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Mostrando postagens com marcador futebol. Mostrar todas as postagens
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02 fevereiro 2019

Risco Moral no Futebol

Sobre as finanças dos clubes de futebol (vide anteriormente aqui sobre o desempenho dos clubes europeus), Stefan Szymanski faz uma breve análise sobre a falência dos clubes europeus. Para ele, a questão da falência dos clubes está vinculada ao desempenho da equipe em termos de resultados e receita. Se este desempenho persistir por vários anos, isto poderia levar à insolvência. Mas para ele, a insolvência não é previsível, embora o rebaixamento pode ser importante como explicação. Ao ser rebaixado, o time perde receita, que pode levar ao aumento da chance de insolvência. (aqui uma lista de ex-clubes do futebol inglês, como exemplo)

Para evitar esta insolvência, uma possibilidade é fazer um seguro. Seria constituído um fundo para evitar os problemas financeiros. Mas mecanismos de seguro geralmente estão associados ao problema do risco moral, lembra Szymanski. Nesta situação, o clube termina assumindo riscos mais elevados. É similar ao caso do motorista que tem seguro no seu carro e, por este motivo, dirige de forma mais imprudente.

Talvez a questão no Brasil também envolva o problema de risco moral, mas de forma diferente. Muitos clubes de futebol assumem riscos desnecessários, contratando jogadores caros ou fazendo obras desnecessárias, sabendo que em caso de dificuldade, dívidas não pagas, em especial as dívidas com o governo, serão perdoadas. O ambiente torna-se propício para que riscos desnecessários sejam assumidos, contando com o perdão futuro ou o aparecimento de um patrono para resolver os problemas de gestão.

A questão é que este estilo se esgota com o tempo. Provavelmente o governo irá exercer mais pressão para receber suas dívidas e poucas pessoas estarão dispostas a colocar dinheiro em um clube sabendo do elevado risco e baixo retorno. O rebaixamento de alguns clubes tradicionais poderia levar, no futuro, sua falência.

Contabilidade de um atleta

A UEFA divulgou um rico relatório sobre o futebol europeu. Os dados incluem salários, propriedade dos clubes, estádios, patrocinadores, receitas, custos operacionais, transferências de atletas e balanços.

Nos dados fica muito claro que o campeonato inglês é o mais rico em receitas, número de pessoas que comparecem nos estádios, patrocínios e outros índices. A UEFA enfatizou que pela primeira vez positivo, desde 2008. Para a UEFA, as regras de fair play financeira ajudam a explicar isto.

O site Soccernomics parece discordar; e enxerga que a explicação pode ser contábil. O ano de 2017 foi aquele recorde no valor das transferências. Na página 86 do relatório, a UEFA afirma:

Accounting for transfer activity is somewhat counterintuitive. When transfer spending goes up, the net cost of transfer activity, and therefore the level of aggregate club losses, is likely to go down. This is because of a difference in timing: profits, which increase if transfer activity goes up, are triggered immediately on sale, while costs, which also increase if transfer activity goes up, are spread out over the duration of players’ contracts (typically three to five years).

Assim, quando ocorre uma transferência de um atleta, para o clube que vendeu, o valor aparecerá na receita imediatamente. Para quem contra, o valor ficará diluído pelos anos do contrato do clube, geralmente de 3 a 5 anos. Por exemplo, se um atleta assina uma transferência de 100 milhões, isto será receita para o clube que “vendeu” os direitos, mas será ativo, amortizado pelo período do contrato. Como 2017 ocorreu um grande salto no volume de transferências, isto aumentou a receita, mas não os custos. Assim, parte da lucratividade não é do fair-play, mas do volume de transferências.

23 dezembro 2018

Evidenciação no Futebol

Uma reportagem interessante sobre evidenciação no futebol

Um estudo global sobre os proprietários dos clubes denunciou a falta de escrutínio sobre os proprietários, os acionistas e investidores dos clubes de futebol e sociedades desportivas à escala mundial. Desenvolvido e elaborado pela Union Internationale des Avocats (UIA), pela Sport Integrity Global Alliance (SIGA) e pelo Centro Internacional para a Segurança no Desporto (ICSS INSIGHT), este estudo foi realizado em 25 países como EUA, Japão, China, México, Rússia, Turquia, Inglaterra, Espanha, Itália, França e Portugal.

