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05 agosto 2012

Ética

Eis um caso interessante de ética narrado por Rodolfo Araújo

(...) Numa rápida googlada encontrei o possível motivo de seu comportamento errático: Lehrer estava sendo acusado de auto-plágio, caracterizado pela reutilização de material próprio, previamente publicado, sem referência ao original. O autor requentara alguns textos antigos na The New Yorker. Uma falha grave, mas pequena em comparação com o que viria a seguir.

Em Imagine, um profundo estudo sobre as origens da criatividade e como ela funciona, Lehrer usa Bob Dylan como exemplo para alguns dos conceitos que explora no livro. Mas Michael C. Moynihan, jornalista do Tablet e fã ardoroso do ídolo pop americano, encontrou inconsistências nas referências a Dylan e começou a questionar Lehrer.

Profundo conhecedor da biografia do autor de Like a Rolling Stone, Moynihan pressionou o autor de Imagine, até que ele confessou: algumas frases e contextos haviam sido fabricados. Lehrer citou frases que Dylan nunca pronunciou e distorceu alguns fatos para embasar suas teorias.(...)


27 junho 2012

Honestidade 2

Com respeito a questão da honestidade, discutida na entrevista de Ariely, participei como co-autor de uma pesquisa com profissionais e estudantes de contabilidade, através de um experimento, onde foi simulado um processo de contratação. [A pesquisa possui como co-autoria os professores Erivan Borges, da UFRN, e Eduardo Vieira, da UnB.] Eis um trecho relevante do artigo:

De modo geral, essas constatações evidenciam que para estudantes e profissionais de contabilidade, no contexto estudado, a decisão e o  ato moral sofrem influência direta dos incentivos financeiros, alterando-se a percepção das conseqüências do comportamento mais digno, mais elevado moralmente, uma vez que os indivíduos estariam dispostos, em níveis de intensidade calculados a partir indicador desenvolvido para o trabalho, a desobedecer regras e preceitos de natureza ética e fiscal, contrariando, de certa forma, o referencial utilizado. Estes achados também evidenciam três situações preocupantes: a) as atitudes profissionais têm impacto direto na sociedade, independentemente do nível de decisão tomada na sua atuação, além de refletir imagem, estereótipos negativos em relação  à classe e aos demais colegas, desobedecendo às exigências do código de ética da profissão; b) a maior representatividade dos indivíduos é de estudantes, o que presume a ausência de fundamento ético e social na formação desses indivíduos durante a realização do curso, seja pela ausência dos temas nas estruturas curriculares, seja pela falta de associação ou aprofundamento desses temas nas discussões de natureza técnica; e, c) o baixo nível de preparação técnica dos respondentes, pela eventual falta de entendimento das questões de varreduras propostas.   


O artigo completo está aqui

17 junho 2012

Panamericano e ética

O CASO DO BANCO PANAMERICANO SOB O PONTO DE VISTA DA ÉTICA

Resumo
Em novembro de 2010 o Grupo Silvio Santos obteve com o Fundo Garantidor de Crédito um empréstimo de R$ 2,5 bilhões, com a finalidade de regularizar a situação patrimonial do Banco Panamericano. A necessidade de obtenção desse empréstimo veio da descoberta, pelo Banco Central, de inconsistências contábeis nas demonstrações do banco. Este trabalho descreve e analisa, do ponto de vista da ética, os fatos já divulgados sobre o caso das inconsistências contábeis encontradas nas demonstrações do Banco Panamericano, com o objetivo de concluir se as decisões tomadas pelos administradores do banco, pela Caixa Econômica Federal e pelos auditores independentes foram eticamente corretas. Para isso, foi utilizada uma estrutura de avaliação ética descrita por Merchant e Van der Stede (2007), que consiste em seis passos, da identificação do dilema ético à avaliação das decisões tomadas. A partir da análise realizada foi possível concluir que os administradores do Banco Panamericano, por falta de integridade e de coragem; os administradores da Caixa Econômica Federal, por tratarem desigualmente e beneficiarem uma empresa específica; bem como os auditores independentes, por não cumprirem suas obrigações de realizar uma análise contábil de qualidade; tomaram decisões que não refletem uma atitude ética.
Palavras-Chave: Ética. Inconsistências Contábeis. Banco Panamericano.

