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02 novembro 2012

Relação com Investidores: Disney e LucasFilm


Eu já fiquei super contente quando li, aqui no blog, que a Disney comprou a LucasFilm. (Ah!!! O potencial!!!) Hoje eu estava conversando com o Ednilto Júnior (amigo e leitor do blog) sobre como será legal se eles dedicarem uma área à LucasFilm nos parques (afinal, a Disney Hollywood Studios criou uma parte dedicada à Pixar. Nada mais justo). Atualmente existe o simulador “Star Tours”... mas né! Dá pra dar uma investida mais considerável!

Desligamos o telefone e como toda Disneyana-Star-Wars-Fanatic fui dar uma olhada pelo espaço cibernético a procura de mais alguma informação sobre a aquisição... Sim! A primeira coisa que eu li foi: “Star Wars fará parte de Parque Temático”. Ah!!! Ok, a gente já sabia. Mas é tão bom poder ler ali, aquelas belas letrinhas que nos permitem sonhar com o mundo mágico Disney preparando um Império Galáctico. Ah!!! Suspiro.

Mas fui na página de relação com investidores da The Walt Disney Company e, olha que legal:

- Inicialmente, para quem não sabia (e não foi meu aluno porque eu vivo dando um jeito de falar sobre as informações financeiras da Disney em sala de aula), além da LucasFilm, a Disney inclui em seu portfolio a ESPN, a Pixar, a Marvel e a ABC.

- Nos termos do acordo e com base no préço acionário das ações da Disney em 26 de outubro de 2012, o valor da transação é US$ 4,05 bilhões, com a Disney pagando aproximadamente metade do montante em dinheiro e emitindo aproximadamente 40 milhões de ações. A consideração final será sujeita a ajustes costumeiros pós fechamento de balanço.

- A Aquisição combina "duas marcas de entretenimento familiar extremamente compatíveis e reforça o duradouro relacionamento entre elas", que já inclui a integração com sucesso de conteúdos de “Star Wars” nos parques da Disney em Anaheim, Orlando, Paris e Tóquio.

Por hoje valeu, querida The Walt Disney Company. Mas aguardamos mais informações!



Corrupteca


 Fruto de parceria inédita entre a Universidade de São Paulo e o jornal O Estado de S. Paulo, a partir desta quinta-feira, 1, todo cidadão brasileiro com acesso à internet poderá frequentar a Corrupteca - traduzindo, a maior biblioteca digital especializada em corrupção do mundo.
E não só: ao ingressar via online na biblioteca, o usuário poderá acessar tudo o que foi publicado sobre o tema corrupção no Estado desde a fundação do jornal, em 1875. Além da parceria entre universidade e o jornal, o terceiro pilar deste acervo documental é a Open Archives Initiative (OAI), entidade que se dedica a interligar conteúdos digitais do meio acadêmico, subvencionada por instituições americanas como a Andrew W. Mellon Foundation, a Coalition for Networked Information, a Digital Library Federation e a National Science Foundation.
Voltada para um fenômeno de alta incidência no Brasil e em várias partes do mundo, a Corrupteca nasceu em discussões acadêmicas no Núcleo de Pesquisas em Políticas Públicas da USP (Nupps), por sua vez ligado à reitoria da universidade e dirigido pelo cientista político José Alvaro Moisés. Portanto, será por meio do endereço eletrônico do núcleo -nupps.usp.br/corrupteca - que o ingresso será feito, a partir desta quinta. Ao entrar no site, o usuário da biblioteca também poderá ser direcionado ao Acervo Estadão, com acesso irrestrito para assinantes.
Fonte: aqui
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Nome de proa na ciência política da Universidade de São Paulo (USP), José Álvaro Moisés lançará em breve A desconfiança política e o seu impacto na democracia (Edusp), fruto de pesquisa sobre a evolução da polícia e do Judiciário no quadro institucional brasileiro. Dedica pelo menos quatro capítulos do livro à análise da corrupção. Na entrevista a seguir, o professor conta como concebeu a ideia de criar um acervo digital sobre o tema.

