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13 agosto 2016

Fato da Semana: O balanço da Petrobras

Fato: Balanço da Petrobras

Data: 11 agosto de 2016

Precedentes
2014 - A operação lava-jato revela que foi construído na empresa um grande esquema de corrupção.
abr/15 -A empresa divulga os resultados do terceiro trimestre e do final do ano de 2014, com um prejuízo enorme
2015 - Os balanços do ano apresentam uma empresa com menor capacidade de geração de lucro.
mar/16 - Divulga o balanço de 2015, ainda com os efeitos da corrupção.
ago/16 - No balanço do primeiro semestre de 2016 ainda estão presentes os efeitos da corrupção na empresa.

Notícia boa para contabilidade?
Apesar do esforço da empresa em divulgar o Ebitda, o comportamento das vendas, a evolução da dívida e o fluxo de caixa, o que as pessoas estão lendo é o lucro contábil. A razão é simples: é neste item que percebemos claramente os efeitos da gestão criminosa ocorrida na empresa durante a presidência Gabrielli e Foster. Em agosto perguntamos no fato da semana se a empresa tinha chegado ao fundo do poço. O balanço responde que não: agora as amortizações da Comperj estão afetando o resultado.

Desdobramentos - O resultado do semestre mostra que a empresa teve sorte com a questão cambial, que ajudou substancialmente na redução da dívida em dólar. Mas sorte não basta e a queima do caixa preocupa.

Mas a semana só teve isto? O balanço do BTG também foi destaque. E o estudo de Oxford, mostrando que os custos do Rio 2016 não foram tão elevados assim.

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Deficits da Previdência continuam a aumentar

Deficits da Previdência continuam a aumentar
O Estado de S. Paulo, 09.08.16

As despesas do Brasil com a Previdência estão muito acima do que seria o esperado a partir da idade da população brasileira, aponta estudo obtido pela reportagem. De uma lista de 86 países, o Brasil está em 13º com maior gasto com aposentadorias e pensões em relação às riquezas do País. Ao mesmo tempo figura na 56ª posição entre os que têm a população mais idosa, com 60 anos ou mais.

Considerada a estrutura demográfica brasileira, o gasto previdenciário deveria se encontrar em torno de 4% do Produto Interno Bruto (PIB) – a projeção do governo federal é de que as despesas com o pagamento dos benefícios pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) alcancem 7,9% do PIB neste ano.

Segundo o estudo feito pela equipe técnica do governo, o atual patamar de gastos do Brasil com Previdência só seria compatível se 25% da população fossem idosos. No entanto, segundo o IBGE, apenas 10,8% dos brasileiros têm 60 anos ou mais. Isso mostra uma distorção dos gastos previdenciários que já comprometem as contas públicas. Segundo o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, o rombo da Previdência – que fechou em R$ 86 bilhões em 2015 – deve alcançar R$ 180 bilhões em 2017 e, em breve, não caberá no Orçamento Geral da União (OGU).

“São poucos os países que adotam um conjunto de regras tão relaxadas como o Brasil”, diz um dos autores do estudo, Luis Henrique Paiva, do Ipea, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Segundo o pesquisador, a tendência é que países com mais idosos também sejam aqueles que apresentem maior despesa previdenciária. O Brasil, porém, é um ponto fora da curva, com gastos muito acima do esperado para um país com perfil relativamente jovem. Paiva diz que as aposentadorias precoces e as pensões explicam boa parte dessa situação.

As despesas com o pagamento do INSS deram um salto entre 1995 e 2014, de 4% para 7% do PIB. “Isso garantiu que quase 90% dos idosos tivessem acesso a algum tipo de benefício”, afirma. “Essa é a faceta positiva do aumento de gastos: expandiu a cobertura. Em muitas cidades, os benefícios são uma das principais fontes de renda.”

