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07 novembro 2008

Fraude cambial

Santos acaba condenado por fraude cambial
Sônia Filgueiras e Sanches Filho
O Estado de São Paulo – 6/11/2008

Clube terá de pagar multa equivalente a R$ 3,5 milhões por negociação irregular de Alessandro ao exterior

O Santos Futebol Clube foi condenado a pagar uma multa de US$ 1.665.000,00 (correspondentes a R$ 3,5 milhões, na cotação de ontem) por fraude cambial na venda, em junho de 1999, ao Porto, de Portugal, do jogador Alessandro Andrade de Oliveira, o “Alessandro Cambalhota”. A multa foi aplicada pelo Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional, apelidado de “Conselhinho”, em sessão realizada no último dia 28.

O Conselhinho concluiu que a operação de venda do passe do jogador passou por cima da legislação cambial em vigor. De acordo com as informações do processo, a venda foi feita, mas os dólares não ingressaram no sistema financeiro brasileiro por meio de um banco, como exigiam as normas da época. Administrativamente, essa operação é chamada de “sonegação de cobertura cambial”.

Composto por representantes do governo e do mercado financeiro e de capitais, o Conselhinho julga, em última instância, processos administrativos iniciados pelo Banco Central (BC). Do ponto de vista administrativo, a punição aplicada ao Santos pelo conselho foi uma decisão final - não há mais possibilidade de recurso, a menos que surja um fato novo. Agora, o clube tem dois caminhos a seguir: pagar a multa ou tentar a anulação da penalidade por intermédio de uma ação na Justiça.
Foi a segunda condenação do Santos no conselho. Em um julgamento realizado em agosto de 2002, o órgão manteve multa equivalente a US$ 600 mil aplicada pelo BC em outra negociação realizada pelo clube paulista.

PROCESSO ARRASTADO

De 2006 para cá, atendendo a uma demanda dos exportadores, o governo deixou de considerar irregulares as transações cambiais que não trazem para o Brasil os dólares ganhos nas operações comerciais com o exterior - a chamada regra da “cobertura cambial”. No processo, o Santos informou que parte dos dólares recebidos pela venda do passe de Alessandro não chegou a ingressar no País porque foi utilizada para pagar outros negócios do clube realizados no exterior.

O problema é que a venda do jogador aconteceu sete anos antes da nova regra, a que permite deixar os dólares lá fora.

Portanto, em 1999, a operação não foi devidamente registrada nos controles do BC e os dólares não entraram nas reservas cambiais do País.

O Conselhinho divergiu do Banco Central, que, na primeira instância, havia arquivado o processo administrativo sem aplicar a multa. A transação ocorreu, mas o BC, entre outros aspectos, entendeu que a irregularidade não estava suficientemente caracterizada.

Na sessão de terça-feira da semana passada, porém, os integrantes do conselho concluíram que as evidências de fraude na venda de Alessandro Cambalhota eram robustas - e condenaram o clube.

Embora seja permitido, não havia advogado do Santos participando do julgamento. Procurado, o clube preferiu não se pronunciar a respeito porque, segundo sua assessoria, não foi notificado sobre a punição.

Além do Santos, Cambalhota passou pelo Vasco e por outros clubes da Segunda Divisão do futebol brasileiro.


O texto é complementado por estas informações:

Processos contra outros clubes
Sônia Filgueiras
O Estado de São Paulo – 6/11/2008

Na mesma sessão que multou o Santos em R$ 3,5 milhões, o “Conselhinho” manteve a multa de US$ 97,4 mil (R$ 206 mil) aplicada pelo Banco Central (BC) contra outro clube, o pequeno Grêmio Esportivo Glória, de Vacaria (RS). Considerou-se que, na negociação do passe de um dos atletas do Glória, houve “falta de comprovação de regular negociação de moeda estrangeira”.

A maior parte das penalidades aplicadas a clubes de futebol teve origem em uma operação de fiscalização do BC realizada em 2000, quando foram abertos 22 processos administrativos contra diferentes agremiações esportivas. O objetivo era checar a legalidade de negócios realizados com clubes estrangeiros, especialmente venda de jogadores.

A soma das multas aplicadas de 2001 para cá chegava a US$ 31,9 milhões contra 17 clubes. Com as duas multas aplicadas na última semana, a conta sobe para US$ 33,7 (aproximadamente R$ 71,6 milhões).

Derivativos na Aracruz

Aracruz marca reunião para processar ex-diretor
Valor Econômico - 7/11/2008

O conselho de administração da Aracruz Celulose marcou assembléia geral extraordinária para o próximo dia 24 para decidir sobre a abertura de um processo de responsabilidade civil contra seu ex-diretor financeiro Isac Roffé Zagury. A assembléia ocorrerá na sede da empresa, no município de Aracruz (ES). A fabricante de celulose, que teve perdas bilionárias em operações com derivativos, invocou o artigo 159 da Lei das S.A. que define as regras de responsabilização do administrador em prejuízos causados ao patrimônio. Diretor desde 2003, Zagury se licenciou no dia 25 de setembro quando as perdas vieram à tona. A Aracruz teve prejuízos de US$ 2,1 bilhões. Os membros do conselho, formado em sua maior parte por representantes dos controladores, adotaram a estratégia de atribuir toda a responsabilidade ao ex-diretor financeiro. A convocação é assinada pelo presidente do conselho de administração, Carlos Alberto Vieira, do grupo Safra.

Os conselheiros não pretendem alegar desconhecimento das operações com derivativos (do tipo "target forward"). Devem dizer que sabiam da sua existência mas que foi Zagury que tomou a decisão de ampliar a exposição da companhia a um nível irracional, apurou o Valor. Na versão dos conselheiros, Zagury teria acobertado o tamanho da exposição. (...)

06 novembro 2008

Rir é o melhor remédio


Fonte: Aqui

Questão de Estilo em Ciência

Acompanho o endereço sobre produtividade na academia com muito interesse. Na postagem denominada “Writing style” vs. “content”: Watson & Crick’s example uma discussão interessante sobre estilo e conteúdo.

O texto compara dois artigos científicos: o trabalho de Watson e Crick (WC), sobre o DNA e o trabalho de Avery et al (AV, também na área de química. O primeiro é largamento conhecido ainda hoje. Qual a razão? Estilo e retórica, responde o blog. WC são concisos (900 palavras é o tamanho do artigo), enquanto AV é verborrágico (7500 palavras). WC usam a primeira pessoa, AV usam “os autores”. WC informam a importância do trabalho no primeiro parágrafo, enquanto AV não informa a sua relevância.

Num trecho, um aspecto importante:

“escrita pobre é quase sempre a razão freqüente para rejeitar um manuscrito”.

IFRS no Brasil 2

Novo modelo trará testes à governança das companhias
Gazeta Mercantil - 6/11/2008

São Paulo, 6 de Novembro de 2008 - Os sistemas de governança corporativa das empresas brasileiras, cujas falhas foram evidenciadas nos recentes episódios de perdas com derivativos, terão um teste permanente até 2010. Durante o período, as companhias do País enfrentarão o desafio da convergência contábil. A necessidade deve, segundo especialistas, reforçar os papéis e responsabilidades de administradores e conselheiros. Isso deve ocorrer devido ao maior nível de subjetividade a que os balanços estarão submetidos sendo preparados pelo modelo International Financial Reporting Standards (IFRS). (...)

Com o uso do IFRS, desaparecem tetos, pisos e regras prontas para elaborar balanços. Ambos darão lugar à tentativa de fazer as melhores escolhas contábeis para situações específicas da vida das empresas. Será puro julgamento. Isso significa que conselhos fiscais e de administração terão de estar prontos para interpretar cenários. "Um bom sistema de governança corporativa tem de contar com diversidade. As empresas precisarão manter em seus quadros especialistas nas temáticas contábeis para que as coisas aconteçam da melhor maneira", diz Heloisa Bedicks, diretora executiva do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC).

O grande desafio, porém, será encontrar profissionais que dêem conta da tarefa. A mão-de-obra é escassa. Afinal, até mesmo as principais empresas de auditoria com atuação no Brasil têm enfrentado o problema. "O que tem acontecido é que os Conselhos fiscal e de administração das companhias têm se apoiado bastante nos serviços de auditoria. Os profissionais que entendem de convergência e normas internacionais em profundidade são considerados moscas brancas pelo mercado", brinca André Coutinho, sócio da KPMG.

O IFRS trouxe outra novidade considerável às atividades de contadores e auditores. "Esses profissionais no Brasil são apaixonados pelo conservadorismo, o que entra em confronto direto com o princípio de neutralidade contido no espírito das normas internacionais", diz Nelson Carvalho.

Mudanças no direito

O processo de convergência contábil para as empresas brasileiras, que foi reforçado pela aprovação da lei 11.638, no fim do ano passado, também trouxe novidades para advogados especializados em mercado de capitais. A maior delas é harmonizar as distinções entre os sistemas de direito no Brasil e na Europa, de onde originaram-se as normas IFRS. "Temos no País a tradição de um direito formal e escrito, baseado em regras. Esse é o maior choque com a incorporação do novo modelo, que se orienta mais por práticas, necessidades e costumes", compara Ana Claudia Utumi, especialista em direito tributário do escritório TozziniFreire .

Paulo Aragão, um dos sócios do Barbosa Müssnich & Aragão, cita outras dificuldades que surgirão para os advogados que estarão próximos ao processo de convergência contábil. "Os mundos do direito e da contabilidade passarão por um inevitável confronto", afirma. "Não há nada mais difícil para um advogado brasileiro do que ter de lidar com comportamentos e condutas. Vai ser difícil aprender a pensar a expressão do fenômeno econômico. Só assim será possível entender por que e como se faz contabilidade", afirma Aragão.

(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 4)(Luciano Feltrin)

Novas medidas do CPC

Quatro regras em discussão no mercado
Gazeta Mercantil - 6/11/2008

6 de Novembro de 2008 - O processo que possibilitará à contabilidade das companhias brasileiras o alinhamento às melhores práticas internacionais continua sendo colocado em prática. Ontem, por exemplo, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e o Comitê de Pronunciamentos Contábeis colocaram em período de audiência pública quatro minutas que tratam de diferentes temas em regulação.

