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03 maio 2012

Garrincha e a Teoria dos Jogos


Conta a lenda que na Copa de 1958, durante a preleção antes do jogo contra a antiga União
Soviética, o técnico brasileiro Vicente Feola reuniu os jogadores e combinou a estratégia da partida. Segundo Nelson Correa, foi algo assim:

"No meio de campo – dizia Feola – Nilson Santos, Zito e Didi trocariam passes curtos para atrair a atenção dos russos… Vavá puxaria a marcação da defesa deles caindo para o lado esquerdo do campo… Depois da troca de passes no meio do campo, repentinamente a bola seria lançada por Nilton Santos nas costas do marcador de Garrincha. Garrincha venceria facilmente seu marcador na corrida e com a bola dominada iria até à área do adversário, sempre pela direita, e ao chegar à linha de fundo cruzaria a bola na direção da marca de pênalti; Mazzola viria de frente em grande velocidade já sabendo onde a bola seria lançada… e faria o gol!

Garrincha com a camisa jogada no ombro, ouvia sem muito interesse a preleção, entre divertido e distraído, e em sua natural simplicidade perguntou ao técnico: “Tá legal, ‘seu’ Feola!… Mas o senhor já combinou tudo isso com os russos?”

Luis Nassif lembrou bem que "uma das características de qualquer ser humano racional, cartesiano, é a capacidade de prever as consequências de um lance jogado. Até Garrincha, gênio do futebol e escasso em raciocínio, entendia que não existe tática eficiente se não se prever qual será a reação do adversário. O famoso “já combinaram com os russos” é um monumento à boa lógica".

Teoria dos Jogos é bem isso. Garrincha não foi nada ingênuo. Combinar uma estratégia significa pensar todas as suas opções considerando todas as reações do seu adversário. A ciência e arte da Teoria dos Jogos está em oferecer algumas ferramentas formais para antecipar o movimento do outro jogador. Um das principais dicas é "coloque-se na posição do adversário e veja o que você faria se fosse ele". Apenas após essa análise você deve pensar como agir e rever sua posição.

Fonte: Fernando Barrichelo - Engenheiro pela POLI-USP

02 maio 2012

Rir é o melhor remédio

Fonte: Aqui

Pesquisa

Prezados leitores,

Peço ajudar o Diogo na sua pesquisa de doutorado. Para isto, clique aqui

Valor Econômico Agregado

Definição – Representa o lucro proveniente dos ativos menos o custo de oportunidade do capital empregado. Este índice mostra se a empresa está agregando valor.

Fórmulas – Valor Econômico Agregado = Lucro Operacional – Custo de Oportunidade do Capital Total x Capital Total

Lucro Operacional – representa o lucro proveniente dos ativos da empresa (investimento). Isto inclui as receitas financeiras, mas exclui as despesas financeiras.
Custo de Oportunidade do Capital Total – representa o custo dos recursos usados pela empresa para financiar seus investimentos. Inclui o custo do capital próprio e o custo do capital de terceiros. Estes custos devem ser ponderados pelo valor de mercado da dívida e o valor de mercado do patrimônio líquido. Também conhecido como custo médio ponderado de capital ou WACC (da sigla em inglês).
Capital Total – corresponde a soma das dívidas onerosas com o patrimônio líquido, a preço de mercado.

Unidade de Medida – Em unidades monetárias.

Intervalo da medida – O índice pode ser negativo ou positivo.

Como calcular – Este índice exige um número razoável de cálculos. Iremos mostrar usando como exemplo a MarcoPolo.

Inicialmente é necessário obter o valor de mercado das ações. Este valor pode ser obtido em diversos endereços na internet (vide o índice valor do empreendimento, onde listamos alguns destes endereços). No caso da empresa, no seu relatório de administração é divulgado este valor, conforme figura abaixo:

O segundo passo é obter o valor do passivo oneroso. Esta informação é obtida no Balanço da empresa:

É importante salientar que devemos usar somente o passivo oneroso, aquele que gera despesa financeira. São os empréstimos e financiamentos. Os outros valores serão redutores do ativo, que irá representar o “ativo líquido” ou “investimento” da empresa. Para a MarcoPolo temos:

Passivo Oneroso em 2010 = 267 412 + 1094 439 = 1361 851

Assim, o lado direito da empresa apresenta um valor de R$ 4 497 milhões ( = 1 362 + 3 135), que representa o capital total.

