"O prejuízo só existiria se eu tivesse vendido as ações por preço inferior ao de compra. Mas eu não vendi. Elas continuam na carteira da fundação", presidente da Fundação Atlântico, FERNANDO PIMENTEL
Folha de hoje
Sobre débitos e créditos da vida real
A Boeing registrou 1.044 pedidos para aviões comerciais em 2006, estabelecendo um recorde e provavelmente ultrapassando a concorrente Airbus pela primeira vez em seis anos. O total superou o recorde de 1.002 de 2005, informou ontem a Boeing numa nota. A Airbus tinha 635 pedidos no final de novembro e prevê divulgar o total do fim de ano em 17 de janeiro.
As entregas são essenciais porque as fabricantes de aviões só registram o lucro da venda quando as aeronaves são entregues para o cliente.
Segundo o jornal The Independent, lei destinará 75% dos lucros a companhias dos dois países. Empresas dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha poderão ficar com até 75% da riqueza petrolífera do Iraque se uma nova lei, a ser apresentada em breve ao Parlamento de Bagdá, for aprovada. (...)
(...) ao justificar a invasão, perante o Parlamento, o primeiro-ministro britânico, Tony Blair, qualificou de "falsas" as acusações de que Washington e Londres queriam apenas tomar o petróleo iraquiano.
Blair disse que as receitas procedentes dessa fonte deveriam ser destinadas a um fundo administrado pela ONU e que, posteriormente, seriam devolvidas ao Iraque, mas nunca mais se ouviu falar da idéia. O ex-secretário de Estado americano Colin Powell também afirmou, na época da invasão, que "o petróleo do povo iraquiano pertence ao povo iraquiano, é sua riqueza e será utilizado em seu benefício".
Psicologistas sociais e cognitivos tem identificado um número de erros previsiveis (psicologistas chamam de viéses) na maneira como os humanos julgam situações e avaliam riscos. Viéses tem sido documentando tanto em laboratório quanto no mundo real, principalmente em situações que não tem conexão com a política internacional. Por exemplo, pessoas tendem a exagerar suas forças: cerca de 80% de nós acredita que nossa habilidade dirigindo é melhor que a média. Em situações de conflito potencial, o mesmo viés otimista faz os políticos e generais receptivos a conselhor que oferecem uma favorável estimativa de desempenho na guerra. Tal predisposição, quase sempre dirigida por líderes dos dois lados do conflito, é provável de produzir um disastre. E isso não é um exemplo isolado.
De fato, quando nós construímos uma lista de viés cobertos por 40 anos de pesquisa psicológica, nós encontramos que todos os viéses na nossa lista são a favor dos falcões. (...) Esses viéses tem o efeito de fazer a guerra mais provável de começar e mais difícil de terminar.
Em apenas três setores, gasto de R$ 3,3 bilhões
Somente no ano passado, Legislativo, Executivo e Judiciário gastaram R$ 3,346 bilhões com serviços terceirizados de vigilância, conservação e limpeza e informática. O levantamento foi feito pela ONG Contas Abertas com base nos dados do Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi) da União. Embora o governo venha substituindo funcionários terceirizados por concursados, as despesas com segurança e limpeza subiram nos últimos anos.
No caso dos gastos com vigilância, o custo foi de R$ 580,854 milhões em 2002 para R$ 734,686 milhões em 2006 - crescimento real de 26,48%. Para a limpeza, o aumento foi de 20,49%, passando de R$ 593,278 milhões em 2002 para R$ 714,857 milhões no ano passado. Já os gastos com informática tiveram queda acentuada em 2003, mas retornaram aos mesmos patamares de 2002 no ano passado: R$ 1,897 bilhão.
Esses valores não incluem compra de material de consumo, como de limpeza, nem aquisição e locação de softwares e material de processamento de dados. A ONG usou as chamadas despesas liquidadas (dado mais recente disponível), já em processo de pagamento, que, nesse caso, assemelham-se muito às efetivamente pagas. Os números também não incluem os gastos das empresas estatais com serviços terceirizados.
