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16 julho 2008

Contabilidade no futebol

Receita cresce, mas números ainda são pouco confiáveis
Valor Econômico - 16/07/2008

Já são cinco anos de publicação obrigatória de balanços pelos clubes de futebol no Brasil e ainda são cometidas faltas graves no quesito de obediência às regras e aos princípios contábeis.

Das 25 demonstrações financeiras que o Valor conseguiu obter em jornais e na internet, quase 70% vieram com ressalvas variadas dos auditores independentes que assinam os balanços.

O auditor faz uma ressalva quando discorda de algo que encontrou nas contas, e geralmente é preciso fazer ajustes para que os números estejam de acordo com as normas contábeis.As restrições dos auditores vão desde a comum falta de reservas para fazer frente a disputas fiscais e trabalhistas - que costuma aparecer com freqüência nos balanços de empresas - até situações mais esdrúxulas como falta de controle sobre os bens do clube e até o registro da marca no patrimônio. Alguns balanços trazem múltiplas ressalvas, como o do Botafogo, assinado pela Indep Auditores.

São cinco, entre elas a prática do clube de não debitar dos estoques o uso de material esportivo e a inexistência de controle patrimonial.Na prática, esse cipoal de senões torna o entendimento dos números um trabalho para especialistas. Se forem feitas todas as correções, como tirar do patrimônio do Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense o valor de R$ 36,6 milhões relativo à marca "Grêmio" - algo sem "previsão nem aceitação pelas práticas adotadas no Brasil", lembra a Mog & Berleze Auditores -, ainda assim ficaria difícil avaliar a situação dos clubes. Em alguns casos, os auditores não conseguiram sequer checar os números, por falta absoluta de registros. É os que eles chamam de "limitação de escopo", algo pior que uma ressalva, já que não foi possível sequer discordar.

Apesar da espessa cortina de fumaça, não resta dúvida que a situação dos clubes em 2007 continua muito difícil. O clubes são obrigados por lei a publicar seus números desde 2002 e, dois anos depois, o Conselho Federal de Contabilidade divulgou um conjunto de normas específico para o esporte, na tentativa de padronizar as informações.

O objetivo não foi totalmente alcançado, porque ainda é preciso um grande número de ajustes para se conseguir juntar os números para comparação numa tabela como a que o Valor publica acima. O que é quase automático no caso dos balanços das companhias abertas torna-se uma operação de risco quando se trata das demonstrações dos clubes de futebol. Nessa confusão de números, a "Timemania", um programa de salvamento do governo federal que deu aos times 240 meses para pagar seus débitos em atraso, é mais um problema a ser destrinchado pelo aventureiro que ousar decifrar o mundo financeiro dos clubes de futebol.Com um problema crônico de endividamento e, em grande parte, sem dinheiro em caixa, os clubes correram para registrar a nova facilidade dada pelo governo.

Pelo levantamento do Valor, são quase R$ 1 bilhão em dívidas, considerando apenas os 25 clubes da amostra, que teoricamente serão pagas em suaves parcelas de 240 meses.Os auditores não gostaram do que viram e ressalvaram parte desses números porque ainda não há confirmação dos órgão credores - Receita Federal, Instituto Nacional de Seguro Social, Procuradoria Geral da Fazenda Nacional e Fundo de Garantia por Tempo de Serviço. Ou seja, os cartolas não combinaram com os zagueiros.Os números apresentados pelos clubes também levantam sérias dúvidas sobre a viabilidade do Timemania. Instituído no ano passado, a loteria começou a funcionar neste ano, com arrecadação ainda modesta. A idéia é que o apostador escolha o nome de seu time e o dinheiro é destinado ao pagamento das dívidas, sem passar pelo caixa do clube.Pode funcionar, mas depende do tamanho da dívida, porque o clube vai ter que completar o que faltar de sua parcela mensal.

Neste ano, os clubes ganharam um bônus e complemento está limitado a R$ 50 mil. A partir do ano que vem, teoricamente, o clube será excluído do programa se não conseguir completar sua parcela. Apesar de todas as facilidades, clubes altamente endividados como o Flamengo vão ter sérias dificuldades para honrar os pagamentos. Mas alguém imagina o Timemania sem o clube de maior torcida no país? O levantamento com os balanços mostra que os clubes aumentaram significativamente suas receitas em 2007, mas o resultado foi ruim - em grande influenciado por uma grande provisão para contingências feito pelo Fluminense. Enquanto a receita total cresceu 32%, para R$ 1,3 bilhão, o déficit apresentando cresceu 60%, para R$ 295,5 milhões.A receita com venda de atletas dobrou no período, para R$ 459,3 milhões.

