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Mostrando postagens com marcador petróleo. Mostrar todas as postagens
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08 outubro 2013

Estimativa de ativos

Um dos problemas das empresas X foi o excesso de otimismo. Particularmente na empresa de petróleo, esta questão estava relacionada com a quantidade de reservas que a empresa possuía. Em abril de 2012 a empresa afirmava ter 285 milhões de barris de óleo. Na quinta feira, uma empresa de consultoria divulgou um relatório com uma informação de 87,9 milhões. Isto representa 30% da estimativa de 2012.

Os níveis de certeza sobre a viabilidade dos poços variam entre reservas provadas (1P), prováveis (2P) ou possíveis (3P), com garantias que variam entre 10% e 60%, segundo especialistas. Somadas as três categorias, as reservas da petrolífera de Eike Batista nos blocos BM-C-39 e BM-C-40, na Bacia de Campos, somam 108,5 milhões de barris.


Isto chega a 38% do valor inicial. A estimativa exagerada pode atrair investidor, mas perde a credibilidade das informações da empresa. (Cartoon adaptado daqui)

26 junho 2013

OSX

Dois textos, em dois jornais diferentes, sobre a OSX.

O Estado de S Paulo (Caixa da OGX só suporta mais um ano, diz banco, Irany Tereza e Mariana Durão,
25/06/2013) destaca:
A OGX dispõe atualmente de recursos que sustentam a operação da empresa por, no máximo um ano, segundo relatório do banco HSBC, distribuído a clientes. "A posição de caixa e o consumo trimestral de caixa de US$ 500 milhões são uma preocupação: a atual posição de caixa de US$ 1,1 bilhão sustenta apenas mais três trimestres ou quatro", diz o relatório, que considera imprescindível o aporte de US$ 1 bilhão na empresa, prometido por Eike Batista. (...)

"A OGX vive uma crise de fluxo de caixa. Mas, tem projetos interessantes, ativos a vender. Acredito que, em algum momento, deva mudar de dono", diz o economista Edmar Almeida, do Grupo de Economia de Energia da UFRJ. Para ele, a intensa crise financeira da companhia não corresponde exatamente à sua situação. "Produção de petróleo é um negócio de alto risco. O problema é o enorme descompasso entre a expectativa vendida pela empresa e o que está sendo entregue."

Já o Valor Econômico (OSX não paga fornecedores desde abril - Cláudia Schüffner e Marta Nogueira- 25/06/2013) afirma:

O Valor apurou que centenas de donos de caminhões que transportavam brita por 460 km diariamente de uma pedreira em Muriaé até o porto do Açu estão sem receber de empresa terceirizada de Campos, que também não foi paga. Os valores são variados. "Infelizmente tivemos prejuízo, ligamos, e nos responderam que não existe data para o pagamento porque a OSX não paga", disse Armando Teixeira, de Manhuaçu, que tem R$ 18 mil a receber.

"Ninguém fala nada, não tem proposta de renegociação, de parcelamento, nada", reclama Jacimar Macedo, de Muriaé, que não recebe os R$ 15 mil que lhe são devidos desde abril. O rol de fornecedores com problemas de recebimento não para por aí. A informação é de que também existem dívidas não pagas com empresas que operam as pedreiras em Minas e até postos de combustível.

21 março 2013

Noruega

Enquanto no Brasil se discute o que fazer com a riqueza do petróleo encontrado no mar, a Noruega implantou uma estratégia de muito sucesso para destinar o dinheiro obtido com a exploração da riqueza extraída no Mar do Norte.

Na década de 60 a Noruega descobriu reservas de petróleo. O lucro obtido com a extração constitui um fundo, denominado de fundo do petróleo, em 1990, por decisão do parlamento do país com vistas a evitar que a flutuação do preço do produto e os efeitos do declínio das receitas. Em 2012 o fundo atingiu 680 bilhões de dólares.

O fundo possui algumas regras: diversificação (60% em ações, sendo metade nos EUA, 35% em títulos e 5% em imóveis);  rebalanceamento, já que o volume em ações é fixo em 60%; nenhum investimento em alternativas de investimentos arriscadas (fundo hedge, venture capital, commodities, etc); e transparência.

Enquanto isto, no Brasil, as cidades que estão recebendo royalties do petróleo estão usando o dinheiro para patrocinar time de futebol ou construir obras faraônicas, num claro desperdício de dinheiro.