Corrupção custa ao País R$ 10 bi ao ano, avalia Moisés - Marcio Fernandes/Estadão
Marcio Fernandes/Estadão
Corrupção custa ao País R$ 10 bi ao ano, avalia Moisés
O que o levou a investigar a qualidade da nossa democracia?
O Brasil se consolidou, nos últimos 25 anos, como uma das maiores democracias de massas do mundo. Ciclos eleitorais se sucedem normalmente, garantindo a alternância do poder. Somos mais livres hoje, com direitos políticos e sociais mais garantidos. Ainda assim, distorções continuam afetando o funcionamento da democracia. O abuso do poder e a corrupção são os exemplos mais visíveis. A competição eleitoral sob forte influência do poder econômico, dando origem ao caixa 2, é outro aspecto a considerar. Mulheres ainda têm menos de 10% da participação no parlamento e nos partidos. O executivo domina a agenda do parlamento e este, por sua vez, encontra-se limitado em suas funções de fiscalização e controle. Contabiliza-se 1 milhão de pessoas assassinadas no País nos últimos 27 anos. E continuamos a ser um dos países mais desiguais do mundo. Tudo isso mostra que temos democracia no Brasil, mas a sua qualidade está em questão.
Qual seria a amplitude da corrupção na sociedade brasileira?
Embora esteja se consolidando no País um sistema mais rigoroso de fiscalização, como demonstra a atuação do Ministério Público, da Polícia Federal, da Controladoria-Geral da União e também do Supremo Tribunal Federal, a nossa conclusão é a de que a corrupção perpassa todas as esferas da vida política e administrativa no Brasil. Hoje calcula-se que o ônus anual da corrupção no País esteja na casa dos R$ 10 bilhões. O que, por si só, já dá uma ideia das políticas sociais que deixam de ser realizadas por causa disso.
Por que montar uma Corrupteca a partir do Brasil?
Há tempos vínhamos considerando que, para avaliar o impacto da corrupção na vida política do País, seria necessário ampliar a base de conhecimento empírico do fenômeno. Nas últimas décadas, os escândalos se sucederam, mas nem sempre a mídia e a academia conseguiram acompanhar o desenvolvimento dos inúmeros casos, a sua natureza, os processos judiciais e o seu desfecho. Na medida em que a corrupção afeta, por exemplo, os investimentos do Estado em políticas públicas, é importante saber o que aconteceu nos diferentes episódios, se houve condenações, se os responsáveis estão devolvendo o dinheiro roubado, enfim, tudo isso é fundamental para qualificar as escolhas do cidadão e assegurar que ninguém está acima da lei. Por isso tivemos a ideia de criar uma ferramenta capaz de municiar pesquisadores, jornalistas e formadores de opinião, com dados e análises. Já existem exemplos de casos de corrupção no Brasil que passaram por apuração, investigação, julgamento, condenação e resultaram no retorno de boa parte dos recursos subtraídos, como aquele vinculado à construção de um tribunal em São Paulo e o desvio de milhões do INSS, anos atrás. Mas em geral não se sabe que tais casos foram apurados até o fim e que os desvios estão sendo corrigidos. Fica sempre a impressão da impunidade total.

Fonte: aqui

Desenvolvimentistas, ex-alcoólatra e cerveja


Os desenvolvimentistas ficaram longe do comando da política econômica no país da volta das eleições livre até o fim do governo Lula, com exceção do relâmpago governo Itamar e suas políticas pró-fusquinhas.

Nesse período, talvez justamente por causa disso, o país conseguiu realizar dois importantes avanços: econômico, com a estabilidade macroeconômica, e social, com uma melhora na distribuição de renda e no padrão de vida do brasileiro médio.

Mas, no governo Dilma, infelizmente eles voltaram. Não é difícil entender como conseguiram, mas é fácil ver que é algo a se lamentar.De fato, com a crise mundial, vários governos passaram a adotar políticas impensáveis há pouco tempo.

O governo suíço estabeleceu um piso para a sua moeda. O Fed (banco central americano) escolhe setores a serem beneficiados através da compra de papéis diretamente no mercado. O governo americano assumiu a gestão de empresas para evitar a falência. O governo argentino persegue consultorias com previsões de inflação diferentes das oficiais, expropria empresas e impõe controles comerciais e cambiais.

Parece que, de repente, todos os experimentos econômicos, por mais esdrúxulos, são permitidos para substituir o fracasso do mercado. No Brasil, os desenvolvimentistas voltaram com o seu receituário para resolver os problemas do país.