Brenno Lima Ferreira, Paulo Roberto Barbosa Lustosa

Revista Ambiente Contábil, v. 4, n. 1. 2012.

23 dezembro 2011

Ética na Pesquisa

"O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/MCTI) divulga o relatório da Comissão de Integridade de Pesquisa do CNPq, que definiu um conjunto de diretrizes para promover a ética na publicação de pesquisas científicas e estabelece parâmetros para investigar eventuais condutas reprováveis. A comissão, coordenada pelo diretor de Ciências Agrárias, Biológicas e da Saúde do CNPq, Paulo Sergio Lacerda Beirão, foi criada em maio último, após denúncia de fraude em publicações científicas envolvendo pesquisadores apoiados pela instituição. De acordo com o presidente do CNPq, Glaucius Oliva, 'diante da inexistência de normas internas específicas e instrumentos estabelecidos para o tratamento adequado de ocorrências desta natureza, a Diretoria Executiva decidiu criar uma Comissão Especial, com a missão de propor recomendações e diretrizes sobre o tema da Ética e Integridade na Prática Científica'" (CNPQ, 2011a).

Leia a seguir as diretrizes:

DIRETRIZES
O autor deve sempre dar crédito a todas as fontes que fundamentam diretamente seu trabalho.

Toda citação in verbis de outro autor deve ser colocada entre aspas.

Quando se resume um texto alheio, o autor deve procurar reproduzir o significado exato das ideias ou fatos apresentados pelo autor original, que deve ser citado.

Quando em dúvida se um conceito ou fato é de conhecimento comum, não se deve deixar de fazer as citações adequadas.

Quando se submete um manuscrito para publicação contendo informações, conclusões ou dados que já foram disseminados de forma significativa (p.ex. apresentado em conferência, divulgado na internet), o autor deve indicar claramente aos editores e leitores a existência da divulgação prévia da informação.

se os resultados de um estudo único complexo podem ser apresentados como um todo coesivo, não é considerado ético que eles sejam fragmentados em manuscritos individuais.

Para evitar qualquer caracterização de autoplágio, o uso de textos e trabalhos anteriores do próprio autor deve ser assinalado, com as devidas referências e citações.

O autor deve assegurar-se da correção de cada citação e que cada citação na bibliografia corresponda a uma citação no texto do manuscrito. O autor deve dar crédito também aos autores que primeiro relataram a observação ou ideia que está sendo apresentada.

Quando estiver descrevendo o trabalho de outros, o autor não deve confiar em resumo secundário desse trabalho, o que pode levar a uma descrição falha do trabalho citado. Sempre que possível consultar a literatura original.

Se um autor tiver necessidade de citar uma fonte secundária (p.ex. uma revisão) para descrever o conteúdo de uma fonte primária (p. ex. um artigo empírico de um periódico), ele deve certificar-se da sua correção e sempre indicar a fonte original da informação que está sendo relatada.

A inclusão intencional de referências de relevância questionável com a finalidade de manipular fatores de impacto ou aumentar a probabilidade de aceitação do manuscrito é prática eticamente inaceitável.

Quando for necessário utilizar informações de outra fonte, o autor deve escrever de tal modo que fique claro aos leitores quais ideias são suas e quais são oriundas das fontes consultadas.

O autor tem a responsabilidade ética de relatar evidências que contrariem seu ponto de vista, sempre que existirem. Ademais, as evidências usadas em apoio a suas posições devem ser metodologicamente sólidas. Quando for necessário recorrer a estudos que apresentem deficiências metodológicas, estatísticas ou outras, tais defeitos devem ser claramente apontados aos leitores.

O autor tem a obrigação ética de relatar todos os aspectos do estudo que possam ser importantes para a reprodutibilidade independente de sua pesquisa.

Qualquer alteração dos resultados iniciais obtidos, como a eliminação de discrepâncias ou o uso de métodos estatísticos alternativos, deve ser claramente descrita junto com uma justificativa racional para o emprego de tais procedimentos.

A inclusão de autores no manuscrito deve ser discutida antes de começar a colaboração e deve se fundamentar em orientações já estabelecidas, tais como as do International Committee of Medical Journal Editors.