26 janeiro 2013

Produção de petróleo dos EUA


A produção de petróleo dos Estados Unidos cresceu mais em 2012 do que em qualquer outro ano desde os primórdios da indústria no país, em 1859, e deve crescer ainda mais em 2013.
A produção de petróleo cru no ano passado, de 6,4 milhões de barris por dia em média, foi a mais alta nos últimos 15 anos e apresentou um crescimento recorde de 779.000 barris por dia em relação a 2011, segundo o Instituto Americano de Petróleo (ou API, na sigla em inglês), uma organização do setor.
Everett Collection
Edwin Drake (à dir., de cartola) perfurou o primeiro poço dos EUA em 1859
É o maior salto anual na produção desde que Edwin Drake perfurou o primeiro poço de petróleo comercial em Titusville, no Estado da Pensilvânia, dois anos antes do início da Guerra Civil americana.
A Agência de Informação Sobre Energia dos EUA prevê volumes ainda maiores em 2013, estimando o aumento da produção média diária em 900.000 barris.
Esse surto de produção é resultado de uma combinação de tecnologias: perfuração horizontal e fraturamento hidráulico, ou "fracking", que consiste em bombear água, químicos e areia a altas pressões para quebrar formações rochosas subterrâneas.
Juntas, essas técnicas possibilitaram a produção de depósitos de petróleo e gás aprisionados em formações antes consideradas inatingíveis.
Isso fez ressurgir a atividade em áreas há muito estabelecidas, como a bacia Permiana do oeste do Texas, e também em vastas áreas pouco exploradas no passado, como a formação de xisto Bakken, no Estado de Dakota do Norte.
A produção da Bakken subiu de apenas 125.000 barris de petróleo por dia cinco anos atrás para quase 750.000 barris por dia hoje. Os benefícios desse salto na produção americana de combustíveis incluem o aumento no emprego em algumas regiões e um renascimento da manufatura doméstica.
"Num nível bem elementar, esse surto está criando empregos e riqueza onde antes não havia", disse Michael Levi, um estudioso de ambiente e energia do Conselho das Relações Exteriores. O surto também tornou o país menos vulnerável a agitações externas que podem prejudicar o suprimento de combustíveis.
"Os acontecimentos [recentes] na Argélia, por exemplo, mostram a importância de aumentar a produção nos EUA e outros países", disse Amy Myers Jaffe, diretora executiva para energia e sustentabilidade da Universidade da Califórnia. O boom da exploração de xisto mirou primeiro o gás natural, mas, quando a abundância de gás derrubou os preços deste combustível, as petrolíferas redirecionaram seus recursos para o petróleo.
Diante da lenta recuperação da economia e dos padrões mais rigorosos para o consumo de combustível impostos à frota de carros e caminhões americanos, a demanda por petróleo caiu em 2012 para seu menor nível em 16 anos, segundo a API. As importações totais de petróleo no ano diminuíram 6,9%, para o volume mais baixo dos últimos 15 anos, informou a organização.
As refinarias, que nos últimos dez anos gastaram bilhões de dólares modernizando e ampliando instalações, estão agora com excesso de capacidade, tentando escoar sua produção extra de diesel e gasolina nos mercados da América do Sul e outras regiões.
A petrolífera americana Exxon Mobil Corp. projeta que a América do Norte se tornará um exportador líquido de combustíveis até 2025, graças ao contínuo crescimento da produção de petróleo no Canadá e das exportações de gasolina e diesel.
A continuação dessa tendência ascendente na produção não está garantida, dizem os especialistas, observando que o setor precisa continuar melhorando suas tecnologias de exploração e produção, principalmente nas áreas mais populosas, ou então poderá enfrentar regulamentações cada vez mais rigorosas. As preocupações com o meio ambiente continuam sendo um aspecto crítico na expansão da tecnologia.
Maior produção de petróleo bruto não implica necessariamente gasolina mais barata, pois os preços dos combustíveis ainda são influenciados pelos mercados mundiais.
Mas o aumento na produção doméstica já está tendo um impacto considerável no setor do refino, que no passado havia se concentrado em processar petróleo importado, mais difícil de refinar.
[...]

Fonte: aqui

08 janeiro 2013

Déficit na conta-petróleo

O déficit comercial provocado pelo aumento da importação de petróleo e derivados atingiu US$ 9,8 bilhões, até novembro, segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento, e foi estimado em US$ 11,8 bilhões, em 2012, pela consultoria Tendências. Além de ser o maior déficit em 17 anos, a presidente da Petrobrás, Maria das Graças Foster, admitiu que esse valor deverá crescer em 2013.

A autossuficiência em petróleo, proclamada pelo ex-presidente Lula em meados da década passada, só existiu em 2009, quando o déficit (diferença entre as importações e as exportações de petróleo e derivados) foi de apenas US$ 250 milhões, pouco mais de 2% do previsto para 2012.

O desequilíbrio crescente atual deve-se, em parte, à política de estímulo ao consumo, inclusive de veículos. "A demanda por combustível vai continuar crescendo e, enquanto não aumentar a capacidade de refino, será necessário comprar de fora", disse à Folha de S.Paulo um analista da Tendências, Walter de Vitto. 

A presidente da Petrobrás, em entrevista a O Globo, notou que foram importados 114 mil barris por dia de gasolina em novembro e a quantidade prevista era de 178 mil barris/dia em dezembro.

Os números mostram as deficiências da política energética dos últimos anos. A manutenção de preços artificialmente baixos para gasolina e diesel desestimulou a produção de álcool e estimulou o aumento de importações. Em 2012, até outubro, o consumo de gasolina aumentou 11,8% e 7,0% o do diesel. O déficit na conta-petróleo agrava o da conta corrente do balanço de pagamentos.

Ao atrasar a correção dos preços da gasolina e do diesel, a Petrobrás fatura menos e passa a depender de mais recursos de terceiros para cumprir seus planos de investimento. Graça Foster admite uma defasagem de 6% dos preços da gasolina.

Em 2013, o déficit na conta-petróleo deverá atingir US$ 17,2 bilhões, prevê a Tendências. O valor cairá com o aumento da capacidade de refino, mas só em 2015 deverá começar a funcionar a Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. No longo prazo, o Brasil poderá reduzir - ou até eliminar - o desequilíbrio da conta-petróleo, à medida que cresça a exploração dos campos do pré-sal. Mas a Petrobrás só prevê aumento da produção de óleo bruto em 2014. 

Está em teste, portanto, a reforma da Lei do Petróleo, de 2010. O temor é de que tenha havido o erro estratégico de jogar toda a responsabilidade nos ombros da Petrobrás.


