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23 julho 2014

Venda de terreno do BNDES

O que está por trás disso?
HUGO MARQUES
Revista Veja, 19/07/2014

O TCU suspende a venda de um terreno do BNDES em Brasília. Avaliado em 285 milhões de reais, o imóvel foi negociado por 51 milhões — um prejuízo aos cofres públicos que pode superar 230 milhões de reais

No Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) tudo é superlativo, a começar pelas cifras. Para este ano, o banco estatal reservou 150 bilhões de reais para financiar empreendimentos em diversas áreas, da agricultura à indústria de ponta. É dinheiro público, dos cofres do Tesouro Nacional, injetado diretamente em empresas de pequeno, médio e grande porte para fomentar o crescimento do pais. A ideia é fazer com que os empréstimos, a juros mais baixos que os de mercado, banquem iniciativas capazes de girar mais e mais a roda da economia. Mas até mesmo quando erra na mão o portentoso BNDES é capaz de produzir excelentes negócios. No início do ano, o banco decidiu se desfazer
de um valioso terreno no centro de Brasília. Aparentemente, seguiu o protocolo:  contratou um avaliador para fixar o preço,publicou o edital convocando eventuais interessados e promoveu a licitação pública. As empresas se apresentaram e venceu a que ofereceu o melhor preço. O negócio, porém, é mais complicado do que parece.



Localizado na zona central de Brasília, uma das regiões mais valorizadas do país, o terreno tem 9 000 metros quadrados. No espaço vazio, um dos poucos disponíveis para construção no centro da capital, o BNDES planejou um dia erguer sua sede. O terreno está cercado por prédios importantes da burocracia federal e fica a apenas cinco minutos de carro do Palácio do Planalto. Especialistas no mercado imobiliário brasiliense calculam que a área, do jeito que está, vale no mínimo 285 milhões de reais. O BNDES, porém, vendeu o imóvel por 51 milhões, quase um sexto do valor de mercado. De tão estranha que foi, a operação virou alvo de uma investigação do Tribunal de Contas da União (TCU). Por ordem do ministro Augusto Sherman, a transferência do terreno para o novo dono foi embargada até que sejam esclarecidas as condições do negócio.

Os auditores do TCU estão analisando a transação com lupa. Ao decidir pela suspensão da venda, o ministro Sherman chama a atenção para a possibilidade de o negócio representar um prejuízo de mais de 230 milhões de reais aos cofres públicos. O ponto de partida da investigação é um laudo, encomendado pelo próprio BNDES, que estipulou o valor mínimo da transação. No documento, o terreno foi avaliado em 107 milhões. Mas havia nele uma ressalva: se houvesse necessidade de vendê-lo às pressas, o que não era o caso, o preço poderia ser reduzido para 45 milhões. Foi justamente esse valor que o banco adotou como base para a licitação. O lote foi arrematado pela AJS Empreendimentos e Participações, cujo dono é o empresário Álvaro José da Silveira, membro do conselho de administração da Brasil Pharma, conglomerado que reúne algumas das maiores redes de farmácias do país. Uma coincidência, em especial, intriga os auditores: o engenheiro que assina o laudo encomendado pelo BNDES, Ricardo Caiuby Salles, é irmão de uma diretora da mesma Brasil Pharma. "Se o BNDES optou pelo preço menor, é decisão do banco", defende-se o engenheiro. Ele diz ser apenas coincidência o fato de o terreno ter sido comprado pelo chefe da sua irmã. A AJS Empreendimentos informou que está enviando ao TCU todas as explicações sobre o negócio.
O BNDES limitou-se a dizer que seguiu a lei e que está prestando todas as informações ao TCU.
"É brincadeira o BNDES vender esse lote por 51 milhões de reais. Quem comprou por esse preço ganhou cinco ou seis vezes na Mega-Sena", diz Antonio Bartasson, diretor da Câmara de Valores Imobiliários de Brasília, entidade acostumada a fazer avaliação de terrenos na capital. Para o presidente do Sindicato dos Corretores de Imóveis do Distrito Federal, Geraldo Nascimento, a transação evidencia um fenômeno que vem ocorrendo em Brasília: por um lado, órgãos do governo se desfazem de imóveis próprios a preços abaixo dos de mercado, em operações muitas vezes obscuras, e por outro o próprio governo gasta milhões comprando ou alugando outros imóveis para abrigar repartições públicas. "O governo vende alguns imóveis a preço de banana e compra e aluga outros a preço de ouro", diz. No terreno vendido pelo BNDES, há espaço suficiente para a construção de quatro prédios de até 21 andares. O lucro de um empreendimento dessa magnitude pode ultrapassar facilmente a casa do bilhão. Quem está por trás da estranha operação ainda é um mistério, mas uma coisa é certa: fomentar bons negócios é mesmo uma especialidade do BNDES — depende, é claro, do ponto de vista do observador. -