Somente as pessoas que emprestaram contribuição significativa ao trabalho merecem autoria em um manuscrito. Por contribuição significativa entende-se realização de experimentos, participação na elaboração do planejamento experimental, análise de resultados ou elaboração do corpo do manuscrito. Empréstimo de equipamentos, obtenção de financiamento ou supervisão geral, por si só não justificam a inclusão de novos autores, que devem ser objeto de agradecimento.

A colaboração entre docentes e estudantes deve seguir os mesmos critérios. Os supervisores devem cuidar para que não se incluam na autoria estudantes com pequena ou nenhuma contribuição nem excluir aqueles que efetivamente participaram do trabalho. Autoria fantasma em Ciência é eticamente inaceitável.

Todos os autores de um trabalho são responsáveis pela veracidade e idoneidade do trabalho, cabendo ao primeiro autor e ao autor correspondente responsabilidade integral, e aos demais autores responsabilidade pelas suas contribuições individuais.

Os autores devem ser capazes de descrever, quando solicitados, a sua contribuição pessoal ao trabalho.

Todo trabalho de pesquisa deve ser conduzido dentro de padrões éticos na sua execução, seja com animais ou com seres humanos." (CNPQ, 2011b)


REFERÊNCIAS
CNPQ, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. CNPq divulga diretrizes éticas para a pesquisa. 17 out. 2011a. Disponível em: . Acesso em: 20 nov. 2011.
CNPQ, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. Relatório da Comissão de Integridade de Pesquisa do CNPq. 7 out. 2011b. Disponível em: . Acesso em: 20 nov. 2011.

(Encaminhado por Alexandre Alcântara, grato)

07 outubro 2011

Frase

Linus Pauling, duas vezes vencedor do Nobel, afirmou que não havia "quase-cristais, apenas 'quase-cientistas'"


O vencedor do Nobel de Química, Daniel Shechtman, descobriu uma classe nova de material sólido em 1982 (foto). Conforme reportagem do Estado, as pessoas, inclusive o Linus Pauling.

Ontem, Shechtman se disse "animado", mas enfrentava dificuldades para elogiar seus colegas, muitos dos quais um dia duvidaram de sua descoberta. 


Nas últimas décadas, poucos cientistas tiveram de enfrentar uma incredulidade tão forte quanto o israelense. "Ele lidou com o ceticismo de uma maneira muito científica e cavalheiresca e respondeu a seus críticos como um cientista deve fazê-lo: por meio da ciência", disse Ron Lifshitz, professor de Física da Universidade de Tel Aviv.

23 setembro 2011

Ética


(...) O filme [Inside Job - Trabalho Interno] afirma que o professor Mishkin, de [Universidade de] Columbia, escreveu um artigo acadêmico positivo sobre a economia da Islândia em 2006 depois de receber US$ 124 mil da Câmara de Comércio daquele país. Mishkin não informou sobre o pagamento no artigo, segundo o filme. Em 2008, o setor bancário da Islândia entrou em colapso, deixou de honrar uma dívida de US$ 85 bilhões e levou a moeda do país a perder 80% de seu valor em relação ao euro.


De acordo com as normas de 2009 para toda a universidade, Mishkin deveria ter revelado em seu artigo os laços financeiros a que seu trabalho estava vinculado, afirma Gita Johar, vice-diretor-sênior da Faculdade de Administração de Empresas. As novas regras também o obrigariam a divulgá-los em seu currículo on-line. (...)


"Trabalho Interno" também retratou a irritação de Hubbard, o diretor da faculdade de Administração de Empresas e ex-assessor econômico do governo George W. Bush, ao ser perguntado sobre seus clientes nos trabalhos de consultoria. O filme observa que ele recebia US$ 250 mil anuais para atuar no conselho de administração da MetLife e que dava consultoria a outras empresas. A película descrevia também um artigo acadêmico escrito por Hubbard em 2004, juntamente com William Dudley, na época economista-chefe do Goldman Sachs Group, que louvava as virtudes dos derivativos de crédito. Em e-mail, Hubbard afirma que sempre divulgou suas atividades e fontes de renda externas. (...)

