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05 maio 2019

Extinção do Fundo Soberano (?)

O Fundo Soberano Brasileiro foi extinto com a Medida Provisória 881, do final de abril de 2019 (dica de Claudio Santana, grato). Criado em 2008, na gestão de Guido Mantega, com um capital inicial de 14 bilhões de dólares, o fundo seguia uma tendência de diversos países que, com os recursos obtidos, em geral, da riqueza mineral, tinham por meta fazer uma poupança para futuras gerações.

O mais conhecido fundo soberano existente é o da Noruega. Com o dinheiro da exploração do petróleo do Mar do Norte, o país reservou 1002 bilhões de dólares, a partir de 1990. Em 2007, a China criou um fundo que contaria com 941 bilhões. É o segundo fundo maior do mundo. O fundo brasileiro contaria com 7,3 bilhões de dólares, um valor irrisório perto de outros fundos (Líbia, Coréia do Sul, Turquia, Timor Leste e Chile possui fundos com valores maiores).

Se o fundo brasileiro foi criado com 14 bilhões e possui hoje 7,3 bilhões, para onde foi a diferença? Aplicações ruins é a resposta. No ano passado, a Câmara rejeitou a MP 830 com esta mesma finalidade. O dinheiro seria usado para pagar a dívida pública. A medida de agora extingue o Fundo, sem indicar a destinação dos recursos.

Um aspecto “curioso” é que a MP trata de Direitos de Liberdade Econômica, sem nenhuma relação com a extinção do Fundo Soberano. Obviamente que a extinção dependerá da aprovação da MP.

Rir é o melhor remédio


03 maio 2019

Campeão voltou

No início do ano, o enxadrista norueguês Magnus Carlsen apresentava um rating de 2835. Apesar de continuar sendo o campeão do mundo de xadrez clássico e ter a melhor pontuação no xadrez rápido (partidas de 15 minutos) e blitz (5 minutos), a série de doze empates contra o desafiante ao título Fabiano Caruana parecia mostrar que o auge da sua carreira já tinha passado. Em junho de 2014, Carlsen tinha alcançado a marca de 2882 de rating no xadrez clássico, muito acima dos 2850 de Kasparov ou 2844, de Caruana.

Em fevereiro, Carlsen disputou um torneio na Holanda. Foram 13 partidas, Carlsen ganhou 5 e empatou as demais, ficando em primeiro. Com o desempenho, ele ganhou 9,5 pontos no rating. Agora em maio, em outro torneio, Carlsen jogou nove partidas e obteve 7 pontos, uma proporção alta para um torneio de xadrez. Em uma delas, deu cheque-mate em Peter Svidler (rating de 2738). E mais 15,8 pontos no rating, sem ter perdido nenhuma partida em 2019. Com isto, Carlsen possui hoje 2875 pontos (oficialmente 2861, por uma questão burocrática), estando a poucos pontos da maior pontuação de todos os tempos. O segundo melhor jogador hoje, Caruana, tem 56,7 pontos a menos.

O que impressiona em Carlsen é, além dos resultados, a vontade de vencer. No Shamkir Chess, o torneio de abril de 2019, em um determinado momento o norueguês tinha uma partida média com mais de 60 lances e mais de 5 horas de duração. Diversas partidas, potencialmente empatadas, foram conduzidas por muitos lances adicionais, até a obtenção da vitória. Outra enxadrista contentaria com o empate, visando o resultado geral do torneio. Em fevereiro, Carlsen já tinha vencido o torneio antes de iniciar a última rodada. Poderia ter empatado rapidamente o seu jogo, mas insistiu até a vitória contra um dos jogadores mais fortes do mundo. O mesmo ocorreu em Shamkir. Na última rodada bastava um empate para vencer o torneio. Jogando contra Vachier-Lagrave, o atual sexto melhor do mundo, levou o jogo até o 43o. lance, até a vitória. Não precisava da vitória, mas buscou fortemente.

A pergunta que se faz hoje é se estamos no ano GOAT (ou Great of All Time). Há um burburinho se ele conseguirá ultrapassar os 2900 de rating. O que seria um sonho parece hoje mais uma realidade. Seu desempenho com as brancas em 2019 ultrapassa a 3000 pontos. O maior de todos os tempos?

Quem é agora o número 1 de todos os tempos, Fischer, Kasparov ou Carlsen? A comparação direta de diferentes épocas é difícil, já que Carlsen tem o benefício de treinar com computadores muito fortes e com o conhecimento acumulado de seus predecessores. Carlsen tem a classificação mais alta de todos os tempos, 32 pontos acima do pico de Kasparov e 99 acima de Fischer, mas o grupo de jogadores com pontuação acima de 2700 que fornece a oposição exigida é agora muito maior.

