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28 junho 2017

Curso de Contabilidade Básica: Terceiro Setor e Imposto

No capítulo 1 do livro Curso de Contabilidade Básica, volume 1, apresentamos que existem várias formas de organização dos negócios. Mostramos que algumas pessoas jurídicas que não possuem fins econômicos podem ser constituídas sobre a forma de associação. Estas entidades, quando geram papel relevante para sociedade, podem receber incentivos na sua atuação. Um destes incentivos refere-se aos impostos: o fisco é mais condescendente com as associações do que com as empresas e pode “abrir mão” de tributá-las.

Vejamos o caso do Complexo Pequeno Príncipe, também conhecido como Associação Hospitalar de Proteção a Infância Dr. Raul Carneiro. Esta entidade possui hospital, onde atende crianças, muitas delas pelo SUS, faculdades e instituto de pesquisa. A sua demonstração do resultado dos exercícios de 2016 e 2015 são apresentadas a seguir:
Veja que o Complexo Pequeno Príncipe obteve, para o ano de 2016, receita de quase 200 milhões de reais. Os custos dos serviços prestados foram de 128 milhões e as despesas operacionais de 61 milhões. O resultado antes das receitas e despesas financeiras era de 3,7 milhões de reais. Com as despesas financeiras de R$3,5 milhões e as receitas financeiras de 1,6 milhão, o resultado após estes dois itens foi de 1,8 milhão.
Numa empresa, após estes valores, teríamos o resultado antes do imposto de renda. Seria então deduzida a parcela de imposto de renda, para obter o resultado líquido do período. Mas como o Complexo Pequeno Príncipe tem estas funções sociais que o governo julga relevante, a entidade não paga imposto de renda. Observe isto na figura acima.

Na verdade, se tivesse que pagar imposto de renda (IRPJ), o Complexo Pequeno Príncipe teria apurado um valor de R$2,4 milhões em 2016. Mas não é somente isto; por ser uma associação relevante para sociedade, a entidade também possui incentivos na redução de vários pagamentos para o governo, denominadas de “isenções fiscais”. Veja o que a entidade informou:
As isenções usufruídas, como a entidade as denominam, somam R$36 milhões em 2016. Sem estas isenções, a entidade teria que cobrar pelas bolsas de estudos concedidas e por procedimentos hospitalares. A entidade também mostrou o custo do trabalho voluntário; este trabalho é exercido por pessoas que não recebem da entidade (ou recebem um valor irrisório). Em 2016, o trabalho voluntário representou um valor total de R$882 mil.

As informações acima são importantes para a sociedade: precisamos saber quanto o governo está deixando de arrecadar com as entidades do chamado terceiro setor e o que representa nos custos o trabalho voluntário. Assim, será possível saber se o serviço prestado pela associação é valioso ou não.

10 março 2016

Erros em entidades do terceiro setor

Um estudo com entidades do terceiro setor examinou os erros contábeis cometidos. Usando uma amostra de 5.511 demonstrações, entre 2006 a 2010, o volume de erros encontrados é muito maior que nas empresas com ações negociadas na bolsa e também muito maiores que empresas com tamanhos similares. A pesquisa encontrou que os erros mais comuns é o da omissão e está relacionado com deficiências no controle interno e associação negativa com o tamanho da empresa de auditoria. Além disto, o erro depende do tamanho da entidade, o tipo e o valor do orçamento dedicado às atividades administrativas.

Aqui uma listagem de potenciais erros, baseado na experiência da autora

23 fevereiro 2016

Contabilidade em Igrejas

Andrea Freire fez uma dissertação muito interessante sobre a contabilidade na igreja católica, sob orientação da professora Renata Câmara.