Fonte: aqui

30 dezembro 2012

Exportações e Importações da Petrobras


O Brasil está cada vez mais longe da autossuficiência em petróleo e derivados. O reflexo é que a Petrobras terá neste ano o maior deficit comercial desde ao menos
1995, quando teve início a série histórica da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério do Desenvolvimento.

Até novembro, a diferença entre as importações e as exportações da empresa é de US$ 9,8 bilhões -aumento de 30% em relação a 2011 inteiro. A Petrobras exporta principalmente petróleo e óleo combustível e compra petróleo, diesel e gasolina.
O setor de petróleo e derivados do país como um todo também terá o maior deficit desde 1995: US$ 11,8 bilhões no ano, segundo a Tendências Consultoria.
Com o crescimento acelerado na demanda por combustíveis, as importações da Petrobras cresceram e as exportações caíram.

O aumento da renda real das pessoas e o controle dos preços da gasolina contribuem para aumento no consumo, que cresceu 11,8% para a gasolina até outubro e 7% para o diesel.
O consumo de etanol, que ficou menos competitivo com a gasolina barata, caiu 11%.
"A demanda por combustível vai continuar crescendo, e, enquanto não aumentar a capacidade de refino, será necessário comprar de fora", diz Walter de Vitto, analista da Tendências Consultoria.

O Brasil se tornou autossuficiente em petróleo em 2009, com exportações de US$ 9,2 bilhões e importações de US$ 9,1 bilhões. Hoje, em petróleo, país tem superavit de US$ 5,8 bilhões. Mas o Brasil exporta petróleo pesado e tem que importar petróleo leve.

Editoria de Arte/Folhapress

"O Brasil exporta o petróleo mais barato e importa o mais caro", explica Maurício Canêdo, economista da FGV.O refino do petróleo pesado é mais caro e exige mais tecnologia, e o Brasil não tem capacidade suficiente para esse refino.
Neste ano, pela primeira vez desde 1998, a exportação de gasolina vai ser insignificante, e a importação será recorde, de ao menos US$ 2,85 bilhões. O país não importava nada de gasolina até 2007.

[..] Fonte: aqui

04 dezembro 2012

Petróleo, erro estratégico

Nesta semana, foi publicado um livro que ajudei a organizar, chamado “Petróleo – reforma e contrarreforma do setor petrolífero brasileiro” (Campus, 2012). A organização foi conjunta com Luiz Paulo Vellozo Lucas e o livro, além dos organizadores, contou com artigos de 19 autores, entre eles alguns dos mais conceituados analistas do setor de energia.
Na sua apresentação, fazemos uma distinção entre erros simples e estratégicos. Uma pessoa pode ir a um restaurante e escolher mal o prato. É algo sem maiores consequências. Já casar com a pessoa errada pode ser fonte de dor de cabeça por muitos anos para ambas partes.
Analogamente, uma empresa pode planejar a produção de um mês julgando que a demanda vai ser X e a demanda ser 10% maior, perdendo a chance de aproveitar melhor o momento, mas podendo se recuperar no mês seguinte. Já o erro poderá ser fatal se ela escolher apostar tudo num produto que está sendo abandonado pelos consumidores.
Esse tipo de equívoco é o que se denomina de “erro estratégico”. Trata-se de atos que moldam a ação de um agente durante anos e podem, no limite, levar à falência (quando se trata de uma empresa).
A comparação é válida para as economias. Um país pode reduzir juros quando deveria aumentá-los ou aumentá-los quando deveria reduzir, mas nada disso é muito grave, pois trata-se de uma decisão errada com efeitos limitados e que pode ser corrigida pouco tempo depois. Opções estratégicas, porém, têm efeitos duradouros.
[...]Os historiadores que analisarem no futuro a primeira década do atual século provavelmente qualificarão de forma parecida a mudança de regime feita pelo Brasil em 2010 no setor de petróleo, quando adotou a partilha e resolveu privilegiar a política de conteúdo local, jogando pela janela um modelo que tinha dado certo durante 13 anos, com resultados espetaculares. Enquanto o modelo de concessão vigorou sozinho, foram realizadas diversas rodadas de licitação, as reservas provadas do país dobraram, a produção elevou-se em 150 % e a arrecadação acumulada da soma da participação especial e dos royalties alcançou mais de R$ 160 bilhões. Tudo funcionava muito bem, até o setor ser atropelado pela agenda ideológica que orientou a mudança de regime.
Confirmando mais uma vez o sarcasmo de Delfim Netto, de que “quando o governo compra um circo, o anão começa a crescer”, a intervenção oficial travou o setor. Embora o cidadão comum possa julgar que o setor de petróleo vai de vento em popa, os fatos demonstram o contrário: as metas de produção não têm sido alcançadas, o país – cada vez mais distante da autossuficiência – importa quantidades crescentes de derivados e as empresas – incluindo a Petrobras – penam por conta do radicalismo da política de conteúdo local. No longo prazo, nada poderia ser mais preocupante do que a redução da área exploratória, do pico de mais de 340 mil km2 em 2009, para apenas um terço disso atualmente, devido à falta de novos leilões nos últimos anos.
A presidente queixa-se da falta de investimentos no país e, nos meios oficiais, as reclamações são contra o ambiente internacional de crise. A questão, porém, é que apesar da crise, há países da América Latina que estão muito bem, com destaque para Chile, Peru e Colômbia. Este último, especificamente, tem uma empresa de petróleo (Ecopetrol) que tem dado um “show de bola” no mercado internacional, seguindo os passos da Petrobras de 1997/ 2009 e rivalizando com ela em valor de mercado, apesar de ter ativos que são uma fração modesta dos ativos da nossa estatal.
Como diz corretamente Wagner Freire, antigo quadro histórico da Petrobras e que ajudou a escrever a história de sucesso da empresa, em um dos capítulos do livro, “as diferenças [entre as empresas] são enormes, mas o que conta mesmo para o valor de mercado é o que o mercado pensa sobre a administração da companhia e o comando do controlador”. Nesse sentido, a combinação de 1) incerteza regulatória; 2) guerra federativa; 3) ausência de leilões; 4) excessos da política de conteúdo local; e 5) controle de preços, está sendo uma “bola de ferro” que impede o retorno do ciclo virtuoso do setor, que poderia ter um papel fundamental para o crescimento do PIB. A revisão do modelo regulatório do setor deveria entrar na agenda, sob pena de perdermos uma oportunidade histórica de utilizar adequadamente a riqueza de nosso solo.