No entanto, nem tudo é desanimador entre as quatro linhas do balanço. Há claramente um esforço dos clubes em apresentar informações com transparência. O Corinthians, depois da crise com o fundo MSI que provocou a troca de comando, veio com um balanço mais completo. Os rivais São Paulo, Palmeiras e Santos já publicam demonstrações de fluxo de caixa, algo que muitas empresas de capital aberto só passarão a fazer no ano que vem, por força da lei.

24 junho 2008

Reputações

As melhores
1) Google
2) Johnson & Johnson
3) Intel
4) General Mills
5) Kraft
6) Berkshire Hathaway
7) 3M
8) Coca-Cola
9) Honda
10) Microsoft

As piores

10) DaimlerChrysler
9) General Motors Corporation
8) ChevronTexaco Corporation
7) Ford
6) Sprint
5) Comcast
4) Exxon
3) Northwest Airlines
2) Citgo
1) Halliburton

As maiores variações:
1) Bank of America
2) Halliburton
3) Wal-Mart
4) Sears
5) Nike

Fonte: Aqui aqui e aqui

10 junho 2008

Goodwill

(...) Rulemakers' attention has recently focused on so-called "identifiable intangibles" - things such as customer lists and brands that can be valued. Acquirers are now required to report "qualitative descriptions" of these. For example, the value of its brands does not appear in Coca-Cola's books but any buyer would have to put a number on them.

The net effect, as more of goodwill is explained, should be its shrinking, but it is proving a tough asset to break up. According to research by the Intangible Business consultancy, almost half the value of deals done by top European and US companies in recent years is still accounted for under goodwill.

Its point is that more could be explained, some intangibles can be reliably valued, and companies should be making the effort to do just that. Mumblings about expected synergies is no longer enough.

But do investors really care? The answer seems to be: "Not that much."

"Acquirers don't look at businesses as a bucket of assets and liabilities," said Peter Elwin of Cazenove. "The value of the deal is about future activity: cash flows from combining what you have with what you're buying, and access to new markets."

Mr Elwin is a member of the Corporate Reporting Users' Forum, a group of accounting analysts. "We're really not that keen on getting goodwill as small as possible if it simply results in new intangible assets that then get amortised."

Analysts usually add back amortisations (gradual write-offs that cover the depreciating value of assets over time) as an accounting adjustment that means nothing in the real world. Adding more of these only complicates that task. (...)

Little value in making goodwill even more intangible.
By JENNIFER HUGHES - 8 May 2008 - Financial Times - Asia Ed1 - Page 20

27 maio 2008

Uma marca vive para sempre?


Um texto interessante do New York Times, de 18 de maio de 2005, discute se uma marca pode morrer (Can a Dead Brand Live Again?, ROB WALKER). O artigo começa mostrando uma pequena empresa de Chicago, River West Brands, que adquire marcas de produtos inexistentes, mas que ainda estão presentes na memória do consumidor. Como o texto afirma, “não existe presença no varejo, nem distribuição, nem caminhões, nem fábricas. Nada. Tudo que existe é memória”
Isso tem valor? Aparentemente sim, segundo a visão do texto. Um exemplo mais conhecido e citado no texto é o caso do Fusca da Volks, que saiu de produção, mas continuava existindo na memória. Ao reviver o fusca, a Volks mostrou que a memória tem valor, sim.

06 maio 2008

Goodwill é antigo

A questão da marca pode ser importante para aprendermos que o fundo de comércio é muito mais antigo do que pensamos. Richardson mostra que já existia uma marca na idade média. É nesse momento que surge a contabilidade.

Em outras palavras, a contabilidade surgiu com o problema de contabilizar o intangível.

Marca


Em Brand Names Before the Industrial Revolution, Gary Richardson, da University of California, relembra a história medieval para tentar entender a questão da marca.

O foco da análise são as guildas ou corporações de ofício ou corporação artesanal, que eram associações de artesãos de uma mesma atividade profissional. (Na foto, bastião dos pescadores, Bucarest)

As guildas surgiram antes do primeiro milênio, mas foi na idade média que desenvolveram, atuando como reguladoras da profissão, controladoras da qualidade do produto e escola de ensino.

Richardson analisa o papel das guildas diante de um mercado sem proteção legal de uma patente ou de um governo que regulasse as atividades econômicas. Para se manterem no mercado era necessário vender produtos com características conspícuas (que permite a identificação do produto diante de outros). O problema eram os “piratas” da época, que poderiam produzir por um custo menor ou com uma qualidade duvidosa.

Na idade média a questão da qualidade poderia ser catastrófica. Por duas razões: o custo de substituição de um produto era elevado para o homem medieval (mesmo roupas, sapatos e ferramentas); e a falta de qualidade poderia significar a morte para o caso produtos como espada ou mesmo roupa.

Além disso, não existia na época nenhum sistema de defesa do consumidor e o judiciário era (na época) caro e lento. Ou seja, não existia uma garantia ao consumidor da qualidade do produto e raramente a pessoa sabia quem tinha feito o produto.