Filme faz academia rever laços com Wall Street - Por Oliver Staley | Bloomberg - Valor Econômico - 23 set 2011

29 julho 2011

Capes e Ética 2


De acordo com o estudo, entre os problemas mais comuns estão a citação de mais livros e artigos na bibliografia além dos realmente usados, o que aumenta a credibilidade do estudo, e a coautoria, que aparece como favor trocado.


Tese de doutorado da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA/USP) alerta para a possibilidade de problemas de conduta ética na publicação de artigos científicos de pesquisadores brasileiros, tais como coautorias forjadas e citações de fontes não consultadas na bibliografia dos trabalhos acadêmicos.

O autor da tese, Jesusmar Ximenes Andrade, cita entre os problemas mais comuns a citação de mais livros e artigos na bibliografia além dos realmente usados, o que aumenta a credibilidade do estudo, e a coautoria, que aparece como favor trocado. Nesse último caso, os falsos parceiros assinam dois artigos em vez de um e, assim, aumentam sua produtividade, quesito que é avaliado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), no processo de classificação dos programas de pós-graduação (1). Ligada ao Ministério da Educação, a Capes é uma das agências de fomento à pesquisa científica e acadêmica do governo federal.

A suspeita de ocorrências de conduta antiética na produção de artigos científicos veio a partir da aplicação de 85 questionários, respondidos por participantes do Congresso USP de Controladoria e Contabilidade, realizado em 2009, em São Paulo. Segundo a pesquisa, a maioria das pessoas afirmou não conhecer nenhum caso de má conduta, mas elas acreditam que tais práticas sejam comuns.

Andrade estranhou o resultado. "As pessoas conhecem pouco, mas acreditam que ocorrem [problemas antiéticos] mais do que acontecem? Eu presumi que quem estava respondendo sobre as suas crenças também estava respondendo sobre os seus próprios hábitos [2]", disse o autor da tese, que é professor adjunto da Universidade Federal do Piauí (UFPI). A tese foi defendida em abril, no Departamento de Contabilidade da FEA/USP.

Andrade destaca o fato de os resultados de sua pesquisa dizerem respeito à "má conduta na pesquisa das ciências contábeis", mas avalia que "não encontraríamos resultados muito diferentes se fôssemos para um censo", incluindo todos os campos científicos.

Para ele, o Brasil mantém o foco na quantidade, critério que fez o País ocupar o décimo terceiro lugar na produção científica internacional, e não se preocupa com a qualidade. "Por que o Brasil não tem um [Prêmio] Nobel?", pergunta ao afirmar que "a quantidade que nós estamos buscando é infinitamente desproporcional à qualidade dos estudos que estamos produzindo".

A busca por quantidade é almejada por todos os pesquisadores, de acordo com Andrade. "Seja para conseguir recursos ou para obter status dentro da academia." Em sua opinião, "para buscar essa quantidade, esse volume, termina-se utilizando certos artifícios que, segundo foi observado, não são condutas livres de suspeita. São condutas impregnadas de comportamentos antiéticos [3]".

O autor da tese diz que a Capes dispõe de "métricas" de avaliação mais voltadas à qualidade do trabalho do pesquisador do que à quantidade de artigos gerados. "O sistema de avaliação chamado Qualis pontua os artigos conforme a revista científica de publicação", lembrou.

A Agência Brasil procurou pela Capes desde a última sexta-feira (22), mas foi informada ontem (25), por e-mail, que o diretor de Avaliação, Livio Amaral, "precisa de uns dias para ler a tese".

O professor de metodologia do Departamento de Sociologia  [3] da Universidade de Brasília (UnB), Marcelo Medeiros, não concorda com o conceito de que a busca por quantidade seja prejudicial. Segundo ele, a pressão da Capes por aumento da produtividade "é mínima". Em sua opinião, "opor quantidade à qualidade não é correto". "Nas ciências em geral, os melhores pesquisadores são também professores que têm bom nível de publicações. Publica muito quem pesquisa muito."
(Agência Brasil - 25/7)


Publicado aqui, dica de Ednilto (grato). Já tínhamos publicado anteriormente. Peço observar o comentário da postagem anterior. Meus comentários:

[1]As pessoas reagem aos incentivos. A partir do momento que a Capes adota sistemas de pontuação, comportamentos enviesados, como o constante na pesquisa, começam a acontecer.
[2] Não li a tese, mas a associação de causa-efeito parece questionável.
[3] Trata-se de outra área, com métricas distintas.

