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14 março 2007

Uma crítica a Governança no Brasil

O Conselho de Admistração
Gazeta Mercantil - 14/03/2007

14 de Março de 2007 - Uma coisa que ninguém gosta de dizer no Brasil é que a governança corporativa local é muito inferior à dos países com um mercado de capitais desenvolvido.

Para comprovar a tese, basta ver que o mais alto grau de governança em terras brasileiras tem como exigência justamente que todas ações tenham direito a voto. Ou seja, a governança corporativa brasileira termina onde outras começam, afinal, nos mercados desenvolvidos, que todos tenham direito a voto é a prática comum e não excepcional.

Nota-se de positivo que todas as emissões recentes, pelo menos, têm atendido a esse princípio - salvo, claro, quando nossa legislação não permite, mostrando mais uma vez que o governo, além de não ajudar, não raro atrapalha.(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 4)(Márcio Veríssimo)

Mudança na Contabilidade Pública no Rio de Janeiro

Mais controle sobre gastos públicos
DA REDAÇÃO
Jornal do Commércio do Rio de Janeiro


Secretários e titulares da administração estadual indireta terão seus orçamentos liberados a cada quadrimestre com a garantia de que as despesas serão efetivamente pagas pelo Tesouro. Decreto do Executivo, publicado no último dia 9 e retroativo a 1° de janeiro, define novos procedimentos para a execução orçamentária e financeira de 2007. Assinado pelo governador Sérgio Cabral, o decreto reduz a burocracia até então existente para que o Estado tenha mais controle sobre a qualidade dos gastos realizados, ao mesmo tempo em que dá autonomia aos secretários e titulares da administração indireta.

Segundo o secretário de Planejamento e Gestão, Sérgio Ruy Barbosa, que junto com o secretário de Fazenda, Joaquim Levy, forma a Comissão Orçamentária e Financeira do Estado do Rio de Janeiro (Copof), o dispositivo altera um padrão que funcionou durante 24 anos de “forma ineficiente”, pois todo o controle era feito previamente à despesa. A partir de agora, o Executivo supervisionará a execução, ou seja, a fase pós despesa. Com a mudança, o governo deixará de classificar centenas de milhares de reais por ano à conta “outras despesas”, como vinha sendo feito.

Composição. Os recursos são compostos de duas partes distintas: uma é de custeio e a outra é para investimentos. Para o primeiro quadrimestre deste ano, já foram liberados os recursos de custeio, uma das primeiras providências, e o valor para investimento também está disponível. A demora na liberação, disse Sérgio Ruy Barbosa, deve-se à falta de recursos no Caixa no início do novo governo. Os recursos serão disponibilizados sempre no início de cada quadrimestre para que os gestores possam gerenciar seus gastos e aplicações necessários ao funcionamento da máquina administrativa.

“É como se entregássemos dois envelopes diferentes. O de custeio agora é mais amplo, contempla as despesas correntes conforme previstas no orçamento de cada órgão, e a outra parcela é a de investimentos. Então, com base nessas liberações, o gestor sabe o que tem para gastar, sabe que o dinheiro está garantido e que nós vamos pagar. Essa programação é feita da previsão de fluxo de caixa da Secretaria de Fazenda”, esclareceu o secretário de Planejamento.

De acordo com Sérgio Ruy Barbosa, o decreto promoveu uma alteração profunda no modelo de gestão orçamentária do estado, pois antes eram liberados os recursos destinados ao custeio para o funcionamento das secretarias e tudo que ultrapassasse esse valor tinha que ser solicitado ao governador.

“Passava pela avaliação do Controle e tinha que vencer mais 12 etapas entre o início do projeto e o pagamento, e isso representava uma burocracia desnecessária e um controle desmedido, que não resultava em nada. Nem o estado terminava o exercício com um orçamento equilibrado, nem conseguia terminar as ações no prazo. Acabava o mandato do governante sem a conclusão dos projetos. Nós estamos mudando o padrão e dando maior autonomia aos gestores”, frisou.

Pelo decreto, os órgãos da administração direta e da indireta passarão a ter em seus quadros uma Assessoria de Planejamento e Gestão e uma Assessoria de Controle Interno, vinculadas diretamente ao secretário ou ao titular da entidade da administração indireta. A primeira, que deve ser ocupada por um servidor qualificado, estará vinculada tecnicamente à Secretaria de Planejamento, com responsabilidade inclusive da gestão de recursos humanos.