Uma das conclusões retiradas desta análise indicou “um aumento substancial de investidores desconhecidos ou fundos de investimento sediados em offshores, dificultando o trabalho de regulação das federações e ligas profissionais no controlo da origem da propriedade e da sua condição legal. Não é por isso de estranhar que só em 18% dos países analisados exista o dever de divulgar a identidade dos proprietários, investidores dos clubes em competições profissionais e não profissionais.


Observe que a pesquisa foi feita na Europa. Outra informação importante:

Dados deste estudo revelam que 90% dos clubes europeus não publicam as suas contas e 77% estão em insolvência ou pré-insolvência.

21 dezembro 2018

Mourinho e o preço das ações

Quem acompanha o futebol brasileiro está acostumado as demissões dos técnicos com resultados ruins. Em muitos casos, bastam alguns jogos para que os clubes demitem seus treinadores (ou "professores"). Mas a questão da demissão de treinador também ocorre nos grandes clubes. Recentemente um dos maiores clubes do mundo, o Manchester United, demitiu o treinador português, José Mourinho. E pagou um valor elevado por esta decisão.

O Jornal Econômico apresenta uma questão interessante: a decisão tem uma relação com a cotação das ações. No caso do Manchester United, as ações do clube são negociadas, como ocorre com outros clubes europeus. Atualmente o United está em sexto no campeonato inglês e somente os quatro primeiros classificam para a Liga dos Campeões. Com este desempenho, o preço das ações do United caiu nos últimos meses. Na verdade, no período em que Mourinho este com o clube ou dois anos e meio, a redução foi de 12%. Enquanto isso, o Borussia de Dortmund (Alemanha) e a Juventus (Itália) apresentaram uma grande valorização nas suas ações.

A elevada probabilidade de não se qualificar para a ‘champions’ terá implicações significativas para o crescimento das receitas do ano fiscal de 2020. Analistas da Jefferies, citados pela Bloomberg, estimam que o United espera receber cerca de 93 milhões de dólares (81,3 milhões de euros) em receitas de transmissão da Liga dos Campeões, caso chegue aos quartos-de-final da prova, como tem feito nos anos anteriores. Quando venceu a Liga Europa, em 2017, a Deloitte estima [1] que recebeu 45 milhões de euros (51 milhões de dólares).

Esta diferença de 42 milhões de dólares (36,7 milhões de euros) é o melhor cenário, já que não é fácil vencer a Liga Europa. O valor pode significar a diferença entre crescimento ou estagnação da receita. Os analistas disseram à Bloomberg que esperam adicionalmente vendas de 779 milhões de dólares (681,6 milhões de euros) em 2019 e 819 milhões (716,6 milhões de euros) em 2020.

Embora os investidores estejam habituados a suportar uma certa flutuação nas receitas de transmissão com base no sucesso do clube, o desempenho do Manchester United não foi bom a vários níveis. E isso também foi decisivo para o despedimento [2] do técnico português.


[1] É interessante que mesmo tendo ações negociadas na bolsa, o valor da receita foi estimada. 
[2] Muito bom o termo "despedimento". Em português do Brasil é demissão.

Outras postagens sobre o assunto:
Mudar treinador resolve?
Administrador faz diferença?
Desempenho e valor de um clube
Futebol, evidenciação e desempenho
Valor de um clube de futebol

29 novembro 2018

Futebol e trapaça

Um time de futebol da Irlanda usou um artifício “criativo” para não jogar uma partida contra seu adversário. O Ballybrack soltou um comunicado afirmando que seu jogador, Fernando Nuno La-fuente, tinha falecido em uma acidente rodoviário. A liga adiou a partida que o Ballybrack faria no final de semana, organizou um minuto de silêncio e publicou uma nota. (A fotografia é da rede social do adversário, o Liffey, no seu minuto de silêncio)

Na verdade o jogador estava vivo e afirmou que estava jogando videogame quando descobriu a notícia da sua morte.

