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22 maio 2017

Abacus: pequeno demais

A crise de 2008 exigiu que o governo dos Estados Unidos fizesse um resgate de 700 bilhões de dólares para salvar o sistema financeiro. Algumas poucas instituições financeiras se salvaram, mas somente um banco foi indiciado por acusações de fraude em relação as hipotecas imobiliárias: o Abacus Federal Savings Bank. Eu passei a conhecer o Abacus a partir da descrição de um filme que conta a história do Abacus.

O Abacus é um pequeno banco de propriedade familiar, que atua em Chinatown, Nova Iorque. O indiciamento do Abacus ocorreu em 2012, com acusações de fraude. Até então, o Abacus era uma instituição confiável para os imigrantes chineses, dirigida por Thomas Sung. Agora um documentário conta a luta do banco contra as acusações do New York County District Attorney's Office com um título muito oportuno: "Abacus: Small Enough to Jail" de Steve James. O filme foca na luta judicial entre o Abacus e a justiça. Ao contrário das grandes instituições bancárias, como o Citibank, que eram grandes demais para falir, o julgamento do Abacus era uma tentativa do seu executivo de limpar seu nome, que conseguiu em 2015.

A seguir o trailer do documentário.

Links

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20 maio 2017

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Novo mercado morreu?

Fato da Semana: JBS

Fato: JBS

Data: 17 de maio

Contextualização
O acordo de delação por parte dos controladores da JBS produziu graves denúncias para o atual presidente e os dois ex-presidentes. A JBS era sempre vista com desconfiança pela forma como cresceu: rápido demais, com dinheiro público ou de entidades vinculadas ao governo (fundos de pensão, inclusive). Durante anos existiram comentários sobre a existência de um sócio oculto na empresa para explicar o fácil acesso da empresa ao nosso dinheiro.

A denúncia afetou a bolsa, o risco brasil, o câmbio e terá efeitos sobre a empresa JBS e outras empresas vinculadas. Mas também mostrou que os controladores da empresa se aproveitam de todas brechas para obterem lucro: a denúncia de que compraram dólar e venderam ações da empresa antes do vazamento mostra com quem as entidades de controle estão lidando.

Relevância
A delação do controlador da JBS esclarece muitas coisas que ocorreram no Brasil nos últimos anos, incluindo a expansão rápida da sua empresa.

Em termos atuais, poderá atrasar diversas reformas, colocar em risco o atual governo, levar a falência a JBS (ou provocar sua internacionalização), mudar a estrutura de poder, agilizar/atrasar as investigações em curso, entre outras coisas.

Para o futuro de longo prazo, poderá ser uma oportunidade para o país rever a forma de capitalismo que queremos.

Notícia boa para contabilidade?
Na semana este blog fez uma análise das demonstrações contábeis da empresa, que foram auditadas e aprovadas em diversas instâncias. Além disto, a empresa está classificada no Novo Mercado

A delação não esclarece todas as dúvidas. Mas os dados contábeis eram claros em mostrar o crescimento exagerado da empresa e sua estrutura de capital, dependente do dinheiro público.

Desdobramentos
A CVM irá mover processo por insider trading; será difícil o atual presidente terminar seu mandato; as reformas irão atrasar mais ainda; mas não haverá investigação dos auditores responsáveis pela JBS.

Mas a semana só teve isto?
A questão do desemprego do setor seria a notícia alternativa da semana.

Rir é o melhor remédio

Corrupção no Brasil:
Fonte: Aqui

19 maio 2017

House of Cards 2.1

Atualizando a postagem de manhã:

A JBS confirma, em nota à imprensa, que as movimentações realizadas pela companhia nos últimos dias no mercado de câmbio seguem alinhadas à sua política de gestão de riscos e proteção financeira. (clique aqui)

No site da CVM, consta apenas a informação de abertura de dois processos nos últimos dois dias - um na quarta-feira, 17, e outro ontem, 18. A autarquia não informa o motivo da abertura dos processos. Por meio da sua assessoria de imprensa, comunicou apenas que divulgará detalhes das investigações em breve, em nota oficial. Ao todo, a CVM abriu seis processos em nome da JBS neste ano, dois deles nesta semana. (clique aqui)

Ministério Público Federal (MPF) informou nesta sexta-feira (19) que até o momento não foi fechado o acordo de leniência com o Grupo J&F e que está defendendo que a empresa pague o valor de R$ 11,169 bilhões no prazo de 10 anos. (aqui)

Links

Contou duas vezes o impairment

O adeus ao formato mp3 (mais aqui)

Erhard e Jensen: Integridade em finanças

Os 14 delitos de Rodrigo Rato, ex-diretor do FMI

Problema com a privatização das prisões

Vagas: mapas das carreiras

O Guia do Estudante indicou um site interessante com mapas interativos que trazem estatísticas (a partir de dados do próprio site vagas.com) de qualquer profissão.
Quanto ganha o profissional nas diferentes fases de carreira? Quais as formações escolares mais comuns quem trabalha na área? Em que função a maioria já trabalhou e qual o próximo passo mais frequente? Homens são maioria ou trata-se de uma carreira com mais mulheres?
A de contador (existem outras opções mais específicas) apresentou os seguintes dados:

Composição por gêneros: 45% mulheres e 55% homens.

Formação mais frequente: graduação em ciências contábeis

Ocupações anteriores: analista contábil (16%), assistente contábil (6%), auxiliar contábil (7%).

