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12 agosto 2006

Rating e Governança


Artigo na Gazeta de 11/08:

Governança Corporativa - Rating, governança sustentabilidade

11 de Agosto de 2006 - Em 1982, a Manville Corporation, empresa americana da área de materiais de construção, pede concordata na Corte de Falências de Nova York. O que poderia parecer muito comum para um mercado desenvolvido como o americano, onde a falência é um risco associado ao capitalismo, se tornaria um caso emblemático, já que a empresa tinha um rating A, considerado "investment grade", atribuído pela agência Moody’s, que foi subitamente rebaixado para um D (Default). O desastre financeiro ocorreu em consequência da ação de responsabilidade civil por danos sócio-ambientais causados pela fabricação e venda de produtos à base de amianto.

Mais tarde, em 2001, ocorreu o famoso caso de falência da Enron. Embora tivesse uma razoável governança corporativa no papel, a ausência de verificação e classificação de tal estrutura contribuiu para a utilização da contabilidade "criativa" e procedimentos financeiros heterodoxos que acabaram quebrando a empresa e causando prejuízo a milhares de investidores, a despeito da nota de risco investment grade dada pelas principais agências.

Estes dois casos literalmente sacudiram os mercados de capitais e, mais especificamente, a atividade de classificação de riscos das chamadas agências de rating. Contratadas para emitir uma opinião independente sobre o risco de default (não pagamento) de determinadas empresas, governos ou operações de financiamento, as agências trabalham com uma metodo-logia prospectiva, procurando antecipar riscos, em um horizonte geralmente de três a cinco anos. Como é que não conseguiram prever tais riscos e incorporá-los às notas?

Os riscos sócio-ambientais e de governança são mais intangíveis que riscos financeiros e, portanto, difíceis de ser medidos. São profundamente afetados pelo ambiente no qual a empresa opera, onde podemos destacar fatores como: estrutura legal, regulatória e normativa; níveis de aplicação das leis, fiscalização e corrupção; engajamento da imprensa e opinião pública; atuação das ONGs e demais ativistas das causas sócio-ambientais e da governança; setor de atuação da empresa; dentre outros.

Uma abordagem geral para a classificação de riscos consiste no cotejo de três aspectos da empresa classificanda: sua capacidade de geração de caixa operacional; a qualidade de seus ativos e outras fontes de liquidez; e o comprometimento de seu fluxo de caixa e ativos. São utilizados dados do passado e tenta-se projetar o futuro. Tal exercício perpassa pela análise da estratégia da empresa, sua capacidade de execução desta estratégia, o ambiente competitivo e regulatório, e também sua governança corporativa e desempenho sócio-ambiental, dentre outros, tudo inserido em cenários macroeconômicos e setoriais mais prováveis. Um exercício crucial, no entanto, é testar tal estrutura em cenários de estresse.

Uma das maiores dificuldades da classificação de riscos, principalmente no Brasil, é a sofrível carência de informações. As empresas brasileiras ainda são pouco transparentes, tanto por receio de que informações estratégicas sejam espalhadas ao mercado, mas também em função da ausência de sistemas de gestão que possibilitem monitorar indicadores de desempenho importantes, com destaque aqui para os sócio-ambientais. A abordagem da classificação de riscos nestes casos deve ser a de "no news, bad news", ou seja, toda informação inexistente deve ser encarada como fator negativo.

Contribui para essa falta de transparência a cobertura factual e pouco crítica da imprensa brasileira, no que tange a aspectos de responsabilidade sócio-ambiental das empresas. Tal argumento é conclusão de pesquisa do Instituto Ethos, que analisou a cobertura jornalística nacional sobre o tema responsabilidade social empresarial, trabalho apresentado durante sua última conferência nacional em junho.

A tendência é a atribuição de maior peso às questões sócio-ambientais e de governança nos ratings. Como as agências são fortemente dependentes de sua reputação, quem não se adequar corre o risco de ficar para trás e não aproveitar a onda de crescimento do mercado de capitais brasileiro.

(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 3)(Gustavo Pimentel - Analista de governança corporativa e sustentabilidade da SR Rating. E-mail: gustavo.pimentel@srrating.com.br )

Futebol e Direito de Imagem


Artigo sobre o assunto no Valor de 11/agosto:

Os clubes e o direito de imagem dos atletas

Por Fábio Gentile
Fim da Copa do Mundo da Alemanha e, por aqui, as atenções se voltam aos clubes nacionais. Comenta-se que a imagem dos jogadores brasileiros saiu bastante arranhada. Mais um motivo para falar desse tema, tão mal tratado fora dos gramados - a imagem dos jogadores. Para início de conversa, é preciso entender: Por que o tal direito de imagem dos atletas é, para os clubes, muito mais um problema jurídico do que uma fonte de receita? Há como equacionar a questão jurídica com a verdadeira utilidade da imagem esportiva?

Ao invés de aproveitar a imagem de seus jogadores como uma propriedade de marketing - que é -, há clubes que a utilizam apenas para reduzir encargos trabalhistas, em vão. Elaborando falsos contratos de cessão da imagem dos jogadores, o clube lhes paga parte da remuneração - por vezes, a maior parte - a título de direito de imagem, pretendendo com isso diminuir o valor do salário e das verbas que sobre ele incidem (férias, décimo-terceiro salário e FGTS, por exemplo).

Esse procedimento também alivia a carga tributária do atleta, que licencia sua imagem por meio de uma empresa que ele mesmo constitui, deixando, assim, de recolher, sobre a remuneração recebida como direito de imagem, a contribuição ao INSS (do empregado) e o imposto de renda de pessoa física (27,5%).

Acontece que, na prática, a imagem do jogador não é sequer utilizada pelo clube e, por isso mesmo, em uma reclamação trabalhista fica fácil provar que o valor mensal pago a título de direito de imagem nada mais é do que, propriamente, salário. Resultado: o clube desperdiça a licença de uso que detém e, pior, acaba se sujeitando a enormes condenações na Justiça do Trabalho. O que era direito de imagem passa a ser considerado salário e o clube acaba tendo que pagar ao jogador todas as verbas trabalhistas que queria economizar - com juros e correção monetária. Ou seja, no final da história, quem paga a conta é o clube.

Juridicamente, é possível que os clubes licenciem o uso da imagem de seus atletas, ajuste legítimo e que, em nossa opinião, não se confunde com a relação de emprego, mas desde que a remuneração paga pela licença não seja mera contrapartida do trabalho do atleta. Se não houver exploração da imagem e, ainda, se a remuneração for mensal, claro que se caracterizará como salário.

Há quem diga, entretanto, que a licença de uso da imagem está necessariamente inserida no contrato de trabalho, seja qual for a forma de estipulá-la ou utilizá-la. O juiz Sérgio Winnik, do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 2ª Região, em São Paulo, considera que "a divulgação envolvendo o clube é inerente à atividade do atleta, jogador de futebol", concluindo que "qualquer contraprestação daí decorrente tem, pois, nítida conotação salarial" (Acórdão nº 20040338830).

Duas são as opções viáveis para os clubes. A primeira é comprar a briga jurídica, mas com credibilidade: inserir os atletas no planejamento de marketing do clube, atribuindo valor à imagem de cada um deles, conforme critérios esportivos e de mercado. Em um contrato autônomo de licença do uso de imagem, a remuneração não seria habitual, e sim atrelada a cada utilização da imagem dos jogadores, mostrando que não se trata de uma simulação. Além de reduzir o risco de alguma condenação trabalhista, o importante é que, dessa forma, o clube passaria a planejar o uso da imagem dos atletas.

A segunda opção é considerar salário tudo aquilo que se paga ao atleta, inclusive o direito de imagem. Por mais pesado que seja, o impacto econômico pode e deve ser objeto do planejamento financeiro e trabalhista do começo de temporada. E, com uma cláusula de licença, o próprio contrato de trabalho exigiria que o clube planejasse o uso da imagem de seus atletas, transformando um risco jurídico em uma fonte alternativa de receitas, bem capaz de compensar o acúmulo de encargos trabalhistas.

Não faltam jogadores, anunciantes, nem mídia. Faltam planejamentos profissionais que calculem riscos, recomendem provisões, desenvolvam o marketing dos clubes e façam da imagem dos jogadores uma das mais interessantes propriedades de marketing do clube, e não um foco de problemas.

Realmente, como bem disse o publicitário Eduardo Fischer (Valor, 6 de julho de 2006), com o fiasco dos brasileiros na Alemanha, é "muito difícil que algum anunciante faça um contrato novo com esses jogadores hoje". Porém, "depois de umas cinco partidas atuando bem e marcando gols, Ronaldinho Gaúcho recupera a imagem". Prova de que é mesmo uma excelente propriedade de marketing. Mas que não depende só do trabalho dentro de campo, depende de uma gestão profissional fora dele.

Fábio Gentile é advogado e sócio do escritório BGR Advogados

Juiz afasta Comitê de Credores do Banco Santos


Temos problemas sérios com a gestão de massa falida no BRasil. Notícia do Valor Econômico de 11/08 sobre o assunto:

Juiz da falência afasta comitê do Banco Santos

Josette Goulart
O juiz que conduz a falência do Banco Santos, Caio Mendes de Oliveira, decidiu nesta semana afastar o membro do Comitê de Credores, Jorge Queiroz, das dependências do Banco Santos. Em seu despacho, o juiz entendeu que Queiroz apresentou suas conclusões recentemente e que não se justifica mais essa situação, mas disse que o administrador poderá receber o representante do comitê periodicamente, até uma vez por semana, pelo número de horas que determinar e nos horários que fixar. "O que se mostra mais do que suficiente para os fins previstos na legislação vigente, nada justificando a sua permanência ali, utilizando-se das dependências e recursos da massa falida". O juiz ainda disse que todas as despesas realizadas pelo comitê e suportadas pela massa deverão ser ressarcidas.

A decisão caiu como um balde água fria para os advogados dos credores, que não só queriam uma fiscalização mais efetiva como chegaram a pedir a destituição de Vânio Aguiar do cargo de administrador judicial do banco. Um dos motivos teria sido justamente o fato de Aguiar ter dificultado acesso à informação. Para Aguiar, a notícia vem em boa hora na guerra travada entre credores e o administrador judicial.

Ontem, o fundo de pensão dos funcionários do Banco Central (Centrus) - que faz parte do grupo de 106 credores, liderados pelo escritório Lobo & Ibeas, que pediu a destituição de Aguiar - pediu formalmente ao escritório que retire a fundação da demanda contra Aguiar. A decisão vem em favor do administrador judicial, já que os credores, nos pedidos de impugnação, questionavam se ele teria a devida isenção caso fosse necessário abrir ações judiciais para responsabilizar o Banco Central por eventuais perdas. O problema seria porque Vânio Aguiar é funcionário de carreira do Banco Central.

Os pedidos de impugnação do administrador judicial ainda não foram apreciados pelo juiz da falência. Além do grupo de credores representados pelo Lobo & Ibeas, também pediram a impugnação a empresa Cenibra e a Associação Nóbrega de Educação.

