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02 novembro 2012

Desenvolvimentistas, ex-alcoólatra e cerveja


Os desenvolvimentistas ficaram longe do comando da política econômica no país da volta das eleições livre até o fim do governo Lula, com exceção do relâmpago governo Itamar e suas políticas pró-fusquinhas.

Nesse período, talvez justamente por causa disso, o país conseguiu realizar dois importantes avanços: econômico, com a estabilidade macroeconômica, e social, com uma melhora na distribuição de renda e no padrão de vida do brasileiro médio.

Mas, no governo Dilma, infelizmente eles voltaram. Não é difícil entender como conseguiram, mas é fácil ver que é algo a se lamentar.De fato, com a crise mundial, vários governos passaram a adotar políticas impensáveis há pouco tempo.

O governo suíço estabeleceu um piso para a sua moeda. O Fed (banco central americano) escolhe setores a serem beneficiados através da compra de papéis diretamente no mercado. O governo americano assumiu a gestão de empresas para evitar a falência. O governo argentino persegue consultorias com previsões de inflação diferentes das oficiais, expropria empresas e impõe controles comerciais e cambiais.

Parece que, de repente, todos os experimentos econômicos, por mais esdrúxulos, são permitidos para substituir o fracasso do mercado. No Brasil, os desenvolvimentistas voltaram com o seu receituário para resolver os problemas do país.

Eis: basta desvalorizar a moeda, reduzir a taxa de juros para padrões internacionais e com isso obter maiores taxas de crescimento, mesmo com a inflação mais alta. Basta escolher os setores da indústria a serem beneficiados com crédito subsidiado, aumento das alíquotas de importação, redução selecionada de impostos, estabelecimento de um mínimo de conteúdo nacional na compra governamental.Voltar com essa mesma combinação de políticas fracassadas no passado é esquecer as lições da história.

Em primeiro lugar, o Banco Central do Brasil deveria continuar com um único mandato: baixa inflação. Num país com tradição de taxas de inflação elevadas, brincar com a inflação é um crime. É oferecer uma cervejinha para um ex-alcoólatra. É arriscar com a volta da indexação da economia, com consequências nefastas para os ganhos sociais dos últimos anos. Política monetária simplesmente não é capaz de gerar crescimento econômico sustentado.

O argumento de que até o país mais desenvolvido do mundo, os EUA, tem um duplo mandato para a política monetária (e que portando deveríamos imitá-lo) é um equívoco.
Os EUA estão em guerra contra a depressão econômica. Numa guerra vale muita coisa. Mas essa certamente não é a situação brasileira.

Desenvolvimentistas se inspiram nas experiências asiáticas para justificar a escolha de setores prioritários da indústria. Mas mesmo os burocratas considerados mais competentes do mundo, os japoneses, escolheram, em geral, empresas "losers" em vez de "winners" na implantação da sua política industrial. Na Coreia, os setores beneficiados não registraram taxas de crescimento da produtividade maiores do que os demais, e várias empresas beneficiadas simplesmente faliram. Uma leitura mais apropriada é que os países foram bem sucedidos apesar da intervenção dos seus burocratas.

Mesmo que burocratas asiáticos soubessem escolher os setores de forma apropriada, os nossos não sabem. A nossa experiência atesta que quem se beneficia das benesses governamentais, em geral, são empresas grandes, com poder de pressão e lobby, e em setores com déficit comercial, sem relação com eficiência.

Quem paga a conta são os consumidores e os produtores (que se tornam ineficientes), obrigados a comprar, respectivamente, produtos e insumos caros e de baixa qualidade.
O peruano Álvaro Vargas Llosa escreveu os livros "Manual do Perfeito Idiota Latino-Americano" (Bertrand Brasil) e "A Volta do Idiota" (Odisseia), este se referindo ao retorno do velho populismo na região, com Hugo Chávez, Evo Morales e Néstor Kirchner. O termo é ofensivo, talvez apropriado para os políticos. No caso dos desenvolvimentistas, cabe lamentar a volta do perfeito fracassado brasileiro.

15 setembro 2012

Luz, gasolina e embromação

Editorial O Estado de S.Paulo, 11 de setembro de 2012 | 3h 0

O governo faz uma enorme e perigosa confusão ao misturar combate à inflação, corte das tarifas de eletricidade, aumento do preço dos combustíveis e política de juros. Como disse um pensador petista, uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa, mas essa obviedade parece inacessível aos formuladores da política econômica. As autoridades podem frear a evolução dos indicadores de preços, no próximo ano, se tornarem mais barata a energia elétrica. Mas a inflação retomará seu curso, em pouco tempo, se as condições propícias à elevação geral de preços continuarem presentes. Para isso, bastará a conjunção de crédito farto, gasto público excessivo e demanda suficiente para sancionar aumentos de preços. A confusão se completa quando a contenção de um índice - evento temporário - é apontada como oportunidade para arrumar as contas da Petrobrás e até para manter os juros baixos.

O governo acertará quando reduzir o peso fiscal sobre as contas de eletricidade e baratear o uso da energia tanto para empresas como para as famílias. A produção brasileira ficará um pouco mais competitiva e, ao mesmo tempo, os consumidores ganharão uma pequena folga no orçamento. Essa decisão contribuirá para o desenvolvimento do setor produtivo, para a preservação de empregos, ou até para sua criação, e para o aumento do bem-estar dos brasileiros. Não será, no entanto, exceto por um equívoco notável, parte de uma política anti-inflacionária.

O governo acertará, também, se deixar a Petrobrás adotar uma política de preços realista e compatível com suas necessidades econômicas e financeiras. Se for necessário um aumento de preços de combustíveis, será esse o procedimento correto. Manter o subsídio ao consumo apenas servirá para disfarçar a inflação, causará desajustes nos preços relativos (prejudicando, por exemplo, a produção de etanol) e privará a Petrobrás de recursos importantes para seus investimentos. Mais do que nunca, a empresa precisa de uma forte geração de caixa, para elevar a produção no curto prazo e avançar na caríssima e complexa exploração das reservas do pré-sal.
O prejuízo da empresa no último trimestre, seus indisfarçáveis problemas de produção e os erros cometidos em seus planos de investimento evidenciam os males de uma administração subordinada a interesses políticos dos governantes, de seus partidos e de seus aliados nacionais e estrangeiros. A correção desses erros, adiada por muito tempo, é agora urgentíssima e sua oportunidade independe do corte de tarifas da energia elétrica.

