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02 abril 2013

Curso

CVM abre Inscrições para Curso de Atualização sobre o Mercado de Capitais

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) divulgou o regulamento e abriu inscrições para a 12ª edição do Programa TOP (Treinamento de Professores), curso com duração de cinco dias, sobre o mercado de capitais.

O programa é destinado a professores vinculados a instituições de ensino de nível superior, de graduação ou pós-graduação, que lecionem ou tenham lecionado disciplinas relacionadas ao mercado de capitais. O curso tem como objetivo atualizar este público, por meio de aulas e palestras com profissionais de mercado, além de contribuir para o desenvolvimento de multiplicadores junto às instituições de ensino.

O treinamento é promovido pelo Comitê Consultivo de Educação e será realizado na cidade de São Paulo, entre os dias 01 e 05/07/2013. A participação é gratuita e as inscrições poderão ser efetuadas até 07/06/2013. Os interessados em devem preencher o formulário eletrônico que se encontra no link abaixo. Todos os inscritos que preencherem os requisitos do regulamento receberão, ao final do curso, um certificado de participação pelas instituições que integram o Comitê.

O Comitê Consultivo de Educação é formado por membros da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Associação Brasileira das Companhias Abertas (ABRASCA), Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (ANBIMA), ANCORD - Associação Nacional das Corretoras e Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários, Câmbio e Mercadorias , Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (APIMEC), BM&FBOVESPA S.A. Bolsa de Mercados e Futuros da Bolsa de Valores de São Paulo e Instituto Brasileiro de Relações com Investidores (IBRI).

Informamos também que o livro “Mercado de Valores Mobiliários Brasileiro”, lançado pelo Comitê Consultivo de Educação a partir da experiência acumulada em edições do Programa TOP, já está disponível para download. O livro aborda, em uma perspectiva educacional, as principais características do mercado de capitais no Brasil, tratando dos temas: Sistema Financeiro Nacional, Valores Mobiliários, Fundos de Investimento, Companhias Abertas, Governança Corporativa, Relações com Investidores, Bolsa de Valores e Funcionamento do Mercado, Oferta Pública, Derivativos e Análise de Investimentos. Este material pode ser obtido gratuitamente no Portal do Investidor, no link disponível abaixo. Contamos com o apoio de vocês para divulgá-lo para outros professores e também entre os alunos.

Aproveitamos a oportunidade para indicar a página CVM Educacional no Facebook, que divulga assuntos e eventos educacionais: facebook.com/CVMEducacional

Informações sobre o Curso, Regulamento e Inscrições:
bit.ly/CVM-TOP-XII

Download do Livro do Programa TOP: “Mercado de Valores Mobiliários Brasileiro”
bit.ly/LivroCVM

Negócio da Argentina

Na quarta-feira, dia 27 de março, o executivo Carlos Fabián, do grupo argentino Indalo, esteve no 22o andar da sede da Petrobras, no Rio de Janeiro, para fechar o negócio de sua vida. É lá que funciona a Gerência de Novos Negócios da Petrobras, a unidade que promove o maior feirão da história da estatal – e talvez do país. Sem dinheiro em caixa, a Petrobras resolveu vender grande parte de seu patrimônio no exterior, que inclui de tudo: refinarias, poços de petróleo, equipamentos, participações em empresas, postos de combustível. Com o feirão, chamado no jargão da empresa de “plano de desinvestimentos”, a Petrobras espera arrecadar cerca de US$ 10 bilhões. De tão estratégica, a Gerência de Novos Negócios reporta-se diretamente à presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster. Ela acompanha detidamente cada oferta do feirão. Nenhuma causou tanta polêmica dentro da Petrobras quanto a que o executivo Fabián viria a fechar em sua visita sigilosa ao Rio: a venda de metade do que a estatal tem na Petrobras Argentina, a Pesa. ÉPOCA teve acesso, com exclusividade, ao acordo confidencial fechado entre as duas partes, há um mês. Nele, prevê-se que a Indalo pagará US$ 900 milhões por 50% das ações que a Petrobras detém na Pesa. Apesar do nome, a Petrobras não é a única dona da Pesa: 33% das ações dela são públicas, negociadas nas Bolsas de Buenos Aires e de Nova York. A Indalo se tornará dona de 33% da Pesa, será sócia da Petrobras no negócio e, segundo o acordo, ainda comprará, por US$ 238 milhões, todas as refinarias, distribuidoras e unidades de petroquímica operadas pela estatal brasileira – em resumo, tudo o que a Petrobras tem de mais valioso na Argentina.

