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03 março 2012

Comentários sobre comentários

Isso não acontece por aqui. Mas posto pois achei divina a prosa de Antônio Prata:

Eu conheci o Vitor num revéillon em Picinguaba, lá por 2003. Ele me emprestou uns pés de pato, ou eu emprestei pra ele, já não me lembro bem. Sei que ele era gente fina e que nunca mais nos vimos. Mas, semana passada, depois de todos esses anos, ele me escreveu, para dar uma bronca. Disse que acha mal educado eu não responder aos comentários dos leitores, aqui neste blog. Pô, a pessoa se dá ao trabalho de ler, escrever elogiando ou criticando e eu nem tchuns?

O problema, meu (s) caro (s), é o contrário: eu tchuns. E como me conheço, sei que, se começar a comentar os comentários, em breve não vou mais conseguir escrever uma única crônica, pois passarei o tempo todo aqui, de papo pro ar, conversando. Já é uma luta não entrar 243 vezes por dia no twitter e no Facebook. Uma luta não ficar toda hora checando a caixa de entrada, apertando send/receive ou F5, em busca de alguma novidadezinha social.

Agradeço imensamente a todos os que elogiam ou criticam -- desde que não me chamem de babaca, imbecil e cretino, como sói acontecer, infelizmente, mais de uma vez por dia, para meu eterno espanto. Em 99% dos casos, eu leio os comentários e fico contente, fico sabendo o que agrada e o que desagrada e isso ajuda muito no meu trabalho. Mas, feliz ou infelizmente, o trabalho tem que ser feito, por isso entro mudo e saio calado destas – quase sempre – gentis opiniões sobre meus textos. Espero que entendam.

E Vitor, te agradeço pelo e-mail e pelos pés de pato, caso tenha sido você a emprestar-me, e não o contrário.

02 março 2012

Rir é o melhor remédio

Fonte: New Yorker

Cannabis para a crise


Outro destaque interessante do Sílvio Guedes Crespo para o Radar Econômico:


Rasquera, um vilarejo com cerca de 900 habitantes na região da Catalunha, Espanha, incluiu no seu Plano de Ação Municipal Anticrise 2012 a proposta de alugar terrenos públicos para plantação de Cannabis, da qual se produz a maconha.

O plano estava previsto para ser votado nesta quarta-feira. O resultado ainda não foi divulgado oficialmente, mas o jornal “El País” afirmou que tanto o prefeito como a oposição eram favoráveis à medida.

A proposta foi uma iniciativa da Associação Barcelonesa Cannábica de Autoconsumo (ABCAC), uma entidade que reúne “usuários de Cannabis de autocultivo com finalidade lúdica e terapêutica”. O objetivo da instituição é “proteger os consumidores ante o mercado negro, a criminalização e a estigmatização”.

O município tem uma dívida de 1,3 milhão de euros. Com a cessão dos terrenos, receberia 550 mil por ano e mais 36 mil no ato de assinatura do convênio. Em dois anos, portanto, existe a possibilidade de a dívida ser quase totalmente quitada.

Além disso, o projeto deve gerar em torno de 50 empregos diretos e indiretos, segundo uma declaração do prefeito ao diário “El País”. O chefe do executivo acrescentou que outras cidades espanholas têm planos similares.

Na Espanha, o consumo de maconha não é considerado crime. Já o cultivo doméstico é punido com pena de até três anos de detenção.

Dívida

A Espanha ficou endividada até o pescoço durante a crise internacional. A dívida líquida, que correspondia a 27% do PIB (produto interno bruto) em 2007, atingiu 56% em 2011, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI). A título de comparação, no Brasil a proporção é atualmente de 39%; na Grécia, de 154%.

O aumento da dificuldade da Espanha de captar recursos no mercado financeiro levou o país a adotar um conjunto de medidas de austeridade fiscal, ou seja, ações que promovam aumento da arrecadação para os cofres públicos ou redução de gastos.

Por causa disso, o país tem adotado algumas medidas extremas. Além da possível cessão de terrenos para plantio de cannabis, outra medida que chamou atenção foi o controle do uso de papel higiênico pelas crianças que estudam em escolas públicas na Catalunha.

Capital de Giro

Finalmente recebi da editora Atlas a 4a. edição do livro Administração do Capital de Giro. Tenho um grande carinho pela obra, já que foi meu primeiro livro.

A quarta edição também traz boas lembranças.

Para os leitores, algumas importantes alterações. Talvez a mais perceptível seja a presença de exercícios no final do capítulo.

Rapidinhas: informações e pesquisas

Curioso, perigoso e lucrativo [?]:
Geleira é transformada em cubos para drinques: Um homem foi preso após retirar e contrabandear 5 toneladas da geleira Jorge Montt, na Patagônia. O material ia ser vendido pelo equivalente a R$ 10.600 a bares e restaurantes da região de Santiago, no Chile.

Censo norte-americano:
50% dos americanos, ou 146 milhões e pessoas, são tecnicamente pobres ou de baixa renda,, segundo estatística recém divulgada pelo Censo dos EUA. A taxa de pobreza, que é a maior em 10 anos, se deve à recessão econômica e ao aumento do custo de vida no país.

