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04 outubro 2011

Câmbio 2


Conhecida a taxa de câmbio que será base para os balanços no terceiro trimestre, as empresas começam a fazer as contas e ver o efeito da alta do dólar em seus resultados do período. A expectativa é que os números sejam impactados negativamente pela variação brusca do câmbio no final do trimestre.


O maior reflexo será no endividamento das empresas, que cresceu 20% na parcela de dívida em moeda estrangeira desde o fechamento dos balanços do segundo trimestre, em junho, segundo estudo da Economática com 241 companhias listadas na Bovespa. Essa dívida atingiu o equivalente a R$ 182,3 bilhões em setembro, tendo como base o dólar fechado nesta sexta-feira, 30, a R$ 1,8455.


Ter dívidas maiores em seus balanços pode representar também alta de custo. Com a alavancagem maior (relação da dívida líquida sobre o Ebitda), muitas empresas podem descumprir cláusulas de compromissos financeiros, conhecidas como covenants, e ter de pagar mais para renegociar a dívida.


Algumas empresas até já anteciparam o resgate de debêntures esta semana. A Providência, fabricante de não tecidos, fez o movimento exatamente para não ver seus covenants descumpridos. O mercado gostou da iniciativa acreditando que, com isso, a empresa se antecipou ao desgaste de renegociação com credores.


Fibria e Suzano, fabricantes de papel e celulose, são dois exemplos de companhias que devem ver suas alavancagens subirem. A relação dívida líquida/Ebitda da Fibria deverá se aproximar de 4 vezes. Já o indicador na Suzano pode se aproximar de 3,5 vezes, números considerados elevados para duas companhias cujas metas são manter essa relação abaixo de 3,5 vezes.


No caso da Fibria, a companhia tem cláusulas contratuais vinculadas a operações de financiamento que determinam que a alavancagem não poderá superar 4,25 vezes ao final do terceiro trimestre de 2011 e 4 vezes entre dezembro de 2011 e setembro de 2012. A Suzano não divulga as condições de cláusulas semelhantes feitas com as instituições financeiras.


Benefícios. Se o impacto da alta do dólar mostra efeitos negativos na dívida, empresas exportadoras, como as próprias Fibria e Suzano, podem se beneficiar com o aumento da receita. O setor de açúcar e álcool mostra bem isso. O impacto da valorização do dólar é minimizado pelo fato de que as dívidas em moeda estrangeira são vinculadas aos contratos de exportação.


"As dívidas são feitas em Adiantamento de Contrato de Câmbio (ACC) ou pré-pagamentos de exportação, o que transforma a exportação em um hedge natural, não impactando o setor", explicou Alexandre Figliolino, diretor do Itaú BBA. Na Cosan, por exemplo, a valorização do dólar deve gerar saldo líquido positivo de R$ 758 milhões, segundo a analista do Itaú BBA Giovana Araujo.


Lógica parecida vale para a indústria de alimentos e bebida, que tem entre os seus representantes diversas companhias com grande peso nas exportações brasileiras. Luiz Fernando Furlan, membro do conselho de administração da BRF Brasil Foods, lembra que as exportações representam 40% das vendas do grupo. Isso proporciona um hedge natural da ordem de US$ 500 milhões por mês, suavizando os impactos da variação cambial na linha da dívida.


O risco cambial recai mesmo é sobre companhias que têm um descasamento entre despesas e receitas, por faturarem em reais e se endividarem e terem despesas em moeda estrangeira, como ocorre nos setores de saneamento e de aviação civil. Enquanto o primeiro setor tem como característica utilizar recursos de organismos multilaterais para financiar os seus projetos de expansão, o segundo tem parte de seus custos operacionais e financeiros em dólar.


Gol e TAM terão impacto negativo do câmbio nos resultados do terceiro trimestre, já que algo entre 50% e 60% dos custos estão direta ou indiretamente atrelados ao dólar. O que salva as empresas, segundo analistas ouvidos pela Agência Estado, é a queda do preço internacional do petróleo e o movimento, já iniciado, de aumento das passagens. Com isso, a expectativa é de melhora nos resultados no segundo semestre, apesar do câmbio.


Para a Sabesp, do setor de saneamento, a alta do dólar tem impacto relevante, tendo em vista que a estatal recorre aos bancos multilaterais para financiar os seus projetos. Hoje, 30% da dívida são denominadas em moeda estrangeira. "Sob este aspecto, não tem como não sermos afetados. Como o dólar não recuou para o patamar antigo na virada do trimestre, é inevitável o impacto da variação cambial", afirma o superintendente de Captação de Recursos e Relações com Investidores da Sabesp, Mario Sampaio. Segundo o estudo da Economática, a empresa fechou setembro de 2011 com uma dívida em moeda estrangeira de R$ 2,89 bilhões, alta de 18,7%. A estratégia para minimizar esse problema é diluir os vencimentos das dívidas em moeda estrangeira no longo prazo, o que diminui a pressão sobre o caixa da companhia.


O levantamento produzido pela Economática não considera as estratégias de hedge adotadas pelas empresas para minimizar os efeitos da variação cambial em seus resultados, nem o hedge natural que companhias com receitas em dólares possuem, como as exportadoras e a holding federal Eletrobras. Além disso, 76 empresas não participaram do estudo por não publicarem em seus ITR as informações sobre as dívidas em moedas estrangeiras, entre elas a Vale, a CSN, a Gerdau, a CCR e a Usiminas. Nesses casos, os dados constam nas notas explicativas dos balanços, cujas informações não são processadas e acompanhadas pela Economática. (colaborou André Magnabosco, Eduardo Magossi e Silvana Mautone)


Empresas abertas fecham balanço com dívida em dólar 20% maior - Estado de S Paulo - 2 out 2011 - Wellington Bahnemann. Imagem, aqui

23 setembro 2011

Quem são os donos dos títulos da dívida soberana?

Por Pedro Correia

O gráfico mostra quem são os detentores da dívida soberana da Inglaterra, Reino Unido, EUA, Irlanda, Portugal, Japão e Grécia.Em relação aos EUA,observe que quase a metade - 47 por cento - da dívida de 14,7 trilhões de dólares está nas mãos do Federal Reserve e outras instituições governamentais, como o fundo da Seguridade Social. Além disso, 22% está com banco centrais estrangeiros.


