Translate

Mostrando postagens com marcador auditoria. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador auditoria. Mostrar todas as postagens

15 janeiro 2021

Auditor deveria olhar a ética do negócio do auditado?


Eis uma questão interessante. Um auditor é contratado para fazer seu trabalho em uma entidade que atua em um setor pouco recomendável. Além disto, algumas das atitudes do auditado não são "razoáveis". O auditor deveria fechar os olhos e somente limitar a verificar se a empresa está seguindo as normas contábeis?

A empresa de auditoria é a Grant Thornton. A empresa que possui uma ética questionável é a Pornhub, um dos sites mais acessados do mundo. Durante anos a GT fez a auditoria da empresa canadense. Mas recentemente, uma série de investigação mostrou que o site tem hospedado filmes com crianças, o que levou as empresas Visa e Mastercard a bloquearem o uso do cartão como forma de pagamento. 

Durante anos, a empresa não adotou nenhuma política contra crimes sexuais filmados, mas a reação contra o site fez com que a Pornhub retirasse muitos dos vídeos existentes ali. Mesmo assim, mulheres estão processando a empresa por conta de filmes realizados sem seu consentimento. 

Diante de tanta denúncia, a empresa de auditoria achou que não ficava bem ter seu nome associado a abuso sexual de criança, pornografias de vingança, postagens de vídeos ilegais etc. Assim, anunciou que não seria mais o auditor a MindGeek, o grupo que é proprietário do site. Atuava na empresa desde 2012 e somente agora descobriu os negócios estranhos do décimo site mais acesso do mundo. 

23 dezembro 2020

Imprensa pode melhorar a qualidade da contabilidade


A imprensa pode melhorar a qualidade da informação contábil. Um estudo (via aqui), da Universidade do Arkansas, descobriu que notícias da imprensa (The Wall Street Journal, The New York Times , o Washington Post, o Chicago Tribune, Forbes, The Economist, Economic Times, Kiplinger, Accounting Today, Wired e CFO Magazine) podem ajudar na qualidade da auditoria das empresas. 

Quando uma auditoria é questionada no seu trabalho, que inclui notícias de fraudes, por exemplo, estas empresas aumentam a atenção dada às auditorias. Basicamente, nenhuma Big Four quer estar na primeira página do The Wall Street Journal. 

A pesquisa também encontrou que as empresas de auditoria tentam gerenciar a reputação, pois notícias negativas possuem custos de crescimento e retenção de clientes. 

“Coletivamente, nossa evidência sugere que a mídia de notícias funciona como um mecanismo de supervisão informal eficaz das firmas de auditoria, ao direcionar a atenção do auditor e melhorar a qualidade da auditoria”, disse o estudo.

(...) As descobertas sugerem que “a mídia de notícias funciona como um mecanismo de supervisão informal eficaz de firmas de auditoria ao direcionar maior atenção do auditor e melhorar a qualidade da auditoria.

14 novembro 2020

Entendo o caso da auditoria de empresas Chinesas


Uma das “brigas” na contabilidade atual é a questão da fiscalização dos trabalhos de auditoria de empresas chinesas com ações negociadas em uma bolsa de valores dos Estados Unidos. 

Tudo começou com a crise da empresa Enron, em 2001. Para evitar uma nova crise, que abalou a confiança do mercado no trabalho de auditoria nos Estados Unidos, o legislativo, sob o comando de Sarbanes e Oxley, fizeram uma reforma. Esta nova regra, conhecida como lei Sarbanes-Oxley ou lei Sarbox, criou o PCAOB, que faria a supervisão independente das empresas de auditoria, com inspeções rotineiras. Pela lei, todas empresas listadas em uma bolsa nos Estados Unidos deveria ser auditada por uma empresa registrada no PCAOB.  

Algumas empresas chinesas, ou com sede em paraísos fiscais mas com capital chinês na sua origem, poderiam ser inspecionadas. O governo chinês negou que inspetores do PCAOB cumprissem a lei. A China argumentava que a contabilidade de empresas chinesas seria “segredo de estado”. Além disto, o governo forçou que as grandes empresas de auditoria cedessem o controle das filiais chinesas para os chineses. Finalmente, no início de 2020, formalizou-se a proibição de cooperação com reguladores estrangeiros.  