24 novembro 2012

Pré-sal


O mandado de segurança impetrado ano passado no Supremo Tribunal Federal (STF) por alguns parlamentares do Rio de Janeiro e Espírito Santo, para impedir a votação do projeto sobre divisão dos royalties do pré-sal, decaiu de seu objeto. Antes da decisão da corte sobre a questão, a matéria foi aprovada por deliberação final do Congresso.
Não está afastada, todavia, a hipótese de o STF ser provocado, ainda uma vez, para decidir sobre a distribuição dos royalties. A previsão concretizar-se-á caso persista a irresignação com o regime distributivo. O recurso ao STF tanto pode proceder dos estados ditos produtores, que exigem a quase totalidade da partilha dos lucros líquidos, quanto dos demais sujeitos a ganhos irrisórios. Há, contudo, questão anterior até agora ignorada, malgrado bastante visível e decisiva para romper o impasse.
Em razão da doutrina constitucionalista a que se filia o Estado brasileiro, há limites para a exploração de atividades estratégicas. Não por outra razão, a Constituição estabelece que "constituem monopólio da União: I — a pesquisa e a lavra das jazidas de petróleo e gás natural e outros hidrocarbonetos fluidos" (art. 177). Diante de regra impositiva, insuscetível de interpretações oportunistas, parece despautério os estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo se declararem donos do petróleo produzido nas suas latitudes litorâneas.
Já se disse neste espaço uma vez, mas as circunstâncias recomendam a repetição, que as insurgências de gás e petróleo em águas ultraprofundas situam-se na Zona Econômica Exclusiva (ZEE). Trata-se de espaço marítimo localizado para além das águas territoriais de nações costeiras, onde lhes são facultados direitos à exploração de "recursos vivos e não vivos", entre os quais a lavra de hidrocarbonetos. A concessão restrita ao Estados Nacionais está assentada na Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, celebrada em Montego Bay, Jamaica, em 1982.
[...]Não há, portanto, dúvida nenhuma de que a extração de óleo e gás nas províncias do pré-sal resulta de cessão feita com exclusividade ao Estado Nacional Brasileiro pelo Direito Internacional. Por conseguinte, carecem os estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo de jurisdição sobre águas que pertencem ao Estado Nacional. Segue-se daí que, em obediência ao sistema federativo vigente no Brasil, é direito de todos os entes federados, em regime igualitário, participarem dos resultados do pré-sal.


22 novembro 2012

Produção de petróleo norte-americano


Sometimes the revolution politicians seek isn't the one they get. Consider the irony—and the opportunity—in Monday's report that the U.S. is likely to surpass Saudi Arabia as the world's largest oil producer as early as 2020.
In its annual world energy outlook, the Paris-based International Energy Agency (IEA) says the global energy map "is being redrawn by the resurgence in oil and gas production in the United States."
The U.S. will increase its production to about 23 million barrels a day in 10 years from about 18 million barrels a day now, the IEA predicts. That's more optimistic than current U.S. government estimates and a change from a year ago when the IEA said Russia and the Saudis would vie for number one.
As readers of these pages know, the key to this U.S. energy boom has been technological innovation and risk-taking funded by private capital. Specifically, the private oil and gas industry pioneered the use of horizontal drilling and hydraulic fracturing (or fracking) to tap unconventional deposits such as shale that once were technologically out of reach. It also wouldn't have happened if the industry wasn't able to drill on private land, free from federal regulation.
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This is a real energy revolution, even if it's far from the renewable energy dreamland of so many government subsidies and mandates. In his 2007 State of the Union, George W. Bush—the Oil Man President of liberal myth—said America was "on the verge of technological breakthroughs that will enable us to live our lives less dependent on oil."
[...]New York state has imposed a moratorium on fracking, even while the economy of neighboring Pennsylvania is being transformed by the exploitation of the Marcellus Shale that lies under both states. The French, who import 98% of their natural gas, have also banned fracking, despite sitting on shale reserves estimated to be the second-largest in Europe. The British, unsure of what to do, are supposed to make a fracking announcement sometime next month.
[...] Historians will one day marvel that so much political and financial capital was invested in a green-energy revolution at the very moment a fossil fuel revolution was aborning. But politicians failing to spot the trend until they start taking credit for it is an old story. Let's hope they don't ruin it now that they've noticed.

Petróleo e vantagem comparativa


Your Nov. 13 editorial "Saudi America" notes that the U.S. has the "opportunity" to "surpass Saudi Arabia as the world's largest oil producer as early as 2020."

By this comparative-advantage ignoring of logic, the U.S. similarly has the "opportunity" to surpass Guatemala in the growing of bananas, Japan in television-set manufacturing and Italy in the design of luxury leather shoes.

