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21 julho 2014

Já matei por menos, já escrevi por mais

Eu ia dizer que se tem uma raça na internet que eu detesto são os maníacos do crédito, mas daí lembrei que detesto mais pessoas que fazem uma declaração pública antes de dar unfollow ou block em alguém, como se a pessoa fosse se deprimir com isso ou a sociedade fosse se mobilizar, sabe? Seja como for, uma das muitas raças que detesto na internet são os maníacos do crédito.

Um belo dia essas pessoas descobriram que nem tudo que está num blog foi feito pelas mãos do autor (a palavra “autor” foi usada apenas na falta de termo melhor). Descobrem que, num post de referências, por exemplo, eu não construí os apartamentos, decorei, produzi as peças, fundi o metal, fotografei (com pinhole manual, é claro) e coloquei em um blog programado, ilustrado e escrito por mim. Apenas vi em algum lugar, gostei, copiei a foto e falei o que eu achava.

Depois que essas pessoas descobrem isso, a vida delas passa a ser uma contínua perseguição de créditos. Elas mandam e-mails para fulando dizendo que cricrano copia o blog dele. Depois, comentam no blog de fulano que ele copiou beltrano. Vai entender. Pessoas me mandam e-mails dizendo que tem gente copiando meu Google Reader. Como seria possível copiar o Google Reader de um sujeito? Gostando das mesmas coisas que ele?

Eu costumava achar que o Orkut tinha ensinado muitas coisas boas para os brasileiros. A subir uma imagem, mexer no Photoshop, fazer cadastro em um site e a entender que você não é tão único quanto pensa e que para cada minúscula idiossincrasia existe pelo menos uma comunidade com cinco mil membros que, sim, também sempre tiveram medo da velha da Quaker. Pelo visto o Orkut só ensinou a ser tosco mesmo.

Sempre coloco o crédito da foto dentro da própria foto (a menos que tenha perdido o crédito, o que raramente acontece). Ou seja: se você clica em alguma foto aqui do blog, vai parar no site do fotógrafo/decorador/estilista que fez a coisa ou no blog onde vi a coisa. Quando escrevo em blog institucional (na Oi, por exemplo), sou ainda mais caxias: coloco o link do site do criador e, embaixo do post, antes de assinar, coloco um “via”, com link para o blog onde vi aquilo.

Mesmo assim não consigo agradar. Pessoas mandam e-mails dizendo que eu tinha que escrever o nome do blog e aí sim colocar o link (motivo? Não compreendo). Outras acham que preciso editar a foto incluindo o crédito do fotógrafo em cada uma das fotos. Outros ainda acreditam que simplesmente não tenho direito de falar sobre algo que outro blog já falou. Simples assim. Na lógica dessas pessoas, depois que um jornal noticiou a Segunda Guerra, já era, procure outra pauta.

Para mim, autor de blog é contradição entre termos. Ok, a parte deste blog aqui na qual eu realmente escrevo (tipo hoje) pode ter algum percentual minúsculo de “autoria”, mas como ser autor de posts do tipo “vi essa coisa legal, olha só″. Se tem algum autor nessa jogada é o dono da foto/produto/roupa/whatever comentada.

Acho incrível como, enquanto academicamente a questão da autoria é cada vez mais contestada por professores velhinhos e com mais motivos para vaidade, uma turba de jovens filisteus quer ter cada um de seus minúsculos feitos reconhecidos, nem que seja um item compartilhado “primeiro”.

Talvez isso soe muito bizarro a pessoas que têm relações mais amenas com a internet, mas os maníacos do crédito acham que o simples fato de eles terem postado (ou acharem que postaram) antes dá todo um direito de autoria a eles. “Você viu no meu blog!”. “Fui eu que te apresentei isso!. Go to hell. Imagine escrever uma dissertação explicando “Platão, que me foi apresentado pela professora Jacira…”.

Esse é um dos motivos pelos quais eu deliberadamente evito blogueiros. Se tenho um amigo e ele faz um blog, ok. Se conheço alguém e ele já tem um blog, ok também, mas minha experiência com “blogueiros”, com pessoas capazes de se identificar dessa forma, é catastrófica. Envolve um jantar com uma menina que tentava humilhar as pessoas que não liam o blog dela e outros contos de horror. Algo como “Essa música é daquela banda que eu estava falando…” / “Que banda?” / “Você não sabe? Ah, então é porque não lê meu blog”. Oi?