21 julho 2011

Capes e Ética

Pesquisa desenvolvida na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP mostra que a pressão por publicações feita pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) sobre os pesquisadores gera condutas antiéticas. “Quem não publica muito pode ser responsável pela redução da nota do curso e, por consequência, pode ser retirado do programa”, afirma Jesusmar Ximenes de Andrade. (...) 


Um dos fatores indicados como incentivadores de más condutas foi a grande necessidade por publicações. “É algo que merece reflexão da própria Capes e de toda a comunidade científica. É melhor ter quantidade ou qualidade? Publicações com qualidade exigem tempo para serem produzidas”, afirma. Andrade ressalta que o questionamento não é ao papel da Capes. “Associado aos mecanismos atuais outros deviam ser pensados para equilibrar quantidade e qualidade. Isso na contabilidade é particularmente importante, já que não temos uma boa qualidade de revisores”. De acordo com os resultados do questionário, a má conduta existe, mas não com muita frequência. 


Porém, segundo Andrade, “só o fato de existir já é um alerta. Ainda que ocorra pouco, é preciso buscar que não aconteça nunca”. Coautoria e bibliografia Entre as condutas mais citadas nas respostas está o fato de pesquisadores creditarem outros como coautores sem que estes tenham contribuído para o trabalho. Isso com o intuito de que, em outra pesquisa, haja a retribuição do favor. 


“Pesquisadores que fazem isso podem ter vantagem em concursos públicos ou em indicações para projetos de pesquisas pois teriam mais publicações que outros”, explica Andrade. Outra prática bastante recorrente é a citação de obras que não foram lidas na bibliografia para fazer parecer que o trabalho tem um maior embasamento teórico. (...)

 Fonte: Aqui. Veja aqui um texto de Staubus

15 junho 2011

Relatório de sustentabilidade

Postado por Pedro Correia


O número de empresas que divulgam informações relacionadas à sustentabilidade tem crescido significativamente nos últimos dez anos, devido às ações voluntárias e obrigação legal por parte de diversos países e bolsas de valores. Neste artigo, os pesquisadores investigaram se a divulgação obrigatória de relatórios de sustentabilidade tem alguma consequência para práticas de uma gestão socialmente responsável. A pesquisa foi feita em 58 países.

Os autores mostram que a divulgação obrigatória destes relatórios promove práticas gerenciais socialmente responsáveis. Em geral,os conselhos de administração fiscalizam a gestão de modo mais eficaz , a corrupção e propina diminuem e a credibilidade dos gestores junto à sociedade aumenta.Ou seja, há uma melhora da governança corporativa. Além disso, nas empresas em que os relatórios de sustentabilidade são uma exigência, o treinamento de funcionários e o desenvolvimento sustentável têm mais prioridade. Outrossim, implementam práticas mais éticas. Estes resultados positivos são mais acentuados em países que: têm a aplicação de leis com maior severidade, a obrigatoriedade de divulgação sobre aspectos de sustentabilidade é mais frequente, e nos mais desenvolvidos.

14 março 2011

Ética nas universidades brasileiras

Postado por Pedro Correia
A discussão de Glaeser diz respeito à American Economic Association que, argumenta-se, deveria impor limites éticos à profissão. No entanto, ele conclui - a meu ver corretamente - que:

Universities have the resources to develop ethical guidelines and the power to enforce them. They are the employers of academic economists, and ethical lapses damage them, too. They are the natural institutional guardians of their employees’ professional behavior.

A conclusão aplica-se também às universidades brasileiras. Elas pecam, em sua grande maioria, por não estabelecer diretrizes claras quanto ao comportamento esperado dos alunos no que diz respeito a plágio, cola e comportamento admissível de forma geral. Da mesma forma, poucas têm um código de ética para seus docentes e pesquisadores. É certo que códigos de ética representam apenas um incentivo soft para limitar o comportamento, porém são importantes à medida que sinalizam o que não é apropriado e podem ser complementados por medidas disciplinares.