Consignado aumenta o risco


Reportagem do Valor Econômico de 11/08 sobre o risco do consignado:

Consignado eleva risco de pessoa física

Tatiana Bautzer
A explosão do crédito consignado está contribuindo para aumentar a inadimplência da pessoa física em outros tipos de financiamento, afirmam executivos de bancos e financeiras. Com uma participação próxima de 50% da carteira total de crédito para pessoa física, o crédito consignado contribui para reduzir a renda disponível e deixa para operações de crédito sem garantia em folha um grupo de clientes com propensão maior à inadimplência.

"O efeito do crédito consignado sobre a inadimplência das outras carteiras é relevante, porque separa o pool de clientes entre os que têm risco menor por maior estabilidade na renda e os outros tipos de clientes", diz André Duarte, da área de crédito e risco de varejo do Unibanco. As perdas que já começam a aparecer nas carteiras dos bancos exigirão "um controle obsessivo do risco" nos próximos meses.

O crescimento do consignado coincidiu com o crescimento da inadimplência em outras carteiras também porque muitos clientes dos financiamentos com desconto em folha usam esse tipo de operação para pagar dívidas em linhas com juros mais altos - deixando os clientes com risco pior para recorrer às linhas mais caras.

A redução da renda disponível torna ainda mais urgente, segundo Duarte, do Unibanco, e Paulo Ísola, diretor executivo do Bradesco, o desenvolvimento do sistema de informações positivas sobre os clientes, o "bureau positivo" do qual vem se falando mas até agora não saiu do papel por falta de acordo entre os bancos, que relutam em compartilhar informações sobre o cadastro de seus clientes. "No caso da pessoa jurídica já existe um rating praticamente definido pelas classificações de risco da carteira de crédito exigidas pela resolução 2.682 do Banco Central. Precisamos vencer as barreiras para criar uma situação semelhante para a pessoa física", disse.

Num seminário sobre crédito promovido ontem pela Associação Comercial, o Bradesco anunciou que está fechando uma parceria com a Microsoft para financiamento de software à pessoa física. A parceria já existe em caráter experimental para pessoa jurídica, e o banco está ajudando a empresa americana a criar um canal direto de vendas para os seus consumidores. "Até agora a Microsoft não conhecia o seu cliente final, porque as vendas eram todas feitas via varejo", segundo Ísola. A empresa americana tentou uma parceria semelhante com bancos no México, mas não conseguiu os objetivos, e acabou criando o canal direto com o consumidor via crédito no Brasil. O modelo de parceria com a Ford Credit, iniciada depois da compra da carteira da instituição no país pelo Bradesco, deve ser exportado para outros países, reduzindo a necessidade de uso de recursos próprios da montadora para o financiamento na sua rede de concessionários.

Usando principalmente a marca Finasa, o Bradesco tem investido recentemente em parcerias com redes varejistas que atendem à população de baixa renda, adquirindo "know how" de análise de crédito para este público. Além de fazer o financiamento da Casas Bahia, uma das maiores carteiras de crédito popular, o banco já emitiu 1,7 milhão de cartões "private label" na rede de varejo Leader.

Bancos mudam, mas continuam lucrando


Segundo a Austin Rating, os bancos brasileiros estão mudando, com aumento da carteira de crédito, para compensar a redução na taxa de juros. Isto naturalmente tem provocado efeito nas suas provisões, que aumentaram no período. Veja a reportagem completa do Valor Econômico:

Lucros crescem apesar do calote

Maria Christina Carvalho
Os grandes bancos brasileiros estão se saindo bem frente ao desafio de aumentar a carteira de crédito para compensar a queda das taxas de juros. A conclusão é do presidente da Austin Rating, Erivelto Rodrigues, ao avaliar os balanços do primeiro semestre já divulgados.

Até ontem os três maiores bancos privados de varejo já haviam divulgado o balanço do primeiro semestre mostrando uma expansão dos resultados de 19,5% no caso do Bradesco e Itaú a 25,1% no do Unibanco. No total, dez bancos já divulgaram o balanço. A evolução média do resultado é de apenas 8,3%, acentuadamente inferior à dos três maiores privados, puxado pela queda de 53,2% do ganho do BMG e de 34% do Pine. O lucro líquido consolidado dos dez bancos atingiu R$ 7,942 bilhões.

A estratégia praticamente unânime dos grandes bancos de varejo foi emprestar mais para pessoa física. Essas operações trazem maior risco, disse Rodrigues. Por isso, a inadimplência aumentou, exigindo um forte reforço das provisões. Mas, trazem maior retorno. "Quem souber dar crédito nesse segmento, com as garantias adequadas, vai se dar bem", disse o especialista.

O aumento médio da carteira de crédito dos dez bancos foi de 25,6%, de R$ 191,467 bilhões para R$ 240,539 bilhões. Mas, a receita de crédito cresceu mais ainda, 35,4%, para R$ 27,968 bilhões. Essa conta não leva em consideração as despesas feitas para lastrear as operações de crédito, mas revelam a estratégia dos bancos de partir para operações de maior retorno, com pessoas físicas, mudando o mix das carteiras.

A outra face da moeda foi o aumento da inadimplência. A taxa média de inadimplência no balanço dos dez bancos - medida pela relação entre as operações com mais de 60 dias de atraso e a carteira total - subiu de 2,3% em junho de 2005 para 3,4% em junho passado. Mas isso não preocupou Rodrigues, porque os bancos reforçaram as provisões.

As despesas com provisões saltaram 83,9% no mesmo espaço de tempo, para R$ 6,887 bilhões. O saldo das provisões aumentou 44,1% para R$ 15,91 bilhões. E a relação entre saldo de provisões para devedores duvidosos e a carteira total de crédito passou de 5,8% para 6,6% entre junho de 2005 e junho passado, na média dos dez bancos que já divulgaram os balanços.

No entanto, levantamento feito pela Austin Rating a pedido do Valor com os três maiores bancos privados mostra que as provisões já foram maiores em relação à carteira total de crédito há três anos. O Itaú que, neste semestre, é o banco privado de varejo com maior volume de cobertura, com 8,3% de índice, já chegou a ter 9,7% em junho de 2002 e 8% em junho de 2003.

Em segundo lugar ficou o Bradesco, com um índice de 6,6%, dentro da média do mercado, que já exigiu índices de 7,78% em junho de 2003 e 7,2% em junho de 2004. De acordo com o presidente da Austin Ratings, "a maior parte dos bancos está com provisões adequadas e alguns, como o Itaú e o Unibanco, até desaceleraram algumas operações".

A intensidade do aumento das provisões variou conforme a instituição. Houve "um ou outro caso de conservadorismo exagerado", disse Rodrigues, mas a razão foi o aumento da inadimplência. O Itaú e o BicBanco, por exemplo, aumentaram o saldo de provisões em 73% e 72,3%, respectivamente. No caso do Itaú, o saldo das provisões atingiu R$ 5,6 bilhões, um terço do total dos dez bancos (outro terço é do Bradesco e o Unibanco, tem 14%).

O Itaú também se destacou por mais do que dobrar as despesas com provisões - o aumento foi de 133,5% do primeiro semestre de 2005 para os R$ 2,5 bilhões de igual período deste ano. Mas outro destaque importante dos resultados do banco nesse semestre foi o aumento da inadimplência de 2,2% para 3,3% da carteira em reflexo ao crescimento das operações de financiamento ao consumo.

Rodrigues também notou que a receita de serviços continua crescendo nos bancos. Com a queda da inflação e o fim das receitas de floating, os bancos passaram a cobrar pelos serviços prestados e também criaram novos produtos. Com isso, a participação da receita de serviços no total de receitas operacionais dos bancos passou de 3,5% na entrada do Plano Real para 20% atualmente, passando a ter um peso superior ao do próprio floating. "Hoje, a receita de serviços constitui uma importante fonte de ganho para os bancos", afirmou.

A previsão da Austin Rating é que o lucro dos bancos vai crescer cerca de 20% neste ano, em linha com o comportamento do primeiro semestre; com um retorno médio ao redor de 22%. A carteira de crédito promete aumentar em 20% a 25%

11 agosto 2006

Reduzindo a taxa de juros com informação

O problema da taxa de juros no Brasil também pode ser resolvido com a informação. Uma reportagem de hoje do jornal Valor Econômico informa que o Bacen quer aumentar o acesso a Central de Risco. Isto reduziria a assimetria da informação no momento do empréstimo, reduzindo o risco do banco e contribuindo para queda dos juros. A seguir a reportagem:

Pacote para baixar custo do dinheiro inclui acesso maior a central de risco

Claudia Safatle
Para acirrar a competição entre os bancos e, com isso, reduzir os custos do dinheiro e as tarifas bancárias, o governo prepara um conjunto de medidas cuja direção é dar ao cliente maior poder de barganha. Constam desse pacote as seguintes medidas: universalizar o alcance da Central de Risco do Banco Central, hoje restrita a quem tem financiamento bancário de R$ 5 mil para cima; estender a portabilidade do cadastro para todos que estiverem contemplados pelo sistema de informações da Central de Risco; tornar automática, através de um instrumento chamado "DOC reverso", a transferência do pagamento de salário para o banco que o trabalhador indicar; permitir, através de mudança na lei do crédito consignado, que o funcionário da empresa tenha capacidade de negociar seu crédito consignado com outros bancos.

Somam-se as essas iniciativas, algumas ainda em fase inicial de estudos, a decisão de reduzir mas não extinguir o Fundo garantidor de Crédito (FGC), que hoje é alimentado por contribuições mensais dos bancos, equivalentes a 0,025% dos saldos médios das obrigações garantidas (depósitos à vista, cadernetas de poupança, depósitos a prazo entre outras); e de viabilizar, por medida provisória, um sistema de crédito consignado mais barato as pequenas e médias empresas. Nesse caso, trata-se de coibir a cobrança de uma taxa pelos grandes compradores para conceder aos seus fornecedores, um aceite ou uma confirmação de antecipação de recebíveis. Do leque de providências faz parte ainda a criação do crédito consignado imobiliário.

Hoje, segundo fontes oficiais, se o funcionário de uma empresa tentar receber seu salário em um banco de sua escolha, encontrará toda a sorte de dificuldades burocráticas possíveis. Há alternativas para automatizar esse processo, mas ainda não está claro para o BC se precisará de uma resolução do Conselho Monetário Nacional ou de uma lei. O desenho do instrumento de DOC reverso não está definido, mas a idéia é que por computador, ou assinando uma autorização para o banco destinatário, essa transferência se realize.

Como, atualmente, é a empresa que negocia com o banco o credito consignado para seus funcionários e faz um contrato-mãe, é ela que recebe os benefícios que o banco está disposto a dar, como reciprocidade, como, por exemplo, acesso a linhas mais baratas de crédito. O que o BC está estudando é uma forma de permitir que o funcionário, e não a empresa, negocie com a instituição financeira. Para isso, será preciso mudança na lei do crédito consignado, já que a atual exige a assinatura da empresa para que o contrato exista. "Queremos dar condições para o próprio funcionário negociar e obter as vantagens", disse uma fonte, mas, para isso, avalia-se até que ponto a lei pode exigir que a empresa seja obrigada a debitar parte do salário daquele funcionário no banco onde ele encontrou melhores condições de crédito.

