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23 junho 2011

Grécia e derivativos

Por Pedro Correia


Recentemente, foi noticiado que o risco Brasil é menor que dos EUA. No entanto, são dados referentes ao CDS negociados em um ano.São derivativos pouco negociados e diversos outros países também têm CDS de um ano menor que o americano, como por exemplo: Rússia, Chile, México, Casaquistão.A medida mais adequada para mensurar o risco país seria o CDS negociado em prazos mais longos (5 anos) ou através do EMBI (Emerging Markets Bond Index).

Qual é a importância do CDS (Credit Default Swaps)? O CDS é o único derivativo que conecta os bancos do mundo inteiro.Este derivativo protege os credores no caso dos países não pagarem suas dívidas.Além disso, foi este instrumento financeiro que colaborou para o colapso financeiro do American International Group.

A preocupação com a crise grega é crescente.O bilhonário pacote de ajuda à Grécia não deixa de ser uma ajuda aos bancos europeus. O NYT informa que na França e na Alemanha, os bancos são credores de 90 billhoes de dólares da dívida pública e privada grega.Além disso, o banco central europeu também possui boa parcela destas dívidas. Assim, um calote grego poderia gerar perdas em cascata para todo sistema financeiro europeu.Mas será que os bancos americanos estão livres desta ameaça? Ninguém sabe ao certo. Eles não são grandes credores gregos, no entanto, participam de forma vultosa no mercado de derivativos.

Portanto, se a Grécia der o calote , o banco europeu que possuir um CDS sobre a dívida grega ,assegurado por um banco norte-americano, terá direito a receber um pagamento deste banco.Não obstante, não se sabe ao certo quem possui estes CDS e quem é responsável pelo pagamento do seguro.A partir das evidências disponíveis, não parece que um calote grego teria o mesmo poder destrutivo do caso AIG. Será? Somente o tempo dirá.

02 maio 2011

Derivativos

Por Pedro Correia




O assunto que está em voga, nos EUA, sobre derivativos é o caso da cidade de Jefferson no Alabama. Em 2002, a Agência de Proteção Ambiental ordenou que o município reformasse o sistema de esgoto. Para financiar a reforma o local emitiu títulos de dívida no valor total de 3.2 bilhões. Após a reforma, a cidade alterou os juros dos contratos de pré-fixados para pós-fixados.Isto foi feito, pois executivos do JP Morgam convenceram os gestores locais a comprar complexos contratos de swaps de taxa de juros, para que o hedge fosse feito caso os juros subissem.

No início a estratégia de fazer o hedge foi bem sucedida. No entanto, quando a crise financeira de 2008 eclodiu, os swaps além de falharem na proteção – exarcebaram as perdas.Os juros continuaram subindo e o município não pode mais arcar com suas obrigações relacionadas aos títulos.Além disso, investigações recentes revelaram que há indícios de corrupção durante a execução do projeto.

Atualmente, a cidade está em desequilíbrio financeiro.Há rumores de que, em julho, não terá mais caixa para cumprir com suas obrigações.Adicionalmente, esta situação tende a se agravar e poderá se tornar o maior caso de insolvência de um município americano.A situação de Jefferson é um exemplo do que acontece quando existe a união de corrupção, má administração e desrespeito ao contribuinte.No final, os mais prejudicados foram os moradores locais. O preço da água subiu 300% desde 1997 e as famílias pagam em média 70 dólares por mês pelo seu uso.

Os derivativos são fantásticos instrumentos financeiros, no entanto, controle e acompanhamento é fundamental para evitar que eles não se tornem “armas financeiras de destruição em massa ” (famosa frase de Warren Buffet sobre o tema). Este é o objetivo precípuo da gestão de risco.

Leia mais sobre o tema: aqui e aqui

Derivativos 2

Por Pedro Correia


O Departamento do Tesouro Americano afirmou que irá retirar os swaps e contratos a termo de câmbio da supervisão e regulamentação que será imposta aos demais instrumentos financeiros derivativos. Em outras palavras, estes instrumentos continuarão a serem negociadas em mercado de balcão. A justificativa do Tesouro para a manutenção destes contratos fora das casas de compensação é que, os procedimentos existentes no mercado de câmbio já diminuem os riscos e asseguram a estabilidade desses derivativos.

Os contratos de swap e a termo de câmbio representam 5% do mercado de 600 trilhões de dólares “over-the counter”.Uma vez mais, as empresas, grandes bancos conseguiram pressionar o governo a isentar estes instrumentos financeiros da supervisão regulamentação. Eles argumentaram que as exigência da negociação em casas de compensação é desnecessária,pois a maioria dos contratos expiram após uma semana.