Texto de Ronald Hilbrecht

24 setembro 2010

Contador

Quando a imagem de um profissional é ligada a algum tipo de contravenção ou fato ilícito, sem dúvida, gera um impacto negativo na sociedade. Em agosto, a quebra de sigilo do Imposto de Renda da filha do candidato do PSDB à Presidência envolveu um técnico de contabilidade. Este fato lamentável fez com que o Conselho Federal de Contabilidade (CFC) solicitasse a abertura de um processo administrativo e ético profissional com o objetivo de apurar os fatos. É inadmissível que em um Estado democrático ainda ocorram fatos como este, que agridem a democracia, o povo brasileiro e, infelizmente, a contabilidade como ciência social, atingindo uma categoria que, atualmente, soma 430 mil profissionais.

Gostaria de ressaltar que, caso seja comprovado o envolvimento do técnico de contabilidade, serão tomadas as medidas cabíveis, que vão desde multa, advertência, suspensão ou até mesmo a cassação do registro profissional, prevista na Lei 12.249, sancionada no dia 11 de junho de 2010. Esta nova lei também cria, a partir de 2011, o exame de suficiência, que testará os conhecimentos dos novos bacharéis em ciências contábeis e dos técnicos em contabilidade.

Ao longo dos anos, o CFC vem se consolidando como fator de proteção da sociedade por suas inúmeras ações e projetos voltados à classe contábil, como a harmonização das normas internacionais de contabilidade, que pretende consolidar e incorporar, definitivamente, o Brasil ao mundo globalizado. O sistema CFC/CRCs jamais admitirá que qualquer tipo de pessoa denigra a imagem dessa valorosa profissão. É preciso esclarecer os fatos e identificar os responsáveis. A sociedade brasileira e as instituições democráticas ainda estão esperando por uma resposta.


Ética na contabilidade - JUAREZ DOMINGUES CARNEIRO - PRESIDENTE DO CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE - 24 Set 2010 - Diario Catarinense

09 setembro 2010

Ética e Ciência


Empresa pagava por textos que ressaltavam as qualidades dos remédios e escondiam os efeitos colaterais, como casos de câncer

A indústria farmacêutica está novamente no centro de um escândalo. Documentos confidenciais da gigante Wyeth (hoje incorporada à Pfizer) mostram que a companhia sistematicamente plantava artigos favoráveis a seus medicamentos em periódicos científicos. O caso mais emblemático é o do remédio Prempro, usado para reposição hormonal em mulheres na menopausa. Nos Estados Unidos, o produto gerou uma ação pública, movida por 14 mil pessoas, que acusam a droga de aumentar o risco de câncer de mama.

Para garantir opiniões positivas sobre a substância, a Wyeth pagava para empresas especializadas produzirem textos que ressaltassem suas qualidades (algumas não comprovadas) e escondessem efeitos colaterais, como casos de câncer. O material pronto era oferecido a pesquisadores “de verdade’”, que assinavam como autores do trabalho. Essas “pesquisas” eram submetidas a diversos periódicos científicos, que publicavam o material como se fosse independente. Alguns acabaram em veículos renomados, como a Archives of Internal Medicine.

A mecânica completa do esquema é apresentada pela médica americana Adriane Fugh-Bergman, da Universidade Georgetown, na revista PLoS Medicine. Fugh-Bergman se debruçou sobre 1.500 documentos confidencias da Wyeth, liberados sob ordem judicial para a revista. A papelada contém rascunhos de artigos, troca de e-mails e até a contabilidade do esquema. Em um dos e-mails, uma funcionária da DesignWrite (principal empresa contratada pela Wyeth) descreve o trabalho a um pesquisador.

“A beleza deste processo é que nós nos tornamos o seu pós-doutorando! Nós fornecemos um rascunho geral, ao qual você sugere mudanças e revisa. Nós então desenvolvemos um rascunho com os contornos gerais. Você tem todo o controle editorial sobre o trabalho, mas nós lhe forneceremos materiais para crítica e revisão.”

Segundo Fugh-Bergman, a realidade era bem diferente: eles só podiam fazer mudanças simples e que não descaracterizassem as mensagens de marketing pretendidas pela farmacêutica.