As pessoas realmente acreditam que são famosas porque têm um blog com dois mil acessos diários. Tenho vontade de abraçar e dizer “Olha, querida, hoje em dia nem as atrizes da Globo são famosas. A sujeita faz televisão, sabe, milhões de telespectadores, e ninguém lembra o nome dela. Fica cada vez mais complicado uma única pessoa representar um coletivo, então, menos. Diga que você tem um blog relativamente conhecido entre um público, muito, muito específico e que mesmo essas pessoas vão te esquecer em dois meses caso você deixe de postar, talvez até antes disso”.


Juliana Cunha - Já Matei por Menos

Rir é o melhor remédio

Fonte: Aqui (R$22 o exemplar)

Curso de Contabilidade Básica: Bula de Remédio

As demonstrações contábeis devem expressar a realidade econômico-financeira de uma empresa. O usuário deveria acreditar nos números que aparecem no balanço patrimonial, demonstração do resultado, mutações do patrimônio líquido e fluxos de caixa. É para isto que estas informações são assinadas por um profissional e pelo gestor da empresa. Além disto, em muitas empresas, contrata-se um auditor para certificar que os números realmente são verdadeiros.

Existe uma parcela das informações que são divulgadas que não estão sujeitas a esta regra. Uma destas informações é a apresentação dos resultados. Não que as informações divulgadas ali sejam falsas; mas é que são mais sujeitas a influencia e otimismo gestor. Por este motivo, talvez esta apresentação devesse ter uma grande advertência: “seu uso deve ser feito com cuidado”.

Recentemente uma empresa escreveu quase isto na apresentação. Trata-se a OSX sobre seus resultados do primeiro trimestre do ano:

(Clique na imagem para ver melhor). Qual a razão da advertência? A OSX faz parte de um dos maiores fracassos empresarial do capitalismo brasileiro. Prometendo fortuna para seus investidores, o empresário Eike Batista conseguiu atrair uma grande quantidade deles para suas empresas. O tempo revelou que existia muita promessa e pouca realidade e os investidores ficaram furiosos. A credibilidade de Batista deixou de existir e os investidores lembraram-se das promessas feitas no passado. A empresa OSX faz parte desta história e está em recuperação judicial. Assim, o “aviso legal”, colocado em letras minúsculas no final da apresentação, é uma maneira de se defender de um eventual confronto judicial, onde seria acusada de semear falsas esperanças. O aviso está dizendo: nesta apresentação o seu uso deve ser feito com cuidado. Como uma bula de um remédio com tarja preta.

O novo capitalismo de Estado

O novo capitalismo de Estado - e o do PT Rolf Kuntz O Estado de S.Paulo, 19 Julho 2014


 Mais uma campeã nutrida com dinheiro público, desta vez R$ 700 milhões de investimento, tenta sair do buraco. Formada em 2010 para ser uma gigante do setor, a LBR Lácteos logo entrou em recuperação judicial. Em mais uma aposta errada, o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) participou da aventura com 30,3% do capital. A ex-futura campeã estava nos últimos dias ocupada em levantar R$ 740 milhões com a venda de várias unidades de produção. Era uma tentativa de cumprir o plano oficial de recuperação, segundo noticiou o Valor no começo da semana. Enquanto isso, em Brasília, a oposição batalhava para dar sobrevida a investigações sobre negócios muito estranhos da Petrobrás. Para entender bem os dois casos convém juntá-los na mesma narrativa. 

A história é uma só e inclui a escolha de campeões alimentados com dinheiro público, as pressões contra o executivo de uma vitoriosa empresa de mineração, o uso de uma petroleira estatal para projetos políticos e a conversão de bancos públicos em prontos-socorros de grupos escolhidos. O leitor pode rotular esse conjunto como ciência política, teoria administrativa ou pesquisa econômica. Pode também juntar as três qualificações. Todas se aplicam ao livro dos professores Sérgio Lazzarini, do Insper, e Aldo Musacchio, de Harvard. O recém-editado Reinventing State Capitalism (Reinventando o Capitalismo de Estado) é um estudo sobre um novo tipo de Leviatã econômico, sucessor do velho e bem conhecido Estado empresarial encontrado em todos os cantos do mundo na maior parte do século passado. O Estado empreendedor funcionou tanto no mundo socialista quanto no lado capitalista. Controlava e administrava empresas como extensões da burocracia pública. Agonizante nos anos 80, esse modelo foi em grande parte substituído por dois novos tipos de Leviatã econômico. O investidor majoritário mantém o papel de acionista controlador, mas o padrão gerencial pode ser muito mais flexível que o anterior. O investidor minoritário passa o controle a investidores privados, mas conserva influência indireta na administração. Este segundo modelo inclui a atuação de bancos de investimento (como o BNDES) e de fundos, como os de pensão. 