Fonte: Aqui

19 novembro 2018

Informação e decisão

A relação entre quantidade de informação e qualidade da decisão é bastante controversa. E precisamos cada vez mais de pesquisas. Mas este texto do The Economist, sobre a quantidade de dados no futebol e a melhoria nas decisões dos clubes, pode ser uma interessante discussão sobre o assunto:

Os olheiros de hoje, no entanto, têm acesso a imagens e estatísticas de todas as ligas do mundo. Raffaele Poli, chefe do Observatório de Futebol do CIES, diz que o afluxo de funcionários de empresas financeiras levou a um maior interesse pelo big data. Em 2012, o Arsenal comprou a StatDNA, uma empresa de análise americana. Tanto o Bayern Munique quanto o Manchester City trabalham com a SAP, uma empresa de software que forneceu insights para os vencedores da Copa do Mundo em 2014.

O resultado, diz Poli, é um mercado cada vez mais racional.

24 agosto 2018

Efeito do cartão vermelho no futebol

Um estudo analisou mais de dois mil jogos de futebol da UEFA para verificar se "jogar com dez é melhor". Há um mito que quando um time tem um jogador expulso, os outros jogadores fazem um esforço substancial para suprir a ausência do colega, trazendo um resultado melhor.

Descobrimos que quando as equipes da casa recebem um cartão vermelho, isso prejudica suas probabilidades de gol e de vitória. Por outro lado, um cartão vermelho para as equipes visitantes pode ter um efeito positivo, negativo ou neutro, dependendo do tempo da expulsão do jogador.


O que eu achei interessante é que a pesquisa possui um modelo econométrico, uma boa análise dos dados e está postada em um lugar de boa reputação (o IZA). São três autores de uma das maiores universidades belgas (Ghent University)

O trabalho tem uma introdução, uma seção de método, os resultados e a conclusão. Não há uma discussão sobre a teoria que poderia justificar os resultados da pesquisa. Fica a pergunta: há um problema aqui ou esta é a forma de pesquisa do futuro.

(Esta postagem é uma grande provocação aos pesquisadores que gostam de uma teoria)

19 julho 2018

Previsão para o vencedor da Copa

Cinco grandes bancos fizeram projeção sobre o vencedor da Copa do Mundo. Dois escolheram a Espanha, um a Alemanha e outro o Brasil. O Nomura arriscou a França ou Espanha. Existem questões comportamentais neste palpite, mesmo que alguns modelos usassem aprendizado de máquina.As projeções do Lloyd´s e do Transfermarket. Mas seguramente ninguém esperava pela Croácia. Em março as apostas colocavam a França em terceiro lugar.

O importante destacar é que o país com maior chance, segundo os modelos, o percentual era abaixo de 20%.  Ou seja, uma probabilidade muito reduzida.

Anteriormente mostramos que um torneio estilo "Copa" tem muito mais chance de chegar a um azarão como vencedor (ou finalista). Além disto, o futebol é o esporte com menor chance do favorito ganhar.

10 julho 2018

Copa do Mundo e Imigração

Tres de los cuatro de los semifinalistas en el Mundial de Rusia 2018 tienen más en común que la proximidad geográfica entre sus países.

Francia, Bélgica e Inglaterra cuentan con un gran número de jugadores que son hijos de padres inmigrantes. Veamos los números:

Dieciséis de los 23 jugadores de Francia tienen al menos un padre que nació fuera del país. Dos más nacieron en las islas del Caribe francés, que se consideran parte de Francia.

Once jugadores de Bélgica y seis de Inglaterra son hijos de al menos un inmigrante y otros cuatro jugadores de Inglaterra tienen ascendencia afrocaribeña más distante. Uno de ellos, Raheem Sterling, nació en Jamaica.

Continue lendo aqui

02 julho 2018

Consumo de energia e jogos da Seleção

 Brasil x Costa Rica
 Brasil x México
 Brasil x Sérvia
Brasil x Suíça

Os gráficos mostram a redução no consumo de energia elétrica durante os jogos do Brasil. Os dados são da ONS, via portal G1. Se você acha que isto é coisa de alienado, em 2010 a redução no consumo de água foi observado no Canadá, durante um jogo de hóquei.