Eis: basta desvalorizar a moeda, reduzir a taxa de juros para padrões internacionais e com isso obter maiores taxas de crescimento, mesmo com a inflação mais alta. Basta escolher os setores da indústria a serem beneficiados com crédito subsidiado, aumento das alíquotas de importação, redução selecionada de impostos, estabelecimento de um mínimo de conteúdo nacional na compra governamental.Voltar com essa mesma combinação de políticas fracassadas no passado é esquecer as lições da história.

Em primeiro lugar, o Banco Central do Brasil deveria continuar com um único mandato: baixa inflação. Num país com tradição de taxas de inflação elevadas, brincar com a inflação é um crime. É oferecer uma cervejinha para um ex-alcoólatra. É arriscar com a volta da indexação da economia, com consequências nefastas para os ganhos sociais dos últimos anos. Política monetária simplesmente não é capaz de gerar crescimento econômico sustentado.

O argumento de que até o país mais desenvolvido do mundo, os EUA, tem um duplo mandato para a política monetária (e que portando deveríamos imitá-lo) é um equívoco.
Os EUA estão em guerra contra a depressão econômica. Numa guerra vale muita coisa. Mas essa certamente não é a situação brasileira.

Desenvolvimentistas se inspiram nas experiências asiáticas para justificar a escolha de setores prioritários da indústria. Mas mesmo os burocratas considerados mais competentes do mundo, os japoneses, escolheram, em geral, empresas "losers" em vez de "winners" na implantação da sua política industrial. Na Coreia, os setores beneficiados não registraram taxas de crescimento da produtividade maiores do que os demais, e várias empresas beneficiadas simplesmente faliram. Uma leitura mais apropriada é que os países foram bem sucedidos apesar da intervenção dos seus burocratas.

Mesmo que burocratas asiáticos soubessem escolher os setores de forma apropriada, os nossos não sabem. A nossa experiência atesta que quem se beneficia das benesses governamentais, em geral, são empresas grandes, com poder de pressão e lobby, e em setores com déficit comercial, sem relação com eficiência.

Quem paga a conta são os consumidores e os produtores (que se tornam ineficientes), obrigados a comprar, respectivamente, produtos e insumos caros e de baixa qualidade.
O peruano Álvaro Vargas Llosa escreveu os livros "Manual do Perfeito Idiota Latino-Americano" (Bertrand Brasil) e "A Volta do Idiota" (Odisseia), este se referindo ao retorno do velho populismo na região, com Hugo Chávez, Evo Morales e Néstor Kirchner. O termo é ofensivo, talvez apropriado para os políticos. No caso dos desenvolvimentistas, cabe lamentar a volta do perfeito fracassado brasileiro.

Frase

"Ser pai sem possuir senso de humor, é como ser um contador que é péssimo em matemática".


Livros: balcão de informações e bicho estranho

Os estudantes de Arquitetura - Universidade de Tecnologia de Delft - criaram um balcão de informações com livros.


Crianças cutucando o "bicho estranho":


Fonte: Arquitêta

01 novembro 2012

Rir é o melhor remédio

Fonte: aqui

Dificuldade de contratação na área de finanças

Do G1, em São Paulo. Indicado por Glauber Barbosa, a quem agradecemos.

A escassez de profissionais qualificados na área financeira tem se agravado no Brasil, de acordo com pesquisa global da Robert Half, empresa de recrutamento especializado - 90% dos CFOs brasileiros estão preocupados com a perda de colaboradores de alto desempenho nos próximos 12 meses. Os executivos brasileiros lideram o “ranking de preocupação à frente de outros 14 países e grandes centros participantes. No início deste ano o mesmo levantamento mostrou apenas 71% dos executivos do país preocupados.

Além da preocupação com a retenção de profissionais ter se agravado, os CFOs do país também estão com mais dificuldades de contratar. De acordo com 95% dos entrevistados, encontrar mão de obra qualificada na área financeira está ao menos um pouco desafiador. No levantamento realizado no início deste ano o índice era de 77%.