Esses dados mostram que a terceirização representa custo alto nas contas públicas. Para se ter uma idéia, em 2006 todo o gasto orçamentário do Ministério do Turismo foi de pouco mais de R$ 1 bilhão. No caso do Esporte, as despesas foram de R$ 541 milhões.
Governo gasta com terceirizado até o dobro do que paga a servidor
Renata Veríssimo e Sônia Filgueiras
O Executivo gasta demais com serviços de empresas terceirizadas. Laudo do Instituto Nacional de Criminalística (INC), da Polícia Federal, ao qual o Estado teve acesso mostra que em alguns casos um funcionário terceirizado chega a custar duas vezes mais que um servidor público. Ao examinar um contrato de serviços de informática firmado pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) em 2001, no valor de R$ 54,5 milhões, os peritos do INC apontam que o salário considerado era de R$ 1,3 mil, enquanto um servidor de carreira tem remuneração de R$ 635,98.
(...)O mesmo laudo do INC conclui que os valores contratados superavam em R$ 14,4 milhões a média dos preços cobrados no mercado pelo mesmo tipo de serviço. Auditoria da Controladoria da União em um contrato de emergência de prestação de serviços firmado pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior em 2004 também apontou possível prática de preços superiores aos do mercado e de contratos semelhantes na própria administração pública. Os auditores estimaram em R$ 2,7 milhões o prejuízo potencial em 6 meses.
Outra inspeção da CGU nas contas de 2004 do Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (DNIT) identificou que os salários informados à Previdência pela empresa contratada seriam 'muito inferiores' aos repassados pelo DNIT no contrato de terceirização.
Francisco Nunes Pereira, 44 anos, mora em cima de uma garagem na periferia de Tatuí, no interior de São Paulo. Franzino e reservado, é conhecido como Mineirinho. Casado e pai de dois filhos, pouco circula pelas ruas da cidade. Quando sai de casa, está sempre atrás do volante de um modesto Gol vermelho com mais de sete anos de uso, carrega uma pequena pasta preta e surradas roupas sociais. Normalmente, é visto levando a filha caçula para a escola. Emprego, ele não tem. Foi um pequeno empresário, mas na cidade o que informam é que ele faliu há cerca de dez anos. Muitos de seus ex-funcionários estão até hoje sem receber os direitos trabalhistas. Aparentemente, trata-se de um cidadão como milhares de brasileiros. Na verdade, porém, a história de Mineirinho esconde um mistério que vem desafiando as autoridades financeiras e tributárias do País. À Receita Federal, ele declara ser dono de R$ 2.358.845.398,72, em dinheiro vivo. Isso mesmo: mais de dois bilhões de reais, ou US$ 1,1 bilhão. No ranking das maiores fortunas brasileiras, o homem desempregado de Tatuí estaria em 16º lugar, ombro a ombro com Constantino Júnior, dono da Gol Linhas Aéreas.
(...) Os responsáveis pela investigação sobre a suposta fortuna de Mineirinho trabalham com algumas hipóteses. Uma delas aponta para a possibilidade de Mineirinho estar apenas emprestando o nome para o verdadeiro dono do dinheiro, que provavelmente teria origem em caixa 2. Em outra, os investigadores seguem a suspeita de que os R$ 2 bilhões possam ser produto de sobras bancárias. Centavos remanescentes de contas extintas, somados, teriam virado a fortuna e, por alguma tramóia financeira, ido parar na conta corrente dele. Os papéis com a descrição detalhada das contas de Mineirinho chegaram à PF e ao Ministério Público Federal no final do ano passado. Na declaração de renda de 2005, ele informou ser o dono de duas aplicações em CDB no Banco do Brasil. Uma delas de R$ 1.378.599.526,85. A outra, de R$ 899.322.699,36.
Na vida real Mineirinho é um sujeito muito aquém da realidade virtual demonstrada nos documentos. Ele, na verdade, costuma emitir cheques sem fundos, tem diversos títulos protestados e empurra com a barriga a negociação de diversas dívidas.