29 junho 2018

Alemanha ainda vive

A eliminação da Alemanha da fase de grupos da Copa do Mundo é uma ruptura notável com a história. A Alemanha chegou à elite dos oito melhores de cada Copa do Mundo desde 1966. A Alemanha apareceu em sete das últimas treze finais da Copa do Mundo e ganhou três vezes. Ainda mais notável, a final da Copa do Mundo em 15 de julho será apenas a segunda, desde 1966, que não inclui a Alemanha, a Itália ou a Holanda. Pelo menos uma dessas equipes chegou às quartas de final (ou equivalente, dado que o formato da competição mudou) nas últimas 13 Copas do Mundo; e pelo menos duas chegaram a essa fase em dez das treze ocasiões; e em três ocasiões todas as três estiveram nas quartas de final. No entanto, este ano a Itália e a Holanda nem se qualificaram para a competição e a Alemanha ficou em último lugar do seu grupo depois de perder dois dos três jogos.

Embora essas três equipes européias tenham saido mal na Copa do Mundo, o resto da Europa prosperou. Três quartos das vagas nas oitavas de final foram ocupadas por equipes européias. Até agora, as equipes européias perderam apenas sete dos 30 jogos disputados contra adversários não europeus. Estas derrotas são as da Alemanha, assim como as derrotas da Islândia, Rússia, Sérvia e duas também da Polônia. No entanto, a Islândia conseguiu um empate contra a Argentina e a Suíça contra o Brasil. Igualmente surpreendente, a Croácia derrotou a Argentina por 3-0. Tratando os empates como meia vitória, a porcentagem de vitórias da Europa nesta Copa do Mundo é de 68%, a América do Sul é de 63% e nenhum outro continente está acima de 33%.

Esse domínio não é novidade. As Confederações da Europa e da América do Sul sempre dominaram a Copa do Mundo. Desde 1950, nenhum estrangeiro já chegou à final da Copa do Mundo, apenas uma equipe chegou à semifinal (Coréia do Sul em 2002) e apenas nove equipes chegaram às quartas de final (7% do total). Na década de 1960, apenas cerca de 10% das vagas no torneio eram para estas nações estrangeiras [fora da Europa e América do Sul], mas desde então sua participação total subiu para cerca de 40% (nesta Copa 13 das 32 vagas foram para as outras três confederações: Ásia, África e América do Norte / Central). Na próxima rodada da Copa [da Rússia] haverá apenas dois (13%) - México e Japão - nenhum dos quais, se as casas de apostas estiverem corretas, deverão chegar às quartas de final. Pela primeira vez desde que as oitavas-de-final foram inauguradas em 1986, nenhuma nação africana chegou a esse estágio.

Assim, por um lado, a periferia da Europa parece estar se saindo melhor do que seu eixo historicamente dominante, enquanto os países tradicionalmente dominantes parecem entrincheirados. Como podemos explicar isso? Em pesquisa conjunta com Melanie Krause, da Universidade de Hamburgo, usando dados sobre cerca de 27.000 partidas internacionais de futebol disputadas entre 1950 e 2014, descobrimos que há uma tendência das nações mais fracas alcançarem as nações mais fortes - análogo à noção econômica de convergência. Assim como as nações mais pobres podem alcançar as nações mais ricas por meio de um programa de investimento e imitação, as nações mais fracas do futebol podem alcançar as mais fortes investindo em habilidades básicas. De fato, enquanto as evidências de convergência entre as economias internacionais são irregulares, as evidências para as nações no futebol são realmente muito fortes.

