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31 dezembro 2008

Rir é o melhor remédio


Fonte: Aqui

Rir é o melhor remédio


Bush passa o comando para Obama, segundo a The Economist.

Fé e Finanças

(...) As igrejas sempre foram consideradas tomadoras de baixo risco, dizem os credores. A coleta semanal geralmente é estável, mesmo durante recessões, e as igrejas em geral sentem um dever moral de pagar suas dívidas. A maioria das 335.000 igrejas dos EUA tem pouco ou nenhum endividamento imobiliário e ocupa imóveis quitados anos atrás.

Mas algumas igrejas, especialmente as não filiadas a denominações poderosas, se endividaram fortemente nos últimos anos para construir novas sedes ou expandi-las. O custo de construir esses imóveis de fé nos EUA aumentou de US$ 3,8 bilhões em 1993 para US$ 6,2 bilhões em 2007, segundo o Censo dos EUA. Agora, os fiéis estão perdendo os empregos e as economias.

Em 2005, a St. Andrew, a igreja leiloada em Easton, tomou US$ 850.000 emprestados para comprar um espaço muito maior que já pertencera a uma igreja católica. Construída em 1868, a nova igreja era grande demais para os 50 fiéis de Johnson.
Mas o sociável reverendo estava confiante de que a congregação e as doações iriam aumentar. Ele abordou imobiliárias, banqueiros e moradores endinheirados — alguns dos quais nem iam à sua igreja — e recebeu promessas de uns US$ 200.000.

Mas as despesas aumentaram demais. Havia ratos no porão e morcegos no campanário. Gastaram-se US$ 45.000 para eliminar uma infestação de mofo negro. Quando a igreja católica local começou a rezar a missa em espanhol, atraiu a maioria dos imigrantes que freqüentavam a St. Andrew. As doações semanais caíram de US$ 1.425 em 2005 para US$ 600, diz Johnson. E muita gente que tinha prometido colaborar com os US$ 200.000 voltou atrás sob o argumento de que precisava adiar as doações por causa da desvalorização da carteira de ações.

Em fevereiro, a igreja não tinha mais como pagar a prestação da hipoteca. (...)

Só a fé não paga hipotecas: crise de crédito atinge igrejas dos EUA
Suzanne Sataline, The Wall Street Journal, de Easton, EUA
23/12/2008 - The Wall Street Journal Americas – 1

30 dezembro 2008

Política e Contabilidade

(...) Eu previ que Obama iria apoiar o IFRS quando eleito. Desde sua eleição, Obama não desapontou em termos do IFRS, nomeando um amigo da IFRS para a cadeira da SEC e fazendo promessas para mudanças radicais na regulação do mercado financeiro.

É verdade, eu escrevi muito como as grandes empresas contábeis apoiam a IFRS por causa do lucro que obtem tão obscenamente. Poderia existir um possível vínculo entre Obama e grandes interesses para os padrões contábeis? Infelizmente, parece que a resposta é sim.

Antes da eleição, Accountancy Age rastreou as contribuições das grandes empresas de contabilidade. Contadores são conservadores e tradicionalmente apoiam os republicanos em geral. Eu poderia esperar que este padrão fosse continuar em 2008. Exceto por duas coisas: McCain opôs-se e Obama está aberto a mudança.

Eu não estou dizendo que Obama poderia ser comprado pelas doações da campanha, mas é verdade que as doações influenciam os políticos. E políticos tendem a apoiar a visão dos seus contribuintes.
Relatou a Accountancy Age em Big Four Staff Put Money on Obama, os empregados das Big 4 apoiaram Obama por uma margem de 2 a 1 em termos das doações da campanha. O montante em dólar não parece ser grande o suficiente para ser significativo, mas o que é significativo?

(...) Empresas contábeis tem certamente feito seu dever de casa e feito pressão para candidatos que mais provavelmente irão adotar IFRS.


Accounting Firms Lobbied Obama for IFRS
David Albrecht – 23/12/2008

A Mudança Contábil e seus Efeitos

(...) [A Sarbox] essencialmente matou a criação de novas empresa abertas nos EUA (...) Mas o maior crime do FASB contra a economia e o povo dos EUA ocorreu quando se decidiu mensurar o impossível: despesas com opções.

Washington Is Killing Silicon Valley - Michael S. Malone – 22/12/2008 - The Wall Street Journal - A19

Mudanças na Contabilidade dos Bancos

Os bancos irão fornecer detalhes dos lucros e perdas com instrumentos financeiros sob dois sistemas de mensuração, conforme proposta de mudança contábeis (...) . A proposta, tanto do International Accounting Standards Board e da contraparte dos EUA, irá exigir das empresas evidenciar os lucros e perdas que seria relatados se os ativos financeiros fossem avaliados pelos preços correntes de mercado e como se eles fossem reportados pelo “custo amortizado” - uma medida que ignora a volatilidade do mercado.(...)


IASB proposes P&L changes - Jennifer Hughes – 22/12/2008 - Financial Times - Asia Ed1 - 14

29 dezembro 2008

Rir é o melhor remédio



Número de vezes que as mãos são lavadas

Na ordem obsessivos-compulsivos, médicos, cada um de nós e empregados de uma lanchonete

Links

Prédios estranhos

O que é “marcação a mercado e como ela trabalha?

Os 10 gols mais bonitos do ano segundo a ESPN

Impostos e Valor



(...) Cerca de 36% das empresas dos EUA usam o UEPS (último a entrar, primeiro a sair) , que não é aceito pelo IFRS, conforme o American Institute of Certified Public Accountants. Sob as regras globais – que a Securities and Exchange Commission quer que todas as empresas abertas do EUA irão adotar em 2016 - os usuários da IFRS estão limitados a usar o PEPS (primeiro a entrar, primeiro a sair) ou podem aplicar o custo médio.

Pesquisadores da Georgia Tech previram que abandonar o UEPS para empresas dos EUA irá aumentar alguns dos impostos na percepção das empresas. “Nós pensamos que os efeitos dos impostos podem reduzir o valor de mercado das empresas afetadas”, Charles Mulford, um professor de contabilidade e diretor do laboratório. (...)


One Beneficiary of IFRS Switch: the Taxman
Sarah Johnson, CFO.com 22/12/2008


No passado orientei uma dissertação de mestrado (da Miriam, ainda no programa de administração da UnB) onde foi demonstrado, através de exemplos simples, que somente a mudança contábil com seus efeitos fiscais, afetarão o valor da empresa.

Posteriormente, outro aluno meu, Josué, mostrou os efeitos fiscais no valor das empresas incentivadas. É um assunto rico, que merece mais trabalhos.

Crise na Cemex

Crise financeira abala império da Cemex

Joel Millman, The Wall Street Journal, de Monterrey, México
12/12/ 2008
The Wall Street Journal Americas

Lorenzo Zambrano é um garoto-propaganda da globalização: um empresário audaz que transformou uma sonolenta fabricante mexicana de cimento na terceira maior do mundo no setor, com presença nos cinco continentes. Para muita gente, especialmente na América Latina, ele se tornou uma inspiração, mostrando não apenas como sobreviver num mundo competitivo, mas também como dominá-lo.

(...) A dúplice maldição do colapso do mercado imobiliário e da crise de crédito está corroendo aCemex. Num péssimo mercado para crédito, aCemex tem US$ 5,7 bilhões em dívidas a vencer em 2009. Suas tentativas de fazer hedge para cobrir sua exposição cambial saíram pela culatra por causa da fuga dos investidores para a relativa segurança dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos, o que valorizou o dólar, custando àCemex US$ 711 milhões. Conhecida pela incansável expansão, a empresa agora está vendendo ativos, negociando com credores, cortando gastos e demitindo.

A reviravolta é um exemplo de uma das lições mais dolorosas da atual crise financeira: apesar de todas as oportunidades ofertadas a empresas e executivos agressivos, a globalização também cria riscos que podem esmagar operações e reputações. A variada gama de pessoas prejudicadas pela crise inclui alguns executivos que em tempos normais eram considerados os mais brilhantes na navegação do mercado internacional.