Of course, none of the previously mentioned scenarios will reveal themselves, and they won't because our import of all three gives us time to pursue other work that is far more profitable.

Oil is no different, so while investors should be free to fund any activity deemed worthy, including pursuit of "scarce" oil only made to appear that way by a weak dollar, plentiful oil reserves within these 50 states do not on their own recommend a headlong rush into energy exploration.

In truth, low profit margins in the energy sector probably recommend the opposite, whereby we import crude, not to mention that it's far easier for politicians to tax energy profits, as this editorial page has plainly told readers for years and years.

03 novembro 2012

Petrobras: ativos à venda


A piora de seu desempenho operacional e a queda de sua produção devem tornar ainda mais complicada para a Petrobrás a venda de ativos no exterior, que a empresa considera essencial para assegurar o equilíbrio financeiro do plano de negócios dos próximos cinco anos, que envolvem investimentos vultosos em exploração, produção e refino. Mas as persistentes dificuldades financeiras e operacionais da Petrobrás, que, no segundo trimestre deste ano, registrou seu primeiro prejuízo em muitos anos, vêm sendo acompanhadas pelos investidores, e, muito provavelmente, os interessados na compra dos ativos colocados à venda pela empresa estão aguardando que, com o agravamento de seus problemas, seus preços caiam. O balanço do terceiro trimestre deve ter reforçado a resistência desses interessados, pois mostrou que a empresa continua com problemas de baixa eficiência, altos custos e dificuldades para obter recursos.
Entre os ativos à venda estão 175 blocos de exploração de petróleo no Golfo do México, refinarias nos EUA e no Japão e negócios na Argentina. Em alguns casos, como o da refinaria de Pasadena, no Texas, a venda poderá implicar pesadas perdas para a Petrobrás, que pagou US$ 1,18 bilhão (incluídos os US$ 820,5 milhões desembolsados em junho, na compra das ações que estavam em mãos de outros investidores) por uma unidade avaliada em menos de um décimo desse valor.
O Plano de Negócios 2012-2016 prevê receita de US$ 14,88 bilhões com a venda desses ativos, a maior parte da qual deveria entrar no caixa da empresa neste ano. O diretor financeiro da Petrobrás, Almir Barbassa, prefere não fixar datas. Em encontro com investidores e analistas, Barbassa prevê que o plano de desinvestimento, como ele designa o programa de venda de ativos, será concluído na primeira metade do período 2012-2016. "Temos que ter um parceiro do outro lado e ele tem que ter seu tempo também", justificou.
O tempo tem ajudado os interessados nos ativos da Petrobrás, pois eles veem que os problemas persistem, quando não, se agravam. Embora tenha alcançado lucro líquido de R$ 5,567 bilhões no terceiro trimestre de 2012, que representa uma melhora substancial em relação ao trimestre anterior, quando teve prejuízo de R$ 1,346 bilhão, a empresa continua a mostrar ineficiências que corroem a já abalada confiança dos acionistas.
O lucro do terceiro trimestre é 12,1% menor do que o de igual período de 2011. O resultado acumulado nos nove primeiros meses de 2012, embora positivo (lucro de R$ 13,435 bilhões), é 52% menor do que o de janeiro a setembro de 2011. Num período em que o consumo interno de combustível cresce contínua e rapidamente, graças aos estímulos oferecidos pelo governo para a compra de automóveis, a produção da Petrobrás está estagnada - rigorosamente, há um declínio, pois a produção média diária de 2012 é de 2,592 milhões de barris, contra 2,605 milhões de barris em 2011. Sem conseguir aumentar a produção nem sua capacidade de refino, a empresa está importando cada vez mais, e exportando cada vez menos, derivados de petróleo para atender ao crescimento da demanda interna. As importações aumentaram 7% nos nove primeiros meses do ano, na comparação com 2011, e as exportações diminuíram 5%.
Por interesse político do governo, o preço interno dos combustíveis, especialmente gasolina e diesel, não acompanha o preço internacional. Assim, a Petrobrás importa derivados em volumes crescentes, a preços que variam constantemente, mas os vende a preços autorizados pelo governo. O reajuste concedido no primeiro semestre não foi suficiente para eliminar o problema. Quanto mais a Petrobrás importa derivados, mais cresce sua dívida, como reconheceu seu diretor financeiro. Sobre a defasagem de preços dos combustíveis, a presidente da empresa, Maria das Graças Foster, diz apenas que o aumento virá "certamente, em algum momento".
Até la, é inútil esperar resultados melhores da Petrobrás, mesmo que consiga conter seus custos - o que até agora não vem conseguindo, apesar das seguidas promessas de sua diretoria.

23 julho 2012

Nova tentação nacionalista

Nova tentação nacionalista
Editorial O Estado de S. Paulo - 11/07/2012


Se, efetivamente, estender para todo o setor de energia elétrica a política de conteúdo local em vigor para a indústria do petróleo - medida já em discussão no Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) -, o governo premiará mais um segmento específico da indústria nacional, como tem feito com outras medidas de estímulo à atividade econômica. É muito pouco provável, contudo, que com essa medida beneficie o País. A possibilidade de se exigir dos fornecedores de equipamentos para as áreas de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica um índice mínimo de componentes nacionais, repetindo o que já se faz no setor de petróleo, pode criar uma reserva de mercado para determinadas empresas instaladas no País, com todas as consequências negativas inevitáveis nesse tipo de prática.