Também não está claro para o Banco Central se será possível ampliar para todos os clientes de bancos, de uma só vez, ou se terá que proceder uma redução gradual do limite dos R$ 5 mil para o alcance da Central de Risco. Isso implicará numa profunda mudança no sistema de informações que o BC coleta e disponibiliza para os bancos. O projeto está em fase de avaliação para ver se será preciso de novos softwares, máquinas, memórias, capacidade de transmissão de dados do sistema. O BC terá que negociar uma ampliação do seu orçamento com os ministérios do Planejamento, Fazenda e Casa Civil, e não se desconsidera a hipótese de, num primeiro momento, apenas reduzir de R$ 5 mil para uns R$ 3 mil o valor dos empréstimos de cada tomador junto ao banco para que possa constar dessa base de dados e, sendo bom cliente, possa negociar com qualquer banco.

Não consta do conjunto de medidas a redução dos depósitos compulsórios no BC. O custo de uma medida dessa natureza, agora, seria o de não reduzir mais a taxa Selic. Avalia-se, no governo, que não é hora de criar turbulências, pois a política monetária tem se mostrado bem sucedida.

Canhotos ganham mais


Notícia do Terra:

Funcionários canhotos ganham mais que destros, diz estudo
Sexta, 11 de Agosto de 2006, 12h01
Fonte: INVERTIA
Um estudo divulgado nesta sexta-feira por uma universidade dos Estados Unidos mostrou que os homens canhotos ganham mais dinheiro que os funcionários destros.

De acordo com o estudo da universidade norte-americana de Johns Hopkins, os canhotos com nível superior ganham 15% mais que os destros com o mesmo grau de instrução.

Segundo pesquisadores da universidade, o estudo obteve "resultados significativos e sugestivos sobre estatísticas econômicas que podem ajudar em futuras pesquisas" sobre a questão das habilidades motoras. Contudo, os estudiosos afirmaram que ainda não chegaram a uma teoria sobre as causas desses resultados.

A pesquisa não encontrou os mesmos resultados entre as mulheres. Os cientistas analisaram dados de um estudo iniciado em 1979 com funcionários de todo os Estados Unidos com faixa etária entre 14 e 21 anos.

A pesquisa foi publicada pelo National Bureau of Economic Research.

10 agosto 2006

Fraude. No Xadrez


Um das atividades humanas onde não esperamos fraudes é o xadrez.

Uma notícia do New York Times mostra que dois jogadores estão sob suspeita de ter recebido ajuda de computadores num torneio denominhado World Open in Philadelphia. A fraude aconteceu através de uma escuta. Um dos jogadores, Steve Rosenberg, foi expulso do torneio; outro, Eugene Varshavsky continuou a jogar, mas toda rodada era vigiado de perto. O esquema de fraude de Steve é mostrado na fotografia

Eugene era um dos jogadores com pior desempenho antes de começar o torneio, mas já nas primeiras rodadas ele ganhou de dois grandes mestres, com as peças pretas. Para quem não conhece o jogo, ganhar com as peças pretas é mais difícil. Num dos jogos, Eugene ganhou do mestre John Bartholomew, que possui um rating de 2452; no outro, ganhou do grande-mestre Ilia Smirin, com rating 2659, com as peças pretas. Para se ter uma idéia, um rating de 2659 coloca Smirin entre os duzentos melhores jogadores do mundo.

Um outro grande mestre, Larry Christiansen, que não estava jogando o torneio, colocou os movimentos realizados pelo jogador num programa de xadrez de primeira linha, denominado Shredder, e constatou que os movimentos de Eugene eram iguais.

Apesar das coincidências, o diretor do torneio, Bill Goichberg, não encontrou nenhuma evidência de fraude. Entretanto, depois que Eugene passou a ser acompanhado de perto, ele começou a perder.

Clique aqui para ver a notícia no sítio da empresa que fabrica o programa.

Valor de Mercado


O conceito de valor de mercado tem sido constantemente utilizado para determinar as maiores empresas de uma economial. Como nosso mercado não é tão abrangente, no Brasil este conceito não é muito utilizado. Afinal, qualquer ranking deixaria de fora algumas grandes filiais de multinacionais e mesmo algumas empresas fechadas.

Com a expansão da Bovespa e o aumento de empresas com ações negociadas na bolsa este conceito tende a ganhar importância.

A seguir uma reportagem do Jornal de Commercio de 09/ago:

As líderes em valor de mercado

BOVESPA - Petrobras, Vale, Bradesco, Itaú e Ambev são as cinco empresas mais capitalizadas

JULIANA ENNES
DO JORNAL DO COMMERCIO

A Petrobras lidera o ranking das empresas listadas no Ibovespa, em termos do valor de mercado de cada uma. A segunda colocada, Vale do Rio Doce, tem quase a metade do valor, ou R$ 122,69 bilhões, ante os R$ 214,64 bilhões da petrolífera. Os quatro principais bancos brasileiros - Bradesco, Itaú, Banco do Brasil e Unibanco - aparecem entre as dez maiores empresas, além da holding do Itaú, que está em oitavo lugar.

O valor de mercado das empresas é o ponto de partida de qualquer análise financeira, para a escolha dos investimentos. Trata-se da multiplicação do preço unitário das ações pelo número de papéis das companhias. Quando há valorização de uma ação, o valor de mercado também sobe. No entanto, não é possível dizer que as empresas com maior valor de mercado já tiveram forte valorização e, por isso, não teriam grande perspectiva de alta.

- Se o valor de mercado acompanhar o crescimento dos lucros de uma empresa, ela está somente bem precificada. O problema pode acontecer quando o valor de mercado aumenta, ou seja, quando há valorização do papel, sem que haja respectivo crescimento da lucratividade - disse a gestora da Mercatto Gestão de Recursos, Daniela Marques.

Em geral, as projeções de preço para uma ação são feitas com base no valor de mercado. É comum dizer-se que um papel está mal precificado quando o valor de mercado não reflete o resultado da empresa. Isso indicaria bom potencial de valorização. Tal fato, porém é olhado com cautela pelos analistas.

Bradesco e Itaú disputam o lugar de maior banco brasileiro. Atualmente, o valor de mercado do Bradesco é mais alto. O banco vale, na Bolsa de Valores de São Paulo, R$ 70,02 bilhões, enquanto o Itaú tem a capitalização bursátil de R$ 68,34 bilhões, de acordo com os dados mais atualizados na Bovespa, do último dia quatro.

Nesta semana, o Bradesco divulgou lucro recorde, de R$ 3,132 bilhões, no primeiro semestre, enquanto o Itaú teve um lucro de R$ 2,958 bilhões no mesmo período. A gestora disse que, apesar do crescimento dos ganhos, a alta na Bolsa de Valores de São Paulo foi bastante grande.

O valor de mercado das empresas é muito utilizado também para o que é chamado de comparação entre pares. Isto é, pode-se comparar o valor de uma empresa brasileira com outra do mesmo setor, no exterior. No entanto, a cotação do dólar pode criar distorções.

"Há alguns meses, no ponto alto das ações do Bradesco, o banco valia cerca de US$ 38 bilhões. Na época, o Itaú valia cerca de US$ 35 bilhões, enquanto o ABN Amro Bank valia, em Amsterdã, em torno de US$ 21 bilhões. Certamente não existia essa diferença, distorção causada pela cotação do dólar", disse o diretor da Corretora Indusval, José Costa Gonçalves. A distorção acontece pela diferença de preços.

O valor das ações das empresas brasileiras é calculado em reais e, para comparar, transformado em dólares pela cotação do dia. Como o real tem estado bastante valorizado em relação à moeda americana, a diferença acaba ficando grande.

- O valor de mercado deve sempre ser analisado em relação ao resultado gerado pela empresa e ao setor em que está inserido. Comparar entre pares no exterior é importante, contanto que se considere as possíveis distorções. Mas, a partir destes dados, é possível, por exemplo, dizer que a Petrobras está barata em relação as demais petrolíferas do mundo. O mercado acaba descontando o fato de ser uma estatal, que não acompanha o reajuste de combustíveis - disse Daniela, da Mercatto.

Mudanças no ibovespa são consideradas boas

As recentes mudanças na composição da carteira teórica do Ibovespa passam a refletir melhor a realidade da Bolsa de Valores de São Paulo

Há poucos anos, o setor de telecomunicações tinha quase 40% da carteira do índice, mas o valor de mercado das empresas não era compatível. Agora, as duas empresas com maior peso são Petrobras e Vale do Rio Doce, que têm também o maior valor de mercado. "O índice tem ficado cada vez mais qualitativo. Reflete mais o valor das empresas", disse a gestora da Mercatto.

As duas empresas formam cerca de 24% do total da carteira do Ibovespa, percentual considerado bom pelo mercado.


Valor de mercado das empresas do ibovespa
1 Petrobras = 214.649.155,69
2 Vale Rio Doce = 122.698.044,18
3 Bradesco = 70.027.946,40
4 Itaubanco = 68.342.977,65
5 Ambev = 55.449.512,98
6 Banco do Brasil = 40.811.752,67
7 Unibanco = 34.687.447,10
8 Itausa = 29.727.769,98
9 Eletrobras = 26.529.394,90
10 Arcelor Brasil = 24.412.241,25
11 Telesp = 22.790.301,52
12 Gerdau = 21.590.551,15
13 Siderúrgica Nacional = 18.884.236,13
14 Usiminas = 17.886.543,62
15 Telemar Norte Leste = 16.098.269,68
16 Telemar = 15.999.937,14
17 Cemig = 14.872.610,94
18 Tim Part = 14.822.220,45
19 Embraer = 13.665.935,33
20 Aracruz = 11.604.797,09
21 Souza Cruz = 10.576.877,46
22 Vivo = 9.737.296,98
23 Brasil Telec = 8.012.839,11
24 CCR Rodovias = 8.001.570,73
25 Gerdau Met = 7.652.984,07
26 Bradespar = 6.817.781,53
27 V CP = 6.810.294,11
28 Brasil Telecom Par = 6.709.942,97
29 Embratel Par = 6.683.646,48
30 Sabesp = 6.433.536,63
31 Copel = 5.717.983,98
32 Cesp = 5.626.140,53
33 Net = 4.922.117,55
34 Klabin = 4.640.316,20
35 Braskem = 4.276.568,27
36 Sadia = 4.243.750,00
37 Comgas = 4.025.370,55
38 Eletropaulo = 3.815.606,99
39 Transmissão Paulista = 3.504.695,92
40 Perdigão = 3.281.950,22
41 Acesita = 2.920.897,12
42 Ipiranga Pet = 2.165.513,57
43 Light = 2.011.272,51
44 Telemig Par = 1.886.174,77
45 Confab = 1.513.001,21
46 Celesc = 1.277.934,93
47 Contax = 841.941,54
Fonte: Bovespa

09 agosto 2006

Ética nas empresas


A moda da ética nas empresas:

Ética está em jogo nas empresas

Companhias adotam normas de boa conduta, mas nem sempre cumprem o que prometem

Andrea Vialli

As fraudes contábeis envolvendo empresas americanas como a Enron e a WorldCom trouxeram à tona discussões sobre ética e os prejuízos que as empresas têm com a corrupção. A cobrança de investidores, consumidores e ONGs também está levando as empresas a adotarem normas de boa conduta. Porém elas ainda encontram dificuldades para colocar o discurso em prática.