Tudo isto faz com que a qualidade das demonstrações contábeis de empresas chinesas seja questionável. Não se sabe como os auditores trabalham na China. Isto atinge, inclusive, empresas multinacionais, que possuem negócios no país asiático. O laço entre os controladores das empresas com o poder na China torna tudo mais complicado; muitas empresas são instrumentos do governo chinês, conforme diversas denúncias. 

O pouco que se sabe é que a qualidade das demonstrações das empresas é ruim. O caso recente do café Luckin mostrou uma empresa que enganou facilmente seu auditor (ok, isto não é exclusividade dos chineses e Wirecard está aí para provar). E uma inspeção feita em uma auditoria realizada pela Marcum LLP também mostrou isto. Além disto, a atitude do governo chinês, que impõe uma regra tão rígida para todas as empresas, é um indicativo deste ponto.  

Leia mais aqui , incluindo o caso da Marcum

Cartoon via aqui

14 setembro 2020

Herbalife, China e Trump


 Há semanas, o presidente dos Estados Unidos ameaçou as empresas chinesas com ações negociadas na bolsa de valores do seu país. O motivo foi a falta de supervisão das entidades de fiscalização dos trabalhos dos auditores dos EUA, o PCAOB. Parecia o típico imperialismo ianque, mas os problemas de falta de controle da qualidade do trabalho dos auditores chineses é sério. 

Michael Rapoport, em Herbalife Nutrition is in hot water again (The Digg, 11 de set de 2020), conta que os auditores chineses não perceberam nenhum problema nas atividades da Herbalife em território chinês. A empresa foi condenada a pagar uma multa por suborno de autoridades do país asiático: 

That’s why the recent U.S.-China showdown over corporate audits is so important for investors. The Trump administration is threatening to boot Chinese companies out of U.S. markets if U.S. regulators aren’t able to monitor Chinese audit firms.

The Herbalife case shows what might happen if a U.S.-listed company’s Chinese business is being vetted by an auditor whose performance and objectivity are big question marks. It suggests the lack of oversight over Chinese audit firms poses real risks for investors - risks that are likely to continue unless something is done to fix the problem.

Outras empresas dos EUA, que possuem uma grande operação na China, como WalMart e 3M, também podem ter problema. O que ocorre na contabilidade chinesa, só os chineses podem indicar se está correto ou não. 

30 junho 2020

Uma ode a auditoria

Um dos meus blogs preferidos é o Accounting Fun. Abaixo um poema originalmente publicado no Accounting Web (contribuição de Stephen Purham).

Auditors are people too, we’re not nasty and mean
No need for fear and loathing whenever we are seen
Don’t hide behind your desk or go and nervously take flight
We’re only there to try to make sure everything’s all right
So when we do a test it isn’t just because we can
It’s to check your system’s working right all neatly spick and span
When we ask awkward questions it’s simply that we care
That your records may be incomplete with not all you need there
We look for fraud it’s true but hope to find it? We do not!
Dealing with fraud just adds more to the work that is our lot
Yes auditors are lovely with a helpful task to do
It’s only incidental when we make more work for you
I hope that now you understand and so, what do you say
Will you fight prejudice and hug an auditor today?

14 junho 2020

História da Auditoria

"Auditoria, Registros de uma Profissão" é um documento que trata da história da contabilidade, de uma maneira geral, e da auditoria, em especial. Publicado há anos, ainda tem informações preciosas, sendo de boa leitura. Não encontrei o autor da obra. Eis o trecho que sintetiza a obra:

A história da profissão contábil, incluindo a dos profissionais que se dedicam à auditoria independente no Brasil é muito rica. Seria e é fonte para um incontável número de publicações contando faces dessa história, de acordo com o foco escolhido para o relato.
Quando completou 35 anos, o Ibracon – Instituto dos Auditores Independentes do Brasil lançou o livro Auditoria – Registros de uma Profissão. A obra foi considerada uma “inesquecível viagem pelo tempo, desde seus primórdios até o século XXI”.
A leitura permite constatar o quanto o setor evoluiu e os caminhos para o progresso da Contabilidade e da Auditoria, revelando-nos, numa sequência perfeita, os fatos mais relevantes que marcaram sua evolução. Hoje, para um mercado de capitais eficiente, dinâmico e transparente, o papel da Contabilidade torna-se ainda da maior responsabilidade.
O livro Auditoria – Registros de uma Profissão é uma contribuição inestimável de como a Contabilidade evoluiu e certamente continuará progredindo, fornecendo aos seus usuários um importante e confiável instrumento de trabalho. Para compartilhar com todos os interessados, o Ibracon está franqueando o acesso ao conteúdo.