Fisher tem um feito notável: 20 vitórias seguidas, incluindo dois 6-0 na disputa para ser desafiante na década de setenta. Já Kasparov tem mais vitórias consecutivas em torneios (15) e foi campeão por 16 anos. Mas Carlsen tem força de vontade para buscar vitória, tem maior rating e pode quebrar todos estas recordes.

Rir é o melhor remédio

Fonte: Aqui

02 maio 2019

Regras contábeis e efeito na Petrobras

O texto a seguir, publicado no início de abril no Estado de S Paulo, ainda é relevante. Trata do efeito na nova norma de arrendamento mercantil:

Os resultados financeiros da Petrobrás e de outras petroleiras presentes no Brasil trarão adequações às normas internacionais de contabilidade que vão elevar seus endividamentos. No caso da Petrobrás, o crescimento contábil da dívida será de US$ 28 bilhões, como informou a empresa no documento 20-F, enviado à agência de regulação do mercado financeiro dos Estados Unidos, a SEC.

A variação não afetará a capacidade da companhia de investir e de pagar, porque, com essas adaptações às normas internacionais, vão crescer também a geração de caixa e o resultado operacional.

Assim, mesmo com um crescimento tão elevado da dívida, equivalente a R$ 110 bilhões, a meta de redução do compromisso do caixa com empréstimos e financiamentos está mantida. Segundo fonte, como já estavam previstas, as alterações contábeis foram consideradas no cálculo da meta financeira.

Câmbio
Especialistas destacam, no entanto, que, com as mudanças, a dívida da Petrobrás vai ficar ainda mais exposta ao câmbio, justamente num momento de alta do dólar; e o caixa, a operações financeiras de proteção à variação da moeda americana, as operações de hedge.
No primeiro dia deste ano, entrou em vigor no Brasil uma regra contábil já adotada por petroleiras de outros países desde o ano passado - o arrendamento de equipamentos deixou de ser registrado como um aluguel, um custo de operação, para constar como passivo, como financiamento e, portanto, dívida.

A Petrobrás possui US$ 28 bilhões em arrendamentos de uma série de equipamentos envolvidos na produção de petróleo, como plataformas, sondas, navios de apoio e helicópteros, além de terrenos e edifícios. Na prática, são aluguéis com prazo de validade de décadas, assumidos em larga escala pela empresa no passado, como alternativa à construção de bens próprios.

Como são ativos utilizados por um longo período, em alguns casos por toda vida útil de uma concessão de petróleo e gás, passarão a ser considerados como parte do patrimônio da petroleira. O crescimento do ativo é o fator positivo da mudança. O negativo é que a depreciação do bem, as despesas com juros e a variação cambial pesarão na mesma proporção sobre o passivo. No fim das contas, "não há previsão de efeitos sobre o resultado financeiro anual", ressalta Marcelo Cavalcanti Almeida, conselheiro do Conselho Federal de Contabilidade (CFC) e autor de livros sobre o tema. Passivo e ativos se compensarão, desde que o dólar não fuja às projeções.

Hedge
No 20-F, a Petrobrás avisa que possui ferramenta de hedge para fazer frente às variações cambiais, mas, se contratada em bancos, as operações de hedge podem custar milhões à empresa. "A Petrobrás vai trabalhar muito para que o impacto não seja relevante. Só que não tem muito como garantir, por causa da questão cambial. Se o câmbio disparar e ficar muito acima do projetado, a dívida pode subir", afirma o especialista de petróleo e gás e sócio da área Tributária do escritório de advocacia Vieira Rezende, Tiago Severini.

Existem duas soluções viáveis para proteger uma empresa das variações cambiais - uma simplesmente trava a cotação do petróleo e, em outra, é feita uma aposta na cotação da moeda estrangeira. A Petrobrás faz as duas coisas. "Do ponto de vista estratégico é efetivamente correta essa postura. Entretanto, sua eficiência depende da análise do cenário econômico, das premissas e decisões tomadas. Para dar certo, é preciso acertar o cenário e tomar as decisões corretamente", avaliou Gilberto Braga, especialista em Finanças e professor do Ibmec.

Estilos diferentes

O site Quartz comparou os estilos de Mackenzie Bezos e seu esposo durante o processo de separação. O foco foi no texto produzido por ambos sobre o assunto.

