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09 julho 2018

Alavancagem

Segundo a Reuters, a empresa de petróleo Aramco tem uma grande vantagem sobre os concorrentes: a resistência a queda nos preços.

o lucro líquido da Aramco caiu cerca de 21%, para US $ 13,3 bilhões em 2016 - quando os preços do petróleo caíram para US $ 27,10 por barril, devido a um excesso global de petróleo bruto. Em comparação, o lucro líquido da Exxon Mobil, a maior petrolífera listada no mundo, caiu 51% em 2016, enquanto o lucro aos acionistas da Royal Dutch Shell, a segunda maior companhia de petróleo na bolsa, caiu 37%, excluindo itens.


Isto corresponde ao que os livros chamam de alavancagem combinada. Ou seja, ao medir o efeito de uma alteração na receita no lucro líquido está observando o aspecto operacional (alavancagem operacional) quanto ao aspecto financeiro (após o lucro das operações).

Analistas estimam os custos de produção do gigante saudita abaixo de US $ 1 por barril, em comparação com US $ 10 por barril em lugares como a Rússia e até US $ 20-30 por barril em locais como o Mar do Norte.

(Gráfico, fonte aqui)

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08 julho 2018

Cinco anos da Lei Anticorrupção

Um texto do Estado de S. Paulo lembra os cinco anos da lei Anticorrupção. O título mostra que a autora adotou partido na matéria: Lei Anticorrupção faz 5 anos sem comprovar eficácia. E no subtítulo informa que especialistas avaliam que a lei precisa de ajustes.

O texto afirma que a lei nasceu de uma resposta do legislativo às manifestações populares de 2013. E para comprovar que a lei não "comprovou" a eficácia, o texto procura argumento na Transparência Internacional e na Fundação Getúlio Vargas. Em primeiro lugar, a comprovação do impacto da lei deveria ser feita por uma pesquisa acadêmica séria, não por "opiniões" ou "avaliações". Segundo, e mais grave, tanto a Transparência quanto a FGV possuem interesses na matéria: as duas entidades propuseram "medidas contra a corrupção".

A seguir o texto é incoerente, já que afirma que "as empresas brasileiras tentam seguir à risca seus mandamentos". E cita exemplo da Petrobras (que não é um bom exemplo, já que "pior do que estava não podia ficar"), que recebeu nota 10 no índice de governança das estatais do Ministério do Planejamento (que não é isento), a Odebrecht (idem) e J & F (ibidem).

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07 julho 2018

Experimento da prisão foi teatro?

Uma das pesquisas comportamentais mais famosas foi colocada em dúvida. Segundo um artigo (via aqui) que ainda será publicado, de autoria de Alex Haslam e colaboradores, o experimento da prisão de Stanford pode ter sido uma forma de teatro.

Em 1971 o psicólogo Philip Zimbardo (ao lado) e equipe distribuiu alunos em dois grupos. O primeiro seriam os prisioneiros; os segundos, guardas. O que seria uma simulação, tornou-se uma realidade muito próxima ao que ocorrida em uma prisão verdadeira. Os guardas voluntários começaram a ter uma postura tirânica e começaram a maltratar os prisioneiros fictícios. O experimento mostraria que as pessoas se transformam quando assumem um papel, uma vestimenta, de “guarda” ou “prisioneiro”.

Os críticos do experimento de Stanford afirmam que a equipe de Zimbardo não foi isenta e participou ativamente do que ocorreu. Haslam e colaboradores analisaram uma gravação de uma conversa entre um “guarda” e um membro da equipe de Zimbardo, David Jaffe, que seria o diretor da prisão do estudo. Na conversa, o diretor tenta influenciar o guarda a comportar de maneira mais tirânica e o voluntário reluta em assumir esta postura. Este fato, e outros já conhecidos, são contraditórios com a meneira como Zimbardo retratou o experimento, como se os fatos tivessem ocorrido naturalmente:

Parece mais correto ver o Stanford Prison Experiment como um exemplo convincente de teatro improvisado semi-roteirizado, em vez de pesquisa científica objetiva. 

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História da Contabilidade: Primeiro Livro

Em 2015 fiz uma postagem neste blog sobre a primeira obra de contabilidade publicada no Brasil. Em 1840 Burnier publica o que imaginava ser a primeira obra sobre contabilidade em língua portuguesa e publicada no Brasil.

Entretanto, o livro “Elementos de Contabilidade Comercial”, de Burnier, não foi o primeiro publicado. Antes dele, um livro escrito por um autor nacional e outro, traduzido, seriam os precursores.

O autor nacional seria Estevão Rafael de Carvalho, um político do Maranhão, que escreveu “A Metafísica da Contabilidade Commercial”. Em 1833 apareceria um anúncio sobre a obra, mas somente em 1837 a mesma foi publicada. Mas em 1836, já existia o anúncio do Tratado Completo de Escripturação, uma tradução de Jaclot. Há controvérsias sobre isto, e aqui tem alguns fatos. Além disto, em 1835 parece ter surgido a obra Sciencia do Guarda-Livros, de João Candido de Deus e Silva. Na postagem escrevi:

Diante disto permanecem as seguintes dúvidas: (a) qual a data de publicação original do livro de Rafael de Carvalho: 1833, tornando-o pioneiro na área, ou 1837/1838; (b) qual a data da publicação do livro traduzido: 1835, como encontra-se na dissertação de Amado Silva, 1836, pelas obras de referências do século XIX, ou 1836, conforme noticiou o Diário do Rio de Janeiro ou o ano seguinte? (c) a obra traduzida é uma adaptação de Jaclot ou de Degrange?; (d) quem foi seu tradutor: M. J. da Silva Porto ou João Candido de Deus e Silva? (e) se é verdade que Rafael de Carvalho publicou apostilas do seu livro em 1833, isto poderia ser considerada a primeira obra publicada no Brasil sobre o assunto? (f) devemos realmente confiar no ano de publicação que aparece na obra impressa?