Clique aqui para o download da obra

01 junho 2020

Auditoria em tempos de Covid

Um documento do IAASB comenta sobre o relatório do auditor diante do atual ambiente do Covid-19. Destaco o seguinte trecho:

Nas atuais circunstâncias, as divulgações assumem uma importância cada vez maior. Os usuários esperam maior transparência por meio de divulgações relacionadas aos efeitos materiais da pandemia do Covid-19. Essas divulgações podem abordar o impacto da volatilidade do mercado financeiro, problemas de deterioração do crédito ou da liquidez, intervenções do governo (como subsídios do governo) e mudanças decorrentes de reduções na produção e reestruturação, entre outros assuntos.

Foto: Aqui

19 maio 2020

Assuntos críticos de Auditoria

Um levantamento do Audit Analytics mostra que entre os assuntos críticos de auditoria (CAM) - um assunto que o auditor considerou um desafio na sua atividade - três deles responderam por mais de 50% do número total: ativo intangível (e ágio), receita e evento estrutural:


O levantamento mostro que no caso de auditores locais há um relato médio de 1,6 CAM por opinião; no Canadá isto aumenta para 1,8 e em auditores estrangeiros é de 2,1.

18 abril 2020

Ex-auditor da EY recebe indenização

A justiça inglesa aceitou uma causa favorável a Amjad Rihan, um ex-funcionário da empresa de auditoria EY. Rihan irá receber 11 milhões de dólares por danos, pois foi demitido da empresa por ter indicado irregularidades em uma empresa chamada Kaloti, em 2013.

O juiz entendeu que a EY ajudou a encobrir problemas que Rihan tinha descoberto ao fazer a auditoria da empresa de metais preciosos Kaloti. A empresa atuava de maneira inadequada e Rihan descobriu, por exemplo, que a Kaloti importou barras de ouro, revestidas de prata, do Marrocos. A empresa atuava no Emirados Árabes, destino de ouro contrabandeado da África.Outra descoberta de Rihan foi que a Kaloti efetuou, somente em 2012, pagamentos no total de 5,2 bilhões de dólares em caixa, um série indício de lavagem de dinheiro.

A EY disse que irá apelar, mas não quis comentar a decisão. Disse que foi uma equipe da empresa que descobriu irregularidades e fez a denúncia.

03 abril 2020

Implicações do Covid-19 nas Demonstrações

O texto a seguir foi preparado pelo Accountancy Europe. Mas é uma boa dica para aqueles que não sabem como agir.

Assuntos profissionais
A pandemia de coronavírus (SARS-CoV-19) continua a se espalhar em muitos países, inclusive na Europa. A Organização Mundial da Saúde (link is external) (OMS) e as autoridades nacionais podem ser consultadas quanto às implicações para a saúde das pessoas. Essa crise também tem efeitos econômicos significativos nas empresas, por exemplo, devido a restrições de produção, comércio e consumo ou devido a proibições de viagens.

Esses efeitos econômicos têm impacto nas demonstrações contábeis e de auditoria das empresas ou dos grupos envolvidos. Esta publicação destaca algumas dessas implicações potenciais. No entanto, o impacto nas empresas será diferente e as empresas e seus auditores devem considerar como isso afeta seus negócios e analisá-los regularmente. O desenvolvimento, a duração e o impacto do coronavírus não podem ser previstos. De qualquer forma, os contadores e os auditores devem lembrar às empresas das várias iniciativas nacionais de assistência as empresas.

Abaixo, exploramos os efeitos do coronavírus na:

  • contabilidade e relatórios para empresas em 31 de dezembro de 2019 
  • contabilidade e relatórios para empresas no final de ano de 2020 
  • auditoria das demonstrações financeiras em 31 de dezembro de 2019 e depois 
  • assuntos práticos para a auditoria das demonstrações financeiras

Efeitos na contabilidade e nos relatórios das empresas em 31 de dezembro de 2019

Os padrões de relatórios como o International Accounting Standard (IAS), o International Financial Reporting Standards (IFRS) e os princípios contábeis geralmente aceitos (GAAP) devem ser totalmente respeitados. Além disso, as empresas devem considerar ir além para responder a seus reais desafios contábeis causados ​​pelo coronavírus de maneira sensata e prática.