(...) Agora aCemex encara uma montanha de US$ 16,4 bilhões a US$ 20 bilhões em dívidas, conforme o padrão contábil, mais ou menos o dobro do seu atual valor de mercado. Diante do enfraquecimento da construção civil em três mercados cruciais — Espanha, EUA e México — , dificilmente a empresa conseguirá gerar caixa suficiente para ter um impacto considerável nessas dívidas. O fluxo de caixa anual corresponde a 17% de suas dívidas, sendo que a média historica da empresa é de 30%.

(...) Ele é há muito considerado um dos líderes empresariais mais respeitados do México e um símbolo de Monterrey, a capital industrial do norte do país. Uma pesquisa de empresários latino-americanos feita pela PricewaterhouseCoopers em 2000 apontou aCemex como a empresa mais admirada da região. (...)

28 dezembro 2008

A Expansão da Contabilidade de Marcação a Mercado



Os reguladores contabeis lançou um esforço que podera conduzir na expansão da contabilidade de marcação a mercado, uma prática que muitos bancos dizem que piorou a crise financeira.

O Financial Accounting Standards Board na segunda-feira informou que sua assessoria começou a trabalhar num projeto, o primeiro passo para o processo de padronização, para reexaminar a contabilidade de instrumentos financeiros. Num cenário provável, o uso da contabilidade de marcação a mercado pode ser extendida para uma maior variedade de títulos, com o Fasb considerando um visão mais holística da contabilidade dos empréstimos, derivativos e ações.


Crisis on Wall Street: FASB Studies Expanding 'Mark' Rules
David Reilly – 16/12/2008 - The Wall Street Journal - C3

Livro Mais Vendido em 2008

O livro mais vendido de 2008 não foi Harry Porter ou outro do gênero de ficção. Foram vendidas 25 milhões de cópias deste livro, segundo estimativas, com diferentes versões, desenhos, cores, estilos e estratégia de marketing.

O livro mais vendido foi a Bíblia, segundo Stephanie Simon (Prophet Sharing: The Good Book Is the Best Seller, WSJournal) em duas diferentes versões. Nos Estados Unidos, 90% das casas possuem pelo menos um exemplar. A e
Simon informa de uma Bíblia ambiental, com papel reciclado, tinta de soja e destaques para passagens com temática ambientalista. Há também a bíblia no estilo de revista teen, para garotas. Existe também uma versão japonesa no estilo Mangá, com “biff” e “pow”

26 dezembro 2008

Rir é o melhor remédio


Fonte: Aqui

O Outro lado da Moeda

Terminei a leitura do livro O Outro Lado da Moeda. Existem diversos trechos ligados a Finanças Comportamentais, alguns usando informações já conhecidas. O autor também comenta sobre a neuroeconomia (ramo da medicina e economia que procura determinar como as decisões são tomadas no cérebro das pessoas), economia, psicologia e outros assuntos. A leitura não é agradável e talvez seja decorrente do lay-out do livro (a letra usada pela editora é pouco amigável). Mas o texto é muito pesado, ao contrário do livro Previsilmente Irracional, este sim uma leitura agradável.

Apesar disto, achei interessante alguns trechos, como a discussão da ajuda do governo aos produtores (como está ocorrendo agora no mundo) e não aos consumidores. (O livro defende que o governo deve ajudar os consumidores).

Um conselho do livro, que pode ajudar as pessoas a reduzir seus gastos e aumentar a capacidade de poupança, diz respeito ao uso de cartão de crédito:

“Os cartões de crédito reenquadram o dinheiro em uma categoria de contabilidade mental distinta, o que faz com que seja muito mais fácil gastá-lo. Os professores de marketing do MIT, Drazen Prelec e Ducan Simester, testaram esse princípio participando como apresentadores de um leilão com propostas fechadas para a venda de ingressos dos jogos da equipe de basquete do Boston Celtics. Metade das pessoas foi informada de que, se ganhasse o leilão, teria de pagar pelos ingressos em dinheiro vivo. A outra metade foi informada de que, se ganhasse, poderia pagar com cartão de crédito. Os lances dos que pagariam em dinheiro foram praticamente 50% menores do que aqueles oferecidos pelos que poderiam pagar com cartão de crédito.”
SHERMER, Michael. O outro lado da Moeda. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008, p. 89.

Bancos, Ajuda do Governo e Jatos Corporativos

Peter Cohan (Six banks with $540 billion in bailout money still flying 27 corporate jets, 21/12/2008) fez um interessante levantamento entre os bancos que receberam ajuda do contribuinte dos EUA e existência de jatos corporativos. É interessante lembrar que o uso de jatos por parte dos executivos das montadoras causou constrangimento e foi notícia quando as empresas solicitaram ajuda ao governo.

Eis a lista:

AIG = 150 bilhões de ajuda e 7 jatos
Citigroup = 330 bilhões e 4 jatos
Wells Fargo = 25 bilhões e um jato
Bank of América = 25 bilhões e nove jatos
JP Morgan Chase = 25 bilhões e 4 jatos
Morgan Stanley = 10 bilhões e dois jatos

O suspense neste momento diz respeito aos possíveis bônus que alguns desses executivos irão receber.

Os grandes perdedores em 2008

Uma lista interessante com os ricos que ficaram mais pobres em 2008. São pessoas que tomaram decisões ruins no ano e irão fechar 2008 mais pobres. A lista, do blog Blogging Stocks, inclui:

=> Irmãos Ambani, da Índia, que perderam 60 bilhões de dólares no total
=> Warren Buffett, cuja ações da sua empresa Berkshire Hathaway perdeu 32%. Suas perdas foram de 16,5 bilhões de dólares
=> Fundadores da Microsoft, Bill Gates e Paul Allen, perderam 12,3 e 2,6 bilhões, nesta ordem. O atual CEO, Steve Balmer, perdeu 6,5 bilhões. As ações da Microsoft caíram 46%
=> Larry Page e Sergey Brin, da Google, perderam 11,9 e 11,7 bilhões. O CEO Schmidt perdeu 3,8 bilhões. As ações da Google caíram 55%
=> Ellison, da Oracle, perdeu 8,2 bilhões. Sua empresa perdeu somente 21%
=> Investidor Carl Icahn perdeu 5,1 bilhões. Sua empresa teve uma redução no preço de 62%
=> Bezos, da Amazon, perdeu 4,6 bilhões e a ação da Amazon teve uma queda de 44%
=> Murdoch perdeu 4 bilhões (e a ação da News Corp. 57%)
=> Maurice Greenberg perdeu 2,3 bilhões e a a AIG teve uma queda nas ações de 97%.
=> Jobs, da Apple, ficou 2,3 bilhões mais pobre. A Apple perdeu metade do valor em 2008

Captando recursos

Sem o acesso fácil ao mercado de capitais observado em anos anteriores, algumas empresas brasileiras precisaram recorrer a soluções caseiras para continuar conduzindo seus negócios.

Neste ano, por meio de operações privadas, as companhias com ações negociadas em bolsa receberam cerca de R$ 5 bilhões. Nessas transações, os atuais acionistas colocaram recursos nas empresas, promoveram capitalizações com a entrada de novos sócios, investidores institucionais ou fundos de participações, e, também, fizeram modificações na estrutura de seu capital, para garantir mais recursos para as suas atividades. Numa época de financiamentos escassos e caros, essa opção se transformou na mais rápida e barata. (...)

Nessas circunstâncias, o controlador propõe a operação, com a emissão de novas ações, e os minoritários têm o direito de acompanhá-la comprando papéis em quantidade que garanta que, na conclusão da transação, ele manterá a mesma fatia. No entanto, nestes tempos de ações em forte queda, os novos papéis têm saído a um preço acima do valor de mercado, inibindo os pequenos acionistas, que acabam tendo de aceitar uma diluição.

Algumas operações de aumento privado de capital, com a chegada de um novo sócio, também possibilitaram que empresas transferissem seu controle sem a obrigatoriedade de realizar uma oferta pública de aquisição para todos os acionistas.

(...) Além do dinheiro novo, do bolso do controlador ou injetado pela chegada de mais sócios, algumas companhias também estão realocando recursos que já estavam dentro da própria empresa. Elas fizeram operações de aumento de capital incorporando recursos da reserva de capital ou reserva de lucros.