Este estudo aborda a temática relacionada ao Terceiro Setor, tendo como objetivo principal analisar se as prestações de contas apresentadas pelas paróquias da Arquidiocese de Natal/RN estão estruturadas de acordo com a Interpretação Técnica Geral – ITG 2000 (R1) – Escrituração contábil – e segundo a nomenclatura utilizada pela matriz Diocesana, buscando dar destaque à base que alicerça o tema de potencial relevância no contexto acadêmico, organizacional e social, a escrituração contábil, especificadamente, das entidades sem fins lucrativos. (...) Foi utilizado o site da Arquidiocese de Natal/RN e realizou-se visita in loco ao departamento de contabilidade da Cúria Metropolitana para obter as informações das organizações religiosas que nortearam os resultados deste estudo. Os dados coletados dos 174 demonstrativos de prestação de contas, sendo 87 do mês de janeiro de 2013 e 87 do mês de janeiro de 2014, foram tabulados utilizando o software Excel. Os resultados apontam que a forma como a escrituração foi realizada no período analisado demonstra que os responsáveis pela escrituração auxiliar não seguem as exigências estabelecidas na ITG 2000 (R1) – escrituração contábil –, os registros foram lançados sem atender à maioria dos critérios e procedimentos estabelecidos para a escrituração contábil. Quanto à análise da uniformidade da nomenclatura utilizada, pode-se afirmar que as paróquias da Arquidiocese de Natal fazem uso de alguns nomes comuns para as contas representativas de origem de recursos, entretanto a nomenclatura adotada para registrar as despesas apresentou-se muito diferente da constante no plano de contas da matriz.

02 outubro 2013

Banco do Vaticano divulga balanço

O Banco do Vaticano ou IOR publicou suas demonstrações contábeis anuais (Aqui, em PDF). O total do ativo quase chega a 5 bilhões de euros. O lucro aumentou de 20,3 milhões de euros, em 2011, para 86,6 milhões, em 2012.

Segundo Quartz, a principal razão foi as taxas de juros. E o seu principal ativo está relacionado com títulos de dívida. Segundo o Vaticano, o IOR não é um banco tradicional, pois está centrado na gestão de fundos religiosos e de caridade. Segundo a AFP:

Pela primeira vez, o banco divulgou seus resultados em um relatório anual publicado em seu novo site na internet, uma demonstração da nova política de transparência que o Vaticano deseja para um banco muito criticado por sua opacidade no passado.

O IOR administra milhares de contas, principalmente de sacerdotes, religiosos, bispos, congregações, que atualmente são controladas por consultores externos.

O banco também serve para fazer circular os fundos necessários para as obras da Igreja no mundo. Mas a falta de transparência permite que o dinheiro sujo, especialmente o da máfia, seja lavado no IOR.


Atualização: Aqui o relatório de 2014.

21 março 2013

Controle interno em igrejas

De acordo com a [revista] Planet Money, 85 por cento das dioceses católicas relataram desfalques durante os últimos cinco anos. Destas, 11 por cento relataram desfalques num valor total de mais de US $ 500.000. E uma revista católica dos EUA afirmou que 13 por cento do dinheiro dado as instituições de solidariedade social foi perdido em peculato.

(...) numa igreja, alguém põe dinheiro no prato de coleta e não há nenhuma maneira de obter um recibo. Adicione a isso um resistência institucional para controles internos e você tem uma fraude:

Desde que as igrejas contam com sistemas de crenças sagradas, controles internos são considerados como uma preocupação secular, inerentemente mau ou no mínimo desnecessário, nas igrejas. Na verdade, eles podem ser considerados um insulto para os trabalhadores e voluntários da Igreja (...)

Fonte: Aqui

03 novembro 2012

Lucro no Terceiro Setor

Quando fundou o Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora), em 1995, o engenheiro agrônomo Luís Fernando Guedes Pinto tinha como desejo trazer ao Brasil o universo das certificações socioambientais, um terreno inexplorado à época. Não demorou muito para que a sigla FSC (Forest Stewardship Council), que certifica produtos florestais com manejo sustentável, se tornasse conhecida por aqui. Hoje o selo verde estampa de lápis a papel higiênico, passando pela madeira extraída de forma controlada na Amazônia - e ajuda a fortalecer a renda de 30 mil trabalhadores em 500 comunidades, de pequenos agricultores a ribeirinhos e indígenas.

(...) O esforço de mostrar que é possível produzir com baixo impacto ambiental e alto ganho social rendeu ao engenheiro agrônomo e seu Imaflora um lugar na lista de seis finalistas do Prêmio Empreendedor Social, iniciativa promovida no Brasil pela Fundação Schwab - organização com sede na Suíça, criada por Klaus Schwab, idealizador do Fórum Econômico Mundial - em parceria com o jornal " Folha de S.Paulo ".

(...) Uma tendência, porém, se destaca: o aumento da participação dos negócios sociais, que visam o lucro como qualquer outro negócio, mas acreditam que sua função primordial é causar impactos positivos na sociedade. (...)