02 março 2011

Buffett e Derivativos

Buffet e Derivativos - Postado por Pedro Correia
Um dos homens mais rico do mundo, Warren Buffett, sempre criticou os derivativos de diversas formas. Em uma de suas famosas cartas anuais aos investidores ele alertou para o perigo da utilização desses instrumentos financeiros que denominou de : "armas financeiras de destruição em massa". Além disso, o vice-chairman da Berkshire Hathaway, Charles Munger, disse que a contabilidade dos derivativos contribuiu para aumentar os riscos que eles representam para os mercados financeiros. Adicionalmente, mais uma pérola de Buffett sobre o uso de derivativos :"Eu acho que é um jogo de tolos".

No entanto, mais uma vez o Oráculo de Omaha está rindo. A justificativa? A empresa de Buffett teve um ganho 222 milhões de dólares com derivativos. Nada mal para um "fool's game". Talvez, o segredo de tanto sucesso esteja nesta frase da última carta anual da Berkshire: "Para que não termine com uma nota mórbida, eu quero garantir-vos que nunca me senti melhor. Eu amo gerenciar a Berkshire, e se aproveitar a vida promove a longevidade, o recorde de Matusalém está em perigo"

07 novembro 2010

IFRS e US GAAP


A figura acima mostra a diferença, em euros e em 31 de dezembro de 2008, dos ativos do Deutsche Bank, banco alemão, que preparou suas demonstrações segundo as normas da IFRS e as normas contábeis dos Estados Unidos. A grande diferença no total (2.202 bilhões de euros versus 1.030 bilhões) deve-se ao tratamento dos derivativos (1.224 versus 128) nas duas normas.

Segundo Felix Salmon, da Reuters, isto impede de fazer comparações e rankings sobre os maiores bancos do mundo.

31 outubro 2010

Derivativos

BRASÍLIA e RIO. O Banco Central (BC) e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) fecharam parceria de cooperação operacional e de troca de informações para melhorar a regulamentação e a supervisão dos mercados financeiros e de valores mobiliários. Em comunicado divulgado ontem, as autarquias informaram que tanto BC quanto CVM avaliarão modelos de contratos de derivativos usados nas negociações na BM&F Bovespa, com referência em ouro, moedas, juros, entre outros. Além disso, o BC passará a ter acesso a dados sobre as carteiras de fundos, operações com derivativos e outras exposições relevantes.

O governo vem fechando o cerco a operações com derivativos. Neste mercado, os investidores fecham contratos apostando numa determinada cotação do dólar ou taxa de juros, por exemplo, uma data futura, quando o contrato vencerá. Os negócios com câmbio vêm sendo apontados como um fator de pressão para a queda do dólar. Este mês, foi elevado de 0,38% para 6% o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) sobre a margem de segurança — recursos que os estrangeiros são obrigados a depositar quando fecham contratos de dólar no mercado futuro. O objetivo é reduzir a entrada de moeda para investimentos especulativos.

Ex-presidente da Light paga R$150 mil para encerrar processo

O acordo prevê ainda a manifestação recíproca e prévia sobre projetos de normas que possam ter impacto na condução das políticas monetária, cambial e de crédito. Para o presidente do BC, Henrique Meirelles, o convênio permitirá um melhor monitoramento da estabilidade e dos riscos do sistema.

A CVM também divulgou ontem que aceitou proposta do ex-presidente da Light José Luiz Alquéres e do ex-vice-presidente Ronnie Vaz Moreira de pagar R$150 mil, cada um. A autarquia vai suspender um processo a que os dois respondiam por terem vendido ações da companhia enquanto a Light comprava seus papéis no mercado.

A CVM informou que nos pregões de 30 de novembro a 30 de dezembro de 2009 foram feitas operações simultâneas de recompra de ações, pela companhia, e de venda, por Alquéres e Moreira. Alquéres vendeu R$63,84 milhões, e Vaz Moreira, R$42,56 milhões, sendo que a Light adquiriu 21% do total.

A atuação sugeria infração à instrução que fixa que “antes da divulgação ao mercado de ato ou fato relevante ocorrido nos negócios da companhia, é vedada a negociação com valores mobiliários de sua emissão, ou a eles referenciados, pela própria companhia aberta, pelos acionistas controladores, diretos ou indiretos, diretores, membros do conselho de administração (...)”.