Pesquisas (Ciência Maluca):

- Viagra revitaliza flores murchas: para que suas flores vivam 1 semana a mais, basta diluir 1 mg de Viagra (o comprimido tem 50 mg) na água do vaso. A sugestão é de pesquisadores [!!] de Israel e da Austrália que testaram os efeitos do medicamento em vegetais e descobriram que o óxido nítrico, componente que ajuda a tratar a disfunção erétil, também deixa as flores em pé.

- Pentear cabelo aumenta suas notas: É essa a conclusão de pesquisadores da Universidade de Miami, que analisaram o histórico escolar de 10 mil adolescentes e constataram que os mais arrumadinhos tiravam notas maiores – supostamente porque as pessoas mais preocupadas com a aparência também investem mais tempo nos estudos.

- Estradas mais rápidas podem engordar: o governo inglês está considerando aumentar o limite de velocidade nas estradas do país de 115 km/h [ou 70 mph] para 130 km/h [80 mph]. A medida é considerada polêmica, pois poderá aumentar acidentes de trânsito [ok] e, segundo um artigo publicado no British Medical Journal, também os níveis de obesidade – a tese dos pesquisadores é que, se puderem dirigir mais rápido, as pessoas tenderão a caminhar menos [estaria o filme WALLˑE nas referências?].

Fonte: Revista SuperInteressante, ed. 302

01 março 2012

Bolsa

A figura acima, extraída de uma orientação minha na especialização (de autoria de Claudilene Chaves de Carvalho) é bastante interessante para entendermos o mercado acionário brasileiro. Entre mais de cinco mil dias de negociação entre 1991 a 2011, foram selecionados os quinze dias de maiores altas e os quinze dias de maiores quedas da bolsa de valores. Estes valores extremos ocorreram ao longo da série e estão no gráfico sob a forma de barra. 


Estes trinta dias de negociação, onde o mercado teve um comportamento extremado, aconteceram em cinco períodos distintos: o primeiro, durante o plano Collor, quando o governo congelou os principais ativos financeiros. A consequência disto foi uma queda brutal na bolsa de valores, com três dias de perdas acima de 15%. Entretanto, logo após, ocorre aumentos expressivos também. 


O segundo período ocorreu durante a crise política, que resultou na saída do presidente da república e o governo Itamar. 


A implantação do Plano Real corresponde ao terceiro período, que inclui a crise mexicana e seus efeitos na economia brasileira. 


O quarto período coincide com a ajuda externa do FMI, a desvalorização cambial no início de 99 e a mudança do Banco Central. 


Finalmente o quinto período refere-se a crise financeira do subprime, ocorrida recentemente. 


Quatro aspectos interessantes sobre estes momentos extremos:


a) dos cinco períodos, somente um está relacionado com a política (a saída do presidente Collor). Isto significa que o aspecto econômico é mais relevante que o aspecto político;
b) as crises estão mais esparsas. Entre a crise cambial e a crise do subprime passaram mais de dez anos. Foi um período invejável de tranquilidade para o mercado acionário brasileiro;
c) A crise do subprime é a única decorrente diretamente de um evento externo. Ela decorre também da presença maior do investidor estrangeiro no mercado acionário. Com a crise nos países desenvolvidos, os investidores estrangeiros começaram a realizar lucro, retirando recursos aplicados no nosso mercado para cobrir os passivos existentes no exterior. É o reflexo da participação estrangeira na bolsa.
d) Em todas as fases tivemos momentos extremos nos dois sentidos. Assim, na primeira etapa, ocorreram momentos de grande perda, mas também existiram valorizações elevadas na bolsa. Assim, os valores extremos ocorreram nos dois sentidos. 

Rir é o melhor remédio

Fonte: Pratica de Pesquisa (um endereço excelente para quem quer acompanhar sobre TCC e outros assuntos similares).

Links

Contabilidade
As resistências as mudanças nas normas contábeis de leasing tem uma razão: $

O problema do Fasb adotar “princípios” e não “normas”

China ameaça as Big Four

Barclays x PwC: esquema de evasão abusivo

Educação e Pesquisa

Diploma de curso superior não garante aumento de salário

USP é a número 1 na formação de doutores no mundo

Elsevier decide diminuir o preço dos periódicos de matemática após boicote

Política
Vídeo: Enquanto era aprovado a ajuda alemã, o ministro das Finanças jogava Sudoku

Petrobras nomeia político para empresa 

Empresas e Executivos
Abilio Diniz poderá continuar como presidente do Pão de Açúcar, afirma Casino

Executivos confiantes são mais inovadores?