O governo argumenta que a extensão para o setor elétrico da política de conteúdo local permitirá combater o aumento das importações, dotar a indústria nacional de maior competitividade e dar mais segurança e confiabilidade ao sistema - além de aumentar o emprego. São, basicamente, os mesmos argumentos de que lançou mão para justificar essa política para o setor de petróleo.
Segundo o governo, é cada vez maior a presença de fornecedores estrangeiros em obras de infraestrutura, em particular em projetos de exploração de recursos naturais. Primeiro vieram os europeus, depois os chineses. É crescente, segundo o Ministério de Minas e Energia, a participação de equipamentos importados e também da mão de obra estrangeira na execução e operação dos projetos nessa área. Como mostrou reportagem do Estado, o documento em estudo pelo CNPE lembra que problemas como esses no setor do petróleo foram enfrentados com a adoção da política de conteúdo local.


Ao estudar meios de ampliar essa política nacionalista, o governo Dilma dá continuidade a mais um dos muitos equívocos de seu antecessor. A contratação, no Brasil, de equipamentos para a indústria do petróleo foi uma importante bandeira eleitoral do então candidato Luiz Inácio Lula da Silva, em 2002. Ela tinha o poder de encantar uma parte do empresariado, aquela que seria diretamente beneficiada pelo aumento das encomendas, outros que ganhariam com a dinamização da atividade em sua área e os trabalhadores, pois representaria mais empregos para eles.

A realidade, porém, tem sido muito diferente do cenário prometido pelo governo na defesa dessa política. A falta de capacidade de produção da indústria nacional para atender a encomendas de grande porte, como são comuns no setor de petróleo, vem retardando projetos da Petrobrás.
Mesmo que a indústria nacional esteja preparada para atender aos pedidos volumosos nas áreas de petróleo e de energia elétrica, há outros riscos decorrentes da exigência de conteúdo nacional. A existência de um mercado cativo para o produtor local desestimula a busca da eficiência e abre espaço para a prática de preços incompatíveis com o mercado internacional. O resultado pode ser produto de qualidade inferior ao de similares disponíveis no mercado externo, mais caros e entregues fora do prazo contratual.


Não se contesta a intenção do governo de estimular e incentivar a produção local. Trata-se de discutir os limites a incentivos desse tipo. Se exagerados ou muito seletivos - como são muitos dos concedidos pelo governo Dilma a pretexto de reduzir os impactos da crise mundial sobre a economia brasileira -, resultam em perdas para os demais setores e para os contribuintes e consumidores em geral, ao aumentar custos.


No exame dessa questão - que deve levar em conta a capacidade da indústria local e os compromissos assumidos pelo Brasil na OMC, entre outros fatores, como se anuncia que será feito -, o CNPE não pode deixar de observar os objetivos para os quais foi criado, como órgão de assessoramento do presidente da República. Entre eles está a proteção dos interesses do consumidor quanto a preço, qualidade e oferta dos produtos e a promoção da livre concorrência. A exigência de conteúdo nacional pode resultar no oposto desses objetivos.

19 julho 2012

Estagnação da Petrobras

A estagnação da Petrobrás
Editorial O Estado de S.Paulo, 9 de julho de 2012

A incapacidade da Petrobrás de atingir as metas de extração de petróleo e gás fixadas por sua administração superior se tornou uma marca do modelo de gestão da empresa desde que o PT passou a controlá-la. De 2003, primeiro ano do governo Lula, até 2011, já no governo Dilma, em nenhum ano as metas foram alcançadas. Trata-se de incapacidade gerencial sistemática, que produz fracassos igualmente sistemáticos. Com a produção praticamente estagnada nos últimos três anos - período em que o PIB brasileiro cresceu mais de 10% -, a empresa está montando um plano de emergência para tentar recuperar sua eficiência.

O choque de realismo nos programas e nas metas da Petrobrás, anunciado por sua presidente Graça Foster, é uma boa indicação de que uma nova orientação está sendo imprimida à gestão da estatal. Mas será difícil e demorado remover o peso da herança deixada pelo governo Lula, que usou a empresa para alcançar objetivos políticos. Planos mirabolantes foram anunciados, mas quase nunca executados - e, quando isso ocorreu, os atrasos e os aumentos de custo foram muito grandes.

À lista de fracassos como o descumprimento das metas de extração, mostrado em reportagem do Estado (1/7), podem ser acrescentados vários outros. Anunciados para agradar a governadores e políticos das regiões que seriam beneficiadas, os planos de construção do complexo petroquímico do Rio (Comperj) e das refinarias do Maranhão, do Ceará e de Pernambuco renderam ao ex-presidente a oportunidade de lançar pedras fundamentais e aparecer como grande realizador de obras, mas nada renderam para a população.

Passados vários anos da exploração política da necessidade de ampliar a capacidade de refino da Petrobrás, pouca coisa avançou. As refinarias do Maranhão e do Ceará mal saíram do papel. A Comperj é um imenso canteiro de obras que não têm prazo de conclusão. A Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, foi anunciada como resultado da sociedade entre a Petrobrás e a venezuelana PDVSA, de acordo com os delírios terceiro-mundistas e bolivarianos do ex-presidente. Mas até agora o presuntivo sócio venezuelano não aplicou nenhum tostão nessa obra que está muito atrasada (deveria ter sido inaugurada em 2011, mas só ficará pronta em 2014) e que deveria custar US$ 4 bilhões, mas exigirá US$ 17 bilhões.

A Petrobrás perdeu eficiência e não ampliou sua produção nem sua capacidade de refino. Ela tem sido obrigada a importar cada vez mais combustíveis para abastecer o mercado doméstico. A reação imediata dos investidores diante do quadro real da empresa apresentado por sua presidente, no cargo há apenas cinco meses, não poderia ser outra senão a decepção e a desconfiança.