A CVM concluiu que não houve prejuízos à Light e irregularidade nos ganhos por eles obtidos. Procurados, Alquéres e Moreira não foram encontrados para comentar o assunto.


BC terá acesso a dados de operações com derivativos - 30 Out 2010 - O Globo
Patrícia Duarte e Emanuel Alencar

25 setembro 2010

Derivativos II

A percepção de que a crise financeira internacional iniciada nos Estados Unidos teve ligação direta com o mercado de derivativos levou a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) a colocar em audiência pública, nesta sexta-feira, uma minuta para alterar a Instrução 467/08, que trata da aprovação de contratos derivativos negociados ou registrados nos mercados organizados de valores mobiliários.

O objetivo da autarquia é adotar medidas que permitam a transparência do mercado de balcão, contribuindo para uma administração "mais adequada de riscos pelos seus participantes" e viabilizando o "acompanhamento das exposições pelos reguladores", de acordo com o edital da audiência pública.

De acordo com o texto do edital, as raízes da crise foram os mercados e produtos não regulamentados. Daí nasceu o objetivo de elevar a regulamentação desses mercados e os derivativos de balcão foram considerados os de maior consenso no país.

Entre as medidas que deverão ser implementadas está a maior padronização das operações de balcão, de modo a reduzir a sua excessiva diversidade. Além disso, a CVM está propondo a criação de estímulos para a migração dessas operações, que geralmente não são padronizadas, para plataformas de negociação. A medida aumentará a liquidez e a transparência no processo de formação de preços.

A minuta, se aprovada conforme a indicação inicial da CVM, vai estimular a liquidação das operações com derivativos por meio de contrapartes centrais, entre câmaras de registro, compensação e liquidação de operações. O objetivo, nesse caso, é permitir a melhor administração dos riscos.

Outra alteração seria a obrigatoriedade de registro das operações com derivativos quando não forem negociadas em mercados organizados ou em centrais registradoras. Neste caso, faltam padrões de negociação e transparência para os investidores e reguladores.

As modificações ficam em audiência pública até o dia 24 de outubro, prazo em que qualquer interessado pode enviar sugestões ou comentários à CVM para tentar aprimorar as regras do mercado brasileiro de derivativos.

De acordo com a autarquia, apesar de o Brasil estar propondo mudanças na legislação, o país foi considerado "adequado aos padrões que se pretende começar a adotar ao redor do mundo e que muito da experiência brasileira pode servir de apoio ao desenvolvimento da infraestrutura de mercado em outras jurisdições".


Juliana Ennes | Valor - Após a crise, CVM propõe mudanças nas regras de derivativos - Sex, 24 Set de 2010, 03h08

21 setembro 2010

Derivativos e Convergência

Trata o presente artigo de um estudo sobre a participação dos instrumentos financeiros derivativos nos ativos e passivos totais das empresas, diante do processo de convergência das normas contábeis brasileiras aos padrões internacionais do IASB. O artigo objetiva analisar a participação dos derivativos no balanço patrimonial de empresas brasileiras, antes e após a entrada em vigor da Lei 11.638/07. Os resultados apontam para um acréscimo considerável dos derivativos nos ativos e passivos das empresas analisadas, sendo superior no ativo em relação ao passivo. Conclui-se que, pela análise realizada, que não se pode afirmar se essas variações são integralmente oriundas das modificações previstas na Lei 11.638/07 e no Pronunciamento CPC 14, ou se parte delas decorrem de transações normais das companhias, com aumentos ou diminuições nos contratos. Provavelmente, devem ser originadas de ambos os casos.


PARTICIPAÇÃO DOS INSTRUMENTOS FINANCEIROS DERIVATIVOS NO BALANÇO PATRIMONIAL DE COMPANHIAS BRASILEIRAS - Roberto Carlos Klann, Paulo Roberto da Cunha, Jorge Ribeiro de Toledo Filho - RIC - vol. 4 n. 2

Resumo

27 agosto 2010

Sadia

O ex-diretor financeiro da Sadia Adriano Ferreira ganhou hoje uma batalha contra a Sadia, na ação por responsabilidade civil iniciada pela empresa contra o executivo por conta dos derivativos cambiais que causaram perda financeira de R$ 2,5 bilhões ao negócio em 2008.

Em uma decisão de dois votos contra um, a 4ª Câmara de Direto Privado decidiu encerrar o processo sem julgamento do mérito, atendendo aos argumentos da defesa de Ferreira. A companhia também terá de arcar com os custos do processo.