No entanto, também descobrimos que existe o que alguns economistas chamam de “armadilha de renda média”. Quando se trata da economia nacional, o que eleva seu nível de vida de baixo para o meio (investimento de grande escala no capital para tornar os trabalhadores mais produtivos) é diferente do que o eleva do meio para o topo (inovação e criatividade). Muitas nações de renda média parecem achar difícil fazer a transição. Assim também parece ser com o futebol: os países mais fracos podem eliminar erros básicos, mas o desenvolvimento de talentos de classe mundial tem se mostrado elusivo. Enquanto a Europa e a América do Sul estavam regularmente jogando futebol internacional e desenvolvendo infra-estruturas de liga nacional na época da Primeira Guerra Mundial, a maioria dos outros continentes não começou a fazer isto a sério até depois da Segunda Guerra Mundial.

Ser o primeiro nem sempre funciona - já não há quase nenhuma fábrica têxtil em Lancashire, Detroit há muito tempo perdeu o domínio da indústria automobilística e os vinhos franceses não são o que eram. Mas quando os primeiros impulsionadores também criam uma rede, a vantagem pode ser auto-sustentável. Pense nos mercados financeiros de Londres e Nova York ou na indústria de tecnologia no vale do silício. Barings e Lehman Brothers podem ter deixado de existir e a IBM pode ser uma sombra da empresa que era, mas as empresas que cresceram em torno delas prosperaram. A mesma coisa parece estar acontecendo no futebol europeu. Na década de 1960, a Alemanha, a Itália e a Holanda estabeleceram-se como o núcleo do futebol europeu - a maior parte da inovação e criatividade veio dessas três nações. Ao longo dos anos, outros países europeus se beneficiaram da exposição constante - seja na competição ou contratando jogadores e treinadores para as equipes em suas próprias ligas nacionais. Os países da Europa Central, como a Croácia, que foram atingidos por convulsões políticas no século XX, puderam ressurgir e se integrar ao sistema europeu. A Espanha, cuja equipe nacional há muito tempo teve um mau desempenho, foi atraída mais de perto pela rede européia. Até mesmo a insular Inglaterra começou a se sentir mais cosmopolita.

Assim, os alemães, holandeses e italianos podem ficar decepcionados com sua exibição nesta Copa do Mundo, mas podem razoavelmente afirmar que seu espírito vive nas outras nações européias. E, de qualquer maneira, se a história é alguma coisa, eles logo voltarão.


Stefan Szymanski

15 junho 2018

Ranking da Fifa

A Fifa, a entidade que regula o futebol mundial, resolveu adotar o rating Elo no futebol mundial. Este ranqueamento foi uma ideia de uma matemático, Arpad Elo, para o jogo de xadrez. Basicamente, cada jogador é classificado conforme o resultado de cada jogo. Se um jogador com menor pontuação ganha de outro com maior pontuação, seu ranking cresce.

De certa forma, o ranking de cada jogador é uma especie de previsão do resultado de uma partida. Assim, caso um jogador com ranking alto empate uma partida com um jogador de ranking mais baixo, a sua nova pontuação irá diminuir. O ranking é bastante intuitivo e sabemos, com base nele, as chances de ganhar, empatar ou perder uma partida de xadrez. Sabemos se um jogador é forte, mediano ou um jogador eventual. Temos a informação se um jogador está em forma, pois seu ranking subiu, ou está em má fase, se o Elo caiu. No xadrez calcula-se o ranking para os jogos normais, blitz e rápido. E ao final de cada jogo, é possível ter a nova pontuação.

Este sistema tem sido usado em outros esportes, com adaptações. No futebol feminino, o Elo é usado pela Fifa desde 2003. Assim, a melhor equipe mundial é os Estados Unidos, com um ranking de 2.115; o Brasil é a oitava melhor equipe, com 1968, após Inglaterra, Alemanha, Canadá, França, Austrália e Holanda.

No futebol masculino, a Fifa insistia em usar um sistema de pontuação diferente. O atual ranking é o seguinte:

1. Alemanha
2. Brasil
3. Bélgica
4. Portugal
5. Argentina
6. Suíça
7. França
8. Polônia
9. Chile
10. Espanha

Qualquer pessoa que entenda de futebol sabe que a listagem acima não reflete a qualidade das equipes. Por este critério, meses atrás a Polônia foi considerada um dos cabeças de chave da Copa da Rússia, pois estava bem posicionada no ranking. Usando uma relação não oficial a partir do Elo tem-se a seguinte relação:

1. Brasil
2. Alemanha
3. Espanha
4. França
5. Argentina
6. Portugal
7. Inglaterra
8. Bélgica
9. Colômbia
10. Peru

Nesta relação, a Polônia seria a 19a equipe, a Suíça a 14a. e o Chile a 15a. força.