Para começar, os autores propõem uma tipologia de alcance internacional, explorando exemplos de várias partes do mundo. A exposição percorre tanto países tradicionalmente capitalistas quanto economias em transição. O caso chinês aparece com destaque logo no começo, numa referência ao lançamento inicial de ações do Banco Agrícola da China, em 2010, nas Bolsas de Xangai e de Hong Kong. Ainda oficialmente socialista, a China também participou, e continua participando, da renovação do capitalismo de Estado. Os autores evitam - de fato, rejeitam - discutir se as empresas vinculadas total ou parcialmente ao Estado são mais ou menos eficientes que as companhias privadas. Mesmo no tempo do Estado empreendedor as comparações seriam inconclusivas, se se tratasse de desempenho em condições normais. Em crises como a dos anos 1980, no entanto, estatais poderiam ter menos liberdade para demitir. Isso ocorreu, de fato, naquele período. Essa limitação afetou seus resultados e uma das consequências foi a redução de investimentos. Quem acompanhou essa experiência ao vivo e em cores deve lembrar-se de mais um detalhe: com o Tesouro quebrado e sem crédito, estatais brasileiras foram usadas para captação de recursos. Apesar do endividamento, os projetos de expansão e de modernização continuaram parados. Por isso muitas estavam financeiramente arrebentadas e tecnicamente atrasadas quando foram levadas à privatização.

 A passagem do velho modelo para os novos tipos de capitalismo de Estado é examinada com base na experiência de países de todos os continentes. Apesar do cuidado com as nuances, a tipificação deve aplicar-se às economias desenvolvidas - tão diversas quanto as escandinavas e a americana - e também às emergentes e em desenvolvimento. Mas depois do cenário mais amplo o foco se estreita e a discussão se concentra no exemplo brasileiro. A história é recontada a partir das privatizações e da adoção dos novos modelos. A mudança do Leviatã empreendedor para os dois novos tipos - o majoritário e o minoritário - abriu a possibilidade, em todos os países, de alterações importantes na condução das empresas. Como exemplos, maior autonomia, maior transparência e maior profissionalismo gerencial no dia a dia e na fixação de objetivos. No Brasil, boa parte dessas possibilidades ficou inexplorada. 

Sem avaliações, os dois autores descrevem, com distanciamento acadêmico, as interferências na Petrobrás, a escolha de campeões e os estranhos critérios de financiamento e investimento do BNDES, as tentativas de intervenção na Vale (com a campanha contra o presidente Roger Agnelli) e outros fatos bem conhecidos, mas nunca reunidos e articulados numa pesquisa. Os autores talvez pudessem, ou devessem, ter incluído na classificação subtipos de capitalismo de Estado, observáveis tanto no velho modelo do Leviatã empreendedor quanto nos casos dos Leviatãs majoritário e minoritário. O exemplo brasileiro a partir de 2003 seria rotulável como capitalismo de Estado dos cumpanhêro. O subtipo incluiria tanto a gestão subordinada a interesses partidários e eleitorais (com as nomeações segundo cotas) quanto a influência das ambições pessoais do governante (quando candidato, por exemplo, a líder regional). 

Reinventing State Capitalism (Harvard University Press) é uma bela continuação do trabalho iniciado por Sérgio Lazzarini com seu Capitalismo de Laços - Os Donos do Brasil e suas Conexões, lançado em 2011. -

Um acrônimo com capital, o banco dos BRICS

Essa história dos BRICS é uma grande bobagem que muita gente ainda acredita. Agora pra piorar as coisas resolveram criar o tal dos bancos dos BRICS. Ou melhor duas instituições financeiras com a "mesma função" do FMI e do Banco Mundial. Outro dia eu volto aqui pra comentar a razão disso ser uma péssima ideia para o Brasil. A reportagem da The Economist já dá algumas pistas.