O primeiro deles refere-se ao pronunciamento sobre pagamento baseado em ações. Seu objetivo é fixar diretrizes que permitam às empresas entender que efeitos terão em seus balanços as transações realizadas com funcionários em negócios envolvendo pagamentos em opções de papéis. Pelo documento, colocado à disposição para sugestões do mercado pelo período de 30 dias, determina a contabilização pelo valor justo das ações nesses acordos.

Os dois órgãos também colocaram em audiência pública a minuta da instrução que aborda o ajuste a valor presente das diversas classes de ativos e passivos das empresas.

Um terceiro tema abordado em instrução é a combinação de negócios. Na prática, o documento tem como intenção regular quais procedimentos contábeis terão de adotar companhias que estiverem envolvidas em processos de fusão, aquisição ou mudança de controle acionário.

O último dos pontos disponibilizados ontem pelo órgão regulador do mercado de capitais e o CPC - o pronunciamento 13 - tem relação direta com a próprio conjunto de normas contábeis implementadas ao final de 2007 pela lei n 11.638. E deve permitir a migração completa ao IFRS.

Sem comparação

Balanço de 2008 poderá ficar sem comparação
Valor Econômico - 6/11/2008

O balanço anual de 2008 das companhias abertas, que estreará a aplicação da nova lei contábil, pode ficar ainda mais difícil de ler. O resultado acumulado do exercício trará a adoção completa das normas emitidas pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que completam as diretrizes de convergência ao padrão internacional IFRS inseridas pela Lei 11.638. Além de enfrentar a nova linguagem, os leitores dos balanços poderão ficar sem o balanço de 2007 comparativo para interpretar a tendência de desempenho do negócio. A CVM, por conta da "urgência de normatização" e do "momento especial" do processo de convergência no país, colocou em audiência pública uma norma que faculta às companhias apresentarem apenas ajustes no lucro e no patrimônio de 2007 para efeito comparativo. Dessa forma, as empresas não seriam obrigadas a refazer as demonstrações financeiras completas do ano passado, de acordo com a nova legislação e normas.

As contribuições e comentários para essa sugestão poderão ser enviadas até 4 de dezembro. "Pedimos atenção especial do mercado para essa questão e esperamos muita contribuição para tomarmos essa decisão", afirmou Paulo Roberto Gonçalves Ferreira, analista da superintendência de normas contábeis da autarquia. O processo brasileiro de adoção do IFRS começou atrapalhado. Após sete anos no legislativo, a reforma da lei contábil foi aprovada em 28 de dezembro e publicada em edição especial do Diário Oficial de 31 de dezembro de 2007, para vigência a partir deste ano. Com isso, pegou a todos de surpresa, inclusive a CVM e o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), que tiveram prazo muito mais curto para normatizar a versão nacional do IFRS.

Questionado se a flexibilização oferecida às companhias não deixará a conta do atropelo desse processo para o investidor, Gonçalves Ferreira enfatizou a importância da consulta pública. "Tecnicamente fica mais adequado apresentar o comparativo completo. Mas entendemos quão custoso e trabalhoso é processo de reprocessar as informações de 2007." A consulta pública iniciada pela CVM da qual consta essa flexibilização diz respeito à norma do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) 13. O documento trata de todo o procedimento que deve ser seguido pelas empresas para adoção inicial do balanço de acordo com a Lei 11.638. Junto com o CPC 13, foram levados à consulta pública mais outros três pronunciamentos - 10, 12 e 15. Com eles, a CVM e o CPC encerram o cronograma de normatização previsto para este ano. A autarquia ainda precisa emitir a versão final de seis regras cujas minutas já estiverem em audiência. Além dessas já encerradas, há outras seis consultas em curso. Portanto, até o fim de dezembro, o regulador têm 12 pronunciamentos contábeis para aprovar - e as companhias para aplicar. No total, com os outros quatro pronunciamentos já emitidos ao longo do ano, a CVM e o CPC terão colocado no mercado 16 novas regras referentes ao processo de convergência para o IFRS. Para o biênio 2009/2010, de acordo com Gonçalves Ferreira há mais 18 normas a serem emitidas pelos reguladores. Mas a finalização do cronograma de regras não acaba com a agonia das companhias, que precisam das normas para se prepararem para a nova realidade contábil.

O que mais tem deixado os empresários ansiosos continua pendente: a medida provisória da Receita Federal que garantirá que a aplicação das novas normas não afetará a base de tributação (nem para cima e nem para baixo) - a tão propagada neutralidade fiscal da lei. As outras normas colocadas em audiência pela CVM dizem respeito à contabilização dos planos de opções de ações para executivos (CPC10), à aplicação do conceito de ajuste a valor presente (CPC 12) e ainda à combinação de negócios (CPC 15). Todas seguem as diretrizes das normas do Comitê Internacional de Normas Contábeis (Iasb), que elabora as diretrizes do IFRS. Quanto à norma sobre a combinação de negócios, o alinhamento do Brasil ao padrão internacional ocorrerá em duas etapas. A primeira fase, tratada na norma levada à consulta, determina como deve ser o registro contábil de fusões, aquisições e do ágio gerado nesses negócios, entre outros pontos.

Preço de Venda


Pão de Açúcar e Sendas divergem sobre preço de venda
Valor Econômico - 6/11/2008

Antes mesmo do desmoronamento das bolsas, que tornou muito mais incerta a avaliação dos ativos nos processos de aquisição, o grupo Pão de Açúcar e a família Sendas já possuíam fortes divergências sobre quanto vale a Sendas Distribuidora, joint venture que fundiu as duas redes de supermercados no Rio de Janeiro. Depois do dia 15 de setembro - a "segunda-feira negra" - as discordâncias entre as duas partes só tendem a se acentuar e não são pequenas as chances de que a disputa vá parar, pela segunda vez, em um tribunal de arbitragem. Arthur Sendas vendeu metade do capital de sua rede de supermercados, a maior do Rio de Janeiro, para o Pão de Açúcar em 2004, quando a sua empresa enfrentava dificuldades financeiras. Há cerca de dois anos, o empresário decidiu exercer o direito de vender sua participação na Sendas Distribuidora para a sócia paulista. Mas as negociações entre eles têm sido duras.

Após o grupo francês Casino ter elevado para 50% sua participação no Pão de Açúcar, em 2005, Sendas recorreu ao tribunal arbitral por entender que Abilio Diniz havia se desfeito do controle da empresa, o que lhe garantia, por contrato, condições especiais nas negociações envolvendo a venda de sua participação na Sendas Distribuidora. Mas o empresário carioca perdeu a disputa. O Pão de Açúcar entende que o valor de mercado da Sendas Distribuidora é de R$ 480 milhões, o que equivale a 40% das vendas brutas da rede carioca em 2006, de R$ 1,28 bilhão, menos as dívidas da companhia, que somavam R$ 800 milhões.

A família Sendas pensa bem diferente, segundo apurou o Valor. Em 2007, Arthur Sendas acreditava que sua companhia valia R$ 1,28 bilhão. Daniela Bretthauer, analista do Goldman Sachs, afirma que há uma divergência entre as companhias sobre o termo "valor da empresa", que possui um significado mais amplo do que o termo inglês "enterprise value" (valor de mercado mais dívidas). "Estamos discutindo neste momento o preço e a forma de saída [da família Sendas] da empresa", afirmou ontem Enéas pestana, vice-presidente financeiro do Grupo Pão de Açúcar, em conferência com analistas de investimentos.

Além das divergências de preço, a morte de Arthur Sendas, que foi assassinado no mês passado por um ex-motorista, complicou ainda mais o processo de aquisição da rede carioca ao tornar mais complexos os trâmites burocráticos. Enéas admite que o falecimento de Sendas deve provocar um "atraso" no processo. O executivo também não descartou a possibilidade de que a discussão volte para a câmara de arbitragem. "Mas esperamos que as negociações possam ser retomadas em breve e vamos fazer o possível para chegarmos a um acordo amigável", disse Pestana, que espera não precisar recorrer aos árbitros instituídos pelas duas partes quando o acordo foi firmado. Os resultados da Sendas agora são animadores. No terceiro trimestre deste ano, a rede cariocas representou 16% das vendas totais do Pão de Açúcar e gerou uma receita bruta de R$ 801,5 milhões. Nos últimos quatro anos, a operação carioca vinha apresentando fracos desempenhos operacionais.

Esse fato, afirmam fontes do setor, teriam contribuído para azedar as relações de Sendas com o Pão de Açúcar, que passou a ser o gestor dos negócios em 2004. Mas, segundo os executivos do Pão de Açúcar, o relacionamento entre as duas empresas sempre transcorreu sem problemas. No terceiro trimestre deste ano, o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização da Sendas cresceu 141,5% em relação a igual período de 2007, totalizando R$ 55,8 milhões. A cifra atingiu 8% das vendas líquidas. A margem é equivalente à obtida pelo próprio Pão de Açúcar e é bem superior à registrado em igual trimestre de 2007, quando foi de apenas 3,5%. Com o desempenho do último trimestre, a varejista cumpre uma promessa feita ao mercado quando associou-se ao Sendas, há quatro anos. Naquela época, a sócia paulista acreditava que poderia elevar a rentabilidade da rede carioca em um ano. Não foi o que aconteceu. Pelo contrário, a empresa encontrou um grau de competição no Rio mais alto do que esperava e houve trimestres em que a margem lajida da Sendas chegou a ser de 0,9%. A virada na Sendas é atribuída ao trabalho feita na empresa em 2007 por Claudio Galeazzi, consultor que viria a assumir neste ano todo o comando do Pão de Açúcar. Além de promover uma forte redução nos custos, Galeazzi trancou os cofres da varejista para reforçar a sua estrutura de capital. A empresa, que começou o ano com R$ 700 milhões em caixa, hoje possui R$ 1,4 bilhão, montante superior ao valor de todas as suas dívidas. Segundo Enéas, a companhia "está preparada" para enfrentar cenários econômicos mais adversos.