Como os testes auxiliam a aprendizagem


TESTS have a bad reputation in education circles these days: They take time, the critics say, put students under pressure and, in the case of standardized testing, crowd out other educational priorities. But the truth is that, used properly, testing as part of an educational routine provides an important tool not just to measure learning, but to promote it.

In one study I published with Jeffrey D. Karpicke, a psychologist at Purdue, we assessed how well students remembered material they had read. After an initial reading, students were tested on some passages by being given a blank sheet of paper and asked to recall as much as possible. They recalled about 70 percent of the ideas.

Other passages were not tested but were reread, and thus 100 percent of the ideas were re-exposed. In final tests given either two days or a week later, the passages that had been tested just after reading were remembered much better than those that had been reread.

What’s at work here? When students are tested, they are required to retrieve knowledge from memory. Much educational activity, such as lectures and textbook readings, is aimed at helping students acquire and store knowledge. Various kinds of testing, though, when used appropriately, encourage students to practice the valuable skill of retrieving and using knowledge. The fact of improved retention after a quiz — called the testing effect or the retrieval practice effect — makes the learning stronger and embeds it more securely in memory.

This is vital, because many studies reveal that much of what we learn is quickly forgotten. Thus a central challenge to learning is finding a way to stem forgetting.

The question is how to structure and use tests effectively. One insight that we and other researchers have uncovered is that tests serve students best when they’re integrated into the regular business of learning and the stakes are not make-or-break, as in standardized testing. That means, among other things, testing new learning within the context of regular classes and study routines.

Students in classes with a regimen of regular low- or no-stakes quizzing carry their learning forward through the term, like compounded interest, and they come to embrace the regimen, even if they are skeptical at first. A little studying suffices at exam time — no cramming required.

Moreover, retrieving knowledge from memory is more beneficial when practice sessions are spaced out so that some forgetting occurs before you try to retrieve again. The added effort required to recall the information makes learning stronger. It also helps when retrieval practice is mixed up — whether you’re practicing hitting different kinds of baseball pitches or solving different solid geometry problems in a random sequence, you are better able later to discriminate what kind of pitch or geometry problem you’re facing and find the correct solution.

Surprisingly, researchers have also found that the most common study strategies — like underlining, highlighting and rereading — create illusions of mastery but are largely wasted effort, because they do not involve practice in accessing or applying what the students know.

When my colleagues and I took our research out of the lab and into a Columbia, Ill., middle school class, we found that students earned an average grade of A- on material that had been presented in class once and subsequently quizzed three times, compared with a C+ on material that had been presented in the same way and reviewed three times but not quizzed. The benefit of quizzing remained in a follow-up test eight months later.

Notably, Mary Pat Wenderoth, a biology professor at the University of Washington, has found that this benefit holds for women and underrepresented minorities, two groups that sometimes experience a high washout rate in fields like the sciences.

This isn’t just a matter of teaching students to be better test takers. As learners encounter increasingly complex ideas, a regimen of retrieval practice helps them to form more sophisticated mental structures that can be applied later in different circumstances. Think of the jet pilot in the flight simulator, training to handle midair emergencies. Just as it is with the multiplication tables, so it is with complex concepts and skills: effortful, varied practice builds mastery.

We need to change the way we think about testing. It shouldn’t be a white-knuckle finale to a semester’s work, but the means by which students progress from the start of a semester to its finish, locking in learning along the way and redirecting their effort to areas of weakness where more work is needed to achieve proficiency.