30% das empresas brasileiras já foram atacadas virtualmente

Itau e BB são líderes de reclamações na CVM

Regulação
O sigilo bancário da Suiça sob risco

As leis da regulação

História
A história do sushi

Dentro do Hindenburg


Arte
Arte na sombra

Arte no café (barista)

Celebridades
Acordo pré-nupcial entre Jessica Biel e Timberlake: penalidade por traição 

Investindo em autográfos de celebridades

Economia
Financial Times: O enigma chamado Portugal

Onde a gasolina é mais barata: Venezuela em primeiro

Práticas de gestão nas empresas e países

Este post vai tratar sobre o working paper: Management Practices Across Firms and Countries , de autoria de Nicholas Bloom (Stanford University) , Christos Genakos (Athens University of Economics and Business), Raffaella Sadun (Harvard Business School) e John Van Reenen (London School of Economics).

O objetivo da pesquisa é compreender como e por que práticas de gestão variam não somente entre países, bem como entre as empresas e indústrias. Para mensurar as práticas de gestão, os pesquisadores usaram a metodologia de double-blind survey . A pesquisa foi executada com amostras retiradas aleatoriamente de diferentes indústrias e países ,e com a utilização de perguntas abertas para obter respostas precisas sobre a qualidade das práticas gerenciais dentro de cada orgazanização.Na última década, ao executar esta abordagem sistemática em cerca de 10.000 organizações, os autores chegaram às seguintes conclusões:

1. Em termos de práticas de gestão, as empresas industriais norte-americanas têm pontuação superior a qualquer outro país . As organizações com sede no Canadá, Alemanha, Japão e Suécia também são bem gerenciados. Todavia, as empresas de países em desenvolvimento como Brasil, China e Índia, geralmente são mal gerenciadas .Veja:



2.As diferenças nas práticas de gestão são nítidas em países em desenvolvimento, como o Brasil, China e Índia, que têm uma grande quantidade de empresas muito mal geridas. Veja:

3. A propriedade é um dos fatores que explica a variação da qualidade das práticas gerenciais.Assim, empresas de propriedade estatal, familiares e de propriedade do fundador ,são normalmente mal gerenciadas, enquanto multinacionais,com dispersão de controle acionário são tipicamente bem geridas.


4.Há uma forte evidência que um mercado competitivo mais acirrado favorece as melhores práticas de gestão, tanto no setor público e privado .


5. Países onde o mercado de trabalho tem pouca regulamentação estão associados a melhores práticas de gestão de incentivos organizacionais, como a promoção baseada em desempenho.



6. As organizações públicas têm as piores práticas de gestão em todos os setores estudados. No entanto,as multinacionais parecem ser capazes de adotar boas práticas de gestão em quase todos os países em que operam.



7. O nível de escolaridade, tanto dos gerentes e não-gerentes, está fortemente ligado as melhores práticas de gestão. Além disso, os pesquisadores acreditam que o aprendizado de conceitos básicos de gestão empresarial - por exemplo, análise de dados e orçamento de capital- pode melhorar a gestão de negócios em diversos países, especialmente nos em desenvolvimento. No artigo apresentam evidências encontradas na Índia.

Em suma, menor participação estatal, livre mercado, competição acirrada e crescimento da iniciativa privada favorecem a produtividade e o crescimento econômico. Nenhuma novidade, pois já está empiricamente mais que comprovado.
Obs: Para maiores detalhes, quanto à metodologia e nomenclatura , recomendo a leitura do working paper na íntegra.

Língua Vulgar

Em 1811 Francis Grose escreveu um livro denominado "Dictionary in the Vulgar Tongue". Agora, o livro passou a fazer parte do projeto Gutemberg, de recuperação de obras raras. Vejam o seguinte verbete:

ACCOUNTS. To cast up one's accounts; to vomit.


Fonte: Boing Boing

Orçamento Europeu

Um notícia interessante da Dow Jones (via aqui) informa que Reino Unido, Suécia e Holanda reprovaram o orçamento da Comunidade Européia. A razão: "nível inaceitável de erros".

As três nações votaram contra o orçamento após o Tribunal de Auditores, órgão da UE que monitora o orçamento, pedir uma auditoria qualificada do orçamento, pois a taxa de erro estava em 3,7% - acima do limite de 2% necessário para a aprovação da corte. É o 17º ano consecutivo que o tribunal pediu essa auditoria. O Reino Unido disse estar particularmente preocupado com o fato de a taxa de erros aumentar nos últimos anos - ela estava em 3,2% em 2009.


Periódicos

Cientistas resolveram fazer um boicote aos periódicos publicados pela editora Elsevier.

Ontem li uma notícia de que a editora resolveu reduzir os preços de alguns periódicos de matemática (somente). Isto não resolve os problemas dos cientistas.

Mas a revolta não se refere somente a questão do custo dos periódicos. Alguns não gostaram da posição da editora com o recente debate ocorrido nos Estados Unidos sobre a questão da pirataria .

É interessante notar que enquanto no Brasil não temos muitos periódicos de pesquisa pagos, no exterior esta é uma prática comum. Além disto, nossos periódicos estão vinculados aos programas de pós-graduação ou as instituições de ensino. No exterior, mesmo um periódico vinculado a uma associação científica tem um vinculo com alguma editora.

Existem é claro exceções: o PLoS que publica sete periódicos de livre acesso, com mais de 13 mil artigos publicados em 2011 é um caso de plataforma aberta no exterior.