Fonte da Foto: Ficker

Crise cambial

O FMI e a crise cambial que veio do leste
Valor Econômico - 6/11/2008 - Mariam Dayoub

(...) Nas últimas semanas, os mercados de moedas mostraram movimentos bruscos há tempos não vistos. As moedas emergentes sofreram forte depreciação, enquanto o dólar americano, o iene e o franco suíço se apreciaram. Do nosso ponto de vista, isso reflete a desalavancagem global, o desmonte das apostas baseadas na expectativa de que o crescimento mundial continuaria robusto mesmo com a recessão americana, grande parte financiadas via carry trade, e a liquidação de contratos de derivativos cambiais. Indo além, o fortalecimento do dólar americano desde meados de julho indica a reversão nas tendências de investimento que prevaleceram no período de crédito abundante e barato, crescimento mundial robusto e baixa volatilidade nos mercados. A forte depreciação das moedas locais indica que os países emergentes enfrentarão crises cambiais. Desta vez, não é uma crise cambial na América Latina ou na Ásia, mas uma crise cambial com dimensões globais. O epicentro está nos países do leste europeu, cujo sistema financeiro estava à beira do "derretimento". Como trabalham com bandas cambiais atreladas ao euro, a forte saída de capital estrangeiro aponta para inconsistências entre a política macroeconômica e a política cambial locais, o que leva à forte desvalorização de suas moedas. Com o estouro de crises cambiais, cerca de 12 países estão em negociação com o FMI, que, na 2ª quinzena de outubro, emprestou US$ 2,1 bilhões à Islândia, US$ 16,5 bilhões à Ucrânia e US$ 25,1 bilhões à Hungria. Os problemas advindos da crise financeira dos países desenvolvidos, a desalavancagem dos fundos de hedge e o contágio mais rápido e brutal dos países emergentes são problemas que se retroalimentam.

Conservadorismo e Vida da empresa

Gestão financeira conservadora é pilar de empresas centenárias
Valor Econômico - 6/11/2008

O conservadorismo aplicado na gestão financeira durante séculos de história e uma forte ligação com a família são apontados por companhias tradicionais como os dois principais pilares de sobrevivência no mundo corporativo. Essa foi uma das conclusões do seminário Empresas de Vida Longa, organizado pelo Valor, que aconteceu ontem em São Paulo. No mundo inteiro, segundo Miguel Juan Bacic, professor de economia de empresas Universidade Estadual de Campinas, a Unicamp, 70% das empresas fecham as portas antes mesmo de completarem 20 anos de existência. No Brasil, a realidade é mais dramática: a maioria morre antes de três anos. "Aqui, uma empresa com mais de 30 anos já pode ser considerada longeva." Durante o evento, executivos das seculares Stora Enso, companhia de incríveis 720 anos, da Saint-Gobain, que começou fabricando vidro, na França em 1665, e também do Banco do Brasil, que completou 200 anos no mês passado, ressaltaram a importância da cautela como diretiva de administração.

"No caso do grupo Saint-Gobain, a recomendação não é ser conservadora. Mas sim muito conservadora", disse Laurent Guillot, delegado geral para o Mercosul e Chile da multinacional francesa. Arie de Geus, escritor e ex-diretor da Shell presente no seminário, contou que na década de 80 a Shell elaborou um estudo sobre as companhias mais antigas do mundo, destacando entre outras Dupont, Mitsui, Stora Enso. No total, se encaixaram no estereótipo 27 companhias. Em comum, pelo menos dois princípios de gestão: conservadorismo, proximidade com a comunidade. "Essa empresas relutaram em buscar recursos de terceiros", disse.

É o que acontece, por exemplo, com a fabricante cearense de cachaça, Ypióca. "Somos uma companhia com endividamento zero, que cresce com seus próprios recursos", disse, Aline Telles Chaves, diretora de marketing do grupo, que completou em 2008 162 anos, uma das palestrantes. Como membro da quinta geração da família fundadora da empresa. Aline ressalta também que além do traço conservador, uma base familiar é importante para uma empresa que quer ter vida longa. "A grande maioria das empresas centenárias são também familiares ou pelo menos mistas", afirmou ela. A Cedro Cachoeira, de 136 anos, mistura a gestão familiar e a chamada "profissionalização". "No mundo de hoje, a empresa que quer crescer não pode ficar apenas nas mãos da família que a fundou. É preciso trazer gente de fora, mesclar", disse Renato Bernhoeft, especialista em sucessão empresarial familiar. Fábio Mascarenhas, diretor administrativo e de relação com os investidores da Cedro Cachoeira, concorda. "Ter uma ligação familiar é fundamental pois ela dá aos gestores o sentimento de que o negócio tem de se tornar perene." A Droga Raia é outro exemplo. "Somos uma empresa aberta mas 70% de nosso capital é familiar", afirmou Antonio Carlos Pipponzi, presidente da Droga Raia, empresa com 103 anos. A proximidade com as comunidades que cercam a empresa e a participação nas decisões políticas da região também são outra característica das empresas duradouras. "Muitas delas acabam caracterizando a cidade onde foram fundadas", disse o professor Bacic. É o caso da fabricante de máquinas Romi, de Santa Bárbara D'Oeste (SP). A diversificação dos negócios também é um ingrediente para a longevidade, segundo o escritor Geus. Ele relatou que durante sua passagem pela petrolífera, a dúvida recorrente entre os funcionários era o que fazer quando o petróleo acabar. Segundo ele, foi neste momento, em meados dos anos 30, que a Shell passou a atuar no setor químico. "Depois fomos até para o ramo de energia nuclear. Enfim, diversificação era a palavra de ordem na empresa", lembrou.

Na Stora Enso, a atividade que marcou o início da companhia, em 1288 foi a extração de cobre, passando para o minério de ferro e só depois chegando ao cultivo de florestas. E mesmo este, atual ramo da empresa, é colocado em xeque. "A comunicação eletrônica tem reduzido o uso do papel", diz Otavio Pontes, vice-presidente para a América Latina da Stora Enso. Segundo ele, esta é uma tendência natural, hoje compensada pelo consumo dos países emergentes, com potencial de crescimento. á o Banco do Brasil, projeta para os próximos anos a consolidação do sistema bancário, que na visão de Francisco Djalma Oliveira, gerente-executivo, tende a ser acelerada após a fusão do Itaú e do Unibanco. "Claro que nós e outros competidores, como o Bradesco, vamos nos mexer em busca de oportunidades", observou Oliveira.



Tenho duas observações:
1. Não faz sentido incluir o Banco do Brasil como exemplo já que é uma entidade estatal (e a sobrevivência não depende das forças do mercado e sim de vontade política) e que não possui, efetivamente, 220 anos. (Faliu durante sua história e isto deveria contar)
2. A teoria de Arie de Geus não destaca somente dois aspectos, como apresenta a reportagem. Um dos fatores de De Geus percebeu foi a mudança de rumo das entidades. Este aspecto, inclusive, é ressalvado no texto com os exemplos da Stora Enso e outros.

Aqui uma postagem anterior sobre uma empresa de 1428 anos que fechou em 2007. Aqui sobre a Casio.

Política e Bolsa


O gráfico (fonte aqui) mostra como se comportou o mercado um dia depois do resultado da eleição nos EUA. Foi a pior reação do mercado da história. (Clique na imagem para ver melhor)

O futuro da GM 3

Segundo o Calculate Risk (GM Exec says Next 100 Days "critical") e usando a Dow Jones, um executivo da GM afirmou na quarta que os próximos cem dias serão cruciais para a história da empresa e para a indústria de automóveis nos Estados Unidos.

A solução para empresa depende do governo dos EUA, que poderá ou não evitar a falência das empresas do setor. Os resultados da empresa serão divulgados na sexta.

Previsão pelo Mercado

Zubin Jelveh faz uma comparação do resultado da eleição dos EUA segundo os modelos econométricos, as pesquisas de opinião e a previsão pelo mercado.

O melhor desempenho foi a previsão pelo mercado até o momento.

05 novembro 2008

Rir é o melhor remédio


Bicicleta

Links


1. Relação entre assistir programas de TV com diálogos sobre sexo e gravidez

2. Mesas exóticas (foto ao lado)

3. Investimento em outros países não reduz risco em razão do aumento da correlação dos mercados

4. Quadrinho: a diferença entre o homem e a mulher ao acordar de manhã

Mais efeito da crise


A Justiça de São Paulo decidiu na segunda-feira que a Vicunha Têxtil, controlada pela família Steinbruch, não pode recorrer ao Judiciário para contestar o contrato de derivativo fechado com o banco de investimentos Merrill Lynch e extinguiu o processo aberto pela empresa. Com a decisão, a fabricante de denin e o banco terão que resolver a disputa numa câmara de arbitragem, conforme manda o contrato de derivativos assinado entre eles. O Merrill Lynch deve iniciar o processo de arbitragem o quanto antes, já que a Vicunha decidiu rejeitar o contrato e, por consequência, a dívida. Segundo informações do processo, o Merrill cobra da Vicunha uma dívida de R$ 232,5 milhões em razão das perdas empresa com operações de derivativo de câmbio. Em comunicado divulgado na noite de ontem, a Vicunha diz que ainda tem operações de derivativos em aberto com o Citi, que podem gerar perda potencial à empresa de R$ 28,1 milhões (câmbio de 30 de setembro).