Entre os cargos com maior demanda estão gerente contábil, contador, gerente fiscal e diretor financeiro.
Segundo Marcela Esteves, gerente da divisão de finanças e contabilidade da Robert Half, a preocupação é fruto da constante expansão das equipes financeiras nos últimos anos. “O crescimento da economia, aliado ao número de empresas investindo no Brasil, tem resultado na busca contínua por profissionais qualificados”, diz a executiva. “Os melhores talentos acabam sendo disputados pelas empresas, gerando inflação salarial e atenção com a retenção, já que é cada vez mais difícil contratar e repor as ‘peças’”.

Promiscuidade financeira

O Estado de S.Paulo - 27/10

A dívida pública federal continua aumentando, apesar da redução da taxa básica de juros desde o fim de agosto de 2011, e atingiu em setembro R$ 1,9 trilhão, com acréscimo de 20,7% em nove meses. Só de agosto para setembro a variação foi de R$ 37,6 bilhões, 2,1% em um mês. O resultado teria sido mais favorável, neste ano, se o governo houvesse abandonado a política de alimentar com dinheiro do Tesouro os cofres de suas instituições financeiras. Só em setembro foram transferidos R$ 21,1 bilhões ao Banco do Brasil e à Caixa Econômica Federal, sob a forma de empréstimos. A maior parte da emissão líquida de títulos da dívida - R$ 23,6 bilhões - foi destinada a levantar recursos para essas transferências. O resto do aumento da dívida ocorreu pela incorporação de juros.

O repasse de dinheiro a bancos federais intensificou-se a partir da primeira fase da crise internacional, em 2008-2009. Esses aportes, segundo o governo, deveriam servir para a reativação da economia por meio da expansão do crédito. O Programa de Sustentação de Investimentos, destinado a apoiar as operações do BNDES, teria curta duração, segundo se anunciou. Seria mantido apenas como instrumento de suporte à economia afetada pela recessão nos grandes mercados desenvolvidos. A promessa foi esquecida, no entanto, e o programa se manteve.

O Tesouro Nacional vem-se endividando tanto para capitalizar diretamente as instituições federais quanto para ajudá-las por meio de empréstimos - de fato, transferências sem volta. Em 2012 já foram entregues R$ 61,1 bilhões ao BNDES, ao Banco do Brasil e à Caixa. Mais R$ 20 bilhões para o BNDES foram programados para este mês.

Na prática, o Tesouro vem operando como se fosse um grande fundo bancário. Isso ultrapassa amplamente as funções adequadas ao principal órgão gestor dos recursos fiscais. Como a União é acionista daqueles bancos, cabe ao Tesouro participar das operações de capitalização, nos momentos adequados. Não lhe cabe, no entanto, alimentar o caixa dessas instituições por meio de empréstimos, e muito menos de empréstimos de retorno altamente duvidoso.

Com essa orientação, o governo restabelece perigosa promiscuidade entre o Tesouro e os bancos oficiais. Essa relação perigosa foi aceita como normal durante longo período. As consequências foram desastrosas para as contas públicas, para a política monetária e, naturalmente, para os preços.

A alimentação do crédito oficial com recursos do Tesouro contribuiu para o descontrole inflacionário e para a desordem monetária e fiscal dos anos 80. Um primeiro passo para a reorganização da economia nacional foi dado no final daquela década, com a extinção da chamada conta movimento, o canal de transmissão dos recursos. Pelo menos esse problema estava resolvido, quando se lançou, em 1994, o Plano Real.

A crescente promiscuidade entre o Tesouro e os bancos federais é um perigoso retrocesso. É uma das manifestações do voluntarismo característico da atual política econômica. Esse estilo de administração se tornou mais evidente a partir do segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e foi mantido na atual gestão.

A política voluntarista prejudicou a gestão e os planos da Petrobrás, desorganizou os preços e afetou o mercado de combustíveis. O mesmo padrão é seguido pelo governo, hoje, em vários setores da gestão econômica - na impropriamente chamada política industrial, na política monetária, cada vez mais dependente da orientação do Palácio do Planalto, e, de novo, na administração das estatais.
Não se desorganiza uma economia de um dia para o outro. Mas o resultado é certo, quando a visão de curto prazo começa a comandar os domínios da ação de governo, a começar pela política fiscal. Já não há dúvida quanto ao abandono dos vetores mais importantes da gestão macroeconômica - as metas de inflação, o compromisso com o resultado primário das contas públicas e o câmbio flutuante. A insistência no uso do Tesouro como instrumento da política de crédito reforça essa tendência.

