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26 março 2010

Ernst & Young

A Ernst & Young começou a auditoria na Lehman Brothers em 1994 e dois dos Diretores Financeiros do Lehman veiram deste auditor externo. Um deles, David Goldfarb, juntou-se a Lehman em 1993 e tornou-se diretor financeiro da empresa em 2000. O outro, Chris O'Meara, juntou-se a Lehman em 1994 e foi o CFO a partir de 2004 a 2007. Foi sob Goldfarb que as políticas contábeis com relação ao "Repo 105" transações foram desenvolvidas.

On Audits and Auditors – John Mason – Seeking Alpha, 25 de março de 2010

25 março 2010

Lehman

O texto a seguir, de autoria de Jennifer Hughes, uma das melhores jornalistas na área contábil, sobre o escândalo. Acho que ela não foi tão incisiva em analisar o papel da Ernst & Young, como o texto de Sorkin e La Merced.


Em 18 de março de 2008, Erin Callan, diretora financeira do Lehman Brothers, disse em uma teleconferência que o banco estava "tentando dar ao grupo [que a ouvia] uma grande dose de transparência sobre as demonstrações financeiras", fornecendo mais detalhes. Os analistas na linha até a agradeceram por isso. 

Mas o que Callan não disse a eles é que o Lehman tinha transferido US$ 49 bilhões de seu balanço do trimestre, usando uma manobra que chamada "Repo 105". Isso foi feito para ajudar a baixar a alavancagem - ou a proporção de ativos sobre patrimônio líquido - informada pelo banco, exatamente a redução que ela estava divulgando aos analistas. 

Essa e outras manobras semelhantes vieram à tona no relatório de 2.200 páginas coordenado por Anton Valukas, administrador nomeado pelo juiz do tribunal de falências. Justificadas por escassa ou nenhuma lógica econômica, essas transferências são simplesmente uma variante da antiquíssima manobra contábil de maquiagem dos números para que o balanço pareça temporariamente melhor. 

O que chama a atenção, dois anos depois, é a maneira objetiva com que os esquemas foram discutidos no banco por altos executivos e aceitos por suas contrapartes - outros grupos financeiros com os quais o Lehman tinha negócios, antes de seu colapso setembro. [1]

No entanto, mesmo no Lehman, nem todo mundo encarou o mecanismo de maneira tão benigna. Num e-mail, Bart McDade, que se tornou diretor operacional em junho de 2008, qualificou a Repo 105 de "mais uma droga da qual estamos dependentes" e planejava reduzir sua utilização, em meio a uivos de protesto de alguns departamentos. Martin Kelly, diretor de controladoria, alertou seus chefes sobre o "risco de manchete" para a reputação do Lehman, se as operações viessem a público. 

O esquema até mesmo custava dinheiro ao banco. Diz um e-mail de outro funcionário: "Todo mundo sabe que a 105 é um mecanismo fora do balanço e as contrapartes estão exigindo níveis absurdos [de preços] para participar". 
Mas a pressão para realizar mais operações desse tipo cresceu, em 2008, assim como a obsessão do mundo exterior com a precariedade das finanças do banco, especialmente sua alavancagem. E-mails internos exortavam gestores a se empenhar mais para remover ativos da contabilidade. Embora Dick Fuld, executivo-chefe até o fim do Lehman, tenha dito por meio de um advogado que não conseguia lembrar-se de discussões sobre a Repo 105, McDade disse ao investigador que havia feito a seu chefe uma apresentação sobre o tema. [2]

Entre as questões suscitadas pelo relatório Valukas sobre a inteireza da contabilidade - e da auditoria feita pela Ernst & Young -, há um tema maior: como é que esse tipo de engenharia financeira chegou a ser considerado uma ferramenta legítima de negócios e o que pode ser feito a respeito? 

Maquiar as contas não é novidade, e pode assumir muitas formas - de relativamente benignas a fraude pura e simples. Nas indústrias, por exemplo, um gerente pode "entupir os canais" despachando produtos pouco antes do fim do trimestre, mesmo que os itens não tenham sido pedidos para ajudar a cumprir metas e incrementar as receitas que aparecem nos relatórios. Isso não é muito diferente do que faz o gerente de uma loja de varejo que, depois de atingir a meta mensal, retarda a contabilização dessas vendas por alguns dias para facilitar o cumprimento das metas do mês seguinte. [3]

Truques para manipular a receita reportada são mais comuns do que as que, como no caso das Repo 105 usadas pelo Lehman, focam o balanço patrimonial. Mas o banco americano não estava sozinho. [4]

De fato, um lembrete veio à tona na semana passada, com a prisão de Sean Fitzpatrick, que também em 2008 renunciou ao cargo de presidente do Anglo Irish Bank, em Dublin, após a revelação de que havia ocultado, durante anos, empréstimos pessoais no valor de até US$ 119 milhões. Ele o fez transferindo os empréstimos para outro banco pouco antes do fim do ano fiscal de seu banco, e trazendo-os de volta após o encerramento do balanço patrimonial. 

Dois anos antes da saída de Fitzpatrick, a Comissão de Valores Mobiliários americana (SEC) obrigou um grupo de bancos porto-riquenhos a republicar suas contas, corrigidas, após investigação sobre vários delitos, entre eles gestão de lucros mediante uma série de transações de compra e venda simultâneas envolvendo outros bancos. 