Standardized testing is in some respects a quest for more rigor in public education. We can achieve rigor in a different way. We can instruct teachers on the use of low-stakes quizzing in class. We can teach students the benefits of retrieval practice and how to use it in their studying outside class. These steps cost little and cultivate habits of successful learning that will serve students throughout their lives.


Henry L. Roediger III is a professor of psychology at Washington University in St. Louis and a co-author of “Make It Stick: The Science of Successful Learning.”

A version of this op-ed appears in print on July 20, 2014, on page SR12 of the New York edition with the headline: How Tests Make Us Smarter. 

Governo deve 3, 4 bi ao setor elétrico



O governo segurou por todo o primeiro semestre o pagamento de 3,4 bilhões devidos a empresas do setor elétrico para evitar um resultado ainda pior nas contas públicas. Esse dinheiro deveria ter sido transferido pelos fundos setoriais, administrados pela Eletrobras e bancados pelo Tesouro Nacional, para pagar o combustível usado nas usinas térmicas em sistemas isolados da região Norte e para subsidiar distribuidoras de energia que atendem diretamente consumidores rurais.

Os pagamentos atrasados pelo governo serão regularizados entre agosto e setembro, segundo disseram empresas e fontes da equipe econômica de Dilma Rousseff. Este foi o compromisso assumido na sexta-feira pelo secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, em reunião com dirigentes do setor no Ministério da Fazenda. De acordo com fontes, a arrecadação federal deve crescer nestes dois meses auxiliada pelos recursos do Refis, programa de parcelamento de débitos atrasados de empresas com o Fisco. Além disso, é esperado para setembro o pagamento do bônus de 2 bilhões de reais devido pela Petrobras pela exploração dos campos de pré-sal cedidos à estatal.

A retenção dos 3,4 bilhões de reais ocorreu em dois fundos setoriais: a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) e a Conta de Consumo de Combustíveis (CCC). Ambos são mantidos desde 2013 majoritariamente com recursos do Tesouro, mas são administrados pela Eletrobras. Até o início de 2013 esses fundos eram bancados pelos consumidores via conta de luz. Contudo, com a retirada deles da conta para diminuir o preço da tarifa, o Tesouro agora precisa abastecê-los.

Do total em atraso, 1,7 bilhão de reais deixou de ser pago às distribuidoras como parte do "subsídio cruzado", transferências feitas pelo governo às distribuidoras que precisam cobrar uma tarifa menor de categorias especiais de consumidores rurais. Outro 1,7 bilhão de reais deixou de ser repassado da CDE para a CCC, que paga os custos com o combustível utilizado pelas termelétricas que abastecem a região Norte.

Até agora, somente as despesas com subsídios cruzados do mês de janeiro foram repassadas às concessionárias. Esse desembolso ocorreu apenas neste mês de julho e somou 300 milhões de reais. O governo ainda deve 1,7 bilhão de reais referentes a gastos de fevereiro a junho. Parte desse dinheiro retido nos cofres federais deve ser liberada somente em agosto, e, ainda assim, apenas as parcelas devidas pelo período de fevereiro a março.

No caso da CCCC, entre janeiro e junho, o governo gastou muito menos do que deveria com as obrigações. Cerca de 2,5 bilhões de reais deveriam ter sido pagos, mas somente 814 milhões de reais foram efetivamente desembolsados. Até maio, nenhuma transferência havia sido feita da CDE à CCC.

Procurado, o Tesouro afirmou que os aportes aos fundos seguem "a programação financeira e não há registro de atraso em nenhum repasse". Informou ainda que transferiu 5,3 bilhões de reais "até a presente data" e acrescentou que a responsabilidade pelos fundos é da Eletrobras. "Sobre as movimentações da CDE para a CCC ou RGR (Reserva Global de Reversão, que paga indenizações às empresas pela redução das tarifas), o Tesouro informa que essas operações são feitas pela Eletrobras e de acordo com as necessidade de pagamento".

Em nota, o Ministério de Minas e Energia informou que os pagamentos efetuados pelos fundos levam em conta a disponibilidade de recursos. A Eletrobras não respondeu a reportagem até o fechamento da edição.