FOR years the BRICS countries have insisted they are more than an acronym. To dispel any lingering doubts, the leaders of Brazil, Russia, India, China and South Africa, who gathered in the Brazilian city of Fortaleza for their sixth annual summit on July 15th, announced the creation of two financial institutions: the New Development Bank (NDB) to finance infrastructure and “sustainable development” projects, with $50 billion in capital to start with, and the $100 billion Contingent Reserve Arrangement (CRA), to tide over members in financial difficulties.
On the surface, the NDB and the CRA, which must still be approved by the five countries’ parliaments, look like upstart rivals to the World Bank and the IMF, together the cornerstone of the post-war economic order. The BRICS complain that the Bretton Woods outfits, named after a New Hampshire town where they were conceived 70 years ago this month, give the developing world short shrift. China, whose economy is second only to America’s, has fewer votes there than the Benelux countries. America and Europe have proved shamefully slow to redress the imbalance.

The new institutions are not as subversive as they may seem, however, at least in their current guise. Unlike the IMF, the CRA is not a fund but a tangle of bilateral promises to make foreign reserves ($41 billion from China, $5 billion from South Africa and $18 billion each from the others) available to BRICS in trouble. Every country will be able to tap a multiple of its contribution. But, Mr Putin’s bluster notwithstanding, anything above 30% of that sum will be, as the instrument’s name implies, contingent—including on participation in an IMF programme.
Recipients of IMF cash also resent the tough reforms on which help is conditional, not to mention the lecturing tone in which they are dictated. In Fortaleza Vladimir Putin, Russia’s president, extolled the NDB and CRA as a way to prevent the “harassment” of countries whose foreign policy clashes with America’s or Europe’s (as did his annexation of Crimea).
The NDB, for its part, joins an alphabet soup of regional and national development banks the lending of which already dwarfs the $52.6 billion the World Bank disbursed last year. In 2013 BNDES of Brazil doled out $88 billion. Its Chinese equivalent made loans worth $240 billion. China is also creating an Asian infrastructure bank (which it has invited India to join but, for reasons of geography, not the others).
Even when the NDB’s capital eventually rises to $100 billion, including from non-BRICS states and institutions, it would leave most of the developing world’s infrastructure needs unmet. The World Bank estimates that South Asia alone requires $2.5 trillion over the next ten years. China was willing to chip in more. But India and Brazil, happy to use the bank as a politically palatable way to tap Chinese cash but wary of its dominance as much as they are of the West’s, insisted on an even split. South Africa could only afford $10 billion.
The politics don’t end there. A tussle between China and India over the bank’s headquarters, and between India and Brazil over who should hold the first five-year rotating presidency, nearly scuppered the deal. The BRICS leaders settled on Shanghai and an Indian, yet to be named. But a Brazilian is to chair the board of directors and a Russian the board of governors. They may not all pull in the same direction.
Herein lies the biggest obstacle to the upstarts of Fortaleza. Other than being big and developing (the reason why economists at Goldman Sachs, an investment bank, coined the term in 2001), the BRICS have little in common. The Chinese economy is 28 times the size of South Africa’s (not part of Goldman’s original grouping). Income per person in India is one-tenth that in Russia. True, all lack infrastructure but lively democracies (Brazil, India, South Africa) go about erecting it differently to authoritarian regimes (Russia, China).
Such disparities will make it hard to agree on even basic principles, like whom (other than themselves) to lend money on what terms or what counts as “sustainable development”, notes Douglas Rediker of International Capital Strategies, a consultancy. It took the Bretton Woods institutions decades to sort it all out, far from satisfactorily—and they are dominated by like-minded liberal democracies.
Fonte: aqui

Listas: Risco de extinção

As profissões que correm risco de extinção (eis uma lista polêmica)

1 – Carteiro
2 – Trabalhador rural
3 – Leitor de medidor
4 – Repórter de Jornal
5 – Agente de viagens
6 – Lenhador
7 – Comissário de Bordo
8 – Operador de furadeira
9 – Profissional de impressão gráfica
10 – Inspetor Tributário e Coletor de Impostos

Fonte: Aqui 

20 julho 2014

Rir é o melhor remédio


Entrevista: Vladmir Ferreira Almeida

Vladmir Ferreira Almeida é contador, blogueiro e adora música. Uma de suas paixões é o violão clássico. Ele é o entrevistado deste belo domingo. Agradecemos a companhia Vladmir! *.*

Blog_CF: Vladmir, com quantos anos você começou a tocar violão clássico? Você estudava teoria musical também?
Bom na verdade eu comecei a tocar violão já tarde, aprendendo sozinho, observando alguns amigos. Eu estava com 16 ou 17 anos. Depois de algum tempo entrei na escola de música e passei dois anos estudando teoria musical e iniciação ao violão clássico. Não cheguei a completar o curso porque eu tive que trabalhar, não era possível conciliar. Até hoje guardo alguns livros de teoria musical (Bohumil Med, Ian Guest, Paul Hindemith, entre outros).