A falta de ética no ambiente corporativo traz prejuízos ainda difíceis de serem medidos. Um estudo de 2004 da consultoria KPMG realizado junto a mil empresas brasileiras dá algumas pistas: mostrou que 69% delas já haviam tido problemas com fraudes e corrupção. Na maior parte dos casos (83%), o prejuízo foi inferior a R$ 1 milhão - mas em 49% dos episódios a empresa não conseguiu reverter as perdas.

Para Roberto Heloani, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e da Unicamp e especialista em ética no trabalho, ainda há uma distância entre o discurso das empresas e a prática. "Para muitas empresas, a ética ainda é muito usada como um instrumento de marketing interno e para o mercado. Mas já há progressos", diz.

Um dos avanços é o esforço das empresas em difundir seu código de conduta entre os funcionários, fornecedores e consumidores. "As pessoas precisam saber como a empresa vê a ética, e não pode ser um discurso vazio", diz o professor. O estudo da KPMG aponta que 60% das fraudes envolvendo as companhias são causadas por funcionários.

RECONHECIMENTO
Nos países desenvolvidos já existe a tendência de "premiar" empresas com atitudes éticas, que aos poucos começa a chegar no Brasil. Um exemplo pode ser visto no mercado financeiro, com a criação do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) da Bolsa de Valores de São Paulo, carteira de ações de 28 empresas apresentam boas práticas no campo da responsabilidade social. "A tendência para o futuro é que os investidores privilegiem as empresas com uma postura ética clara, pois oferecem menores riscos", diz o professor.

A pesquisadora da FGV Carmen Weingrill, uma das responsáveis pela elaboração do questionário enviado às empresas interessadas em compor o ISE, afirma que a questão da ética está amadurecendo nas empresas brasileiras. "O mercado tende a valorizar não as empresas que tenham uma conduta impecável, mas aquela que souber reconhecer suas falhas e prestar contas com clareza", diz Carmen. O questionário enviado às empresas, com mais de 100 perguntas, trazia questões referentes ao combate à corrupção, suborno e propina.

O discurso de ética nas empresas já criou até um nicho de mercado. A consultoria Prosets Brasil, por exemplo, especializou-se em elaborar estratégias para as empresas aplicarem a ética no dia a dia dos negócios. A consultoria incentiva as empresas a criarem códigos de ética de acordo com seu ramo de atuação e fornece ainda serviços para identificar eventuais funcionários corruptos.

Uma das ferramentas da consultoria é aplicada no processo de seleção de empregados e permite à empresa identificar se o candidato à vaga de emprego tem inclinações a transgredir regras. A tecnologia foi desenvolvida em Israel com base no polígrafo, o popular detector de mentiras, e já é usada em 15 países.

"Nosso trabalho é traduzir o código de ética da empresa para cada empregado, de acordo com sua função dentro da companhia", explica Adriana Tschernev, gerente de marketing da Prosets Brasil. A empresa tem 20 clientes, de diferentes portes e setores, como o banco Santander, a rede varejista Casas Bahia e a fabricante de bebidas Schincariol. A consultoria também mapeia os departamentos da empresa que necessitam de segurança mais reforçada.

Juros: outra possível explicação


Para quem não gostou da explicação de que o custo operacional dos bancos era a justificativa dos elevados juros, uma reportagem interessante do Estadão de hoje informa que um dos possíveis culpado é o elevado compulsório. A seguir:

Brasil é o campeão mundial em depósitos compulsórios no BC

A alíquota no País chega a 53% sobre o volume depositado

nos bancos; em outras nações, taxa é inferior a 10%

Renée Pereira

O país das maiores taxas de juros do mundo também tem a maior alíquota de recolhimento compulsório sobre depósitos à vista (ver quadro). Segundo levantamento feito pela agência de classificação de risco de crédito Austin Rating, enquanto a maioria dos países tem taxa abaixo de 10%, o Brasil aparece no topo da lista, com uma alíquota exorbitante de 53% sobre o volume depositado nos bancos. Desse total, 45% ficam no Banco Central, sem rentabilidade, e 8% são remunerados pela taxa básica da economia (Selic).

O mecanismo diminui a oferta de crédito no mercado e, conseqüentemente, encarece os empréstimos aos consumidores. Isso porque retira dinheiro de circulação e o poder de crédito dos bancos diminui. "O compulsório é um instrumento de política monetária que pode estimular o crescimento econômico ou contê-lo para preservar a taxa de inflação em um nível moderado", explica o economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini.

A redução dos compulsórios foi uma proposta dos bancos para diminuir o spread bancário (diferença entre o custo de captação e o de empréstimo), em resposta ao pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para o corte dos juros ao consumidor. Mas o ministro da Fazenda, Guido Mantega, já afirmou que há outras formas para reduzir o spread brasileiro - também o maior do mundo - sem mexer no compulsório.

Economistas também concordam que outras medidas precisam ser tomadas. Mas argumentam que, diante dos números da economia brasileira, não há motivo para manter a taxa tão elevada. "É possível reduzir o compulsório sem ônus para a economia", diz Agostini.

Além da liderança brasileira, o estudo da Austin Rating mostra que, quanto menor é o depósito obrigatório, maior é a relação crédito/Produto Interno Bruto (PIB). No Brasil, essa relação é de 32,4%. Já no Chile, onde o compulsório é de 9%, o volume de empréstimos representa 60% do PIB. Na zona do euro, a taxa é de 2%, e a relação crédito/PIB é de 105%.

Nos EUA, os financiamentos atingem 80% das riquezas do país e o compulsório varia de 0 a 10%, conforme o volume de cada banco.

Na avaliação do economista-chefe da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), Roberto Luis Troster, o compulsório não tem razão de ser. Apenas encarece o crédito para quem precisa de dinheiro. Ele afirma que o compulsório recolhido é maior que o crédito para indústria, consumidores rurais e habitação, juntos. "Funciona como imposto disfarçado. Além disso, abafa o efeito da queda da Selic e enfraquece seu impacto nos preços."

O depósito obrigatório , segundo ele, é um contra-senso e não se aplica ao Brasil de hoje. "Como instrumento de política monetária, o compulsório perdeu significativa relevância nas economias que mantêm sistema de metas de inflação, como é o caso do País", completa Agostini.

O economista do Instituto de Pesquisas Econômica Aplicada (Ipea) Armando Castelar concorda que a redução do nível de compulsório no Brasil é uma necessidade. Mas ele pondera que esse corte precisa ser gradual e acompanhado de medidas adicionais, como a redução de crédito direcionado (programas de empréstimos obrigatórios) e mudança da política fiscal expansionista. "É preciso parar de gastar. Essa é a solução para muitos males do Brasil."

As multinacionais latinas

Um artigo do Valor Econômico de hoje sobre as multinacionais latinas. Aconselho a leitura também do relatório do BCG.:

Opinião - Emergência de multinacionais latinas

Por Javier Santiso
O mapa do capitalismo mundial está mudando a toda velocidade. As multinacionais dos países emergentes se impõem daqui para frente no cenário internacional. Se já há algum tempo os nomes das sul-coreanas Samsung e LG eram conhecidos do grande público, agora outros atores surgem na cena internacional. Assim, em 2005, a gigante chinesa Lenovo conquistou um lugar ao sol entre as empresas multinacionais engolindo os PCs da americana IBM. No início de 2006, foi a vez da gigante Mittal, com sede em Amsterdã mas com capital de origem indiana, adquirir notoriedade internacional usando seu lucro na européia Arcelor.

Esses exemplos, no entanto, não são casos isolados. Eles são, na verdade, as partes imersas de um iceberg de dimensões imponentes. Uma miríade de empresas se acotovela nas cancelas de mercados até a presente data dominados por empresas dos países da OCDE. Além da Lenovo, a China já coloca em competição uma dezena de empresas que de Minmetals à Baosteel, passando por Huawei, multiplicam os acordos em outros países emergentes da África, Ásia ou da América latina. Quanto aos gigantes emergentes indianos, além da Tata ou ainda da Reliance, as empresas tecnológicas como Infosys ou farmacêuticas como Ranbaxy começam a ampliar seus mercados para além da península indiana. A Ásia não é, no entanto, a única região do mundo de onde emergem novos atores de um capitalismo internacional que está modificando seu centro de gravidade.

Em 2005, as empresas mexicanas e brasileiras multiplicaram de maneira espetacular suas incursões internacionais. Que se trate de grupos como o mexicano Telmex (que multiplica suas aquisições em todo o continente latino-americano) ou ainda o brasileiro CVRD, que ambicionou durante um certo tempo o francês Eramet (uma operação avaliada em mais de 2 bilhões de euros), essa efervescência confirma uma tendência de fundo: a emergência no tabuleiro internacional das multinacionais dos países emergentes, em particular das multinacionais latinas, as multilatinas. De fato, essa emergência se confirma pela simples observação da última classificação mundial da revista Forbes: na sua lista das 2 mil principais empresas mundiais agora aparecem mais de vinte empresas mexicanas e outro tanto de brasileiras.

Em menos de 10 anos, as companhias mexicanas terão, assim, multiplicado as fusões e aquisições: o valor total das operações chega a mais de US$ 25 bilhões, bem acima dos US$ 20 bilhões utilizados pelas empresas brasileiras que, por sua vez, também entram com entusiasmo no páreo da internacionalização. Em 2004, as empresas latino-americanas investiram mais de 22 bilhões de dólares fora de suas respectivas bases nacionais, ou seja, uma progressão de 500% com relação ao ano anterior.

Há uma década assistimos a emergência de multinacionais mexicanas, como por exemplo o fabricante de cimento Cemex, que hoje em dia segue de perto, e sem complexos, os passos dos dois líderes mundiais europeus, Lafarge e Holcim. Em 2005, apenas dez anos após seu ímpeto inicial, a Cemex dispõe de filiais não somente na América Latina, mas também nos Estados Unidos, na Inglaterra, na Espanha e no Egito. Bem antes da gigante Mittal, a Cemex já havia feito aquisições maiores na Europa, em particular na Espanha e na Grã-Bretanha. Com mais de US$ 15 bilhões investidos no estrangeiro, a fabricante de cimento mexicano é, sem dúvida, a ponta-de-lança dessa internacionalização latino-americana.

Mas poderíamos multiplicar os exemplos, a começar pela gigante mexicana das telecomunicações, a Telmex, e o de sua homóloga na telefonia celular, América Móvil, que completaram franquias latino-americanas que se igualam agora às da gigante espanhola Telefónica. Da Embraer, líder mundial no setor de jatos regionais, ao lado da canadense Bombardier e da francesa Dassault, aos produtores de celulose como Aracruz, de aço como a Gerdau, de petróleo como Petrobras ou ainda do conglomerado Votorantim, as multinacionais brasileiras aguçam seus apetites internacionais. Só na Argentina elas obtiveram sucessivamente empresas como Quilmes (adquirida pela Brahma - que se tornou Ambev), Acindar (Belgo Mineira), Loma Negra (Camargo Corrêa) ou ainda Pecom (Petrobras), enquanto o grupo ítalo-argentino Techint se tornou comprador da gigante mexicana Hylsamex por mais de US$ 2 bilhões. Durante os últimos anos, os grupos brasileiros multiplicaram as aquisições não somente na América Latina, mas também algumas vezes em países desenvolvidos como os Estados Unidos, ou em outros mais exóticos como a China.