(Com Estadão Conteúdo)


Fonte: aqui

Listas: Quanto correram

A relação da quantidade de quilômetros corridos por cada equipe durante a Copa do Mundo:

1. EUA = 124,19 km
2. Alemanha = 120,89
3. Chile = 120,3
4. Costa Rica = 119,32
5. Suíça = 118,22
6. Austrália = 118,09
7. Holanda = 121,25
8. Argentina = 117,32
9. Rússia = 115,53
10. Argélia = 115,49

20. Brasil = 106,8

32. Costa do Marfim = 95,76

22 julho 2014

Rir é o melhor remédio

Adaptado daqui

Curso de Contabilidade Básica: Ajustes de Avaliação Patrimonial

Este grupo faz parte do patrimônio líquido e é uma das novidades da Lei 11.638. O nome não ajuda muito, além do fato de incorporar uma série de eventos possíveis. Uma forma de esclarecer o que significa numa empresa é ler as notas explicativas. Em geral não representa um valor expressivo na estrutura de capital da empresa, mas existem exceções.

Vejamos o caso da Cia Melhoramentos de São Paulo. No final do primeiro trimestre de 2014 o valor deste grupo na empresa era de R$820 milhões. Para um “passivo total” (é horrível esta denominação, mas faz parte do formulário padrão da CVM) isto representa 56%. É muito expressivo para passar despercebido.


O que diz as notas explicativas? A empresa informa o seguinte:


Isto significa que a empresa fez reavaliação antes da Lei 11.638 e os efeitos estão na conta de Ajustes até a sua “realização”. O que significa a realização neste caso? Pode ser a venda ou a depreciação do ativo reavaliado, por exemplo. Ou eventualmente sua desvalorização. 

Efeitos do Socialismo no comportamento humano


“UNDER capitalism”, ran the old Soviet-era joke, “man exploits man. Under communism it is just the opposite.” In fact new research suggests that the Soviet system inspired not just sarcasm but cheating too: in East Germany, at least, communism appears to have inculcated moral laxity.

Lars Hornuf of the University of Munich and Dan Ariely, Ximena García-Rada and Heather Mann of Duke University ran an experiment last year to test Germans’ willingness to lie for personal gain. Some 250 Berliners were randomly selected to take part in a game where they could win up to €6 ($8).

The game was simple enough. Each participant was asked to throw a die 40 times and record each roll on a piece of paper. A higher overall tally earned a bigger payoff. Before each roll, players had to commit themselves to write down the number that was on either the top or the bottom side of the die. However, they did not have to tell anyone which side they had chosen, which made it easy to cheat by rolling the die first and then pretending that they had selected the side with the highest number. If they picked the top and then rolled a two, for example, they would have an incentive to claim—falsely—that they had chosen the bottom, which would be a five.

Honest participants would be expected to roll ones, twos and threes as often as fours, fives and sixes. But that did not happen: the sheets handed in had a suspiciously large share of high numbers, suggesting many players had cheated.

After finishing the game, the players had to fill in a form that asked their age and the part of Germany where they had lived in different decades. The authors found that, on average, those who had East German roots cheated twice as much as those who had grown up in West Germany under capitalism. They also looked at how much time people had spent in East Germany before the fall of the Berlin Wall. The longer the participants had been exposed to socialism, the greater the likelihood that they would claim improbable numbers of high rolls.

The study reveals nothing about the nature of the link between socialism and dishonesty. It might be a function of the relative poverty of East Germans, for example. All the same, when it comes to ethics, a capitalist upbringing appears to trump a socialist one.

Fonte: aqui

Lembrei desta frase do João Ubaldo Ribeiro numa entrevista para a revista Veja em 2006 falando sobre o Brasil:

Veja – Não é um exagero dizer que a corrupção reina no Brasil?

Ubaldo –Nós vivemos num ambiente de lassitude moral que se estende a todas as camadas da sociedade e que esse negócio de dizer que as elites são corruptas mas que o povo é honesto é conversa fiada. Nós somos um povo de comportamento desonesto de maneira geral, ou pelo menos um comportamento pouco recomendável.

Não siga este caminho...

A Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos, a SEC, recebeu uma solicitação de legisladores para impedir que as empresas escolham os padrões contábeis emitidos pelo Iasb possam optar entre IFRS e Fasb, informa a Reuters. Segundo a solicitação, entregue a Mary White (foto), a escolha da IFRS pode contrariar os interesses dos investidores. No início do ano a presidente da SEC afirmou que uma das prioridades seria incorporar as normas internacionais às regras dos Estados Unidos. Isto seria um avanço depois de mais de uma década de idas e vindas.


Em 2007, lembra a Reuters, o marido da atual presidente, John White, ajudou a desenvolver um roteiro para o uso das IFRS nos EUA. Mas em 2012 a SEC fez um relatório jogando um banho de água fria no processo, ao indicar uma série de deficiências no Iasb e nas normas.

Listas: As equipes mais valiosas

As Equipes mais valiosas

1.Real Madrid US$3.4 bilhões (foto)
2.Barcelona $3.2 bilhões
3.Manchester United $2.81 bilhões
4.New York Yankees, $2.5 bilhões
5.Dallas Cowboys $2.3 bilhões
6.Los Angeles Dodgers $2 bilhões
7.Bayern Munich $1.85 bilhões
8.New England Patriots $1.8 bilhões
9.Washington Redskins $1.7 bilhões
10.New York Giants $1.55 bilhões

Fonte: Aqui

21 julho 2014

Já matei por menos, já escrevi por mais

Eu ia dizer que se tem uma raça na internet que eu detesto são os maníacos do crédito, mas daí lembrei que detesto mais pessoas que fazem uma declaração pública antes de dar unfollow ou block em alguém, como se a pessoa fosse se deprimir com isso ou a sociedade fosse se mobilizar, sabe? Seja como for, uma das muitas raças que detesto na internet são os maníacos do crédito.

Um belo dia essas pessoas descobriram que nem tudo que está num blog foi feito pelas mãos do autor (a palavra “autor” foi usada apenas na falta de termo melhor). Descobrem que, num post de referências, por exemplo, eu não construí os apartamentos, decorei, produzi as peças, fundi o metal, fotografei (com pinhole manual, é claro) e coloquei em um blog programado, ilustrado e escrito por mim. Apenas vi em algum lugar, gostei, copiei a foto e falei o que eu achava.

Depois que essas pessoas descobrem isso, a vida delas passa a ser uma contínua perseguição de créditos. Elas mandam e-mails para fulando dizendo que cricrano copia o blog dele. Depois, comentam no blog de fulano que ele copiou beltrano. Vai entender. Pessoas me mandam e-mails dizendo que tem gente copiando meu Google Reader. Como seria possível copiar o Google Reader de um sujeito? Gostando das mesmas coisas que ele?

Eu costumava achar que o Orkut tinha ensinado muitas coisas boas para os brasileiros. A subir uma imagem, mexer no Photoshop, fazer cadastro em um site e a entender que você não é tão único quanto pensa e que para cada minúscula idiossincrasia existe pelo menos uma comunidade com cinco mil membros que, sim, também sempre tiveram medo da velha da Quaker. Pelo visto o Orkut só ensinou a ser tosco mesmo.

Sempre coloco o crédito da foto dentro da própria foto (a menos que tenha perdido o crédito, o que raramente acontece). Ou seja: se você clica em alguma foto aqui do blog, vai parar no site do fotógrafo/decorador/estilista que fez a coisa ou no blog onde vi a coisa. Quando escrevo em blog institucional (na Oi, por exemplo), sou ainda mais caxias: coloco o link do site do criador e, embaixo do post, antes de assinar, coloco um “via”, com link para o blog onde vi aquilo.

Mesmo assim não consigo agradar. Pessoas mandam e-mails dizendo que eu tinha que escrever o nome do blog e aí sim colocar o link (motivo? Não compreendo). Outras acham que preciso editar a foto incluindo o crédito do fotógrafo em cada uma das fotos. Outros ainda acreditam que simplesmente não tenho direito de falar sobre algo que outro blog já falou. Simples assim. Na lógica dessas pessoas, depois que um jornal noticiou a Segunda Guerra, já era, procure outra pauta.