Felicidade

As medidas sobre a felicidade de um país está em voga. Mas existe um perigo:

(...) os governos podem manipular os resultados de pesquisas felicidade mais do que podem ortodoxos indicadores econômicos. Por exemplo, você pode aumentar relatou a felicidade através do levantamento de pessoas na sexta-feira (pdf), em vez de segunda-feira, e não fazer perguntas sobre política antes das perguntas sobre a felicidade. E isso sem mencionar métodos menos profissionais: "aqui está uma foto de um gatinho. Quão feliz você é?"

Gostaria de acrescentar outro perigo - que se os governos se concentrar mais em felicidade, eles terão incentivos mais fortes para divulgar ideologias que diminuem as expectativas das pessoas. Se você pode convencer as pessoas de que a pobreza é inevitável, você pode reduzir o descontentamento, mesmo se isto aumenta a injustiça.

Fonte: Aqui

PMEs 2

Elaboradas pelo Iasb (International Accounting Standards Board) na década passada, as normas IFRS visam instaurar uma linguagem contábil padrão no planeta, o que tornaria as informações mais acessíveis e transparentes em todas as operações. O Brasil passou a adotar as normas em 2007, primeiramente para as companhias abertas, que estão sob regulação da CVM. A adoção para as pequenas e médias no país veio em 2010. "Esta é uma norma para ser aplicável em torno de 95% das companhias ao redor do mundo", disse David Tweedie, chairman do Iasb a respeito do IFRS-PME.

Para Robson Rodrigues, sócio de auditoria da Ernst & Young Terco, a consolidação das normas até mesmo para as pequenas e médias empresas é um caminho sem volta. "A perda de credibilidade em relação às demonstrações financeiras será a consequência natural para as pequenas e médias companhias que não se ajustarem às novas normas contábeis. As dificuldades principais estarão na obtenção de financiamentos com taxas reduzidas, parcerias com outra empresas ou sócios investidores", afirma ele.

A adequação também contribui para eventuais decisões futuras, como, por exemplo, no caso de a companhia optar por ingressar no mercado de capitais, uma vez que o IFRS é uma exigência do órgão regulador dentro das boas práticas de governança.

Para a advogada Juliana Porchat de Assis, do escritório Trench, Rossi&Watanabe, todas as companhias devem adotar as novas normas, independente do fato de não haver punições específicas para pequenas e médias. "Os investidores estrangeiros já incorporaram as normas IFRS em suas políticas de compliance. É uma questão prioritária em casos de fusões e aquisições, principalmente por dar mais clareza e transparência aos agentes que não são residentes no país", diz.

Com relação às punições previstas aos profissionais de contabilidade no caso de não cumprimento das regras (que vão da advertência até suspensão de um ano), a advogada desconhece casos desta natureza, mas não descarta ocorrências no futuro, quando estiverem mais disseminadas.

Ainda no campo legal, o advogado e contador Pedro Cesar da Silva, da Athros-ASPR, revela conhecer uma situação em que, durante um processo licitatório, uma concorrente ingressou com recurso contra a vencedora por esta não estar com suas demonstrações contábeis em conformidade com as novas normas.

Para o auditor Celso Malimpensa, da PriceWaterhouseCoopers, os balanços com base em IFRS são uma referência para os agentes financeiros na hora de analisar solicitações de crédito. "O detalhamento das notas explicativas de um balanço em IFRS é mais completo e traz mais informações sobre as operações e a forma que a empresa atua no mercado, o que ajuda a compreender melhor como é a sua exposição aos riscos". Segundo Malimpensa, os profissionais que atuam nas áreas de crédito dos bancos estão familiarizados com a leitura em IFRS.

Curiosamente, apenas 25% dos bancos (os de capital aberto) elaboram seus balanços em IFRS. Esta flexibilidade é admitida pela Banco Central devido ao seu forte poder fiscalizador junto às instituições para verificação do níveis de exposição ao risco e informações de alavancagem.