Condições refletivas que existiam na data do balanço

Em 31 de dezembro de 2019, a China alertou a Organização Mundial de Saúde (OMS) sobre vários casos de uma forma incomum de pneumonia em Wuhan. No entanto, informações substanciais sobre o que agora foi identificado como coronavírus só vieram à luz no início de 2020.

Continuidade
 

As empresas afetadas adversamente pelo coronavírus, como por exemplo as pequenas empresas ou das áreas de viagens, lazer e hospitalidade e aviação, precisam considerar questões de continuidade. Eles precisam considerar a possibilidade de executar várias análises de sensibilidade possíveis, para determinar se há alguma incerteza material sobre sua capacidade de continuar, como uma preocupação constante. Isso pode resultar em divulgações adicionais, especialmente se houver uma incerteza relevante. Em algumas circunstâncias, pode ser necessário considerar se é apropriado preparar as contas tendo por base a continuidade. Para isso, a empresa deve considerar todas as informações disponíveis sobre o impacto nas negociações futuras. Em relação ao prazo, é necessário considerar pelo menos os primeiros doze meses após a data do balanço ou após a data em que as demonstrações financeiras serão assinadas. Mas um prazo mais longo é aconselhável. Essa avaliação de continuidade operacional deve ser atualizada continuamente até a data em que as demonstrações contábeis são aprovadas.

Eventos pós-balanço não ajustáveis

O requisito geral é que o balanço reflita a posição no final do período do relatório. Portanto, para empresas na Europa com final de ano de 31 de dezembro de 2019, o surgimento de coronavírus é um evento não ajustável, uma vez que o surto ocorreu em janeiro de 2020.

A natureza de qualquer evento relevante não ajustáveis e uma estimativa de seu efeito financeiro devem ser divulgadas em nota explicativa. Portanto, as empresas precisam considerar o impacto do coronavírus em seus negócios, que variará de acordo com as circunstâncias específicas em que opera. Isso inclui que as divulgações articulam um impacto potencial no próximo período do relatório.

Outras divulgações no relatório da administração

As empresas também devem considerar se devem se referir ao possível impacto do coronavírus quando relatam os principais riscos e incertezas no relatório da administração. Em princípio, eles devem relatar isso quando possíveis desenvolvimentos adicionais podem levar a desvios negativos nas previsões da empresa.

Período após a data de encerramento


'Eventos após o final do período de relatório' incluem todos os eventos até a data em que as demonstrações financeiras são autorizadas para emissão. É importante incorporar uma abrangente revisão pós-balanço no relatório do final do ano.

Efeitos na contabilidade e nos relatórios para empresas com final de ano em 2020
À medida que avançamos em 2020, mais informações são reveladas sobre a escala e o impacto do coronavírus. Pode ser necessário um maior grau de julgamento ao identificar as condições nas datas dos balanços após 2019 e, portanto, avaliar se os desenvolvimentos são eventos de ajuste ou não. O coronavírus geralmente é um evento de ajuste para qualquer período do relatório encerrado a partir de 31 de janeiro de 2020.

As empresas precisarão revisar, além da preocupação continuada, todas as áreas das contas sujeitas a julgamento e incerteza de estimativa, incluindo:

  • estimativas contábeis [1] 
  • mensurações do valor justo 
  • imparidade de ativos 
  • avaliações de perda de crédito esperadas 
  • contabilidade de hedge 
  • outros requisitos de divulgação de demonstrações financeiras.
O impacto de violações de covenants, cláusulas contratuais onerosas e planos de reestruturação também merece consideração.

Efeitos nas demonstrações financeiras de auditoria em 31 de dezembro de 2019 e posteriores
 

A conformidade com as normas internacionais de auditoria (IAS) deve continuar na íntegra, mesmo sob pressão de prazos alterados. Além disso, os auditores devem recuar e procurar responder ainda mais aos desafios específicos de auditoria que o coronavírus causa para as empresas e seus relatórios.

Impacto do coronavírus na avaliação de riscos de uma empresa por um auditor

A avaliação de risco do auditor, e se isso precisa ser revisado devido à ameaça de novos riscos significativos a, por exemplo, liquidez da empresa. Como a situação atual é muito fluida, será necessário reconsiderar constantemente durante a auditoria. Mais orientações podem ser encontradas na ISA 315, Identificação e avaliação dos riscos de distorção relevante.