Mackenzie fez uma declaração dizendo está feliz com o acordo. Era o seu primeiro Twitter (Jeff entrou há mais de uma década):

Já Jeff Bezos fez uma declaração agradecendo amigos e familiares, com uma grande ênfase na palavra "eu". Conforme lembrou Quartz:

No ano passado, a Quartz acompanhou seu uso do "eu" versus “nós” em mais de 20 anos de cartas de acionistas da Amazon e descobriu que o uso de “eu” por Jeff aumentou com o passar do tempo.


Uma outra diferença, no entanto: Jeff, que entrou no Twitter há mais de uma década, retuitou a declaração de sua ex-mulher. MacKenzie não retornou a cortesia.

Copa do Mundo e Demonstrações Contábeis


  • A Copa do Mundo foi assunto de algumas demonstrações contábeis. A maioria achou ruim o evento. 
  • Um segundo grupo aproveitou o evento para ações de marketing. 
  • Um último grupo comparou o ano com 2014 (aeroporto de Guarulhos) ou lembraram que ainda possuem algo a receber em razão da Copa de 2014.

A Copa do Mundo foi um grande evento do ano de 2018. Algumas empresas consideraram este fato nas demonstrações contábeis. As poucas empresas que citaram a Copa nas demonstrações contábeis já divulgadas ou reclamaram deste fato ou enfatizaram que aproveitaram do fato ou citaram em outro contexto.

O grupo de empresas que reclamaram da Copa associaram o evento a redução da produção ou algo do tipo. A Via Varejo - mesmo comercializando televisão - afirmou o seguinte:

Além do profundo processo de transformação que passamos em 2018, o ano foi marcado por eventos macroeconômicos  que  influenciaram  negativamente  o  padrão  de  consumo  da  população  (greve  dos caminhoneiros, copa do mundo e eleição) e, consequentemente, a Via Varejo dentro de seu processo de  transformação.

A Sapore, do ramo de alimentação, deixou seu descontentamento em um pequeno trecho: "com jogos em pleno horário de expediente no Brasil."

A empresa SER, da área educacional, culpou a greve dos caminhoneiros, a Copa e a eleições pelos problemas da economia:

“o setor de ensino superior também apresentou retração de demanda, novamente em função do desempenho anêmico da economia a partir de junho, dessa vez por conta de eventos como a greve dos caminhoneiros, Copa do Mundo e eleições para presidência da república e governadores dos estados, eventos extemporâneos que acabaram por reduzir a demanda durante o segundo semestre do ano”

Mas será que a Copa provoca retração de demanda no setor educacional? Não parece fazer muito sentido. O PDG associa a Copa a eventos extraordinários, apesar de ser um evento regular. Veja o comentário da empresa de construção:

Muito embora a recuperação do setor e da economia tenha sido prejudicada por certos eventos extraordinários, tais como a greve dos caminhoneiros, a Copa do Mundo e o período pré-eleitoral, ainda assim foi possível observar uma pequena melhora no mercado imobiliário.

A empresa de eventos T4f parece ter mais razão em reclamar:

No Brasil, fomos afetados pelos acontecimentos da Greve dos Caminhoneiros, seguido pela Copa  do  Mundo,  e,  no  último  semestre,  pela  forte  polarização  das  eleições,  que  concentraram  as  atenções  da  mídia  e,  consequentemente,  do  nosso  público.  Essa  sequência  de eventos gerou um ambiente bastante adverso para a venda de ingressos, principalmente em música ao vivo, intensificado por um fluxo reduzido de artistas para a região, principalmente a partir do segundo trimestre de 2018.

A BK chama a Copa de "desafio" no seu comentário:

apesar dos desafios enfrentados principalmente durante o 2T18 com a greve dos caminhoneiros e a Copa do Mundo de Futebol.

Finalmente, o Iguatemi fez a reclamação de maneira um pouco diferente das empresas citadas anteriormente. Para o Iguatemi, "apesar da Copa" a empresa foi bem:

O ano de 2018 foi desafiador. Apesar de uma economia ainda fragilizada que cresceu menos do que se esperava  no  início  do  ano  e  de  alguns  eventos  pontuais  que  trouxeram  bastante  volatilidade  (Copa  do  mundo, greve dos caminhoneiros, eleições) fomos capazes de entregar um crescimento de 18% do nosso Lucro Líquido e seguir na trajetória de redução do endividamento da companhia.

O segundo grupo são as empresas que consideraram a Copa uma oportunidade. Duas delas patrocinaram a Seleção e aproveitaram deste fato. Lembraram sua decisão de apoio, seja ao evento ou a seleção. Veja o que disse a Ambev:

A  marca  Brahma  vive  um  bom  momento, reforçado pelas campanhas da Copa do Mundo FIFA 2018. (...) Esse desempenho foi liderado pela cerveja Corona, uma das marcas que mais cresce no país, seguida pela Stella Artois, com nossas novas embalagens, e pela Budweiser, patrocinadora da  Copa  do  Mundo  FIFA  2018.