Um artigo publicado recentemente afirma:

Na primeira metade do século XIX, entre os professores de matemática que viviam na cidade de São Luís, Maranhão, identificou-se aquele que foi o autor do primeiro livro de contabilidade publicado no Brasil. O professor/autor era o maranhense Estevão Rafael de Carvalho e o livro “A Metafísica da Contabilidade Commercial”, publicado em 1837.

O artigo apresenta uma descrição da vida de Estevão, assim faz um panorama da sua obra. Entretanto, apesar de afirmar que a Metafísica foi a primeira obra publicada no Brasil

como o primeiro sobre contabilidade publicado no Brasil em língua portuguesa, pois anteriormente a ele tivemos apenas traduções ou manuscritos

não considera, por exemplo, a obra de João Candido.

Assim, julgo que ainda não ficou esclarecido qual foi o primeiro livro de contabilidade publicado no Brasil.

ESTEVÃO RAFAEL DE CARVALHO E A MATEMÁTICA PARA O COMÉRCIO NO PRIMEIRO LIVRO DE CONTABILIDADE PUBLICADO NO BRASIL. Waléria de Jeus Barbosa Soares. Revista Educação Matemática em Foco. v. 7, n 1.

06 julho 2018

Capa


A obra Curso de Contabilidade Básica, de coautoria deste blogueiro e a prof. Dra. Fernanda Fernandes Rodrigues, terá algumas modificações. Além da capa (acima), a obra terá um só volume. Breve, pela editora Gen/Atlas.

Atualização: disponível aqui.

Normas internacionais das receitas de incorporadoras

Fernando Torres, no Valor, discute sobre a questão do reconhecimento de receita nas incorporadoras. Quando da adoção das normas internacionais de contabilidade um dos problemas era justamente este um dos pontos controversos. Tradicionalmente as empresas brasileiras reconheciam a receita ao longo da obra. Isto suavizava a receita ao longo do tempo. Entretanto, as IFRS indicava que isto deveria ocorrer na entrega das chaves.

Inicialmente optou-se por não adotar a norma internacional para este caso. Posteriormente, consultou-se o próprio Iasb para saber o que deveria ser feito. O Iasb insistiu que seria na entrega de chaves. Conforme noticiou Torres, agora a CVM autorizou que as incorporadoras a manter o que estava sendo feito.

A decisão pode ajudar as auditorias a se posicionarem neste assunto no seu relatório. E acreditando que a opção brasileira seja melhor (acho que é), a decisão não atrapalha a análise do desempenho das empresas.

O problema: não estamos adotando as normas internacionais em sua totalidade. Na realidade, nunca adotamos 100% estas normas. Isto mostra a dificuldade de colocar nas mãos de uma entidade internacional a responsabilidade de fazer suas normas.

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Problemas de uma garota grande




... e de uma garota pequena




Fonte: Aqui

05 julho 2018

Presidente maluco, subsídios, aviação e contabilidade

Esta é uma história maluca que envolve um presidente também maluco, subsídio governamental, aviação e contabilidade.

Há alguns anos, as companhias aéreas do oriente médio, como a Qatar Airlines, adotaram uma postura agressiva de oferecer passagens baratas e serviços de "qualidade". Assim, era muito mais interessante comprar um bilhete das empresas do oriente médio do que das empresas comerciais. Geralmente o único senão era que o voo deveria fazer uma escala no país da companhia aérea. Mesmo assim, as vantagens eram substanciais e as outras empresas deixaram de concorrer com estas empresas.

Com a ascensão de Trump ao governo dos Estados Unidos, aquele país começou a pressionar estas empresas. O governo alegava que existia subsídios estatais para as empresas aéreas por parte dos Emirados Árabes e do Catar. A pressão envolve a divulgação contábil das demonstrações destas empresas.

Uma consequência indireta do acordo é que os indianos terão agora voos diretos para os Estados Unidos, o que tinha deixado de existir com a política agressiva das empresas aéreas dos árabes.

Papel da auditoria

“A profissão de auditoria vive a pressão permanente de aumentar a capacidade de análise de informação, de melhorar a forma como testa os dados recolhidos e de encontrar novas formas de desafiar os pressupostos que lhe são apresentados”, defende Rui Martins, Assurance Leader da EY. O responsável evidencia assim a existência de uma pressão que tem tendência a acentuar-se com o aumento da sofisticação dos modelos de negócio dos clientes, a adoção massiva de novas tecnologias e o próprio ritmo de mudança dos mercados.

“É importante ter presente que o auditor não é imune a situações de fraude e que, apesar de receber do seu cliente a confirmação de que lhe foi transmitida toda a informação relevante para formar a sua opinião, há casos em que isso poderá nem sempre ter acontecido”, afirma Rui Martins.

Assim, as novas regras também vieram impor responsabilidade acrescida aos órgãos de fiscalização, sobre os quais impende a responsabilidade de selecionar os auditores, sendo que, enquanto profissão regulada, cada anomalia detetada serve para identificar novos mecanismos de salvaguarda, para melhorar a qualidade das auditorias e a independência do auditor. Aliás, frisa, “estas foram também algumas das motivações que levaram às recentes alterações na legislação, que acreditamos ser um fator no sentido da mitigação destes riscos e um motivo adicional para confiança dos mercados no papel do auditor externo”.


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