Mesmo quando acerta, o governo se mostra incapaz de formular com clareza uma boa estratégia de crescimento, com uma ampla e bem articulada bateria de medidas para tornar a economia nacional mais produtiva, menos sujeita a desajustes e mais preparada para a competição global. As novas iniciativas acabam prejudicadas pela confusão de objetivos e pela vocação do governo para as políticas de remendos. Sem disposição para reformar seriamente o sistema tributário, as autoridades preferem remendá-lo. Essa preferência é explicável tanto pelas dificuldades políticas de uma reforma genuína quanto pela incapacidade de cortar despesas e de racionalizar a administração.

A confusão de objetivos acaba resvalando para a mistificação. Disfarçar a inflação é politicamente mais lucrativo e muito menos trabalhoso do que executar uma séria política anti-inflacionária. Com uma política séria, é possível atenuar os efeitos de choques de preços, limitando sua transmissão e, em certos casos, intervindo no mercado com a venda de estoques de segurança. Atenuar, no entanto, é muito diferente de disfarçar.

Uma política honesta e competente cuidará de baixar as contas de eletricidade, de ajustar os preços dos combustíveis e de controlar a inflação sem misturar os objetivos próprios e os processos de cada linha de ação. Se cada parte for bem executada, o resultado geral será uma economia mais eficiente, mais próspera e mais compatível com o bem-estar. Discutir como ficará o índice oficial de inflação, no fim do próximo ano, se houver este ou aquele corte nas tarifas de energia elétrica, é mais que um equívoco. É uma vergonhosa embromação.

08 agosto 2012

E quem disse que a inflação morreu?

Análise das Demonstrações Contábeis de uma Empresa do Setor de Construção Civil sob o Enfoque do Custo Corrente Corrigido: Um Foco no Suporte à Tomada de Decisão

O objetivo da contabilidade é, principalmente, fornecer informações para embasar a tomada de decisão. A partir de 1995 o governo extinguiu a correção monetária das demonstrações contábeis tendo em vista a diminuição dos níveis inflacionários. Todavia, ressalta-se que diminuir não significa eliminar e, assim, Martins (2000) defende que na contabilidade os modelos utilizados não são mutuamente excludentes. Não corrigir as demonstrações para fins de publicação, então, não desconsidera seu uso como ferramenta gerencial. Nesse contexto, questiona-se: que informações são evidenciadas nas demonstrações contábeis ao se utilizar como base o custo corrente corrigido? Assim, o presente trabalho busca, por meio de uma análise das demonstrações contábeis sob o enfoque do custo corrente corrigido, evidenciar informações que não são possíveis de se visualizar sob o enfoque do custo histórico de forma a avaliar se há suporte adicional à tomada de decisão. Para tanto, foram simuladas operações contábeis com uma empresa fictícia do setor de construção civil com base no INCC real do período. Ao final foi elaborado um relatório gerencial de forma a ressaltar os resultados encontrados. Concluiu-se que existem ganhos de informação com a correção dos dados financeiros de forma que gerencialmente o custo corrente corrigido se mostrou uma técnica diferenciada.

Giovanni Pacelli Carvalho Lustosa Costa
Isabel Cristina Henriques Sales
Rodrigo Fontenelle de Araújo Miranda
José Dionísio Gomes Silva

Qualit@s, v. 13, n. 1, 2012

20 julho 2012

A maioridade do Plano Real e os próximos 18 anos

Pedro Sampaio Malan
O Estado de S.Paulo, 8/07/2012

Há exatamente uma semana o Real completou os primeiros 18 anos do que espero seja a longa vida de uma moeda que veio para ficar como um dos símbolos do avanço institucional do País. Os brasileiros que tinham 18 anos em 1994 - e, portanto, todos os que estão hoje na faixa dos 36-40 anos - provavelmente não têm nenhuma lembrança pessoal significativa, isto é, vivida, da marcha da insensatez que foi a evolução do processo inflacionário no Brasil pré-Real.

Vale lembrar: no meio século que vai de meados dos anos 40 a meados dos anos 90, o Brasil só teve três anos de inflação inferior a 10% (nos anos 40). Entre 1950 e 1980 a taxa média de inflação foi da ordem de 25%-30% ao ano. Do início dos anos 80 (quando chegou a 100%) até o Real, a taxa média anual foi superior a 600%, passando dos 1.000% em 1989 e chegando a quase 2.500% em 1993. Na literatura econômica há uma palavra para isso: hiperinflação.

Ainda era muito precária, à época, a percepção, que hoje felizmente existe, de que a inflação é um imposto. E o mais injusto de todos, porque incide principalmente sobre os mais pobres. Não é por acaso que os indicadores de concentração de renda e riqueza no Brasil nas últimas décadas - sejam os índices de Gini, sejam as parcelas de renda apropriadas pelo 1% mais rico e pelos 20% mais pobres - mostram que os piores anos de desigualdade na concentração de renda no Brasil foram ao final dos anos 80 e início dos anos 90.

O povo brasileiro entendeu, muito rapidamente, que o controle da inflação propiciado pelo Real era algo que redundava em seu benefício. E hoje a inflação baixa é vista como um objetivo da sociedade e como obrigação de qualquer governo minimamente responsável. Não é um fim em si mesmo, como sempre afirmamos, mas uma condição indispensável para que outros objetivos econômicos e sociais possam ser alcançados. Afinal, com inflação alta, crônica e crescente não há possibilidade alguma de verdadeira inclusão social, tampouco de crescimento sustentado.
O que quero dizer com isso? Que a importância e o significado do Real, que ora atinge sua maioridade, transcende de muito a derrota da hiperinflação em 1994. E que a agenda do Brasil pós-hiperinflação se confundia com a própria agenda do desenvolvimento econômico e social do País, que pôde, sem a zoeira da inflação, começar a alargar seus horizontes e procurar tornar-se um país mais normal, mais previsível, mais confiável, mais competitivo. Um país talvez capaz de crescer de forma sustentada, com inflação sob controle, com maior justiça social, menos pobreza, com as finanças públicas em ordem, infraestrutura decente, melhor educação e maior eficiência nos setores público e privado.