Crise aérea gera custos extras
Agência Jornal do Brasil - 04/01/2007
Crise aérea gera custos extras
O caos aéreo pode gerar custos extras para as companhias aéreas. Está em elaboração uma portaria que cria um plano de contingenciamento de crises, para evitar problemas como os vistos ao final de 2006. Entre as medidas, está em estudo a criação de frota reserva nas companhias aéreas para atender situações de emergência.
? Sem um sistema backup (reserva), qualquer coisa que ocorrer acarreta uma série de problemas em cascata, no chamado efeito dominó - disse ontem o presidente da Anac, Milton Zuanazzi.
Pelo estudo da agência os aviões , de propriedade das companhias aéreas, ficariam à disposição das próprias empresas para fazer frente a problemas como o da TAM em dezembro, quando seis aviões tiveram de voltar ao solo para manutenção ao mesmo tempo.
Integrar mais aeronaves à frota tem, obviamente, um custo expressivo. O impacto dessa medida está em análise e a direção da agência diz que está atenta e que não quer que o passageiro financie a frota extra. Um dos temas que tem preocupado técnicos nesse assunto é o mercado mundial de aeronaves.
Com a forte expansão do transporte aéreo, principalmente em mercados emergentes como a América Latina e China, a oferta de aviões de médio e grande porte é bastante reduzida. Isso poderia dificultar a iniciativa, ainda que especialistas acreditem que esse reforço de frota seria de uma ou duas aeronaves no caso das maiores empresas, como, por exemplo, a TAM e Gol.
O pacote preparado pela Anac também deve sugerir a criação de estrutura emergencial com controladores de tráfego e canais de comunicação entre a Anac, aéreas e Infraero.
Zuanazzi informou que, paralelamente à edição da portaria, que deve ser editada no fim do mês para vigorar no segundo semestre, a Anac quer criar ferramenta para diagnosticar casos de venda de passagens em número superior à capacidade das aeronaves, o chamado overbooking.
Nada impede que a gente faça isso. Por isso, queremos ter esse instrumento, disse a diretora da agência, Denise Abreu. Ela explica que a ferramenta pode permitir o acompanhamento em tempo real das reservas de todas as aéreas brasileiras.
Apesar de a ferramenta operar em tempo real, a agência não pretende acompanhar o mercado diuturnamente. Denise sinalizou que a leitura dos dados poderá ser feita em períodos críticos que, potencialmente, têm maior chance de overbooking. Ela se recusou a informar se o sistema poderá ser usado no Carnaval.
Denise e Zuanazzi rechaçam a análise de que esse sistema significaria algum tipo de intervenção branca nas empresas. A diretora sustenta que esse trabalho é apenas de monitoramento.
Procurado para comentar a portaria em elaboração na Anac, o Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (Snea) não retornou os pedidos da reportagem.
Governo injeta mais R$ 467 mi no Pan
Folha de São Paulo - 6/1/2007
Participação federal em Jogos no Rio cresce para R$ 1,28 bilhão, quase dez vezes a previsão inicial de gastos com evento
Medida provisória assinada ontem por Lula irá destinar R$ 154 milhões a centro de inteligência para combater crime organizado no Estado
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Com R$ 467 milhões liberados ontem, o volume de recursos do governo federal para organização do Pan-Americano do Rio de Janeiro já chega a R$ 1,284 bilhão. A competição será realizada entre 13 e 29 de julho.
O valor é quase dez vezes maior do que os R$ 135 milhões de gastos orçados inicialmente pela União para o evento.
Desse total, já foram desembolsados R$ 817 milhões.
Dos recursos liberados ontem por meio de medida provisória, que será publicada no "Diário Oficial", R$ 313,5 milhões serão destinados a despesas com montagem de infra-estrutura e logística necessárias para a realização do Pan.
Mais R$ 154 milhões previstos na MP assinada ontem pelo presidente Lula serão destinados à instalação do centro de inteligência compartilhada de combate ao crime organizado e às ações do plano de segurança.
O novo centro, além de atuar no Pan, também servirá para melhorar a segurança no Estado do Rio de Janeiro de forma geral. Policiais da Força Nacional de Segurança vão reforçar o trabalho para prevenir incidentes violentos durante o evento.