Atualmente, no Brasil, é possível aposentar por idade ou por tempo de contribuição. Na prática, os trabalhadores mais pobres e com pior inserção no mercado de trabalho se aposentam por idade. A regra diz que é possível se aposentar com 65/60 anos (homens/mulheres) se o trabalhador tiver 15 anos de contribuição. Na aposentadoria por tempo de contribuição, não há fixação de idade mínima, uma concessão que é raridade no mundo

A regra diz que é preciso ter 35/30 anos de contribuição. As idades médias de aposentadoria, neste caso, são de 55/52 anos. Para os pesquisadores, essas regras favorecem trabalhadores com maiores níveis de renda, com uma trajetória de empregos com carteira assinada, mais estável.

Entre 177 países, o Brasil faz parte de um grupo pequeno de 13 nações que oferecem a opção pela aposentadoria por tempo de contribuição. Desses, cinco exigem que o aposentado abandone o mercado de trabalho ou impõem outras restrições ao acúmulo de rendimentos trabalhistas e previdenciários – o que não ocorre no País.

O caso brasileiro destoa até mesmo de países com situação socioeconômica e demográfica semelhante. O Equador é o único país da América Latina a oferecer a aposentadoria por tempo de contribuição, mas trata como um caso excepcional e exige tempo de 40 anos para homens e mulheres para que não haja redução no valor do benefício. Nos países da América Latina, as diferenças nos critérios para a aposentadoria de homens e mulheres são menores do que as existentes no Brasil e a reforma da Previdência deve aproximar as exigências. Cerca de 90% dos países da região impõem alguma restrição para aposentadorias antecipadas.

O patamar da participação das pessoas de 60 anos ou mais na população brasileira que era de apenas 3% no começo do século 20, deverá atingir um terço da população em 2060 de acordo com as projeções do IBGE e da ONU. Hoje, portanto, um em cada dez brasileiros tem 60 anos ou mais de idade. Em 2060, os idosos serão um em cada três brasileiros.

O envelhecimento populacional e a queda da fecundidade farão com que haja um menor número de pessoas em idade ativa para cada idoso. Em 2010, havia 10 pessoas de 15 a 64 anos para sustentar cada idoso de 65 anos ou mais de idade. Em 2060, haverá entre 2,2 e 2,3 pessoas em idade ativa para cada idoso.

Para o pesquisador do Ipea, o governo está diante de um desafio para convencer as pessoas a aceitar regras mais duras para se aposentar. “A Previdência é um pacto de gerações e se dá dentro da casa de cada um”, afirma. “Ou mantemos isso na cabeça ou a próxima geração vai ter que pagar as distorções com mais impostos”, diz. E dá um exemplo pessoal: “Meu pai se aposentou com condições muito mais favoráveis do que as que eu vou ter que seguir para garantir que o meu filho também consiga se aposentar”.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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11 agosto 2016

Petrobras

A empresa estatal de petróleo brasileira Petrobras divulgou hoje os resultados do segundo trimestre de 2016. A análise mostra alguns bons números e outros nem tanto.

O grande destaque positivo da empresa foi a redução do endividamento. E este é uma informação importante, já que a Petrobras tinha na excessiva alavancagem o seu principal problema. Como tentar reverter a situação de crise com financiamentos de mais de 580 bilhões existentes no final de 2015 para um ativo de 900 bilhões? Seis meses depois a dívida onerosa era de 400 bilhões, uma redução de 180 bilhões de reais. Mas esta boa notícia deve ser considerada com ressalvas. A diminuição não foi resultado de operações de troca de dívidas ou de pagamento de financiamentos (somente 40 bilhões dos 180). A empresa contou com um comportamento da taxa de câmbio favorável, já que uma grande parte dos financiamentos foram captados em dólar. Mas o acaso também faz parte de uma gestão.