Como tudo na Fifa, a questão é que a entidade não está seguindo os critérios Elo exatamente como deveria. Ela decidiu que jogos amistosos terão um peso menor que os jogos oficiais. Assim, o ranking não oficial acima pode sofrer alterações.

Leia mais aqui. (Figura: a fórmula adotada pela Fifa)

Copa do Mundo

Em imagens:
Noruega
Roma, Itália, e o aqueduto
 China
 Tóquio, Japão
 Suíça
Suíça e o Lago Geneva
 Haiti
 Mineira, Rio de Janeiro
 Rússia
 Escola da Somália
 Tatuyo, perto de Manaus, Brasil
 Tailândia
Mais aqui

07 junho 2018

Finanças do Futebol

Dois textos sobre o desempenho financeiro dos clubes de futebol em dois locais diferentes.

O primeiro, do Valor Econômico, de 1 de junho (Times Faturam mais e dívida desacelera, p. B9, Eduardo Belo) destaca “os avanços na direção da profissionalização”. Segundo o texto, nos últimos anos, os clubes brasileiros estão melhores geridos. Apesar de em dez anos os principais clubes terem um déficit acumulado de 2 bilhões de reais, segundo a BDO, o endividamento parece ter estabilizado, enquanto a receita tem crescido, mesmo com a recessão. Os principais clubes possuem dívidas (?) de 6,9 bilhões de reais, basicamente o mesmo valor de três anos atrás, enquanto a receita saltou da casa dos 3 bilhões para 5,11 em 2017.

O texto cita a maior profissionalização, a atuação da CBF como regulador, a renovação do contrato de direitos da televisão, entre outros fatores. Apesar disto, o clube com maior arrecadação do país possui uma receita que corresponde a 23% da receita do Manchester United, o clube de futebol com maior recieta no mundo. E isto pode refletir no campo, já que quanto maior a receita, maior a capacidade de contratação de jogadores e melhor o desempenho (vide Soccernomics, o livro).
Para Daniel [Pedro Daniel, da área de futebol da BDO, entrevistado pelo Valor] “o grupo que hoje tem 12 gigantes deve se restringir a uma elite de quatro a seis grandes clubes nos próximos anos”. Esta análise é bastante razoável e já possível notar isto no futebol estadual, onde equipes que eram expressivas, perderam sua relevância. Além disto, parece ser também uma tendência mundial, onde os campeonatos nacionais são dominados por um (Alemanha), dois (Portugal), três ou quatro clubes (Inglaterra).

Outro texto é do Soccernomics, que analisou as finanças dos clubes europeus. O gráfico a seguir resume o que ocorreu com esses clubes nos últimos anos. A figura parece sugerir que a melhoria no desempenho deve-se ao Fair play financeiro, que inibiu os gastos excessivos dos clubes com salários. Mas provavelmente a resposta esteja na recessão econômica:

As recessões criam problemas para as empresas porque o crescimento das receitas diminui, enquanto a base de custos é difícil de controlar. A queda no crescimento da receita poderia ser atribuída a menor freqüência, reduções nos preços dos ingressos, redução nas vendas de mercadorias, dificuldade em renovar os contratos de patrocínio e menores prazos para os direitos de transmissão se negociados durante a recessão.

Um aspecto interessante é que a recessão atingiu o futebol com uma certa defasagem. Recentemente tivemos a maior recessão da história do país. Será que os efeitos ainda não chegaram aos balanços dos clubes brasileiros? Ou quem sabe, foi possível compensar estes efeitos com a renovação dos contratos de televisão (que para alguns clubes coincidiu com este período), a melhoria na gestão ou o parcelamento de dívidas com o governo - que aliviou o endividamento?