Assim, existia uma assimetria de informação, em prejuízo do consumidor, que conhecia pouco do produto.

Outro complicador estava na possibilidade de obter corte substancial de custo no processo de fabricação, substituindo insumos. Em alguns casos, como mostra Richardson, a economia podia chegar a 1/3 do custo total. Podia-se dizer que existia um incentivo para a atuação do produto “pirata”.

Entretanto, os fabricantes com boa reputação podiam vender seus produtos por um preço mais elevado, em grandes quantidades, em locais mais distantes, do que os produtores sem um “bom nome”. A confiança do cliente podia ser interessante para as guildas que tinham a pretensão de estabelecer uma “marca”.

Richardson afirma que o mercado medieval era propício a pirataria e a seleção adversa. Mas o desejo de captar uma oportunidade lucrativa para estabelecer uma reputação e comunicar aos clientes.

Mas como resolver os problemas de qualidade? O primeiro passo foi atuar no sentido da associação de artesãos que viviam numa mesma cidade e trabalhavam numa mesma indústria pudessem padronizar os produtos e regular a qualidade dos itens produzidos. Visando isso, as guildas adotaram uma série de medidas, como proibir a produção durante a noite, fiscalizar a qualidade de cada membro e incentivar à lealmente entre os membros. Aqueles que não atuavam nesse sentido eram expulsos das guildas, perdendo uma série de benefícios que essas proporcionavam.

O segundo passo era evitar a ação dos piratas. A falta de proteção inibia a atuação das guildas fora da cidade. Para isso, as guildas procuravam dificultar a “cópia”, introduzindo métodos secretos de produção (essa era uma das características das guildas, o segredo) ou que usassem recursos disponíveis somente no local. Um outra foram era fazendo investimentos elevados em equipamentos especializados.

As guildas tiveram um razoável sucesso nessa empreitada, pois estabelecer a reputação é caro e eram entidades que podiam sobreviver durante séculos. Além disso, com a consolidação das guildas, o apoio dos governantes tornou-se mais fácil.

Segundo Richardson, existem muitas evidências de que as guildas tentaram estabelecer reputação. De mesmo modo, existem evidências de que esses esforços foram bem sucedidos. É dessa época que surgiram associações entre produtos e cidades onde estavam localizadas as guildas (queijão parmesão é dessa época), da mesma forma que associamos hoje o produto com a marca (veja aqui). Richardson usa o léxico para mostrar que termos na língua (latina, inglesa ou outra) estavam associadas a produção: pistol vem de Pistóia, na Toscana, por exemplo.

O sucesso das guildas transformou-se quem lucro. Os atributos dos produtos das guildas mais afamadas podiam significar um preço maior. Com o passar do tempo, algumas guildas conseguiram transformar um “marca” numa propriedade legal, como é o caso da bebida Champanhe ou o vinho do Porto.

De qualquer forma, essa reputação representava mais vendas e mais reputação.

Richardson considera que a ação das guildas representou um mecanismo de marca, que encorajou o progresso econômico. O aumento da durabilidade dos produtos, a maior demanda dos produtos, o progresso tecnológico foram algumas das conseqüências da atuação das guildas. Nesse ponto, Richardson discorda da história econômica, que costuma associar as guildas a uma atitude conservadora, contraria a revolução industrial.

Em termos de estrutura de custos, as guildas conseguiram modifica-la, com uma elevação dos custos fixos, que foram diluídos entre os participantes. Em outras palavras, as guildas usaram a estrutura de custos fixos para gerar uma economia de escala pela formação da reputação, mesmo não existindo na época patente.

Para Richardson, as patentes não foram requisitos da industrialização e da inovação. As guildas conseguiram criar uma sistema que incentivava a inovação, através do segredo.

Aqui, um blog com um pequeno resumo sobre o trabalho de Richardson.

14 dezembro 2007

Traduzindo

"A empresa AMD (Advanced Micro Devices) afirmou que o valor do seu goodwill será baixado como resultado da aquisição, em outubro de 2006, da ATI Technologies. Tradução: a segunda maior fabricante de microprocessador pagou a mais pela ATI" (AMD Warns of "Material" Goodwill Charge, Stephen Taub, CFO, 13/12/2007). O valor da compra foi de 5,6 bilhões de dólares, sendo 3,2 bilhões o goodwill. O goodwill tem sido um problema importante (e controverso) desde o FAS 141 (R). Ainda segundo a mesma reportagem, Charles Mulford, autor de diversos livros da área de contabilidade, acredita que as empresas devem reconhecer o goodwill negativo. Este goodwill ocorre quando uma empresa compra um ativo (inclui outra empresa) por um valor abaixo do valor justo