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15 janeiro 2019

Curso Prático de Contabilidade: Analisando um evento na Gama

A seguir, mais um estudo de caso que poderá ser usado como material de aula por parte dos professores. Ou então, como um "teste seu conhecimento" em contabilidade.

No capítulo 3 do livro Curso Prático de Contabilidade aprendemos como os eventos são tratados pela contabilidade. Para cada evento, mostramos a análise dos eventos sobre a equação contábil básica, ou seja, a análise em termos do débito e crédito e o seu registro no livro diário e razonetes. No capítulo anterior do livro, mostramos como as demonstrações contábeis apresentam informações sobre uma empresa.

Este balanço que apresentamos a seguir é da Gama Incorporação Imobiliária S/A. Analisando a DRE, é possível perceber que é um empreendimento que apresentou pouca movimentação no ano de 2017. Isto não deixa de ser estranho, já que é uma empresa que possui um profissional de contabilidade; assim, deveria receber um salário por esta função, o que corresponderia a uma despesa.
Mas vamos assumir que as demonstrações estejam corretas para nosso estudo de caso. Com base nas demonstrações, responda o que se pede a seguir:

a) quais as três contas do balanço que apresentaram movimentação em 2017?

b) Houve também uma variação de centavos no Patrimônio Líquido da empresa durante o ano de 2017. Você saberia dizer o que explica esta variação?

c) Observe agora a demonstração dos fluxos de caixa (erroneamente chamada de “do fluxo” no singular). Analisando os valores dos fluxos de investimento e de financiamento, você poderia descrever o evento que ocorreu? Lembre-se de fazer uma análise completa, conforme mostramos no capítulo 3.

d) Ponto adicional para quem descobrir um erro (aparentemente de digitação) na Demonstração dos Fluxos de Caixa.

Curso Prático de Contabilidade - César Augusto Tibúrcio Silva e Fernanda Fernandes Rodrigues. Gen, 2018, 2a edição. 

É importante combater a corrupção?

Um capítulo do livro de Clayton Christensen (foto) foi publicado pela Época. Trata de corrupção. Inicialmente ele constata que o problema da corrupção é generalizado, sendo necessário enxergar sob outra ótica. (Na verdade, a abordagem dele não é tão inovadora, mas sintetiza pensamentos que não são dominantes sobre o assunto). A questão da corrupção não é moral e o combate à corrupção deveria ser repensado, já que se gasta muita energia.

A corrupção não é recente e muitos países considerados exemplos de retidão, mas que eram pobres no passado, também eram corruptos. Além disto, os programas de combate à corrupção são falhos pois não reconhecem que “a corrupção é o melhor caminho, um atalho, uma utilidade em lugares onde há poucas opções melhores”.

Segundo Christensen há três motivos que justifica o fato de uma pessoa adotar a corrupção: (1) é uma forma de facilitar as pessoas progredirem na vida (2) a estrutura de custos não é compatível com a receita (ou seja, o salário da pessoa não é suficiente para o seu sustento); (3) é uma forma de subverter as estratégias para se beneficiar. Este último motivo é como se fosse a aplicação da relação custo e benefício.

A partir daí, o autor classifica um país em três fases: fase 1, onde a corrupção é escancarada e imprevisível; fase 2, onde é encoberta e previsível; e fase 3, da transparência. A situação da fase 3 refere-se, por exemplo, a Lei de Práticas Corruptas Estrangeiras dos Estados Unidos. “Walmart, Siemens, Avon e Alstom, um grupo industrial francês, e muitas outras companhias burlaram a FCPA e em consequência pagaram centenas de milhões de dólares em multas.”

O que garante a mudança seria, segundo Christensen, o desenvolvimento econômico do país. Os Estados Unidos, no século XIX, era um país corrupto. A Coréia do Sul de Park Geun-hye também.

A solução seria: parar de concentrar os esforços no combate à corrupção:

Em vez de continuar combatendo agressivamente a corrupção com seus recursos muito limitados, o que aconteceria se governos zelosos de países pobres se empenhassem em fomentar a criação de novos mercados que ajudassem os cidadãos a resolverem seus problemas cotidianos? Com a criação de mercados suficientes, as pessoas terão interesse no êxito desses mercados. Governos começarão a gerar mais receita para melhorar seus tribunais, o cumprimento das leis e os sistemas legislativos. Além disso, os mercados criam empregos que dão às pessoas uma alternativa viável a acumular fortuna com meios corruptos. Pedir às pessoas que rejeitem a corrupção sem lhes dar um substituto viável não é muito realista e, conforme os dados mostram, nem sempre funciona.


O próprio autor mostra alguns exemplos onde as soluções propostas parecem simplórias: Napster é um caso.