O negócio provocou rebuliço dentro da Petrobras por três motivos: o valor e o momento da venda, a identidade do novo sócio e, sobretudo, o tortuoso modo como ele entrou na jogada. Não se trata de uma preocupação irrelevante – a Petrobras investiu muito na Argentina nos últimos dez anos. Metade do petróleo produzido pela Petrobras no exterior vem de lá. Em 2002, a estatal brasileira gastou US$ 1,1 bilhão e assumiu uma dívida estimada em US$ 2 bilhões, para comprar 58% da Perez Companc, então a maior empresa privada de petróleo da Argentina, que já tinha ações negociadas na Bolsa. Após sucessivos investimentos, a Perez Companc passou a se chamar Pesa, e a Petrobras tornou-se dona de 67% da empresa. Nos anos seguintes, a Petrobras continuou investindo maciçamente na Pesa: ao menos US$ 2,1 bilhões até 2009. Valeu a pena. A Pesa atua na exploração, no refino, na distribuição de petróleo e gás e também na área petroquímica. Tem refinarias, gasodutos, centenas de postos de combustível. Em maio de 2011, a Argentina anunciou ter descoberto a terceira maior reserva mundial de xisto – fonte de energia em forma de óleo e gás –, estimada em 23 bilhões de barris, equivalentes à metade do petróleo do pré-sal brasileiro. A Pesa tem 17% das áreas na Argentina onde se identificou esse produto. No ano passado, por fim, a Pesa adquiriu uma petroleira argentina, a Entre Lomos, que proporcionou um aumento em sua produção.

Apesar dos investimentos da Petrobras, quando a economia da Argentina entrou em declínio, há cerca de dois anos, as ações da Pesa desvalorizaram. As desastrosas políticas intervencionistas da presidente Cristina Kirchner contribuíram para a perda de valor da Pesa. De 2011 para cá, as ações da empresa caíram mais de 60%. É por isso que técnicos da Petrobras envolvidos na operação questionam se agora é o melhor momento para fazer negócio – por mais que a Petrobras precise de dinheiro. Seria mais inteligente, dizem os técnicos, esperar que a Pesa recupere valor no mercado. Reservadamente, por medo de sofrer represálias, eles também afirmam que os bens da Petrobras na Argentina – as distribuidoras, refinarias e unidades de petroquímica que constituem a parte física do negócio – valem, ao menos, US$ 400 milhões. Um valor bem maior, portanto, que os US$ 238 milhões acordados com a Indalo. “Se o governo não intervier tanto, a Pesa pode valer muito mais”, diz um dos técnicos. A Petrobras, até dezembro do ano passado, tinha um discurso semelhante. Na última carta aos acionistas, a Pesa diz: “Estamos otimistas em relação ao futuro da Petrobras Argentina. E agora renovamos o compromisso de consolidar uma companhia lucrativa, competitiva e sustentável, comprometida com os interesses do país (Argentina)...”. Em outro trecho da carta, informa-se que os resultados do ano passado foram “encorajadores” e permitiram, como nos cinco anos anteriores, a distribuição de dividendos milionários aos acionistas.

(...) Procurada por ÉPOCA em três oportunidades, a assessoria da Petrobras limitou-se a responder que “não vai emitir comentários sobre assuntos relacionados com o seu Programa de Desinvestimento”. Graça Foster e o executivo Ubiratan não responderam às ligações. (...)

Ele [Lopez] apresentou uma proposta em 7 de janeiro, aumentou o valor numa segunda proposta, um mês depois – e fechou a compra das ações por US$ 900 milhões em 22 de fevereiro. Com o acordo, López e a Petrobras discutem agora os detalhes do contrato a ser assinado. Se tudo correr como previsto, resta apenas a aprovação do Conselho de Administração da Petrobras, que se reunirá no final de abril. (...)