(...) Vinícius Aversari Martins, professor da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi), da Universidade de São Paulo, explica que a reserva de capital é uma peculiaridade contábil brasileira e tende a ser extinta à medida que as normas internacionais de contabilidade (IFRS, na sigla em inglês) forem sendo implantandas por todas as empresas.

Receita caseira
Valor Econômico - 26/12/2008

Hedge

Um grupo de especialistas começou a apresentar novos argumentos jurídicos que podem amenizar a tributação sobre as perdas com derivativos e ao mesmo tempo prometem abrir uma discussão milionária entre empresas e fisco. Os prejuízos com derivativos são considerados dedutíveis integralmente do Imposto de Renda (IR) quando possuem a função de hedge. Ou seja, a função de proteger direitos a receber ou obrigações a pagar. Se o derivativo for especulativo, a legislação estabelece grandes restrições para impedir a dedução total da perda para IR.

Até esse ponto, nenhuma novidade. O argumento novo é que os direitos e obrigações que podem ser protegidos por um derivativo com função de hedge não se limitariam a ativos e obrigações já contratados, como compromissos de importação ou exportação ou dívidas e outros recebíveis em moeda estrangeira. Também poderiam ser protegidos dos efeitos da variação cambial os investimentos planejados em subsidiárias no exterior e os fluxos futuros de caixa baseados em projeções de venda ou compra para um determinado período de tempo. (...)

Essa norma, diz Alexssandro Broedel Lopes, professor de contabilidade e finanças da FEA, estabelece uma contabilização especial para o hedge e explicita a possibilidade de se fazer hedge para fluxo de caixa. Ele lembra, porém, que é necessário comprovar a necessidade de proteção do direito e de seu impacto na empresa. A expectativa de fluxo de caixa futuro, segundo ele, tem de estar bem-fundamentada. A empresa também precisa sustentar que o hedge era necessário "Pode ser documentada de várias formas, com o histórico de exportação da companhia e de sua capacidade de produção", exemplifica. Relatórios macroeconômicos também podem subsidiar a documentação, acredita.

O professor da FEA lembra que, caso as expectativa de venda ou compra não se realizem por completo, o derivativo só será considerado hedge na parte em que as projeções foram cumpridas. Nesse caso, a dedutibilidade também só poderá ser aproveitada de forma parcial, relativamente à parte em que a projeção foi cumprida. Isso permite que a empresa faça novas projeções no decorrer do ano e também aproveite as deduções à medida que as operações previstas forem se realizando. Broedel vai ainda mais longe. "A nova norma contábil para hedge também permite que instrumentos não financeiros também tenham a função de proteção", lembra. Segundo ele, dívidas em moeda estrangeira também podem ter função de hedge para proteger um ativo já contratado ou o fluxo de caixa futuro.

Broedel explica que o CPC nº 14 deve ser observado pelas companhias abertas para os balanços encerrados em 31 de dezembro. A vantagem dessa contabilização especial para operações de hedge é a dedutibilidade para Imposto de Renda, argumenta Quiroga. Segundo ele, essa dedutibilidade também pode ser usada para o ano base de 2008. Como havia muitas empresas com esse hedge, diz o advogado, elas devem verificar os efeitos da contabilização desde o início do ano. "Nesse caso, é possível até que elas apurem créditos tributários de IR relativos a deduções não aproveitadas anteriormente." (...)

Tributaristas querem ampliar as operações definidas como hedge
Valor Econômico - 26/12/2008

25 dezembro 2008

Corrupção

Em 2008 tivemos um ano muito tumultuado. Os problemas tiveram sua origem nos Estados Unidos e rapidamente espalharam pelo mundo. O gráfico abaixo mostra um pouco do que estamos vivendo. Trata-se do histórico do índice de Corrupção daquele país nos últimos anos. (Fonte, aqui)

24 dezembro 2008

Bom Natal

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A todos os leitores do blog, um feliz natal.

P.S. Foto de Omar Junior

Rir é o melhor remédio


Fonte: Aqui

Links

Perigo da Tecnologia, aviação e o desastre do vôo 1907

Teoria da Conspiração: Rafa Benitez pediu para Lucas levar cartão vermelho nas Olimpíadas no jogo contra Argentina. E foi atendido.

Barbas bizarras

Cartoons com Bush e Sapato

Vítima do preço do petróleo

A redução do preço do barril de petróleo (abaixo dos 40 dólares, depois de ter ultrapassado a 120 dólares recentemente) pode provocar outra vítima, segundo o The Wall Street Journal: os produtores de etanol dos Estados Unidos.

Em An Ethanol Bailout? (The Wall Street Journal, 24/12/2008, A10) o jornal lembra, no entanto, que o lobby do setor já está reagindo, solicitando subsídios.

Cinismo

Ao que parece, Rod Blagojevich, governador de Illinois, planejava vender a cadeira que Obama tinha deixado vaga no Senado por 500 mil dólares. É escandaloso. Como poderia pedir tão pouco? É verdade que o mercado de cargos públicos não é muito transparente e torna muito complicado comparar preços, porem qualquer assessor financeiro poderia ter ajudado a Blagojevich a determinar um valor melhor. O economista Andrew Roth apresentou alguns números no seu blog. Para começar, escreve, um senado ganha 167,1 mil dólares brutos por ano. Se mantem o cargo por duas legislaturas, só em salários embolsará 1,3 milhões. Além disto, depois de oito anos, o ex-senador se converterá num valioso lobista que não cobra menos que 300 mil dólares por ano no setor privado. E a partir dos 62 anos tem uma pensão de 60,972 dólares. Para Roth não parece ser desproporcional pedir 6,2 milhões de dólares pelo cargo.

E só tendo em conta os fluxos de caixa que gera, já que o rendimento político pode ser ilimitado, como é o caso de Obama.

NOTICIAS QUE NO CONVIENE IGNORAR - Contabilidad para dirigentes
Miguel Ors Villarejo
Actualidad Económica - 8/1/2009

23 dezembro 2008

Duas imagens

Duas imagens inspiradoras. A primeira, corredores num mesmo passo.

A segunda, leitura.

Links

Um vídeo mostrando a movimentação dos aviões durante um dia no mundo. Vale a pena dar uma olhada

Dar ou não presente de natal?

Comissões do Premio Nobel (Medicina, Física e Química) receberam “agrados” da China e da empresa Astra Zeneca

Sancionada a Lei Complementar que inclui as empresas de serviços contábeis no Anexo III da tabela do Simples Nacional

Iasb e Fasb publicaram um 'discussion paper” sobre reconhecimento da receita

A crise das montadoras chega ao Japão

Toyota prevê 1ª perda em 70 anos
O Estado de São Paulo - 23/12/2008

A japonesa Toyota Motor, maior fabricante de automóveis do mundo, informou ontem que deve registrar neste ano fiscal seu primeiro prejuízo operacional em 70 anos - a única vez em que a empresa apresentou perda foi em 1938, um ano após a sua fundação. Citando o fortalecimento do iene e a queda na venda de automóveis em mercados como Estados Unidos, Europa e Japão, a Toyota disse prever um prejuízo operacional consolidado de 150 bilhões de ienes (US$ 1,68 bilhão) no ano fiscal que termina em março. Apenas seis semanas atrás, a companhia, considerada uma referência da solidez econômica do Japão, previa um lucro operacional de 600 bilhões de ienes (US$ 6,7 bilhões) no atual ano fiscal.

“Trata-se de um tipo de emergência que nunca experimentamos”, disse o presidente da Toyota, Katsuaki Watanabe. O executivo afirmou que as rápidas mudanças nas condições do mercado dificultaram prever o resultado da empresa no próximo ano fiscal, mas espera que a Toyota possa reverter o prejuízo em lucro. A empresa espera cortar custos diminuindo ainda mais a produção e dispensando empregados temporários em fábricas no Japão, assim como com o adiamento de investimentos em novas fábricas em localidades como Mississippi, nos Estados Unidos, onde daria início à produção de seu bem-sucedido modelo híbrido Prius em maio de 2010. “Não é ainda possível dizer onde está o fundo do poço”, afirmou Watanabe.