A prática nada tem de recente; em 1973, a London and County Securities, no Reino Unido, foi ao colapso depois que um aperto de crédito deflagrado pelo governo contribuiu para tornar realidade as suspeitas generalizadas sobre suas abaladas finanças. Ao destrinchar as contas do L&C, os liquidantes encontraram, entre muitas práticas abusivas, uma sistema de "maquiagem" dos números que envolvia uma "quadrilha" de bancos que depositavam fundos uns nos outros pouco antes do fim do ano para aumentar a liquidez nos balanços. 

As operações com as Repo 105 usadas pelo Lehman chamaram a atenção porque tentativas de esconder ativos movendo-os para fora do balanço são comumente associadas a práticas contábeis nebulosas, famosas por seu envolvimento no emaranhado interminável de veículos financeiros criados pela companhia de energia americana Enron para esconder suas dívidas. 

Mas a razão pela qual esse tópico continua ressurgindo sob tantas formas é que a questão está no cerne da prática contábil, cuja intenção original era dar aos proprietários de uma empresa um retrato legítimo de suas atividades. Por isso, o que é lançado nos livros - e o que fica fora deles -, é uma área de permanente de debate. 

Apesar dos repetidos e cada vez mais exaustivos esforços dos reguladores para esclarecer as questões, contadores e gestores de empresas sabem que permanecem muitas zonas cinzentas. Isso cria um terreno intermediário onde os gestores podem contestar seus auditores - com alguma tranquilidade -, afirmando que apesar da "nebulosidade" implícita no termo "fora do balanço" estão debatendo legitimamente uma área sem regras absolutamente definidas para todas as situações. 

"É sempre mais fácil quebrar uma regra do que propor uma regra geral, nessa área, que diga qual deveria ser o tratamento", diz Allan Cook, ex-diretor técnico do Conselho de Normas Contábeis, no Reino Unido. [5] Ele recorda ter recebido uma série de cartas de contadores e administradores de empresas sugerindo regras específicas para a contabilização de itens extra-balanço, e fornecendo exemplos aos quais elas se aplicariam. "O problema é que não se pode formular uma norma na forma de uma série de boas soluções para situações individuais, as regras têm de ser formuladas em termos gerais", acrescenta ele. 

Antes de a agência britânica ter sido criada em 1990 (17 anos depois de seu equivalente nos EUA, o Fasb, Conselho de Padrões de Contabilidade Financeira), recordam os contadores da época, houve uma série de brigas com clientes e seus advogados em torno do que deveria, e do que não deveria, ser permitido. 

Sir David Tweedie, que hoje preside o Conselho de Normas Internacionais de Contabilidade (Iasb), descreveu a década de 1980, quando era sócio da KPMG, como uma era em que os clientes testavam os limites. "Banqueiros de investimento 'empurravam' um esquema que, possivelmente, estivesse minimamente dentro da lei, a um cliente, convenciam duas grandes firmas de auditoria a aceitar o esquema - que passava a se tornar uma prática aceita - e [advogados] diziam a um terceiro auditor que ele não poderia apor ressalvas [ao relatório financeiro da companhia]", disse ele em 2008. 

Algumas dessas transações usavam o mesmo tipo de veículos financeiros que esteve fortemente ligado à recente crise. Outros esquemas eram aparentemente mais prosaicos, como permitir aos varejistas "vender" as lojas a seu banco, mas com um acordo possibilitando recomprar as propriedades em qualquer momento. Os contadores mostravam-se - e mostram-se - cautelosos em chamar esse tipo de acordo de uma venda genuína, já que, na realidade, o vendedor mantém o controle. "Lembro-me de executivos de banco de investimento nos dizendo que nunca [conseguiríamos] parar isso", diz um contador. 

Tudo isso significa que, em muitas situações reais, não fica claro quando exatamente se anda sobre uma linha que configura aproveitamento legítimo das regras contábeis, maquiagem financeira questionável ou práticas artificiosas ou fraudulentas. 

"Uma forma de conseguir o menor custo possível de financiamento é conseguir uma apresentação apropriada", diz um contador sênior do Lehman Brothers. "Coloque-se em uma situação em que os analistas constantemente escrevem sobre sua alavancagem e você acredita estar tecnicamente no direito de reduzir o custo do dinheiro apresentando suas contas dessa forma. Não fica, então, tão disparatado dizer, 'bem, eles escreveram as regras e estou dentro delas'." 

Lynn Turner, ex-chefe de contabilidade da SEC, é mais cáustico sobre o uso da Repo 105 pelo Lehman Brothers. "Não creio que seja apenas engenharia financeira, creio que seja fraude contábil. É simplesmente surpreendente que tenhamos voltado a isso", afirma. 

De forma reservada, auditores nos EUA contam sobre encontros com clientes que lhes perguntam diretamente: "Em que lugar está escrito que não posso fazer isso?". 

"Na informação financeira, ninguém quer ficar para trás e ter seus concorrentes antecipando-se a eles. É um pouco como uma corrida armamentista ou uma caçada", diz Jack Ciesielski, editor da Analysts' Accounting Observer, um serviço de análises sobre contabilidade. "A melhor analogia com a vida real poderia ser a restituição do imposto de renda e como algumas pessoas se sentem passadas para trás se não vão até o limite, aproveitando qualquer dedução que consigam."