Normas criam linguagem acessível nas operações - Valor Econômico - 1 de novembro de 2012

PMEs

Apesar da obrigatoriedade expressa pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC) em 2010, a adoção das normas contábeis IFRS (International Financial Reporting Standards) pelas pequenas e médias empresas (PME) caminha a passos lentos no Brasil. A norma baixada pelo CFC, conhecida como CPC-PME, estabelece que as pequenas e médias empresas devem apresentar as demonstrações financeiras de acordo com os padrões internacionais até janeiro de 2013 por meio de um modelo simplificado chamado "IFRS-PME".

Porém, grande parte das companhias ainda não procedeu os ajustes necessários. Por ser um órgão regulador sem poder de fiscalização junto às empresas, o CFC não pode multar as companhias que não se adequarem às novas normas contábeis. Eventuais punições podem atingir apenas os contadores, em casos onde for comprovada má fé ou desrespeito às normas do IFRS.

Para os padrões contábeis, o critério de pequena e média empresa segue a Lei 11.638/07, que fixa que as companhias de grande porte são aquelas que possuem ativos totais acima de R$ 240 milhões e faturamento anual maior do que R$ 300 milhões. Estas são obrigadas a adotar o padrão "IFRS Full (ou Pleno)", desde o ano de 2007, bem como também todas as companhias de capital aberto, aquelas empresas que captam recursos externos e as que participam de licitações públicas. O grau de exigência varia conforme o órgão regulador. No Brasil, além do CFC, há a CVM (Comissão de Valores Mobiliários), a Susep (Superintendência de Seguros Privados) e o Banco Central (BC).

Segundo Luís Fagundes, gerente de negócios da consultoria FTI Consulting, há um descompasso entre as exigências contábeis e a Receita Federal, o que faz com que o trabalho dos escritórios de contabilidade tenha um custo mais elevado para as pequenas e médias empresas, que acabam optando por postergar os ajustes a serem feitos.

"O balanço de acordo com o IFRS resulta em um novo cálculo de lucro, mas a Receita adota uma metodologia antiga de cálculo, o que obriga duas escriturações distintas", afirma Fagundes. Segundo ele, essa dissonância não ocorreu no caso das grandes companhias devido ao acelerado processo de convergência junto aos órgãos reguladores.

Pesa ainda nessa questão, diz o gerente da FTI Consulting, a falta de organização e controles internos das empresas em trazer para a contabilidade as informações precisas para compor o balanço em IFRS. É o caso dos ativos imobilizados, que tradicionalmente eram descritos nos demonstrativos com valores mais intuitivos do que propriamente de mercado. Dentro do padrão IFRS, esses ativos devem ser dispostos com o seu valor real de mercado [?] e com previsão de depreciação para os anos seguintes.

Já as notas explicativas passam também a ser mais detalhadas, principalmente no que diz respeito a operações financeiras realizadas, política de riscos, perdas e operações de eventuais coligadas. Além de novas metodologias, afirma Fagundes, como no caso de leasing. "Antes, o leasing era considerado despesa e agora é contabilizado como financiamento. Esta mudança impacta no balanço final", diz.

Descompasso entre as novas exigências e a Receita Federal eleva o custo dos escritórios de contabilidade

A desinformação do próprio mercado também contribui para a baixa adesão. É o que constata Rogerio Kita, da NK Contabilidade, que possui cerca de 280 clientes enquadrados no IFRS-PME. "Apesar da nossa recomendação, apenas 50% dos clientes se adequaram às normas. Há contadores que não conhecem a fundo o IFRS". O problema, afirma Kita, não está nos 35 capítulos do IFRS-PME, e sim na estrutura da companhia.

'Muitas vezes, os gestores não passam as informações exatas. A vida útil de um bem deve vir por meio de um laudo técnico, do contrário o contador pode ser penalizado futuramente. Há ainda distintos graus de dificuldade conforme o ramo da empresa. "Em indústrias, o trabalho é maior devido ao volume de ativos. Já em empresas de serviços e comércio as práticas são mais tranquilas", afirma.

Voltada ao comércio de medicamentos, a 4BIO optou em 2011 pelo padrão IFRS PME. Com faturamento anual de R$ 70 milhões, a companhia está sediada em São Paulo e conta com uma filial em Palmas, capital de Tocantins. "Ao entrarmos na companhia percebemos que os ativos imobilizados estavam defasados, como móveis e equipamentos. Contratamos uma empresa para avaliação, adequamos alguns lançamentos, organizamos o demonstrativo das mutações do patrimônio líquido e ampliamos o detalhamento das notas explicativas", afirma Fernando Moreira, diretor da One Assessoria Contábil, responsável pela contabilidade da 4BIO.