QUEDA NAS VENDAS

A Toyota também reduziu sua projeção de receita para 21,5 trilhões de ienes (US$ 240 bilhões). A previsão anterior era de 23 trilhões de ienes (US$ 256,7 bilhões). As vendas globais, segundo as projeções anunciadas ontem, devem ficar em 8,96 milhões de automóveis, uma queda de 4% em relação às vendas do ano passado. As previsões iniciais da empresa para este ano eram de vendas de 9,5 milhões de veículos. A Toyota projetava ultrapassar, em 2010, a casa dos 10 milhões de veículos vendidos no mundo. Com a crise, esses números já foram revistos.

Além da queda nas vendas, a Toyota, como o resto das maiores exportadoras japonesas, não conseguiu superar os efeitos do fortalecimento do iene em relação às maiores moedas nas semanas recentes. O fortalecimento do iene significa que as vendas em dólares e euros valem menos na contabilidade da Toyota.

Apesar das previsões mais pessimistas, a direção da Toyota garantiu que não há planos de demissões de empregados - embora já tenha anunciado que vai reduzir pela metade o número de trabalhadores temporários em suas fábricas no Japão, que vai cair para 3 mil.

Mais sobre o assunto, aqui e aqui

Siemens e Corrupção

Sobre o caso da Siemens, o melhor texto até agora publicado é o artigo de Siri Schubert e Christian Miller (At Siemens, Bribery Was Just a Line Item, 21/12/2008) do New York Times.

No texto ficamos sabendo que a empresa teve, entre 2002 a 2006, um orçamento anual para corrupção entre 40 a 50 milhões. Este pagamento era fundamental para manter a competitividade da empresa no exterior, particularmente na venda de equipamentos de telecomunicações.

A parte mais interessante é quando um porta-voz de uma associação de investigadores da Alemanha afirma que “propina era o modelo de negócio da Siemens. Ela tinha institucionalizado a corrupção”

Conforme informa o texto “Antes de 1999, as propinas eram dedutíveis das despesas sob o Código Fiscal alemão e o pagamento de governantes estrangeiros não era um crime.” Diante disto a empresa jogou conforme as regras de cada lugar. (A partir de 1999 a Alemanha passou a condenar a propina)

A adoção do IASB

Textos de alunos do prof. David Albrecht discutem se os EUA devem ou não adotar o IFRS.

Aqui o primeiro;

aqui o segundo,

aqui o terceiro e o

quarto.

Gravidade do crime e valor

A gravidade do crime é proporcional ao valor envolvido?

Esta é uma questão interessante para os especialistas da área jurídica. É comum encontramos notícias emocionais falando que criminosos cujo valor do crime era de alguns reais. Implicitamente nas manchetes a relação entre a pena e o valor monetário do bem.

Harlan Protass (Even Bernard Madoff Doesn't Deserve This, 21/12/2008, The Washington Post, B04) comenta este aspecto ao afirmar que faz sentido um traficante que vende 10 quilos de cocaína ter uma pena maior que outro que vende somente um quilo. Do mesmo modo, seria adequado afirmar que um executivo que cometeu uma fraude de 50 mil ter uma pena menor que outro que fraudou 1 milhão.

Talvez isto tenha sido a justificativa para a pena para Jeffrey Skilling, da Enron, ter sido de 24 anos. Ou de Ebbers, da WorldCom ter obtido 25 anos. Estas pessoas foram responsáveis pela destruição da riqueza de pessoas honestas e por este motivo tiveram uma pena maior que alguns crimes.

Mas uma pena maior seria suficiente para coibir a fraude financeira?

Antes que comecem a comparar a justiça dos EUA com o nosso judiciário é importante destacar que nos EUA também possui exemplos de condenação branda para executivos e o texto de Protass cita alguns casos.

CPC 5

Sobre o CPC 5, veja a seguinte notícia do Valor Econômico:


De acordo com o superintendente de normas contábeis da CVM, Antônio Carlos Santana, a nova regra, apesar de fazer parte do grande pacote de ajustes que a autarquia está elaborando, trata mais de informação do que de contabilidade propriamente dita.

"A regra é basicamente de transparência, aprofunda os conceitos sobre partes relacionadas e o que deve nortear a divulgação dessas operações", explicou Santana. Segundo ele, a regra não é exatamente uma novidade porque substitui a Deliberação 26 da autarquia, da década de 80, que já pedia divulgação dessas transações. Porém, a nova norma aprofunda o tema.

"Na época da primeira regra (26) havia um enfoque um pouco diferente, mais voltado à questão da dependência econômica entre as partes." Agora, de acordo com Santana, o conceito básico é a relação de poder e a influência que o controlador, pessoas relacionadas a ele e outras peças-chave da administração possam ter nas operações econômico-financeiras.

Na norma de sete páginas estão bem detalhados os objetivos, o alcance e as finalidades dessa divulgação, além de definições dos conceitos. A idéia é que as demonstrações contábeis tenham transparência de informações de transações ou saldos de operações com partes relacionadas que possam ter tido ou vir a ter impacto sobre o resultado. "Nem todas as operações que precisam ser divulgadas têm saldo contábil. Mas é importante dar a informação. Às vezes, afetam, por exemplo, a competitividade da empresa."

Ele explica que as informações deverão constar das demonstrações financeiras e Informações Trimestrais, por meio de notas explicativas. Com a emissão da norma ontem, a regra vale para o balanço anual de 2008 e para os resultados trimestrais a partir de 2009.

As informações e a forma como os contratos com partes relacionadas deverão ser tratadas no relatório de informações anuais (IAN) serão abordadas na revisão da Instrução 202, que será divulgada ainda neste ano, de acordo com a previsão da CVM.

De acordo com Santana, a versão final contida na deliberação contém poucas diferenças em relação ao conteúdo que ficou em audiência pública entre setembro e outubro deste ano. "Foram poucas sugestões recebidas e a maioria diz mais respeito à forma de escrita e não a questões de conteúdo. Os participantes do mercado sugeriram que o texto ficasse o mais semelhante possível ao IAS 21, o que aconteceu", acrescenta.

Contratos com partes relacionadas serão mais detalhados
12/12/2005 - Valor Econômico

Finanças comportamentais

O texto a seguir utiliza conceitos interessantes para um pesquisador da área de finanças comportamentais. Apesar da “aversão a perda” não ter sido claramente mencionado no texto, o “medo de não fazer o investimento” poderia ser considerado um fenômeno aproximado.

Escândalo expõe ‘sofisticação’ dos investidores
Jason Zweig
15 December 2008
The Wall Street Journal Americas
1

O que o comediante George Carlin, que morreu em junho, e o administrador de fundo de hedge Bernard Madoff, que foi preso na semana passada sob a alegação de organizar um gigantesco esquema de pirâmide que teria perdido dezenas de bilhões de dólares, têm em comum?

O comediante imortalizou a figura de linguagem conhecida como oximoro, as absurdas parcerias de palavras como “camarão jumbo” e “inteligência militar”. Madoff apenas colocou o mais tolo dos oximoros financeiros sob os holofotes: “investidor sofisticado”.

As contas administradas pela Bernard L. Madoff Investment Securities registraram ganhos de cerca de 1% ao mês com a pontualidade de um relógio, por 20 anos, sem uma única perda. Por que esse absurdamente estável retorno não detonou nenhum alarme entre os atuais e os potenciais investidores?

Afinal, investidores sofisticados como os clientes de Madoff deveriam saber que, quando alguma coisa é boa demais para ser verdade, provavelmente não é verdadeira. Mas eles acreditaram nela, de qualquer forma. Por quê?

Madoff enfatizava um clima de segredo, dando às suas contas de investimentos um misterioso ar de sedução e um senso de exclusividade. O marketing inicial estava, na maioria das vezes, nas mãos do “macher” (que em hebraico denomina um “figurão”). Nos clubes de campo ou em outros pontos de reunião exclusivos, o macher contava vantagem em voz alta: “Tenho meu dinheiro investido com Madoff e ele está indo muito bem”. Quando o interlocutor manifestava interesse, o graúdo respondia: “Você não pode participar, a não ser que seja convidado (...) mas eu acho que posso apresentá-lo”.