Usar “escritores fantasmas’’ não é ilegal, embora seja considerado antiético. As empresas aproveitam uma brecha na regulamentação nos Estados Unidos. A FDA (agência responsável pela liberação de remédios) não considera artigos científicos como marketing. Ou seja: o que acontece nesse espaço não faz parte da sua área de atuação. De acordo com o artigo, não existem evidências de que os autores foram pagos para assinar os trabalhos.


Médica aponta fraude em artigos científicos - 8 Set 2010 - Gazeta do Povo

Imagem, aqui

28 janeiro 2010

Ética

Fox, em The Myth of the Rational Market, página 146, descreve um dilema ético interessante. Quando Black desenvolveu a fórmula para avaliar as opções, recebeu uma proposta do então estudante de graduação, Roger Ibbotson (da empresa do mesmo nome), de usar a fórmula para ficarem ricos. Ele recusou, dizendo que era melhor vender do que usar.

Mas Ibbotson comprou um assento na bolsa e ganhou dinheiro por um ano, até Black arruinar tudo ao lançar um serviço que fornecia estimativa de volatilidade para as opções.

Este é um dilema interessante. O que fazer com uma descoberta científica? Vender? Publicar?

28 outubro 2008

Ética

O texto a seguir é muito interessante. É sobre a ética profissional (no caso, dos médicos) e os laboratórios. Tenho continuamente afirmado em sala de aula que o melhor congresso deve ser o de "médicos". Os "jantares" para apresentação de novos fármacos são comuns na profissão. Como o profissional deve agir?

Nos EUA, 94% estão ligados a laboratórios
Fabiane Leite e Emilio Sant´Ana - O Estado de São Paulo - 26/10/2008

Médico americano recebe até alimento; brasileiros defendem relação ética

No Brasil não há dados sobre a relação médicos-indústria farmacêutica, mas pesquisa realizada nos Estados Unidos e publicada no ano passado no New England Journal of Medicine apontou que 94% dos profissionais do país tinham algum tipo de relação com a indústria. A mais comum era o recebimento de alimentos no local de trabalho, mas 28% ganhavam por palestras e consultorias.

Conferencista em eventos da indústria e convidado em congressos, o endocrinologista e professor titular da Unifesp Antônio Chacra diz aceitar cada vez menos convites por falta de tempo e que vê com preocupação o financiamento de médicos inexperientes.

“Em determinada fase, é uma maneira de difundir assuntos. A educação médica continuada tem sido feita pela indústria, tendo em vista que os simpósios são caros e as sociedades médicas não têm recursos para organizá-los. Os conferencistas devem ser principalmente os acadêmicos, mas infelizmente o que se vê é que têm sido chamadas pessoas sem uma análise crítica”, afirma o professor. Ele diz ser a favor de novas regras para a interação com a indústria, a mesma posição da colega Carmita Abdo. “Eu sempre pude divulgar dados levantados e aceitamos apoio de todos os tipos de indústria”, diz a psiquiatra, que coordena projeto no Hospital das Clínicas da USP e foi chamada pela indústria para apresentar nos últimos anos diferentes estudos sobre sexualidade. “Existem jantares, não vou dizer que não vou. Mas meu diferencial é que falo do assunto, não do remédio.”

“Ética não é elástica nem varia de acordo com a situação”, diz a cardiologista Jaqueline Issa, speaker de remédio contra o fumo que não concorda com novas regras. “Essa regulação parte do princípio de que o médico não é ético”, diz ela.

05 maio 2008

Rir é o melhor remédio

Cartoons da New Yorker dessa semana

"Primeira regra: o que acontece na contabilidade, fica na contabilidade"



"Você não tem nova mensagem"

Mentiu no currículo

O (ex-) presidente da Herbalife (empresa que atua também no Brasil, com vendas de produtos para emagrecimento) Gregory Probert mentiu na sua biografia que foi enviada para a SEC, afirmando possuir um MBA (fonte: aqui). Essa mentira é relevante? Afetaria do destino da empresa? Aparentemente sim. Aqui a notícia que Probert pediu demissão e a empresa aceitou.

Entretanto, a empresa apresentou aumento nas vendas de 19%, conforme notícia da Business Wire (Herbalife Ltd. anuncia resultados récord para el primer trimestre de 2008, 4/5/2008) (No Brasil o crescimento foi de 7,1%)