Como sabemos, 18 anos são pouco para a magnitude dessa empreitada. Mas o Brasil não começou com o Real e já havia avançado muito em períodos anteriores, apesar de aparências em contrário. Agora é preciso contemplar os próximos 18 anos. Afinal, 2030 está logo ali adiante, quando os que chegaram à sua maioridade com o Real - como meu filho mais moço - terão dobrada sua idade.

Quem viver até lá acompanhará as tentativas do governo atual, e os labores dos governos que se lhe seguirão, de lidar com as urgências constantemente postas e repostas pelo sempre fugidio "momento presente" - que exigem respostas no curto prazo da parte dos responsáveis por políticas públicas. Respostas que serão tão mais adequadas quanto mais levem em conta objetivos de longo prazo: políticas de Estado, e não apenas do governo de turno; para a próxima geração, e não somente para a próxima eleição.

Como procurou fazer o governo FHC, nessa área de respostas a problemas que precisavam ser encarados com firmeza - e o foram. Exemplos: a resolução de problemas de liquidez e solvência no sistema bancário nacional, privado e público; a reestruturação das dívidas de Estados e municípios então insolventes do ponto de vista fiscal e desde então sem problemas mais sérios nessa área; a Lei de Responsabilidade Fiscal, de maio de 2000, marco de mudança histórica nas finanças públicas brasileiras; o reconhecimento de que as necessidades de investimentos do País (não do governo) superavam de muito a capacidade do setor público e de suas empresas, exigindo mudanças, até mesmo constitucionais, que abrissem espaço ao investimento privado, doméstico e internacional.

(...)A propósito, é importante reconhecer que o governo Dilma, à diferença de seu antecessor, que nem sequer tentou (ou porque não quis, ou porque não pôde, ou talvez porque o extraordinário vento a favor que pegou da economia mundial lhe permitiu evitar incorrer em custos políticos domésticos), está procurando enfrentar certas "urgências do gradualismo", para as quais deveria ter apoio de quem pensa no longo prazo, como a mudança do insustentável regime de previdência do setor público e as "inexoráveis" concessões ao setor privado em áreas de infraestrutura, por exemplo. Para não falar nas necessárias resistências do Executivo às insaciáveis demandas de sua vastíssima "base de apoio" por contínua expansão dos gastos públicos no curto, no médio e no longo prazos.

Debates desse tipo são fundamentais quando se olha à frente. Afinal, teremos nada menos que cinco eleições presidenciais nos próximos 18 anos.

PEDRO S. MALAN, ECONOMISTA, FOI MINISTRO DA FAZENDA NO GOVERNO FHC. E-MAIL: MALAN@ESTADAO.COM.BR

09 maio 2012

Custos de Menu


Quando os microecomistas discutem os custos de uma empresa, eles geralmente enfatizam mão-de-obra, o capital e as matérias-primas que são necessárias para gerar o produto da empresa. O custo da alteração de preços raramente é mencionado. Para muitos propósitos, essa omissão cosntitui uma simplificação aceitável. Contudo, o custo decorrente da alteração de preços não é zero, omo foi estabelecido por um estudo sobre variações nos preços em cinco grandes cadeias de supermercados.

Nesse estudo, um grupo de economistas examinou um conjunto específico de dados de uma loja de supermercado para determinar qual a dimensão real dos custos de menu. Eles descobriram que o ajuste de preços "é um porcesso complexo, quer requer dezenas de contratos e um monetante de recursos não-trivial". Esses recursos incluem o custo de mão-de-obra que modifica os preços nas prateleiras; os custos de imprimir e enviar novas etiquetas de preços; e o custo de supervisionar o processo. Os dados incluíam medições detalhadas desses custos; quando necessário foi utilizado um cronômetro para medir o insumo correspondente a mão-de-obra.


O estudo relatou que, para uma loja típica de uma cadeia de supermercados, os custos de menu totalizam USS 105.887 ao ano. Esse monatante equivale a 70% da receita de uma loja, ou 35% do lucro líquido. Se esse total é dividido pelo númeor de alterações nos preços que uma loja institui em um determinado ano sobre todos os seus produtos, o resultado é que cada alteração de preço custa 52 centavos de dólar.


(...) Esssas descobertas se aplicam somente a um único setor da economia, de modo que é necessário ter cautela a extrapolar os resultados para a economia como um todo. Ainda assim, os autores do estudo concluem que " a magnitude dos custos de menu que descobrimos é grande o suficiente para ser capaz de ter significância econômica"


Então, por que os preços não se ajustam imediatamente no curto prazo?

De acordo com Mankiw, segundo os neokeynesianos, "uma das razões pelas quais os preços não se ajustam imeditamente no curto prazo é o fato de existirem custos do ajuste dos preços. Para modificar seus preços, uma empresa pode precisar enviar novos catálogos aos clientes, distribuir novas listas de preços. Para modificar seus preços à equipe de vendas , ou, no caso de um restaurante, imprimir novos menus. Esses custos de ajuste de preços, chamados custos de menu, fazem com que as empresas ajustem seus preços de modo intermitente, e não de modo contínuo."

Ainda segundo Mankiw, "os economistas discordam em relação ao fato de os custos de menu explicarem a rigidez de preços no curto prazo. Os céticos enfatizam que os custos de menu são usualmente bastante pequenos. Como seria possível que pequenos custos de menu ajudassem a explcar recessões, que são tão oneraosos para a sociedade? Os defensores da hipótese dos custos de menu respondem que pequeno não significa isento de consequências: embora sejam pequenos para a empresa individual, os custos de menu podem exercer efeitos significativos sobre a economia como um todo."