Robert Cialdini, um professor de psicologia da Universidade Estadual do Arizona e autor do livro “Influência: Ciência e Prática”, chama essa estratégia de “combinação de tripla ameaça”. O caráter meio secreto dos fundos de hedge, diz, faz com que os investidores sintam que se trata de “um domínio inerente a pessoas que sabem mais do que nós”. Essa incerteza nos leva a buscar uma prova social: a evidência de que outras pessoas em que confiamos já tomaram a decisão de investir. E, ao usar essa mesma estratégia de exclusividade, Madoff fez os investidores trocar o medo do risco do investimento pelo medo de perder ao não fazer o investimento.

Se você consegue ser convidado, passa então à condição de membro desse clube exclusivo de “investidores sofisticados”. Quando alguém que você respeita fez algum movimento para fazê-lo ganhar acesso, diz o professor Cialdini, pode parecer um “insulto” procurar saber mais sobre o negócio. Madoff também tornou-se conhecido por expulsar de seus fundos investidores que perguntavam demais, evitando que alguém pudesse virar o barco.

Esse senso de filiação a um clube fechado fez com que vários compradores dos fundos de Madoff se tornassem cegos aos numerosos sinais de perigo que flutuavam ao redor de suas operações. Quando você está num grupo exclusivo como esse, não sai fuçando na cozinha para ter certeza de que o código sanitário está sendo obedecido.

Eis o grande segredo do “investidor sofisticado”: é comum ele não fazer a vistoria das contas antes de investir. Durante um breve período em 2006, a SEC, Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos, exigiu que os fundos de hedge fornecessem informações padronizadas sobre suas operações. William Goetzmann, um professor de finanças da faculdade de administração de Yale, descobriu que os fundos de hedge que informavam problemas legais, de regulação ou conflitos de interesse acabavam com desempenho futuro pior. Mas o fornecimento de informações desses riscos não tinha impacto nenhum no fluxo de dinheiro para os fundos de hedge. Em outras palavras, os investidores estavam obtendo informação útil e não dando atenção a ela.

O fundo de hedge de commodities Amaranth Advisors LLC, que entrou em colapso em 2006, com perdas de US$ 6 bilhões, sequer preencheu o formulário obrigatório da SEC no início daquele ano, num sinal claro de que alguma coisa estava errada. Em vez de verificar a causa da omissão ou sacar os recursos, os investidores colocaram ainda mais dinheiro no fundo.

Três pequenas notícias sobre Madoff

Ainda sobre a firma de auditoria que foi contratada por Madoff (vide aqui, postagem anterior), Jane Bryant Quinn (Madoff Suspicions Are Only in Hindsight, The Washington Post, 21/12/2008, F03) faz uma constatação interessante. A empresa Friehling & Horowitz, de New City, N.Y., não possui sequer web page.

Em novembro de 2005 Harry Markopolos identificou 29 problemas que permitia concluir que Madoff era uma fraude. Este relatório foi ignorado pelo Chairman da SEC.

Enquanto isto, uma investigação mostrou que funcionários da SEC acessavam endereços pornográficos.

22 dezembro 2008

Rir é o melhor remédio


Fonte: Aqui

Links

Seis links de contabilidade

O México adotará uma nova Lei de Contabilidade Governamental (texto do periódico Milênio, de 14/12/2008, em espanhol)

O Museu Guggenheim de Bilbao (que já foi notícia aqui neste blog) ainda é notícia

Na seção do WSJ da semana, sobre os ganhadores perdedores encontramos a GM e Chrysler, na seção dos ganhadores, já que a Casa Branca anunciou um plano de ajuda de 17,4 bilhões de dólares.

Os planos do Iasb para o Futuro (inclui leasing, pequenas empresas, mineração e imparidade)

Se já não bastasse todos os problemas, empregados da Lehman Brothers acusados de Insider Trading que rendem 4,8 milhões de lucros


As mudanças contábeis na Europa (Cambios contables en la UE, texto de Santiago Solera do jornal Cinco Dias, de Madrid)

CSN e Reserva de Reavaliação

CSN fará baixa de ativos de R$ 6,4 bilhões
Valor Econômico - 22/12/2008

A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) anunciou a baixa do saldo total de sua reserva de reavaliação de ativos, no valor de R$ 6,4 bilhões. O montante equivale a 71% do patrimônio líquido da empresa em setembro, que estava em R$ 9 bilhões. A medida foi aprovada na sexta-feira em assembléia extraordinária de acionistas. O conselho de administração da tomou a decisão em agosto.

A reforma da legislação contábil brasileira eliminou a possibilidade de as companhias fazerem reavaliação de ativos, por conta do que seria uma distorção do uso desse recurso no país. Mas aquelas que ainda tem esse saldo no patrimônio podem optar por continuar depreciando normalmente o ativo, até sua eliminação pelo tempo ou pela venda. Outra possibilidade oferecida com a mudança da lei é estornar, até o fim deste ano, o saldo existente.

Levantamento da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi) aponta que as companhias abertas brasileiras tinham saldo de quase R$ 40 bilhões em reservas de reavaliação no fim de 2006.

De acordo com dados da Economática, a reserva de reavaliação da CSN era a maior das companhias abertas brasileiras. As empresas que optassem por manter o saldo da reavaliação no patrimônio deveriam submetê-lo, a partir do balanço anual de 2008, ao teste do valor recuperável do bem - conhecido no universo contábil como "teste do impairment". A medida faz parte do processo de convergência contábil para adoção do padrão internacional IFRS.

Na prática, significa ter um laudo que justifique o valor pelo qual o ativo está registrado. O montante deve ter relação com o que a empresa obteria se vendesse o bem ou com a expectativa de lucro que ele deve gerar ao longo do tempo.

Por conta disso, os especialistas entendem que os saldos de reavaliação que poderiam sofrer baixa contábil com o teste de recuperação deveriam ser estornados antes desse ajuste.

Em junho o Valor havia antecipado a intenção da CSN de realizar tal baixa. Na época, o diretor de controladoria da siderúrgica, Jorgemar Amorim, afirmou que medida deixaria o balanço mais comparável ao das concorrentes. As despesas de depreciação fruto do ativo elevado prejudicavam os indicadores de rentabilidade.

No balanço anual, o efeito contábil da baixa de R$ 6,4 bilhões, poderá ser compensado pela entrada de recursos fruto da venda de 40% da subsidiária Namisa - negócio que trará US$ 3,1 bilhões à empresa. Na quinta-feira, a empresa anunciou que a Comissão das Comunidades Européia aprovou sem ressalvas a operação e que a transação fecharia nos próximos dias.

O dinheiro que deve entrar no caixa da CSN irá contrabalançar a piora que a redução do patrimônio (por conta do estorno da reserva de reavaliação) traria aos indicadores de solidez financeira. Como o patrimônio será diminuído em mais da metade, a relação entre a dívida e o patrimônio mais do que dobraria. Ao fim de setembro, a dívida bruta da siderúrgica estava em R$ 10,7 bilhões e o caixa (disponível mais valores mobiliários) somava R$ 4,5 bilhões.

Frase

Mr Cox and the accounting profession just cannot admit they are wrong, perhaps because they are understandably reluctant to take responsibility for the consequences of their professional arrogance.

John Dizard, A sound case for moderation in marking to market, Financial Times, USA Ed1, 08

Auditoria e Madoff

Auditorias também podem responder por fraude de Madoff

São Paulo, 22 de Dezembro de 2008 - Além do ex-presidente da Nasdaq Bernard Madoff, a fraude envolvendo perdas estimadas de US$ 50 bilhões em fundos da Bernard L. Madoff Investments Securities parece apontar novos responsáveis. Desta vez, o alvo são as firmas de auditoria responsáveis pelos fundos que aplicavam nos produtos sob a gestão de Madoff, além da própria auditoria responsável pela gestora do ex-presidente da Nasdaq.