Para especialistas, a eclosão dos negócios sociais aponta uma nova etapa na gestão das questões socioambientais no mundo empresarial. Agora, a responsabilidade social e a filantropia corporativa deixam de ser os principais canais de atuação e as ações individuais ganham espaço. "É uma nova visão da responsabilidade socioambiental. Há um modernismo de atitude na criação dos negócios sociais, uma capacidade ímpar de gerir os recursos para gerar um benefício maior", afirma Sheila Villas Boas Pimentel, presidente do Instituto Humanitare, organização que busca aproximar a sociedade civil dos temas propostos pela ONU e fez parte júri do Prêmio Empreendedor Social.


Empresa social também pode lucrar - 1 de Novembro de 2012 - Valor Econômico - Andrea Vialli

28 setembro 2011

Inveja


Em 30 de junho as doações recebidas pela Universidade de Harvard chegaram a 32 bilhões de dólares. Para se ter uma ideia, o orçamento do Ministério da Educação do Brasil foi de 41 bilhões de reais. Ou seja, o volume de doações recebidas por Harvard é maior que o orçamento do Ministério da Educação.

Com um agravante: parte dos recursos recebidos por Harvard são aplicados no mercado e durante o exercício encerrado agora renderam 21,4% de retorno, um ganho perto de 6 bilhões de dólares.

Foto: aqui

06 julho 2011

Balanço do flamengo

Uma dica do Alexandre dos Santos (grato):

Algum tempo atrás soube que o Flamengo atravessou 2010 sem um contador em seu quadro de funcionários. Apesar da seriedade e conhecimento da fonte que revelou-me essa informação, achei-a incrível – no sentido de algo não crível, difícil de acreditar. Mas, acreditei, claro, pois minha fonte é séria e conhece bem esse clube e outros mais. Passado algum tempo, outras pessoas disseram-me a mesma coisa, só confirmando o absurdo de tal fato.

Não creio que esse buraco no quadro funcional tenha prejudicado a elaboração do balanço, pois um contador sem vínculo empregatício com o clube respondeu pela contabilidade, mas esse é um fato que merece reflexão. Estrutura não é somente meia dúzia de tijolos e uma fachada bonita. Ela é muito mais que isso e, lembrando velhos tempos da militância política, podemos dividi-la em infra e superestrutura. As construções, campos, meios de transporte, entre outras coisas, fazem parte da infraestrutura, enquanto direção, quadro de pessoal, filosofia de trabalho, ordenamento político e outras mais são parte da superestrutura. E, francamente, a superestrutura de um clube de futebol, sobretudo da grandeza do Flamengo, movimentando enorme volume de recursos, não pode, sob nenhuma hipótese, prescindir do trabalho de um profissional qualificado nessa área. Isso é básico e, confesso, tomar conhecimento desse fato foi uma surpresa desagradável.

E as receitas continuam crescendo…

Antes de falar das complicações, vou passar rapidamente pelo caminho para resolver complicações, as receitas. Elas são a solucionática necessária para enfrentar a problemática criada pelos dirigentes.Depois de ler o balanço, a primeira coisa que fiz foi levantar o ponto central da vida financeira de toda instituição: o comportamento de suas receitas operacionais nos últimos anos. Esse é o quadro de cinco anos:


As receitas rubronegras, apesar dos muitos pesares, dão ao torcedor um certo alento e podem dar condições aos gestores para, lentamente, buscar a consolidação e sustentabilidade do clube. Nesse sentido, não posso deixar de citar que durante a gestão Braga mais recente, o montante de dívidas do clube foi reduzido em apreciáveis 75 milhões de reais.

Esse volume de receitas, contudo, é muito baixo para o porte e para o desempenho esportivo do clube.

O quadro de receitas mostra o já esperado crescimento do marketing em função do bom patrocínio máster assinado no final de 2009, que deu uma injeção razoável de recursos para o clube (e a ausência de um patrocinador na presente temporada, já perdido o primeiro quadrimestre e caminhando para o fim do semestre, vai complicar as contas ainda mais). Ao mesmo tempo, uma receita sempre importante para o Flamengo, a bilheteria, teve redução apreciável, reflexo do desempenho do time em campo, apesar da participação na Copa Libertadores e, não podemos esquecer, também provocado pelo fechamento do Maracanã. E o pior, nesse caso, é que vem mais dois anos, com sorte, sem poder jogar no seu local predileto.