Gráfico

06 agosto 2011

Dívida norte-americana é AA+

A agência de classificação de risco Standard and Poor's rebaixou nesta sexta-feira a nota da dívida americana de longo prazo, que tinha a nota máxima, AAA, para AA+. Esta foi a primeira vez na história que a agência classificou a dívida dos Estados Unidos abaixo do nível máximo.

A Standard and Poor's considerou que o acordo fechado entre o governo americano e o Congresso para elevar o teto do endividamento do país não foi suficiente para reduzir a preocupação com o futuro da economia dos EUA.

"O rebaixamento reflete a nossa opinião de que o plano de consolidação fiscal que o Congresso e o governo recentemente fecharam não atinge o objetivo do que, ao nosso ver, seria necessário para estabilizar a dinâmica da dívida do governo a médio prazo", diz um comunicado da Standard and Poor's, divulgado na noite de sexta-feira.

"De maneira mais ampla, o rebaixamento reflete a nossa visão de que a eficiência, a estabilidade e a previsibilidade da elaboração de políticas americanas e das instituições políticas enfraqueceram em um momento de desafios correntes fiscais e econômicos."

Durante o dia, quando surgiram rumores sobre um possível rebaixamento da dívida americana, integrantes não-identificados do governo disseram à mídia do país que a análise da situação econômica feita pela agência estava profundamente equivocada.

Correspondentes afirmam que o rebaixamento pode corroer ainda mais a confiança dos investidores externos na economia americana, que já enfrenta dificuldades para sair da recessão, com enormes dívidas e uma taxa de desemprego de 9,1%, considerada alta para o país.

Obama

Nesta semana foram registradas quedas em vários mercados em meio a uma crise de confiança sobre a resposta da zona do euro para a crise e a lentidão da recuperação das economias europeias e americana.

Mais cedo, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, tentou tranquilizar os mercados globais, dizendo que "as coisas vão melhorar".

"Vamos atravessar isso juntos. As coisas vão melhorar", disse ele, que comentou os dados divulgados nesta sexta-feira que mostram que foram criados 117 mil empregos no país, reduzindo o desemprego de 9,2% para 9,1%.

"Temos que fazer ainda melhor que isso", disse o presidente americano.

O mercado de ações mostrou sinais de recuperação com a divulgação dos dados americanos - o índice Dow Jones fechou em alta de 0,54%.

A Bovespa também fechou com leve alta, de 0,26%.

Na Europa, no entanto, o índice FSTE de Londres fechou em baixa de 2,72%, enquanto o Dax, de Frankfurt, caiu 2,78%.

Mais cedo, as bolsas asiáticas fecharam em forte queda: no Japão, as perdas do principal índice foram de 3,4%. A bolsa da Coreia do Sul caiu 3,7%, a da Austrália fechou em baixa de 3,9% e Hong Kong teve queda de 4,4%.

Na quinta-feira, Wall Street teve o pior dia em mais de dois anos. Foram registradas quedas nos preços do petróleo e até do ouro, metal que, em meio aos temores de uma nova recessão, havia se tornado um “porto seguro” para os investidores.

Ações de montadoras, firmas de commodities, mineradoras, bancos e negócios imobiliários não escaparam do clima negativo nos mercados.


BBC Brasil

02 agosto 2011

Polar


Num dos maiores escândalos financeiros da história do Chile, uma única rede de lojas de departamento conseguiu lesar 12% das famílias do país, colocando em cheque auditorias internacionais, ameaçando os pilares do sistema privado de previdência e trincando a vitrine liberal do primeiro presidente de direita a assumir democraticamente o governo do país em 50 anos.


A estratégia da Polar, uma das maiores lojas de departamento do Chile, consistia em, primeiro, dar crédito fácil a quem não podia pagar. Em seguida, as dívidas de clientes inadimplentes eram renegociadas ou repactuadas unilateralmente, várias vezes, com inúmeros encargos. Nos casos mais graves, a loja multiplicava essas dívidas em mais de 30 vezes, sem o consentimento do cliente. Em menos de um ano, 418.826 chilenos foram lesados. Mas o estrago pode ser muito maior - além das vítimas do crediário, milhares de donos de ações da Polar também acabaram pagando a conta, entre eles, fundos privados de pensão.


(...) Com a descoberta tardia da fraude, a queda nas ações da Polar foi uma questão de tempo. Em pânico, a Bolsa de Santiago suspendeu as vendas dos papéis por uma semana. Os acionistas eram iludidos por um truque da empresa, que apresentava milhares de "dívidas morosas" (que ela não tem expectativa de receber) como "dívidas vigentes". Isso era possível graças à maquiagem das renegociações. Com isso, a Polar parecia mais saudável do que realmente era. (...)

O Castelo de cartas da chilena Polar - Estado de S Paulo - 27 de julho de 2011 - N3

23 julho 2011

Dívidas surgiram antes do dinheiro

O aumento do endividamento no Brasil preocupa o governo e os brasileiros, mas uma análise histórica sobre este tipo de problema indica que, no longo prazo, pode não ser algo tão novo ou urgente. “Na história da humanidade, a maior parte das pessoas foi endividada, pelo menos em algum ponto de sua vida. O aumento do endividamento é uma repetição da história”, explicou David Graeber, antropólogo que estudou a história do dinheiro e das dívidas.

Graeber lançou neste mês nos Estados Unidos o livro “Debt, The First 5000 Years” (Dívida, os primeiros 5 mil anos), em que analisa a perspectiva histórica das relações de dívida. Segundo ele, a história do dinheiro é a mesma história do sistema de crédito e débito. Ao contrário do que se pode pensar, entretanto, a dívida surgiu antes do dinheiro. “Os sistemas de crédito vieram primeiro, e as moedas foram inventadas muito tempo depois”, explicou.

Após estudar o tema, ele diz que os primeiros registros que existem do sistema de dívida e crédito são de 3 mil anos antes de Cristo, mas é impossível ter certeza exatamente de quando ele surgiu. “O dinheiro não surgiu na forma impessoal e fria, como metal e com valor intrínseco. Ele originalmente aparece como forma de medida, uma abstração, mas também como uma relação de dívida e obrigação entre seres humanos”, disse.