A empresa informou também que liquidou suas operações com o Itaú BBA, que resultaram em perdas de R$ 35,4 milhões, valor que será financiado pelo banco. No mesmo comunicado, a empresa sustenta que liquidou suas últimas operações com o Merrill Lynch em 13 de setembro. "Após (essa data), a companhia não levou a cabo nenhuma nova operação ou renovação de operação antiga", afirma o texto. A companhia se apóia em uma ata do seu conselho de administração, de 15 de setembro, que proibiu contratação de novas operações com derivativos com o Merrill Lynch. Mas não é essa a versão do banco americano apresentada no decorrer do processo encerrado nesta semana pela Justiça. O Merrill Lynch argumenta que em 12 de setembro o contrato de derivativo em aberto foi rolado, continuando a gerar perdas para a empresa, que culminaram nos R$ 232 milhões cobrados agora. O Merrill Lynch liquidou unilateralmente as operações com derivativos da Vicunha no dia 27 de outubro depois que, em 21 de outubro, a empresa informou não reconhecer a validade do contrato. A Vicunha tem dito que os dois funcionários da área financeira que assinaram a rolagem do contrato não estavam autorizados a fazê-lo. Segundo o Valor apurou, havia pelo menos dois anos que a Vicunha vinha realizando operações com derivativos de câmbio, como estratégia de baratear o custo do seu elevado endividamento. As operações começaram a ser feitas antes mesmo do ingresso na empresa da diretora financeira e de relações com investidores, Ana Elwing, que deixou a companhia em 12 de setembro, em meio à crise com os derivativos. Essas operações sempre foram de conhecimento de Ricardo Steinbruch, controlador e presidente da empresa, que costumava dizer que o risco a que a Vicunha se expunha era pequeno, por se tratar de uma exportadora, com receita em dólares. No caso específico do Merrill Lynch, o contrato guarda-chuva, que dava respaldo a todas as operações de derivativos com a Vicunha, foi feito em meados do ano passado. E Ricardo Steinbruch dava garantias pessoais ao contrato (fiança bancária). De lá para cá, as operações foram roladas três vezes, sempre com lucro para a Vicunha, já que o dólar vinha em constante desvalorização em relação ao real. Os prejuízos começaram a tomar forma justamente a partir de agosto deste ano, quando o câmbio inverteu a mão. Na versão do banco, em 12 de setembro as perdas foram reconhecidas e o contrato, rolado mais uma vez. A partir daí, o banco argumenta que teria iniciado conversas com a Vicunha para encerrar as posições, já que o câmbio continuava a piorar.
Merrill Lynch levará Vicunha à arbitragem
Valor Econômico - 5/11/2008


Foto: Flickr

Mais um Banco é Beneficiado

Depois do Deustche Bank, mais uma instituição financeira é beneficiada pelas alterações das regras contábeis do Iasb.

Royal Bank of Scotland reduz seu valor em balanço
Efe - 4/11/2008 - FolhaNews

O RBS (Royal Bank of Scotland) informou hoje uma redução de 206 milhões de libras (US$ 327,77 milhões) em seu balanço por causa de seus ativos podres, valor muito menor do que o esperado.

O RBS, que está disposto a recorrer ao plano de resgate de 20 bilhões de libras (US$ 31,82 bilhões) do governo britânico, se beneficiou das novas regras de contabilidade, menos estritas que as anteriores.

Sem a aplicação dessas novas regras, o banco teria sido obrigado a uma redução de 1,2 bilhão de libras (US$ 1,9 bilhão).

Por outro lado, a instituição financeira anunciou sua intenção de recomeçar a pagar dividendos em 2010, o que exigirá comprar do governo britânico 5 bilhões de libras (US$ 7,96 bilhões) em participações preferenciais com juros de 12%.

"Essas participações representam uma dívida desnecessária e custosa, por isso pretendemos resgatá-las tão em breve quanto for prudente", disse Stephen Hester, que sucede Fred Goodwin no posto de conselheiro delegado do RBS.

Os bancos que recorreram ao plano de resgate do governo do Reino Unido não podem retomar o pagamento de dividendos a seus acionistas até recomprarem as ações preferenciais controladas pelo Estado.

O RBS antecipou que os resultados de todo o ano refletirão o impacto do aumento das dívidas de difícil recuperação, que alcançaram 5,9 bilhões de libras (US$ 9,39 bilhões) no primeiro trimestre.

Neste ano, o lucro subjacente do RBS registrou queda de 8% nos nove primeiros meses, mas sem a contabilização das más dívidas, houve aumento de 7%.

O RBS, criticado por seu suposto plano de pagar prêmios a seu pessoal, inclusive o do banco de investimentos, disse que ainda nenhuma decisão foi tomada, embora seja preciso incentivar funcionários "que fizeram um trabalho magnífico".

Aracruz

Aracruz renegocia perda de US$ 2,13 bilhões por crise
Agencia EFE - 4/11/2008

Rio de Janeiro, 4 nov (EFE).- A fábrica de celulose Aracruz, maior do Brasil e uma das principais empresas mundiais do setor, informou hoje que fechou um acordo com bancos para renegociar uma perda de US$ 2,13 bilhões associada a contratos cambiais de alto risco.

Em comunicado enviado aos mercados financeiros, a Aracruz explicou que antes de 30 de novembro, "em uma negociação de boa fé", completará a reestruturação da dívida associada a essas operações fracassadas.

A Aracruz, assim como outras 200 empresas brasileiras, sofreu fortes perdas em contratos futuros de divisas, chamados derivativos, ou derivados, nos quais apostavam na manutenção da revalorização do real frente ao dólar.

A empresa explicou que concluiu a negociação "para desfazer parte substancial das operações com derivativos", eliminando 97% de sua exposição a estes papéis, com "uma perda total de US$ 2,13 bilhões".

Os derivativos causaram fortes estragos na contabilidade de empresas brasileiras desde o final do terceiro trimestre, quando se reverteu a forte revalorização do real no meio da crise financeira internacional.

Desde 30 de junho, quando a taxa de câmbio estava em R$ 1,59 por US$ 1, até hoje, quando a moeda americana vale R$ 2,15, a moeda brasileira perdeu cerca de um terço de seu valor.

Até setembro, a taxa de câmbio fixado nesses contratos futuros costumava variar, mas com clara tendência de baixa, e a maioria dos papéis circulando no mercado brasileiro pagando uma taxa de câmbio de R$ 1,75 para o fechamento de 2008 e de R$ 1,72 para março de 2009, segundo outras fontes.

Quase todas as grandes empresas exportadoras brasileiras tentaram proteger suas receitas com este mecanismo de risco, o que foi classificado pelo Governo Federal, em especial pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, como uma aposta especulativa movida pela cobiça, em um "cassino" financeiro.

Segundo as empresas, na realidade elas estavam apostando na solidez da economia e na moeda brasileira, enquanto se preparavam para enfrentar custos crescentes em reais e balancear-los com suas receitas em dólares desvalorizados. (...)

Anistia


Proposta dá anistia às dívidas de Cofins
Valor Econômico - 5/11/2008

Uma nova proposta de anistia das dívidas das sociedades de profissionais liberais - entre elas escritórios de advocacia e de contabilidade e consultórios médicos - que não recolheram a Cofins durante o período em que ainda não havia a definição sobre a incidência do tributo sobre essas empresas no Supremo Tribunal Federal (STF) começa a ser discutida no Senado Federal. Um projeto de lei apresentado na semana passada pelo senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) pretende perdoar a dívida das sociedades que não pagaram o imposto até o julgamento final da disputa no Supremo, no dia 17 de setembro deste ano. Outra alternativa para amenizar os efeitos da decisão do Supremo para os contribuintes já tramita desde o ano passado na Câmara dos Deputados, quando já havia uma sinalização de que os contribuintes perderiam a batalha.

O Projeto de Lei n º 2.691, do deputado Bruno Araújo (PSDB-PE), prevê o parcelamento da Cofins devida pelas sociedades de profissionais liberais em até 240 vezes e ainda deve passar por três comissões. No novo projeto, que prevê o perdão total da dívida pelo fisco federal, o relator Eduardo Azeredo justifica que a anistia seria o melhor caminho, já que até o julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) os contribuintes se baseavam em diversas decisões do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e até em uma súmula da Corte sobre o tema, editada em 2003, que isentava as sociedades da Cofins. Além disso, o senador argumenta que o valor devido seria elevado e que as empresas que não fizeram provisões não teriam como pagá-lo. "Cada escritório teria que pagar quase um faturamento mensal por ano de imposto devido. Como a Fazenda pode cobrar o imposto dos últimos cinco anos , o total da dívida daria o correspondente a cinco meses de faturamento", diz. Azeredo diz que ainda não conversou detalhadamente sobre o projeto com os demais senadores, mas acredita que deve haver uma boa receptividade. Já com relação ao governo, a aprovação da anistia poderá dar mais trabalho. "Mas neste caso há uma exceção, já que os contribuintes estavam amparados por decisão judicial", diz. De acordo com o texto do projeto de lei que tramita no Senado, "ficam dispensados o lançamento, a inscrição como dívida ativa da União, e o ajuizamento da respectiva execução fiscal, bem assim cancelados o lançamento e a inscrição já ocorridos, relativamente à Cofins incidente sobre a receita bruta de sociedades civis de prestação de serviços profissionais, cujos fatos geradores tenham ocorrido antes de 17 de setembro de 2008."


Fonte do Desenho, aqui

04 novembro 2008

Rir é o melhor remédio


A crise e o Halloween, aqui

Links


Nassim Nicholas Taleb, autor do livro Cisne Negro (The Black Swan) deve ter obtido um retorno no seu fundo hedge entre 65% a 115% em outubro.

Markowitz e a crise

Livros interessantes (Foto)

Conferência da Vale do Rio Doce

Números e Ciência

Café faz bem ou mal? Um estudo de 1998 encontrou que café reduz o risco de câncer. Mas em 2005 outro estudo encontrou o oposto. Onde está o problema? Segundo Andréas Von Bubnoff não é na ciência, mas nos cientistas. Em Numbers can lie Good today, but how about tomorrow (Los Angeles Times, 17 de setembro de 2007) algumas questão sobre o uso de números nas ciências são apresentadas.

Os problemas estão na incorreções dos estudos, estimada em metade do que é publicado. Em alguns estudos, as conclusões somente são possíveis se os testes estatísticos forem aleatórios, o que nem sempre é possível. Em outros casos, o tamanho e duração do estudo devem ser longo, que torna difícil de controlar as variáveis externas e isolar seus efeitos. (além disto, a pesquisa fica mais cara).