O balanço não discrimina as receitas com o licenciamento da marca Flamengo, que podem estar embutidas na conta Marketing. Tampouco mostra as receitas com o programa de sócio-torcedor, o que nos deixa sem saber se o programa existe e fatura ou se foi abandonado. De um jeito ou de outro, cada clube precisa encontrar seu caminho próprio e aumentar suas receitas com o quadro de sócios-torcedores. O exemplo do Internacional está aí para ser visto e analisado – mas não copiado, pois cada programa deve ter a “cara” e o espírito do clube e de seu torcedor, não é uma receita de bolo que basta ser copiada.

A verdade é que, embora venham crescendo de forma regular e consistente, mesmo com alguns percalços, as receitas operacionais do futebol do Flamengo estão abaixo do que poderiam e deveriam ser. Não ter um estádio próprio contribui para esse quadro, mas não justifica tudo.

Outro ponto importante para os clubes brasileiros: formação de jogadores. Essa não é uma receita operacional, eu não a considero como tal nas minhas análises, mas sem ela os clubes passam dificuldades e, se o desafio para alguns é lançar as bases para se manterem sem recorrer a essa receita, para o Flamengo o momento é diferente: é reforçar e retomar algo que era tradicional no clube: a formação de bons jogadores. Não só para fornecer à equipe, mas também, e fundamentalmente, para gerar recursos financeiros. Realisticamente, é isso.

Despesas caem no futebol e explodem nos amadores – Será?

O futebol gerou uma receita bruta de 110,3 milhões de reais, contra uma despesa total de 69,3 milhões de reais, gerando um superávit de 41 milhões de reais. A folha de pagamento caiu de 67,6 para 52,6 milhões, uma redução de nada menos que 22,2%. Lembro que em 2008, até o começo de 2009, o clube gastava, somente em salários diretos de 5 ou 6 jogadores um total que passava de 2 milhões de reais todo mês. Isso, naturalmente, não contando encargos sobre esse montante. Um enxugamento na folha era necessário e o time que foi campeão em 2009 já não contava com alguns dos jogadores que contribuíam para esse valor. Fica difícil julgar até que ponto a redução na folha influenciou a ausência de grandes resultados em 2010, dado o ano atípico vivido pelo clube e pelo futebol em particular, mas, de maneira geral, foi uma redução salutar.

Cabe aqui uma observação: o balanço não discrimina os valores pagos, portanto não sabemos a quanto montou o total pago em direitos de imagem, e se esses valores estão incluídos na folha ou na rubrica “despesas gerais”. Essa falta de informações mais completas e, principalmente, mais discriminadas, é um dos problemas desse balanço.

Se o futebol, que é, sem a menor dúvida, a grande “vaca leiteira” do Clube de Regatas do Flamengo, gastou menos, os esportes amadores tiveram uma explosão em seus gastos de pessoal, passando de 12,8 milhões em 2009 para 22,9 milhões de reais em 2010. Um assombroso crescimento de 78,9%. A despesa total da área evoluiu de 25,4 milhões para 45,5 milhões de reais, ou 79,1% de crescimento. Enquanto isso, a contrapartida das receitas dos esportes amadores evoluiu um percentual ainda mais impressionante: 122,3%. O único problema é que o valor saltou de 3,1 para 6,9 milhões de reais, gerando um déficit operacional de portentosos 16 milhões de reais, 131,9% maior que a receita.

Podemos deduzir pelas ausências do balanço, que esses valores de despesas incluem outras áreas que não somente os esportes amadores propriamente ditos. Todavia, o que está escrito, aprovado e assinado é o que foi relatado. Um balanço com informações incompletas ou agrupadas demais, sem discriminação, dificulta um melhor entendimento do que se passou e do que poderá acontecer.

Aliás, como planejar alguma coisa em cima desses números? Se há números internos melhor discriminados, e eu acredito que haja, deveriam, portanto, estar no balanço, facilitando nosso entendimento do que é e como funciona o clube.

Em outras palavras: não dá para saber quanto custou a área de esportes amadores, assim como não dá para ter certeza sobre o valor da folha de pagamentos do futebol.

Dívidas que assustam

Aqui o “bicho pega”. E assusta.

O Passivo Circulante compreende os valores a serem pagos no decorrer dos doze meses seguintes à data de fechamento do balanço, ou seja, o decorrer do ano de 2011. Temos aqui um salto de 48,9%, explicado em boa parte pelos aumentos nos itens “Impostos e contribuições sociais a recolher” (de 34,2 para 52,0 milhões), “Empréstimos em instituições bancárias” (de 23,5 para 43,9 milhões) e “Contas a pagar” (de 26,3 para 51,1 milhões).