Para alcançar os resultados previstos, foi montada uma base dentro da empresa para melhor trânsito das informações. "Nesse ano, finalizaremos todo o processo. Com certeza, o trabalho propiciou mais transparência da empresa junto ao mercado", diz.

Na maioria das vezes, a empresa que busca se adaptar ao IFRS o faz movida pela exigência legal. Há mais de 20 anos no mercado, o contador e advogado Pedro Cesar da Silva, diretor da Athros-ASPR, afirma ser raro o caso em que uma empresa adota o IFRS-PME por questões de governança ou pesando em um planejamento a longo prazo.

"Quando somos procurados, é porque a empresa precisa buscar financiamento em bancos ou no BNDES ou está em processo de negociação. E, nestes casos, o mercado exige transparência absoluta de todas as informações contábeis". Segundo Silva, o empresário brasileiro padece de uma cultura na qual a contabilidade é um meio voltado unicamente para o Fisco.

"Nosso desafio é mostrar que o trabalho vai além. Notamos que os gestores de pequenas empresas muitas vezes são resistentes ao passar determinadas informações, entendendo que são estratégicas. O que precisa mudar é a forma de trabalhar com dados mais transparentes", afirma.

Para Ricardo Lopes Cardoso, professor de Contabilidade da FGV-Rio, uma solução para estimular principalmente as empresas de menor faturamento seria um modelo ainda mais simplificado que o atual. Apesar de considerar o modelo IFRS-PME compatível, Cardoso leva em conta a contradição entre o conceito de pequena e média empresa do ponto de vista contábil e tributário - caso das empresas enquadradas no Simples, com faturamento de até R$ 360 mil.

"O dono de uma lanchonete tende a achar que não vale a pena fazer o balanço pelo IFRS", diz. Para contornar este paradoxo, o CFC estuda implantar um modelo específico para micro e pequenas empresas com faturamento até R$ 3,6 milhões. Esse modelo terá apenas 13 páginas. Apenas como comparativo, o modelo IFRS Full conta com 2.700 páginas.

Adoção do padrão IFRS anda a passos lentos entre PMEs - 31 de Outubro de 2012 - Valor Econômico - Guilherme Meirelles

Práticos

O Brasil está prestes a mudar o centenário e milionário serviço de praticagem — que consiste no apoio para que navios cheguem aos portos com profissionais, os práticos, treinados para conduzi-los nos estreitos canais de acesso aos terminais. A Marinha reconhece que poderá dispensar, já a partir do ano que vem, a contratação do serviço de assessoria aos comandantes de navios habituados a certos terminais portuários.

Outra mudança efetiva poderá surgir de um comitê que está sendo criado pelo governo para rever os altos custos, que, segundo levantamento dos armadores, são até 1.000% superiores aos registrados em países vizinhos, o que compromete a competitividade nacional. Além disso, cria uma elite de cerca de 400 profissionais no país que, não raro, recebem até R$ 150 mil mensais, ou até R$ 300 mil mensais no Maranhão.

Empresários do setor de navegação afirmam que os custos dos serviços de praticagem nos portos brasileiros estão entre os mais altos do mundo. E citam o preço para atracar navio médio (de 20 mil a 30 mil toneladas) no Porto de Paranaguá (PR): R$ 28.241,18 (pouco mais de US$ 14 mil) para operação que leva em média duas horas. Nos Estados Unidos, em portos com características próximas às de Paranaguá, dizem eles, como o de Brownsville, no Texas, no Golfo do México (também terminal de escoamento de grãos), o preço da atracação é US$ 5.712 (cerca de R$ 11 mil).

— Não queremos que os práticos ganhem mal, mas os valores que cobram aqui são estratosféricos — diz um empresário que não quis ser identificado.

De acordo com os armadores, a diferença é ainda maior na comparação com portos chilenos: lá são cobrados US$ 1.287. Ou seja, o serviço brasileiro é 987% mais caro. (...)

Fonte: O Globo