O relatório de Valukas trouxe a contabilidade e auditoria de volta aos holofotes. A Ernst & Young sustenta ter confiança no trabalho realizado e acrescenta que as últimas contas auditadas do Lehman Brothers, até novembro de 2007, foram "apresentadas de modo correto", em conformidade com os princípios contábeis dos EUA. 

Reservadamente, altos executivos de rivais entre as "quatro grandes" firmas mundiais de auditoria se perguntam o que poderia ser revelado se outras instituições problemáticas, como AIG, Bear Stearns e Royal Bank of Scotland, tivessem sido alvos de análises microscópicas similares, que renderam acesso a três petabytes de informações - o equivalente a 350 bilhões de folhas. 

A profissão vem discutindo internamente há anos como seguir princípios contábeis em um mundo no qual os auditores, cada vez mais, enfrentam o risco de processos. Nos tribunais, regras mais detalhadas possibilitariam uma proteção melhor para os auditores do que princípios gerais. Agora, o G-20, grupo das 20 principais economias mundiais, pediu às autoridades reguladoras para chegar a um acordo sobre um conjunto único de padrões contábeis mundiais até 2011. Na realidade, isso exigiria que os EUA troquem suas regras pelas do Iasb, que usa um sistema mais baseado em princípios. 

Os cínicos, porém, já alertam para o fato de que embora balanços mais gerais podem ajudar a obrigar os gestores a seguir "o espírito", em vez de simplesmente "a letra", da lei, também podem deixar mais espaço para interpretações individuais. Em outras palavras, o tipo de área cinzenta explorada pelo Lehman Brothers nunca desapareceria realmente. [6]

Contabilidade volta a pregar peças nos investidores - Matéria publicado no Jornal Valor Econômico em 23 março. 2010 - Texto de Jennifer Hughes (Financial Times - Londres) – Publicado no Blog de Claudia Cruz

[1] Este aspecto é importante e se provado poderá significar um bom processo judicial contra os executivos.

[2] Tudo indica que será fácil provar a participação do executivo. Ademais, a Sox será um instrumento útil aqui, pois a responsabilidade final do balanço é do executivo.

[3] É bom lembrar que isto é algo básico para um economista: os indivíduos funcionam conforme os incentivos. O sistema de incentivos geralmente induz a comportamentos inadequados.

[4] Segundo o New York Times, o Bofa também está fazendo este esquema. Veja postagem no blog de 25 de março de 2010, "Agora, o Bofa".

[5] Isto aparentemente parece ser um ponto positivo para as normas do Iasb, mais abrangentes e menos detalhadas.

[6] Isto parece ser um ponto positivo para as normas do Fasb, mais detalhadas.

[7] Alexandre Alcântara faz uma associação interessante entre "essência sob a forma" e "alisamento de resultados"

Agora, o Bofa

Depois das denúncias contra o Lehman (e o Repo 105), parece que existe uma suspeita de que o Bank of America também usou um mecanismo parecido. John Bronte Capital Hempton descobriu algumas divergências no valor de final de trimestre dos ativos. O Bofa afirma que não fez nada de errado.

O parceiro das operações do Bofa parece ser o Mitsubishi, do Japão. Um porta-voz do Banco afirmou:

Os esforços para controlar o tamanho do nosso balanço são rotineiras e adequadas.

Para ler mais, clique aqui sobre um texto do New York Times, de 24 de março (Bofa our accounting followed the Rules).

22 março 2010

A história do Lehman

O texto a seguir, publicado no Estado de São Paulo (p. B16), mostra como o caso Lehman é relevante para contabilidade. Sorkin, um dos autores, lançou recentemente Too Big to Fail, sobre a história da crise financeira.

Lehman ocultou US$ 50 bi em crédito ruim
Michael de La Merced – Andrew Ross Sorkin – New York Times – Estado de Sao Paulo – 13 de março

É o equivalente a um relatório de médio-legista – um documento de 2.200 páginas que mostra, com novos e chocantes detalhes, como o Lehman Brothers usou a prestidigitação contábil para ocultar os maus investimentos que o levariam à ruína.

O relatório, compilado por um examinador do banco falido, atingiu Wall Street como um soco, na quinta-feira. A companhia de 158 anos, ele concluiu, morreu de causas múltiplas. Entre elas estavam ativos hipotecários ruins e, menos diretamente, o JP Morgan Chase e o Citigroup, para que o banco periclitante desse garantias para os empréstimos de que desesperadamente precisava.

Mas o examinador, Anton R. Valukas, também expôs, pela primeira vez, o que o relatório caracterizou de malabarismos contábeis “materialmente enganosos” que o Lehman usou para mascarar a condição perigosa de suas finanças.

A falência do banco, a maior da história americana, abalou o mundo financeiro. Os temores de que outros bancos pudessem desmoronar numa quebradeira geral levaram Washington a arranjar um salvamento abrangente do sistema financeiro.

