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19 dezembro 2008

Siemens e Corrupção

Siemens pagou 1,34 bilhões para encerrar processo sobre corrupção e negócios questionáveis em diversos países do mundo (inclusive o Brasil). Estima-se que a empresa pagou 1,4 bilhão de dólares em propina para governos da Ásia, África, Europa, Oriente Médio e América Latina.

As ações da empresa caíram em 0,22 euros, para 47,23. Há um ano chegava a mais de 109 euros. Aqui também

Executivo da Parmalat condenado

Tanzi, ex-Parmalat, é condenado à prisão
Gazeta Mercantil - 19/12/2008

Calisto Tanzi, ex-dono do grupo italiano Parmalat, cuja quebra no fim de 2003 e deixou um rombo de mais de 14 bilhões de euros, foi condenado ontem a dez anos de prisão por um tribunal de Milão, anunciou a imprensa local. Na segunda-feira, a promotoria havia pedido 13 anos de prisão para Tanzi, alegando que não deveria se beneficiar de circunstâncias atenuantes. O fundador da Parmalat era processado por manipulação de cotações na Bolsa, cumplicidade na falsificação de balanços com auditores de contas e obstrução às auditorias.

Escândalo financeiro

Esse é o primeiro julgamento no caso da bancarrota do gigante do setor de alimentos, um dos maiores escândalos financeiros dos últimos anos na Europa.

No Natal de 2003, a Parmalat admitiu ter um rombo de 3,95 bilhões de euros em sua contabilidade e pouco tempo depois a empresa entrou com um pedido de concordata. Após este pedido, foram descobertos os rombos.

O escândalo pela quebra da Parmalat bateu recordes em perdas e passou a ser considerado o "Enron europeu", numa comparação com o caso relacionado ao maior desfalque financeiro ocorrido nos Estados Unidos.

O valor do "rombo" descoberto em dezembro de 2003 após uma série de fraudes contábeis foi de 14,27 bilhões euros. O escândalo financeiro fez com que 135 mil investidores italianos perdessem suas aplicações em ações da Parmalat.

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 9)(AFP)

Salvo pela Due Diligence

O Banco Frances Société Générale, sempre envolvido em confusões, conseguiu antecipar os problemas com o fundo de investimento de Madoff. No início de 2003, numa due diligence de rotina, uma equipe encontrou problemas com o fundo e o colocou na sua lista negra. Os problemas eram tão óbvios que o SG não hesitou em tomar esta medida.

Enquanto isto, outras instituições com mais reputação não tiveram o mesmo cuidado, segundo o NY Times.

Conceito de Correlação Serial


Segundo Andrew Lo (via Be Wary of Serial Correlation) uma correlação serial ocorre quando o retorno de um investimento é um espelho do resultado do mês anterior. Um fundo que tem o mesmo retorno a cada mês é perfeitamente correlacionado. Isto ocorria com o fundo de Madoff.

O interessante, conforme lembra Ritholtz, é que Lo mostra no seu livro Hedge Funds que elevado grau de correlação serial é sinal de que o retorno não está sendo evidenciado de forma realística. Em outras palavras, “olhe melhor para ver se é verdade”.

Mesmo com um mercado sendo tão volátil.

Foto: Flickr

As vítimas de Madoff

A seguir, uma lista parcial das vítimas de Madoff (clique na imagem para visualizar melhor)

Fonte: Big Picture

Somente quatro empresas (Nomura Holdings, Banco Bilbao, HSBC e Max Capital) mencionaram o nome de Madoff nos relatórios entregues a SEC. De forma suscinta e até obscura, conforme nota o blog FootNoted.

Um Default Idiota


Assim definiu Felix Salmon em Ecuador's Idiotic Default(13/12/2008) referindo-se a medida do Equador de suspender os pagamentos aos credores (default). Alguns fatos listados por Salmon:

=> O país deixará de pagar 30,6 milhões de dólares em juros
=> O Equador possui 5,65 bilhões em reservas em dinheiro
=> O serviço da dívida representa somente 1% do PIB do Equador

O Equador não exporta só petróleo, mas também bananas, flores e outros produtos. Default corta a confiança do cliente e do fornecedor. Cria problemas jurídicos internacionais e gera custos (inclusive jurídicos) elevados. Uma das possíveis conseqüências da medida é que o Equador talvez tenha que pagar não somente os juros da dívida, mas também o seu principal.