Nascido nos Estados Unidos, Graeber é professor da Universidade de Londres, na Inglaterra. Segundo ele, contar a história simplista de que a economia surgiu nas primeiras cidades em que moedas foram usadas para trocas comerciais, “para comprar uma vaquinha”, é uma forma de eliminar os elementos sociais e críticos da questão. Segundo ele, a ideia de dívida é a arma mais potente já usada pelos poderosos para convencer as pessoas de que elas têm que obedecer a seu poder e é tudo por culpa delas mesmas. Um exemplo disso até os dias atuais seria a exploração de trabalho escravo de imigrantes para pagarem as dívidas da própria viagem.

“Na verdade, tudo o que consideramos comportamento natural de mercado é um efeito colateral de guerras e confrontos entre as pessoas. Isso gerou a escravidão e a ideia de dívida social entre vencedores e perdedores. Os mercados de dinheiro sempre tiveram relação com campanhas militares. As pessoas preferem não olhar isso de forma direta, mas é uma parte essencial do capitalismo”, explicou.

Sempre que um povo vence o outro em uma guerra trata-se da ideia de conquista, e os derrotados devem aos vencedores por isso, explicou. Os povos sempre têm que pagar por terem sido conquistados, ele explica, e as vítimas se sentem responsáveis por seu próprio sofrimento.

Fonte: aqui

06 julho 2011

Dívida do Brasileiro

Com respeito a dívida do brasileiro, o Financial Times alerta o risco que isto pode representar para economia. Aqui um resumo e alguns dados interessantes, que reproduzo:

- A taxa de juros paga pelos consumidores subiu de 41% ao ano em 2010 para 47% ao ano em maio de 2011; 
- 50% da renda da classe média é usada para pagar dívidas; 
- a inadimplência (atraso de mais de 15 dias no pagamento) subiu de 7,8% em dezembro do ano passado para 9,1% em maio último; 
- a poupança do País, soma de recursos que consumidores, empresas e governo poupam, estava em 17% em 2010; a média dos mercados emergentes é de 32%.

Balanço do flamengo

Uma dica do Alexandre dos Santos (grato):

Algum tempo atrás soube que o Flamengo atravessou 2010 sem um contador em seu quadro de funcionários. Apesar da seriedade e conhecimento da fonte que revelou-me essa informação, achei-a incrível – no sentido de algo não crível, difícil de acreditar. Mas, acreditei, claro, pois minha fonte é séria e conhece bem esse clube e outros mais. Passado algum tempo, outras pessoas disseram-me a mesma coisa, só confirmando o absurdo de tal fato.

Não creio que esse buraco no quadro funcional tenha prejudicado a elaboração do balanço, pois um contador sem vínculo empregatício com o clube respondeu pela contabilidade, mas esse é um fato que merece reflexão. Estrutura não é somente meia dúzia de tijolos e uma fachada bonita. Ela é muito mais que isso e, lembrando velhos tempos da militância política, podemos dividi-la em infra e superestrutura. As construções, campos, meios de transporte, entre outras coisas, fazem parte da infraestrutura, enquanto direção, quadro de pessoal, filosofia de trabalho, ordenamento político e outras mais são parte da superestrutura. E, francamente, a superestrutura de um clube de futebol, sobretudo da grandeza do Flamengo, movimentando enorme volume de recursos, não pode, sob nenhuma hipótese, prescindir do trabalho de um profissional qualificado nessa área. Isso é básico e, confesso, tomar conhecimento desse fato foi uma surpresa desagradável.

E as receitas continuam crescendo…

Antes de falar das complicações, vou passar rapidamente pelo caminho para resolver complicações, as receitas. Elas são a solucionática necessária para enfrentar a problemática criada pelos dirigentes.Depois de ler o balanço, a primeira coisa que fiz foi levantar o ponto central da vida financeira de toda instituição: o comportamento de suas receitas operacionais nos últimos anos. Esse é o quadro de cinco anos:


As receitas rubronegras, apesar dos muitos pesares, dão ao torcedor um certo alento e podem dar condições aos gestores para, lentamente, buscar a consolidação e sustentabilidade do clube. Nesse sentido, não posso deixar de citar que durante a gestão Braga mais recente, o montante de dívidas do clube foi reduzido em apreciáveis 75 milhões de reais.

Esse volume de receitas, contudo, é muito baixo para o porte e para o desempenho esportivo do clube.

O quadro de receitas mostra o já esperado crescimento do marketing em função do bom patrocínio máster assinado no final de 2009, que deu uma injeção razoável de recursos para o clube (e a ausência de um patrocinador na presente temporada, já perdido o primeiro quadrimestre e caminhando para o fim do semestre, vai complicar as contas ainda mais). Ao mesmo tempo, uma receita sempre importante para o Flamengo, a bilheteria, teve redução apreciável, reflexo do desempenho do time em campo, apesar da participação na Copa Libertadores e, não podemos esquecer, também provocado pelo fechamento do Maracanã. E o pior, nesse caso, é que vem mais dois anos, com sorte, sem poder jogar no seu local predileto.

O balanço não discrimina as receitas com o licenciamento da marca Flamengo, que podem estar embutidas na conta Marketing. Tampouco mostra as receitas com o programa de sócio-torcedor, o que nos deixa sem saber se o programa existe e fatura ou se foi abandonado. De um jeito ou de outro, cada clube precisa encontrar seu caminho próprio e aumentar suas receitas com o quadro de sócios-torcedores. O exemplo do Internacional está aí para ser visto e analisado – mas não copiado, pois cada programa deve ter a “cara” e o espírito do clube e de seu torcedor, não é uma receita de bolo que basta ser copiada.

A verdade é que, embora venham crescendo de forma regular e consistente, mesmo com alguns percalços, as receitas operacionais do futebol do Flamengo estão abaixo do que poderiam e deveriam ser. Não ter um estádio próprio contribui para esse quadro, mas não justifica tudo.

Outro ponto importante para os clubes brasileiros: formação de jogadores. Essa não é uma receita operacional, eu não a considero como tal nas minhas análises, mas sem ela os clubes passam dificuldades e, se o desafio para alguns é lançar as bases para se manterem sem recorrer a essa receita, para o Flamengo o momento é diferente: é reforçar e retomar algo que era tradicional no clube: a formação de bons jogadores. Não só para fornecer à equipe, mas também, e fundamentalmente, para gerar recursos financeiros. Realisticamente, é isso.