Ferreira não quis comentar o assunto. A BRF-Brasil Foods também decidiu que não falará do tema.

A empresa, contudo, ainda pode tentar reverter a decisão no discussão ao Superior Tribunal de Justiça (STJ).


Sadia perde processo contra ex-diretor sobre uso de derivativos - Graziella Valenti e Zínia Baeta | Valor

Recomendo fortemente a leitura do artigo sobre a Sadia na revista Piauí, onde a história é detalhada. Era previsível que a empresa iria perder: segundo uma regra antiga da administração, delega-se tarefas, não responsabilidade.

23 fevereiro 2010

Conselheiros

O jornal Valor Econômico de 22 de fevereiro explora a questão dos Conselhos nas empresas abertas, em particular no caso Sadia. Esta empresa até 2007 apresenta uma elevada lucratividade na área financeira, obtida através de investimentos de elevado risco, apresentou um elevado prejuízo em razão da mesma área financeira em 2008.

As perdas, decorrentes da própria turbulência do mercado, não atingiram somente a Sadia. Empresas como Votorantim Industrial (prejuízo de 2,2 bilhões de reais) e Santa Elisa (380 milhões) são exemplos citados no texto Empresa foi primeira a revelar o uso de derivativos "tóxicos", de Graziella Valenti. Este texto estima que os valores totais de perdas foi de 30 bilhões de reais. O número é uma estimativa grosseira, já que algumas empresas eram de capital fechado e não divulgaram os problemas nas demonstrações contábeis.

O principal problema decorreu da questão cambial. O texto explica isto:

O objetivo inicial das empresas que contratavam era ganhar ou se proteger da contínua queda do dólar. Daí a maior adoção por grandes exportadoras como Sadia e Aracruz, que tinham 50% e 95% das receitas atreladas ao dólar, respectivamente. A operação funcionava como uma banda cambial, mas com ganhos limitados e perdas imprevisíveis e ilimitadas.

Na prática, a companhia adquiria o direito de vender dólar ao banco por um preço acima do mercado. Assim, maximizava a receita de exportação, que vinha perdendo com a valorização do real.

Mas havia um teto estabelecido para isso e, caso o dólar subisse e ficasse acima dessa faixa, a empresa era obrigada a vender duas vezes mais dólar ao banco por um preço preestabelecido. Nesse cenário, a companhia acabava tendo que comprar a moeda no mercado por um preço superior ao que venderia ao banco, o que resultava em perda de caixa - não só de marcação a mercado.

A conseqüência contábil da crise foi um maior rigor, por parte da CVM e do Banco Central, no que diz respeito à evidenciação das operações.

Num outro texto, Conselho da Sadia na fogueira, também de Graziella Valenti, o foco é a perda de R$2,6 bilhões na Sadia. O texto informa que a CVM abriu um processo contra catorze pessoas pelo episódio. Basicamente o texto questiona onde estava o Conselho que não fez nada para impedir os eventos na empresa. Como ocorre na maioria dos Conselhos das empresas abertas no Brasil, parte dos membros são pessoas cujo principal atributo é ser parente próximo do acionista controlador ou pessoas que possuem prestígio no governo ou no mercado. No primeiro caso faziam parte do Conselho da Sadia alguém com sobrenome Furlan; no segundo caso, o consagrado consultor de empresas Vicente Falconi (aqui, uma lista de livros do consultor). Naturalmente que os conselheiros que responderam à reportagem recusaram a responsabilidade. (É o padrão do conselheiro brasileiro: só querem o bônus, mas não o ônus)

Um último texto, Casa do Sadia expõe riscos da profissão de conselheiro, também de Valenti, parte para opinião de quatro especialistas da área. No final, um texto interessante:

No caso da Sadia, havia um comitê financeiro e um de auditoria, para assessorar o colegiado. Cassio Casseb, Everaldo Nigro dos Santos, Walter Fontana Filho e Roberto Faldini compunham o órgão dedicado às finanças. Francisco Céspede, Roberto Faldini e José Marcos Konder Comparato formam o núcleo dedicado à auditoria.

O conjunto de reportagem pecou por não observar mais de perto a questão dos controles internos e da auditoria. Quem sabe numa próxima reportagem.

Sobre o assunto Sadia, um texto da Revista Piauí descrevendo o que ocorreu na empresa. A recomendação ainda vale.

12 fevereiro 2010

Contabilidade criativa grega

Goldman Sachs ayudó a que el gobierno griego ocultara la verdadera magnitud de sus déficit con la creación de contratos de derivados que legalmente permiten eludir las normas de control. Grecia entregaba información estadística a Eurostat de una manera que no tenía como ser contrastada con la realidad.