Existe ainda o impacto político. Será que compensa? E o governo brasileiro, ainda deve ter como parceiros comerciais este tipo de político?
Mais, aqui e aqui. Fonte da Foto: Estadão

A questão do Orçamento e o Regime de Competência

Muito interessante um comentário de Lino Martins referente a uma pesquisa da EBAPE/FGV. Destaco o seguinte trecho:

Neste sentido é dificil de acreditar que membros do Corpo Docente da EBAPE da FGV tenham produzido tal desinformação até porque creio que os mesmos devem conhecer muito bem a denominada Teoria dos Ciclos Políticos Orçamentários (political budget cycles theory). Nesta, os tomadores de decisão preocupam-se em demonstrar sua competência administrativa no curto prazo com vistas ao processo eleitoral e deixam de lado a evidenciação do patrimônio segundo os princípios fundamentais de contabilidade que tem forte ligação com a continuidade da entidade, conforme defendem Cukierman e Meltzer (1986), Rogoff e Sibert (1988), Person e Tabelini (1990) e Rogoff (1990).

Fonte: Aqui

Livros de 2008

Uma lista com os 10 melhores livros de negócios de 2008 (The 10 Best Business Books of 2008) :

10. The Trillion Dollar Meltdown: Easy Money, High Rollers, and the Great Credit Crash - Charles R. Morris

9. Crowdsourcing: Why the Power of the Crowd Is Driving the Future of Business - Jeff Howe

8. The Game-Changer: How You Can Drive Revenue and Profit Growth with Innovation - A. G. Lafley & Ram Charan

7. Outliers: The Story of Success - Malcolm Gladwell

6. Nudge: Improving Decisions About Health, Wealth and Happiness - Richard Thaler & Cass Sunstein

5. Predictably Irrational: The Hidden Forces That Shape Our Decisions - Dan Ariely

4. The Back of the Napkin: Solving Problems and Selling Ideas with Pictures - Dan Roam

3. A Sense of Urgency - John Kotter

2. The Big Switch: Rewiring the World from Edison to Google - Nicholas Carr

1. The Snowball: Warren Buffett and the Business of Life - Alice Schroeder

Pirataria e Receita

Os 10 filmes mais pirateados de 2009 estão aqui. Usando os números divulgados neste endereço fiz uma relação entre o número de downloads e a receita do filme e o resultado encontrado foi o seguinte:

Receita = -922,139 + 0,24 Download
Sendo R2 = 0,44 e Fc = 6,28 (sig = 0,036) [mas a constante não é significativa]

Sem a constante

Receita = 0,067 Download
R2 = 0,70 e Fc = 21,07 (sig = 0,001778)

Em outras palavras, quanto maior a pirataria maior a arrecadação do filme no cinema. Ou seria o contrário: filmes com maiores bilheterias atraem mais os piratas.

Ghostwriters


Este termo diz respeito a escritores contratados para escrever biografias de pessoas famosas (ou você ainda acredita que Galisteu é uma escritora?).

Segundo Duff Wilson (Wyeth’s Use of Medical Ghostwriters Questioned, 13/12/2008, New York Times) a empresa Wyeth, uma das maiores do setor, pagou para que ghostwriters produzissem artigos científicos periódicos especializados de medicina favoráveis ao hormônio Prempro. Esta denuncia é resultado de uma investigação do Congresso e foi considerada uma tentativa de manipular a literatura científica.

O porta-voz da empresa afirma que o senador responsável pela denúncia está reciclando argumentos antigos.

O hormônio chegou a ser prescritos para mais de 100 milhões de pessoas e as vendas chegaram a 3 bilhões.

Foto: Flickr

Previsão para 2009


A influente revista The Economist recusou a fazer previsão para o ano de 2009 (It’s Called The Economist, Not The Futurist, Stephanie Clifford) no número especial de dezembro. O motivo foi a bola de cristal que não funcionou em 2008.

E pediu desculpas pelo texto de 2008 (escrito no final de 2007). As falhas incluíam o preço do petróleo, as mudanças no governo da Itália e a eleição de Clinton para Casa Branca.