O maior problema do negócio da Petrobras com o “czar do jogo”, e com todas as operações do feirão, é a falta de transparência. Como demonstra o caso da Argentina, não há critérios claros para a escolha das empresas que farão negócio com a Petrobras. Esse modelo sigiloso e sem controle resultou em calamidades, como a compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos. Em 2004, a Astra Trading pagou US$ 42 milhões pela refinaria. Meses depois, a Petrobras pagou US$ 360 milhões por metade do negócio. Tempos depois, um desentendimento entre as sócias levou a questão à Justiça. A Petrobras perdeu e foi condenada a comprar não só a parte da sócia, como a pagar multa, juros e indenização. Em junho, a Petrobras anunciou que pagaria mais US$ 820 milhões. (...)


O feirão da Petrobras - DIEGO ESCOSTEGUY, COM MURILO RAMOS, LEANDRO LOYOLA, MARCELO ROCHA E FLÁVIA TAVARES - Época

Balanço do BNDES

(...) Na ânsia de fazer a conta chegar ao resultado prometido, o Conselho Monetário Nacional, às vésperas da virada do ano, permitiu que o BNDES lançasse em seu balanço um quarto das ações que possuía em carteira sem atualizar o seu valor de referência, isto é, sem levar em conta as grandes oscilações das cotações desses papéis no mercado. Isso inflou o lucro do BNDES em R$ 2,38 bilhões, o que foi útil para o governo, mas pode ter consequências negativas para a instituição. Essa prática lança dúvidas sobre a correção de seu balanço e pode limitar a sua capacidade de captar recursos no exterior. Com o mercado externo menos acessível, o Tesouro Nacional poderá ser obrigado a repassar um volume ainda maior de recursos para a instituição, que no ano passado recebeu nada menos do que R$ 55 bilhões.

O truque não passou despercebido pela auditora independente, que, em seu parecer sobre o balanço do banco, fez constar uma ressalva sobre essa forma de contabilização desigual do valor das ações. De fato, os lançamentos deveriam obedecer a um só critério, de acordo com os padrões contábeis internacionalmente aceitos, isto é, todas as ações que representam participação do banco em outras empresas deveriam ser lançadas pelo seu valor de mercado no momento de fechamento do balanço, independentemente da oscilação de suas cotações. A abertura de exceção para que um quarto dos papéis seja contabilizado de outra maneira é inteiramente discrepante das melhores práticas contábeis.

Não por acaso, as ações contabilizadas de "forma especial" são as mais afetadas pela desvalorização das cotações na Bovespa. Com a duplicidade de critérios, o banco pode pagar mais dividendos ao Tesouro, engordando o superávit primário.

Essas circunstâncias foram levadas em conta pela agência de classificação de risco Moody's, que rebaixou a nota do BNDES e do BNDESPar em dois degraus, passando-a de A3 para Baa2. Como motivos para sua decisão, a Moody's mencionou a "deterioração da qualidade de crédito intrínseca e, particularmente, o enfraquecimento de suas posições de capital de nível l". Essas razões podem ser discutíveis, mas inegavelmente criam um obstáculo à tomada de crédito no mercado internacional. (...)

Fontes do mercado e do próprio governo admitem que a maquiagem do balanço torna mais difícil a colocação de papéis do BNDES. Além disso, há restrições regulamentares que investidores institucionais, como fundos de pensão, devem obedecer para a aquisição de papéis de instituições cujos resultados sejam colocados em dúvida.

Ainda que os obstáculos venham a ser superados em negociações com investidores externos, o custo para o banco tende a ser maior. O mais lamentável em tudo isso é a ligeireza e a irresponsabilidade com que o governo agiu para obter um resultado a curto prazo, desprezando normas fundamentais para assegurar a credibilidade do balanço de uma instituição do porte e da importância do BNDES.

O balanço do BNDES - 1 de Abril de 2013 - O Estado de São Paulo

01 abril 2013

Xadrez II

O torneio de candidatos para decidir o desafiante ao campeão de xadrez Anand chegou ao fim ontem. Dois jogadores estavam disputando o primeiro lugar: o ex-campeão Kramnik e o jovem Carlsen. Kramnik é um russo que possui um estilo cauteloso, mas que tinha obtido três vitórias nos últimos três jogos. O norueguês Carlsen possui 22 anos e a maior pontuação entre os jogadores de xadrez: o seu rating é maior que Kasparov.