Despesas caem no futebol e explodem nos amadores – Será?

O futebol gerou uma receita bruta de 110,3 milhões de reais, contra uma despesa total de 69,3 milhões de reais, gerando um superávit de 41 milhões de reais. A folha de pagamento caiu de 67,6 para 52,6 milhões, uma redução de nada menos que 22,2%. Lembro que em 2008, até o começo de 2009, o clube gastava, somente em salários diretos de 5 ou 6 jogadores um total que passava de 2 milhões de reais todo mês. Isso, naturalmente, não contando encargos sobre esse montante. Um enxugamento na folha era necessário e o time que foi campeão em 2009 já não contava com alguns dos jogadores que contribuíam para esse valor. Fica difícil julgar até que ponto a redução na folha influenciou a ausência de grandes resultados em 2010, dado o ano atípico vivido pelo clube e pelo futebol em particular, mas, de maneira geral, foi uma redução salutar.

Cabe aqui uma observação: o balanço não discrimina os valores pagos, portanto não sabemos a quanto montou o total pago em direitos de imagem, e se esses valores estão incluídos na folha ou na rubrica “despesas gerais”. Essa falta de informações mais completas e, principalmente, mais discriminadas, é um dos problemas desse balanço.

Se o futebol, que é, sem a menor dúvida, a grande “vaca leiteira” do Clube de Regatas do Flamengo, gastou menos, os esportes amadores tiveram uma explosão em seus gastos de pessoal, passando de 12,8 milhões em 2009 para 22,9 milhões de reais em 2010. Um assombroso crescimento de 78,9%. A despesa total da área evoluiu de 25,4 milhões para 45,5 milhões de reais, ou 79,1% de crescimento. Enquanto isso, a contrapartida das receitas dos esportes amadores evoluiu um percentual ainda mais impressionante: 122,3%. O único problema é que o valor saltou de 3,1 para 6,9 milhões de reais, gerando um déficit operacional de portentosos 16 milhões de reais, 131,9% maior que a receita.

Podemos deduzir pelas ausências do balanço, que esses valores de despesas incluem outras áreas que não somente os esportes amadores propriamente ditos. Todavia, o que está escrito, aprovado e assinado é o que foi relatado. Um balanço com informações incompletas ou agrupadas demais, sem discriminação, dificulta um melhor entendimento do que se passou e do que poderá acontecer.

Aliás, como planejar alguma coisa em cima desses números? Se há números internos melhor discriminados, e eu acredito que haja, deveriam, portanto, estar no balanço, facilitando nosso entendimento do que é e como funciona o clube.

Em outras palavras: não dá para saber quanto custou a área de esportes amadores, assim como não dá para ter certeza sobre o valor da folha de pagamentos do futebol.

Dívidas que assustam

Aqui o “bicho pega”. E assusta.

O Passivo Circulante compreende os valores a serem pagos no decorrer dos doze meses seguintes à data de fechamento do balanço, ou seja, o decorrer do ano de 2011. Temos aqui um salto de 48,9%, explicado em boa parte pelos aumentos nos itens “Impostos e contribuições sociais a recolher” (de 34,2 para 52,0 milhões), “Empréstimos em instituições bancárias” (de 23,5 para 43,9 milhões) e “Contas a pagar” (de 26,3 para 51,1 milhões).

O Passivo Não Circulante inclui valores que serão pagos a partir de doze meses da data de fechamento do balanço, ou seja, de 1º de janeiro de 2012 em diante; são os compromissos de longo prazo. Também aqui temos um salto expressivo, da ordem de 20,7%, originado, sobretudo, por 29,2 milhões de “Receitas diferidas”, sem uma nota explicativa a respeito.

Com isso, o Passivo Total atinge o valor de 458,5 milhões de reais, crescendo 33%, bem acima dos exercícios anteriores, exceção feita a 2007, por conta do já citado acordo Timemania.

Li um excelente texto do economista Rafael Strauch, em dois posts publicados no site Flamengonet, e ele levanta várias dúvidas e indagações sobre esse balanço. Como, por exemplo, entre outras, os 29 milhões de receitas diferidas. Eu acredito que esse valor, assim os valores listados em empréstimos bancários, correspondam a adiantamentos de cotas de TV, mesmo porque tenho dúvidas a respeito da aprovação de empréstimos bancários para a maioria dos clubes brasileiros, caso não existam garantias sólidas de terceiros. Na prática, cota adiantada nada mais é que um empréstimo bancário garantido pelas cotas correspondentes.

Ainda na vida real, isso significa que almoço e o jantar de depois de amanhã foram vendidos para pagar o jantar de ontem e, se a administração não for das piores, o almoço de hoje. Com alguns agravantes: taxas e juros sobre o valor. Ou seja, você empenha 100 do futuro e recebe 80 hoje, para pagar a despesa já ocorrida ontem, que custou 60, mas, atrasada, passou a custar 80.

Só o Clube de Regatas do Flamengo comete tal loucura?

Infelizmente, não. Todos, em maior ou menor grau fazem a mesma coisa.

E digo infelizmente porque se fosse só o Flamengo e mais um ou dois seria um problema limitado. Como é geral, temos um problema sistêmico, que ataca todo o setor. E por que? Por que o setor é ruim e não permite a sobrevivência? Ou será que isso ocorre porque as gestões do futebol, de maneira geral, são ruins e ninguém paga nada por isso?

Opa, alguém paga por isso: o torcedor de cada clube e o conjunto da sociedade.

A síntese desse balanço pode ser descrita com apenas dois vocábulos: muito preocupante. A ausência de notas explicativas sobre pontos importantes, diferenças entre valores lançados, a própria forma do balanço, parecendo antes um rascunho do que o trabalho definitivo, tudo isso dá margem a perguntas, a dúvidas e, no torcedor, a temores. 