Já a de Controle Interno exercerá suas atribuições de acordo com as normas e procedimentos estabelecidos pela Auditoria Geral do Estado e pela Contadoria Geral do Estado, tendo que supervisionar e controlar todas as atividades da Diretoria Geral de Administração e Finanças (DGAF) ou órgão equivalente.

Outra medida de impacto foi transferir a administração da contabilidade e do orçamento para a esfera dos secretários. Até então, os DGAFs concentravam as funções de administrar, gerir o orçamento e ainda fazer a contabilidade. O decreto dessas estruturas a contabilidade e a área de orçamento e colocou ambas as tarefas vinculadas aos secretários em todas as pastas.

Texto. O decreto é dividido em oito capítulos, 29 artigos e contempla procedimentos para créditos adicionais e modificações orçamentárias; programação orçamentária e financeira; execução das despesas com pessoal e encargos; execução de despesas com investimentos e controle interno para execução das despesas. Entre outras providências, estabelece novas rotinas para a realização de despesas de pessoal e reconhecimento de dívidas de exercício anterior.

“Para um secretário reconhecer uma dívida de exercício anterior será preciso que ele faça o pedido orçamentariamente e ele terá que provar que aquela despesa não resultará na não realização de ações ou do custeio mínimo da Secretaria”, explicou Sérgio Ruy Barbosa.

Passará a ser facultada a abertura de sindicância para apuração da responsabilidade de quem gerou a dívida, que é uma despesa que foi realizada sem previsão orçamentária, sem Empenho (etapa da despesa que cria para o Estado a obrigação de pagamento), com exceção para as despesas de pessoal relativas a decisões transitadas em julgado.

Lei Suiça atrai Trabalhadoras

Segundo notícia da Bloomberg, após o tratado da Suiça e União Européia para permitir que trabalhadores especializados possam trabalhar na Suiça, trouxe uma conseqüência inesperada: aumentou o número de prostitutas para o país. A notícia fala em 1/3 o crescimento na quantidade dessas profissionais em Zurique e 80% em Genebra.

É a lei da economia: oferta e demanda. Na Suiça, um rico país da Europa, a prostituição é legal.

(No dia 22 Maio 2006 esse blog publicou notícia sobre um estudo, "Theory of Prostitution", do Journal of Political Economy, onde os autores tentam responder qual a razão para que essa profissão seja tão relativamente bem paga)

13 março 2007

Rir é o melhor remédio - 60

Ahold

Notícia da Gaceta de los Negocios:

El comité disciplinario de la organización de contables profesionales de Países Bajos ha acusado formalmente a un empleado de Deloitte & Touche de haber descuidado sus obligaciones profesionales en el escándalo contable de Ahold. La decisión puede abrir una vía para que los accionistas del grupo de distribución exijan indemnizaciones a la firma de contabilidad.


Já a Europa Press (Los contables holandeses acusan a un empleado de Deloitte & Touche del escándalo de Ahold, 12/03/07) afirma que

Un portavoz del Instituto de Contables Colegiados, Marc Schweppe, confirmó el dictamen, que aún no ha sido publicado y que acusa explícitamente al contable John van den Vries de su participación en el caso.

Pese a que la decisión no tiene consecuencias inmediatas para Deloitte & Touche, podría abrir una vía para que los accionistas de Ahold exijan indemnizaciones a la firma de contabilidad, que aprobó las cuentas de la compañía entre 1999 y 2002. Ahold revisó posteriormente a la baja los resultados de este trienio en cerca de 1.000 millones de dólares (765 millones de euros).

Deloitte & Touche y Van den Vries no han respondido a la acusación, aunque ya han argumentado en otras ocasiones que los directivos de la filial en la que se inflaron las ventas, US Foodservice, les ocultaron las irregularidades que habían cometido.

En el momento en que se conoció el fraude, en febrero de 2003, las acciones de Ahold perdieron dos terceras partes de su valor, lo que a punto estuvo de provocar la bancarrota de la compañía.



(Clique aqui para ler Contabilidade já não é importante)

União e os papéis esquecidos

No Senado, projeto prevê que União fique com papéis
Valor Econômico - 13/03/2007

Os milhões de ações esquecidas pelos investidores correm o risco de parar nos cofres do governo. Um projeto de lei de autoria do Executivo, datado de 2000, foi aprovado pela Câmara em novembro de 2005 e, no fim do ano passado, chegou à Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado. Após as emendas sugeridas pelo senador Arthur Virgílio (PSDB-AM), o texto passou a prever que ações preferenciais (PN, sem direito a voto) e ordinárias (ON, com voto) não reclamadas por um prazo 360 dias sejam transferidas para a União após uma chamada pública. A exceção seriam os papéis de empresas listadas em algum dos níveis de governança corporativa da Bovespa.