Como suas primas espanholas, as multinacionais latinas das Américas deverão ampliar sua presença para além das Américas se quiserem continuar sua consolidação. Elas têm que enfrentar inegavelmente grandes desafios. Suas capacidades tecnológicas são mais freqüentemente limitadas do que as de suas concorrentes dos países desenvolvidos, ainda que o exemplo da Cemex mostre que isto é possível mesmo em setores a priori de menor intensidade tecnológica. Poucas dispõem de sólidas marcas globais - as cervejas Corona, do grupo mexicano Modelo, agora vendidas em 150 países, correspondem mais a exceção do que regra. No entanto, sejam sozinhas ou com aliados algumas vezes europeus (como exemplo a colombiana Bavária, que fusionou com a belga Ambev), tornam-se por sua vez jogadores cada vez mais internacionais.

Elas devem enfrentar, no entanto, um custo de capital superior ao de seus homólogos dos países desenvolvidos, ao mesmo tempo que devem encarar a competição crescente das outras multinacionais emergentes, coreanas, chinesas ou ainda indianas. Daí essa busca agora desenfreada para se implantar não somente em outros países emergentes, com o objetivo de ampliar seus mercados, mas também de se apresentarem como compradores de ativos nos países desenvolvidos, com o objetivo de ter acesso a um custo de capital menor. Quando a Cemex se implantou na Península Ibérica e depois na Inglaterra, adquirindo operadoras locais, o objetivo era não exclusivamente o de adquirir partes de mercados suplementares, mas ter acesso a capitais com custos menores a partir dessas bases européias. Hoje em dia, a base financeira e estratégica do grupo está em Madri e Londres tanto quanto em Monterrey.

Essas multinacionais dispõem, no entanto, de trunfos sérios. O exemplo da Cemex mostra que, se necessário, é possível inovar em setores básicos, como o de cimento, e demonstrar audácia e visão. Algumas dessas multinacionais latinas podem se beneficiar no futuro de oportunidades de ouro, em particular as mexicanas, próximas do mercado em grande expansão dos hispânicos nos EUA, ou aquelas que de forma geral estão dos setores agro-industriais, onde aparecem em boa colocação a Argentina Arcor, a brasileira Sadia ou ainda a mexicana Bimbo. O exemplo de emergência de suas primas espanholas só podem incitar as multinacionais latinas a irem em frente.

Javier Santiso é economista-chefe e diretor adjunto do Centro de Desenvolvimento da OCDE. Antes foi economista-chefe para a América Latina e Mercados Emergentes do BBVA (Banco Bilbao Vizcaya Argentaria).

Ser neutro com a natureza


Mais uma reportagem do Valor Econômico de hoje sobre o meio-ambiente e, logo a seguir, a crítica ao conceito de carbono neutro:

Empresas brasileiras aderem ao conceito de "carbono neutro"

Bettina Barros
Todo fim de mês, os 23 funcionários da filial brasileira da Interface - uma das maiores fabricantes de carpetes do mundo - anotam minuciosamente os quilômetros rodados de carro e as viagens de avião que fizeram a negócios nos últimos 30 dias. Com base nesses dados, a empresa calcula o equivalente de dióxido de carbônico (CO2) que joga na atmosfera e o converte em plantio de árvores, compensando a poluição que ela mesma gera. Resultado: a Interface salda a sua dívida com a natureza.

Simples? Mas é esse o raciocínio por trás do movimento que tem atraído centenas de empresas e celebridades internacionais - ainda que sob críticas - e que agora chega ao Brasil. A nova bandeira ambientalista atende pelo nome de "neutralização". E os ganhos se traduzem em marketing e vantagem competitiva, em um mundo em que o consumidor está mais atento aos problemas ambientais.

Ao andar de carro, tomar um avião ou consumir energia, por exemplo, empresas e indivíduos produzem o CO2, um dos seis gases que provocam o efeito estufa. Ser "neutro em carbono", portanto, significa compensar a participação humana no aquecimento do planeta por meio do plantio de árvores (que absorvem o CO2 na fotossíntese) ou, em menor escala, em projetos de energia limpa. A grosso modo, cada tonelada de carbono equivale a cinco árvores.

No Brasil, a Interface foi uma das primeiras a colocar em prática a idéia, seguindo a orientação da matriz americana. Desde 2002, quando iniciou o projeto "Trees for Travel", que obriga os funcionários a medir as viagens que fazem, a empresa já plantou 6,5 mil árvores às margens do rio Tietê, na região de Piracicaba (SP). O programa, desenvolvido com a SOS Mata Atlântica e auditado pela PricewaterhouseCoopers, prevê o plantio de até 25 mil mudas na região.

Além disso, a filial brasileira desenvolveu em 2004 um projeto independente da matriz, o "Carpet Free", que reverte a compra de cada 25 m² de carpetes em uma árvore, plantadas em áreas de manancial.

O gasto anual de R$ 200 mil para aplicar os dois projetos não chega a pesar para um faturamento de R$ 20 milhões previsto para 2006. "Não vemos isso como gastar dinheiro, mas como investimentos no meio ambiente", afirma o gerente de marketing Luciano Bonini, repetindo o mantra já comum nos círculos empresariais. "Esse projeto faz parte da filosofia da empresa".

Na área de eventos, a novidade foi trazida pela banda carioca Rappa, que em junho neutralizou um show para seis mil pessoas em São Paulo. O trabalho foi desenvolvido pela CarbonoNeutro®, divisão da consultoria MaxAmbiental, que fez o cálculo da emissão de CO2 a partir de dados como a viagem aérea para São Paulo dos 17 integrantes do grupo, o transporte utilizado pelo público em um raio de 30 quilômetros e o consumo de energia e de lixo gerados pelo evento. Isso tudo representou 7,63 toneladas de carbono equivalente e correspondeu ao plantio de 38 árvores, na região de Resende (RJ).

"É mais uma atitude que uma solução para o meio ambiente. Só que mostra o quanto as pequenas ações contribuem para o todo", diz Eduardo Petit, da MaxAmbiental.

Mas os projetos avançam a um ritmo rápido, na esteira dos debates sobre aquecimento global que tomam as discussões públicas e acadêmicas. Como é um mercado voluntário - reduz o CO2quem quer, sem qualquer obrigatoriedade governamental -, o número de empresas envolvidas é incerto. Fontes do próprio setor, porém, acreditam que não passam de dez os executores dos projetos hoje no país. Mas o número de interessados cresceu significativamente.

A Natura, de cosméticos, e o escritório Pinheiro Neto Advogados são dois exemplos. Uma grande gráfica paulista, que preferiu ainda não ter seu nome divulgado, também está concluindo o projeto para sua linha total de produção.

A iniciativa tem atraído adeptos devido à praticidade do negócio - zerar a conta de emissões de CO2 dispensa mudanças drásticas na cultura organizacional ou na infra-estrutura. Mais que isso: os executivos começaram a enxergar que a neutralização pode ser uma importante ferramenta de marketing empresarial, o que, por sua vez, agrega valor à marca e ao produto.

"Incluir no balanço da empresa a baixa intensidade de emissões de CO2 atribuirá pontos adicionais, por exemplo na hora de disputar licitação pública", diz Giovanni Barontini, sócio da Fábrica Ethica, que presta consultoria à Natura. "É um investimento institucional que não tem preço", concorda Werner Grau Neto, sócio do Pinheiro Neto.

O tempo de elaboração e os custos variam de projeto para projeto, dependendo de quanto se quer neutralizar e por quanto tempo. O primeiro passo é a elaboração de um inventário, isto é, o mapeamento da rotina da empresa sobretudo em termos de uso de combustível e energia. O cliente decide se quer neutralizar apenas as emissões diretas (feitas pela empresa) ou incluir as indiretas (terceirizados). A partir daí, a consultoria usa metodologias diferenciadas para calcular as emissões e suas compensações: a prática mais difundida aqui é a do plantio de árvores, mas é possível também investir em programas de energia limpa. Os projetos são auditados por uma consultoria independente.

"Na Europa esse mercado já funciona bem. Eles conseguiram montar uma estrutura de alívio de culpa", diz Francisco Maciel, sócio da empresa The Green Initiative e responsável pelo desenvolvimento do projeto de neutralização do Pinheiro Neto. "Aqui, há muitas áreas onde a demanda é reprimida, mas isso deve mudar". O Pinheiro Neto será a primeira empresa de prestação de serviços no Brasil a adotar a prática. O projeto terá duração inicial de cinco anos e deverá envolver cerca de 40 hectares para o plantio de mudas em áreas ciliares.

Em 2005, o escritório investiu cerca de R$ 400 mil em programas socioambientais. Segundo Grau Neto, o investimento neste caso não está definido porque depende da definição de algumas variáveis, como o montante de CO2 a ser convertido e o tipo de muda usada.

Já a Natura finaliza a primeira parte de um ambicioso projeto, que prevê neutralizar não apenas a sua produção, mas a cadeia completa de negócios. "Queremos ser neutro em carbono ainda este ano", afirma Marcos Egídio Martins, diretor de sustentabilidade.


Críticos dizem que medida é "alívio de culpa"

De São Paulo
Como toda discussão que envolve o meio ambiente, a neutralização de carbono tem dividido opiniões. Ambientalistas acusam a iniciativa de desviar a atenção do que realmente importa - atacar as causas da mudança climática - usando medidas "fáceis" para um problema maior. É o que chamam de postura 'não-se-preocupe-apenas-plante-algumas-árvores'.

"Essas empresas estão impedindo a solução para o aquecimento do planeta", disse ao Valor Tamra Gilbertson, do Carbon Trading Watch, grupo de combate ao aquecimento global com sede em Amsterdã. "Precisamos de ações construtivas em vez de esquemas questionáveis para compensar nossa poluição, o que só transfere o problema a gerações futuras", afirmou.

Como exemplo de combate real às mudanças climáticas, Gilbertson cita a redução das emissões de combustíveis fósseis, que são poluentes, por fontes limpas de energia, como a solar. Para isso, porém, a empresa teria de abraçar uma mudança organizacional e de infra-estrutura de fundo, o que representaria mais gastos e esforços.

Para Warwick Manfrinato, pesquisador do Departamento de Engenharia Florestal da Esalq, a neutralização é uma "medida para alívio de culpa". "A empresa se posiciona, mas não por inteiro", diz.