Segundo o relatório, o Lehman usou o que não passou de uma engenharia financeira para tirar temporariamente US$ 50 bilhões de seus livros nos meses que antecederam o seu colapso, em setembro de 2008, para ocultar sua dependência de dinheiro emprestado. Executivos seniores do Lehman, além da auditoria do banco, a Ernst & Young, sabiam das medidas, segundo Valuskas, um sócio do escritório de advocacia Jenner & Block, qeu depositou o relatório em conexão com o caso da quebra do Lehman.

Richard S Fuld Jr., o ex-presidente do Lehman, certificou as contas falsificadas, escreveu Valukas. “Sem o conhecimento do investidor, de agências de classificação de crédito, de reguladores do governo e do conselho diretor, o Lehman fez a engenharia inversa da relação de alavancagem líquida da empresa para consumo público”, escreveu Valukas. Fuld foi “pelo menos grosseiramente negligente”, declara o relatório.

Henry Paulson, o então secretário do Tesouro, advertiu Fuld de que o Lehman poderia falir se não estabilizasse suas finanças ou encontrasse um comprador. Executivos do Lehman se envolveram no que o relatório caracterizou de “manipulação de balanço acionável”, além de “erros não inculpáveis de julgamento econômico”.

O relatório não tira conclusões sobre se os executivos do Lehman violaram leis do mercado, mas sugere que existem evidências suficientes para potenciais ações civis. Executivos do Lehman já são réus em ações civis, mas não foram acusados de delitos crimonosos.

O relatório surge mais de um ano e meio depois que a maior parte do Lehman foi vendida ao Barclays, que ocupara os antigos escritórios do Lehaman em Manhattan. Grande parte do relatório de nove volumes está centrada nas manobras contábeis, conhecidas dentro do Lehman como “Repo 105”.

Usado pela primeira vez em 2001, muito antes da crise, o Repo 105 envolveu transações que retiraram secretamente bilhões de dólares dos livros do Lehman, numa época em que o banco estava sob pesado escrutínio. Segundo Valukas, Fuld ordenou que executivos do Lehman reduzissem o endividamento do banco, e funcionários do alto escalão buscaram repetidamente aplicar o Repo 105 para melhorar o aspecto dos resultados. Outros executivos nomeados no relatório, em conexão com o uso da ferramenta contábil, incluíram três ex-diretores financeiros do Lehman: Christopher O´Meara, Erin Callan e Ian Lowitt.

Patricia Hynes, um advogada de Fudd, disse, numa declaração por e-mail, que Fuld “não sabia o que eram essas transações – ele não as estruturou ou negociou nem estava ciente de seu tratamento contábil”.

Charles Perkins, um porta-voz da Ernst & Young, disse, numa declaração por e-mail. “Nossa última auditoria da companhia foi para o ano fiscal terminado em 30 de novembro de 2007. Nossa opinião indicou que as declarações financeiras do Lehman para aquele ano foram corretamente apresentadas, de acordo com os Princípios Contábeis Geralmente Aceitos (Gaap, em inglês), e continuamos com essa opinião”.

Bryan Marsal, atual presente executivo do Lehman, disse: “Acabamos de receber esse relatório volumoso e o apreciaremos cuidadosamente nas próximas semanas para avaliar como ele poderá nos ajudar em nossos esforços atuais para promover os interesses do credor”.

“Repos”, abreviação para acordo de recompra, são uma prática comum em Wall Street representando empréstimos de curto prazo que por vezes propiciam financiamentos cruciais. Mas o Lehman usou uma contabilidade agressiva em suas transações Repo 105, que lhe permitiu tirar ativos problemáticos de seus livros para ajudá-lo a atingir metas de fim de trimestre.

Numa série de e-mails citados pelo examinador, um executivo do Lehman escreve sobre o Repo 105: “É basicamente camuflagem”. Outro responde: “percebo... Então, é legalmente factível, mas não parece bom quando o fazemos? Será que o resto da Street o faz? Também é por isso que temos tanto BS (balanço) para Rates Europe.” O primeiro executivo retruca: “sim, não e sim.”

Valukas escreve no relatório que “demandas plausíveis” poderiam ser feitas contra ex-executivos do Lehman e da Ernst & Young, significando que haviam evidências suficientes que poderiam levar à concessão de indenizações num julgamento. Ele acrescentou que diretores do Lehman não estavam cientes da engenharia contábil.

Com sua prestação de contas, o Lehman conseguiu “descartar” cerca de US$39 bilhões de seu balanço no fim do quarto trimestre de 2007, US$49 bilhões no primeiro trimestre de 2008 e US$50 bilhões no segundo trimestre. Na época, o Lehman tentava tranqüilizar o público de que suas finanças estava bem... Apesar da pressão de vendedores a descoberto.

Executivos, entre os quais Herbert McDade, conhecido internamente como “o czar dos balanços”, parece ter conhecimento de que o uso repetido do Repo 105 estava ocultando a saúde real do banco. “Estou ciente... É outra droga em que estamos metidos”, ele escreveu, num e-mail de abril de 2008 citado no relatório.

Em maio e junho de 2008, o vice-presidente sênior do Lehman, Matthew Lee, escreveu à administração sênior e à Ernst & Young indicando “impropriedades contábeis”. Nem executivos do Lehman nem a Ernst & Young alertaram o conselho de administração sobre as alegações de Lee, diz o relatório.