Na última rodada Carlsen iria enfrentar um jogador russo. Já Kramnik teria como adversário um ucraniano. O critério de desempate seria o número de vitórias e isto favoria Carlsen, que tinha 4 x 3 vitórias. Isto significava que se Carlsen obtivesse o mesmo resultado do adversário seria o desafiante ao título. Mas com 33 lances, Carlsen jogando de brancas estava em clara desvantagem. E dois lances depois comete mais um erro, permitindo a vitória do adversário em 48 lances. Bastava que Kramnik empatasse seu jogo. Mas o russo, jogando de pretas, comete um erro no 35o. lance e mais 12 lances depois reconhece sua derrota.

Como os dois jogadores não somaram pontos, terminaram o torneio com 8,5 pontos, empatados. E Carlsen levou o direito de desafiar o campeão. Um final bizarro.

Reajuste de bolsas de pós-graduação

A partir de 1º de abril, a bolsa de mestrado passará de R$ 1.350 para R$ 1.500, a de doutorado, de R$ 2.000 para R$ 2.200, e por fim, a bolsa de pós-doutorado será reajustada de R$ 3.700 para R$ 4.100. Este é o segundo reajuste em menos de um ano. Em maio de 2012, o governo federal também concedeu um reajuste de 10% para mestrandos, doutorandos, pós-doutorandos e alunos de iniciação científica.

Segundo o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, o novo reajuste faz parte da política para aumento do número de mestres e doutores na educação superior. “O reajuste de bolsas é fundamental para estimular jovens talentos”, salientou.

Nos últimos quatro anos, a Capes expandiu o Sistema Nacional de Pós-Graduação e aumentou a oferta de bolsas. Em 2008, havia cerca de 40 mil bolsistas no país. Em 2011, foram concedidas 72.071 bolsas de pós-graduação e 30.006 no Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid). Em 2012, foram mais de 127 mil bolsas em todas as modalidades. Já o CNPq, em todas as modalidades, no mesmo período, aumentou a oferta de bolsas de 63 mil para cerca de 81 mil.

Qualificação – A bolsa é um instrumento para viabilizar a execução de projetos científicos, tecnológicos e educacionais nas pesquisas e projetos apoiados pelos ministérios da Educação e da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).

O MEC e o MCTI, por meio da Capes e CNPq, mantém programas de qualificação na educação superior, entre eles, o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid) e o Ciência sem Fronteiras, que concede bolsas no exterior para alunos de graduação em cursos das áreas de exatas.

Antes do reajuste do ano passado, o último reajuste de bolsas de pós-graduação no país havia sido em junho de 2008, quando as de mestrado passaram de R$ 940 para R$ 1,2 mil e as de doutorado de R$ 1,3 mil para R$ 1,8 mil. Entre 2004 e 2008, houve três aumentos, em que as bolsas obtiveram reajuste de 67% sobre os valores de 2002.
(ACS/MEC)

Rir é o melhor remédio

1812 e o Theatro de S João

O Teatro São João era um edifício localizado em Salvador, Bahia, onde hoje se localiza a Praça Castro Alves. Foi construído em 1806, começando a funcionar em 1808.

O financiamento para construção do teatro foi bastante interessante: inicialmente pensou num sistema de cotas, mas depois surgiu uma loteria para financiar a construção. Em 1812 o jornal Idade D´Ouro, na sua edição 17, divulgava os bilhetes premiados no mês de fevereiro:


Seis dias depois, uma nova lista de premiados é divulgada no mesmo jornal, indicando que o financiamento para pagar as contas do teatro originou-se os incrédulos apostadores em busca de fortuna.