Segundo interlocutores do governo, a previsão inicial era de que a União teria uma participação bem mais modesta nas contas do Pan. Governo do Estado do Rio e prefeitura arcariam com a maior parte.
Na prática, não foi o que ocorreu. Fora o R$ 1,284 bilhão assegurados até agora pelo Tesouro, o governo federal desembolsou mais R$ 260 milhões através de verba liberada pela Caixa Econômica Federal. Outras estatais como Petrobras e Correios também investiram na organização dos Jogos.
Apesar da boa vontade do governo, várias obras de arenas esportivas para o Pan estão com seus cronogramas atrasados, o que tem implicado custos adicionais ao poder estatal.
A maior praça esportiva sob responsabilidade do governo federal, o Complexo Esportivo de Deodoro, exemplifica disso.
Em março, o Ministério do Esporte previa gastar R$ 45 milhões com as reformas. No mês passado, a pasta refez as contas e admitiu que os custos seriam de no mínimo R$ 92 milhões.
As obras no Complexo do Maracanã custará aos cofres públicos R$ 252 milhões, quatro vezes o valor que estava previsto inicialmente, em 1999, pelo governo do Estado do Rio.
O valor de mercado das ações da Petrobras cresceu 323%, em reais, no primeiro mandato do presidente Lula. O salto foi ainda maior em dólares: 600%. Os papéis da companhia somavam US$ 15 bilhões em 2002 e passaram a valer US$ 108 bilhões (ou R$ 230 bilhões) no último dia útil do ano passado - o equivalente a 15% de todo o valor de mercado das ações negociadas na Bovespa (US$ 721 bilhões ou R$ 1,54 trilhão) no fim de 2006. As reservas petrolíferas da maior empresa da América Latina cresceram 19% nos últimos quatro anos, num ritmo menor que a valorização de mercado e os investimentos em novas áreas de petróleo e gás.
Executivo é derrubado por salário alto demais
Por Ann Zimmerman, Mary Ellen Lloyd e Joann Lublin
The Wall Street Journal.
A Home Depot Inc. disse que seu presidente Robert Nardelli fez acordo para renunciar depois de seis anos marcados por uma polêmica sobre sua remuneração, seu estilo de administração autocrático e o desempenho capenga da ação. Nardelli, que assumiu a Home Depot em dezembro de 2000 depois de ter sido preterido para a sucessão de Jack Welch na General Electric Co., vai receber um pacote rescisório de US$ 210 milhões e será substituído pelo vice-presidente Frank Blake.
A notícia fez subir a ação da varejista americana de materiais para construção, reforma e decoração. A Home Depot é uma das 30 componentes da Média Industrial Dow Jones. A ação fechou em alta de 2%.
(...) Ano passado, Nardelli virou o garoto-propaganda do inchaço na remuneração corporativa; sua remuneração foi avaliada em mais de US$ 245 milhões em cinco anos, a maior parte em opções. Na véspera da assembléia geral em maio, vários grupos de acionistas questionaram por que o conselho havia mudado o cálculo de um componente de sua remuneração por desempenho — associando-o ao lucro por ação, um indicador em que a empresa estava indo bem, em vez do retorno ao acionista, um indicador em que ela ia mal. Em maio de 2006, por exemplo, a ação estava caindo cerca de 12% desde sua chegada, enquanto a da principal concorrente, a Lowe's, estava em alta de 173%.
Por orientação de Nardelli, nenhum dos membros do conselho participou da assembléia anual, e os acionistas que queriam questionar a diretoria eram silienciados depois de um minuto. O resultado foi um desastre em termos de relações públicas para Nardelli e a varejista.
Como a Abbott decidiu elevar preços para proteger seu remédio para aids
Por John Carreyrou
The Wall Street Journal
No fim de 2003, a Abbott Laboratories estava preocupada com os novos concorrentes de seu principal remédio para aids, o Kaletra. Então ela usou uma arma incomum que ajudou as vendas mundiais do Kaletra a superar US$ 1 bilhão por ano, embora a tenha exposto a críticas de que estava colocando pacientes em risco.