Já a Telefônica afirmou:

Cabe destaque ainda à atuação da marca durante o ano de Copa do Mundo, com campanhas no período que se utilizaram do mote #joguejunto, contribuindo para reforçar nosso papel como Patrocinadora Oficial da Seleção Brasileira. (...) O ano de 2018 teve como destaque as ações da Copa do Mundo e do Patrocínio da Seleção Brasileira. Para fortalecermos  o  nosso  patrocínio,  foi  criado  o  conceito  “#JogueJunto”  e  o  logo  Vivo  foi  transformado  na  bandeira  do  Brasil,  seguido  pelo  texto  “Vivo.  Patrocinadora  oficial  da  Seleção  dos  brasileiros”,  colocando torcida, jogadores e marca no mesmo patamar. A Vivo foi a 1ª marca mais lembrada 7  entre os patrocinadores da Copa e a 3ª marca mais mencionada no Twitter durante os jogos Realizamos ainda ações ligadas ao patrocínio da Seleção Brasileira de Futebol, em parceria com o Programa de Relacionamento Vivo Valoriza: alguns clientes puderam assistir aos treinos da Seleção Brasileira na Granja Comary (Rio de Janeiro), às vésperas da Copa do Mundo na Rússia

Finalmente, um grupo associou a Copa em outro contexto. GRU Airport lembrou que o movimento do ano foi superior ao de 2014, quando o Brasil sediou a Copa. Três outras empresas lembraram da Copa de 2014, destacando que ainda tem algo a receber no seu balanço por conta do evento: CEB, Invepar e Metrô Rio destacaram isto.

Rir é o melhor remédio


01 maio 2019

Fraude Contábil na China: 4 bilhões sumiram

One of China’s largest listed drugmakers said it overstated cash holdings by $4.4 billion, sending its shares and bonds tumbling and heightening concerns about the quality of accounting in a country that has become a fast-growing part of global investment portfolios.

Kangmei Pharmaceutical Co., a producer of traditional Chinese medicines, said in a filing on Tuesday that an accounting “error” led to the overstatement of its 2017 cash position. The disclosure came about four months after Kangmei told investors it was being investigated by regulators. The stock, a constituent of MSCI Inc.’s global indexes, plunged by the 10 percent daily limit. Kangmei’s 2.4 billion yuan ($356 million) notes due 2022 fell as much as 14 yuan to 60 yuan.

The immense size of Kangmei’s restatement, described by one securities lawyer as unprecedented for China, puts a spotlight on disclosure practices in a country where companies are defaulting at a record pace and several instances of questionable accounting have emerged in recent months. The issue has become increasingly important for global investors and securities firms as they gain unprecedented access to China’s gargantuan stock and bond markets.

"Investors have to be more careful about Chinese firms’ reporting," said Andrew Lam, a director at BDO, an international accounting firm. "They will have to do real homework, examining closely companies' financial reporting for any potential irregularities."

The China Securities Regulatory Commission, which in recent years has been pushing the nation’s stock exchanges to delist companies that provide inaccurate disclosures, didn’t immediately reply to a faxed request for comment. The Shanghai Composite Index rose 0.5 percent at 1:36 p.m. local time.

[...]

Fonte: aqui

Resultado de imagem para Kangmei Pharmaceutical C

Emi Nakamura vence Clark

A economista Emi Nakamura (foto) venceu a Medalha John Bates Clark. A Medalha Clark é uma "antecipação" ao Nobel de Economia, sendo concedida a economistas com idade abaixo de 40 anos. No passado era concedida a cada dois anos e "famosos" economistas venceram esta premiação. O primeiro contemplado foi Paul Samuelson, um dos três maiores economistas do século XX. O terceiro, Friedman. A premiação seguiu com James Tobin, K Arrow, L Klein, R Solow, Gary Becker, Michael Spence, Paul Krugman, entre outros. Dos premiados, 12 também foram premiados com o Nobel de Economia.

Emi Nakamura é a quarta mulher premiada (de um total de 41 premiados). Atualmente trabalhando em Berkerly, Nakamura tem vários trabalhos em macroeconomia, sendo esta a primeira premiação da área no século XXI. No AFineTheorem encontrei a seguinte frase resumo do trabalho dela:

Nakamura é mais conhecido por usar essa combinação profunda de dados e teoria para entender exatamente como as empresas definem os preços.