Una cosa es la contabilidad creativa, pero otra es el intento de fraude y engaño. Como las normas de Maastricht amenazan con aplicar fuertes multas a los países miembros del euro que superen el límite del déficit presupuestario del 3%, Grecia recurrió al malabarismo financiero que le ofreció el banco estadounidense y hasta el momento principal ganador con la crisis financiera.

Las operaciones de cosmética contable se iniciaron el año 2002. En una ocasión todos los gastos militares fueron sacados de balance y en otro los miles de millones de euros de la deuda hospitalaria. Por eso, los expertos de Eurostat sufrían dolores de cabeza cada vez que les tocaba revisar las finanzas griegas. La ayuda de Goldman permitió crear figuras invisibles a los ojos de los controladores: los complejos derivados financieros con los cuales el gobierno podía obtener liquidez en préstamos diluídos a 30 años.

Goldman ideó un tipo especial de cambio para Grecia que le permitía acceder a créditos adicionales de hasta mil millones de euros. Este crédito se disfrazaba como intercambio y no aparecía en la deuda griega. Anteriormente, Italia también empleó un truco similar para enmascarar su verdadera deuda pública. En el caso de Grecia, el déficit que presentó el año 2002 fue de 1,2% del PIB. Cuando Eurostat revisó los datos el año 2004 el déficit llegó al 3,7% (tres veces el valor dado originalmente). De acuerdo a los registros actuales el déficit para ese año llegó al 6,1% (seis veces el valor inicial).

Todos estos temas serán debatidos hoy en la cumbre europea que decidirá los mecanismos de rescate que se aplicarán a Grecia. Si no se consigue un apoyo multilateral, Alemania ha comprometido su apoyo a Grecia para mantener la integridad de Europa. En todo caso, no actuar ya no se considera una opción válida.


Goldman Sachs ayudó a Grecia a disfrazar los déficit fiscales - Marco Antonio Moreno

22 janeiro 2010

Setembro Negro

A revista Piauí traz uma reportagem imensa sobre os problemas financeiros que ocorreram na Sadia. Com o título Setembro Negro [é necessário ser assinante ou ter um cadastro], Consuelo Dieguez mostra a história da empresa, desde o fundador Attilio Fontana até a crise dos derivativos. O texto apresenta as disputas internas, os erros gerenciais cometidos pelos seus executivos e, de forma mais superficial, a participação do governo na solução da crise.

Uma leitura interessante.

08 dezembro 2009

Mais informação

CVM vai apertar cerco a operações de empresas
O Globo - 8/12/2009 - 22
Juliana Rangel

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) publicou ontem a nova instrução 480, que exigirá um detalhamento maior de empresas sobre investimentos em derivativos, fatores de risco do negócio e remuneração de executivos. As regras, que estavam em consulta pública, foram consolidadas e já entram em vigor no próximo ano.

As informações serão prestadas via um novo formulário de referência, que substituirá o IAN (de informações anuais).

— O formulário novo traz informações detalhadas, parecido com um prospecto de emissão de ações. A tendência é que o prospecto fique mais enxuto — disse o superintendente de Relações com Empresas em exercício, Fernando Vieira.

Segundo a CVM, as empresas terão que divulgar a remuneração mais alta, a mais baixa e a média de diretores e membros do Conselho de Administração, mas não farão discriminação por CPF. Além do mais, terão de dizer que parte da remuneração é fixa ou vem de bônus.

Os dados deverão ser entregues até o fim de maio de cada ano. A divulgação de informações trimestrais também será mais ágil: passará de 45 dias após o fim de cada trimestre para 30, mas só a partir de 2012.

Outra novidade é a classificação de companhias estrangeiras que desejem emitir papéis no mercado brasileiro (por Brazilian Depositary Receipts, ou BDRs). Eles só poderão ser emitidos por companhias que, além de terem sede no exterior, tenham mais de 50% de seus ativos fora do país. Segundo a CVM, das dez empresas que têm BDRs, oito não se encaixariam nas novas regras: embora tenham receita, atividade e estrutura no Brasil, abrem sede no exterior, em locais com legislação mais frágil.

— Isso é indesejável porque essas empresas estão sujeitas à nossa lei 6.385 (de mercado de capitais), mas não à 6.404 (de sociedades por ações), que prevê os direitos fiduciários. Quem vai processar um administrador nas Bahamas, por exemplo, se não houve lá um investidor prejudicado? — indagou a superintendente de Desenvolvimento de Mercado, Luciana Dias.