Obtendo evidência de auditoria

Os auditores devem considerar como reunir evidência de auditoria apropriada e suficiente. Nesse sentido, os auditores devem reconhecer que podem precisar alterar a abordagem de auditoria e desenvolver procedimentos alternativos, particularmente em trabalhos de auditoria de grupo com subsidiárias às quais o acesso é restrito. Isso continua sendo necessário para poder relatar ou considerar modificar a opinião da auditoria. O auditor deve considerar o maior uso da tecnologia no compartilhamento de dados ou na hospedagem de reuniões virtuais. A evidência de auditoria ISA 500 fornece mais detalhes.

Implicações para a avaliação do auditor da continuidade operacional

Este será, sem dúvida, o foco principal de muitas auditorias atuais e futuras, dado que a incerteza sobre a economia global e as perspectivas imediatas para muitas empresas aumentaram. O ISA 570 permanece aplicável.

Por exemplo, a avaliação da gerência sobre continuidade operacional pode precisar incluir:

  • atualização de previsões e sensibilidade conforme apropriado, considerando fatores de risco identificados e diferentes resultados possíveis
  • revisão da conformidade da aliança projetada em diferentes cenários 
  • alterar os planos da gerência para ações futuras 
  • expansão da evidenciação
O impacto das perspectivas futuras da empresa no relatório do auditor

O auditor deve considerar as dificuldades que a administração pode ter para preparar projeções futuras, reconhecendo a situação altamente incerta e fluida. De fato, essas projeções podem mudar significativamente em um curto espaço de tempo. É essencial que o auditor use julgamento profissional e ceticismo. Eles precisam ter cuidado para garantir que quaisquer projeções reflitam a situação como e quando um relatório de auditoria deve ser assinado. Consulte Eventos subsequentes do ISA 560 para obter mais detalhes.

Considerar a adequação das divulgações da administração sobre o impacto do coronavírus

O auditor precisa garantir que as divulgações da administração descrevam adequadamente as perspectivas da empresa e como os usuários das demonstrações financeiras podem ser afetados. Tudo isso enquanto reconhece o alto grau atual de incerteza. Os auditores também precisam considerar suas responsabilidades em relação a outras informações apresentadas pela administração com as demonstrações financeiras. Isso está coberto na ISA 720 (responsabilidades do auditor relacionadas a outras informações ).

Efeitos potenciais no relatório do auditor

As implicações para o relatório do auditor podem incluir [2]:

  • Para entidades de interesse público, um Key Audit Matter (KAM) relacionado ao trabalho de auditoria adicional necessário devido ao surto de coronavírus. Por exemplo, para descrever a abordagem da auditoria de grupo, explique que não há incerteza material ou incerteza relativa à continuidade 
  • Um parágrafo de "ênfase", por exemplo, para destacar um evento subsequente significativo divulgado nas demonstrações financeiras ou uma incerteza significativa resultante do surto 
  • Uma incerteza material em relação a um parágrafo de continuidade operacional 
  • Uma qualificação ou opinião adversa, por exemplo, em relação a divulgações inadequadas ou a incertezas nas demonstrações contábeis 
  • Uma opinião qualificada, ou uma isenção de opinião, devido à limitação do escopo quando não é possível obter evidência de auditoria apropriada e suficiente. Por exemplo, quando os inventários não podiam ser atendidos pessoalmente.
Implicações práticas para a auditoria das demonstrações financeiras
Discussões proativas dos auditores com seus clientes

Aconselha-se aos auditores que sejam proativos e discutam com seus clientes o impacto do coronavírus na empresa, seus negócios, operações, cronograma de relatórios e cronograma de auditoria relacionado, incluindo seus respectivos planos de contingência. Existe o risco de atrasos porque a empresa pode ser interrompida na preparação das informações.

Questões logísticas na preparação de contas e na realização de auditorias

Algumas empresas e auditores estão enfrentando dificuldades práticas na preparação de contas e na realização de auditorias. Isso provavelmente afetará como as empresas de auditoria auditarão essas empresas. Dadas as viagens, as reuniões e o acesso cada vez mais restritos aos locais da empresa, os auditores precisam desenvolver procedimentos de auditoria alternativos para reunir evidências de auditoria apropriadas e suficientes.