O fato positivo encontra-se na linha de baixo da demonstração do resultado. Enquanto os analistas esperavam um resultado acima de 2 bilhões de reais, conforme pesquisa realizada pelo jornal Estado de S Paulo, o lucro líquido foi de 900 milhões. É bem verdade que este valor é melhor que o prejuízo do primeiro trimestre e ficou muito próximo do valor do segundo trimestre do ano passado. Mas depois de tantas amortizações, esperava-se que o resultado começasse a expressar a boa diferença entre o preço de compra do petróleo no mercado internacional e o preço cobrado internamente. Além disto, redução de passivo deveria significar melhor resultado financeiro. Isto não ocorreu.

Outro ponto negativo foi a queima do caixa da empresa. No final de 2015 a empresa tinha quase 100 bilhões de caixa e equivalente. Em seis meses a reserva de caixa reduziu em 35 bilhões de reais. Neste ritmo, em menos de um ano o volume de caixa irá zerar. É bem verdade que a empresa continua gerando caixa das operações, como tem feito ao longo dos últimos anos. Este talvez seja o parâmetro mais consistente da empresa. No trimestre gerou-se 22 bilhões de caixa das operações, acima dos 17 do trimestre anterior. Mas comparando os dados do semestre, o valor do caixa das operações foi praticamente o mesmo: 39 bilhões.

Em resumo, a questão do endividamento melhorou na empresa, mas graças a um fator externo. O lucro reduzido pode ser revertido, já que durante os últimos anos a Petrobras tem conseguido gerar caixa das operações. A crise ainda não passou, mas talvez a empresa esteja começando a sair da UTI.

Anna Kendrick e o contador

Tweet bem descontraído da atriz Anna Kendrick anunciando um novo trailer para o filme "O Contador".

- Minha mãe é uma contadora. Eu acredito que esse seja um dia típico de trabalho para ela também. (Anna Kendrick)






Custo do Rio 2016

Um estudo da Oxford University (Flyvbjerg, Bent et al. The Oxford Olympics Study 2016: Cost and Cost Overrun at the Games) mostra que o custo real para se fazer as olimpiadas é de 5,2 bilhões de dólares em média. O custo para os jogos de inverno é de 3,1 bilhões em média. O estudo mostrou que os jogos mais caros foram Londres (15 bilhões, em 2012) e Sochi (21,9 bilhões, em 2014). A série analisada pelos pesquisadores compreende o período entre 1960 a 2016 e abrange somente os custos relacionados ao desporto. Assim, este custo médio é maior na prática. Um segundo aspecto do estudo é a análise do cost overrun. Conforme já comentamos aqui, o conceito de cost overrun refere-se ao incremento do custo em relação ao orçamento. Isto já foi observado na Comperj, Boeing e olimpíadas, entre outras situações. A estimativa dos autores é que em metade dos casos o valor orçado ultrapassou ao dobro do valor original. Em Montreal, por exemplo, o valor gasto foi de 720 por cento acima do valor orçado; em Barcelona foi de 266%. O percentual de cost overrun do Rio foi de 51% (Londres igual a 76%)

Agora atenção:

the Rio 2016 Games, at a cost of USD 4.6 billion, appear to be on track to reverse the high expenditures of London 2012 and Sochi 2014 and deliver a Summer Games at the median cost for such Games. The cost overrun for Rio – at 51 percent in real terms, or USD 1.6 billion – is the same as the median cost overrun for other Games since 1999.

O custo dos jogos do Rio estão estimados em 4,6 bilhões de dólares, bem inferior a Londres (15 bilhões), Pequim (6,8 bilhões), mas superior a Atenas (2,9 bilhões) e Atlanta (4,1). Quando se compara o custo por atleta temos 0,4 para o Rio, 1,4, 0,6 e 0,5 para Londres, Pequim e Sidnei.

Eis uma tabela comparativa:

Custo do aumento do salário mínimo

O custo fiscal da política de valorização do salário mínimo foi de R$ 47,5 bilhões em 2014, segundo estimativa do Tesouro Nacional, tornada pública pela primeira vez. O valor correspondeu a 0,92% do Produto Interno Bruto (PIB). Em termos de comparação, o gasto do governo federal com o programa Bolsa Família naquele ano foi equivalente a 0,47% do PIB.

Fonte: aqui