Fuld é descrito no relatório como tendo negado conhecimento das Repos 105, embora tenha lembrado de emitir várias diretrizes para reduzir o endividamento. McDade é reportado como dizendo a Fuld sobre o uso do Repo 105 para alcançar esse objetivo.
Tradução Celso Paciornik

Lehman e a Lei

Haverá punição para os problemas ocorridos na Lehman Brothers? A existência de uma correspondência interna, onde um funcionário alertava para diversos problemas existentes na empresa, é um grande complicador para aqueles que gostariam que os problemas fossem esquecidos. (aqui, nos Links)

Neste caso, a empresa não pode alegar que desconhecia o que estava ocorrendo. (Aqui uma opinião no mesmo sentido)

Tudo leva a crer que a empresa de auditoria também sofrerá as conseqüências, em razão das falhas nos pareceres. Talvez a E&Y não seja uma Andersen, mas deverá existir uma multa em razão das responsabilidades legais.

17 março 2010

Rir é o melhor remédio

Lembram do Mambo 5? Gravado originalmente em 1949, sucesso de Lou Bega em 1999 e agora, uma nova versão, em homenagem ao Lehman: Repo 105

Repo 105

Ladies and gentlemen, this is Repo 105.
One, two, three, four, five
Everybody on the desk so come on let's call
To the European banks and the mighty house of Morgan
Dick Fuld says we gotta get it done
But I really don't wanna
Ring 'em up like I did last week
The market ain't deep and this crap ain't cheap
We do Treasuries, Agencies, our balance sheet gets longer
And as I continue, the smell is getting stronger
So what can I do I really beg you my Lord
To get a five percent haircut, not just a four
Anything shite, it's no good let me dump it
Please send in the trumpet

A little bit of Treasuries out the door
Ring 'em up again and do some more
A little bit of repo'd GSEs
A little less mortgage-backed is what I see
A little bit of ABS is awfully fun
A hundred fifty billion though is way too long
A little bit of repo ain't a scam
A little bit more? Dick Fuld's your man

Repo 105!

Jump up and down and move it all around
Our balance sheet ain't sound
Got one knee on the ground
Sent some stuff to the left
Get some dough from the right
Sell some bonds to the front
Buy 'em back on the side
Try it on once
Then try it on twice
And if the market can't tell
Then you're doing it "right"

Repo 105!

A little bit of Treasuries out the door
Ring 'em up again and do some more
A little bit of repo'd GSEs
A little less mortgage-backed is what I see
A little bit of ABS is awfully fun
A hundred fifty billion though is way too long
A little bit of repo ain't a scam
A little bit more? Dick Fuld's your man

I do it all to
Try to keep us out of a river of poo
We can run and we can hide
But some day we're gonna take a slide

A little bit of Treasuries out the door
Ring 'em up again and do some more
A little bit of repo'd GSEs
A little less mortgage-backed is what I see
A little bit of ABS is awfully fun
A hundred fifty billion though is way too long
A little bit of repo ain't a scam
A little bit more? Dick Fuld's your man

Lehman


Tudo indica que as acusações de participação da Ernst & Young (E&Y) no colapso do Lehman Brothers deverão abrir um debate mais amplo sobre o que até agora tem sido um dos aspectos menos dissecados da crise financeira - o papel desempenhado pelos auditores. O relatório de Anton Valukas sobre a maior falência na história americana propagou ondas de choque através da fraternidade dos contadores devido a sua pesada crítica dirigida à E&Y, uma das "Quatro Grandes" do setor.

Em especial, a conclusão de que há evidências persuasivas de que a E&Y não cumpriu as normas profissionais abalou a confiança.

As alegações do relatório estão centradas em afirmações de que a E&Y não tomou medidas para questionar ou contestar a não divulgação, por executivos do Lehman, de que recorreram a operações temporárias da ordem de US$ 50 bilhões - não registradas em balanço - conhecidas como Repo 105, que "embelezavam" a situação financeira do banco.

As reclamações contra a E&Y, embora excepcionais, dão munição a um lobby crescente que questiona a intenção dos auditores ao proporcionar aos investidores um retrato verdadeiro sobre a saúde financeira de uma empresa.

Alguns especialistas em contabilidade acreditam que o relatório sobre o Lehman mostra a necessidade de refinar a ideologia por trás das demonstrações financeiras, para que manobras como operações extra-balanço fiquem claras para os investidores. Eles argumentam que o debate precisa ser travado no mais alto nível internacional, inclusive no âmbito da entidade mundial definidora de regras contábeis, o Iasb .

Stephen Haddrill, diretor do Conselho de Informações Financeiras, agência regulamentadora contábil britânica, está entre os que acreditam que "os contadores têm feito fielmente o que lhes é pedido". "Mas temos de nos perguntar se precisamos que, no futuro, contadores e firmas de auditoria façam mais."

Como notaram políticos e agências competentes, as quatro grandes - PwC, KPMG, Deloitte e E&Y -, deram sua chancela positiva a balanços de outros bancos no centro da crise. Ao produzir seus relatórios, elas também faturaram enormes comissões.

A E&Y recebeu US$ 27,8 milhões para auditar o Lehman; a Deloitte ganhou 17 milhões de libras para auditar a RBS e a KPMG faturou US$ 9 milhões para auditar o HBOS, segundo uma investigação parlamentar no Reino Unido.