As empresas também passarão a ser classificadas em duas categorias, de acordo com os tipos de emissões.

28 agosto 2009

Derivativos e consolidação

Usinas perdem R$ 4 bi com derivativos
Mônica Scaramuzzo e Cristiane Perini Lucchesi, de São Paulo
Valor Econômico - 28/08/2009

Os resultados negativos de usinas têm contribuído para aprofundar a consolidação no setor sucroalcooleiro

As perdas das usinas de açúcar e álcool com derivativos de câmbio atingiram R$ 4 bilhões durante a safra 2008/09. Esses prejuízos, estimados por empresas, bancos e consultorias financeiras ouvidas pelo Valor, enfraqueceram ainda mais boa parte das companhias do setor, que já enfrentavam problemas por conta do grande envididamento assumido para a construção de novas usinas, os projetos "greenfield".

Os resultados negativos de usinas têm contribuído para aprofundar o processo de consolidação no setor sucroalcooleiro. Grandes grupos que seriam potenciais compradores, como Santelisa Vale e Moema, foram colocados à venda. Dezenas de projetos de expansão e de novas unidades também foram interrompidos.

Os maiores bancos do país, que financiaram projetos de expansão, tornaram-se os maiores credores das usinas, inclusive o BNDES, que passou a ser sócio de alguns grupos.

Muitas das perdas das usinas foram contábeis, mas causaram impacto no caixa porque a piora nos índices de endividamento levou as companhias a quebrar cláusulas financeiras restritivas ("covenants") dos contratos de empréstimos. Com isso, credores puderam pedir resgate antecipado da dívida ou conseguiram negociar condições mais favoráveis de pagamento. A quebra de "covenants" - que limitam o endividamento da empresa em relação a uma série de indicadores e protegem os credores - é considerada semelhante à inadimplência e as empresas são obritadas a negociar um "waiver" (perdão) para não ter de quitar a dívida à vista. Foi o caso da Nova América, dona da marca União, incorporada neste ano pela Cosan. Em agosto do ano passado, os credores do grupo pediram o pagamento antecipado de uma dívida de US$ 300 milhões que venceria em 2013.

As perdas contábeis foram parcialmente revertidas neste ano com a queda do dólar para níveis entre R$ 1,80 e R$ 1,85 - a cotação superou R$ 2,50 no ano passado. Com cerca de 400 usinas em todo país, o setor sucroalcooleiro faturou R$ 40 bilhões na safra 2008/09, dos quais cerca de US$ 7,5 bilhões foram provenientes das exportações de açúcar e álcool.

23 julho 2009

Sadia e o ex-executivo

Ex-diretor da Sadia busca compensação por "danos morais"
Por Graziella Valenti, de São Paulo - Valor Econõmico - 22/7/2009

A luz amarela sobre o risco dos derivativos cambiais contratados pela Sadia começou a piscar já no começo de agosto do ano passado. Naquele mês, a gerência financeira da empresa já tomou conhecimento sobre perdas, ainda pequenas, de alguns instrumentos, por conta da alta do dólar. Contudo, a expectativa daqueles que estavam envolvidos nessas operações era de que o movimento da moeda fosse passageiro.

Passado um mês, no entanto, a tendência de alta do dólar se intensificou . No dia 12 de setembro, o então diretor financeiro da empresa, Adriano Ferreira, informou o conselho de administração da Sadia, presidido na ocasião por Walter Fontana Filho, sobre a situação.

O mercado só tomou conhecimento dos prejuízos no dia 25 daquele mês, depois que o executivo fechou captação de R$ 911 milhões com o Banco do Brasil para recompor o caixa da companhia. No dia seguinte, foi demitido.

Os contratos de risco firmados pela empresa trouxeram um prejuízo financeiro de R$ 2,6 bilhões, afetaram dramaticamente sua estabilidade financeira e a situação culminou na venda do negócio à Perdigão, em maio deste ano, numa operação societária para criação da Brasil Foods.

Esse cronograma da circulação das informações dentro da Sadia consta do processo trabalhista que Ferreira move contra a Sadia desde 5 de junho, a qual o Valor teve acesso na manhã de ontem, antes da audiência inicial sobre o caso.

O executivo entrou com a ação exatos 13 dias antes de a companhia iniciar a ação civil de responsabilidade contra ele - decidida em 6 de abril, em assembleia de acionista. A batalha judicial, portanto, será uma via de mão dupla. Já a ação da Sadia busca responsabilizar Ferreira pelo episódio e o ressarcimento do prejuízo bilionário.