Equador

O gráfico mostra a evolução da dívida pública do Equador em relação ao PIB, de 1994 a 2011. Em outras palavras, o país está menos endividado: de quase 100% do PIB em 2000 para menos de 20% em 2011. Mas Salmon chama atenção para uma variável que não aparece no gráfico: China. A China concedeu empréstimo de 2 bilhões de dólares para o país recentemente, totalizando 8 bilhões de dívida com a China. Para uma economia com um PIB do Equador, estes valores são razoáveis.

Para a China, a ajuda ao Equador está condicionada a produção de petróleo. Informações apresentadas por Salmon informam que 75% da produção do país está direcionada para a China.

Afirma Salmom que o "Equador agora se assemelha a uma subsidiária integral da China".

01 julho 2011

Rir é o melhor remédio

O médico aplica medidas de austeridade para Grécia e na espera Portugal, Espanha, Itália e Eire. A enfermeira pergunta quem é o próximo. (The Economist)

28 maio 2011

Dívida aumenta e seu custo também

Editorial Econômico - O Estado de S.Paulo
25 de maio de 2011

A dívida do setor público federal continua crescendo, em grande parte em razão da inclusão dos juros não pagos. O estoque da dívida somava, em abril, R$ 1,734 trilhão, com aumento de 2,34% no mês, porcentual seguramente maior que o da inflação do mês e do crescimento do PIB no período. E o preocupante é que ela continua em elevação.

O lado positivo é que a dívida externa apresentou redução de 2,32%, enquanto o estoque da dívida mobiliária crescia 2,38%. Nesta última, verifica-se que a emissão líquida em abril foi de R$ 25,5 bilhões, mas o Tesouro teve de emitir R$ 15,62 bilhões para pagar os juros que o superávit primário não conseguiu cobrir.

O Plano Anual de Financiamento (PAF) do Ministério da Fazenda fixa normas para que a composição da dívida pública não ultrapasse o desejável. O objetivo do PAF é ter a maior parte da dívida em títulos prefixados (mínimo de 36% e máximo de 40% desses títulos). Mas em abril os títulos prefixados, que oferecem a vantagem de o Tesouro poder prever os encargos com mais precisão, ficaram em 34,8%, abaixo do mínimo; e os títulos com taxa flutuante ultrapassaram o limite máximo (de 32%). Nessa categoria estão incluídos papéis cuja remuneração é pela taxa Selic, o que tira das autoridades monetárias a liberdade de fixação da taxa de juros básica, por conta das consequências sobre o custo da dívida.

15 março 2011

Por que o Brasil não utiliza as reservas internacionais para financiar investimentos públicos em infraestrutura?

Postado por Pedro Correia
O consultor legislativo do senado , Marcos Mendes, explica porque usar as reservas internacionais para financiar esses investimentos não é uma boa opção. Segundo ele, isso equivaleria, em última instância, a financiar os gastos por meio de endividamento público.
"Financiar investimentos com endividamento não é, a princípio, uma opção ruim. Mas fazê-lo por meio do uso das reservas internacionais geraria efeitos colaterais indesejáveis: no curto prazo, haveria valorização da moeda nacional em relação ao dólar. Isso geraria impacto negativo sobre as exportações e sobre a competitividade das indústrias nacionais em relação a produtos importados. Em ambos os casos haveria perda de empregos no país. No médio prazo haveria mais inflação.

Quando o governo se endivida para comprar dólares ele ao mesmo tempo aumenta o seu passivo (pelo aumento da dívida interna) e o seu ativo (pela compra de dólares). Isso significa que a dívida líquida (passivo menos ativo) não se altera.

Se o governo decidir vender as reservas (um ativo) para financiar uma despesa (o investimento em infraestrutura) a dívida líquida vai aumentar, pois o governo terá se desfeito de um ativo (as reservas) e o seu passivo (a dívida pública) terá ficado do mesmo tamanho.

Mas se os investimentos em infraestrutura representam, de fato, um ativo do Tesouro, porque eles não são deduzidos para fins de cálculo da dívida líquida? Se isso fosse feito, não haveria aumento na dívida. Ocorre que os investimentos em infraestrutura não têm a mesma liquidez que títulos do Tesouro ou dinheiro. Da mesma forma que se diz que um indivíduo se endividou para comprar um carro, diz-se que o governo se endividou para fazer obras. O indivíduo até pode argumentar que a sua situação patrimonial não mudou, pois o valor do carro compensa o valor da dívida. Mas sabe-se que o carro se deprecia ao longo do tempo (assim como os investimentos do governo) e que não tem liquidez imediata (se o indivíduo precisar vender o carro para pagar a dívida, terá dificuldade ou precisará aceitar um desconto no preço).

Aumentar a dívida para fazer investimentos não é necessariamente ruim. É um recurso legítimo. Assim como o carro presta um serviço ao indivíduo, o investimento em infraestrutura presta um serviço ao País (facilitando o crescimento econômico e gerando mais renda). Por isso, se o valor da nova renda que o investimento em infraestrutura trouxer para o País for maior do que os juros a serem pagos sobre a dívida, vale a pena fazer o investimento.

Mas o fato concreto que importa ressaltar é que o uso das reservas internacionais não é uma solução mágica para expandir os investimentos em infraestrutura. Em última instância, estará havendo um aumento do endividamento público para fazer tais investimentos. Logo, seria mais fácil financiar os investimentos diretamente via emissão de títulos, sem a complicação de se mexer com as reservas."
Texto de Marcos Mendes

07 março 2011

Dívidas da Petrobras com os bancos públicos

Dívidas da Petrobras com os bancos públicos - Postado por Pedro Correia
A relação entre a Petrobras e os bancos públicos nunca foi tão próxima. A estatal terminou 2010 com uma dívida líquida recorde de R$ 46,3 bilhões com BNDES, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, revelam dados coletados pelo pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Mansueto de Almeida, no balanço mais recente divulgado pela empresa. Esse montante respondeu por quase 40% do endividamento[1] total da estatal, que chegou a R$ 117,9 bilhões em 2010. O levantamento demonstra um crescimento exponencial da dívida da Petrobras com BNDES, BB e Caixa nos últimos três anos. Em 2006, a companhia tinha crédito a receber de R$ 2,55 bilhões com os bancos públicos.

Fonte: Estado de São Paulo
[1] O termo correto é passivo.