A pequena e desconhecida Friehling & Horowitz, com apenas três funcionários no Estado de Nova York, era responsável pela auditoria dos fundos da Bernard L. Madoff Investments Securities e agora está sendo investigada por promotores públicos norte-americanos e pela American Institute of Certificates Public Accountant (AICPA), que responde pela determinação de padrões de auditoria para empresas privadas. A auditoria responsável pela gestora de Madoff não era submetida à supervisão da AICPA desde 1993, por informar durante 15 anos que não executava serviços de auditoria.

Grandes empresas de auditoria, como PricewaterhouseCoopers (PwC), KPMG , Ernst & Young, além de uma divisão da BDO Internacional, responsáveis por auditarem os fundos que aplicavam em produtos da gestora de Madoff, também podem ser alvo de ações legais por parte dos seus clientes.

A Fairfield Greenwich, empresa com maior exposição à fraude financeira aplicada por Madoff, considera a possibilidade de processar a PwC, a sua consultora, pelo fato de a empresa não ter detectado o esquema fraudulento. O New York Law School também acusa a BDO Seidman, responsável pela auditoria do fundo Ascot Partners, em processo aberto contra a sua gestora Ezra Merkin, que aplicava em produtos de Madoff.

Para o sócio do escritório Motta, Fernandes Rocha Advogados, Otto Eduardo Fonseca Lobo, é possível entrar com uma ação de responsabilidade contra empresas de auditoria e mesmo contra os distribuidores dos fundos de Madoff, desde que haja evidências de negligência por parte dessas companhias. "Tudo vai depender do tipo de negligência, se a empresa de auditoria não agiu com cuidado, não teve due dilligence na hora de auditar esses fundos", afirma.

Ao contrário da maioria dos fundos de hedge, o de Madoff era regulado pela Security and Exchange Comission (SEC, órgão norte-americano semelhante à Comissão de Valores Mobiliários, CVM, no Brasil). A própria SEC abriu investigações a respeito do caso Madoff, para descobrir como a fraude não foi detectada antes pela comissão, tendo em vista que o órgão recebeu denúncias anônimas sobre o golpe desde 1999. Lobo afirma que a SEC exerce dois papéis no mercado norte-americano: a de reguladora do mercado de capitais e de policiamento de Wall Street. Ele ressalta, no entanto, que o mercado de hedge funds nos Estados Unidos era pouco regulado. "O que existia era a auto-regulação. Após o caso Madoff, a supervisão sobre esse segmento deve aumentar, podendo possivelmente seguir o modelo europeu."

Lobo afirma que tem recebido muitas consultas de investidores sobre a possibilidade de se entrar com ação judicial para reaver parte dos recursos perdidos com fraude. Segundo ele, nos EUA há um fundo, criado na década de 70 que garante os recursos em caso de fraudes em investimentos, o Securities Investor Protection Corporation (SIPC), mas sua cobertura está restrita às aplicações até US$ 500 mil. "Não se sabe ainda se investidores de fora dos EUA terão direito a esses recursos", diz. O especialista lembra que investidores que se beneficiaram do esquema de pirâmide montado por Madoff podem ter que devolver seus ganhos, caso haja o entendimento de que fazem parte de ganhos ilícitos.

(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 4)(Silvia Rosa)

A Importância da Boa Auditoria

Deixei passar um texto da Agence France Presse sobre o escândalo Maldoff (Wall Street sacudida por colapso de supuesto esquema piramidal, Sebastian Smith, 12/12/2008) . No final do texto, Smith pergunta “como foi possível os problemas de Madoff terem passado despercebido?”

A resposta: Madoff mantinha um segredo absoluto de parte de suas atividades. Apesar do texto não afirmar explicitamente isto, uma outra razão pode estar na auditoria:

Un analista financiero dijo que una "muy pequeña auditoría" era responsable de la contabilidad de Madoff. "Esto es raro, pero no imposible, porque Madoff era una empresa privada", que no debía rendir cuentas a accionistas.

Já no The Guardian (FAQs Ponzi schemes, 16/12/2008), o desprezo de Maldoff pelo controle e pela contabilidade está expresso no fato dele mandar as demonstrações contábeis pelos correios, não disponibilizando informações por e-mail ou pela internet (o que facilita a vida do investidor).

A CFO (What Does Madoff's Auditor Say? No Answer, Stephen Taub, 15/12/2008) traz detalhes sobre a empresa que foi contratada para auditar a empresa de Madoff. Seu escritório está no Georgetown Office Plaza, em New City, entre um dois consultórios médicos. O parecer para demonstrações de quatro páginas, datado de 18 de dezembro de 2006, afirma que a contabilidade da empresa está “em conformidade com os princípios contábeis geralmente aceitos dos EUA”

Ja Segundo o Washington Post (Swindle of the Century; Bernard L. Madoff's alleged scam and the regulators who failed to stop it, 18/12/2008), a empresa de auditoria era obscura e empregava somente três funcionários.

Finalizando, um texto excelente do WSJ sobre o investidor sofisticado

Escândalo expõe ‘sofisticação’ dos investidores

Jason Zweig
15 December 2008
The Wall Street Journal Americas
1

O que o comediante George Carlin, que morreu em junho, e o administrador de fundo de hedge Bernard Madoff, que foi preso na semana passada sob a alegação de organizar um gigantesco esquema de pirâmide que teria perdido dezenas de bilhões de dólares, têm em comum?

O comediante imortalizou a figura de linguagem conhecida como oximoro, as absurdas parcerias de palavras como “camarão jumbo” e “inteligência militar”. Madoff apenas colocou o mais tolo dos oximoros financeiros sob os holofotes: “investidor sofisticado”.

As contas administradas pela Bernard L. Madoff Investment Securities registraram ganhos de cerca de 1% ao mês com a pontualidade de um relógio, por 20 anos, sem uma única perda. Por que esse absurdamente estável retorno não detonou nenhum alarme entre os atuais e os potenciais investidores?

Afinal, investidores sofisticados como os clientes de Madoff deveriam saber que, quando alguma coisa é boa demais para ser verdade, provavelmente não é verdadeira. Mas eles acreditaram nela, de qualquer forma. Por quê?

Madoff enfatizava um clima de segredo, dando às suas contas de investimentos um misterioso ar de sedução e um senso de exclusividade. O marketing inicial estava, na maioria das vezes, nas mãos do “macher” (que em hebraico denomina um “figurão”). Nos clubes de campo ou em outros pontos de reunião exclusivos, o macher contava vantagem em voz alta: “Tenho meu dinheiro investido com Madoff e ele está indo muito bem”. Quando o interlocutor manifestava interesse, o graúdo respondia: “Você não pode participar, a não ser que seja convidado (...) mas eu acho que posso apresentá-lo”.

Robert Cialdini, um professor de psicologia da Universidade Estadual do Arizona e autor do livro “Influência: Ciência e Prática”, chama essa estratégia de “combinação de tripla ameaça”. O caráter meio secreto dos fundos de hedge, diz, faz com que os investidores sintam que se trata de “um domínio inerente a pessoas que sabem mais do que nós”. Essa incerteza nos leva a buscar uma prova social: a evidência de que outras pessoas em que confiamos já tomaram a decisão de investir. E, ao usar essa mesma estratégia de exclusividade, Madoff fez os investidores trocar o medo do risco do investimento pelo medo de perder ao não fazer o investimento.

Se você consegue ser convidado, passa então à condição de membro desse clube exclusivo de “investidores sofisticados”. Quando alguém que você respeita fez algum movimento para fazê-lo ganhar acesso, diz o professor Cialdini, pode parecer um “insulto” procurar saber mais sobre o negócio. Madoff também tornou-se conhecido por expulsar de seus fundos investidores que perguntavam demais, evitando que alguém pudesse virar o barco.

Esse senso de filiação a um clube fechado fez com que vários compradores dos fundos de Madoff se tornassem cegos aos numerosos sinais de perigo que flutuavam ao redor de suas operações. Quando você está num grupo exclusivo como esse, não sai fuçando na cozinha para ter certeza de que o código sanitário está sendo obedecido.