O Passivo Não Circulante inclui valores que serão pagos a partir de doze meses da data de fechamento do balanço, ou seja, de 1º de janeiro de 2012 em diante; são os compromissos de longo prazo. Também aqui temos um salto expressivo, da ordem de 20,7%, originado, sobretudo, por 29,2 milhões de “Receitas diferidas”, sem uma nota explicativa a respeito.

Com isso, o Passivo Total atinge o valor de 458,5 milhões de reais, crescendo 33%, bem acima dos exercícios anteriores, exceção feita a 2007, por conta do já citado acordo Timemania.

Li um excelente texto do economista Rafael Strauch, em dois posts publicados no site Flamengonet, e ele levanta várias dúvidas e indagações sobre esse balanço. Como, por exemplo, entre outras, os 29 milhões de receitas diferidas. Eu acredito que esse valor, assim os valores listados em empréstimos bancários, correspondam a adiantamentos de cotas de TV, mesmo porque tenho dúvidas a respeito da aprovação de empréstimos bancários para a maioria dos clubes brasileiros, caso não existam garantias sólidas de terceiros. Na prática, cota adiantada nada mais é que um empréstimo bancário garantido pelas cotas correspondentes.

Ainda na vida real, isso significa que almoço e o jantar de depois de amanhã foram vendidos para pagar o jantar de ontem e, se a administração não for das piores, o almoço de hoje. Com alguns agravantes: taxas e juros sobre o valor. Ou seja, você empenha 100 do futuro e recebe 80 hoje, para pagar a despesa já ocorrida ontem, que custou 60, mas, atrasada, passou a custar 80.

Só o Clube de Regatas do Flamengo comete tal loucura?

Infelizmente, não. Todos, em maior ou menor grau fazem a mesma coisa.

E digo infelizmente porque se fosse só o Flamengo e mais um ou dois seria um problema limitado. Como é geral, temos um problema sistêmico, que ataca todo o setor. E por que? Por que o setor é ruim e não permite a sobrevivência? Ou será que isso ocorre porque as gestões do futebol, de maneira geral, são ruins e ninguém paga nada por isso?

Opa, alguém paga por isso: o torcedor de cada clube e o conjunto da sociedade.

A síntese desse balanço pode ser descrita com apenas dois vocábulos: muito preocupante. A ausência de notas explicativas sobre pontos importantes, diferenças entre valores lançados, a própria forma do balanço, parecendo antes um rascunho do que o trabalho definitivo, tudo isso dá margem a perguntas, a dúvidas e, no torcedor, a temores. 



19 maio 2011

Instituto Ronald McDonald

O Instituto Ronald McDonald é muito conhecido no Brasil pelo trabalho assistencial na luta contra o câncer infantil. Todo ano, em agosto, a rede de fast food McDonalds promove o McDia Feliz que arrecadou, em 2010, 13 milhões de reais. Só nos cofrinhos existentes em cada loja foram 2,7 milhões.

O relatório de atividades do Instituto é muito interessante e comovente. São 56 páginas, com muitas fotos, sobre o que foi feito pelo Instituto. Da parte contábil, na página 51 o parecer dos auditores independentes e na página 52 o Balanço Patrimonial. No título de ambas as páginas: “Transparência”.

Eis o que os auditores dizem sobre os números:

Examinamos as demonstrações financeiras do Instituto Ronald McDonald de Apoio à Criança (Instituto) que compreendem o balanço patrimonial em 31 de dezembro de 2010 e as respectivas demonstrações do resultado das atividades sociais, das mutações do patrimônio social e dos fluxos de caixa para o exercício findo naquela data, assim como o resumo das principais práticas contábeis e demais notas explicativas. (...)

Em nossa opinião, as demonstrações financeiras acima referidas apresentam adequadamente, em todos os aspectos relevantes, a posição patrimonial
e financeira do Instituto Ronald McDonald de Apoio à Criança em 31 de dezembro de 2010, o desempenho de suas operações e os seus fluxos de caixa para o exercício findo naquela data, de acordo com as práticas contábeis adotadas no Brasil.

Perceberam algo estranho? Apesar dos auditores comentarem sobre as demonstrações financeiras (balanço patrimonial, mutações e fluxos), o Instituto não divulga, no Relatório de Atividades, estas demonstrações. Contador que é contador não participa do McDia Feliz!