A arma era um remédio mais velho da Abbott, chamado Norvir. Ele é um componente fundamental de regimes de medicamentos que incluem drogas de empresas rivais. Documentos e emails antes não divulgados e que foram examinados pelo Wall Street Journal mostram como executivos da Abbott discutiram maneiras de diminuir a atratividade do Norvir, com o objetivo de forçar pacientes a abandonar os remédios concorrentes e passar para o Kaletra.
(...) Uma terceira proposta foi a vencedora: quintuplicar o preço do Norvir. Um documento interno alertou que a decisão faria a Abbott parecer uma "empresa farmacêutica grande, má e gananciosa". Mas os executivos esperavam que um aumento do preço do Norvir ajudaria as vendas do Kaletra, e apostaram que a polêmica, se houvesse, cedo ou tarde desapareceria.
(...) O debate na Abbott sobre o Norvir fornece uma rara visão interna dos esforços de uma farmacêutica para maximizar o lucro e rechaçar concorrentes. O setor passou a sofrer críticas nos últimos anos por táticas como o forte marketing de remédios que oferecem pouca vantagem em relação a drogas mais antigas, e por pagarem a fabricantes de genéricos para que atrasassem o lançamento de cópias baratas. O episódio do Norvir mostra uma empresa tirando vantagem de seu monopólio sobre um medicamento para proteger as vendas de outro, mais rentável. (...)
no International Cardiovascular Hospital, situado em Beijing, os pacientes podem escolher entre seis níveis de serviços. No menor, por $6.60 a noite, pacientes podem dividir um quarto pequeno com outros. Na maior suíte do hospital, por outro lado, custa $3,160 a noite e pacientes ocupam metade de um andar. Ele oferece televisão por satélite, jardim interno, sala de conferência, duas camas, cadeira de massagem e sala de ginástica privativa.
Isso é igual a um avião, diz Liu Xiaocheng, diretor do hospital. Na frente do avião temos a primeira classe, no meio a classe executiva e no final temos a classe econômica. Mas eles todos tem o mesmo destino. Isso é o mercado!
O hospital de 1.600 leitos do DR. Liu é uma anomalia na China (...)
Irá o mundo sacrificar um dos maiores inovadores no altar dos deuses da boa governança?
"as ONG estão trabalhando mais, tentando obter fundos. Isso por que os desastres, e a cobertura de imprensa que eles geram, são o carro chefe das doações. CARE diz que receitas dos fundos privados cairam 23% (...) Save the Children, um fundo privado caiu 31% (...)"
"Com desastres naturais menores torna difícil para obter fundos quando eles não chamam atenção da grande imprensa", diz o vice presidente da CARE, Deb Neuman
Ministério Público investiga empresas por crime eleitoral
Em alguns casos, doação para candidatos paulistas superou o faturamento declarado pela pessoa jurídica
Fausto Macedo e Rodrigo Pereira
O Ministério Público Federal apertou o cerco a um grupo de 100 doadores de campanha e descobriu que o caixa 2 e o financiamento ilegal foram usados em larga escala nas últimas eleições em São Paulo. Com base nos resultados parciais da investigação, acionou a Receita Federal para rastrear balanços contábeis e fiscais de pessoas físicas e jurídicas que violaram regras eleitorais.
Há casos de pessoas físicas que contribuíram com valor superior ao da própria renda bruta auferida em todo o ano anterior. E de pessoas jurídicas que doaram total muito maior que o faturamento bruto declarado. “Suspeitamos que a origem dos recursos possa ser ilícita ou que possa estar havendo prática de caixa 2”, destacou o procurador-regional eleitoral, Mário Luiz Bonsaglia, que comanda a apuração. A maior parte das ocorrências envolve candidatos eleitos. “Esperamos que a Justiça Eleitoral seja rigorosa na punição desses abusos.” (...)