Eis o grande segredo do “investidor sofisticado”: é comum ele não fazer a vistoria das contas antes de investir. Durante um breve período em 2006, a SEC, Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos, exigiu que os fundos de hedge fornecessem informações padronizadas sobre suas operações. William Goetzmann, um professor de finanças da faculdade de administração de Yale, descobriu que os fundos de hedge que informavam problemas legais, de regulação ou conflitos de interesse acabavam com desempenho futuro pior. Mas o fornecimento de informações desses riscos não tinha impacto nenhum no fluxo de dinheiro para os fundos de hedge. Em outras palavras, os investidores estavam obtendo informação útil e não dando atenção a ela.

O fundo de hedge de commodities Amaranth Advisors LLC, que entrou em colapso em 2006, com perdas de US$ 6 bilhões, sequer preencheu o formulário obrigatório da SEC no início daquele ano, num sinal claro de que alguma coisa estava errada. Em vez de verificar a causa da omissão ou sacar os recursos, os investidores colocaram ainda mais dinheiro no fundo.

Crise no Futebol Espanhol

Um texto do El Mundo (Real Madrid. Ramón Calderón, el peor presidente de la historia del Real Madrid. Fútbol, Javier Gomez, 14/12/2008) mostra a grave situação política e financeira do clube de futebol Real Madrid, um dos mais fortes times do mundo.

Aparentemente a equipe possui dívidas de 511 milhões de euros, sendo 330 milhões de curto prazo.

Num trecho, revela-se uma das formas de desvio de recursos:

El periodista desveló recientemente que se están vendiendo cientos de entradas de protocolo, es decir, que figuran como gratuitas en la contabilidad del club, a precios de hasta 800 euros cada una. Al interesado le dan un número de una calle y una matrícula, penetra en el coche, paga y recibe los tickets.

A Posição da CVM

(...) Valor: Se já tivéssemos o IFRS, mesmo assim poderíamos ter tido essa surpresa?
Maria Helena: O reconhecimento, na contabilidade, dos produtos a valor justo poderia ter ajudado a mostrar. Porém, em 30 de junho, poderia se saber que eles existiam, mas não chamaria a atenção para o risco que eles embutiam. Claro que essa deterioração tão rápida da variável câmbio foi um fator que pesou e piorou ainda a qualidade da transparência dos dados, atrapalhou a possível percepção que se pudesse ter a respeito desse assunto.

Valor: O quadro de sensibilidade que passou a ser exigido vai ajudar nesse sentido?
Maria Helena: O reconhecimento contábil é importantíssimo, mas o teste de sensibilidade vai ajudar a prevenir situações. A administração, quando for aprovar demonstrações financeiras, terá ali um teste importante da efetividade e dos riscos embutido nos produtos.


Valor: Alguns auditores já fizeram críticas a essa exigência...
Maria Helena: Não vejo que dificuldade isso cria para o auditor. Quem está assumindo as premissas dos cenários prováveis e quem está informando sobre as variáveis é a administração. Ele vai auditar isso na mesma metodologia que usa para as demais informações auditadas. Não vejo realmente incongruência.


Valor: E quais são os grandes desafios para 2009?
Maria Helena: Todos esses assuntos que estão na pauta dos reguladores internacionais estão na nossa também. Estamos nos grupos de força-tarefa da Iosco [entidade que congrega os órgãos reguladores no mundo], que estão discutindo temas como venda a descoberto, papel das agências de rating e examinando se os produtos financeiros e de investimento que estão no mercado de balcão estão adequadamente transparentes para os reguladores e para o mercado.

Valor: A discussão sobre a venda a descoberto logo gerou polêmicas...
Maria Helena: A discussão que está havendo agora entre reguladores é mais aprofundada do que aquilo que surgiu no calor da crise. Como aqui a gente não tem a venda a descoberto sem empréstimo prévio, não tivemos muito envolvimento na discussão nesse âmbito. Mas hoje os reguladores discutem ainda como controlar melhor o uso abusivo sem impedir o uso legítimo para estratégias nos mercados futuros. Discutem também se deve voltar a regra, que já existiu no mercado americano, de impedir a venda a descoberto de acentuar uma tendência de queda do preço. Isso é tremendamente difícil de fiscalizar, por isso foi eliminada a regra, mas está de novo em discussão.

Valor: E as mudanças podem ser feitas no Brasil também?
Maria Helena: A nossa venda a descoberto tem um custo aqui, é cara, não é estratégia barata de fazer como é lá fora, não permite o nível de abuso que havia lá fora, mas nós vamos discutir, ver em que direção a experiência dos outros nos leva a caminhar.


CVM participa de força-tarefa sobre crise - 15/12/2008
Valor Econômico

O Ranking da Promiscuidade


A tabela mostra o ranking da promiscuidade, mensurado pela percepção de que uma relação sexual foi casual.

Fonte: Aqui

A contabilidade fiscal rumo à convergência

A contabilidade fiscal rumo à convergência
Gazeta Mercantil

16 de Dezembro de 2008 - Após quase um ano de discussões, as nuvens cinzentas que pairavam sobre a posição do Fisco a respeito das conseqüências do processo de convergência contábil, previsto na Lei nº 11.638, de 28 de dezembro de 2007, foram, finalmente, dissipadas com a edição da Medida Provisória nº 449, de 3 de dezembro de 2008. Instituído o Regime Tributário de Transição (RTT) para apuração do lucro real, os ajustes tributários decorrentes da adoção dos padrões internacionais de contabilidade foram disciplinados buscando a neutralidade fiscal dos seus efeitos sobre o patrimônio e os resultados das empresas.

O RTT é optativo e, sendo transitório, será válido, apenas, nos anos-calendário de 2008 e 2009. A opção deverá ser manifestada, de forma irretratável, na Declaração de Informações Econômico-Fiscais da Pessoa Jurídica 2009. Será obrigatório a partir do ano-calendário de 2010, inclusive para apuração do imposto sobre a renda com base no lucro presumido ou arbitrado, da CSLL, PIS/PASEP e COFINS, quando da entrada em vigor de lei que discipline os efeitos tributários dos novos métodos e critérios contábeis.

Assim, as alterações introduzidas pela Lei nº 11.638/2007, que modifiquem o critério de reconhecimento de receitas, custos e despesas computadas na apuração do lucro líquido do exercício, não terão efeitos para fins de apuração do lucro real da pessoa jurídica sujeita ao RTT, devendo ser considerados, para fins tributários, os métodos e critérios contábeis vigentes em 31 de dezembro de 2007.

Na ocorrência de disposições da lei tributária que conduzam ou incentivem a utilização de métodos ou critérios diferentes daqueles determinados pela legislação societária e pelas normas expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), com base na sua competência legal, e demais órgãos reguladores, a pessoa jurídica deverá utilizar os métodos e critérios definidos na lei comercial para apurar o resultado do exercício antes do Imposto sobre a Renda e realizar os ajustes específicos ao resultado do período no Livro de Apuração do Lucro Real (LALUR) - ou seja, os ajustes de adição, exclusão e compensação, prescritos ou autorizados pela legislação tributária, para apuração da base de cálculo do imposto.

Ficaram, portanto, dirimidas as dúvidas sobre o tratamento tributário dos novos critérios de contabilização das subvenções para investimento e doações feitas pelo Poder Público, concedidas como estímulo à implantação ou expansão de empreendimentos econômicos. Idêntico tratamento foi dado ao registro em conta de resultado do valor do prêmio na emissão de debêntures. Em todos esses casos, a isenção tributária está condicionada à manutenção dos valores em contas específicas de reservas de lucros, além da obediência às demais restrições estabelecidas na legislação fiscal.

A Medida Provisória corrige, também, alguns pontos que estavam em desacordo com os padrões contábeis internacionais, como, por exemplo, a classificação dos grupos de contas patrimoniais, substituindo as denominações de realizável e permanente por ativo não-circulante (composto por ativo realizável a longo prazo, investimentos, imobilizado e intangível), e passivo exigível a longo prazo por passivo não-permanente. Todavia, manteve a expressão princípios contábeis geralmente aceitos, que deveria ser substituída por princípios fundamentais de contabilidade, ou, simplesmente, princípios contábeis. Também, não eliminou o equívoco conceitual existente na Lei nº 6.404/76, que classifica o patrimônio líquido como um subgrupo do passivo, em desacordo com o padrão internacional (IAS 1). Por outro lado, a MP disciplinou melhor o conteúdo das notas explicativas em benefício da transparência das informações.