26 janeiro 2011

Terceiro setor: valor dos voluntários

Na contabilidade do terceiro setor, o ideal seria que a entidade fizesse uma estimativa de quanto gastaria caso necessitasse pagar os serviços voluntários. Os voluntários geralmente prestam serviços para entidades do terceiro setor e, ou cobram um valor muito abaixo do mercado ou não cobram nenhum valor.

A questão é a dificuldade de fazer este cálculo. Uma notícia recente mostra que a Cruz Vermelha – e sua correspondente Crescente Vermelho – fizeram esta estimativa:

Se o trabalho realizado no mundo todo pelos 13 milhões de voluntários da Cruz Vermelha e o Crescente Vermelhotivesse que ser pago, custaria US$ 6 bilhões, segundo o primeiro estudo realizado pela entidade para avaliar a atividade. O relatório calcula pela primeira vez a proporção entre o número de empregados da Federação Internacional das Sociedades Nacionais da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho e o número de voluntários que dão "pelo menos quatro horas de seu tempo por ano", que se situa em 20 ativistas não remunerados por cada assalariado.

Esta proporção alcança taxas muito mais elevadas nas duas regiões do mundo menos desenvolvidas: um empregado por cada 327 voluntários na África, e um contratado por cada 432 voluntários no Sudeste Asiático. "Na Ásia e África há uma cultura muito ampla de ajuda comunitária, e infelizmente as pessoas estão muito acostumadas a catástrofes e a dar o pouco que têm para melhorar a situação", explicou Susie Chippendale, uma das coordenadoras do relatório.

Por regiões, dos 13 milhões de voluntários, 3,1 milhões são do leste da Ásia; 2,8 milhões do sudeste asiático; 2,7 milhões do sul da Ásia; 1,4 milhão da África Subsaariana; 1,3 milhão da Europa; 710 mil dos Estados Unidos e Canadá; 527 mil do Magrebe e do Oriente Médio; 217 mil do Leste Europeu e Ásia Central; 165 mil da América Latina; 72 mil do Caribe; e 54 mil do Pacífico.

Por setores, 36% dos voluntários colaboram no setor sanitário; 27% no socorro, gestão e preparação para desastres; 12% na inclusão social; e os demais se dividem entre um variado número de atividades.

Segundo a entidade, o objetivo do relatório não é apenas determinar o custo real do voluntariado, mas chamar a atenção dos governos para que reconheçam a utilidade e importância dos voluntários, tanto pelo indicador econômico para o país, como pelos valores humanos que representam.

09 setembro 2010

Ajuda

Um relatório apresenta as nações que possuem maior interesse em ajudar os outros. Os países nas primeiras posições são:

1. Austrália / Nova Zelândia
3. Canadá / Irlanda
5. Suiça / EUA
7. Holanda
8. Reino Unido / Sri Lanka
10 Austria

Na América do Sul, o primeiro lugar é da Guiana (16º.). O Brasil está em 76º.
Foram pesquisados mais de 153 países, pelo Gallup. Ou seja, cai o mito que o brasileiro é um povo companheiro.

24 maio 2010

Teste #282

Esta celebridade contratou uma empresa para gerenciar sua vida pessoal, inclusive a conta do Twitter. A razão está na fundação de caridade que criou, e que arrecadava fundos para vítimas do Haiti. Entretanto, um sítio chamado Smoking Gun fez uma varredura na contabilidade da empresa e descobriu que parte do dinheiro era usado para pagar suas despesas pessoais. Após o escândalo afirmou:

"Eu não conheço nenhuma celebridade que senta com seu contador..."

Pela forma como conduzia sua fundação, deveria conhecer. Esta celebridade é:

Black Alex
Shakira
Wyclef Jean

Resposta: Nike = 1971 = $35 dólares; Olimpíadas = 2007 = 400 mil libras; Enron = década de 1990; 33 mil dólares. Fonte: aqui

18 janeiro 2010

Fundação

O cantor e compositor haitiano Wyclef Jean, ex-integrante do trio Fugees, saiu em defesa de sua fundação de caridade, que já arrecadou US$ 2 milhões para as vítimas do terremoto em seu país. Isto porque os grupos que monitoram as entidades de beneficência expressaram dúvida sobre suas práticas de contabilidade. Inconformado com as acusações, o cantor disse que nunca se beneficiou de forma pessoal de seu trabalho com a fundação que leva seu nome. No entanto, a Aliança para Doações Inteligentes não recomenda o grupo de Jean e sugere que o dinheiro seja doado a organizações com mais experiência em atendimento a desastres.