O conceito de "neutro em carbono" não é previsto no Tratado de Kyoto, que prevê a redução das emissões de CO2 pelos países poluidores para 5,2% dos níveis de 1990. A neutralização é uma iniciativa voluntária. (BB)

Lá fora, famosos e grandes grupos já abraçaram a causa

De São Paulo
Os famosos já aderiram. As grandes empresas também. Se a neutralização de carbono só agora desponta no Brasil, na Europa ela arrebatou vários setores da indústria e um rol de celebridades.

O movimento, que teve início há cerca de quatro anos, cresceu rapidamente. Embora não se saiba com precisão quantos projetos foram realizados (já que se trata de iniciativa voluntária e sem fiscalização pública), estimativas do mercado falam em "dezenas de milhares" de adeptos no mundo. Os maiores entusiastas do movimento são os europeus.

Uma das primeiras empresas a lidar com o status de "neutro em carbono" no exterior foi a britânica The CarbonNeutral Company (até pouco tempo chamada Future Forests). Sediada em Londres, a empresa auxilia 200 empresas a reduzir ou compensar emissões de poluentes com o plantio de de mudas em 55 áreas de 14 países, além de projetos em energia limpa.

Sua carteira de clientes inclui pesos-pesados como Honda e Avis Europa, astros holywoodianos como Brad Pitt, Cameron Diaz, Leonardo Di Caprio, Bernardo Beertolucci e até bandas internacionais - Coldplay, Foo Fighters e Massive Attack já neutralizaram seus CDS.

Pitt, por exemplo, pagou US$ 10 mil para a empresa criar uma floresta em seu nome no pequeno reino de Butão, nos Himalaias, numa área em processo de recuperação.

A Avis, que iniciou no Reino Unido a experiência, estendeu o programa para toda a sua rede de lojas na Europa. A empresa planta uma árvore para cada carro que aluga - já foram mais de 200 mil desde que iniciou o programa. "Quando se aluga um carro, o cliente recebe a opção de pagar US$ 2,86 extra para ter seu veículo neutralizado. Isso ajuda a cobrir o custo do plantio", diz a empresa.

Com ajuda do Instituto de Ecologia da Universidade de Edimburgo e do Centro para Gerenciamento de Carbono de Edimburgo (ECCM, em inglês), a CarbonNeutral desenvolveu o modelo de cálculo da relação entre as emissões de CO2 e a absorção das árvores. O ECCM é também responsável pelo monitoramento do seqüestro de carbono por hectare plantado.

Em cada caso, a CarbonNeutral calcula as toneladas de carbono gerados e estabelece o custo para o número de mudas necessárias. Ela fica com um percentual, mas diz que a maior parte vai para a compra de mudas e pagamento de serviços. Os projetos são auditados pela PriceWaterhouseCoopers.

Sua principal concorrente, a Climate Care, viu a quantidade de projetos saltar para o equivalente de 99 mil toneladas de carbono no ano passado, comparado com os menos de 20 mil toneladas registrados em 2002. Há alguns anos, fechou contratos com a British Airways e os jornais "The Guardian" e "The Times". O número de consultas ao seu website para cálculos individuais pulou de 100 mil para 200 mil no ano passado.

"A exposição dos problemas climáticos na mídia e o endurecimento de alguns governos quanto ao nível de emissões contribuíram para o resultado", diz Tom Morton, diretor-gerente da Climate Care.

Segundo o grupo, cerca de 20% das emissões anuais de CO2 advêm do desflorestamento e queimadas. Por isso, o plantio de árvores é uma alternativa considerada importante pela Climate Care. "Além disso, o reflorestamento representa um risco menor", diz a empresa, que também desenvolve projetos de investimento em energia limpa.

A própria PricewaterhouseCoopers lançou no ano passado um programa "verde" de viagens no Reino Unido que prevê uma série de medidas de impacto ambiental. A empresa adotou o mote do "trem primeiro", privilegiando viagens ferroviárias no lugar das aéreas e o aumento do uso de videoconferências como alternativa às viagens. Além disso, a consultoria está neutralizando viagens aéreas e terrestres feitas por seus funcionários com a plantação de árvores.

"Isto está se tornando mais e mais o pensamento predominante nas empresas, especialmente nos grandes grupos", declarou à época Mark Avery, diretor da divisão de serviços da Price. "Essa tendência se espalhará por toda a indústria".

Em maio passado, o Credit Suisse anunciou a neutralização total de suas operações mundiais até 2012 - na Suíça, sede da empresa, o objetivo é ser neutro em carbono até o fim deste ano.

Em 2005, o Credit investiu cerca de US$ 120 mil em projetos de energia renovável na Índia, Nova Zelândia, Alemanha e África do Sul equivalentes aos vôos de seus funcionários na Suíça - uma média anual de 320 milhões de milhas por ano. A compensação pelas viagens aéreas é fixada em 3 francos suíços (US$ 2,35) por hora de vôo.

Paralelamente, a empresa também está colocando ênfase no uso de videoconferências como meio de trabalho. "O uso de videoconferência cresceu 14% no ano passado, enquanto que tivemos crescimento zero de milhagem", disse Patrick Burry, vice-presidente para gerenciamento ambiental.

O HSBC seguiu o mesmo caminho. O segundo maior banco do mundo computa todas as milhas percorridas por seus funcionários - e seus correspondentes em emissões de dióxido de carbono - e divulga a informação em seu relatório anual de responsabilidade social. (BB)

Correção de Balanços

Notícia do jornal Valor Econômico informa que o Supremo irá julgar sobre a correção de balanços de 1990 (isto mesmo, não foi erro de digitação). Deve-se fazer um reparo na notícia, quando afirma que as empresas pagariam mais com a BTN: depende da estrutura da empresa. Eis a notícia completa:

Corte julga correção de balanços de empresas

De São Paulo

O Supremo Tribunal Federal (STF) voltou a analisar na sessão de quinta-feira a Lei nº 8.200, de 1991, considerada constitucional pela corte em 2002. O caso, perdido para os contribuintes, está agora empatado em três a três em um processo da empresa Cerâmica Marbeth. A lei de 1991 autorizou as empresas a atualizarem os balanços de 1990 a partir do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) e não pelo índice oficial adotado na época - o Bônus do Tesouro Nacional (BTN). Porém, o uso do IPC - que foi muito superior ao BTN - foi autorizado de forma parcelada, em até seis vezes, e não integralmente.

A medida provocou a ida das empresas ao Judiciário, pois, segundo elas, o parcelamento seria uma forma de empréstimo compulsório que só pode ser estabelecido por lei complementar e não por lei ordinária. No julgamento de 2002, porém, o Supremo considerou que a norma oferecia um favor fiscal e que, por isso, era constitucional.

O advogado da Cerâmica Marbeth, Rodrigo Leporace Farret, do Andrade Advogados Associado, afirma que neste processo não é abordada diretamente a Lei nº 8.200, mas a Lei nº 8.088, de 1990. A norma de 1990 substituiu o IPC pelo Índice de Reajuste de Valores Fiscais (IRVF) na atualização do BTN, aplicado na correção dos balanços. Segundo o advogado, o BTN no período foi de 965%. Já a taxa de inflação, medida pelo IPC correspondeu a 1.895%.

O efeito prático da lei foi o pagamento a maior de tributos pelas empresas. Isso porque, com a aplicação de um índice de inflação menor, as empresas registraram um lucro irreal, sobre o qual incidiu imposto de renda e contribuição sobre lucro líquido. Na ação, a empresa pede que a lei seja considerada inconstitucional. Com isso, a Lei nº 8.200 perde também seu efeito, uma vez que está ligada à lei de 1990. "Com a passagem do tempo, essa discussão perdeu o impacto econômico que poderia ter. A decisão interessa para as empresas que já têm ações no Judiciário sobre o assunto", afirma Farret.

A discussão foi retomada pelo Supremo em 2004 pelo ministro Marco Aurélio de Mello ao levar um novo processo ao pleno. Na época, o julgamento foi interrompido por um pedido de vista do ministro Eros Grau. Na quinta-feira, o ministro levou o voto, sendo contrário ao contribuinte. O entendimento contrário foi seguido por Cármen Lúcia e Joaquim Barbosa. Ricardo Lewandowski e Carlos Brito acompanharam Marco Aurélio. O coordenador-geral da representação judicial da Fazenda Nacional, Fabrício Da Soller, defende que a Lei nº 8.200 foi apenas um favor fiscal concedido pelo governo e não um empréstimo compulsório. (ZB)

Lei Benford e Eleição


A Lei de Benford tem sido utilizada para detectar fraudes dos mais diversos tipos, inclusive fraude contábil. Recentemente fiz um pequeno teste com os municípios brasileiros e a lei foi realmente observada.

Terminei de ler um artigo sobre a aplicação da lei em eleições, para tentar identificar fraudes na contagem dos votos. O autor, Walter Mebane Jr, tenta provar que a lei de Benford, mais especificamente, a lei do segundo dígito, pode ser utilizada para esta finalidade. Clique aqui para ter acesso ao artigo

Não fiquei efetivamente convencido disto pois achei que o autor não conseguiu demonstrar isto nas eleições do México deste ano e nas eleições norte-americanas, na Flórida, na eleição de Bush.

Um outra crítica a este artigo foi feita no sítio Statistical Modeling, Causal Inference, and Social Science. Clique aqui para a crítica.

Risco e a CIA

Uma editora brasileira está fazendo propaganda de um relatório da CIA sobre o futuro do mundo nos próximos anos. Mas conforme lembra o sítio Mahalanobis, a CIA falhou ao prever a crise do Líbano, mesmo tendo um orçamento de $26 bilhões de dólares. A CIA também errou o tamanho das economias comunistas e não antecipou diversos eventos mundiais nos últimos anos. Para este sítio, a informação da CIA é "irrelevante e inacurada".

08 agosto 2006

Balanço Social


Artigo na Gazeta Mercantil sobre o balanço social:

Comunicação corporativa e o balanço social

8 de Agosto de 2006 - Desde 1º de janeiro, existem procedimentos para evidenciar as informações de natureza social e ambiental o que, na prática, é a regulamentação do "Balanço Social" que até então era usado mais como ferramenta de comunicação corporativa do que como ferramenta contábil propriamente dita. Estes procedimentos constam da Resolução 1003, de agosto de 2004, do Conselho Federal de Contabilidade (CFC). Esta resolução aprovou a NBC T 15 que passou a vigorar em 1º de janeiro deste ano.

De acordo com a norma do CFC, o "Balanço Social" deve ser apresentado na forma da Demonstração de Informações de Natureza Social e Ambiental (DINSA). E é nesta demonstração que devem estar evidenciados os dados e as informações de natureza social e ambiental da entidade, extraídos ou não da contabilidade, com o objetivo de demonstrar aos usuários e à sociedade em geral a participação e a responsabilidade social das empresas. Na demonstração deverá constar informações referentes a geração e distribuição de riqueza; recursos humanos; interação da empresa com o ambiente externo; interação com o meio ambiente.

A geração e a distribuição de riqueza deve ser apresentada com base nos critérios determinados na Resolução 1010/05, que aprovou a NBC T 3.7 – Valor Adicionado. Sobre os recursos humanos devem constar dados referentes à remuneração, benefícios concedidos, composição do corpo funcional e as contingências e os passivos trabalhistas da empresa.