A discusão sobre a rigidez dos preços no curto prazo é interessante. Eis alguns links: aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e o famoso artigo de Mankiw sobre o assunto. Em 2007, este blog publicou um post sobre a rigidez no preço da Coca-Cola.

01 maio 2012

Celso Furtado, Crescimento Econômico e Inflação


Mauro Boianovsky, professor do Departamento de Economia, analisou a participação do economista Celso Furtado em debates sobre a relação entre crescimento econômico e inflação nas décadas de 1950 e 1960. O artigo Furtado and the structuralist-monetarist debate on economic stabilization in Latin America é o primeiro estudo que analisa com profundidade a contribuição do economista nessas discussões, como ela se situou entre outros posicionamentos teóricos sobre o tema na América Latina e sua relação com a política econômica da época.

O trabalho foi vencedor do prêmio Haralambos Simeonidis 2011 da Associação Nacional de Cursos de Pós-Graduação em Economia (ANPEC), na categoria artigos, o mais importante em economia do Brasil. Também foi aceito na revista internacional History of Political Economy, com publicação prevista para junho de 2012. O texto concentra-se no período entre 1952 e 1963 e também analisa a obra de outros economistas latino-americanos como Eugênio Gudin, Roberto de Oliveira Campos, Raul Prebisch, Juan Noyola e Osvaldo Sunkel. Mauro baseou-se em livros e artigos escritos na época, correspondências, materiais de arquivo e o Plano Trienal elaborado por Furtado quando ele era ministro do Planejamento no governo João Goulart, entre 1962 e 1963.

No período estudado os teóricos se dividiam entre dois posicionamentos: os estruturalistas, que defendiam que a inflação era parte natural do processo de crescimento econômico, e os monetaristas, para os quais não havia relação necessária entre os dois fenômenos. "Celso Furtado se incluía no primeiro grupo e acreditava que o controle da inflação dependia de mudanças estruturais na economia", explica Mauro Boianovsky. Entre as mudanças propostas pelo economista estava o investimento do país na industrialização por substituição das importações. Era uma forma de mudar a composição da oferta agregada, total de bens produzidos no país, colocando mais produtos domésticos no mercado no lugar de produtos estrangeiros.

MONETARISMO
- Do outro lado estava o Fundo Monetário Internacional (FMI) que, partindo de um posicionamento monetarista, defendia a diminuição da demanda agregada, que é o total de gastos da economia. Para eles, o caminho para que isso fosse concretizado era a diminuição dos gastos do governo e uma política monetária contracionista. Segundo o professor, os estruturalistas como Furtado temiam que uma política como essa freasse o crescimento. Em vez disso, eles defendiam uma política gradualista, em que os gastos de governo seriam reduzidos, sim, mas de forma gradual, sem causar um choque na economia.

"Essa concepção gradualista estava presente no Plano Trienal elaborado por Furtado enquanto foi ministro", esclarece o professor. Segundo ele, ao final do período estudado o posicionamento tornou-se consenso entre os economistas latino-americanos que refletiam sobre o assunto. Contudo, a proposta do então ministro não vingou. Por causa da falta de condições políticas de implementar o plano ele abandonou o cargo e retornou à direção da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE).
Celso Furtado é o mais célebre e reconhecido economista brasileiro do século XX. Como intelectual ficou famoso por suas teses a respeito de desenvolvimento e subdesenvolvimento contrárias às doutrinas econômicas dominantes e favoráveis à intervenção na economia em prol do desenvolvimento e redução das desigualdades. Morreu em 2004, com 84 anos, mas continua a ser um dos teóricos mais estudados na economia até hoje.

11 abril 2012

Ben Bernanke


Um reportagem sobre Ben Shalom Bernanke, o atual preseidente do FED. Eis alguns trechos interessantes:

Ben Bernanke ainda tem quase dois anos pela frente no comando do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), mas o seu legado já começa a ser escrito, num momento em que a economia americana dá sinais de se recuperar de forma mais forte do que o esperado, alavancando a candidatura do presidente Barack Obama para um segundo mandato.

Muito mais à vontade no papel de professor do que de "czar monetário", Bernanke deu quatro aulas na Universidade George Washington nas últimas duas semanas, cobrindo a história do século XIX para cá, incluindo as medidas que ele mesmo tomou para evitar que o mundo mergulhasse numa nova Grande Depressão

(...)Menos confortável, o tímido e reservado Bernanke também concedeu entrevistas para alguns dos veículos de comunicação mais importantes do país, incluindo a revista "The Atlantic", que publicou um longo perfil. Na capa, uma foto de Bernanke, com a manchete "O Herói". Lá dentro, outra foto, sob o título "O Vilão".

(...)Bernanke procura acrescentar algumas linhas numa narrativa sobre seu trabalho à frente do Fed, que, num ano de eleições, está sendo escrita num ambiente de alta temperatura. Republicanos acusam Bernanke de empurrar perigosamente os Estados Unidos à beira de um abismo inflacionário. A esquerda diz que ele é fraco porque não foi mais ousado para baixar o desemprego.

(...)"É curioso que Bernanke tenha sido atacado pelos dois lados", diz Donald Kohn, vice-presidente do Fed até 2010, hoje pesquisador da Brookings Institution, centro de estudos de Washington. "Isso não significa que ter uma posição intermediária seja o correto, mas mostra que não há uma decisão clara ou óbvia para um lado ou para o outro."

Muitos acham que, dentro de 10 ou 20 anos, Bernanke será julgado de forma mais generosa. Ele já tem algo a mostrar. Os bancos americanos estão funcionando, enquanto na Europa o crédito segue obstruído. Os Estados Unidos poderão crescer mais de 3% neste ano nos cenários mais otimistas, nada extraordinário, mas melhor do que o risco de recessão da Europa. As empresas americanas estão criando cerca de 250 mil empregos por mês, contribuindo para uma queda do desemprego de 9,8% para 8,3% de novembro para cá, a mais intensa desde a década de 1980. Os preços dos imóveis parecem finalmente ter parado de cair.