O projeto de lei 119, de 2005, foi construído sob o argumento de que existem bens sem dono, de pessoas ausentes, não identificadas ou localizadas, ou que morreram sem deixar herdeiros, diz a sócia da Martinelli Advocacia Empresarial, Juliana Martinelli. "As empresas teriam um prazo relativamente curto para a identificação dos acionistas e, depois disso, a União é que teria direito sobre os ativos e dividendos não prescritos relativos àquelas ações."

(...) A redação da Lei das Sociedades Anônimas já prevê a prescrição de dividendos não sacados por três anos, que costumam ser incorporados ao patrimônio das empresas. "Isso é em benefício dos próprios acionistas, mas as ações não podem caducar", diz o presidente da Associação Brasileira das Companhias Abertas (Abrasca), Alfried Plöger. Ele lembra que, na época da Segunda Guerra, quando rompeu relações diplomáticas com os países do Eixo (Alemanha, Itália e Japão), o governo brasileiro confiscou ou congelou as ações de imigrantes e multinacionais de países não-aliados, o que até hoje é alvo de disputas judiciais. "Como é que o governo vai se apropriar do patrimônio que alguém não reclamou, que não se sabe sequer se há herdeiros?"

O projeto seria discutido numa audiência pública com participantes do mercado em maio do ano passado, mas o encontro nunca ocorreu. Na justificativa para as emendas na CAE, Virgílio já antevia que a transferência compulsória das ações à União poderia acarretar demandas judiciais. "Pode-se argumentar que o acionista terá 5 anos para requerer a restituição da coisa assenhorada, mas isso não reverte o fato de que ele será privado de um direito real, só recuperável mediante manifestação. Ou seja, há quase que uma inversão no direito de propriedade - o acionista necessariamente terá que se manifestar para não perder um direito legítimo e garantido constitucionalmente, o de propriedade." (AC)

12 março 2007

Rir é o melhor remédio 59

Rir é o melhor remédio - 58

Preço

Aproveitando o texto de Millor postado abaixo, um exemplo de formação de preço de aspirina num hospital norte-americano. Esse exemplo está no excelente livro do Zimmerman:

Tarifa

TARIFA
Millôr Fernandes

Recebi um extrato bancário e, como diria Machado Assis, "fez-se-me água pela barba."!
Estava lá: "Tar. Forn. TL. CHS - 6,40". Fiquei aterrorizado. Que diabo seria isso? Teriam descoberto que eu fui diretor do Nacional? Castrador de menores? Ministros da Justiça solidário com Ministro atropelador de operários distraídos?
Mas a mim, conhecido especialista em cibernética e cálculos ergométricos, logo voltou-me a calma pois foi-me fácil concluir: era "Tarifa Fornecimento talão Cheques. Me cobrando 6,40 centavos por 1 (UM!) talão de cheques de vinte folhas, porra!"
Quer dizer, o governo que já "salvou" alguns bancos particulares dando-lhes 11 bilhões de dólares, botou no BB mais de 15 bilhões, e agora vai "sanear" (haja pereba!) alguns bancos estatais com 25 bilhões de reais a mais, deu oficialmente, escancaradamente, com muita publicidade até, direto aos bancos de tungarem ainda mais o depositante.
Façam as contas. Temos, por baixo, bem por baixo, 50 milhões de contas correntes no país. Por baixo também, muito por baixo, cada conta gasta um talão por mês - menos de um cheque por dia.
Se vocês multiplicarem 50 milhões por 6,40 verificarão que os bancos faturam, só com essa tarifa - há dezenas - 320 milhões de reais. Multipliquem por 12 meses. O faturamento anual é - repito, só com essa tarifa - 3.840.000.000 (três bilhões, oitocentos e quarenta milhões) de reais. Realmente!
Mas a gente está acostumado - bilhões, como ficou demonstrado no início desta nota, são uns trocados na contabilidade bancária. Façam outro cálculo, mais perto de nós, seres humanos, par constatar a gigantesca audácia do, ora, como dizer, bem do assalto.
Sou autor de alguns livros. Um dos últimos, Millôr Definitivo, tem 553 páginas (cada página de 23x16 eqüivale a 3 vezes o tamanho de um cheque). Portanto o livro tem, relativamente,, 1669 páginas. Acrescente-se a isso o custo do autor, composição, fotolitos a quatro cores (caríssimos), revisão, costura e colagem. Com tudo isso - e mais despesas de administração - o custo do livro é, para o editor, de 5 reais - um quinto do preço de livraria, 25. Cobrado relativamente ao cheque o livro custaria 87 vezes mais, ou seja - 556,80 reais. Você compraria? Não? Então por que o compra o livro de cheques? Ah, porque é obrigado pelo governo democrático para estimular a PQP, competição!
Passando a outra editora. Um livro da Ed. Ouro, edição caprichadinha, com Rubens Fonseca, Machado, Nelson Rodrigues, Vinicius de 80 páginas, eqüivalentes a 160 de um livro de cheques, está sendo vendido a 1,80. Não pode custar ao editor mais do que 0,36.
Comparativamente o livro de cheques custaria 0,18. Como não tem autor, capa especial, nem qualquer despesa extra, e é feito em economia de escala - centenas de milhares, enquanto a Ed. Ouro tira apenas 20.000 - deve ter custo um máximo de 0,08. Bem, filhos, não se esqueçam - "O que é um assalto a um banco diante de um banco?" Lênine, onde vos encontrais quando mais precisamos de vós?
Correio Braziliense, 18 de agosto de 1996, Caderno Dois, p. 7)