O Teatro de São João também passa para nossa história pelo pioneirismo na evidenciação contábil. Em 30 de janeiro de 1816, por exemplo, Manoel José de Mello, tesoureiro, publica no periódico baiano a conta de Receita e Despesa, que corresponderia a uma demonstração do resultado do exercício da época:


Podemos notar que as receitas provenientes da loteria são relevantes para manutenção do teatro. O balanço de 1815 não apresentava uma evidenciação tão boa quanto a demonstração de 1814, também publicada no Idade d´Ouro. Em duas páginas são evidenciadas as receitas e despesas do Teatro. A seguir a página referente às despesas, onde sobressaem os ordenados:

Neurociência, teoria dos jogos e chimpanzés

Margens e Impostos

Produtos industrializados custam entre o dobro e o triplo do preço no Brasil, em comparação com outros países. O que mais pesa são os impostos, a margem de lucro e o valor do real frente ao dólar. A ineficiência da indústria, a precariedade da infraestrutura e a baixa produtividade dos trabalhadores, combinada com seus salários em alta, são problemas adicionais. Os industriais, atacadistas e varejistas brasileiros ganham dinheiro de forma diferente dos de outros países capitalistas. Em vez de vender muito, ganhando pouco por unidade, eles vendem pouco, com larga margem de lucro.

O governo brasileiro, além de cobrar alíquotas altas, calcula os impostos também de forma diferente da de outros países. Se o produto vale R$ 100 e a alíquota é de 30%, o governo não cobra R$ 30. A alíquota é aplicada não sobre R$ 100, mas sobre R$ 130. Nesse exemplo, em vez de R$ 30, o governo recebe R$ 39. Os tributos vão sendo aplicados, uns sobre os outros, e a cada vez que o produto muda de mãos.

A pedido do Estado, a importadora Sertrading fez o cálculo dos impostos sobre três produtos - celulares, calças jeans e brinquedos. Considerando preço inicial de R$ 100 e margens de lucro de 10%, os celulares saltaram para R$ 278 (178% mais), as calças jeans, para R$ 308 (208% mais) e os brinquedos, para R$ 408 (308% mais).

O professor Alcides Leite, da Trevisan Escola de Negócios, pesquisou, para o Estado, os preços de iPad, tênis Nike, camisa Lacoste e o automóvel Corolla no Brasil, nos Estados Unidos, onde quem pode vai fazer compras, no México, país com nível semelhante de industrialização do Brasil, e na Itália, conhecida pela carga tributária e burocracia. Quando os preços são convertidos para reais, constata-se que todos custam mais caro no Brasil.

O Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário calculou então os impostos cobrados nos quatro países sobre esses quatro produtos. Mesmo subtraindo-se os impostos, continuam bem mais caros no Brasil.

Estudo do Sindipeças, o sindicado dos fabricantes de peças para automóveis, constatou que a margem de lucro das montadoras no Brasil é o dobro da média mundial e mais do triplo da dos EUA. Em média, as montadoras lucram 10% no Brasil, 5% no mundo e 3% nos EUA. Os impostos também são maiores: 32% no Brasil, até 16% no mundo e de 6% a 9% nos EUA. (...)

Baixaria



No início, os deuses da tecnologia criaram a internet e viram que era algo bom. Finalmente havia um espaço público com potencial ilimitado para um debate racional e uma troca de ideias, uma espécie de ponte para ampliar os horizontes ligando as muitas barreiras geográficas, sociais, culturais, ideológicas e econômicas que nos separam na vida, uma maneira de fazer as coisas livremente.

Mas então alguém inventou a seção de “comentários do leitor” e o paraíso foi perdido.

A internet, deve ser dito, ainda é um lugar maravilhoso para o debate público. Mas quando se trata de ler e compreender artigos online – como este, por exemplo – este meio pode ter um efeito surpreendente poderoso sobre a mensagem. Uma pesquisa feita por nós mostrou que comentários de alguns leitores podem distorcer, e muito, o que outros leitores acham daquilo que foi inicialmente informado nos artigos e notícias.

Mas, neste caso, não é o conteúdo dos comentários que importa. É o tom deles.

No nosso estudo publicado online no mês passado na revista acadêmica The Journal of Computer – Mediated Communication, nós dois e mais três colegas relatamos um experimento para medir o que pode ser chamado de “efeito grosseria”.

Selecionamos 1.183 participantes e pedimos para lerem cuidadosamente um post de um blog fictício em que eram explicados os riscos e os benefícios potenciais de um novo produto tecnológico chamado “nanopartícula de prata”. De acordo com o artigo no blog, estes elementos minúsculos de prata, mais finos do que 100 bilionésimos de um metro em qualquer dimensão, têm vários benefícios potenciais (como propriedades antibacterianas) e riscos (como contaminação da água).