Blog_CF: Esperamos que logo você consiga voltar! Como essa paixão surgiu e como ela influenciou a sua personalidade?
Meus pais sempre gostaram de ouvir música popular brasileira e música internacional. Quando eu era criança, no Rio de Janeiro, ouvia muito Djavan, Benito di Paula, Nat King Cole, Clara Nunes, Luiz Gonzaga... Com o tempo, já na adolescência, começou a despertar o meu interesse pelo Rock, principalmente pelos clássicos como: Jimi Hendrix, Pink Floyd, Deep Purple, Led Zeppelin, etc. Após a viagem de mudança para a cidade de São Luis (MA) conheci um rapaz que já tocava violão e nos finais de semana a gente se reunia para curtir algumas músicas. Em certo momento eu pedi o violão dele emprestado. Ele me perguntou se eu sabia tocar e eu disse que não, mas ia aprender. Depois de duas semanas, lendo algumas revistas com canções cifradas, já tocava algumas notas – mesmo com violão desafinado. Foi assim que aprendi: observando e lendo, como comentei anteriormente. Dois anos depois entrei na escola de música. Aprendi teoria musical, solfejo e ritmo. Acabei conhecendo outros grandes músicos como: Egberto Gismonti, Paco de Lucia, Hermeto Pascoal, Kazuhito Yamashita, Fabio Zanon, Hélio Delmiro, Charlie Haden, Witold Lutoslawski, J. S. Bach, Chopin, Vivaldi, Tchaikovsky, Heitor Villa Lobos, Turíbio Santos, Rafael Rabelo, Nana Vasconcelos,... , juntamente com vários outros. Ainda cheguei a trabalhar tocando em alguns bares e até mesmo em algumas bandas, mas foi por pouco tempo. Uma coisa que a música ensina muito bem é a dedicação pelo que você faz. A procura pela “perfeição” na execução de cada nota, e mesmo nos estudos com partitura, é uma coisa fantástica.

Blog_CF: Como a sua vida na contabilidade se iniciou e como você vê a disciplina que tinha ao estudar música ter te ajudado como aluno em outras áreas?
Eu sempre gostei de números e comecei a trabalhar cedo – até para ajudar nas despesas de casa. Meu primeiro trabalho de carteira assinada foi no setor de contabilidade de uma empresa. Foi nesse momento que tive os primeiros contatos com a contabilidade básica - lançamentos contábeis, folha de pagamento, plano de contas, conciliação bancaria, etc. Em seguida tive contato com serviço na área de orçamento, centros de custos e projetos. Após alguns anos de trabalho comecei o meu curso de graduação em contabilidade e logo em seguida a minha especialização. Acho que a disciplina no estudo da música me ajudou na minha compreensão sobre a contabilidade, principalmente no aspecto da concentração.

Blog_CF: O que a contabilidade significa pra você?
Eu acho que significa relação e equilíbrio - não só para as contas e seus valores, mas para vida! Quando você está elaborando um balancete você cria RELAÇÕES entre pontos que, a priori, não são comuns. Como, por exemplo, no pagamento de uma obrigação - há um fornecedor (passivo) e a sua conta corrente (ativo). Dessa relação aparece o equilíbrio (método das partidas dobradas) - lançamentos. A partir do equilíbrio você pode tomar uma decisão de forma mais clara – o balancete. Essa é uma forma simples de demonstrar que objeto de estudo da contabilidade não é só o patrimônio das empresas, mas o maior de todos os patrimônios, a vida!

Blog_CF: Como você se tornou blogueiro e como afeta a sua vida? 
Sempre gostei de compartilhar informações. A forma que eu utilizava para mandar algo novo de contabilidade para os meus amigos, ou algum outro assunto importante para qualquer profissional dentro da empresa (comunicação, liderança, relacionamento interpessoal,...), era através de e-mail. Como eu mandava muitos artigos a minha caixa de saída do correio eletrônico ficava muito pesada e eu tinha que apagar boa parte das informações. Foi nesse momento, em 2009, que tive a ideia de criar um blog aonde eu pudesse colocar todas as informações que eu achava importantes e um único lugar aonde todos pudessem ver. Outro ponto fundamental para a elaboração do blog foram os links para acessar algum site importante. Às vezes você não se lembra de algum endereço eletrônico essencial para o seu trabalho ou para alguma pesquisa acadêmica. Com a página centralizei tudo isso.