A estagnação de sua produção, que a está forçando a adotar um plano de emergência, é apenas uma das faces das múltiplas consequências da gestão imposta à empresa de 2003 até o início deste ano. Buscam-se explicações técnicas para a situação a que ela chegou. Atribuiu-se à queda da eficiência operacional na Bacia de Campos - a principal do País e responsável por até 85% do petróleo consumido internamente - o problema hoje enfrentado pela Petrobrás. Na semana passada, sua presidente se referiu a essa questão ao expor o Plano de Negócios da empresa para os próximos cinco anos. "É preciso que aumentemos urgentemente a eficiência operacional da Bacia de Campos", disse Graça Fortes.

A ação tornou-se urgente porque nada foi feito desde que surgiram os sinais de que a produção de óleo e gás de grandes áreas produtoras da Bacia de Campos, como o Campo de Marlim, vinha diminuindo, com o aumento da proporção de água no volume de hidrocarbonetos extraídos. Para enfrentar o problema, a empresa anunciou a adoção do Programa de Aumento de Eficiência Operacional (Proef), voltado especificamente para a Bacia de Campos.

Ao declínio da taxa de recuperação de óleo e gás, normal em campos maduros, é muito provável que tenha se somado a perda de eficiência - que agora, sob os olhos ainda desconfiados dos investidores, sua direção anuncia que pretende recuperar - decorrente do uso político da empresa.

03 julho 2012

Maldição dos Recursos Naturais

Já comentamos no blog a denominada "maldição dos recursos naturais" (por exemplo, aqui, aqui, aqui e aqui). A presença de riqueza, como petróleo e minério de ferro, não é garantia de desenvolvimento. Pelo contrário, a riqueza "fácil" desestimula os agentes a buscarem mais educação e trabalho, que possam garantir um bem estar social no longo prazo. Eis um exemplo típico disto:

O município de Coari [na Amazônia], onde fica a maior base de produção da Petrobras, também se vale dos royalties e tributos oriundos do petróleo. Por isso, tem o segundo maior PIB per capita do Amazonas. Só fica atrás de Manaus. Ali, no meio do nada, alcança R$ 16,4 mil, quase o triplo da renda por habitante das cidades vizinhas de Tefé e Carauari.

O problema é que a irradiação da riqueza funciona bem no papel. Na vida real, Coari parece nunca ter visto a cor de uma gota do ouro negro. A cidade é uma fonte tão profícua de hidrocarbonetos como de escândalos. No fim de 2011, a frota de 46 veículos da administração local foi apreendida judicialmente por falta de pagamento. Os salários do funcionalismo, a maior fonte de empregos do município, atrasam até quatro meses. Essa disparidade entre o potencial dos royalties e seus efeitos práticos na vida das populações não é privilégio do município amazonense. É comum nas cidades fluminenses sob a influência da bacia de Campos. Estudado por cientistas, o fenômeno foi batizado de paradoxo da abundância.


A floresta e o petróleo - 26 de Junho de 2012 - Época Negócios - CARLOS RYDLEWSKI

19 março 2012

Não haverá um amanhã

"Alguns combustíveis possuem mais energia que outros. Isso se chama 'densidade'. Dos combustíveis, o petróleo é o mais crítico. O mundo consome 300 bilhões de barris por ano, igual a 16 Km3 de petróleo que contêm a mesma energia gerada por 52 plantas nucleares trabalhando nos próximos 50 anos".

Esse texto faz parte do vídeo indicado por Daniel Pedrinha (a quem agradecemos): "There's no tomorrow", um documentário em cartoon. Achei a parte sobre energia fascinante. Apenas senti falta (ou perdi) comentários sobre a experiência do etanol brasileiro, com a cana de açúcar... Eles chegam a comentar a tentativa com milho.

06 março 2012

Entrevista com Jeffrey Sachs



Jeffrey Sachs, um dos economistas mais importantes e influentes do mundo, concedeu entrevista ao Valor Econômico, onde trata de desenvolvimento sustentável e da Rio+20. Eis alguns pontos interessantes:

Valor: O senhor disse em discurso nas Nações Unidas que a Rio+20 deveria ser honesta e admitir as mais de duas décadas de fracasso global na área ambiental. O que quis dizer?

Jeffrey Sachs: A conferência do Rio em 1992 foi uma grande conquista da legislação ambiental internacional. Três grandes tratados ambientais saíram de lá: a Convenção do Clima, a da Biodiversidade e a do Combate à Desertificação. Quando olhamos para tudo isso 20 anos depois, temos três fundamentos da lei internacional, mas sem muito resultado. A mudança climática piorou dramaticamente e não temos um arcabouço no qual trabalhar. Registramos perdas gigantes em biodiversidade e enfrentamos secas cada vez mais fortes nas regiões áridas. Acho que é justo dizer que nos últimos 20 anos houve muito debate sobre legislação e acordos, mas não muito progresso em ações concretas. Penso que teríamos de sair da Rio+20 com caminhos práticos. Em outras palavras: esses problemas não devem ser deixados mais ao crivo de advogados. É preciso encontrar abordagens de desenvolvimento sustentável que façam sentido, que sejam mensuráveis e possíveis de replicar. É disso que se trata.

Valor: Mudando de assunto: o Brasil descobriu um volume imenso de petróleo no mar. Poderia trilhar o caminho errado, do passado?