Considerações sobre revisão de auditoria de grupo

Os auditores de grupo precisam considerar como planejam revisar o trabalho dos auditores de componentes para atender aos requisitos das normas. Isso deve incluir considerar se procedimentos alternativos devem ser usados, por exemplo, onde a viagem é restrita.

Circunstâncias imprevistas

Quando a auditoria não puder ser executada, por exemplo, devido a um confinamento ou o auditor responsável pela assinatura adoecer, é recomendável também entrar em contato com o regulador relevante para obter orientação sobre as próximas etapas.

Desafio dos Auditores

A pandemia do Covid-19 trouxe um conjunto de desafios para os auditores, além de trabalhar em casa. Muitas empresas estão reestruturando sua forma de trabalhar, o que inclui demissões. Além disto, os reguladores estão emitindo muitas normas. (Este seria um movimento bom: que os reguladores fiquem em casa descansando por alguns anos)

Fazer auditoria realmente é um desafio neste novo tempo. O AICPA publicou um relatório com estes desafios (via aqui). Inclui os seguintes tópicos: atrasos das demonstrações financeiras, observação do inventário físico,implementação e teste de controle interno, planejamento de auditoria, pressupostos de continuidade, eventos subsequentes, risco de fraude, entre outros itens.

01 fevereiro 2020

Auditoria ou consultoria?

A relação da receita gerada pela atividade de auditoria e a receita proveniente de consultoria nas grandes empresas de auditoria mostra a importância cada vez maior da consultoria.. Isto seria um problema? Uma resposta otimista seria não, já que os profissionais envolvidos não se misturam. Além disto, ao prestar consultoria haveria uma melhoria na qualidade do trabalho. E não priva a empresa de ter a experiência de uma empresa de auditoria.

Entretanto, há uma grande desconfiança de que isto não seja verdadeiro. Um problema nítido é o conflito de interesse. Talvez o auditor relaxe seu trabalho e isto altere a qualidade do resultado.

Durante o escândalo da Enron, as consultorias das auditorias foram criticadas. A Arthur Andersen ganhava mais não sendo auditor. Naquele momento, as outras empresas venderam ou separaram os negócios de consultoria.

Nos Estados Unidos,

A SEC exige que o auditor seja “independente”, evitando relacionamentos que possam comprometer sua capacidade de realizar uma auditoria dura e cética. A independência do auditor é "extremamente importante, é fundamental", disse o presidente da SEC, Jay Clayton, em uma conferência contábil em dezembro.

Mas a SEC parece inclinada a relaxar as regras de conflito de interesses. Já no Reino Unido, a tendência é oposta, em razão de alguns escândalos contábeis recentes. O mesmo parece estar ocorrendo na Comunidade Europeia, que limitou os serviços de não auditoria a partir de 2016.

18 janeiro 2020

Efeito colateral da inspeção de auditoria

 A presença e a possibilidade de inspeção, por parte do PCAOB, faz com que a empresa de auditoria concentre seus esforços nos clientes de maior risco, deixando de lado os clientes de menor risco.

Veja que é algo como acontece com um professor que orienta dois alunos: aquele com maior risco de ser reprovado talvez tenha mais atenção do professor. Mas nem sempre é isto que ocorre: sabendo disto, o professor pode focar no melhor aluno e deixar abandonado o "caso perdido". O que ocorre mais?

No caso do auditor, há um risco reputacional. Isto pode fazer com que a conclusão da pesquisa pareça meio óbvia, mas é algo novo sobre a forma como o auditor trabalha.


I provide theory-based causal evidence on the effects of risk-based regulatory inspections, modeled after the PCAOB's, on auditor behavior in a multi-client setting where clients with relatively higher misstatement risk ("higher-risk" clients) have a higher risk of being inspected than clients with relatively lower misstatement risk ("lower-risk" clients). I predict and find inspections increase auditor effort, but only for higher-risk clients. Inspections impair auditors' decision performance for lower-risk clients relative to a regime without inspections and relative to higher-risk clients within an inspections regime, ceteris paribus. Theory-based process model results show inspections increase auditors' perceived inspection risks, which increase auditor effort for higher-risk clients, but also increase auditors' task-related anxiety resulting in decreased decision performance for lower-risk clients. Notwithstanding the previously-identified benefits, this study identifies potential unintended consequences of risk-based regulatory inspections.

Lori Shefchik Bhaskar (2019) How do Risk-Based Inspections Impact Auditor Behavior? Experimental Evidence on the PCAOB's Process. The Accounting Review In-Press.  