Quanto à interação da empresa com o ambiente externo é preciso constar dados sobre o relacionamento com a comunidade na qual a entidade está inserida, com os clientes e com os fornecedores, inclusive incentivos decorrentes dessa interação. Já na interação com o meio ambiente, é de extrema importância deixar claro os investimentos e gastos com manutenção nos processos ope-racionais para a sua melhoria; com a preservação e ou recuperação de ambientes degradados; com a educação ambiental para empregados, terceirizados, autônomos, administradores da entidade e para a comunidade, além de outros projetos ambientais. Deve constar, também, a quantidade de processos ambientais, administrativos e judiciais movidos contra a entidade; o valor das multas e das indenizações relativas à matéria ambiental, determinadas administrativa e/ou judicialmente, e os passivos e contingências ambientais.

A vigência da NBC T 15 não significa que as empresas sejam obrigadas a elaborar e divulgar o "Balanço Social", embora o ideal é que todas divulguem. A obrigação e a responsabilidade do CFC é disciplinar sobre o assunto. Entretanto, cabe ressaltar que quando uma empresa, voluntariamente, elaborar e divulgar a Demonstração de Informações de Natureza Social e Ambiental, mais conhecida como "Balanço Social", deverá observar que seu conteúdo necessita, no mínimo, contemplar os requisitos estabelecidos na norma; que as informações contábeis são de responsabilidade técnica de contabilista registrado em Conselho Regional de Contabilidade; que devem ser indicados os dados extraídos de fontes não-contábeis, evidenciando o critério e o controle utilizados para garantir a integridade da informação.

Na divulgação, a responsabilidade por informações não-contábeis podem ser compartilhadas com especialistas e o "Balanço Social" deve ser objeto de revisão por auditor independente e ser publicado com o relatório do mesmo -quando a entidade for submetida a esse procedimento. Deve também ser tratado como informação complementar às demonstrações contábeis, não se confundindo com as notas explicativas. Além disso, todas as informações devem ser apresentadas, para efeito de comparação, com as informações do exercício atual e do anterior.

Assim, é importante que as empresas se estruturem ou aprimorem seus controles internos para que tenham condições de apresentar o "Balanço Social" conforme as normas vigentes. O primeiro passo é rever os controles e políticas internas com o objetivo de identificar, mensurar e divulgar adequada e oportunamente seus ativos, passivos e contingências ambientais.

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 18)(Geraldo Carlos Silvestre - Diretor da Boucinhas & Campos + Soteconti Auditores.)

Mais uma explicação para os juros altos


Um relato descrito no jornal valor econômico de hoje mostra uma nova hipótese para justificar os juros elevados praticados no País: os custos operacionais dos bancos, ou seja, a diferença entre o que o banco paga ao captar os recursos e o valor que cobra, quando empresta. É isto mesmo.

Veja a seguir a reportagem completa:

Alto custo operacional dos bancos eleva spread no Brasil

Assis Moreira
Os bancos no Brasil têm os mais elevados custos operacionais entre economias emergentes, depois da Venezuela. Uma das implicações disso é o fato de o país ser campeão mundial de spread bancário, que é a diferença entre o custo do dinheiro quando o banco capta recursos e o valor que cobra quando o empresta.

Quem mostra essa situação é o Banco Internacional de Compensações (BIS), o banco dos bancos centrais, em estudo sobre a evolução do sistema bancário nas economias emergentes publicado ontem na Basiléia (Suíça). Para o BIS, de maneira geral os custos operacionais elevados podem indicar ineficiências significativas no sistema bancário e rígida estrutura de empréstimos, reduzindo o acesso a quem potencialmente precisa de financiamento.

Nas economias emergentes, esse custo ficou na média em 3,5% dos ativos totais dos bancos em 2003-2005, mais alto do que 1% no sistema bancário do Japão e da Alemanha e de 3% nos Estados Unidos. No Brasil, essa despesa é ainda maior: representava 6,1% dos ativos totais das instituições bancárias em 2004, só superado pela Venezuela (6,3%), num grupo de 22 maiores economias emergentes.

Isso ajuda a explicar a persistência de alta margem na intermediação. Economistas do banco se referem ao "caso talvez mais extremo de altos spreads" , para citar percentual de 40% no Brasil, enquanto em várias outros emergentes são mais baixos e comparáveis a taxa de nações desenvolvidas.

O BIS se apóia em estimativas de Ilan Goldfajn, ex-diretor do Banco Central do Brasil, para destrinchar o spread nacional: 45% do total representava em 2004 a percepção de risco pelos bancos - mas outros 40% se referiam a custos administrativos e taxas. Essas despesas podem representar também maior concentração no sistema bancário brasileiro, segundo outro autor citado pelo banco.

Os custos operacionais no Brasil já foram ainda maiores: chegaram a 7,4% do total dos ativos em 1999, comparado a 10,2% na Venezuela. Embora essas despesas tenham caído nos últimos cinco anos, continuaram mais elevadas na América Latina do que na Ásia. Na China, representam 1,1% dos ativos e na Índia, 2,3%.

O estudo examina a disposição dos bancos para emprestarem com base em dois pontos adicionais. O primeiro é o índice de capitalização média do sistema bancário nos emergentes, que excedeu 14% em 2004 comparado a 13% cinco anos antes. No Brasil, passou de 15,5% para 18,2% no período. A conclusão é que a baixa expansão dos créditos até recentemente não era por causa de baixa base de capital dos bancos.

O outro ponto examinado pelo estudo foi o total do calote sofrido pelos bancos. Os dados recolhidos pelos economistas do BIS mostram que o calote caiu em vários países nos últimos cinco anos. Não cita dados de 1999 do Brasil, que em 2004 representava 2,7% do total financiado, comparado a 12,7 nas Filipinas, 6% na China, 8,5% na Tailândia e 18,9% na Argentina.

Wal Mart sai da Alemanha


Em 2003 a Universidade de Bremen publicou um estudo perguntando a razão pela qual a Wal-Mart não deu certo na Alemanha.

Agora, em 2006, a empresa comunica oficialmente que está deixando a Alemanha, vendendo suas operações para uma rede local. Encerra-se uma enorme quantidade de erros que poderia estar num livro texto sob o título de "como não fazer".

Segundo a revista The Economist, de 5 de Agosto (p. 54), a empresa cometeu diversos erros como colocar um chefe que não fala alemão. Além disto a empresa insistiu que seus administradores falassem em inglês. Outro problema foi o alto custo, já que a empresa não conseguiu economia de escala com suas operações.

iShares e o triunfo no Tour de France


O sítio da empresa iShares informa que "existem riscos envolvidos com investimentos, inclusive perdas do principal." Sendo um fundo da empresa Barclays, a iShare sabe que desempenho é importante. Tanto é assim que recentemente colocou na sua página a seguinte mensagem:

"iShares está associada com desempenho inesquecíveis. Congratulações, Floyd (...)"

A empresa estava parabenizando o ciclista Floyd Landis, que vencia o Tour de France, a mais famosa competição ciclística do mundo, onde o desempenho de Landis foi excepcional. Tão excepcional que gerou desconfiança, confirmada pelo exame de doping positivo. E agora, iShares? O risco de associar o nome do fundo com um esportista que utiliza substância proibida compensou? E resolver patrocinar um atleta do ciclismo, onde existe uma grande desconfiança de que os grandes vencedores utilizam sistematicamente substancias proibidas para melhorar o desempenho?

O link para a foto acima já foi retirado do sítio da empresa, mas um link para o apoio ao ciclismo não. Clique aqui e veja. O sítio informa que a empresa está apoiando a equipe
Phonak Cycling. Esta equipe, baseada na Suiça, possui competidores como o já citado Landis e, conforme informa o sítio "the team is aiming for another successful season and has its sights set on winning the magnificent Tour de France."

A foto acima foi retirado sítio Nakedshorts.

Menor Volatilidade nas crises


Uma reportagem do Jornal do Commercio informa que o risco diminuiu


Menor volatilidade nas crises

Investimentos - "Nervômetro" da RiskControl Serviços constata que País está menos exposto às crises

YUKI YOKOI
DO JORNAL DO COMMERCIO

A qualidade dos ativos brasileiros melhorou significativamente nos últimos anos, o que pode ser comprovado pela menor volatilidade das ações e dos títulos públicos em períodos de crise. De 10 de maio até 29 de junho, período que compreende duas reuniões do Federal Reserve e foi marcado pelo forte realocação de ativos, o Ibovespa registrou volatilidade realizada de 1,3072%. A variação segue a metodologia da RiskControl Serviços que, através de 85 medições diárias, calcula o real nervosismo do mercado ao longo dos pregões, em um índice denominado "nervômetro". As 85 medições diárias são feitas de 10 em 10 minutos, das 10 às 17 horas e são denominadas tecnicamente como Índice Brasileiro de Volatilidade do Mercado (IBVM).

Pelo método tradicional, seriam confrontados apenas os fechamentos de cada sessão, o que resultaria em oscilação média já modulada de 1,3313%. Do início de junho de 2005 até 19 de agosto do ano passado, período mais crítico das denúncias do mensalão na administração petista, a Bovespa registrou volatilidade realizada de 1,3449%. Isso significa que o mercado de ações variou cerca de 2,8% menos neste ano do que durante a instabilidade política. O indicador de volatilidade realizada do mercado de renda fixa, com carteira 100% prefixada, registrou variação de 0,0974% em maio e junho.

Durante os meses mais conturbados do mensalão, o Ibovespa atingiu volatilidade realizada máxima de 3,19% em apenas um dia. Na realocação de recursos registrada em maio e junho deste ano, a variação máxima registrada pelo método da RiskControl foi de 2,332%. "Medimos a volatilidade ao longo de todo o pregão, mais precisamente a cada 10 minutos. De acordo com o histórico do índice Bovespa, a oscilação diária dos meses de maio e junho foi menor do que em outros períodos de incertezas. Isso evidencia que os ativos brasileiros têm hoje mais qualidade, apesar de ainda ser muito suscetível ao noticiário e à divulgação de dados econômicos", explica Edson Daniel Lopes Gonçalves, consultor da empresa responsável pelo cálculo da volatilidade realizada.

Para Solange Srour, economista da Mellon Global Investments, a realocação de ativos durante maio e junho, desencadeada pelas incertezas em relação à política monetária americana, deixou evidente a melhoria dos ativos brasileiros. Segundo ela, a qualidade é uma conseqüência dos fundamentos econômicos mais sólidos. Atualmente, de zero a dez, Solange daria nota seis para os ativos brasileiros e dez para os títulos do tesouro americano, papel sem risco. Elevar a avaliação brasileira dependeria de uma reforma fiscal de qualidade, na opinião da economista.

Nossos fundamentos macroeconômicos estão melhores em relação a um passado recente e também frente a outros países emergentes. Durante o último período de instabilidade, o Brasil reagiu como as demais nações em desenvolvimento em um primeiro momento. Em seguida, houve uma diferenciação afirma Solange. Para este semestre, a expectativa dos investidores também é positiva, apesar das eleições. Os dois candidatos mais bem colocados nas pesquisas são considerados pró-mercado, o que resultará em um governo de continuidade nos próximos anos.