Para mim, autor de blog é contradição entre termos. Ok, a parte deste blog aqui na qual eu realmente escrevo (tipo hoje) pode ter algum percentual minúsculo de “autoria”, mas como ser autor de posts do tipo “vi essa coisa legal, olha só″. Se tem algum autor nessa jogada é o dono da foto/produto/roupa/whatever comentada.

Acho incrível como, enquanto academicamente a questão da autoria é cada vez mais contestada por professores velhinhos e com mais motivos para vaidade, uma turba de jovens filisteus quer ter cada um de seus minúsculos feitos reconhecidos, nem que seja um item compartilhado “primeiro”.

Talvez isso soe muito bizarro a pessoas que têm relações mais amenas com a internet, mas os maníacos do crédito acham que o simples fato de eles terem postado (ou acharem que postaram) antes dá todo um direito de autoria a eles. “Você viu no meu blog!”. “Fui eu que te apresentei isso!. Go to hell. Imagine escrever uma dissertação explicando “Platão, que me foi apresentado pela professora Jacira…”.

Esse é um dos motivos pelos quais eu deliberadamente evito blogueiros. Se tenho um amigo e ele faz um blog, ok. Se conheço alguém e ele já tem um blog, ok também, mas minha experiência com “blogueiros”, com pessoas capazes de se identificar dessa forma, é catastrófica. Envolve um jantar com uma menina que tentava humilhar as pessoas que não liam o blog dela e outros contos de horror. Algo como “Essa música é daquela banda que eu estava falando…” / “Que banda?” / “Você não sabe? Ah, então é porque não lê meu blog”. Oi?

As pessoas realmente acreditam que são famosas porque têm um blog com dois mil acessos diários. Tenho vontade de abraçar e dizer “Olha, querida, hoje em dia nem as atrizes da Globo são famosas. A sujeita faz televisão, sabe, milhões de telespectadores, e ninguém lembra o nome dela. Fica cada vez mais complicado uma única pessoa representar um coletivo, então, menos. Diga que você tem um blog relativamente conhecido entre um público, muito, muito específico e que mesmo essas pessoas vão te esquecer em dois meses caso você deixe de postar, talvez até antes disso”.


Juliana Cunha - Já Matei por Menos

Rir é o melhor remédio

Fonte: Aqui (R$22 o exemplar)

Curso de Contabilidade Básica: Bula de Remédio

As demonstrações contábeis devem expressar a realidade econômico-financeira de uma empresa. O usuário deveria acreditar nos números que aparecem no balanço patrimonial, demonstração do resultado, mutações do patrimônio líquido e fluxos de caixa. É para isto que estas informações são assinadas por um profissional e pelo gestor da empresa. Além disto, em muitas empresas, contrata-se um auditor para certificar que os números realmente são verdadeiros.

Existe uma parcela das informações que são divulgadas que não estão sujeitas a esta regra. Uma destas informações é a apresentação dos resultados. Não que as informações divulgadas ali sejam falsas; mas é que são mais sujeitas a influencia e otimismo gestor. Por este motivo, talvez esta apresentação devesse ter uma grande advertência: “seu uso deve ser feito com cuidado”.

Recentemente uma empresa escreveu quase isto na apresentação. Trata-se a OSX sobre seus resultados do primeiro trimestre do ano:

(Clique na imagem para ver melhor). Qual a razão da advertência? A OSX faz parte de um dos maiores fracassos empresarial do capitalismo brasileiro. Prometendo fortuna para seus investidores, o empresário Eike Batista conseguiu atrair uma grande quantidade deles para suas empresas. O tempo revelou que existia muita promessa e pouca realidade e os investidores ficaram furiosos. A credibilidade de Batista deixou de existir e os investidores lembraram-se das promessas feitas no passado. A empresa OSX faz parte desta história e está em recuperação judicial. Assim, o “aviso legal”, colocado em letras minúsculas no final da apresentação, é uma maneira de se defender de um eventual confronto judicial, onde seria acusada de semear falsas esperanças. O aviso está dizendo: nesta apresentação o seu uso deve ser feito com cuidado. Como uma bula de um remédio com tarja preta.