Paul Volcker, com seu choque de juros, fez de Jimmy Carter um presidente de um só mandato, na virada dos anos 1970 para os anos 1980. Alan Greenspan derrubou Bush pai pouco mais de uma década depois. Agora, Bernanke ajuda a vitaminar Obama, cuja popularidade começa a encostar na casa de 50% pela primeira vez desde meados do ano passado, quando Osama bin Laden foi morto. "A economia está melhorando, e a aprovação do Obama melhora junto", diz Clifford Young, diretor da Ipsos Public Affairs, empresa de pesquisas de opinião pública. "Hoje, ele tem 85% de chance de ganhar as eleições.

(...)Ben Shalom Bernanke, 58 anos, foi criado em Dillon, pequena cidade na Carolina do Sul, na fase final da segregação racial. Era considerado gênio desde criança - aprendeu Cálculo sozinho e tirou nota 1.590 num total de 1.600 pontos possíveis no teste-padrão para admissão à universidade. Mas seus pais, um farmacêutico e uma professora primária, tinham planos modestos de enviá-lo a uma universidade local, onde ficaria sob vigilância próxima para evitar que se perdesse na vida. Só concordaram com sua ida para o Massachusetts Institute of Technology (MIT) depois de uma conversa com um cliente da farmácia do pai de Bernanke, Kenneth Manning, afroamericano que virou professor da universidade depois de ter estudado numa escola segregada. Manning prometeu ficar de olho no jovem e fazê-lo frequentar uma sinagoga de Boston, onde fica o MIT.

O MIT tem um dos melhores cursos de economia do mundo, com uma tradição que vai de Paul Samuelson, autor do primeiro grande manual de macroeconomia de cursos de graduação, passa por Rudiger Dornbusch, estudioso dos sistemas cambiais, e chega aos Prêmios Nobel Franco Modigliani e Robert Solow, este último ainda vivo e em atividade. Entre os brasileiros, dois pais do Plano Real estudaram por lá, Pérsio Arida e André Lara Resende. O MIT parece dominar as decisões econômicas atuais, com seus quadros em alguns dos cargos mais importantes do mundo. Bernanke comanda o Fed, Olivier Blanchard é o economista-chefe do FMI e Mário Draghi preside o Banco Central Europeu (BCE).

Diferentemente da Universidade de Chicago, que tem uma linha ideológica inclinada à defesa do livre mercado, o MIT é uma escola muito mais pragmática, que transita sem preconceitos entre as várias linhas de pensamento econômico. "Talvez Bernanke tenha aprendido no MIT a ser essa pessoa ponderada, do meio-termo, que se preocupa com o desemprego, mas também com a inflação", diz o ex-aluno do MIT Laurence Ball, hoje professor da Universidade John Hopkins, de Washington.

A primeira grande produção acadêmica de Bernanke foi um trabalho sobre a Grande Depressão, publicado no começo da década de 1980 em parceria com Gertler, quando o hoje presidente do Fed já dava aulas na Universidade de Stanford. Os economistas Milton Friedman e Anna Schwartz haviam descrito, em 1963, como barbeiragens de política monetária do Fed haviam causado a Grande Depressão. Bernanke e Gertlher foram além, descrevendo os mecanismos de transmissão da crise pelo sistema financeiro, que se opera sobretudo pelo canal do crédito, jogando luz sobre um tema que era bastante obscuro para os economistas da época

(...)Preocupado com o risco de deflação durante a recessão causada pelo estouro da bolha acionária da internet, em 2001, Bernanke defendeu uma política monetária bastante relaxada e até o uso de instrumentos monetários não convencionais, caso a coisa ficasse mais grave. Ele ficou conhecido como "Helicóptero Ben", por ter se referido à proposta de Friedman de lançar dinheiro com helicóptero, num discurso feito em 2002 que delineou a chamada "Doutrina Bernanke", um roteiro agressivo para combater riscos deflacionários.

Hoje, ele minimiza a culpa dos juros ultrabaixos na criação da bolha que estourou a partir de 2007. "A política monetária não teve um papel importante no aumento dos preços de imóveis", disse Bernanke na semana passada, numa de suas aulas na universidade. Outros países, como a Inglaterra, tiveram bolhas imobiliárias na mesma época, apesar de ter juros mais altos. Os preços dos imóveis começaram a subir nos Estados Unidos em 1998, argumentou, antes de o Fed baixar os juros.

(...)"O Lehman Brothers era provavelmente grande demais para falir, no sentido de que sua falência teve enormes impactos para o sistema financeiro global", disse Bernanke nesta semana, em outra aula. "Mas estávamos impotentes, pois era essencialmente uma empresa insolvente." Não havia muito espaço legal, nem disposição política, para um resgate puro-sangue com dinheiro público. "Não acho que, no fim das contas, eles tinham outra opção senão deixar o Lehman Brothers falir", afirmou Olson.

Poucos, porém, fazem reparos à atuação de Bernanke a partir de então, quando a crise bancária ganhou contornos dramáticos e exigiu medidas muito mais agressivas. Dois dias depois da quebra do Lehman Brothers, a seguradora AIG recebeu um socorro de US$ 85 bilhões do Fed. Bernanke agiu para que a Merrill Lynch fosse adquirida pelo Bank of America. O governo americano anunciou, numa questão de dias, a criação de um fundo de US$ 700 bilhões para injetar capital e adquirir ativos problemáticos de instituições financeiras debilitadas. "Os Estados Unidos e o mundo foram muito felizes em ter Bernanke à frente das decisões, alguém que aprendeu as lições da história", afirma Olson.

Já a ação monetária de Bernanke, porém, é cercada de controvérsia. Os economistas mais ortodoxos dizem que a maciça emissão de dinheiro pelo Fed, em operações conhecidas como expansões quantitativas, são ineficazes para reanimar a economia e vão levar a uma inexorável aceleração inflacionária. O balanço do Fed atingiu proporções gigantescas, com um volume de US$ 2,9 trilhões. Alguns sustentam que há razões estruturais por trás dos altos índices de desemprego atuais. Trabalhadores estão fora do mercado de trabalho há muito tempo e, por isso, perderam qualificações profissionais. Num ambiente como esse, estímulos monetários só levam a mais inflação.