Foto: Life

Avaliação em Tempo de Crise

O texto a seguir mostra a dificuldade de fazer avaliação em tempos de crise. Muitos modelos de avaliação dependem da estimativa da receita (incluem aqui os múltiplos como o Ebitda ou ate mesmo a projeção do fluxo de caixa futuro, que geralmente parte da receita). Com a crise, a estimativa de receita de muitos setores tornou-se pessimista, com reflexos no resultado final.

Mas existe algo que o texto não considera: o efeito psicológico da avaliação em momentos de crise. Se no período que antecedeu os analistas apresentaram projeções otimistas demais, neste momento projetar cenários otimistas é desestimulado. Os analistas preferem agora errar para menos, fazendo estimativas mais pessimistas dos investimentos.

A magical mystery tour over private equity valuations
By Jennifer Hughes
4/12/2008

How can you value a private equity investment? Let me count the ways.

Or rather, let the industry come up with the answers as that is exactly what groups are struggling to do now as they face year-end reports to investors.

Like other sectors facing valuation issues, the discussions have centred around "fair value", or the use of market prices where possible. In the private equity universe, this isn't that often. Without market prices, the firms then descend through a sliding scale of measuring systems.

Blackstone, the US giant, helpfully lists in its latest quarterly report the range of methods it most uses, including projected net earnings, multiples of earnings measures (such as ebitda), valuations for comparable companies, discounted cash flow method and/or capitalisation rates analysis (for property investments) and for some holdings, cost, or the price paid.

3i, the UK-listed group, even breaks its portfolio down by valuation method, among which it reports a quarter at cost, almost a third on some earnings-based measure and "other", including discounted cash flow, at a further 20 per cent.

The problem for the industry is that all of these just got harder and they weren't straightforward to begin with.

Any valuation involves making assumptions about cash flows, primarily based on revenues. With the economy falling rapidly into a worse downturn than had been expected just a couple of months ago, it has become harder to weigh up what is truly an unlikely Armageddon scenario and what is actually reasonable.

In 3i's half-yearly results (to September 30) the value of its investments assessed on an earnings multiple dropped £194m from last year. Total valuation losses came to £414m.

It is a fair bet that Blackstone, 3i and others will struggle to use public or private market transactions as a measuring stick since there are very few of these.

The market volatility has pretty much rendered any transactions of just a few months ago as virtually unusable.

Discounted cash flow models depend on all sorts of assumptions that just became trickier. Alongside revenue expectations, cost of capital is one of the most important calculations and is likely to have risen sharply.

There are other assumptions within that, such as the risk-free rate. MBA students are usually taught to use a conservative standard measure for the risk-free rate such as 8 per cent. Investment banks and others have been using something much closer to 5 per cent or lower.

AAA-rated government yields are far lower than that right now as interest rates fall. But is that a good basis on which to base forecasts given the glut of government borrowing coming soon that will push up yields? All these points, and many others, have to be thought through by each firm and for each investment.

The wider point to take from all this is summed up in the last line of the Blackstone paragraph summarised above: "These valuation methodologies involve a significant degree of management judgment."

To swing this point around to the danger from an investor point of view: "There's still some misconception that there is some magic number that's the right one - and there isn't," says Nick Rea, partner in PwC's advisory practice.

Private equity, with its lack of market pricing at the best of times, is an extreme example of the issues a broad range of companies will face this coming year.
Any valuation, unless it is for some heavily traded security such as a blue chip stock or a Treasury bond, is going to involve assumptions that produce a range of valuations for that asset, reduced to a single figure for presentation on the balance sheet.

Worried private equity investors, like their counterparts in listed companies, are demanding more explanation of the assumptions behind the final number. Any company or investment firm would be wise to produce as much as they can - and as clearly as they can - to help alleviate the jitters.

A Regra



A foto mostra o contrato entre a Ford e o sindicato UAW. São 2215 páginas. Fonte: Aqui

Custo das Montadoras e a Decisão da Chrysler

Foi anunciado que o custo hora da mão-de-obra das três tradicionais montadoras dos EUA é de 75 dólares à hora (vide David Leonhardt para o NYTimes). Este número mágico é composto de três partes, a saber:

a) salários, hora-extra e férias, que corresponde a 40 dólares a hora

b) benefícios, pensão e plano de saúde, que representa 15 dólares a hora. A soma representa, pois 55 dólares a hora, que corresponde ao custo de uma montadora nova (sem aposentados para sobrecarregar o passivo)

c) Benefícios de aposentados, que representa 20 dólares do total.