Ainda há um longo caminho a ser percorrido para a completa convergência às IFRS. O Comitê de Pronunciamentos Contábeis está trabalhando, em conjunto com a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e as demais entidades envolvidas com a matéria, no sentido de alcançarmos um patamar mais próximo dos países que aderiram às normas do IASB.

Sem dúvida, a Medida Provisória nº 449, regulando os ajustes tributários decorrentes dos novos métodos e critérios contábeis introduzidos pela Lei nº 11.638/07, trouxe tranqüilidade às empresas, neste momento de transição, além de representar um grande avanço rumo à convergência aos padrões internacionais de contabilidade.

(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 5)(Hugo Rocha Braga - Contador, administrador. e professor universitário. Foi diretor e superintendente de normas contábeis da Comissão de Valores Mobiliários (CVM))

Sobre Remuneração de Executivos

Remuneração pode estar por trás de perda com derivativo
16/12/2008
Valor Econômico

(...) Maria Helena Santana, presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), acredita que a discussão sobre a remuneração "é questão micro mais relevante da atualidade". "Já ficou provado que o esse modelo, desenvolvido nas décadas de 70 e 80, não serve mais. Precisa ser aprimorado. Ainda não aprendemos como controlar a ganância humana."

Guilherme Dale, sócio-consultor da Spencer Stuart, empresa especializada na contratação de altos executivos, conta (...) A remuneração variável ganhou importância e compõe atualmente cerca de metade do ganho anual de um executivo.

(...) Por exemplo, se já houvesse informações, talvez fosse possível avaliar o quanto os executivos de Sadia e Aracruz poderiam ter sido estimulados a expor a companhia aos derivativos que levaram a prejuízos bilionários. Antes de gerar perdas, esses contratos estavam trazendo ganho aos negócios.

Alexsandro Broedel, professor da Fipecafi e especialista em derivativos, explica que faltavam regras claras para contabilização no Brasil. Agora, o país terá diretrizes claras, por conta da convergência para o padrão internacional de contabilidade, o IFRS. (...) A partir da edição da nova regra, explica o professor, os contratos que não tiverem como objetivo a proteção de ativo ou passivo - hedge - deverão ser contabilizados como ganhos ou perdas de tesouraria e, portanto, na conta financeira. A regra também deixará explícito o conceito de hedge: são instrumentos que cobrem de 80% a 125% o ativo ou passivo ao qual está relacionado. "O que estiver fora desse intervalo é especulação e vai para as contas financeiras."

Polêmica

O jornal O Globo de 17 de dezembro discute a polêmica na contabilidade do Rio de Janeiro (Paes continua sem saber quanto terá em caixa, O Globo, 19, Luiz Ernesto Magalhães). O prefeito eleito, Eduardo Paes, não sabe a situação financeira da prefeitura.

A razão está na divergência entre a posição do Tribunal de Contas do Município e a contabilidade a prefeitura.

Um dos motivos refere-se ao fato da prefeitura ter anulado 60 milhões de dívidas com fornecedores, tendo por base um parecer da Controladoria Geral do Município (CGM). O TCM tem dúvidas sobre esta posição.

Mas achei interessante foi um depoimento do prefeito eleito:

— É difícil ter uma informação precisa sobre a situação financeira atual. Veja o caso da Cidade da Música: a prefeitura vai deixar R$34 milhões em caixa para quitar dívidas da obra. Se os recursos existem, por que a dívida não é paga logo — questionou Paes. (...)


Se for só isto, alguém precisa explicar para Paes uma coisa chamada “valor do dinheiro no tempo”.

Investimento em mercado de Capitais

Vale a pena investir em ações no momento de crise? Para o investidor comum, o mercado acionário deve ser considerado como um investimento de longo prazo, dos recursos que não serão necessários no médio e curto prazo.

No curto prazo o mercado sempre foi e será volátil. Em outras palavras, a chance de ganhar ou de perder é elevada. Entretanto, quando se considera o investimento de longo prazo, a volatilidade diminui muito.

É difícil provar este último ponto para o Brasil uma vez que temos 13 anos de estabilidade da moeda. Mas os gráficos a seguir (retirado da postagem How Much Does the Stock Market Actually Return?, 16/12/2008, do livro Saving and Investing, de Michael Fischer) mostram isto para os Estados Unidos, onde a série histórica é longa e a economia não conviveu com momentos de hiperinflação.

O primeiro gráfico mostra o retorno anual do mercado, medido pelo índice SP 500. Em alguns anos os ganhos foram elevados. Mas em outros, as perdas foram elevadas. A mensagem é clara: o mercado acionário é arriscado no curto prazo.



O gráfico seguinte apresenta o retorno para o investimento em dez anos no mercado acionário. Observe que em alguns poucos períodos (década de 70) o retorno esteve abaixo dos 5% anuais. Nos demais, o mercado quase sempre teve um retorno anual (para dez anos de investimento) acima de dez anos.


O último gráfico é mais forte. São 30 anos de investimento no mercado de capitais. O retorno médio anual numa economia sem inflação, e com baixo risco, ficou um pouco acima dos 10%.

O que atraiu os investidores para Madoff?

Segundo a The Economist (Con of the Century ou aqui, 18/12/2008), além do currículo (foi pioneiro no Mercado e na Nasdaq, conselheiro do governo e filantropista) foi um resultado estável. Madoff confessou que obteve isto através de manipulações e um esquema de pirâmides (denominado de Ponzi).

A CNBC obteve os dados do golfista Madoff no Palm Beach Country Club, Atlantic Golf Club e Fresh Meadow Country Club. O reporter Darren Rovell notou que o handicap de Madoff era relativamente estáveis, em torno de 12, o mesmo retorno que ele garantia aos investidores. (via NY Times, Madoff: As Consistent a Golfer as He Was an Investor, Catherine Rampell, 19/12/2008)

Remuneração de Executivo

Um texto interessante de Mark Frauenfelder (How to spend $53,826 a week without really trying via Boing Boing, 18/12/2008) mostra o caso da esposa do Chairman da United Technologies Corp que exigia 53 mil dólares por semana (algo em torno de 150 mil reais) para sustentar seu estilo de vida. Este dinheiro era gasto em viagens (8 mil dólares), roupas (4,5 mil) cabelos e tratamento de pele (mil dólares), flores (600 dólares) entre outros mimos.

Futuro da SEC

Este texto de Norris (17/12/2008, Can Mary Schapiro Save the S.E.C.? ou aqui) faz uma análise do legado do presidente da SEC Chris Cox, que está deixando o cargo. Atualmente o órgão regulador do mercado de capitais dos EUA está desmoralizado diante dos diversos problemas que não foram adequadamente enfrentados.

Em outro texto (A Year of Chaos in Finance, 19/12/2008), Norris faz um apanhado do ano de 2008 que inclui: menor taxa de juros de longo prazo dos últimos 20 anos; 10 dos melhores dias do Mercado acionário, em 70 anos, ocorreu em 2008; uma lenda de Wall Street confesando fraudes de 50 bilhões; os economistas preocupados com a deflação; o governo está emprestando dinheiro para quem não deveria emprestar (e que provavelmente não irá pagar os empréstimos); o sistema financeiro que parou de funcionar; e a nacionalização da Fannie Mãe, Freddie Mac e AIG, além dos problemas com a Bear Stearns, Lehman Brothers e Citigroup.

Barry Ritholtz, em SEC Chairmen, 2001-08 (17/12/2008) faz um levantamento dos Chairmen da SEC num período de 8 anos, indicando os erros da cada um. Foram 3 executivos indicados por Bush (Pitt, Donaldson e Cox)

Para seu lugar o presidente eleito Obama nomeou uma mulher, Mary Schapiro, que possui uma razoável experiência em mercado financeiro. A escolha foi elogiada pela imprensa econômica.

Mas uma postagem de Daniel Solin, no Blogging Stocks (Memo to Obama: Mary Schapiro is not 'change' at the SEC, 18/12/2008) faz uma distinção sutil sobre o currículo de Schapiro:

Mary Schapiro, who is President-elect Obama's choice, has spent her career protecting the securities industry from investors.