Uma outra corrente de economistas, menos ortodoxa, diz que Bernanke tinha obrigação de fazer ainda mais para estimular a economia. O Fed tem dois mandatos principais, controlar a inflação e manter o pleno emprego. A inflação anda bem-comportada, com projeções abaixo de 2%, a meta perseguida pelo Fed. Já o desemprego, em 8,3%, está muito acima do nível de longo prazo para a economia americana, que membros do Fed calculam entre 5% e 6%.

Em tese, há muitos outros instrumentos monetários não convencionais à disposição para estimular a economia, considerando o que escreveu o próprio professor Bernanke antes de virar banqueiro central. Na década de 1990, o Japão passou por uma experiência bastante semelhante à dos Estados Unidos. Depois de uma crise financeira, o Banco do Japão baixou agressivamente a taxa de juros até virtualmente zero, um limite para as políticas monetárias convencionais. Em 1999, Bernanke criticou o Banco Central do Japão por não fazer mais e propôs um agressivo roteiro aos japoneses num famoso texto, "Política monetária japonesa: um caso de paralisia autoinduzida".

A caixa de ferramenta incluía deliberada desvalorização cambial, emissão de moeda para expandir gastos fiscais e uma meta de inflação mais alta, entre 3% e 4%, acima dos 2% que os bancos centrais de economias avançadas costumam perseguir. Em 2008, quando Bernanke se deparou com a "armadilha monetária" no mundo real, preferiu seguir um roteiro mais bem-comportado. "Tenho mais simpatia pelos banqueiros centrais agora do que há dez anos", brincou Bernanke no ano passado, respondendo a uma pergunta de um jornalista japonês sobre sua aparente mudança de posição. Ele sustentou que fez o necessário para enfrentar o risco deflacionário nos Estados Unidos.

"Ele ficou muito mais cauteloso", disse Ball, da Universidade John Hopkins, autor de um trabalho recente que comparou as visões do professor Bernanke com a do banqueiro central Bernanke. "Algumas pessoas dizem em tom de brincadeira que o real Bernanke foi sequestrado por extraterrestes e, no seu lugar, foi colocado alguém com exatamente a mesma aparência física, porém bem mais cauteloso."

(...)Hoje, a política monetária de Bernanke é criticada pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, como uma das peças da chamada "guerra cambial". O dinheiro impresso pelo Fed estaria reforçando os fluxos internacionais de capitais e levando à depreciação do dólar ante moedas de países emergentes, como o real. O dólar fraco seria um motor adicional da recuperação americana, enquanto o real forte leva à desindustrialização no Brasil.

"Acho que os brasileiros não têm muita razão nesse argumento", afirma Edwin Truman, do Peterson Institute for Internacional Economics, que dedicou a carreira a temas de finanças internacionais e exerceu uma alta posição no assessoramento no Fed de Volcker. "Se Bernanke tivesse sido menos agressivo na política monetária, talvez o dólar fosse mais forte, mas a economia americana ficaria mais fraca e a demanda dos Estados Unidos por exportações brasileiras seria menor." Se o Fed de Volcker tivesse tolerado inflação maior, argumenta, o resto do mundo também acabaria prejudicado.

Decisões de Bernanke mexem com o mundo todo, mas uma década em Washington não o mudou muito. Seu principal passatempo nos fins de semana é resolver palavras cruzadas com a mulher. Ele volta para casa todas as noites para ler livros em formato eletrônico no Kindle. Quando sai, é para assistir a jogos do time local de beisebol, o Washington Nacionals. Sua maior satisfação, porém, parece ser dar aulas e responder a perguntas de estudantes da Universidade George Washington. "É o que fiz por 23 anos, antes de entrar nessa linha de trabalho", disse, ao começar o curso.

25 fevereiro 2012

Don't lie to me, Argentina

Desde a semana passada, a The Economist deixou de utilizar os dados sobre a inflação divulgados pelo governo argentino:

Since 2007 Argentina’s government has published inflation figures that almost nobody believes... From this week, we have decided to drop INDEC’s figures entirely. We are tired of being an unwilling party to what appears to be a deliberate attempt to deceive voters and swindle investors. For Argentine consumer-price data we will look instead to PriceStats, an inflation specialist, which produces figures for 19 countries that are published by State Street, a financial services firm.



Aqui outra reportagem sobre o mesmo tema.

27 janeiro 2012

Mudança Histórica: FED adota sistema de metas de inflação

O banco central norte-americano está adotando uma postura que já é padrão para bancos centrais: estabelecer metas inflacionárias.

(Reuters) - The Federal Reserve took the historic step on Wednesday of setting an inflation target, a victory for Chairman Ben Bernanke that brings the Fed in line with many of the world's other major central banks.

The U.S. central bank, in its first ever "longer-run goals and policy strategy" statement, said an inflation rate of 2 percent best aligned with its congressionally mandated goals of price stability and full employment

Leia mais aqui.

23 janeiro 2012

Inflação

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mudou o cálculo do índice de inflação oficial do governo, o IPCA. Caiu o peso dos serviços, que subiram 9% em 2011, e ganharam importância os bens duráveis, que tiveram deflação de 1,56%. Essa intervenção deverá reduzir a inflação, e o novo IPCA projetado para 2012 é de 5,3%.

A mudança trará um esforço extra aos gestores dos fundos de inflação e um risco adicional aos investidores. Os fundos não seguem exatamente o IPCA, mas um índice do mercado financeiro, chamado IMAB, que é uma média ponderada da rentabilidade dos títulos do governo corrigidos pela inflação ao longo de determinados períodos. (...)