Salários:
Começando - abaixo de R$ 2.800,00
Valor médio - R$ 4.100,00
Experiente - acima de R$ 5.900

Para auditor não foi muito diferente e não há um mapa para professor de contabilidade. Não encontrei muito claramente as áreas no serviço público, até porque é um site que quer te ajudar a arrumar um emprego... Mas ao menos ia dar uma melhorada nesses salários, que não vão atrair muitos candidatos no vestibular. o.O


Para definir um cargo foi levado em consideração que pelo menos 10 pessoas utilizassem uma mesma nomenclatura para uma determinada posição e tivessem conexão com outro cargo. Segundo a esquipe técnica do Vagas.com. Foram suprimidos os níveis profissionais dos cargos, como júnior, pleno e sênior, e I, II e III.

A fonte de dados foi criada com base nos currículos cadastrados por cada usuário (!!!).

House of Cards 2

Todos nós estamos acompanhando as notícias recentes sobre a delação dos executivos da empresa JBS e o envolvimento de pessoas importantes, incluindo o atual presidente da república. Talvez o principal sintoma da relevância das notícias sobre a contabilidade financeira seja o comportamento de ontem do mercado acionário brasileiro. A Bovespa perdeu R$219 bilhões em valor de mercado, depois de meses de crescimento. O índice caiu para 61.597 pontos, sendo a maior queda diária desde 2008. Pior foi o desempenho de algumas empresas: Petrobras, com queda de 15,7%, e JBS, com 9,6%.

Outro efeito foi o aumento do risco Brasil, medido pelo CDS. Este seguro contra calote chegou a 269 pontos no final da tarde de ontem, uma alta de quase 30% em relação ao dia anterior.

De forma mais conservadora, a Standard Poors afirmou que colocou as notas do grupo JF, que inclui JBS e Eldorado Celulose, sob observação. Em até 90 dias a agência de risco deverá apresentar um conclusão.

Como as notícias afetaram as empresas? A incerteza política aumentou o risco político. Empresas que atuam em infra-estrutura deverão perder projetos públicos e algumas privatizações podem ser adiadas. O ambiente de negócios, que melhorou substancialmente com a gestão da economia, também deve ser afetado.

Para as empresas do grupo JF a notícia da delação premiada dos principais executivos foi uma grande surpresa. O cerco sobre o grupo e seus negócios estranhos realizados nos últimos anos parece que foram suficientes para incentivar a denúncia. A Operação Greenfield, que levou a uma multa bilionária, era só o começo. Além disto, a imagem era muito ruim para os investidores. Afinal, a empresa cresceu baseado em operações estranhas. O recente resultado positivo da empresa deveu-se, conforme comentamos aqui, a despesa financeira.

A Petrobras também foi afetada com as notícias. Dois aspectos podem justificar isto. Primeiro, a possibilidade de mudança de gestão com a incerteza política. O atual presidente tem optado por caminhos que agradam ao mercado, enxugando a empresa e tentando melhorar seu desempenho. Segundo, um dos reflexos da crise foi a alta do dólar. Apesar do presidente afirmar que o movimento da moeda estrangeira é positivo para a empresa, só um inocente acreditaria nisto ("Em função da combinação das receitas, que são em dólar, das despesas que você tem uma parte em dólar e uma parte em reais, e da dívida, que a maior parte é em dólar... Quando você faz essa resultante, essa resultante é positiva para a empresa")

Os últimos resultados da empresa dependeram, substancialmente, da redução do dólar, que ajudou na redução do passivo oneroso da empresa.

Mas como sempre, nada que ocorre na JBS chega sem uma grande desconfiança. No caso, rumores dão conta que a empresa comprou moeda estrangeira nos últimos dias, entre 750 milhões de dólares a 1 bilhão. A desvalorização cambial ocorrida ontem fez com que esta compra fosse suficiente para pagar a multa do acordo de leniência da empresa. Além disto, os executivos da empresa venderam 300 milhões de reais em ações da empresa recentemente, o que aumenta seus ganhos.

Espera-se que a CVM ou outro regulador possa investigar estas operações. A CVM já avisou que está acompanhando e monitorando o mercado.

Finalmente é importante destacar que as notícias também tiveram repercussão em outros mercados. A bolsa espanhola fechou em baixa e um dos motivos foi a crise brasileira. As empresa Mapfre, de seguros, e o Banco Santander, foram quem mais perderam.

Rir é o melhor remédio

18 maio 2017

Um dia na vida de um contador: professor de contabilidade

O pessoal do Going Concern começou uma série de postagens muito legal: um dia na vida de um contador. Se o seu inglês estiver bom, clique aqui e confira a postagem na íntegra.

A ideia é dar uma espiada na vida dos contadores lá nos Estados Unidos (e lembra que estão precisando de gente!?)

O primeiro a participar é Alan, um professor que leciona contabilidade financeira intermediária e avançada e IFRS.

Ele geralmente acorda às 5h30 (eu quero saber que horas ele vai dormir, mas não diz) e vai andando para o trabalho. Um dia normal no varia. Depende se é um dia de ensino ou de pesquisa. Em dias de ensino ele começa com forte preparação, muita cafeína, aulas coladas umas nas outras. Os dias de pesquisa se alternam entre coleta de dados, codificação de dados, análise estatística, escrita, edição e tarefas para a preparação de apresentações. Geralmente também incluem muitos diálogos com coautores.

Quando questionado sobre a parte do trabalho dele que mais poderia surpreender as pessoas, ele menciona exercer também um papel de terapeuta, já que alunos na casa dos 20 geralmente lutam com assuntos sérios e não sabem ou não têm os recursos para lidar com aquilo. A parte mais gratificante do trabalho dele é ajudar alunos com metas de carreiras ou acadêmicas que, sem a ajuda dele, o aluno não conseguiria.