Sachs: Há dois pontos bem diferentes quando se pensa sobre o que fazer com o petróleo no mar. O primeiro é como explorar esse petróleo de maneira segura. Os EUA viveram um enorme desastre nesse campo em 2010 e frequentemente essas empresas são desonestas, míopes, corrompem os legisladores. Os EUA têm um sistema regulatório todo corrompido por empresas que cortaram custos onde não deviam, comportaram-se mal e terminamos com um grande desastre. Mesmo em um país como o Japão, vimos como o sistema que controlava uma usina nuclear era horrivelmente mal gerenciado. Então, a primeira coisa que eu diria é que o Brasil deveria ter um sistema de gerenciamento ambiental muito sério, capacitado e técnico. O segundo ponto é sobre o que vamos fazer com o petróleo nesse mundo. Claro, continuaremos usando petróleo por algumas décadas ainda e evidentemente o Brasil vai explorar seu petróleo. Mas é preciso colocar a questão do combustível fóssil dentro de uma moldura climática séria.

Valor: Estamos vivendo o fim do capitalismo?

Sachs: Penso que precisamos modernizar o capitalismo. Veja as economias que, na minha opinião, têm o melhor desempenho: Noruega, Suécia, Dinamarca, Holanda e Alemanha.

Valor: Por que o senhor escolhe essas?

Sachs: Porque equilibram mercado com políticas sociais e ambientais. Fazem isso de maneiras diferentes e não são perfeitas, mas são países altamente produtivos, orientados pelo mercado, com baixa desigualdade, taxas bem baixas de pobreza, igualdade entre homens e mulheres. São generosos nas licenças-maternidade e paternidade e nas férias porque acreditam em uma vida equilibrada. São economias baseadas em mercados dentro de regimes capitalistas, mas não são a face implacável do capitalismo. Os governos dos países escandinavos têm níveis de corrupção muito baixos porque não deixam os negócios ditarem a política, deixam os governos regulamentarem os negócios. Acho que são bons modelos. Não são perfeitos, mas mostram que podemos ter uma economia de mercado e ao mesmo tempo uma sociedade muito humana. Os EUA são um modelo muito pobre neste momento. É corrupto, altamente desigual, ambientalmente negligente e tem preços excessivos no sistema de saúde porque deixaram o setor privado dominar a nossa política. É um exemplo de mercado que foi longe demais. Os modelos escandinavos são de sociedades equilibradas, éticas e moderadas. Espero que esses países continuem muito prósperos. Neste momento eles estão muito bem, dão ótimas condições de vida às pessoas, mostram como evitar a corrupção e provam, no meu ponto de vista, que é possível ter um capitalismo não imprudente. Eles usam a bandeira da social-democracia. Isso, na minha cabeça, são boas descrições.

17 fevereiro 2012

Petróleo

A figura abaixo mostra a evolução do preço do barril de petróleo, desde o início de sua exploração comercial (antes de1860) até os dias de hoje. Em 1859 o preço era de 20 dólares o barril, que significa algo em torno de $500 nos dias de hoje.Logo após o preço caiu para 9 dólares, algo em torno de 200 dólares do barril. O preço fica num patamar reduzido até a década de setenta, quando ocorreu a crise do petróleo e a ação da OPEP.

24 janeiro 2012

Petróleo

O gráfico mostra as maiores empresas de petróleo do mundo em valor de mercado. A distância da ExxonMobil para as demais é muito grande. Em quinto lugar no ranking, a brasileira Petrobrás. 
O desempenho da empresa não foi muito bom. A desvalorização de 33% no valor de mercado em 2011 impediu que a empresa brasileira ocupasse uma posição melhor no ranking.
Gráfico elaborado a partir de informação disponível aqui

29 novembro 2011

Petrobras registra mais vazamentos que a Chevron



Os vazamentos de petróleo no Brasil são mais comuns do que se pensa. Só a Petrobras, a maior empresa do setor, encerrou o ano passado poluindo mais e recebendo um grande volume de autos de infração dos órgãos de fiscalização.

Em 2010, a estatal registrou 57 vazamentos, contra 56 ocorrências em 2009. O volume de petróleo e derivados derramado cresceu cerca de 163%, pulando de 1.597 mil barris, em 2009, para 4.201 mil barris espalhados na natureza no ano passado, quase o dobro dos 2.400 barris que teriam vazado do poço da Chevron no campo de Frade (Bacia de Campos), onde a Petrobras tem 30%.

O óleo vazado pela Petrobras em 2010 foi o maior em pelo menos quatro anos, segundo levantamento do GLOBO com base em seus relatórios de sustentabilidade. O número ficou acima do Limite Máximo Admissível, índice anual usado pela estatal, de 3.895 mil barris.

Especialistas dizem que as empresas não estão investindo o suficiente em sistemas de segurança e ressaltam que os desafios são maiores com o pré-sal.

O óleo vazado pela Petrobras em 2010 foi o maior em pelo menos quatro anos, segundo levantamento do GLOBO com base em seus relatórios de sustentabilidade. O número ficou acima do Limite Máximo Admissível, índice anual usado pela estatal, de 3.895 mil barris. Especialistas dizem que as empresas não estão investindo o suficiente em sistemas de segurança e ressaltam que os desafios são maiores com o pré-sal.

Segundo o Relatório de Sustentabilidade de 2010, o Sistema Petrobras recebeu, em 2010, 21 autos de infração ambientais, que geraram multas de R$ 80,75 milhões. O número é 131,04% maior em relação a 2009, quando três autos totalizaram R$ 34,95 milhões. Esses números consideram multas com valores iguais ou superiores a R$ 1 milhão.

Fonte: O Globo

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