Fernanda Pressinott - A Nova Conta da Inflação - Isto é Dinheiro

05 janeiro 2012

Inflação

Logo na primeira oportunidade em que os países latino-americanos se organizaram para apresentar propostas para reformulação do padrão contábil internacional IFRS, apareceu entre as prioridades um tema que é mais do que conhecido na região: o efeito da inflação nos balanços. (Latinos querem corrigir balanços, Fernando Torres, Valor, via aqui)

Estes países são Brasil, México, Venezuela, Argentina, Chile, Colômbia, entre outros. Destes, Venezuela e Argentina possuem um nível inflacionário bastante elevado. Mas os índices que medem a inflação estão deturpados por pressão dos governos locais. Talvez esta solicitação seja ruim pois desacreditaria o próprio processo de correção.

Existe muita controvérsia sobre a necessidade de correção dos balanços, inclusive para o Brasil. Em geral as pessoas esquecem da relação custo benefício da informação (isto inclusive não foi citado pelo texto integral do jornal, que de forma enviesada defendeu a medida).

Eis um trecho interessante:
o CPC disse, a respeito desse tema, que "a experiência passada no Brasil revela que uma inflação em um nível muito menor (por exemplo, de 3% a 5% ao ano) produz impacto significante no retorno do investimento, na posição financeira e na performance de uma entidade".

O argumento carece de lógica. Neste nível de inflação temos muitos países do mundo. Nenhum deles, somente o Brasil, considera que a questão da correção seja o aspecto mais relevante para o Iasb tratar nas suas normas. Faz sentido?

(Foto: Nelson Rodrigues, autor brasileiro)

14 novembro 2011

Questionário sobre percepção da inflação

Prezados leitores do blog,

Somos alunas do Mestrado do Programa Multiinstitucional e Inter-Regional de Pós Graduação em Ciências Contábeis UnB/UFPB/UFRN e estamos realizando, por meio de um questionário, uma pesquisa para a disciplina de Teoria dos Ajustamentos Contábeis do Lucro sobre contabilidade ao nível geral de preços.

O questionário elaborado foi estruturado com questões simples e objetivas, de forma que seu total preenchimento dure menos de um minuto, em média. As respostas serão tabuladas e tratadas em conjunto, de forma com que não haverá, em hipótese alguma, identificação dos respondentes.

Assim, solicitamos a gentileza de sua participação, preenchendo o questionário disponível no link abaixo:

https://www.surveymonkey.com/s/inflacao

Enfatizamos que ao finalizar o preenchimento do questionário, é importante clicar sobre o comando “CONCLUÍDO”, visualizado ao final do documento, para o devido armazenamento das respostas.

Caso não queira seguir diretamente o link, basta colar o endereço acima no local apropriado do seu navegador de internet. O referido questionário é preenchido on line não sendo necessário envio via correios ou impressão de documentos.

Sua participação é imprescindível para a realização e antecipadamente agradecemos a sua colaboração, bem como nos colocamos a disposição para eventuais dúvidas e sugestões.

Atenciosamente,

Flávia Siqueira de Carvalho (flscarvalho@hotmail.com)
Lucíola Aor Vasconcelos Barbosa (luaor@yahoo.com.br)
Simone de Mesquita Teixeira Chaves (simonetex@brturbo.com.br)

13 outubro 2011

Contabilidade e Inflação

Um texto de 1977 da revista Time (Balance-Sheet Battle, 24 jan 1977, dica de Alexandre Alcantara. Imagem, fonte aqui) mostra o debate ocorrido naquele tempo sobre a adoção de ajuste nas informações contábeis para resolver o problema da inflação.

A segunda metade da década de setenta mostrou diversas economias desenvolvidas com um nível inflacionário superior ao dos anos anteriores. Nos Estados Unidos, a taxa de inflação alcançava os dois dígitos, graças, em parte, ao choque do preço do petróleo. Neste instante, o Fasb começa a discutir medidas para mensurar de maneira adequada o lucro das entidades. Surge então o Fas 33, que diz respeito ao tratamento da inflação na contabilidade. Em 1976, o Brasil já tinha adotado a Lei 6404, que permitia uma correção simplificada dos balanços.

No texto, a experiência brasileira é citada:

"A Contabilidade inflacionária tem sido adotada com sucesso no Brasil, onde as taxas de inflação têm estado em torno de 40%".

O texto logo a seguir informa que a Phillips da Holanda tem adotado o custo de reposição com sucesso. Mas discute a relação custo-benefício deste procedimento.

11 outubro 2011

Inflação aumenta a receita do governo


Um texto do Estado de São Paulo (Governo 'ganha' R$ 10 bi com inflação. Fabio Graner, Adriana Fernandes) mostra que o aumento da taxa de inflação pode ajudar na obtenção da meta fiscal, aumentando a receita entre 6,5 bilhões a 10 bilhões. Em doze meses a inflação já atingiu a 7,31%, apesar a projeção entre 4 a 6%.

Ao encarecer os produtos, a inflação aumenta a base de tributação, ajudando a arrecadação federal, ao mesmo tempo em que reduz o poder de compra da população. O impacto também se dá na despesa do governo, mas esse movimento não ocorre na mesma intensidade e velocidade, deixando no curto prazo um saldo fiscal mais favorável para as contas públicas.

Entretanto, esta estratégia é arriscada e pode trazer problemas no médio e longo prazo.

Os tributos mais sensíveis à inflação são a Cofins e o PIS. Mas a inflação também tem impacto sobre outros indicadores, como a taxa Selic, que tem influência direta, por exemplo, na arrecadação do Imposto de Renda sobre ganho de capital nas operações financeiras.


Imagem: aqui

07 outubro 2011

Pior Banco Central

A presidenta do Banco Central da Argentina, Mercedes Marcó del Pont, ganhou o título de Worst Central Bankers In The World. Sua nota foi “D”, repetindo a nota do ano anterior. Sua gestão produziu inflação alta e juros negativos.

Estão na lista o presidente do Catar, da Coréia do Sul, do Japão, da Hungria, dos Estados Unidos, da Índia, da Suiça e da Comunidade Européia.

Fonte: aqui

07 setembro 2011

Modelos de banco central

Há consenso de que a crise financeira de 2008 foi em boa medida resultado de uma combinação de política monetária e ambiente regulatório excessivamente relaxados nas economias maduras, em especial nos Estados Unidos.