O texto faz as seguintes recomendações para não ser enganado com pesquisas:

a) Replicação – não mude o estilo de vida por causa de um estudo. Espere estudos que
repliquem os resultados
b) Tamanho do efeito – verifique se os efeitos apontados pelo estudo é coerente. Se uma pesquisa de medicina sugerir que comer um alimento pode reduzir o risco de câncer, veja a quantidade de alimento necessária para tal efeito
c) Veja se o estudo foi aleatório e controlou as variáveis
d) verifique a significância estatística do estudo. Geralmente é de 5%, mas este valor pode aumentado ou reduzido de acordo com o interesse da pesquisa.
e) tamanho do estudo – quanto maior melhor. Um estudo com somente 20 pessoas impede uma maior generalização
f) Estudo de longo prazo tende a produzir resultados mais confiáveis em termos de verificar os efeitos da pesquisa. Uma pesquisa de um ano pode ter produzido os resultados graças a correlações espúrias.
g) Consistência – resultados mais precisos fazem os estudos serem mais confiáveis. Um intervalo entre 45 e 55 é mais razoável que um intervalo entre 0 e 100
h) Onde foi publicado – pesquisas em jornais de qualidade podem ser mais confiáveis.

Clique aqui para ter acesso ao texto integral.

Itaú e Unibanco: visão pessoal

Abaixo, a visão pessoal do Blog do Consignado:

O sonho de Olavo Setúbal
Por Gabriel Rossi

O Itaú sempre gostou de comprar bancos para se aproximar do Bradesco. Era meio que uma obsessão mesmo. O gigante ganhou fama de Blockbuster. Forte, destemido e ousado. Banco Paulista, Aliança, União Comercial... Com certeza você lembra de outros nomes.

Eu, modestamente, acredito que foi a estratégia adequada para a época. Na minha opinião, o trabalho de construção de marca do banco é belo justamente por isso. Diversos bancos dentro de um só. Imagine que confusão?

Não havia uma única cultura unificada e naturalmente uma visão clara. Alinhar os pensamentos e anseios, fortalecer e singularizar o nome para "Itaú" não foi tarefa fácil. Mas enfim, eles conseguiram! Itaú é uma senhora marca. Méritos a todos os colaboradores, clientes e ao meu eterno professor Madia e toda sua equipe.

Hoje teve cara de déjá vu meus amigos. O banco veio a público anunciar uma fusão de suas operações finaceiras com as do Unibanco. Nasce a maior instituição bancária privada do hemisfério sul, figurando entre as vinte maiores do mundo. Olavo Setúbal está feliz.

Essa fusão é um forte indicativo das articulações que os gigantes estão fazendo para dominar o mercado. Eles viram, de fato, uma oportunidade na crise...

Nosso medo é que a falta de competição no mercado financeiro do Brasil fique ainda mais evidente. Quem perde é o consumidor que vê seu poder natural de barganha reduzido.

Atrasando a Convergência

Somente dois meses atrás, existia uma crescente certeza de que os EUA iriam adotar as regras internacionais de contabilidade e deixar o US GAAP. Um roteiro de como isto aconteceria foi prometido.
Agora, isto parece pouco provavel – e isto é bom. Os eventos de outubro contem muitas lições e uma delas é que este é um tempo para por freio no movimento de convergencia contábil internacional.
(…) Os bancos encontraram o vilao perfeito no valor justo – algo que eles poderiam culpar pela crise do crédito e esperam pouca resistência. Contadores raramente possuem apoio público. Posicionar a contabilidade como fonte de sofrimento para cada pessoa poderia ajudar na causa dos banqueiros.
Os politicos escutaram – e esta solução não custa nada, afinal de contas – e alguns já reproduzem o refrão dos banqueiros. (...)


Put the brakes on convergence before it is too late
Jack Ciesielski - 30 October 2008 - Financial Times - Asia Ed1 - 17

O artigo pode ser encontrado aqui

Aqui uma reação ao artigo na CFO

Modelo de Risco da AIG

Numa extensa reportagem de investigação do Wall Street Journal (Behind AIG's Fall, Risk Models Failed to Pass Real-World Test, Carrick Mollenkamp, Serena Ng, Liam Pleven & Randall Smith, 3/11/2008, A1) começam a surgir detalhes dos problemas financeiros de algumas instituições. O texto enfatiza a questão do modelo de risco da AIG, a seguradora que precisou ser socorrida pelo tesouro dos EUA.

A AIG tinha contratado um “especialista” acadêmico para construir seu modelo de risco. Entretanto, o modelo não era adequado. O próprio autor do modelo, Gary Gorton, afirmou, em dezembro de 2007, que nenhuma transação era aprovada na AIG se não fosse baseada no modelo que ele construiu.

Aqui, reação ao texto do jornal. Aqui, outro texto de blogueiro sobre o assunto.

Intangível nas fusões

Tinha selecionado este texto que foi postado no blog do Moisés Ávila. Com a aquisição do Unibanco pelo Itau, tornou-se mais atual:

O intangível nos processos de fusões e aquisições
Integrar pessoas e culturas a negócios talvez seja o principal desafio para empresas que participam de processos de fusões e aquisições. E operações como estas têm se tornado cada vez mais comuns. Apesar de mais constantes, muitos desses acordos ainda geram insucessos para negócios que, aparentemente, não tinham como dar errado. Isso acontece pois muitas companhias levam em conta apenas os valores tangíveis das operações - ou seja, quantas sinergias de mercado e de custos a aquisição vai gerar para o negócio - sem perceber que o choque entre diferentes culturas e valores pode ameaçar o sucesso. Estudo recente, com base em 200 companhias européias, mostra que não ter levado em conta esses aspectos, gerou 90% dos maus resultados nas fusões e aquisições ocorridos no continente nos últimos três anos.

Fica evidente, então, que unir os aspectos tangíveis com os intangíveis é mais do que necessário; é a chave para o sucesso. O lado humano e comportamental é fator determinante para garantir o futuro das empresas nesse mundo aparentemente sem barreiras. A grande missão das corporações é justamente encontrar uma maneira de eliminar essas dificuldades e fazer com que o período de transição ocorra de maneira fluida.

Os valores intangíveis são compostos por três diferentes capitais: o organizacional, que engloba a cultura, o know-how, a estrutura e a forma de tomar decisões; o relacional, que diz respeito às redes de relacionamento internas e externas; e o humano, relacionado às habilidades pessoais, talentos e lideranças. A soma desses intangíveis corresponde de 60% a 80% do valor da empresa e, aquelas que não se preocupam com isso, perdem a oportunidade de construir um valor intangível mais valioso.

Nesse cenário, o papel dos líderes é fundamental, já que será deles a tarefa de nortear a transição da melhor forma. Além de viabilizar a integração, eles devem trabalhar a sinergia entre as companhias e focar na dimensão intangível de maneira aprofundada e por um período mais longo - que deve se iniciar antes da fusão e terminar meses, ou anos, após a operação ser concluída.

Os funcionários são um dos ativos mais importantes. No processo de transição eles ficam inseguros a respeito do futuro e do clima que se formará no novo ambiente de trabalho. Por isso o grande desafio dos CEOs é conhecer bem a cultura das empresas, das lideranças e dos países onde estão instaladas, saber onde estão as forças e fraquezas das companhias, escolher os modelos de cultura a serem seguidos e implantá-los de forma cuidadosa. O importante é dar espaço ao aprendizado mútuo em vez de unilateral - uma habilidade que não se consegue do dia para a noite; precisa ser bem treinada.

Para isso, é necessário desenvolvimento de uma ferramenta customizada, um modelo que defina as dimensões críticas, a fim de identificar áreas de fraquezas, os focos da transação e orientar as ações antes, durante e depois da operação. E também entender o valor estratégico desse processo e criar um contexto para políticas, negócios, processos de sistemas, marca, pessoas e culturas, ou seja, trazer objetividade para as empresas.

A dimensão intangível das fusões é uma jornada emocional, que lida o tempo todo com sentimentos e percepções distintas, capazes de influenciar fatalmente nos resultados. Operações que não levam em conta o capital da organização fazem a empresa perder muito do seu valor nos primeiros 12 meses após o processo e essa tendência permanece nos anos seguintes. O ativo humano gera valor para acionistas e é o grande diferencial frente aos concorrentes. Assim, uma integração bem feita pode gerar lucros maiores, ou tão importantes quanto os econômicos.

Fonte: Valor On Line

GM

Duas péssimas notícias para GM. Segundo Peter Cohan (Bush to GM: Drop dead), o presidente Bush recusou a proposta da GM participar da ajuda do governo, apoiando sua tentative de fusão com a Chrysler.

Segundo esta outra notícia (GM: "probably worst industry sales month in the post-WWII era.") as vendas de veículos da GM em outubro talvez seja o pior desempenho da empresa desde a segunda Guerra mundial.

Entretanto, a Gazeta de hoje traz uma notícia diferente:

GM e Chrysler à espera de auxílio
Gazeta Mercantil – 4/11/2008

Michigan e Nova York (EUA), 4 de Novembro de 2008 - As conversações sobre uma fusão entre a General Motors e a Chrysler podem se intensificar esta semana à medida que as companhias esperam para ver se os Estados Unidos vão dar auxílio financeiro para ajudar a completar o acordo, disseram fontes próximas da questão.
A Cerberus Capital Management, dona [sic] da General Motors e da Chrysler, ainda apóia a associação. As conversações não pararam durante as negociações do governo, disseram as fontes, que pediram para não ser identificadas porque as negociações são privadas.

A GM e a Chrysler, pressionando por um acordo à medida que uma economia em colapso e um congelamento nos empréstimos para automóveis empurram as vendas na indústria em direção à maior queda em 15 anos, não esperam fazer progresso significativo com a ajuda do governo até depois das eleições nos Estados Unidos, disseram as fontes. Reunir as companhias exigiria de US$ 10 bilhões a US$ 12 bilhões em dinheiro adicional para conectar as operações, disse em uma nota aos investidores no dia 20 de outubro, Itay Michaeli, do Citigroup Global Markets.