14 junho 2019

Renúncia da auditoria

Algo interessante ocorreu na Índia. A Reliance Capital é uma das maiores empresas do país asiático, gerenciando ativos, seguros de vida, entre outros produtos. Possui mais de 20 milhões de clientes e 15 mil funcionários.

A empresa PwC encaminhou uma carta para Reliance, afirmando estar abandonando a auditoria por não receber uma resposta satisfatória para algumas dúvidas. Na quarta a Reliance divulgou este fato. As ações, cotadas a 93$ na manhã de quarta terminou o dia cotada a 87 e agora, na sexta, estava a 76$. A empresa disse que as observações da empresa eram infundadas e injustificadas; a decisão da PwC seria motivada pela “psicose do medo”, sem uma discussão com o comitê de auditoria.

Aparentemente, a PwC apontou problemas contábeis na empresa e na Reliance Home Finance ligado a desvios de recursos entre as partes relacionadas. O executivo, Anil Ambani, indicou que seriam boatos injustificados.

30 abril 2019

FRC multa a KPMG

A KPMG foi multada em 6 milhões de libras esterlinas, além de ser repreendida, por uma auditoria realizada em 2008 e 2009 em uma empresa de seguros. O valor corresponde a R$30 milhões na data de hoje. A auditoria da Syndicate 218, foi considerada inadequada pelo regulador inglês FRC (Financial Reporting Council). O FRC também multou o partner Mark Taylor e o ex-partner Anthony Hulse, cada um em 100 mil libras.

O caso chama a atenção por três motivos. Em primeiro lugar, o valor da multa pecuniária é elevado para o padrão de empresa de auditoria. É bem verdade que representa um cisco diante do faturamento global da empresa, mas o erro começa a ser sentido no bolso.

Em segundo lugar, a KPMG também foi responsável pela auditoria da Carilion, uma empresa que quebrou com uma dívida de 1 bilhão de libras. Talvez seja um prenuncio de que a próxima multa será bem pesada.

Finalmente, há uma ameaça de quebrar as Big Four na Grã-Bretanha. A multa é mais um argumento por esta medida, como uma forma de resolver o “problema de qualidade” das empresas.

19 março 2019

Como fazer auditoria

É melhor fazer pouca auditoria, mas imprevisível, ou ter muita frequência na auditoria, mas previsível. Parece meio óbvio. Pesquisa feita no Chile, na área da pesca, mostra o resultado. Eis o resumo:

Attempts to curb illegal activity through regulation gets complicated when agents can adapt to circumvent enforcement. Economic theory suggests that conducting audits on a predictable schedule, and (counter-intuitively) at high frequency, can undermine the effectiveness of audits. We conduct a large-scale randomized controlled trial to test these ideas by auditing Chilean vendors selling illegal fish. Vendors circumvent penalties through hidden sales and other means, which we track using mystery shoppers. Instituting monitoring visits on an unpredictable schedule is more effective at reducing illegal sales. High frequency monitoring to prevent displacement across weekdays to other markets backfires, because targeted agents learn faster and cheat more effectively. Sophisticated policy design is therefore crucial for determining the sustained, longer-term effects of enforcement. A simpler demand-side information campaign generates two-thirds of the gains compared to the most effective monitoring scheme, it is easier for the government to implement, and is almost as cost-effective. The government subsequently chose to scale up that simpler strategy

27 fevereiro 2019

Empresa de Auditoria deve ter registro na CVM


  • A Lei 7940/89 instituiu a taxa de fiscalização para empresas com registro na CVM
  • Havia um questionamento se empresas que fazem auditoria em companhias de capital fechado deveriam ter registro na CVM
  • Uma decisão do STJ confirmou a taxa e o registro

Uma notícia importante para os auditores. Uma decisão do STJ confirmou que as empresas de auditoria são obrigadas a efetuar o registro e efetuar o pagamento de taxa de fiscalização para CVM. Mesmo que a auditoria tenha sido feita em empresas de capital fechado. Eis a notícia completa:

Em análise de recurso especial, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) confirmou que empresas de auditoria independente são obrigadas a registro e pagamento de taxa de fiscalização perante a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), ainda que os serviços apenas sejam prestados a companhias fechadas.

O voto do relator, Ministro Gurgel de Faria, ressaltou que o registro na CVM é condição para a auditagem de companhias abertas. Porém, se a empresa de auditoria independente não realiza serviços para companhias naquela condição, o faz por opção e isso não a desobriga ao pagamento da taxa de fiscalização instituída pela Lei 7.940/89.