Ferreira busca de direitos trabalhistas para o período em que atuou como diretor estatutário (regime privado, de setembro de 2006 a setembro de 2008) e também de ressarcimento por danos morais e materiais, alegando que a decisão da empresa de elegê-lo como único responsável pelas perdas prejudicou sua imagem e o comprometeu o futuro de sua carreira. Na ação, não estabeleceu um valor para cobrir as perdas que julga ter sofrido.

O Valor teve acesso apenas à argumentação de Ferreira. A defesa da Sadia ainda não estava anexada aos documentos, o que ocorreu ontem, durante a audiência inicial do processo na 61ª Vara do trabalho da capital paulista, na tarde de ontem. A juíza Thereza Christina Nahas atendeu ao pedido da Sadia e colocou a discussão sob segredo de justiça. Ou seja, apenas as partes podem ter acesso aos documentos e às audiências. Consultada, a companhia informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que só irá se manifestar sobre a questão na Justiça.

Na audiência, que contou com a presença de nove representantes da Sadia, ambas as partes afirmaram não haver possibilidade de acordo. Ferreira sequer estabeleceu um valor a partir do qual encerraria a disputa.

(...)

21 junho 2009

Aracruz e imprensa

A reportagem a seguir mostra a relevância da imagem.

Aracruz mede estrago na sua imagem
17/06/2009
Valor Econômico

O estrago provocado pelas operações mal feitas com instrumentos derivativos acabou trazendo prejuízos àAracruz Celulose muito além dos financeiros. A fabricante de celulose viu sua imagem ser manchada pelas notícias sobre as operações financeiras e decidiu medir o tamanho do índice de exposição negativa na mídia impressa.

A quantidade de reportagens jornalísticas publicadas depois de a empresa ter admitido as bilionárias perdas financeiras cresceu 28.100% no período de agosto e dezembro. Nos meses anteriores, de janeiro a julho, a quantidade de notícias ruins já tinha sido 100% maior.

Em todo o ano, a exposição negativa da Aracruz na mídia representou um crescimento de 6.700%, o que acabou ocupando 16.200 centímetros por coluna. Como comparação, isso significa o equivalente a um jornal com 54 páginas inteiras (tamanho "standard", igual ao qual o Valor é impresso) preenchidas apenas com as matérias, excluindo espaço para fotos, artes e anúncios. Em 2007, o número de artigos negativos havia sido de 200 centímetros por coluna, o que mal preenchia uma página.

Mesmo assim, a Aracruz teve mais reportagens positivas no ano, causadas principalmente pelos anúncios de novos investimentos em fábricas no Rio Grande do Sul e Minas Gerais - que foram depois adiados - e a compra da Arapar pelo grupo Votorantim. Foram 31.800 mil centímetros por coluna, o dobro da quantidade de notícias ruins. A empresa avaliou que sua imagem institucional nas regiões onde opera permaneceram estáveis, a despeito das notícias sobre os derivativos.

Os dados constam de levantamento publicado pela própria Aracruz no seu recém-publicado relatório anual de sustentabilidade. O documento traz informações sobre diversos índices, os quais incluem os dados relativos aos ativos intangíveis da Aracruz - ativos não-físicos, como a imagem da empresa. Procurada, a Aracruz não quis conceder entrevista para falar sobre os índices divulgados sobre a visibilidade da empresa.

A crise também levou a empresa a ser excluída neste ano do índice Dow Jones de Sustentabilidade Global (DJSI World), da Bolsa de Valores de Nova York, que seleciona as empresas com melhores práticas de sustentabilidade no mundo corporativo. A empresa fez parte do índice desde sua criação, por quatro anos consecutivos.

Os prejuízos à imagem da empresa em 2008 podem ser um dos motivos de extinção do nome Aracruz a partir da fusão da companhia com aVotorantim Celulose e Papel (VCP), tema em estudo pelos novos donos da fabricante de celulose. Nas próximas semanas, os novos acionistas da gigante de celulose, o grupo Votorantim e o BNDESPar, deverão divulgar as novidades, como o novo nome da empresa e seu corpo diretivo.

"Os acionistas têm algumas alternativas se não quiserem utilizar o nome Aracruz: engavetar o nome da empresa para que ninguém o utilize, reduzir o peso da marca dando nome a uma unidade, um segmento ou um ativo ou ainda vendê-lo para terceiros", opina o presidente da GlobalBrands, José Roberto Martins, especialista em marcas.

