. Afinal, como raciocina o economista, se há o dinheiro barato do governo, disponível, seria “burrice” por parte de três águias como Lemann, Telles e Sicupira se não o pegassem. E ele nota que a prática, obviamente, não se limita aos três. Outro sensacional homem de negócios e financista brasileiro, o jovem André Esteves, do BTG Pactual, também se aliou ao governo, entrando junto com a Caixa Econômica no banco PanAmericano. A própria Vale privatizada, uma potência internacional, também é grande usuária dos recursos do BNDES.
Essa absorção de financiamento público por parte de alguns dos mais audazes e competitivos capitalistas do mundo ocorre, continua Almeida, num momento de extraordinária expansão do BNDES. Os empréstimos do Tesouro para os bancos públicos saíram de R$ 14 bilhões, ou 0,5% do PIB, no final de 2007, para R$ 406 bilhões, ou 9,22% do PIB, ao fim de 2012. Ele nota que o salto de 8,7 pontos porcentuais do PIB é maior do que os dois grandes programas
americanos de saneamento financeiro e reativação da economia (respectivamente, de George W. Bush e de Barack Obama), lançados para tirar o país do abismo da crise financeira global.
Juntos, eles somam 8,4% do PIB norte-americano.
Fonte: aqui