05 dezembro 2010

Loteria e imposto

A alegria de um apostador gaúcho que faturou sozinho R$ 119 milhões da Mega-Sena em outubro durou pouco mais de um mês. Ao noticiar o prêmio, os jornais informaram que o ganhador é dono de um frigorífico da cidade gaúcha de São José do Herval.

Isso chamou a atenção do procurador da Fazenda José Diogo Cyrillo da Silva. A Receita descobriu que o Frigorífico Nicolau, o único da cidade, devia R$ 2,5 milhões ao Fisco e pediu à Justiça o bloqueio desse valor na conta do empresário, fazendo o prêmio encolher.


O devedor da Mega-Sena - Isto é Dinheiro - Por Lilian Sobral

23 setembro 2010

Futebol quebrado


O Real Madrid está quebrado.

E quebrou antes de completar as duas mais caras transferências em 2009, trazendo Kaká por US$86 milhões e Cristiano Ronaldo por US$ 123 milhões. Foi quando bateu os recordes de transferências anteriores, na compra de Luis Figo por US$ 57 milhões em 2000 e Zinedine Zidane por US$71 milhões em 2001. (...)

Apesar de gerar mais de US $ 500 milhões por ano, que inclui um contrato de TV que rende mais de US $ 200 milhões por ano, a dívida do Real Madrid é de US $ 414 milhões, segundo o relatório financeiro do clube de 2008-09.

Contudo, os gastos do Real não pararam. Só nesta última janela de transferência, o clube gastou 114 milhões dólares em novos jogadores (...)

O maior rival do Real, é também está quebrado.

Barcelona estava falido antes da compra de David Villa, Javier Mascherano e Adriano por US $ 52 milhões, US $ 28,4 milhões e 11,6 milhões dólares, respectivamente, neste verão. O clube está precisando tanto de dinheiro que pegou um empréstimo ponte de 195 milhões para garantir que ele poderia pagar salários.

Como o Real, Barcelona também tem um acordo de radiodifusão lucrativo, avaliado em mais de 185 milhões dólares por ano, e obtém mais 293 milhões dólares em receitas. No entanto, como o Real, o Barcelona tem uma dívida por 578 milhões dólares. Mas ambos os times não mostram sinais de contenção nos gastos.

SINAIS DE AVISO

Os 10 clubes mais endividados do futebol europeu conjuntamente devem 5,74 bilhões dólares.

Os vinte clubes ingleses da Premier League têm uma dívida que aumentou espectacularmente para 4,45 bilhões dólares. Catorze deles perderam dinheiro em 2008-09, a temporada mais recente em que os números estão disponíveis. O quadro financeiro é ainda pior em La Liga, que no ano passado, as 20 equipas apuraram 4,65 bilhões dólares em dívidas. Apenas três dos baluartes do futebol ibérico obtiveram um lucro operacional: Barcelona, Real Madrid e o pequeno Numancia (...)

Entre as 36 equipes nas duas divisões profissionais holandesas, apenas quatro são consideradas financeiramente sólidas pela associação de futebol holandesa. Doze deles, incluindo o lendário Feyenoord, estão com suas finanças supervisionadas pela Liga. Quanto aos outros 20 clubes, a liga classifica como "preocupante" a sua situação financeira. (...)


NEGÓCIO ARRISCADO

Os clubes de futebol, especialmente os que estão num nível mais alto, tem desenvolvido uma aversão a dar lucro, ou mesmo a um equilíbrio. Afinal, se você administrar um clube como um bom negócio, você não vence. Muitas equipes consideram postergar a falência como o único verdadeiro objetivo de longo prazo (ou de curto prazo). E preferível gastar o dinheiro que não se têm em novos jogadores para tentar reforçar os seus esquadrões do que se preocupar em equilibrar as contas. (...)


A Folha de pagamento é outro elemento-chave. Na Espanha, 85 por cento das receitas é gasto com salários dos jogadores. Alguns clubes, como Atlético de Madrid, Sevilla e Valencia, gastam mais do que as receitas obtidas no período 2008-2009, a época mais recente na qual são conhecidos os números financeiros.

O [jornal] The Guardian publicou um estudo, baseado em números de 01 de junho de 2008 até 31 de maio de 2009, onde mostra que a receita bruta e a folha de pagamento foram perigosamente próximos em muitos clubes da EPL. A receita bruta do Manchester City foi de US $ 133 milhões e sua folha de pagamento foi de US $ 127 milhões. Blackburn Rovers arrecadou US $ 78 milhões e gastou US $ 70 milhões em salários. As receitas do Wigan Athletic e números salário foi de US $ 70 milhões e 64 milhões dólares, respectivamente. Na cidade de Birmingham e Wolverhampton Wanderers, a margem entre o volume de negócios e da massa salarial foi de aproximadamente um milhão e meio de dólares. (...)

Deve ser dito que algumas equipes da Premier League mantém seus salários no nível ou abaixo de 65 por cento da receita bruta. No ano passado, por exemplo, o Manchester United foi a 44 por cento e 32,9 por cento no Arsenal.

Mas nos casos em que folha de pagamento chega perto de ultrapassar a receita há uma margem muito pequena de manobra para evitar problemas financeiros inesperados, tais como abandono do patrocinador, falência das emissoras (como pode acontecer no caso de Barcelona e Real Madrid) ou declínio na venda de ingressos. Quando isso acontece, os clubes estão mal equipados para saldar a dívida e acabam cavando um profundo buraco financeiro. (...)

"Independentemente das responsabilidades que foram acumuladas por muitos clubes em toda a Europa, não há qualquer risco de falência semelhante ao que é enfrentado por empresas regulares", explica o economista Bernd Frick, da Universidade do Paderborn, na Alemanha. "Os clubes sempre encontram ajuda de políticos, quer na sua comunidade local, no âmbito federal, estadual ou mesmo no governo nacional.

"Ninguém se importa se empresas de porte semelhante desapareceu. Mas isso não é o caso de clubes de futebol. A [receita] média dos clubes da Bundesliga alemã é de 100 milhões de euros -... Isso é menos do que a minha universidade"

E, ao contrário da universidade Frick, clubes de futebol sabem aproveitar os holofotes. "A atenção da mídia funciona como um seguro de vida para os clubes de futebol", disse Frick. "Se o teto em seu jardim de infância local cai e fere alguns dos filhos, mesmo assim é muito difícil mobilizar mais do que 20 pais de marchar até a prefeitura. Mas se o seu clube de futebol local é ameaçado, todo mundo se levanta para ajudar o clube."