A classificação de grau de investimento para o Brasil é também um ponto crucial para alavancar o mercado local. Com a avaliação, os ativos do País passariam a ser recomendados por grandes instituições e registrariam maior ingresso de capital estrangeiro. A conseqüência seria a melhoria das perspectivas dos ativos nacionais juntamente com a maior atratividade para os pequenos investidores.

Somente em julho, a participação dos aplicadores pessoa física passou de 22,88% para 27,68%, atrás apenas da movimentação financeira dos investidores estrangeiros. A elevação pode ter sido resultado da pressão vendedora que tomou conta do mercado durante o período, mas o aumento da participação geral também evidencia que o pequeno aplicador tem uma visão mais positiva do mercado.

Fatores, locais e externos são os responsáveis pela maior resistência dos ativos brasileiros aos momentos de incerteza. Flávio Serrano, economista da López Léon, também atesta a maior qualidade dos ativos brasileiros. "A magnitude da última crise foi pequena. Qualitativamente nossa economia também está melhor", diz.

Fraudes em seguros


Uma reportagem interessante da Gazeta Mercantil (07/ago) relata casos de fraudes contra seguradoras.

Contra fraude, as seguradoras recorrem a ações criminais

São Paulo, 7 de Agosto de 2006 - A impunidade dos que cometem fraudes contra seguradoras está fazendo com que as empresas comecem a recorrer a processos criminais contra essas pessoas. Não há, no Brasil, estatísticas sobre essas fraudes, mas, de acordo com a Federação Nacional de Empresas de Seguros Privados e de Capitalização (Fenaseg), "a estimava é que as comprovadas e não comprovadas alcancem entre 10% e 15% dos sinistros pagos, com prejuízos de R$ 2 bilhões a R$ 3 bilhões em 2005".

As seguradoras ainda têm receio em mover processo criminal, porque, se a fraude não for comprovada, podem ser obrigadas a pagar indenização.

Os tipos de fraude são variados e vão desde a mutilação do próprio corpo e atear fogo na empresa até a compra de cadáver para simular a morte do segurado. "A maioria dos processos é no âmbito civil e a pessoa só perde a indenização", diz o advogado Gerardo Nogueira Gama. "Poucos casos resultaram em prisão, mas as seguradoras já começam a contratar advogados para abrir processo criminal contra fraudadores", afirma a advogada Daniella Guarnieri, do escritório Chaffin, Goldber e Vainboim. A prisão foi o destino de um grupo de pessoas que tentava fraudar o seguro de vida no Maranhão.
A-12(Gazeta Mercantil/1ª Página - Pág. 1)(Gilmara Santos)
Contra fraude, as seguradoras...

São Paulo, 7 de Agosto de 2006 - Advogados afirmam que está aumentando o número de empresas que movem processos criminais. A fraude no Maranhão foi descoberta pelo Grupo Negrini. O grupo explica que os fraudadores afogaram uma pessoa em um rio da cidade de Bacabal, no Maranhão, e colocaram nos bolsos do cadáver documentos de um segurado da Companhia Roma. Os criminosos queriam receber um seguro de R$ 280 mil. Segundo Daniel Carvalho, coordenador do grupo, a Justiça chegou a determinar a penhora de bens da seguradora para o pagamento da indenização à fraudadora. Por fim, a fraude foi esclarecida e a polícia prendeu quatro pessoas.

Comprovação de fraudeComprovar uma fraude, no entanto, é difícil. Daniella Guarnieri explica que a maioria das seguradoras tem departamentos para avaliar a questão. "A fiscalização aumentou e sinistros que têm questão duvidosa o setor averigua", diz a advogada lembrando que não cabe à empresa realizar investigações. "A investigação fica a cargo da polícia. A seguradora, quando tem comunicação substanciosa, leva às autoridades e pede a abertura de inquérito policial para que seja feito uma investigação e depois é aberto um processo criminal."

De acordo com ela, essa medida preventiva (mover processo criminal contra fraudadores) ainda é nova. "Começou há uns três ou quatro anos e ainda são poucos casos de prisão", diz. "Embora não tenha dados oficiais, como nos Estados Unidos que controla tudo estatisticamente, percebo que (a punição) continua firme e crescente", diz o advogado Sérgio Mello, do Pellon & Associados. "Quando combate e pune os fraudadores inibe fraudes futuras", complementa.

Ele concorda que comprovar fraude é bastante difícil. "É necessário ter cuidado com a preservação do segurado e qualquer coisa que afete isso pode gerar indenização por danos por parte da seguradora", afirma o advogado. "A impunidade é um grande problema porque estimula. Ainda são poucos os casos de prisão", diz Gerardo Gama.

Tentativas frustradas

A evolução da tecnologia também tem sido uma grande aliada das seguradoras. Gerardo Gama comenta que incêndios criminosos com a destruição do bem para receber seguro têm diminuído. "Hoje as pessoas têm mais receio de praticar esse crime porque a tecnologia evoluiu", diz. Ele lembra o caso de uma loja no sul do País que o dono aumentou o estoque, a loja pegou fogo e a perícia comprovou que a mercadoria não estava no local. "Ele perdeu o direito a toda indenização", comenta o advogado. Tem também o caso de um empresário que com o objetivo de receber o seguro, colocou um chumaço em ratos e incendiou a empresa. A tentativa teria sido vitoriosa se um dos peritos, ao encontrar o esqueleto de um dos roedores, não tivesse achado estranho e resolvido investigar melhor. O resultado foi a descoberta da fraude.

Fraudes mais comuns

Para Gerardo Gama, os crimes estão mais sofisticados. Ele conta que uma indústria que produz coalho para queijo teve um sinistro rodoviário e a empresa afirmou que tinha muito mais mercadoria do que estava no local. Fraudes relacionadas a automóveis são as mais comuns. A advogada Daniella Guarnieri conta o caso de um segurado que fez sinistro de furto de veículo e o carro estava num desmanche em que ele mesmo era proprietário. "A mulher dele fez a mesma coisa. Ela está presa e ele foragido", conta a advogada.

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 12)(Gilmara Santos)

07 agosto 2006

100 empresas de países emergentes


O relatório The New Global Challengers, feito pela Boston Consulting Group, aponta cem empresas das economias emergentes que estão mudando o mundo. O relatório foi produzido em maio deste ano e escolheu empresas com receitas anuais acima de $bilhão de dólares, com taxa de crescimento de 24% ao ano.

Estas empresas atuam em mercados com grande potencial de crescimento, possuem baixo custo, são altamente capazes na sua gestão e estão entrando no mercado global.

Das cem empresas selecionadas, a China e a Índia prevaleceu sobre o total. Mas o Brasil teve 12 empresas citadas: Braskem, Vale do Rio Doce, Coteminas, Embraco, Embraer, Gerdau, Natura, Pewtrobrás, Perdigão, Sadia, Votorantim e WEG.

O relatório pode ser encontrado clicando aqui.

03 agosto 2006

Livro de Graça

O último livro do William Sharpe, Nobel de Economia, está disponível gratuitamente na internet.

Efeito Cinto

Quando temos uma teoria para comentar é interessante dar uma nome.

A utilização do cinto de segurança induz as pessoas a dirigir de forma menos segura. Uma outra pesquisa mostrou que motoristas de veículos com tração nas quatro rodas (4WD)tem maior probabilidade de usar telefone celular. E o uso de celular está associado ao aumento do risco de acidente. Embora os veículos 4WD sejam mais seguros numa batida, os seus donos e as pessoas dos outros veículos passam a ter mais risco de acidente. O risco aumenta pois as pessoas pensam que estão mais seguras e podem ver melhor.

Este fenômeno já tinha sido observado antes por autores de controladoria. Simmons afirmava que quando temos um sistema de freio adequado num automóvel podemos correr mais rápido. Ele utilizava esta comparação para ressaltar a importância de um sistema de controle interno numa empresa. Ter um bom sistema de controle pode significar que a empresa pode correr mais rápido.

Será possível que esta analogia pode ser transferida para os bancos? Ao desenvolverem sistemas de risco, os bancos estão talvez aumentando o risco sistêmico. Para reflexão...

01 agosto 2006

Política afeta o valor da empresa?

Pode a política aumentar o valor de uma empresa? Esta questão foi estudada recentemente por três pesquisadores da Universidade da Carolina do Norte, Eitan Goldman, Jorg Rocholl e Jongil So. Estes pesquisadores decidiram verificar se uma eleição apertada, onde uma empresa que escolheu apoiar o partido vencedor, teve ganho de valor após a sua escolha acertada.

Para isto escolheram a eleição presidencial dos Estados Unidos de 2000, que foi decidida por uma margem pequena de votos. Já se sabia que em países onde o sistema legal é fraco e existe um maior nível de corrupção, que a ligação com o sistema política era importante para o sucesso de uma empresa. Mas este aspecto ainda não tinha sido testado num país com um sistema político estável e um capitalismo desenvolvido.

Os autores fizeram uma analise das 500 maiores empresas norte-americanas e sua conexão com um dos dois partidos: o republicano, vencedor das eleições de 2000, ou o democrata. Para determinar a conexão de uma empresa com um dos dois partidos os autores utilizaram duas medidas:

a) a participação no seu conselho de um membro de um destes partidos; e
b)o volume de doações realizadas para os partidos.

O resultado comprova a existência de uma estreita ligação entre o desempenho da empresa e sua ligação com o partido republicano, o vencedor das eleições. O desempenho da empresa é medido pelo comportamento do mercado, basicamente o preço das ações. Se este preço aumenta considera-se que o valor aumentou e o desempenho melhorou.

A ligação foi considerada como estatísticamente significante, mesmo quando os autores isolaram os efeitos no valor de outras variáveis como tamanho e setor.

A explicação para a ligação entre a política e o valor da empresa pode ser explicada pela percepção que os investidores possuem de que uma empresa ligada ao partido vencedor irá receber maiores benefícios futuros. Existe, no entanto, uma outra explicação. Quando uma eleição é apertada, uma empresa irá apoiar o partido que adotará políticas que serão mais benéficas para sua atuação futura. Por exemplo, uma empresa na área de defesa irá apoiar o candidato que possui maior possibilidade de aumentar os gastos com armamentos. A eleição deste candidato reflete naturalmente no mercado.

Um artigo muito interessante que sugere uma pesquisa que ainda necessita ser realizada no Brasil: a conexão entre os conselhos das empresas e a ligações com a burocracia.


(*) Does Political Connectedness Affect Firm Value? - Trabalho apresentado no encontro de finanças AFA 2007 e disponível em http://ssrn.com/abstract=891426 em PDF e inglês.

Banco Imobiliário aceita cartão de débito


Segundo o sítio Bluebus, o Banco Imobiliário, numa nova versão lançada na Inglaterra, denominada Monopoly, substituiu o papel moeda por cartões de débito. A operação foi bancada pela Visa, que assim promove o seu cartão. Os jogadores digitam o valor num terminal e passam o cartão para finalizar a operação.

É uma idéia para reforçar a idéia do uso do cartão de débito, que cada vez mais ganha novos adeptos.

Ver a notícia do sítio do dia 27/junho