Isto é muito importante para as empresas e, por consequência, para a contabilidade. Uma das pesquisas dela relaciona a mudança de preços com inflação:

Quando a inflação é maior, as empresas ajustam os preços com igual frequência, mas com maiores saltos nos preços (considere a famosa duplicação do preço da Coca-Cola), ou eles ajustam os preços com mais frequência, mantendo a mudança percentual semelhante a ambientes com baixa inflação?

No passado fiz uma orientação de mestrado, do professor Paulo Mendes, sobre a variação de preços em ambientes inflacionários por setores da economia. É uma orientação que gostei de ter realizado, pois Mendes analisou como ocorria as mudanças de preços nos setores e como a dispersão aumentava quando o governo brasileiro fazia os planos econômicos. Obviamente que o trabalho de Nakamura não era conhecido do orientador e do orientando.

Além  disto, Nakamura lida bem com o grande número de informações existentes nos dias atuais.

Ela construiu conjuntos de dados de preços insanos, criou estratégias inteligentes de identificação para separar modelos de preços e usou essas ferramentas para aumentar amplamente nossa compreensão da interação entre a rigidez dos preços e o ciclo de negócios.

O que as empresas estão falando?


  • A greve dos caminhoneiros foi o grande tema dos relatórios das empresas de 2018
  • Os problemas econômicos (crise e desemprego) foram citados também
  • Logo a seguir, assuntos políticos, que inclui "corrupção" e "eleições"

Quando uma empresa divulga suas demonstrações contábeis, a administração pode aproveitar este espaço para tecer comentários sobre fatos que influenciaram o ambiente econômico e o desempenho da empresa. Muitas - a grande maioria - não fazem isto, seja por "preguiça" ou por medo de se arriscar a comentar algo indevido. Algumas empresas usam o "colar copiar" e repetem o ano anterior. Mas existem empresas que fazem um boa retrospectiva do que ocorreu no ano.

Recentemente postamos sobre como as empresas trataram as "eleições". O resultado é realmente interessante, já que a análise de um grupo associou o término do processo como o encerramento de um período de incerteza e outro grupo tinha o pensamento que ainda existiam problemas que poderiam afetar a empresa.

Usando dados de diversas empresas, verificamos quantas vezes um determinado assunto foi tratado nas demonstrações contábeis. Consideramos nove termos que poderiam estar nos textos dos relatórios e contamos quantas vezes isto ocorreu. O resultado está no gráfico.
O tema campeão foi "caminhoneiros" e "caminhoneiro". O movimento que parou muitas regiões do país foi o "assunto" mais comentado nos relatórios das empresas brasileiras, com 75 citações, até o instante desta postagem (e com as limitações que apresento a seguir).

A palavra "crise" apareceu logo após, com 80% as citações do palavra campeã. "Desemprego", "corrupção" e "eleições" ficaram logo após, com 68%, 65% e 63% do número de citações de "caminhoneiro". A seguir, "Copa do Mundo" (43%), "Recessão" (23%), "Lava-jato" (23%) e "Bolsonaro" (9%).

Uma possível explicação para o resultado é que o termo vencedor foi aquele que realmente afetou diretamente e inegavelmente o desempenho das empresas. Além disto, era possível tratar do tema de forma mais "isenta", simplesmente afirmando que o resultado da empresa foi afetado pelo greve dos caminhoneiros. Já o termo eleições exige uma elaboração um pouco mais sofisticada.

Como foi feita a pesquisa? - Usando a página do Valor Ri, foram baixadas todas as demonstrações contábeis de 2018. Empresas que divulgaram as demonstrações, mas que não estão nesta base não fizeram parte do levantamento. Isto totalizou 531 demonstrações, sendo que incluía empresas de capital aberto ou não. Em alguns casos, o relatório de uma empresa era a mera repetição de outra empresa; não foi feito nenhuma eliminação por este motivo. O levantamento finalizou no final de abril de 2019, o que não inclui empresas que tiveram suas demonstrações postadas nos dias seguinte. Optou-se por contar somente palavras que não tivessem mais de um significado ou fosse estivessem dentro de outras palavras (exemplo: a palavra "UnB" apareceu cinco vezes, nenhuma delas relacionadas com a minha universidade). Caso o leitor tenha alguma sugestão de "palavra", peço encaminhar nos comentários do blog ou por e-mail. Como muitas empresas não escrevem nada nos relatórios, evitei relacionar os termos mais citados com o total de demonstrações. A escolha dos nove termos foi pessoal, mas a lista pode ser expandida com a ajuda do leitor.

Rir é o melhor remédio