A PwC recebeu 1,8 milhão de libras referente ao último ano de sua auditoria do Northern Rock. Não há nenhuma sugestão, porém, de que essas firmas não cumpriram os padrões profissionais exigidos nesses casos.

Críticos dizem que a cultura de "ticar no quadradinho" incentivada pela profissão contábil ao longo dos últimos anos - uma técnica que ajuda as empresas a se defender contra ações judiciais -, tem diminuído a sua autoridade. Eles dizem que as acusações contra a E&Y são um caso em questão. A resposta da empresa ao relatório de Valukas é que a falência do Lehman foi resultado de eventos sem precedentes nos mercados.

A firma também continua sustentando estar correta a última auditoria no banco para o ano fiscal findo em 30 de novembro de 2007, afirmando que as demonstrações financeiras foram apresentadas de acordo com princípios contábeis amplamente aceitos (Gaap, em inglês) nos Estados Unidos.

PwC, Deloitte e KPMG recusaram-se a comentar o relatório sobre o Lehman, assim a como agência americana que define as regras contábeis nos EUA. Contabilistas seniores em empresas rivais dizem, reservadamente, que a E&Y provavelmente não respeitou as regras contábeis americanas.

Mas dizem que o cumprimento das regras nem sempre significa apresentar o quadro mais nítido sobre a saúde financeira de uma empresa. A Repo 105 não é "feitiçaria financeira" nova, mas sim a nova versão de um velho truque contábil: "carregamento de canais."

Gestores tradicionalmente tentam "embelezar" a contabilidade em fins de trimestres enchendo canais de distribuição com produtos - registrando uma venda e contabilizando um lucro mesmo que os produtos ainda não tenham sido pedidos. A Repo 105 também é um tipo de operação de fachada. No entanto, diz Partha Mohanram, professor da Columbia Business School, "nesse caso, a intenção é, aparentemente, livrar-se simultaneamente tanto de ativos de má qualidade como de passivos".

Experts em contabilidade não acreditam que as consequências do relatório sobre o Lehman prejudicará a reputação da E&Y a ponto de que corra risco de extinção, embora perdas decorrentes dos custos de ações judiciais possam ser substanciais, assim como os impactos de longo prazo na credibilidade da profissão, particularmente entre as quatro grandes.
Steven Thomas, da Thomas Alexander & Forrester, um advogado com experiência em litígios, acredita que as contínuas revelações estão minando a confiança na profissão "e nos fazem questionar por que temos auditores". "Minha preocupação é que eles estejam se tornando irrelevantes", diz ele.

Relatório faz estrago na imagem dos auditores - Fonte: Valor Econômico (via Vladmir Almeida) - Rachel Sanderson, Financial Times, de Londres - 16/03/2010

15 março 2010

Links

Iasb e Fasb estão estudando o conceito de entidade

Por que a AOL não vende a Bebo: planejamento tributário

Pesquisa da KPMG mostra que os executivos estão indecisos sobre a adoção da IFRS

Sobre a contabilidade criativa da Lehman, com entrevista de Brad Hintz, ex-executivo

Lehman: o sistema todo estava falido

Ernst Young

Aqui um vídeo onde Hillary Hansen, da Ernst Young afirma:

"We audit Lehman Brothers, UNFORTUNATELY."

Política e Reguladores Contábeis

Sobre a crise financeira e as consequencias contábeis, Roger Ehrenberg, em It's Time To End FASB (And Shake Up The SEC), apresenta alguns pontos interessantes para discussão. Ao analisar o relatório sobre a quebra do Lehman ele destaca o papel político dos reguladores:

A SEC é uma organização altamente politizada e o Financial Accounting Standards Board (FASB) é um tipo de organização auto-reguladora que é um fantoche da indústria.


Ehrenberg apresenta algumas sugestões para melhorar o ambiente regulatório,entre as quais destaco a proibição das transações fora de balanço e o arrendamento financeiro.

Responsabilidade do auditor

Lehman Brothers pode ter entrado em colapso há um ano e meio, mas as conseqüências da sua morte criou um potencial de responsabilidade jurídica para a sua antiga empresa de contabilidade, Ernst & Young.

Num relatório de 2.200 páginas, um examinador nomeado pelo tribunal, Anton R. Valukas, sobre o colapso da Lehman, têm muitas críticas para vários agentes envolvidos com o banco de investimento. Mas alguns de suas mais duras palavras são reservadas para a Ernst & Young e as manobras contábeis permitidas.

Sr. Valukas escreve que ele encontrou provas suficientes para suportar pelo menos três reclamações contra a empresa de contabilidade por não olhar mais atentamente para o uso da contabilidade questionável pela Lehman. Lehman usou a tática, conhecida dentro do banco como Repo 105, para esconder $ 50 bilhões de seu balanço para reduzir temporariamente os seus níveis de endividamento. (...)


Auditor Could Face Liability in Lehman Case - MICHAEL J. de la MERCED, 14 de março de 2010

14 março 2010

Big Three?

O relatório sobre a quebra do Lehman levou o Financial Times (A future ‘Big Three’?, Paul Murphy) a perguntar: Teremos num futuro somente três grandes empresas de auditoria?