Haitiano Wyclef Jean defende sua fundação - AP - O Estado de São Paulo - 18/1/2010

11 dezembro 2009

Orçamento no Terceiro Setor

Este estudo tem como objetivo principal analisar se o orçamento é utilizado como ferramenta de gestão financeira nas Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP). Diante do grande número de OSCIP existentes no país, das limitações temporais e financeiras e dos aprofundamento necessário para a consecução dos objetivos propostos, determinou-se através do critério de acessibilidade, como população-alvo a ser pesquisada as entidades do semi-árido paraibano. (...) A partir dos resultados encontrados é possível afirmar que a maior parte das OSCIP do semi-árido da Paraíba faz uso do orçamento apenas para prever os gastos dos seus projetos. Contudo, os gestores não utilizam o orçamento no processo de captação de recursos financeiros, muito menos no processo de gestão para tomada de decisão.

ORÇAMENTO COMO FERRAMENTA DE GESTÃO DE RECURSOS. FINANCEIROS NO TERCEIRO SETOR: UM ESTUDO NAS OSCIP DO SEMI-. ÁRIDO DA PARAÍBA. Laryssa Santana Gonçalves, Lúcia Silva Albuquerque, Diogo Henrique Silva de Lima, Joana Darc Medeiros Martins (UFCG)

16 novembro 2009

ONGs e fiscalização

TCU: ONGs ficarão sem fiscalização
14 November 2009
O Globo

BRASÍLIA. Para o Tribunal de Contas da União, o texto do projeto da nova Lei Orgânica da Administração Pública, se aprovado sem alterações no Congresso, inviabilizará a fiscalização dos recursos repassados pelo governo a Organizações Não Governamentais (ONGs) e fundações de direito privado, como aquelas que dão suporte às universidades, envolvidas de forma recorrente em denúncias de irregularidades. Os artigos 64 e 65 da proposta de lei restringem o controle externo sobre os recursos repassados a entidades de direito privado, limitando a fiscalização à legalidade dos contratos e à verificação do cumprimento da obrigação no final do processo.

— Se a redação não for revista, o TCU não poderá mais ir à ponta acompanhar a execução desses convênios — alerta o secretário-geral de Controle Externo, Paulo Wiechers.

Auditoria do TCU, em 2008, sobre repasses a 26 ONGs e cinco organizações da sociedade civil de interesse público (Oscips), em nove estados, identificou todo tipo de irregularidade: desvio de finalidade, falhas formais dos convênios, licitações e contratos, na execução física e financeira dos contratos e na prestação de contas; além de não execução ou execução parcial do objeto. Entre 2004 e 2008, o governo repassou cerca de R$13,9 bilhões a entidades privadas por meio de convênios.
“Muitas das irregularidades objeto das fiscalizações originam-se da escolha indevida de ONGs para a celebração de convênios, mormente nas situações em que não foram observados critérios objetivos e impessoais na seleção (...). Em muitos outros convênios examinados também restou evidenciado às equipes que não houve análise da capacidade técnica e qualificação jurídica das ONGs (...)”, diz o relatório final da auditoria.

O governo diz que não quer impedir a fiscalização, mas evitar interferências indevidas.

— O texto não impede a fiscalização. Mas os órgãos (de controle) querem fazer juízo de valor sobre decisões da administração — rebate o secretário de Gestão do Ministério do Planejamento, Marcelo Vianna.

10 julho 2009

Somália contrata a Price

A Somália, um dos países mais pobres do mundo, contratou a empresa de auditoria PWC (PricewaterhouseCoopers). O objetivo é assegurar que a ajuda internacional está sendo gasta corretamente, não com servidores corruptos.

Este é um trabalho que a PWC já está acostumada a fazer na África.

16 junho 2009

Doação

Conforme relato de Steven Levitt (Economists vs. Catherine Zeta-Jones) um estudo procurou verificar os padrões de doação para instituições de caridade abordando 5 mil casas. A pesquisa mostrou que a arrecadação de dinheiro através de loterias é maior que a contribuição voluntária. E que a presença feminina na arrecadação também gera incentivos para o doador. Levitt lembra uma propaganda da T-Mobile com Catherine Zeta-Jones que vale a pena dar uma olhada.