Ao analisar o caso, o relator relembrou que o Supremo Tribunal Federal já decidiu ser constitucional a Taxa de Fiscalização dos Mercados de Títulos e Valores Mobiliários, instituída pela Lei nº 7.940/89.

Por unanimidade, os Ministros da Primeira Turma do STJ decidiram pelo provimento ao recurso especial.

Lei 7.940/89

Nos termos do art. 3º, caput, da Lei 7.940/89, são contribuintes da Taxa as pessoas naturais e jurídicas que integram o sistema de distribuição de valores mobiliários, as companhias abertas, os fundos e sociedades de investimentos, os administradores de carteira e depósitos de valores mobiliários, os auditores independentes, os consultores e analistas de valores mobiliários e as sociedades beneficiárias de recursos oriundos de incentivos fiscais obrigadas a registro na Comissão de Valores Mobiliários - CVM.

05 fevereiro 2019

Auditoria, podemos melhorar

A Grã-Bretanha parece que pretende resolver o seu problema de auditoria. Os executivos das quatro principais empresas de auditoria do mundo foram ao Parlamento britânico. Uma das questões era se estavam satisfeitos com o produto realizado. Três deles discordaram. O executivo da PwC (foto) disse “podemos melhorar”, mesmo depois de pagar multas recordes em 2018.

Uma auditoria é efetivamente um teste das contas de uma empresa em uma base de amostra, diz Simon Mott-Cowan, chefe de auditoria da HW Fisher & Company, uma pequena empresa de auditoria.
Para uma empresa menor, alguns auditores passarão algumas semanas na empresa cliente, além de algumas semanas de planejamento, revisão e redação da avaliação final. Os horários exatos dependem de quão complicado é o negócio.
Os auditores podem exigir acesso a tudo o que precisam, o que pode envolver um backup completo do sistema de contabilidade de uma empresa, diz Mott-Cowan.
Esses números são testados por transações de amostragem. O quanto você experimenta depende de quão complicado é o negócio, ele diz, e o julgamento deve ser usado.
(...) "Quando eu assino o relatório de auditoria como parte do processo, estou realmente concordando em dizer que acho que não há nenhum problema para que a entidade continue a operar nos próximos 12 meses", diz Mott-Cowan. "Se eu não tenho certeza disso, nós mencionaríamos isso no relatório de auditoria."


Fonte: aqui

23 janeiro 2019

Solução para o Oligopólio?

O professor da Universidade de Oxford, Karthik Ramanna, apresentou alguns comentários sobre a crise do setor de auditoria na Inglaterra. Esta crise começou com os problemas da empresa Carillion, que prestava serviços para o governo. Todas as quatro grandes empresas de auditoria tinha algum tipo de envolvimento com a empresa. Isto provocou uma reação por parte das autoridades britânicas, que começaram a pensar seriamente em reduzir o oligopólio das Big Four no mercado. Havia (há ?) uma clara ameaça ao poder da KPMG, EY, PwC e Deloitte.

Um dos aspectos que não ajudou muito, segundo Ramanna, foi a mudança nas regras contábeis. Durante anos existia uma regra de prudência, onde as pessoas deveriam ser cétidas com respeito ao que a administração de uma empresa informava. A regra da prudência protegeu os investidores contra os otimistas e os desonestos. E ajudou, por muito tempo, o auditor a fazer seu trabalho.

Mas a prudência foi eliminada como parte de um projeto bizarro que despojou os princípios contábeis da necessidade de ser "confiável".

Mas o Reino Unido não irá conseguir quebrar o oligopólio, principalmente em um momento que se discute a saída da Comunidade Europeia. Para Ramanna, mais norma não é a solução.

De fato, pode-se argumentar que não é a falta de regulamentação, mas sim a captura de reguladores por auditores que permitiu que a indústria operasse como tem feito. Se assim for, a proposta de mais regulamentação simplesmente lança óleo no fogo.

(...) Eu suspeito que a concorrência radical e disruptiva da tecnologia fará mais para que a transpiração Big Four agregue valor do que qualquer nova regulamentação. No entanto, eu ficaria muito surpreso se qualquer grande governo, com a possível exceção de Cingapura, fosse tão corajoso a ponto de considerar tal experimento.