Em seguida, os participantes eram instruídos a ler os comentários, supostamente publicados no blog fictício por outros leitores, para depois responder às perguntas sobre o conteúdo do próprio artigo.

Metade dos participantes foi exposta aos comentários de leitores mais civilizados e a outra metade, às opiniões mais grosseiras – em ambos os grupos, o conteúdo, a extensão e a intensidade dos comentários eram equivalentes, embora variassem entre os que apoiavam a nova tecnologia e os mais cautelosos em relação aos riscos.

A única diferença era que os comentários grosseiros continham palavrões ou insultos pessoais como “Se você não vê benefícios no uso da nanotecnologia neste tipo de produto, você é um imbecil” ou “Você é estúpido se não pensa nos riscos para os peixes, plantas e outros animais por causa da água contaminada com prata”.

Os resultados do experimento foram surpreendentes e perturbadores. Os comentários mais grosseiros não só polarizaram os leitores que participaram da pesquisa, mas com frequência mudaram a interpretação deles sobre o próprio conteúdo do artigo.

No grupo exposto às reações mais contidas, tanto os participantes que apoiaram a nova tecnologia quanto os que a desaprovaram ao ler o texto mantiveram sua opinião depois de ler os comentários. Já os outros participantes, que leram as manifestações grosseiras, ficaram depois com uma compreensão mais polarizada sobre os riscos da nanopartícula fictícia.

O simples fato de haver um ataque pessoal no comentário de um leitor foi suficiente para fazer os participantes pensarem que as desvantagens da tecnologia fossem maiores do que eles haviam imaginado antes ao ler o texto.

Embora seja difícil quantificar os efeitos distorcivos dessa grosseria online, ela ocorre de maneira substancial e particularmente – talvez ironicamente – na área do jornalismo científico.

Cerca de 60% dos norte-americanos que buscam se informar sobre assuntos científicos afirmam que a sua fonte primária de informação é a internet – ela aparece no topo sobre qualquer outra fonte de notícias.

Novas regras. A situação em que vivemos, de uma mídia online emergente, criou um novo fórum público sem as tradicionais normas sociais e o autocontrole que normalmente influenciam nossas trocas de ideias cara a cara com uma pessoa – e este meio determina cada vez mais aquilo que sabemos e o que achamos que conhecemos.

Claro que uma estratégia possível para diminuir o efeito da grosseria é fechar completamente o espaço de comentários, como algumas empresas de comunicação e blogueiros fazem. Por exemplo, o post no blog de Paul Krugman, no New York Times, publicado no dia que marcou os dez anos dos atentados de 11 de setembro de 2001, terminou simplesmente com: “não vou permitir comentários neste post, por razões óbvias”.

Outras organizações de mídia adotaram regras para favorecer a civilidade entre os leitores de seus sites ou para receber comentários de usuários mais moderados.

Mas, como dizem, é só para enxugar gelo. A interação do leitor é parte do que faz a internet ser a internet, como também o Facebook, Twitter e qualquer outra plataforma de mídia social. Este fenômeno só vai ganhar mais impulso à medida que avançamos para um mundo de celulares e TVs inteligentes em que qualquer tipo de conteúdo se incorpora imediatamente ao fluxo constante de comentários e aos contextos sociais.

É possível que as normas sociais neste admirável domínio novo mudem mais uma vez – e que os usuários passem a rejeitar ataques mesquinhos de alguém que assina com um pseudônimo e, em vez disso, cultivem o debate civilizado. Até então, tenham cuidado com o efeito grosseria.