O lucro operacional pode ser obtido na Demonstração do Resultado da empresa, conforme a figura a seguir:

O Lucro Operacional é dado por:

Lucro Operacional = 495 960 + 182 357 = 678 317

Ou 678, 3 milhões de reais.

A próxima etapa é calcular o custo do capital. Para isto é necessário determinar o custo do passivo oneroso e o custo do capital próprio. Para o passivo oneroso usaremos a relação entre despesa financeira e passivo oneroso:

Custo do Capital de Terceiros = 182 357 / 1 361 851 = 13,39%

Este valor está sem o benefício fiscal do imposto de renda. Observe a figura a seguir:
A empresa tem um imposto corrente de 177 milhões para um lucro antes de imposto de 496, indicando uma alíquota de 35,75% (ou 177,2/496). Assim, o custo do capital de terceiros após imposto é dado por:

Custo do Capital de Terceiros após Imposto = 13,39% x (1 – 35,75%) = 8,60%

O custo do capital próprio é obtido conforme explicado no índice Lucro Econômico. O beta da empresa foi obtido neste sítio e encontra-se na figura abaixo:

O custo do capital próprio será calculado conforme detalhado no índice Lucro Econômico:

Custo do Capital Próprio = 7,5% + 6% x 0,7371 = 11,92%

O custo médio ponderado de capital será dado por:

WACC = 11,92% x (3135/4497) + 8,6% x (1362/4497) = 10,92%

Ufa! Podemos agora obter o valor econômico agregado:

VEA = 678,3 – 10,92% x 4 497 = 187,4 milhões

Este foi o valor agregado da empresa no ano de 2011 para os financiadores.

Grau de utilidade – Elevado. No longo prazo uma empresa só é viável se agregar valor.

Controvérsia de Medida – Muitas. Os problemas estão na maneira de mensurar o valor agregado. Usamos aqui algumas simplificações, como o cálculo do custo da dívida pelo valor contábil. De igual maneira, consideramos que o valor de mercado da dívida corresponde ao seu valor contábil. Os valores usados para determinar o custo do capital próprio, assim como o modelo utilizado, são passíveis de questionamento. Em resumo, cada analista deverá encontrar um Valor Econômico para empresa.

Observações Adicionais
a)     Para empresas sem ação na bolsa de valores, o índice pode ser calculado a partir das suas demonstrações contábeis e usando, para o custo do capital próprio, valores de empresas abertas similares.
b)     Da mesma forma que o lucro econômico, podemos usar o valor agregado em termos futuro. O valor agregado futuro anual, trazido a valor presente, corresponde ao valor da empresa.
c)     O ideal é que a empresa tenha um valor agregado positivo. Entretanto, investimentos elevados em certos períodos de tempo, assim como custo de capital momentaneamente elevado podem fazer com que a empresa tenha um valor negativo.
d)     Dado a dificuldade de obtenção do custo do capital total, é possível encontrar fórmulas simplistas. Assim, o investidor pode estipular um retorno mínimo desejado e usar no lugar do custo médio ponderado.

Pesquisa

Diogo Henrique Silva de Lima, aluno do Doutorado em Ciências Contábeis do Programa Multiinstitucional e Inter-regional de Pós Graduação em Ciências Contábeis – UnB, UFPB e UFRN está desenvolvendo junto com seu orientador, o Prof. Dr. José Dionísio Gomes da Silva, uma tese de doutorado que objetiva investigar por meio de um experimento o processo de avaliação dos indivíduos num contexto de mercado de capitais.

Neste sentido vimos solicitar a indispensável colaboração de V. Sª para participar do experimento, que subsidia o desenvolvimento do estudo. A pesquisa tem cunho estritamente científico. Os dados fornecidos terão tratamento estatístico sem divulgação dos nomes das pessoas envolvidas.

O experimento é bastante simples, composto por questões de rápida resolução de forma que sua duração é de alguns minutos. A primeira parte refere-se a questões sobre o perfil dos respondentes, sendo as demais o experimento propriamente dito.