Mais leitura sobre este assunto que publicamos no blog anteriormente:
Mudar o treinador melhora o desempenho de um clube?
Bom desempenho em campo pode reduzir o valor de um clube?
As estatísticas podem ajudar a mudar o que você conhece do futebol?
Para ter bom desempenho é necessário gastar dinheiro
A emoção vai até o último minuto
Quanto maior a receita (e o desempenho), maior a evidenciação contábil

31 maio 2018

País pobre patrocinando um clube de futebol

Um caso curioso (?): um dos países mais pobres do mundo, Ruanda, resolveu pagar 39 milhões de dólares por um patrocínio do Arsenal, um dos clubes de futebol mais ricos do mundo. Durante três anos, o Arsenal irá exibir o anúncio "Visit Ruanda". Ruanda ficou conhecida por um brutal genocídio ocorrido em 1994. 

O que ajuda a explicar a escolha: o presidente Kagame (este é o nome mesmo) é fã do Arsenal. Apesar do turismo ser uma importante fonte de renda para o país, o assunto não foi discutido com sua equipe e o valor não constava do orçamento público.

A questão de um time de futebol sendo patrocinado por um país não é algo novo. Anteriormente o Barcelona aceitou o patrocínio do Catar e o Atlético de Madrid do Azerbaijão.

05 abril 2018

Golpe na Lazio

tinha lido esta história antes em dois locais diferentes. Mas realmente é muito boa. E merece ser contada aqui. Trata de um golpe aplicado em um clube de futebol:

O futebol é um negócio multimilionário, e sabe quem adora grandes movimentações financeiras? O cibercrime. O clube italiano Lazio descobriu isso da pior maneira possível quando caiu em um golpe recebido por email que lesou o cofre da associação em mais de R$ 8 milhões.

A Lazio não foi hackeada, que fique claro. Para ter sucesso no ataque, o cibercriminoso recorreu apenas à lábia para enganar o clube e fazê-lo transferir a quantia sem perceber que estava sendo enganado. É o famoso “phishing”.

A técnica foi bastante simples. A Lazio contratou em 2014 o zagueiro holandês Lazio, em um acerto com o clube Feyernoord, também da Holanda. O pagamento foi acertado em parcelas, com a última delas sendo quitada agora, no ano de 2018. Sabendo disso, o golpista contatou a Lazio por e-mail se passando por representante do Feyernoord, informando os dados de uma conta bancária controlada por ele. A isca funcionou, e o dinheiro foi transferido.

Agora segundo a agência de notícias italiana Ansa, um cidadão espanhol não identificado está sendo investigado como responsável pelo golpe. Segundo a publicação, o dinheiro foi retirado de uma conta holandesa e transferido para vários bancos ao redor da Europa. Resta à Lazio torcer para que as investigações e o sistema bancário consigam rastrear e recuperar o dinheiro.

Segundo a empresa de segurança Sophos, esse tipo de ataque tem até nome específico. Ele é conhecido pela sigla BEC (“exposição por email corporativo”), ou também como “whaling” (por ser um ataque de phishing em grande escala). A técnica envolve engenharia social, em que o cibercriminoso age lentamente para criar primeiro uma confiança para obter uma recompensa ao enganar seu contato em alguma empresa ou associação de grande porte, como, neste caso, um clube de futebol.

20 março 2018

Sobre o Benfica

Sobre o caso do clube Benfica, onde informações judiciais sigilosas foram passadas para o advogado do clube português, em troca de camisas e ingressos para jogos do clube, um comentário de Ana Pina no Jornal Econômico:

O que nos devia preocupar neste “caso” não é o que poderá acontecer ao Benfica por ter comprado alguém para lhe revelar segredos de justiça a troco de camisolas e bilhetes ou um emprego para o sobrinho, mas o facto de poder ter havido quem, no seio do sistema de justiça, se tenha vendido em troca de camisolas e bilhetes ou um emprego para o sobrinho. Aliás, tanto a concentração de preocupações no Benfica como a ninharia pela qual o funcionário do sistema judicial se corrompeu mostram bem como a cultura do “pequeno favor”, da “cunha”, da “ajudinha”, do “fazer um jeitinho”, está enraizada no país e no Estado.