26 maio 2009

Derivativo - Contabilização

Derivativo exótico tem novo registro
Valor Econômico - 26/5/2009

Depois do susto com o câmbio no final do ano passado, os bancos e empresas brasileiras têm agora de ser mais explícitos ao registrar suas transações de derivativos, informa Jorge Sant'Anna, superintendente da Cetip. "As operações mais alavancadas, como por exemplo o 'target forward', não eram claramente registradas", diz o executivo.

Segundo ele, havia notas explicativas detalhando a transação. Mas o valor total da exposição ao risco, o chamado nocional ou valor de face do derivativo, não ficava explícito no sistema da Cetip. "O detalhamento não era imediato", afirma. A não ser que os técnicos fossem se debruçar a analisar cada um dos contratos 50 mil contratos registrados, não era possível perceber que aquele contrato aparentemente simples de dólar futuro de US$ 100 milhões embutia opções e significava uma exposição de US$ 2,4 bilhões a ainda por cima com uma alavancagem de dois para um.

"Criamos uma comissão com a Febraban (a entidade dos bancos) e tentamos tirar algumas lições com a crise", diz ele. Uma delas foi que era preciso melhorar a forma do registro desses produtos que ele classificou de "exóticos". Agora, esse detalhamento é obrigatório e a Cetip pode não aprovar a transação, se considerar de muito risco ou avaliar que o ativo subjacente do derivativo não tem valor de mercado.

De posse da informação da exposição total do mercado de forma sistêmica, não mais descritiva, a Cetip pretende passar a fornecer dados para que os participantes possam marcar a mercado os preços dos contratos e fazer uma gestão ativa de garantias. Os reguladores também vão poder saber, naquele dia, qual o ajuste que os participantes teriam que pagar se os contratos fossem liquidados.

Segundo Sant'Anna, no mercado internacional o BIS (Banco para Compensações Internacionais) calcula periodicamente de forma estimada o valor do ajuste necessário dos derivativos. Enquanto o valor de face dos contratos no mercado de balcão caiu dos US$ 683 trilhões em junho de 2008 para US$ 591,9 trilhões no final do ano, o ajuste necessário para liquidar esses contratos chegou ao recorde histórico de US$ 33,88 trilhões, na comparação com os US$ 20,3 trilhões em junho. Os depósitos de garantias passaram de US$ 3,8 trilhões para US$ 5 trilhões no mesmo período. No Brasil, lembra Sant'Anna, será possível saber os números exatos diariamente e não apenar fazer estimativas provavelmente subestimadas.

O executivo diz que as novas regras para o mercado de derivativos propostas pelo secretário do Tesouro americano, Timothy Geithner, no dia 13, são semelhantes ao modelo adotado há tempos no Brasil. "A ideia é que as empresas, os bancos e os fundos tenham de registrar todo o contrato fechado entre duas partes, o que já acontece no mercado brasileiro", afirma Sant'Anna.

Até agora, o chamado mercado de balcão é uma incógnita para os reguladores americanos e no mundo todo. Somente por meio dos balanços de bancos, empresas ou relatório dos fundos de hedge é possível estimar o que acontece. No Brasil, esses contratos têm de ser registrados ou na Cetip ou na BM&FBovespa. Dessa forma, é possível saber exatamente que o estoque desses derivativos de balcão é de R$ 419,6 bilhões na Cetip e de R$ 15,2 bilhões na BM&FBovespa.

No Brasil, a ampla maioria dos negócios acontece no ambiente da bolsa de futuros, com estoque de R$ 1,97 trilhão. No mercado externo, há estoque de US$ 591,9 trilhões no balcão e de US$ 57,8 trilhões em bolsa. "Os reguladores estão pressionando para que mais produtos sejam negociados em bolsa, com contraparte central, o que também já acontece no Brasil." Ele lembra que a ideia de acabar com mercado de balcão nos Estados Unidos não vingou. "O debate sobre o que acontece com os americanos é fundamental, pois vai determinar o futuro para a indústria no mundo todo", considera ele.

17 abril 2009

Derivativos e Jogo


Um contrato de derivativo é formalmente identico a uma loteria, a uma aposta (simples ou composta ou a um jogo. (...) Igual a todas as formas de jogo (deliberadamente tomador de risco), jogar com mercado de derivativos pode ser viciante. Isto cria argumentos parternalistas para regular, restringir ou banir a atividade. (...)


Fonte: Useless finance, harmful finance and useful finance – Financial Times – 12/4/2009