O efeito da baixaria - 10 de março de 2013 - Estado de S Paulo - Link - / Tradução de Terezinha Martino - Dominique Brossard e Dietram A. Scheufele

Resumo: O Mundo é Plano II

Por Isabel Sales

Força nº 7.
Cadeia de Fornecimento
Comendo sushi no Arkansas
            Esse seção fala principalmente sobre o exemplo do Wal-Mart, que se tornou a maior rede de varejo do mundo. Todo seu sistema é eletrônico, desde a célula elétrica que lê o código de barra (futuramente trocado por chips, que já estão sendo implantados) das caixas dos produtos, braços elétricos separam o material de acordo com o destinatário, até o momento em que o cliente retira o produto da prateleira, mandando um sinal para que o fornecedor fabrique outro daquele item e o envie pela cadeia de fornecimento. O diferencial é o fato de serem mais espertos e mais rápidos na adoção de novas tecnologias do que todos os seus concorrentes.
            A experiência da cadeia foi compartilhada com os japoneses. Masao Kiuchi, principal executivo da loja japonesa Seiyu, conheceu o Wal-Mart em Dallas e ficou impressionado. Tentou aplicar as mesmas características em sua loja, com base em fotos tiradas em sua visita, mas seus colegas não se animaram. Por fim procurou o pessoal da cadeia e firmou uma pareceria em 31 de dezembro de 2003. o Wal-Mart comprou uma parte da Seiyu em troca de ensinar-lhes sua inigualável fórmula de colaboração: o uso de uma cadeia de fornecimento global para proporcionar aos consumidores os melhores produtos, pelos menores preços. A estratégia teve que ser adaptada apenas ao departamento de vendas de peixe cru, tradição japonesa.
            “Não há de ser nada. Se esperarmos só um pouquinho, tenho certeza de que, num futuro não muito distante, ainda veremos sushi no Wal-Mart”.
  
Força nº 8.
Internalização
O que é que aqueles caras de bermudão marrom andam fazendo
            Internalização (insourcing) é uma nova forma de colaboração e criação horizontal de valor dentro da própria empresa. Empresas como a UPS (United Parcel Service), entregadora de pacotes, investem em logística. Hoje possuem até departamentos de assistência técnica para eletrônicos e de criação de embalagens para seus fornecedores. Essa transformação ocorreu em conseqüência da busca pela qualidade da imagem da empresa. Se a embalagem estragasse ou a entrega de uma televisão que foi para o conserto atrasasse, a UPS era a culpada por seus clientes e não as outras empresas envolvidas no processo. Foram implantados processos de logística e rastreamento de última geração. Executivos da empresa oferecem palestras buscando otimizar os sistemas de seus clientes de forma a entrarem em harmonia com os padrões da UPS.
         “A UPS está desenvolvendo plataformas para que qualquer empresa possa se globalizar ou multiplicar a eficiência de sua cadeia de fornecimento global. É um setor de atuação inédito, mas a UPS está convencida de que as possibilidades são quase ilimitadas”.
  
Força nº 9.
In-formação
Google, Yahoo!, MSN Web Search
            Nunca antes, na história do mundo, tanta gente – por conta própria- teve a possibilidade de encontrar tantas informações sobre tantas coisas e sobre tantas outras pessoas.
            O Google facilita o acesso a todos os conhecimentos do mundo em todos os idiomas. Informações antigamente restritas, ou adquiridas com dificuldades, hoje estão disponíveis facilmente.
            Os buscadores se enquadram no conceito de colaboração pela “in-formação” - o equivalente individual ao código aberto, à terceirização, à internalização, à cadeia de fornecimento e ao offshoring. In-formar consiste na possibilidade de construir e estruturar sua cadeia de fornecimento pessoal, de informação, conhecimentos e entretenimento. É uma espécie de autocolaboração: você se torna seu próprio pesquisador, editor e selecionador de entretenimento, gerindo-se e delegando tarefas a si próprio, sem precisar recorrer a bibliotecas, cinemas ou redes de televisão, trata-se de buscar conhecimento, procurar pessoas e comunidades de mentalidade semelhante. A fantástica popularidade do Google, que levou o Yahoo! E a Microsoft (representado pelo novo MSN Search) a também fazerem das buscas em profundidade e da in-formação recursos de destaque em seus respectivos sites, mostra o quanto as pessoas estão famintas por esse tipo de colaboração.
            O capítulo exemplifica as possibilidades desses sites, como a investigação da vida das pessoas (um futuro colega de quarto, um recém conhecido), a facilidade para encontrar CEPs e endereços, além de restaurantes perto de casa. Fala também da aquisição da Keyhole pelo Google que se transformou no Google Earth.
  