Os Estados Unidos, por sinal, não praticavam nem praticam o regime de metas para a inflação, e atribuem um mandato amplo à política monetária, que, além da estabilidade de preços, deve também zelar pelo crescimento/emprego, bem como conter as taxas de juros de longo prazo. Dessa forma, fica difícil atribuir ao regime de metas a responsabilidade pela crise.

Não obstante, o pós-crise tem ensejado um aumento do experimentalismo entre os bancos centrais, inclusive os que praticavam o regime de metas para a inflação. Isso deriva de cobranças da sociedade por ações que mitiguem os efeitos da crise, o que tende a se intensificar à medida que a margem de manobra da política fiscal se estreita.

Uma das características gerais desse experimentalismo é a maior tolerância para com a inflação. Certos bancos centrais, aparentemente abstraindo as lições do desastre macroeconômico dos anos 1970, parecem crer que vale a pena aceitar taxas de inflação mais altas por mais tempo, no afã de evitar maiores declínios da atividade.

Isso é verdade mesmo em economias como o Reino Unido, nas quais problemas setoriais, como a falta de competitividade de segmentos do setor industrial, parecem bem impermeáveis aos efeitos da política monetária. A propósito, o modelo britânico combina certo grau de leniência na política monetária com um genuíno e severo ajuste fiscal, implementado por um governo que visa reduzir o tamanho do Estado.

Um dos experimentos mais curiosos ocorre na Turquia. Naquele país, o banco central, ainda que nominalmente continue implementando um regime de metas para a inflação, aproveitou a crise para alterar profundamente o arcabouço da política monetária.

Em especial, o Banco Central turco adicionou a doses robustas de leniência inflacionária uma estratégia de redução “estrutural” das taxas de juros. Estas, que estavam em 16,75% ao ano em outubro de 2008, encontram-se em 5% ao ano (para depósitos no BC) e 8% (para empréstimos) atualmente, com expectativas de inflação de 6,8% para os próximos 12 meses. Com isso, a taxa de juros real, que era de 7,4%, passou para algo entre -1,7% e 1,1% ao ano. O controle da demanda tem sido conduzido basicamente por meio de uma bateria de medidas de controle de crédito.

A política do BC turco tem sido bem-sucedida em reduzir a taxa real de juros -por quanto tempo, não se sabe. Tal posição, que certos analistas atribuem às preferências políticas do atual governo, de orientação religiosa, tem contribuído para reduzir a atratividade dos investimentos denominados em liras turcas.

De fato, a moeda teve depreciação de 15% neste ano -mesmo assim, as elevações de custos têm erodido os potenciais ganhos de competitividade daí derivados.

De resto, os resultados do experimento turco têm deixado bastante a desejar.

Do ponto de vista da situação econômica interna, apesar dos expressivos cortes das taxas de juros na crise, o PIB teve crescimento médio de apenas 1,4% em 2008-10, com contração de quase 5% em 2009.

Por sua vez, a inflação média foi de 7,7% entre 2008 e 2010, e deve mostrar aceleração no corrente ano, segundo as projeções do FMI (Fundo Monetário Internacional). No que se refere ao setor externo, o deficit em conta-corrente, que havia baixado de 5,7% para 2,3% do PIB entre 2008 e 2009, voltou a se ampliar nos últimos anos, e, segundo os economistas do FMI, pode chegar a 8% do PIB em 2011 -embora esse resultado seja muito influenciado pelas importações de energia.

Não será surpresa se os resultados do experimentalismo turco se mostrarem decepcionantes.

Afinal, a maioria dos economistas há de reconhecer que não existem soluções macroeconômicas para problemas estruturais, como investimento insuficiente na qualificação da mão de obra e treinamento, logística deficiente e taxa de poupança baixa.

Fonte: MARIO MESQUITA, 45, doutor em economia pela Universidade de Oxford, escreve às quartas-feiras, a cada 14 dias, para a Folha de S.Paulo

22 agosto 2011

O custo de vida está cada vez mais maior?

Por Pedro Correia

Segundo o professor Steve Horwitz, um mito econômico contemporâneo é que o custo de vida para os americanos vem subindo de forma consistente desde o século passado.Em verdade, os preços são mais altos hoje do que eram há 100 anos. Não obstante, os preços de hoje foram impactados pela inflação. Uma forma de evitar distorções inflacionárias é observar a quantidade de horas de trabalho necessárias para comprar determinado bem ou serviço. Usando este critério, Horwitz mostra que a maioria dos bens e serviços nunca foram tão barato. A queda acentuada do custo de vida nos últimos 100 anos demonstra a força da competição nos mercados, pois as empresas são incentivadas a inovar, produzir com mais eficiência, reduzir custos etc.




13 julho 2011

Custo anual de vida

A lista abaixo mostra as cidades com os maiores custos de vida do mundo para estrangeiros.A capital da Angola, Luanda, tem o maior custo de vida anual, enquanto que,o centro financeiro do Paquistão,Karachi, é a mais barata para estrangeiros.O destaque vai para São Paulo(10º lugar), Brasília(12º)e Rio(33º).O resultado das cidades brasileiras reflete o câmbio valorizado e a inflação.Na hora de viajar é bom dar uma olhada nesta lista:


Fonte:Worldwide Cost of Living survey 2011

10 maio 2011

A percepção da inflação cria a realidade

Postado por Pedro Correia

Em 1967 o economista Milton Freedman proferiu um discurso para a American Economic Association, onde afirmou que:

" A taxa de inflação que a economia alcança,em grande parte,é o resultado da taxa de inflação que as pessoas esperam. Quando todo mundo espera que a inflação seja alta, os trabalhadores reivindicam aumentos salariais, e as companhias empurram os preços para cima para acompanhar os aumentos de custos previstos. Quando todo mundo espera que a inflação seja amena , os trabalhadores e as empresas são menos agressivos. Em suma,a percepção da inflação - ou da falta dela - cria a realidade."

Fonte: American Economic Association