O financiamento e um acordo com o sindicato permanecem as duas maiores obstáculos para a fusão, disseram fontes próximas da questão. O sindicato United Auto Workers contratou o ex-conselheiro da GM e o analista de automóveis do Morgan Stanley, Stephen Girsky, para assisti-lo nas conversações com a GM, confirmou Girsky em um e-mail.

"A associação destas duas companhias poderia, a longo prazo, economizar muito dinheiro para elas", disse o analista de crédito da Standard & Poor''s Robert Schulz, ontem em Nova York, em uma entrevista à Bloomberg Television. "Todavia, vai ser necessário muita liqüidez a curto prazo e não vemos isso como uma panacéia para os problemas delas. Certamente não repara o panorama econômico.
(Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 5)(Bloomberg News)

Auditoria especial na Sadia

Sadia atende acionistas e contrata nova auditoria
Gazeta Mercantil - 4/11/2008

Em reunião realizada na tarde de ontem, o Conselho de Administração da Sadia S.A. acatou o pedido dos acionistas de realizar uma auditoria especial para apurar eventuais responsabilidades dos administradores nas operações que, até setembro, tinham resultado em prejuízo de R$ 653 milhões com contratos de derivativos cambiais. A BDO Trevisan será contratada para fazer a auditoria. De acordo com comunicado postado ontem na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) um relatório detalhado das responsabilidades apuradas deve ser apresentado no prazo máximo de 90 dias.

A solicitação foi feita pela Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil (Previ) que queria explicações sobre a política financeira da companhia e detalhamento das operações financeiras atreladas à variação cambial.

Resultados negativos

Por conta do prejuízo com as operações de derivativos de câmbio, a Sadia amargou no terceiro trimestre do ano um prejuízo de líquido de R$ 777,4 milhões. Nos nove meses do ano, esse valor se dilui para R$ 442,6 milhões. O valor ainda não contabiliza a posição de perdas com os títulos do banco Lehman Brothers, que vencem em setembro de 2009 mas que até o final do mês passado estavam estimadas em R$ 239,5 milhões. Também não inclui o volume de contratos de derivativos cambiais que venceram em outubro.

Além de insatisfação de acionistas, a alta exposição da Sadia a operações de derivativos cambiais também incomodou analistas de mercado. De acordo com Denise Messer, do Banco Brascan, apesar do forte crescimento de vendas, apresentado no balanço do terceiro trimestre, o mercado ficou muito desconfortável com o fato de a companhia estar desenquadrada de sua política de exposição a derivativos cambiais.

Até 30 de setembro, esse tipo de contrato havia demandado R$ 970,2 milhões de depósitos de margem da companhia. A empresa informou que ao final de setembro tinha em seu caixa aproximadamente R$ 2,3 bilhões para fazer frente a potenciais chamadas de margem e garantir o fluxo operacional de seus pagamentos.

Ao final do terceiro trimestre deste ano, a Sadia tinha uma dívida líquida de R$ 4 bilhões, o que significou um aumento de 86,2% quando comparado à posição ao final do trimestre anterior (fim de junho de 2008). A receita líquida da companhia no período foi de R$ 2,8 bilhões, crescimento de 29,7% em relação ao mesmo trimestre de 2007.

A empresa continuou registrando desempenhos satisfatórios nas vendas no mercado brasileiro, que cresceram 18,5% no trimestre e 13,3% de janeiro a setembro na comparação com iguais períodos de 2007. Apesar dos prejuízos, a companhia manteve a sua projeção de crescimento da margem EBITDA (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) entre 11% e 12% para 2008.

(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 11)(Fabiana Batista)

Itaú e Unibanco: razão do negócio

A Gazeta Mercantil arrisca uma explicação para o negócio (Avanço do Santander no País acelerou fusão)

Além de criar um grupo com capacidade de competir internacionalmente, a fusão entre Itaú e Unibanco teve o objetivo de defender a posição das instituições no mercado doméstico contra o avanço dos concorrentes, mais precisamente do Santander.


Não parece ser esta a razão. No Valor Econômico (Itaú e Unibanco anunciam fusão) destaque para detalhes da operação:

(...) Não haverá desembolso de dinheiro na operação que será feita por meio de troca de ações. (...) O presidente do Itaú, Roberto Setubal, e o presidente do Unibanco, Pedro Moreira Salles, iniciaram as conversas há 15 meses e somente informaram a alta cúpula de cada organização quinta-feira passada. No novo banco, Setubal será o presidente executivo; e Moreira Salles vai presidir o conselho de administração. A operação torna o novo banco uma fortaleza no mercado financeiro e teve como objetivo reforçar a presença no mercado doméstico, onde a competição aumentou muito depois da investida do Santander sobre o Banco Real. A posição do Unibanco estava ficando especialmente vulnerável, depois de ter caído para quarta posição no ranking de bancos privados. Mas outro objetivo claro da transação é transformar o banco em uma empresa global. "O Brasil precisa ter um banco internacional para apoiar as empresas brasileiras no exterior", disse Setubal.


(grifo meu). Em Banqueiros despistaram a vizinhança o Valor dá detalhes da operação:

Os banqueiros Pedro Moreira Salles e Roberto Setubal são vizinhos. Ambos moram na charmosa praça Pereira Coutinho, na Vila Nova Conceição. Foi ali, no coração deste bairro nobre da capital paulista, na sala de estar do apartamento de Moreira Salles, que os dois aventaram, pela primeira vez, em julho do ano passado, a hipótese de unir seus bancos numa reação ao avanço do Santander no Brasil. Depois disso, embora os edifícios fiquem um de frente para o outro, Setubal jamais cruzou a praça novamente para conversar com Moreira Salles para tratar da fusão entre Itaú e Unibanco, anunciada ontem. As reuniões que selaram o negócio, e mesmo a assinatura dos contratos, se deram vários quilômetros longe dali, numa mansão com um suntuoso jardim, forrado de obras de arte, no bairro do Morumbi. O dono do casarão é Israel Vainboim, o presidente do conselho da Unibanco Holding, que ingressou no banco em 1969 e tornou-se um dos executivos de maior confiança de Moreira Salles.


No mesmo texto, o jornal pode ter antecipado o real motivo da transação:

No domingo, apenas pouco mais de 20 pessoas - acionistas das famílias Moreira Salles, Setubal e Villela e os executivos mais importantes dos dois grupos - participaram da reunião de assinatura dos contratos. Embora os dois bancos tenham informado que as negociações começaram há quinze meses, elas de fato se intensificaram nas últimas semanas. A crise financeira foi um catalisador importante. A saúde financeira do Unibanco vinha sendo alvo de boatos - todos desmentidos. As ações do banco sofreram com isso mais do que qualquer outra grande instituição brasileira, o que levou o Unibanco a antecipar a divulgação dos resultados do terceiro trimestre e, no mesmo dia, lançar um grande programa de recompra dos seus papéis. (...)
No mercado, o Unibanco era visto como uma instituição a ser engolida por alguém maior. Por outro lado, Pedro Moreira Salles sempre relutou em vender simplesmente o banco da família, fundado por seu pai. Segundo pessoas ligadas aos dois bancos, de olho em um movimento estratégico para o Itaú, Setubal aceitou um desenho que deu conforto a Moreira Salles. Dois aspectos do desenho confirmam essa percepção. Em primeiro lugar, porque, embora dividam meio a meio as ONs, o ramo Itaú ficou com 100% das ações preferenciais da IU Participações, empresa que vai controlar a Itaú Unibanco Holding. Além disso, uma participação de 36% das ONs do novo banco, pertencente ao ramo Itaú (Itaúsa), foi deixada de fora da IU.


Grifo meu.

Itaú e Unibanco: dúvidas dos investidores

Em Investidores têm dúvidas sobre o acordo o Valor analisa o negócio sob a ótica do investidor:

"Embora anunciado com fusão de iguais, a impressão que fica é a de que o Itaú comprou o Unibanco", escreveu o analista Victor Martins, do Safra.
O economista João Augusto Salles, da Lopes Filho, concorda. Segundo ele, tecnicamente a operação é uma fusão, pois há o desaparecimento de duas instituições (Itaú Holding e Unibanco) para o surgimento de outra (Itaú Unibanco Holding). "Entretanto, a relação de troca das ações mostra que, na realidade, o Itaú está adquirindo o Unibanco", diz. O modelo societário da transação entre os bancos é velho conhecido dos investidores do mercado brasileiro. As ações ordinárias do Unibanco serão absorvidas com elevado prêmio, enquanto as preferenciais terão tratamento inferior.


Mais ainda

Entre as dúvidas dos investidores sobre a operação está qual será a fatia dos preferencialistas de Unibanco na instituição resultante do negócio. Também ficou pouco claro porque a Itaúsa elevará em 8,3% a quantidade de ações detidas no banco combinado. Para Mônica Araújo, analista da Ativa Corretora, existem várias questões que os bancos ainda precisam esclarecer. Uma é se a operação resultará em benefício fiscal. Outra, segundo Mônica, refere-se a quantos dos seis membros do conselho de administração serão indicados por cada banco. Enquanto o fato relevante do negócio diz que as conversas entre as instituições ocorriam há 15 meses, a sensação dos investidores foi bastante diferente. A leitura foi de que o acordo foi rapidamente fechado - motivo pelo qual, inclusive, não houve vazamento aparente das informações. A impressão era que o cenário para o Unibanco tendia a se deteriorar.

Itaú e Unibanco: reação dos concorrentes

Também no Valor, a noticia de que o Bradesco foi surpreendido (Bradesco é surpreendido e estuda reação)

A diretoria executiva do Bradesco foi chamada ontem para uma reunião de emergência na Cidade de Deus, sede do banco. A idéia era discutir as estratégias de reação à fusão entre o Itaú e o Unibanco, que deixou o Bradesco na incômoda situação de segundo maior banco privado do país. Na sexta-feira, quando os diretores deixaram suas mesas, ninguém poderia sonhar que na segunda-feira teriam tamanha surpresa. O Bradesco sabia da possibilidade de perder a liderança. Bastava que o Itaú comprasse uma instituição de porte médio para ultrapassá-lo em volume de ativos totais.