11 março 2007

Rússia

Segundo notícia da Agencia EFE (10/03/2007), as autoridades russas resolveram comprar briga com a filial russa da PricewaterhouseCoopers (PWC).

O Kremlin deseja retirar sua licença. Já a Casa Branca ameça obstruir as OPAs (Ofertas públicas de ações) da empresas russas na bolsa de Nova Iorque e Londres.

A briga começou com a Yukos, empresa de um desafeto do Kremlin. Os russos acusam a PWC de ajudar a Yukos, uma empresa na área de petróleo, a não pagar impostos. A PWC seria cúmplice da Yukos na falsificação da contabilidade no período de 2002 a 2004. Nesse período a PWC recebeu 145 mil dólares pelos serviços prestados.

China

Na Bolsa de Xangai, vermelho é positivo
Folha de São Paulo - 11/03/2007
CLÁUDIA TREVISAN

Cor preferida dos chineses, o vermelho indica as ações que estão em alta nos painéis eletrônicos da Bolsa de Xangai, enquanto o verde marca os papéis que perdem valor.

Além da peculiar escolha das cores, a principal Bolsa da China possui traços que a diferenciam de instituições de outros países. Altamente especulativa, ela é dominada por empresas estatais, que fornecem ao mercado informações financeiras consideradas pouco confiáveis e nada transparentes. (...)

Seus movimentos não são pautados pela performance das companhias nas quais investem, mas pela busca de sinais que possam indicar se os painéis da Bolsa ficarão vermelhos ou verdes -como o rumor de que o governo adotaria um imposto de 20% sobre ganhos de capital, que deu origem à desvalorização de 9% no dia 27 de fevereiro, batizado de "terça-feira negra" na China. [Comentário: isso não ocorre nas outras bolsas?]

"A Bolsa chinesa é puramente especulativa. É impossível investir com base nos fundamentos das companhias, porque não há acesso à informação", afirma o norte-americano Michael Pettis, professor de Finanças Internacionais da Universidade de Pequim.(...)

Interesses distintos

Os objetivos que orientam as decisões dos administradores nem sempre coincidem com o interesse dos acionistas minoritários e podem incluir preocupações como manter o nível de emprego em determinada região ou realizar investimentos por razões políticas. [Comentário: Isso não ocorre nas outras bolsas?]

A falta de profissionais especializados em contabilidade também conspira contra a qualidade das informações divulgadas pelas empresas abertas chinesas. Pettis diz que o país necessita de 250 mil auditores para analisar os balanços das companhias, mas conta somente com cerca de 70 mil.

O brasileiro Sit Sei Wei, da consultoria Oping Group, de Xangai, concorda que não é a análise dos dados das empresas que faz o mercado subir ou cair, até porque os balanços não são confiáveis. "É um mercado especulativo. A característica do investidor chinês é a busca de ganhos no curto prazo."