Na Nortel, um executivo testa seus limites
3/01/2007
Por Joann S. Lublin
The Wall Street Journal
TORONTO — Mike Zafirovski, o novo diretor-presidente da Nortel Networks Corp., levou um tremendo choque quando se reuniu com seu diretor financeiro no início de março último. Ele foi informado que a Nortel teria de refazer suas demonstrações financeiras pela terceira vez desde 2003.
Nas três noites anteriores à data marcada para dar a notícia a analistas de Wall Street, Zafirovski não conseguiu dormir. A companhia havia dito que tinha arrumado sua bagunça contábil fazia mais de um ano. Agora, "íamos ter de dizer de novo: 'Fizemos uma trapalhada'", lembra ele. Zafirovski estava preocupado com a reação de clientes, com a preservação de linhas de crédito e em defender as ações da Nortel na bolsa. Ele sabia que sua margem de manobra era limitada e sua credibilidade, frágil.
Zafirovski havia chegado à Nortel em novembro de 2005 com planos ambiciosos de ressuscitar a empresa de equipamentos de telecomunicações. Ele trazia fortes credenciais: 25 anos de ascensão na hierarquia da General Electric Co., seguidos de 5 anos na Motorola Inc., onde chegou ao posto número 2. Quando a Motorola contratou um diretor-presidente de outra companhia em 2003, Zafirovski decidiu chefiar outra banda.
Mas a presidência executiva acabou se provando um desafio bem maior do que ele jamais esperava. Sempre aparecem problemas inesperados: novos erros contábeis, processos na Justiça que ameaçam quebrar a empresa, investidores desiludidos, candidatos a emprego titubeantes e empregados descontentes. Zafirovski tem de lidar com tudo isso sem os ricos recursos da GE. A Nortel está às voltas com sistemas internos imperfeitos, uma grande burocracia interna e uma classificação de risco que deixa seus títulos de dívida no grau de investimento especulativo.
Com isso ele acabou trabalhando cem horas por semana, muitas vezes com não mais que quatro horas de sono à noite. Magro e alto, com penetrantes olhos azuis e um jeito de falar curto e grosso, Zafirovski, de 53 anos, é um competidor aguerrido que completou o difícil triatlo Ironman e oito maratonas. Fã de um mantra dos chefes da GE, o "otimismo à força", ele está sempre pra cima. Ainda assim, as incessantes demandas e a exaustiva agenda de seu novo cargo estão tendo um impacto. "Tenho sido exigido além do que julgava ser capaz", observa.
Desde que entrou para a Nortel, Zafirovski tem viajado entre a casa e o trabalho, morando em Toronto durante a semana e voando nas noites de sexta-feira para Lake Forest, no Estado americano de Illinois, para ver sua mulher e o mais novo dos três filhos do casal. E embora tenha ido adiante com uma viagem familiar de férias uma semana depois da correção dos balanços, ele passou metade do tempo ligando para clientes e respondendo a emails.
Perto de completar um ano no cargo, Zafirovski — natural da Macedônia e que mudou com os pais para os Estados Unidos quando tinha 16 anos — viu que a falta de sono estava tendo um impacto. "Eu estava me arrastando no fim do dia", diz ele, reconhecendo que quase cochilou durante algumas reuniões. Ele começou a se obrigar a um mínimo de cinco horas de sono.
Dia 16 de novembro, um ano e um dia depois de começar no emprego, Zafirovski refletiu sobre sua gestão até o momento. "É difícil ter uma idéia de todas essas pressões e expectativas se você nunca passou por elas", reconheceu, num raro distanciamento de seus tradicionais comentários positivos.
Descoberta contabilidade paralela em 400 restaurantes
Jornal de Notícias
A Polícia Judiciária e a Inspecção Tributária detectaram 400 restaurantes que usavam um programa informático de contabilidade paralela, alegadamente criado por duas empresas da Póvoa de Varzim, para omitir a facturação real e assim fugir ao IVA e ao IRC.
Os montantes globais deverão ultrapassar, revelou à Agência Lusa fonte próxima do processo, 50 milhões de euros em vendas não declaradas. Em certos casos foram omitidas vendas superiores a dois milhões de euros. "Alguns dos visados estão já a proceder à liquidação ao fisco das verbas em dívida", esclareceu.