A facilidade com que alguém (alegadamente, é sempre preciso dizer para não ofender consciências) se corrompe, e a indiferença com que o país encara essa facilidade, só se excitando em defesa do “clube do coração” ou em ataque ao “rival”, mostram como a corrupção, em Portugal, é encarada com normalidade e amplamente praticada por todos ou quase, do político mais poderoso ao mais insignificante cidadão que tem de resolver um problema “nas Finanças”: quem tenha o número de telefone da pessoa certa, quem seja primo da pessoa no sítio certo, quem possa fazer o favor certo a quem no futuro lhe possa retribuir, “safa-se”. Num país onde a lei impere, “safa-se” quem por habilidade ou sorte presta algum bem aos seus pares. Num país como Portugal, “safa-se” quem, pela sorte ou falta de escrúpulos, consegue traficar eficazmente a influência de que goza.

13 março 2018

Sistema de Justiça de Portugal não tem a confiança da Justiça

Sobre o caso dos e-mails do futebol português (vide aqui postagem explicando o assunto), o judiciário do país europeu decidiu tramitar o processo fora do sistema onde correm os processos. É um tentativa de evitar que informações sobre o escândalo sejam de acesso de terceiros. Em Portugal o nome do hacker é "toupeira" e por este motivo o acesso aos documentos recebeu o nome de "e-toupeira".

A decisão estende-se a diversos magistrados do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa e de outras comarcas. O CM refere que já há procuradores e juízes a não colocar peças processuais no Citius, por não confiarem no programa criado para unificar a Justiça nacional.

09 março 2018

Divulgação de E-mails e uso ao computador da justiça: assim é o futebol português

Este caso envolve corrupção passiva, favorecimento pessoal, peculato, burla informática, falsidade informática, nove crimes de acesso ilegítimo e mais quatro crimes de violação de segredo de justiça. E dois dos maiores clubes de futebol de Portugal.

Tudo começou em abril de 2017, quando o FC Porto, um dos maiores clubes de futebol de Portugal, começou a divulgar alguns e-mails originários do seu grande rival da equipe, o Benfica. Nos e-mails, parece que o Benfica contrata pessoas para ajudar na compra, ou melhor corrupção, de juízes de futebol, para lhe favorecer. Inicia-se uma luta judiciária. O Benfica tenta impedir a divulgação dos e-mails por parte do Porto. O caso começa a ser investigado pela justiça, com buscas de provas no Benfica e nas casas dos denunciados. Inicialmente, a justiça impediu a censura aos e-mails, mas depois a decisão foi revertida. O Porto afirma que irá recorrer à Comunidade Europeia.

Temos agora uma segunda fase. Numa operação da Polícia Judiciária, pessoas ligadas ao Benfica são presas. A acusação é o uso de uma senha para ter acesso ao processo dos e-mails. Usando um computador de uma pessoa com credencial em Lisboa. Assim como no Brasil, a operação recebeu um nome; no caso, “operação e-topeira”. Os acusados da operação ficaram em silêncio.

Como o Benfica tem ação negociada em bolsa, desde o início de março o preço dos papéis estão em queda. E o valor da marca deve reduzir, segundo especulação do Jornal Econômico.

Parece que o presidente do Benfica subornou funcionários do judiciário. Antes disto, outro cartola tinha acusado o Benfica de suborno dos juízes de futebol.

Nas últimas quatro temporadas, o Benfica foi campeão português, depois de um domínio do Porto.

19 fevereiro 2018

Valor de Zero unidades monetárias

Nos tempos de discussão sobre o valor da moeda (e da moeda digital), a notícia de que um nota de ZERO euros é interessante. Segundo o Jornal Econômico, uma nota de zero euros, com a figura de Eusébio da Silva Ferreira, está sendo lançada, com uma tiragem de cinco mil exemplares. A nota de zero euros custa três euros e fez sucesso na Alemanha. Em Portugal, a nota corresponde a uma parceria com os clubes Sport Lisboa e Benfica, onde o jogador atuou.