Afinal, o objetivo da entidade é agregar valor para seu acionista, como afirma a teoria de finanças, ou aumentar o poder de barganha para seus executivos, como sugere algumas pesquisas empíricas sobre comportamento dos administradores? Neste sentido, o texto do jornal continua:

O BB já começou a se movimentar para que o Congresso aprove logo a MP 443, que lhe dá facilidades para aquisição de bancos sem licitação e permite, em seu texto original, o pagamento em dinheiro. Analistas também acham possível que o Bradesco tente se aproximar do Banco Votorantim, da família Ermírio de Moraes. Em uma alternativa mais ousada, o Bradesco poderia propor assumir as operações do Citi no Brasil, oferecendo uma fatia de suas ações como pagamento ao banco americano.


Em Analistas vêem reflexos para pequenos e médios o Valor destaca a possibilidade de consolidação do setor bancário:

O economista João Augusto Salles, da Lopes Filho, acredita que a consolidação no setor bancário deve se intensificar. Se Itaú e Unibanco não devem mais ter apetite, por outro lado, diz, Bradesco, Banco do Brasil e Santander devem sair às compras. Segundo o economista, os bancos pequenos e médios estão enfrentando a concorrência dos grandes nas áreas em que atuam. Além disso, o custo de captação tem aumentado nesse cenário de crise. "A tendência é a de que alguns sejam absorvidos", afirma.

Itaú e Unibanco: Cade

Também na Gazeta (Negócio tem de ser aprovado por BC e Cade) (Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 3)(Ayr Aliski)

O problema poderá estar no Cade. Uma das regras do órgão é que operações que resultem em concentração superior a 20% são potencialmente lesivas à concorrência e por isso precisam ser analisadas pela autarquia. Isso não é automático pois dependerá da análise completa da operação.
Itaú e Unibanco informaram que o novo grupo nasce com 24% do mercado de previdência privada e que, em total de depósitos, fundos e carteiras administradas atingirá 21%, portanto são setores que certamente estarão sobre o pente fino do Cade. O órgão de defesa da concorrência já determinou aprovação de operações com restrições, determinando a venda de parte do negócio, como a venda da Bavária na fusão da Brahma e Antarctica. Cada área de atuação é analisada separadamente, podendo haver ou não restrições.
A Lei de Defesa da Concorrência determina que as operações têm de ser apresentadas para análise em até 15 dias úteis depois da assinatura do primeiro documento vinculativo. Também é obrigatório submeter operações de fusão e concentração nas quais uma das partes tenha faturamento bruto anual superior a R$ 400 milhões, situação que se aplica tanto ao Itaú como ao Unibanco.
Ao contrário do que ocorre com operações de fusões e incorporações de vários outros ramos da economia, casos do sistema financeiro não têm de ser submetidos à Secretaria de Defesa Econômica (SDE), do Ministério da Justiça; e à Secretaria de Acompanhamento Econômico (Seae), do Ministério da Fazenda.


Na mesma linha, o Valor comenta sobre o Cade (Cade dificilmente se oporá a negócio)

A fusão entre Unibanco pelo Itaú será o maior negócio do Sistema Financeiro Nacional a ser analisado pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) do Ministério da Justiça, mas, apesar do gigantismo da operação, o órgão antitruste não deverá se opor ao negócio. Nos últimos julgamentos envolvendo o setor financeiro, o Cade concluiu que o mercado é altamente pulverizado no Brasil.
A cota de 20% funciona como uma espécie de "luz amarela" para o Cade. É a partir de 20% de participação num determinado mercado que o órgão antitruste passa a dedicar maior atenção a um negócio.

Itaú e Unibanco

Em "Operação é normal em tempos de crise", a Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 3)(Viviane Monteiro) destaca que:

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que a fusão entre os bancos Itaú e Unibanco deve fortalecer o sistema financeiro nacional e garantir a liquidez de crédito nessas duas instituições, mas reconheceu que a fusão aumenta a concentração no setor. (grifo meu)
Mais adiante o jornal destaca que
No entanto, Mantega reconheceu que a união entre os bancos aumentará a concentração do sistema financeiro brasileiro, que, inclusive, lembrou já é muito concentrado. Apesar disso, considerou a operação positiva, porque ela fortalecerá o setor.

03 novembro 2008

Rir é o melhor remédio


Fonte: New Yorker

Os Maiores Clássicos

Brasil
1. Grêmio x INTERNACIONAL
2. PALMEIRAS X Corinthians
3. FLAMENGO X Fluminense
4. FLAMENGO X Vasco
5. ATLETICO X Cruzeiro
6. SÃO PAULO X Palmeiras
7. Atlético x CORITIBA
8. CORINTHIANS x São Paulo
9. BAHIA X Vitória
10. CORINTHIANS X Santos

Mundo
1. REAL MADRID x Barcelona
2. BOCA JUNIORS x River Plate
3. RANGERS x Celtic
4. MILAN x Internazionale
5. MANCHESTER UNITED x Liverpool
6. Galatasaray x FENERBAHCE
7. ROMA x Lazio
8. PORTO x Benfica
9. PENAROL x Nacional
10. ARSENAL x Tottenham

Fonte: Trivela, out, 2008, p. 34-45
(Em destaque, a equipe com maior número de vitórias)

Links


Juros sobre o capital próprio

Fotografia do mundo animal

A questão do mercado para fazer previsão em política: funciona ou não?

A matemática na questão da previsão política pelo mercado

Contra os testes de múltiplas escolhas

AIG e o dinheiro

Justa causa para empregada que faltou para levar o filho ao médico

Cingapura também aderiu

Segundo o The Wall Street Journal (31/10/2008, In Brief, C6) o Accounting Standards Council de Cingapura aprovou novas regras para contabilidade de ativos com base na marcação a mercado, evitando baixas contábeis pela flutuação do mercado.

Remuneração dos executivos

A crise pode cobrar seu preço também na remuneração dos executivos de instituições financeiras. Segundo o New York Time (Some Banks May Tell U.S. to Keep Bailout Cash, Edmund Andrews, 31/10/2008, Late Edition – Final, 6) Andrew M. Cuomo, o attorney general da cidade de Nova Iorque, mandou correspondência para nove grandes instituições financeiras solicitando “contabilidade detalhada” da próxima rodada de bônus que se planeja pagar.

Mais sobre convergência

Em outro artigo da CFO, Alan Rappeport (Could the Crisis Crimp Convergence?, 31/10/2008) lembra uma frase de Ciesielski para o Financial Times:

"Em vez de uma convergência corrida durante a pior crise financeira desde a Depressão, talvez o que é necessário é um pouco mais de anos de competição amigável entre os reguladores", Ciesielski escreveu.


Uma pesquisa feita pela Protiviti (via este blog) mostra que muitos dos EUA estão adotando uma postura de esperar para ver o que acontece com as normas internacionais. Ou seja, a preparação é mínima.

Resposta do IASB a Crise


O Iasb lançou um documento sobre a questão contábil em tempos de crise financeira.

Este blog chamou o documento do Iasb de presente do Haloween. Mas uma análise mais abrangente foi realizada pela CFO:

Diante das duras críticas, o IASB realizou um documento como fazer sobre a contabilidade a valor justo que aborda algumas questões espinhosas.

Nenhuma regra contábil foi alterada e as orientações para clarificar as regras permaneceram o mesmo, também - exceto talvez para a adição de alguns novos exemplos. Porém, em alguns aspectos, as 84 páginas do documento divulgado hoje pelo International Accounting Standards Board diz muito sobre a orientação futura da contabilidade pelo justo valor.

Implacável pelas acusações que o valor justo contábil é o demônio no âmago da crise de crédito, o IASB pôs juntas todas as suas últimas orientações sobre o tema em um documento para responder à pergunta de como contabilizar instrumentos financeiros nos mercados ilíquidos utilizando a chamada metodologia de marcação a mercado. O novo documento não altera nenhuma das regras existentes do IASB de valor justo, ou suas propostas de alteração da IFRS 7 - a regra de evidenciação do valor justo prevista para 2009.

Pelo contrário, ela reafirma todos os princípios da IAS 39, a regra do IASB de mensuração a valor justo e, em seguida, aborda questões práticas espinhosas, tais como a utilização de preços de transação, as estimativas da administração e os serviços de dados dos preços de insumos para recalcular valor justo.

Os princípios delineados na orientação formaliza muitos dos recentes pronunciamentos feitos pelo IASB da contabilidade a valor justo, fragmentários e liberados ao longo das últimas semanas. Em geral, o orientação do IASB é coerente com a orientação de um grupo realizado pelos Financial Accounting Standards Board dos Estados Unidos em 10 de outubro. A orientação dos E.U. também forneceu exemplos ilustrativos (...)

Mas banqueiros, que são um dos críticos mais sem rodeios da contabilidade a valor justo porque a metodologia força para a baixa nas suas empresas dos ativos ao valor corrente, precisava de uma resposta rápida. Por seu lado, o novo pacote de informações do Iasb aborda todas as principais controvérsias, abrangendo dentre outros temas, as características de um mercado inativo - que incluem uma redução significativa no volume e nível de atividade comercial ou de variações significativas de preços entre os participantes do mercado.

IASB também ressalta a relevância do julgamento em mercados incertos. Mas ele deixa claro que todos os chamados julgamentos terão de ser ponderados por outros fatores de risco. (...)



Undaunted: Global Fair Value Guidance Evolves - Marie Leone - 31/11/2008 – CFO


Aqui, link através do blog Análise de Balanço

(Fonte da foto, aqui)

Defesa do Valor Justo

Não existe uma relação causa-feito [entre contabilidade a valor justo e a crise financeira]. Eu penso que o valor justo apropriadamente aplicado é um modelo contábil apropriado.