Lehman Brothers

Um relatório divulgado nesta sexta-feira sobre a queda do banco americano Lehman Brothers, considerada um marco do início da crise econômica mundial, diz que executivos da instituição esconderam o real estado das contas do banco antes dele pedir concordata, em setembro de 2008. 

O documento afirma que o banco de investimentos estava insolvente - não conseguia pagar suas dívidas na data do vencimento - por semanas antes de quebrar. 

Ele também acusa os executivos de "manipulação dos relatórios financeiros" e de usar um recurso de contabilidade para esconder as dívidas do Lehman Brothers. 

A empresa de auditoria Ernst & Young, que prestou serviços para a empresa, também foi citada no relatório, sendo acusada de graves erros que levaram ao ocorrido. 

Processo 

O documento de 2,2 mil páginas afirma que há possibilidade de um processo contra os ex-executivos do banco. 

O advogado Anton Valukas, presidente da companhia de advocacia americana que liderou a investigação, afirmou que os credores poderão abrir um processo contra o presidente do Lehman Brothers Dick Fuld e os diretores financeiros do banco Chris O'Meara, Erin Callan e Ian Lowitt, alegando negligência ou não cumprimento de deveres. 

Valukas também afirmou que há provas suficientes de que a Ernst & Young foi negligente e que a companhia poderá ser processada por "incompetência profissional". 

A Ernst & Young respondeu ao relatório afirmando que seu trabalho no Lehman Brothers foi "apresentado de forma clara", de acordo com as regras de auditoria. 

"Nossa última auditoria para a companhia foi para o ano fiscal que terminou em 30 de novembro de 2007. Nossa opinião indicava que as declarações financeiras do Lehman para aquele ano foram apresentadas de forma clara", afirmou a empresa de auditoria em uma declaração. 

'Repo 105' 

A maior parte do relatório, que recolheu provas junto a todos os principais envolvidos no colapso do Lehman Brothers e nas tentativas de resgatar a companhia, traz acusações do uso de um "truque" conhecido como "Repo 105". 

Este é um recurso de contabilidade que, por meio da manipulação de informações sobre ativos, dá a impressão que o nível de endividamento de uma empresa diminuiu. 

O Lehman Brothers teria usado cada vez mais este recurso enquanto seus problemas aumentavam. 

Valukas afirma que o Repo 105 foi usado para "dar a aparência de que o Lehman estava reduzindo sua dívida total" em 2008, quando, na verdade, não estava. 

O relatório estima que o Lehman usou a prática para remover, temporariamente, US$ 50 bilhões em bens de seu relatório financeiro apenas em 2008. 

A instituição começou a usar o Repo 105 já em 2001, mas a prática aumentou "de forma dramática" a partir do fim de 2007, segundo o documento. 

A advogada de Dick Fuld, Patricia Hynes, respondeu ao relatório e afirmou que ele "não sabia o que aquelas transações (o Repo 105) eram". 

"Ele não estruturou ou negociou estas transações", afirmou a advogada. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.


 

Lehman Brothers escondeu dívidas antes de quebrar, diz relatório – Estado de São Paulo – 12/março de 2010

Lehman Brothers 2

NOVA YORK - Comunicados financeiros enganosos e falhas na divulgação de certos detalhes sobre o colapso do Lehman Brothers deram motivo para queixas legais plausíveis contra o ex-executivo-chefe e outros altos executivos do banco de investimento, de acordo com um relatório do investigador da justiça dos EUA Anton Valukas.

 
 

Para o investigador, também há razões plausíveis para queixas legais contra os credores JPMorgan Chase e Citibank, unidade do Citigroup. Esses bancos de investimento fizeram pedidos por colaterais e modificaram acordos com o Lehman que prejudicaram a liquidez da empresa e a levaram à concordata.

 
 

Valukas afirmou ainda que o auditor externo Ernst & Young deveria ser sujeito a um processo "por, entre outras coisas, seu fracasso em questionar e desafiar divulgações impróprias ou inadequadas nos comunicados financeiros".

 
 

Embora os executivos não possam ser legalmente responsabilizados por apostas erradas e pela perda da confiança de seus apoiadores, eles podem ser processados por fracassarem em revelar o que sua avaliação defeituosa provocou no balanço financeiro da companhia. "Há evidências críveis suficientes" para sustentar processos contra o ex-executivo-chefe Richard S. Fuld Jr. e três diretores financeiros - Christopher O'Meara, Erin. M. Callan e Ian T. Lowitt, afirmou o no relatório.

 
 

"As decisões de negócio que levaram o Lehman para a crise de confiança podem ter sido erros, mas a decisão de não revelar os efeitos dessas avaliações dá motivo para queixas contra os altos executivos que supervisionaram e certificaram comunicados financeiros enganosos", disse Valukas. O investigador, no entanto, observou que ele não é quem tomará a decisão final sobre o caso.

 
 

O juiz James M. Peck, da Corte de Falências de Manhattan, deu a ordem para que o relatório fosse revelado em uma audiência hoje. Em janeiro do ano passado, Peck ordenou a nomeação de um investigador para analisar várias questões geradas pelo colapso do Lehman, em setembro de 2008, o maior da história, e os eventos que levaram a esse desfecho. As informações são da Dow Jones. 