Ao examinar as crenças muito difundidas de que estabelecer instituições sólidas e extinguir a corrupção são pré-requisitos para o desenvolvimento de uma economia, constatamos continuamente que as inovações, especialmente aquelas que criam mercados, podem ser um catalisador crucial para a mudança. Inovações que criam mercados conseguem introduzir aquilo que é necessário, independentemente da existência de instituições firmes ou do grau de corrupção. Isso virá na sequência, assim como a peça mais visível do quebra-cabeça do desenvolvimento: a infraestrutura.
(grifo no original)

Aqui uma tese sobre desonestidade em grupo. Aqui outra sobre desonestidade com tributos.

Fluxo de Caixa livre negativo da Netflix

No dia 17 de janeiro a Netflix deverá divulgar seus resultados. A expectativa é a confirmação de que a empresa está queimando muito caixa. Em 2018 o fluxo de caixa livre da empresa atingiu um valor negativo de 3 bilhões de dólares. Foi de 2 bilhões em 2017.

O resultado seria uma grande aposta da empresa. Para se manter no mercado, a Netflix necessita de ter no seu catalógo um grande número de atrações. E isto exige dinheiro. Segundo seu executivo, Reed Hastings:

"Quando produzimos um show incrível como 'Stranger Things', é muito capital na frente, mas você recebe por muitos anos"

E a empresa tem aumentado a produção de séries como “Stranger Things”. Ao mesmo tempo, novos concorrentes estão entrando no mercado, como a Disney e a ATT, ou estão investindo também, como a Amazon. Assim, a Netflix precisa de boas produção e originais para manter o crescimento dos assinantes. Mais ainda, alguns programas precisam estar no catalogo da empresa, como Friends, que a Netflix pagou 100 milhões de dólares para manter os direitos de transmissão.

Há aqui um problema que é contábil e financeiro. Se Friends deve manter uma base de fiéis fãs, outros programas talvez não tenha o mesmo interesse. É difícil estabeler uma taxa de deterioração (rate of deterioration) que permite avaliar por quanto tempo um programa deve permanecer no catálogo da empresa. A contabilidade precisa estabelecer esta informação os usuários (internos e externos).

Uma estimativa de analistas do Morgan Stanley mostrou, no entanto, que o fluxo de caixa livre deverá ser positivo em 2021, conforme o gráfico abaixo:


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Controle Interno e Refugiados

Uma auditoria realizada pela ONU na agência de refugiados no Brasil,  Alto Comissariado da ONU para Refugiados (
Acnur), encontrou alguns problemas relacionados com viagens, gastos com colchões e contratos sem licitação adequada. Não foi encontrado desvio de dinheiro ou corrupção, segundo a notícia divulgada.

A Acnur tem no Brasil 17 funcionários e gastos de 2,7 milhões de dólares, em 2017. Um dos pontos encontrados pela auditoria foi o gasto de 38 mil dólares com compra de colchões, sendo que existia um orçamento de 14,3 mil. Esta diferença não tinha sido explicada. As licitações, com valor total de 479 mil dólares, não estavam de acordo com as normas da ONU no que diz respeito ao número de concorrentes convidados.

Outro problema constatado foi o fato de que o funcionário que entrevistava os refugiados ser o mesmo que aprovava os pagamentos. Pelas normas da ONU, estas funções deveriam ser feitas por pessoas distintas.

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Rir é o melhor remédio

14 janeiro 2019

Big Data e Teoria

A questão do Big Data ainda irá gerar uma boa discussão na ciência. Há uma certa associação entre a chegada do Big Data e o fato de estarmos livre da teoria. A pesquisa tradicional começa com uma teoria. Em uma ótica mais atual, coleta-se uma tonelada de dados para validar o palpite e tenta encontrar padrões.

A questão é que os padrões podem surgir em um grande conjunto de dados sem que exista uma base para isto

Em seu best-seller 2001 Good to Great, Jim Collins comparou 11 empresas que superaram o mercado de ações geral nos últimos 40 anos com 11 empresas que não o fizeram. Ele identificou cinco características que as empresas de sucesso tinham em comum. "Nós não começamos este projeto com uma teoria para testar ou provar", gabou-se Collins. "Procuramos construir uma teoria a partir do zero, derivada diretamente da evidência".


O fracasso de Collins é bastante conhecido.

Após a publicação de Good to Great, o desempenho das magníficas 11 ações da Collins foi claramente medíocre: cinco ações tiveram um desempenho melhor do que o mercado de ações em geral, enquanto seis tiveram resultados piores.

Em um exemplo mais recente, a empresa Google criou um programa que usava as consultas de pesquisa para prever os surtos de gripe. Usando 50 milhões de consultas de pesquisa, foram identificados 45 termos que possuíam mais correlação com a incidência de gripe. Depois disto, o programa estimou os casos. Na verdade, superestimou, já que o número de casos previsto foi o dobro do que realmente ocorreu.