Se não se pode contar com o governo ou as empresas locais, o que é um clube deve fazer? Encontrar um rico benfeitor, é claro, alguém que pode comprar o clube, sustentar sua dívida e financiar enormes gastos. Roman Abramovich, do Chelsea, por exemplo, injetou cerca de US $ 1,1 bilhão para pagar dívidas e comprar jogadores, um montante que provavelmente nunca será reembolsado. (...)

A UEFA, organismo regulador do futebol europeu, irá (...) proibir que as equipes gastem mais do que ganham (...)


Fora de Controle - Leander Schaerlaeckens - ESPN

03 agosto 2010

Futebol endividado

Dinheiro da china pode ser a salvação do futebol europeu
Jamil Chade / Genebra
O Estado de São Paulo - 3 ago 2010

Clubes endividados se voltam para os empresários e o mercado asiáticos

A China se apresenta como a esperança de solução para a crise financeira vivida pelo futebol europeu. O magnata chinês Kenny Huang negocia a compra do Liverpool, em um negócio que pode transformar a economia do futebol. Huang estaria em conversas com o Royal Bank of Scotland, o principal credor do time inglês.

Na Espanha, que vive a pior crise dos clubes em 50 anos, a federação modificará os horários das partidas da Liga para permitir que sejam transmitidas em horário nobre na China, além de criar um torneio anual com equipes espanholas na Ásia. Ontem, o Barcelona iniciou a pré-temporada no continente asiático.

Se a presença de magnatas russos e árabes no futebol chamou a atenção nos últimos dez anos, a chegada agora dos chineses promete ser ainda mais polêmica. O país não é conhecido por seu futebol e, nos últimos anos, esteve envolvido em diversos escândalos de corrupção no esporte.

Mas o magnata Huang não vem apenas com seu próprio dinheiro. O investimento seria feito com recursos do fundo estatal que o governo da China criou há poucos anos diante da acumulação de capital no país.

O fundo chinês estaria disposto a arcar com as dívidas de mais de 300 milhões (R$ 691.8 milhões), além de pagar um valor substancial aos proprietários. Mas os atuais donos, os empresários americanos Tom Hicks e George Gillett, resistem.

Huang representa a nova imagem dos magnatas chineses. Nada de comunismo ou citações de Mao Tse Tung. Nos anos 80, trabalhou na Bolsa de Valores de Nova Iorque. Estudou na Universidade de Guangzhou, na Universidade Columbia , nos EUA, e Universidade de Nova Iorque.

Nos últimos anos, vem ajudando empresas chinesas a fechar acordos de patrocínio com grandes clubes americanos de basquete e beisebol. Foram suas empresas que salvaram o Houston Rockets de situação crítica. Há algum tempo comprou parte das ações dos Yankees e, no início do ano, arrebatou 15% das ações do Cleveland Cavaliers.

No futebol, a China não disfarça que quer a organização de uma Copa do Mundo, depois do sucesso da Olimpíada de 2008. Mas o avanço chinês no mundo dos esportes não ocorre por acaso. Na semana passada, Pequim anunciou que estava se tornando a segunda maior economia do mundo, superada apenas pelos EUA e ultrapassando o Japão.

Nova ordem. O futebol europeu já entendeu essa dinâmica. O Barcelona viajou nesta semana para iniciar uma turnê de pré-temporada na Ásia, com jogos amistosos, principalmente em cidades chinesas. Ontem, na Coreia do Sul, o time foi recebido por uma multidão. Na China, cobrará 1 milhão (R$ 2,3 milhões) por partida amistosa.

Os objetivos também são de médio prazo, com a venda de camisas, direitos de TV e de produtos com o nome dos clubes. De olho nesse mercado, a Liga de Futebol Profissional da Espanha anunciou a alteração nos horários das partidas do campeonato nacional.

Pelo menos 17 partidas da temporada 2010/2011 serão adiantadas para aumentar a exposição dos times espanhóis no mercado asiático. “Está claro que necessitamos o mercado asiático para competir com as ligas inglesa e da Itália em igualdade de condições’’, afirmou Florentino Peres, presidente do Real Madrid. “Estamos falando de um mercado potencial de 2 bilhões de torcedores e não podemos deixar isso de lado.’’

“Nosso objetivo é ser uma das principais ligas na Ásia’’, declarou Francisco Roca, presidente da Liga. Para ele, portanto, colocar partidas ao vivo em horário nobre na Ásia é fundamental, mesmo que obrigue jogadores a atuar no meio do dia nas altas temperaturas da Península Ibérica.

Um torneio anual será ainda realizado na Ásia, com três times espanhóis e um asiático, para promover a Liga. “Os times não gostam de mudar seus hábitos e tradições. Mas acredito que todos entendem que essa é uma grande oportunidade e não temos outra forma de fazer’’, explicou Roca. ‘Vivemos a pior crise financeira no futebol em 50 anos e temos de aproveitar o sucesso da Espanha na Copa de 2010 para tirar vantagens’’, disse.

Há uma semana, o Mallorca foi suspenso da Liga Europa por dívida além dos limites permitidos pela Uefa. Deve 77 milhões (R$ 177,5 milhões).

10 maio 2010

Dívida na Petrobrás

"Os esforços do governo para destravar o processo de capitalização da Petrobrás indicam a difícil equação com a qual a empresa terá que lidar nos próximos anos. Com uma dívida na casa dos R$ 100 bilhões, a estatal está prestes a atingir seu limite de endividamento. Sem a capitalização, dizem analistas, a empresa não terá condições de arcar com todos os investimentos anunciados, como o desenvolvimento do pré-sal e as novas refinarias.

A capitalização da Petrobrás esteve em pauta nos últimos dias, diante de medidas aprovadas pelo governo para agilizar o processo e de algumas reações negativas, que culminaram com o rebaixamento das ações da empresa pelos bancos JP Morgan e UBS.

Nos dois primeiros dias da semana, quando os rebaixamentos foram anunciados, as ações da companhia caíram quase 7,5%. Os papéis continuaram em queda, mas com forte influência da crise financeira global.