CFOs React: HSBC's Iain Mackay - David M. Katz - 31/10/2008 – CFO

Japão e medidas para crise

Muito controversamente, o governo planeja suspender as regras de contabilidade de marcação a mercado, que força os bancos a avaliar seus itens a preços de mercado. Muitos especialistas opõem a medida. A redução da transparência e a avaliação dos ativos dos bancos a maior prolongou a miséria dos últimos tempos. Por que repetir o erro?
Japan’s economy: That sinking feeling – 1/11/2008 - The Economist – 38 - Number 950

Ainda Forbes

Em postagem anterior destaquei o editorial de Steve Forbes, da revista de negócios Forbes, que atacava o MTM (mark-to-market, marcação a mercado). Em novo editorial, Forbes novamente ataca este método, chamando-o de bomba de destruição em massa. Como o texto é longo, destaco somente o trecho referente a contabilidade:

Even with Fannie and Freddie inflating the bubble and the Fed and the rest of the Bush Administration weakening the dollar, the crisis never would have become so unprecedentedly destructive but for a seemingly arcane accounting principle called mark-to-market, or fair value, accounting. The idea seems harmless: Financial institutions should adjust their balance sheets and their capital accounts when the market value of the financial assets they hold goes up or down. That works when you have very liquid securities, such as Treasurys or the common stock of IBM or GE. But when the credit crisis hit there was no market for subprime securities. Yet regulators and lawsuit-fearful auditors pressed banks and other financial firms to relentlessly knock down the book value of this subprime paper, even in cases where these obligations were being serviced in the payment of principal and interest. Mark-to-market became the weapon of mass destruction.

When banks wrote down the value of these assets they had to get new capital. The need for new capital was a signal to ratings agencies that these outfits might be in need of a credit-rating reduction. This forced financial firms to increase collateral for credit default swaps--which meant more calls for new capital.

Result: Investment banks that still had positive cash flows found themselves in a death spiral. Of the $600-plus billion that financial institutions have written off, almost all of it has been book writedowns, not actual cash losses. This accounting madness sank Fannie and Freddie this summer when the government effectively took them over and provided them with a $200 billion loan facility. The two entities are still cash positive and haven't drawn down a dime of this new line of credit.

Rigid mark-to-market accounting is similar to a highway that has a speed limit and a speed minimum. When snow appears on the road, bad road conditions cause drivers to go slowly. Under a mark-to-market concept, police would be ticketing these slow drivers for going below the minimum speed.

If this accounting asininity had been in effect during the banking trouble in the early 1990s, almost every major commercial bank in the U.S. would have collapsed. We would have had a second Great Depression.

Congress has made it clear that it wants mark-to-market suspended or abolished, but the SEC and the Treasury Department still refuse to meaningfully modify it. This is the one big piece of business left undone in ending the credit crisis.

How Capitalism Will Save Us; If sensible rescue efforts continue--and they will--the immediate crisis will quickly pass - Steve Forbes – Forbes – 10/11/2008 – 18 - Volume 182 Issue 9

Derivativo e Crise


Graças a sua exposição os exportadores têm de operar proteção cambial, mas sem especular A atual crise de liquidez enfrentada pelos mercados financeiros mundiais trouxe à tona, como um de seus desdobramentos, o debate sobre as condições de segurança dos instrumentos financeiros. Dentro desta ótica, abordaremos os contratos de derivativos usados no segmento de balcão. A característica fundamental que difere um contrato de balcão de um equivalente negociado em mercado de apregoação seria a pessoalidade e individualidade do balcão comparativamente ao pregão. Melhor explicando, nos contratos de balcão as partes que transacionam se conhecem e negociam cada operação, detalhe por detalhe. No caso de pregão, comprador e vendedor negociam com quem se apresente, e para tanto elegem uma empresa ligada à Bolsa (contraparte central) para assumir o risco de vendedores e compradores.

Por ser um contrato previamente definido em termos de condições, valores unitários e obrigações entre as partes, na Bolsa só resta aos envolvidos negociar entre si preço e número de contratos unitários. No Brasil, os segmentos de balcão estão organizados há décadas por meio de um conjunto de entidades, regulamentos, recomendações e sistemas de suporte. Diferentemente do mercado internacional, o registro das operações, seja com instrumentos derivativos ou mesmo títulos, é obrigatório para instituições financeiras e fundos de investimento e de previdência. Já dispomos de infra-estrutura operacional sofisticada, que assegura a completa transparência e aderência dos negócios bilaterais à vontade das partes e às boas práticas e ética operacional dos mercados onde se inserem. Outra dimensão do tópico segurança é o risco.

Na sua melhor definição, risco é a possibilidade de não recebermos o que esperávamos. Assim, se obtemos em um negócio um prêmio equivalente a uma expectativa de perda e, ao fim, deixamos de receber o que esperávamos perder, não podemos falar em risco. Neste caso, o valor do prêmio equivale ao que de fato perdemos - ficou um pelo outro. Risco, portanto, independe do nível de perda esperada no negócio; relaciona-se, isto sim, a perdas que não antecipávamos e, portanto, não nos precavemos ou cobramos por elas. Como se trata de operações realizadas entre duas partes que mutuamente se avaliam no que diz respeito a crédito e salvaguardas que entendem adequadas à situação específica, no balcão os mecanismos de margens, aporte de garantias e mesmo eventos de liquidação antecipada são ajustados contrato a contrato.

Como se vê, para que o mercado de balcão fosse considerado arriscado, comparativamente às alternativas existentes, precisaríamos assumir que os participantes de determinado contrato falharam na sua missão de negociar adequadamente - o que, posso afirmar, não é o caso. Se é assim, por que esta súbita elevação do câmbio trouxe tanta agitação e desconforto aos envolvidos, levando ao clamor de alguns pela limitação na utilização de derivativos por empresas, especialmente as exportadoras, e até mesmo à adjetivação de "tóxico" para os mais exóticos desses instrumentos? Arrisco um diagnóstico.

Mercados de derivativos realocam riscos dentro da economia. Portanto, exportadores são naturais vendedores de proteção contra a alta de moedas estrangeiras, dada sua exposição financeira a perdas em caso de apreciação da moeda nacional, como bem acompanhamos ao longo dos últimos cinco anos. Como costuma acontecer, a "toxicidade" se relaciona à dose, não ao remédio. Se vendemos grandes quantidades de derivativos cambiais porque menosprezamos seu risco, seremos surpreendidos ao nos depararmos com um cenário adverso. Ao procurarmos diminuir a exposição, acabamos sendo protagonistas do movimento altista que agrava ainda mais o quadro. Por mais exótico que seja, o instrumento derivativo não é o responsável pelas perdas de agentes que estavam sobreexpostos.

Ao contrário, quanto mais difundidos são esses instrumentos, mais fácil fica encontrar quem se disponha a dar-lhes a proteção para a situação de desconforto existente. Se, ao vender proteção no mercado cambial, os exportadores estão atuando de forma economicamente correta, então a que atribuir este imenso impacto financeiro? A resposta é que os mecanismos de contabilização e a chamada de margens, tanto no balcão quanto nas bolsas, debilitam a saúde financeira da empresa em um primeiro momento. O padrão de contabilidade não reconhece o potencial de ganho futuro pelo aumento da cotação da moeda em que o exportador vende os seus produtos, criando, assim, uma ilusão de perdas. O descompasso entre resultados imediatos e perspectivas futuras, associado à dificuldade da companhia em comunicar a racionalidade econômica de seu posicionamento nos contratos que firmou, dá margem à grita geral. Sob pressão, muitas vezes, tomam-se decisões irrefletidas de zeragem dos contratos que causam "prejuízo". Estanca-se a perda financeira, mas, aí sim, expõe-se a empresa ao risco cambial.

Como se vê, quem trabalha com comércio internacional não pode se dar ao luxo de estar zerado em derivativos cambiais, pois, se assim procedesse, estaria submetido à imprevisibilidade de seus resultados futuros, pelo descompasso entre os seus custos em moeda local e suas receitas nas moedas em que vendeu ou firmou contratos de fornecimento. A proteção cambial, nesses casos, não é aposta ou especulação, mas um imperativo de boa gestão. Se a solução não é vedar operações com derivativos e pouca diferença há entre mercados de balcão ou bursáteis, o que podemos fazer para diminuir o ruído nesses momentos de crise? A resposta é simples: vamos investir em comunicação clara, crível e expedita dos impactos econômicos sobre as finanças dos grandes atores desses mercados. O sigilo das estratégias individuais convive perfeitamente com informações confiáveis sobre nível de exposição a risco e testes de robustez do aparato de controle dos participantes com relevância sistêmica. A sociedade civil organizada, através de suas entidades representativas, dará sua contribuição para o desenvolvimento de procedimentos e criação de arcabouço condizente para que derivativos cumpram com seu propósito de redistribuir risco e, com isto, amenizar os efeitos localizados dos eventuais tsunamis econômicos.

O derivativo não é o responsável pelas perdas
Valor Econômico - 3/11/2008
Alfredo Neves Penteado Moraes - Presidente da Andima


Grifo meu.

01 novembro 2008

Rir é o melhor remédio


Fonte: Aqui

Rir é o melhor remédio


Fonte: Aqui

Efeito das Políticas Públicas

As políticas públicas desenvolvidas pelos governos federais nos anos 90 e 2000 têm tido efeito pequeno ou nulo no combate às desigualdades sociais e entre Estados, concluem pesquisadores de todo o país que participaram do 6º Encontro Nacional da Associação Brasileira de Estudos Regionais e Urbanos (Aber), promovido em Aracaju entre os dias 20 e 22. "A maioria das políticas, sobretudo as voltadas para o setor industrial, estimulam o crescimento econômico, mas reforçam as desigualdades que já existem em vez de contribuir para que diminuam", afirmou Mauro Borges Lemos, diretor do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional da Universidade Federal de Minas Gerais (Cedeplar/UFMG). Para o economista, a falha central no Programa Nacional de Desenvolvimento Rural (PNDR) desenvolvida pelo governo Lula desde 2003 está nos princípios que a norteiam. "Essa política tem um conteúdo basicamente compensatório e desvinculado da política industrial, o que limita as chances de êxito", diz Lemos.


Políticas públicas têm pouco efeito sobre desigualdades sociais
24/10/2008 - Valor Econômico

31 outubro 2008

Rir é o melhor remédio


Óculos para Ciclope. Fonte: aqui

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