O programa informático, criado pela empresa NortRest e comercializado pela WinRest, permitiria que os restaurantes subtraíssem automaticamente à facturação entre 10 e 70% dos valores. "Os clientes pediam a percentagem de fuga e o programa era, alegadamente, executado à medida", especificou a fonte.
(...)As autoridades vão, agora, determinar se nas listagens de compradores do programa informático estão empresários de outros sectores, nomeadamente de pronto-a-vestir e calçado. (...)
Segundo a fonte, os restaurantes adquirem programas de contabilidade a várias empresas do ramo, entre as quais a Winrest, da Póvoa de Varzim, e descarregam, em seguida, um programa complementar da Internet, instalando-o para poderem furtar-se, de forma automática, ao pagamento de impostos.
Fabricantes de TVs finas tentam conter redução do preço
Evan Ramstad, The Wall Street Journal
3 January 2007
The Wall Street Journal Americas
SEUL — Agora que as televisões finas são um grande sucesso de vendas, as fabricantes de eletrônicos de consumo estão se perguntando como rechaçar as forças que podem transformá-las em commodities de baixa margem de lucro.
As vendas mundiais de TVs finas — que têm tela de cristal líquido ou plasma, em vez do tradicional tubo de imagem — dobraram em 2006 para cerca de 50 milhões de unidades, de acordo com estimativas preliminares. Isso representa mais de um quarto do mercado total. Analistas esperam que as vendas superem 70 milhões de unidades este ano. O produto apresenta a combinação mágica de altos volumes e margens de lucro com um preço final ainda alto: um modelo de 26 polegadas custa em média US$ 750 nos Estados Unidos, três vezes o preço de uma TV convencional de tubo do mesmo tamanho.
Mas a popularidade provocou uma guerra de preços. O preço das TVs finas caiu quase 40% em 2006, bem mais do que as fabricantes esperavam. As empresas de eletrônicos enfrentam agora a delicada tarefa de equilibrar custos de investimento, aumentos da produção e reduções de despesas para sustentar o crescimento da receita e do lucro.
Nos últimos 18 meses, as fabricantes se debateram para atender à demanda, construindo novas linhas de montagem ou mudando linhas de produção nas fábricas antigas. No terceiro trimestre de 2006, os modelos de plasma ou LCD passaram a ser a maioria dos televisores vendidos nos EUA, o maior mercado do mundo. A Europa alcançou este marco no segundo trimestre, e o Japão, em meados de 2005.
As TVs planas também viraram a principal força a moldar os destinos das maiores fabricantes de eletrônicos do mundo. A Matsushita Electric Industrial Co., dona da marca Panasonic, a Samsung Electronics Co. e a Sharp Corp., que entraram cedo — e com tudo — na onda das TVs finas, viram suas vendas e lucros subir. Aquelas que deixaram para depois — como a Sanyo Electric Co. e a TCL Corp. — cederam participação de mercado e lucratividade. O lucro da Sony Corp. recuperou-se nos últimos 12 meses depois que ela reformulou sua divisão de TVs em torno dos modelos finos.
A Samsung agora lidera o mundo em termos de produção de TVs de sua própria marca, com seu volume saltando 33% para 20 milhões de unidades em 2006. Ela provavelmente tirou da Sony a liderança mundial em receita com TVs no ano passado, embora os números finais só devam estar disponíveis daqui a várias semanas. A Samsung espera que sua receita com televisores em 2006 fique em torno de US$ 11 bilhões, ante US$ 6,5 bilhões um ano antes.
"Em alguns trimestres no passado, fomos número 1 em volume de produção, mas não podíamos nos considerar o verdadeiro líder porque não liderávamos em receita", diz Choi Gee Sung, presidente da divisão de eletrônicos da Samsung. "Agora, acho que podemos dizer isso."
Já há sinais de que os fabricantes estão buscando impedir que o produto passe pela rápida comoditização que afetou os aparelhos de DVD e outros eletrônicos. Um foi o fim, no ano passado, da construção desorganizada de fábricas para componentes de TVs finas.