Mesmo com todas as dúvidas sobre o processo, é consenso no mercado que a Petrobrás conseguirá fazer algum tipo de capitalização, mesmo que os prazos políticos não permitam a aprovação do projeto de lei que prevê a venda de reservas do governo para a estatal, processo chamado de cessão onerosa. Há expectativas sobre um plano B, que seria a colocação de ações no mercado sem a cessão, em uma capitalização de menor porte.

"As únicas alternativas à capitalização seriam postergar investimentos ou vender ativos. Mas desinvestimento não faz parte da tradição da Petrobrás", diz o analista de petróleo do Banco do Brasil Investimentos, Nelson Rodrigues de Mattos.

O adiamento de alguns projetos não parece ser levado em conta pela companhia, que já anunciou investimentos entre US$ 200 bilhões e US$ 220 bilhões para os próximos cinco anos.

Tal orçamento é justamente a razão pela qual o governo pressiona pela capitalização. A Petrobrás fechou o ano de 2009 com uma dívida de R$ 100,329 bilhões, a maior de sua história, 55% superior ao registrado no fim de 2008.

Contribuíram para o crescimento da dívida uma série de empréstimos tomados durante o ano para garantir a manutenção dos investimentos quando todas as petroleiras anunciavam cortes por causa da queda dos preços do petróleo.

Empréstimos. Os dois maiores empréstimos foram tomados junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), de R$ 25 bilhões, e ao China Development Bank, de US$ 10 bilhões. No auge do pânico provocado pela crise, a companhia fechou ainda um financiamento de US$ 6,5 bilhões com um sindicato de bancos internacionais e obteve US$ 2 bilhões junto ao Eximbank dos EUA.

Ao fim do ano, a empresa apresentou uma taxa de alavancagem de 31%, a maior desde 2004, quando o petróleo oscilava na casa dos US$ 50 por barril.

A taxa de alavancagem é uma relação entre a dívida líquida (R$ 71 bilhões, descontado o dinheiro dos empréstimos que ainda não foi gasto, no caso da Petrobrás) e o patrimônio líquido. A política financeira da companhia impõe um teto de 35%, para manter o título de investment grade pelas agências classificadoras de risco.

Ou seja, há pouco espaço para novas captações sem comprometer essa política. E o último plano de investimentos, anunciado ainda em 2009, já previa uma situação apertada.

Com orçamento de US$ 174,4 bilhões, o plano contava com uma geração de caixa de US$ 148,6 bilhões e um caixa mínimo de US$ 5 bilhões. Para cumprir o planejado, a empresa teria que buscar no mercado pouco mais de US$ 30 bilhões.

Mantidas as premissas, portanto, terá que ampliar a previsão de financiamento para US$ 76 bilhões se quiser investir os US$ 220 bilhões anunciados para o novo plano de negócios no período entre 2010 e 2014.

Essa tarefa é impossível de ser cumprida sem comprometer o limite de alavancagem. Daí a pressão pela capitalização: além de obter recursos com a venda de ações, a empresa aumenta seu patrimônio líquido, ampliando a margem para novas captações.

Uma capitalização de R$ 50 bilhões, portanto, permitiria à companhia chegar a uma dívida líquida de quase R$ 100 bilhões, ou R$ 30 bilhões a mais do que tem hoje.

A Petrobrás evita falar em números, alegando que precisa calcular os investimentos futuros e o custo das reservas da cessão onerosa antes de divulgar o novo plano de investimentos. O mercado, porém, espera algum sinal na próxima sexta-feira, quando a empresa divulga seu balanço do primeiro trimestre.

De todo modo, embora vejam com bons olhos a capitalização, há críticas com relação à qualidade dos investimentos propostos. A questão foi citada no relatório do UBS, para quem a empresa "investe em áreas secundárias". "Há muita reticência no mercado quanto aos investimentos em novas refinarias, por exemplo. Os custos mencionados são altos e exportar combustíveis é normalmente menos racional do que fazê-lo com óleo", acrescenta o analista do BTG Pactual, Gustavo Gatass.

Petrobrás deve R$ 100 bilhões e precisa se capitalizar - Nicola Pamplona - O Estado de S.Paulo – 10 de maio de 2010



Sobre o assunto, veja a postagem O Caixa da Petrobrás, onde fizemos uma análise do volume de caixa da empresa.

06 abril 2010

Devedores Duvidosos



Desde janeiro no comando da Serasa Experian, [Ricardo] Loureiro era o responsável pela unidade de negócios pessoa física da empresa [Serasa Experian], até sua promoção. Não por acaso, portanto, ele defende da aprovação, pelo Congresso Nacional, do chamado cadastro positivo, uma alternativa à pratica vigente na concessão de crédito, baseada apenas em informações negativas sobre os indivíduos. " A metodologia atual trabalha apenas com os dados do sistema bancário e não se sabe quanto o cidadão tem de dívidas no comércio e nas empresas de serviço, com o pagamento das contas de luz, água e telefone, por exemplo", diz Loureiro. Com a mudança metodológica trazida pelo cadastro positivo, Loureiro acredita que 26 milhões de brasileiros poderiam ser incluídos no sistema de crédito.

Como derrubar os índices de calote no Brasil - Clayton Netz – Estado de São Paulo – 1º. De Abril de 2010

aqui)


Foto, aqui

25 março 2010

Portugal Rebaixado

Talvez a principal notícia do dia seja o rebaixamento da dívida de Portugal de longo prazo por parte da agência Fitch, de AA para AA-, com perspectiva negativa. Segundo notícia do Brasil Econômico:

"Apesar de Portugal não ter sido muito afetado pela crise mundial, as perspectivas de recuperação econômica são mais frágeis que para os outros 15 membros da Zona do Euro, o que vai influenciar as finanças públicas a longo prazo", afirma em um comunicado Douglas Renwick, diretor da Fitch

Entretanto, o rebaixamento não retirou de Portugal o status de "grau de investimento". Mas pode significar que futuros lançamentos de títulos do governo terão um custo mais elevado. E pode ser uma sinalização de que a crise na Europa ainda não passou.

O ministro das Finanças de Portugal afirmou que já era esperado do rebaixamento. E que os mercados já incorporaram no preço esta nova situação.