 

JPMorgan e Citi podem enfrentar a justiça por colapso do Lehman Brothers - Danielle Chaves 12/3/2010 - Estado de São Paulo

16 março 2009

Seis meses de crise

São Paulo, 16 de Março de 2009 - Ontem completou seis meses que o mercado mundial acordou atônito com o pedido de concordata do centenário Lehman Brothers. (...)

De lá para cá, o mundo mudou sensivelmente para um patamar bem abaixo que, no entanto, poucos arriscam a quantificar. Os prejuízos e baixas contábeis dos bancos já beiram os US$ 2,2 trilhões, conforme números do Fundo Monetário Internacional (FMI), que estão sendo sempre revistos. Em abril de 2008, o FMI estimava em pouco mais de US$ 900 bilhões. Muitos dizem que boa parte do que existe de títulos "podres ou tóxicos", como são denominados informalmente os papéis que possibilitaram a grande alavancagem das instituições, ainda não veio a público. Na ponta do lápis, sabe-se que apenas US$ 1 trilhão, dos US$ 3 trilhões do mercado imobiliário de alto risco dos Estados Unidos, que lastreava a maioria dos títulos, já foi baixado como perdas. Relatório recente do Banco de Desenvolvimento da Ásia mostra que o valor dos ativos financeiros mundiais (incluindo ações, bônus e moedas) pode ter sido reduzido em mais de US$ 50 trilhões em 2008, equivalente a um Produto Interno Bruto (PIB) mundial. Na América Latina caiu cerca de US$ 2,1 trilhões. As bolsas globais perderam cerca de US$ 28,7 trilhões.

O socorro dos governos também se avolumou. Os EUA, envoltos em recessão, não quiseram arriscar a piorar a situação deixando mais um naufragar, seguindo o exemplo do Reino Unido, um dos primeiros a injetar capital nos bancos, nacionalizando instituições como o Northern Rock e Bradford & Bingley (que teve parte comprada pelo Santander), entre outras. O exemplo de Gordon Brown, primeiro-ministro do Reino Unido, foi seguido por outros governos europeus e também pelos EUA, que nacionalizaram a Fannie Mae e a Freddie Mac, as duas maiores financiadoras de hipotecas do país e já injetou bilhões de dólares no Citi, arrematando uma boa fatia do banco, e no Bank of America.

Em curso, os EUA têm dois planos de salvamento do setor: um de US$ 700 bilhões proposto no governo anterior e o atual, de Barak Obama, de US$ 1,5 trilhão, que pode chegar a US$ 2 trilhões. E o mundo está à espera de que esses planos deem certo e que um dia se saiba onde está o fundo do poço.

Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 1 - Iolanda Nascimento - Total dos prejuízos após quebra do Lehman ainda é um mistério - 16/3/2009

28 janeiro 2009

Transação estranha

A mansão Jupiter Island na Florida foi comprada por $13 milhões de dólares há cinco anos. Agora ela foi vendida por 10 dólares. O vendedor, Richard S. Fuld Jr., o ex-executivo da Lehman Brothers. O comprador, a sua esposa, Kathleen.

A razão para a transação ainda não está clara, mas pode ter relação com os aspectos legais da bancarrota da Lehman em Setembro, segundo informa o New York Times (For $10, Fuld Sold Florida Mansion to His Wife. No Brasil, o artigo foi traduzido e publicado na Gazeta Mercantil/ Caderno A - Pág. 9, Ex-presidente vende mansão por US$ 10, 27/1/2009)

07 outubro 2008

A análise do executivo


(...) El director ejecutivo de Lehman Brothers, Richard Fuld, dijo que se preguntará “hasta el día de su muerte” por qué el gobierno de Estados Unidos no rescató a la firma de Wall Street, y aseguró que los reguladores conocían la extensión del problema mucho antes de su colapso.

(...) Fuld culpó a “una letanía de factores desestabilizadores” por el derrumbe de Lehman, incluyendo los mayores costos de los préstamos, reglas de contabilidad que obligan a escribir el valor de los activos a precios extremadamente bajos y la caída en la calificación de los créditos. (...)


Fuld culpa a rumores por la caída de Lehman Brothers
7/10/2008 - Diario Financiero

Aqui a questão do risco moral fica mais clara:

No obstante, Fuld afirmó que instituciones como el FMI o la propia Reserva Federal también habían errado en su diagnóstico sobre los riesgos de unos mercados que finalmente causaron la quiebra del banco y la actual situación de las Bolsas. El directivo aseguró que el banco, para el que ha trabajado durante 42 años, no fue solamente víctima de sus errores, sino también de los rumores, de una "tormenta de miedo que está envolviendo al área de banca de inversión y a otras instituciones financieras en general" y de una regulación sin actualizar. En este sentido, arremetió contra las normas de contabilidad de los activos a precio de mercado, y criticó la permisividad con la que han operado los invesores que han vendido a corto (short sellers). Fuld dijo que el fin de semana previo a su solicitud de quiebra ante el juez pensaba que su banco podría haber sido salvado, igual que lo fue Merrill Lynch. (...)


Fuld asume sus errores al frente de Lehman Brothers
Cinco Días - 7/10/2008

Observe como a contabilidade, que mostraria os problemas da entidade, entra como culpada. A estimativa do Cinco Dias é que Fuld embolsou 480 milhões de dólares desde 2000.