As montadoras que resolveram instalar em ambientes sem sindicatos possuem um custo de 45 dólares a hora, um pouco abaixo do custo apresentado acima.

O problema são os custos fixos. O item de aposentadoria encontra-se neste caso. Os custos fixos são aqueles que independem da quantidade produzida e demandada.
Com a demanda em queda e o fechamento provisório de fábricas, o custo fixo não é eliminado. Ele ainda continua a existir.
Vide, aqui também

18 dezembro 2008

Rir é o melhor remédio


Enquanto a economia está em queda, o preço da escola aumenta.

Fonte: Slate

Rir é o melhor remédio


Fonte: Aqui

Links


1. Fotos da National Geographic

2. Fotos do LA Times Esportes

3. As imagens mais vistas da National Geographic

4. Design moderno

5. Propagandas antigas de Noel (foto ao lado)

Custos e Montadoras

O problema das montadoras também pode ser considerado sob a ótica da teoria de custos. Em Some companies are too powerful to fail (Financial Times, 10/12/2008), John Kay faz um consideração interessante sobre a questão:

“Em automóveis, assim como em outras indústrias, economias de escala são tecnológicas e deseconomia de escala são humanas”.

Auditoria e Consultoria

A PwC acusada de vender consultoria a clientes de audioria
Segundo reportagem do Financial Times (PwC criticised for sales in consulting to audit clients, Brooke Masters & Jennifer Hughes, 9/12/2008, Asia Ed1, 19) a PwC foi criticada pelos reguladores britanicos por força a venda de lucrativos serviços de consultoria para seus clients de auditoria.

Esta prática tem sido evitada e desencorajada desde o escândalo da Enron.

A Regra das 10 mil horas

Descobri o blog Não Posso Evitar. Numa postagem recente, comenta-se o livro de Malcolm Gladwell (Outliers) e a regra das 10 mil horas. Abaixo faço uma longa citação pois o texto está realmente muito interessante.

Outliers - as dez mil horas

(...) Na década de 1990, o psicólogo K. Anders Ericsson e seus colegas realizaram, na Academia de Música de Berlim, um interessante estudo para verificar que fatores diferenciavam os gênios da música dos intérpretes mais ou menos. Eles separaram os alunos da elitista escola alemã em três grupos: os excepcionais, os bons e os medíocres.

A pesquisa pretendia verificar a intensidade dos estudos e horas de prática a que cada um deles se submetera, para avaliar a correlação entre a dedicação e sua atual performance. Todos eles haviam começado a tocar (violino, nesse caso) quase com a mesma idade (cinco anos) e praticavam uma média de duas a três horas semanais.

A partir dos oito anos, contudo, começaram a surgir as diferenças: nessa idade os melhores alunos praticavam cerca de seis horas por semana. Aos doze, a média subia para oito horas e chegava, aos quatorze anos, a dezesseis. Ao completarem vinte anos de idade, esses alunos já dedicavam à música trinta horas semanais e haviam acumulado dez mil horas de prática. (...)

Esse é o ponto onde, de acordo com Gladwell, os resultados são atingidos através de talento e preparação. Onde o trabalho duro lapida os dons inatos que construirão as pessoas de grande valor. Não só pela habilidade ou oportunidade que possibilitam que alguém esteja num grupo de elite, mas também pela sua dedicação e esforço em merecer estar ali.

Talvez o Zico tenha sido o melhor cobrador de faltas do mundo. Porque todo santo dia após o treino, chovesse ou fizesse sol, ele ficava em campo treinando, quando seus companheiros já tinham ido embora. Pendurava uma camisa na trave e ficava chutando sobre uma barreira de bonecos. Sozinho. Cem, duzentas cobranças. Quando terminava, o Manguito já estava em casa há muito tempo.

Oscar Schmidt não era um “mão-santa”. Era um “mão-calejada-à-beça”. Ayrton Senna não nasceu pilotando bem na chuva – ele ia para o autódromo sempre que começava a chover. Dez mil horas.

Porque prática não é aquilo que você faz quando você é bom. É o que faz com que você se torne bom.