Blog_CF: Qual é o balanço desses anos como blogueiro?
Após cinco anos de blog as minhas maiores satisfações, como blogueiro, foram:
- O conhecimento adquirido nesse espaço de tempo;
- As novas amizades, principalmente dos meus queridos amigos blogueiros: Isabel Sales, Cesar Tibúrcio (Mohamed), Alexandre Alcântara, Claudia Cruz, Pedro Correia, Orleans Martins, Augusto Cezar, Polyana Silva, Thiago Pena, Vinicius Gomes, Marcelo Paulo, Luiz Felipe, entre outros.

Blog_CF: Que dicas e conselhos você daria a quem pretende começar um blog?
A primeira coisa e gostar muito do assunto que você irá abordar. Ter um blog exige muito dedicação. Periodicamente você tem que acompanhar os assuntos mais relevantes da área;

Outra coisa importante é ser o mais especifico possível. No meu caso, em especial, eu tenho que compartilhar vários assuntos diferentes (Contabilidade, Gestão financeira, Auditoria, Economia, Controladoria e Empreendedorismo) e isso requer um tempo maior para tratar tudo;

Evite textos longos; Utilize outras formas que não sejam apenas textos como, por exemplo, vídeos; Compare seu blog com outros blogs que tratem do mesmo tema; veja o que pode ser comentado, melhorado e aprendido.  E tenha tempo! Blogar exige o empenho de vária horas semanais.


19 julho 2014

Rubem Alves

Eu sou fã. Gosto dos textos dele, me identifico com o discurso aparentemente sem foco, admiro as ideologias que ele tinha relacionadas à educação. Rio, penso, choro e me emociono. Fico triste por essa perda. Por não ter mais textos seus fresquinhos. Descanse em paz.

Escolinha de Futebol

O jornal New York Times (via aqui) faz uma narrativa sobre a escola de futebol Aspire Football Dreams. O programa escolheu entre 3,5 milhões de garotos em diferentes países da África. Os melhores foram mandados para viver e morar em duas academias: uma em Doha, Catar, e outra no Senegal. Os garotos recebem educação e tem seus gastos custeados; sua família também recebe um dinheiro. Os centros são assessorados por profissionais com experiências em clubes europeus de futebol. Parece bom demais para ser verdade.

Aspire é bancado pelo governo do Catar. Qual a razão do governo deste país fazer isto? O Catar irá sediar a Copa de 2022 e seu time é muito fraco. (É bem verdade que isto não é uma boa razão, já que o Brasil sediou a Copa de 2014) Mas a naturalização maciça de jogadores pode gerar desconfiança e foi descartada pelos dirigentes da Aspire. Segundo eles, a academia poderá contar com alguns garotos do Catar, que aprenderiam futebol com os melhores futuros jogadores do mundo. (Nada impede da Aspire naturalizar um ou dois grandes craques; isto não despertaria suspeita)

Outra possibilidade é que Aspire pode estar vinculada a corrupção. A votação que escolheu Catar como sede do mundial de 2022 foi questionável pela compra de votos. Segundo o jornal, das 24 nações que compõe o comitê executivo da FIFA, cinco são países que Aspire está operando.

Rir é o melhor remédio




Fato da Semana

Fato: Crime e Castigo. Dias com anúncios diversos de punição para quem saiu da linha.

Qual a relevância disto? Acreditamos que as pessoas más pagam neste mundo pelos seus atos. Esta é a Falácia do Mundo Justo; mas as pessoas más geralmente se safam sem sofrer as consequências. Nos últimos dias diversas notícias indicavam que “pessoas más” estavam sofrendo pelos seus atos. O Citigroup pagou 7 bilhões pela crise imobiliária; a EY foi multada por fazer lobby para clientes que deveria auditar; a Price não conseguiu se safar, por enquanto, das barbeiragens do MF Global, podendo levar um multa bilionária; e dois banqueiros envolvidos em falcatruas foram condenados.

Positivo ou Negativo? Para quem “anda na linha” é bom saber que “aqui se faz, aqui se paga”. Queremos que o mundo seja justo.

Desdobramentos: Será que isto irá continuar? O cínico irá insistir que a falácia existirá sempre. O esperançoso pensa que o mundo hoje é mais justo que o de ontem.

Sobre a Falácia do Mundo Justo vide o capítulo 18 do livro “Você não é tão esperto quanto pensa”, de David Micraney.