Segundo Gary Smith:

Uma boa pesquisa começa com uma ideia clara do que alguém está procurando e espera encontrar. A mineração de dados apenas procura padrões e, inevitavelmente, encontra alguns.

Um pouco nesta linha, aqui uma interessante discussão entre o aprendizado de máquina e a econometria.

História da Contabilidade: Fábrica de máquinas contábeis

Muitas vezes estamos pesquisando a história da contabilidade e deparamos com coisas interessantes. Uma delas é o anuncio abaixo, publicado na revista O Cruzeiro Internacional, 1964, ed 18, p67. Apesar de ter mostrado um número relativamente pequeno de profissionais contábeis que existia no Brasil em 1961 em postagem anterior, o anúncio parece desmentir isto:

O que diz o anúncio: a planta industrial da Remington, no populoso bairro de Deodoro, que fabrica máquinas de escrever e de contabilidade.

História da Contabilidade: Educação contábil

A educação contábil merece muitas postagens. O assunto é bastante complexo e rico.

Em 1855, um texto foi publicado no O Jornal das Senhoras criticando o ensino no Brasil:

Eis como no Brasil se educa geralmente  a mulher de quem deve um dia depender o futuro de uma familia inteira. Tudo superficialidade, nada sciencia. 

Esquecia-me citar tambem a ignorancia da contabilidade, que tão indispensavel é a qualquer senhora em qualquer circumstancia da vida; acredita-se que é uma superfluidade, ou cousa impropria de uma senhora (...).

Conforme já postamos aqui, naquela época a contabilidade era ensinada quase que universalmente, para todos os que aprendiam matemática (vide, por exemplo, a postagem anterior). Observe como o artigo deplora o fato de que as mulheres, na metade do século XIX, não sabiam contabilidade.

Cem anos depois, uma estatística mostrava que existiam no Brasil 12.095 diplomados em técnico em contabilidade (Jornal do Comercio, Nanuque, ed  4, p. 1, 1968, "umas & outras", Newton Messias Brito). Só para fins comparativos, a população brasileira era de 70 milhões de habitantes. Mas o técnico era de longe a profissão com maior número de diplomados. Veja a lista:

Filosofia = 5.920
Direito = 3.646
Bachareis = 2.646
Licenciados = 2.973
Medicina = 1.706

Parece pouco? Note que ocorreu uma expansão do ensino nos anos seguintes. Nesta época, algumas cidades começaram a receber escolas técnicas de contabilidade:

Notícia que nos enche de alegria, é que nos anos vindouros, estará em funcionando em nossa cidade uma Escola de contabilidade (Memórias Estudantis, 1964, ed. 3, p. 3. Este era um jornal dos estudantes da cidade de Nanuque). 

Historia da contabilidade: Capital Intelectual na Agricultura

O conceito de capital intelectual parece bastante moderno. E aplicável a setores de elevado desenvolvimento tecnológico. Entretanto, em 1859 o conceito foi usado no Brasil no setor agrícola.

Na Revista Popular, na sua edição 4, p. 75, trazia o seguinte:

A publicidade e o ensino practico, ao passo que dotão a agricultura do capital intellectual, não menos precioso do que o capital predial, são ao mesmo tempo estimulos poderosos, para que os fazendeiros se preoccupem incessantemente de augmentarem o capital circulante. (...) Cumpre não perder de vista que tres sao os generos de capitaes, que carece o agricultor simultaneamente, de cuja acquisicao depende sua maior ou menor prosperidade: o capital predial; o capital intellectual; o capital circulante. (...)

O texto prossegue com um vínculo com a contabilidade:

Acontece outro tanto pelo que respeita ao capital intellectual? Quantas vezes o conhecimento da mathematica e de suas applicações á contabilidade, á mechanica, á hydraulica, teem sido mais uteis ao fazendeiro, do que a acquisicao de uma nova quadra de terra (...)

Rir é o melhor remédio

Fotografias (antigas) de animais:

13 janeiro 2019

Conselho da Petrobras


Ainda sobre a Petrobras, o atual presidente da empresa parece estar interessado na demissão de dois dos membros do conselho de Administração, informou também a Reuters.Castello Branco, o novo CEO da empresa, estaria pressionando a renúncia de Segen Estefen e Durval Soledade, cujo mandato termina em 2020.

Uma das fontes disse que a pressão pela demissão dos diretores é vista dentro da Petrobras como uma ameaça às regras de governança corporativa aprovadas, já que a empresa buscava proteger a empresa de influência política indevida.

No início do ano, dois outros conselheiros renunciaram.