Força nº 10.
Esteróides
Digital, móvel, pessoal e virtual
            Carly Fiorina, ex-principal executiva da HP, costumava dizer que a tecnologia será realizada de modo “digital, móvel, virtual e pessoal”. Por “digital” quer dizer que graças às revoluções do PC, Windows, Netscape e fluxo de trabalho, todos os conteúdos e processos analógicos estão sendo digitalizados, o que permitirá que sejam moldados, manipulados e transmitidos pelo computador, pela Internet, via satélite ou por cabos de fibra óptica. “Virtual” significa que esse processo de moldar, manipular e transmitir o conteúdo assim digitalizado pode se dar a altíssima velocidade e muito facilmente, de modo que não será preciso sequer parar para pensar a respeito – graças a todas as auto-estradas, protocolos e padrões digitais subjacentes já instalados. “Móvel” refere-se ao fato de que, graças à tecnologia sem fio, tudo isso pode ser feito de qualquer lugar, com qualquer um, por meio de qualquer dispositivo, e pode ser levado para toda parte. Por fim, é “pessoal” porque pode ser feito por você, no seu próprio aparelho.
            Aqui fala-se da facilidade de compartilhamento de arquivos como o realizado pelo programa Napster (fechado por determinação judicial, em virtude de violação de direitos autorais, e só pode retornar em 2003), dos telefones via Internet (VoIP) como o Skype e das futuras possibilidades tecnológicas como a aposentadoria dos fios.


Capítulo Três: A Tripla Convergência

Por volta do ano 2000, todas as dez forças começaram a convergir, interagindo de maneira a gerar um novo campo global, mais nivelado. À medida que este se consolidava, pessoas físicas e jurídicas começaram a adotar novos hábitos, habilidades e processos, a fim de explorar ao máximo as novas possibilidades. Assim, os modos de criação de valor até então vigentes, eminentemente verticais, foram sendo pouco a pouco substituídos por outros, mais horizontais. O encontro desse novo campo para operação com as novas formas de atuação constituiu a segunda convergência, que na verdade ajudou a achatar a Terra mais ainda. Por fim, enquanto acontecia todo esse nivelamento, entrou no jogo um novo grupo de pessoas – bilhões delas, na verdade, oriundas da China, Índia e antigo Império Soviético – e, graças ao novo plano e suas novas ferramentas, muitas delas logo tiveram condições de entrar no jogo da colaboração e concorrência direta com os demais. Foi a terceira convergência.

Xadrez

Ocorre hoje, a partir das 10 horas de Brasília, a última rodada do torneio de candidatos a desafiante do campeão mundial de xadrez, o indiano Anand. A Fide, a entidade que organiza o xadrez no mundo, reuniu oito jogadores em Londres, incluindo os quatro melhores no rating, o desafiante do ano passado e três jogadores que venceram torneios. A disputa envolve turno e returno, num total de 14 rodadas.

Na sexta rodada o norueguês Carlsen – o melhor do mundo – e o armênio Aronian - o segundo melhor, dividiam a liderança com 1,5 ponto dos demais. Neste torneio cada vitória ganha um ponto e o empate 0,5. Na oitava rodada, o russo Kramnik, antigo candidato ao título, ganhou em reduziu a vantagem para um ponto, já que Carlsen e Aronian empatavam seus jogos. Na rodada seguinte, Aronian perde seu jogo e Carlsen, com um empate com Kramnik, isola na liderança. A décima rodada mantem as posições, mas Kramnik diminui a diferença de Carlsen a rodada seguinte, já que Aronian perdeu seu jogo.

A 12ª. rodada, que foi jogada na sexta, foi dramática. Kramnik venceu Aronian e praticamente tirou o armênio da disputa. Pressionado, o jovem Carlsen sentiu e perdeu sua partida. Com isto, Kramnik passa a ser líder isolado do torneio. Ontem, na 13ª. rodada, Kramnik teve chances de vencer, mas preferiu um conservador empate. Como precisa vencer, Carlsen fez um jogo de sete horas e forçou o erro do jovem Radjabov, o quarto melhor jogador do mundo pelo rating. Assim, Carlsen empatou com Kramnik na liderança, mas terá a vantagem do desempate. Você poderá acompanhar os jogos aqui.