O estudo consiste na precificação da ação de duas empresas em cinco momentos distintos com base nas informações disponibilizadas no experimento. O respondente terá que avaliar e atribuir um preço a cada ação em cada situação evidenciada, considerando apenas os contextos apresentados.

O respondente que acertar, ou mais se aproximar, do preço correto de pelo menos uma das ações ganhará um prêmio social. Em nome dos dois vencedores (ou de um, se o mesmo participante acertar o preço das duas entidades) serão feitas duas doações para a Liga Norteriograndense contra o Câncer no valor de R$ 250,00 cada uma. A entrega da doação será documentada, sendo os respectivos comprovantes enviados para todos os participantes do estudo.

A Liga Norteriograndense contra o Câncer é uma instituição sem fins lucrativos referência na assistência médica, diagnóstico e tratamento especializado contra o câncer, além de outras esferas da atenção oncológica, como prevenção, acompanhamento, reabilitação e cuidados paliativos a pacientes atendidos pelo SUS em todo estado do RN.

É importante enfatizar que a sua colaboração é de fundamental importância para a consecução dos objetivos da pesquisa. Preencha todos os quesitos, pois cada um terá bastante relevância na análise dos resultados. Agradecemos antecipadamente sua atenção e colaboração.

Para acessar e participar do experimento basta clicar no link a seguir: https://www.surveymonkey.com/s/7WR36VN

Caso não queira seguir diretamente o link, basta colar o endereço acima no local apropriado do Internet Explorer ou outro navegador. O referido questionário é preenchido on line não sendo necessário seu envio.

Prezados, esta pesquisa busca investigar a percepção de docentes, discentes e profissionais de Contabilidade e Administração do país. Sendo assim, gostaríamos de contar com o seu apoio em disseminá-la, enviando-a para os seus contatos. Desde já agradecemos sua valiosa contribuição.

Soma das partes

A soma das partes de um automóvel mundial foi de $ 14.350 em 2011, segundo estimativas dos analistas do Bank of America Merrill Lynch. Estimou-se em $ 11.100 em 2000. Custos de montagem estão excluídos deste valor.


A explicação para este aumento: (a) câmbio; (b) custos dos insumos; (c) desejo de maior segurança. As figuras a seguir detalham este estudo:




Fotografia

Fonte: Aqui

Evasão 2

Agora a Apple, segundo o New York Times (via Estadão, 30 de abr 2012)

(...) a Apple criou subsidiárias em países onde o imposto de renda é baixo, como Irlanda, Holanda, Luxemburgo e Ilhas Virgens Britânicas - algumas poucos maiores do que uma caixa postal no Luxemburgo ou um escritório anônimo aqui - permitindo-lhe reduzir os impostos que paga no mundo inteiro.

(...) A Apple é um exemplo de como as gigantes do setor de tecnologia se aproveitam de leis fiscais elaboradas para uma era industrial, que não são mais adequadas para a economia digital dos nossos dias. Alguns lucros de companhias como a Apple, Google, Amazon, Hewlett-Packard e Microsoft derivam não de bens físicos, mas dos royalties sobre a propriedade intelectual, como as patentes do software que faz funcionar os aparelhos.

Outras vezes, os próprios produtos são digitais, como as músicas baixadas. É muito mais fácil para as empresas com royalties e produtos digitais transferir os lucros para países onde os impostos são baixos do que, por exemplo, para lojas de produtos alimentícios ou montadoras. Um aplicativo baixado, ao contrário de um carro, pode ser vendido de qualquer lugar do mundo. (...)

A Apple, afirmam esses executivos, revelou um talento especial em identificar estas brechas e contratar especialistas em contabilidade conhecidos pela capacidade de inovação. Nos anos 80, por exemplo, a Apple foi a primeira grande corporação a designar as distribuidoras no exterior como "comissionadas", e não como varejistas, disse Michael Rashkin, o primeiro diretor de política fiscal da Apple, que ajudou a montar este sistema antes de deixar a companhia em 1999.

Como as "comissionadas" nunca tomam tecnicamente posse do estoque - o que exigiria que elas reconhecessem os impostos -, o sistema permite que um vendedor na Alemanha, por exemplo, onde os impostos são elevados, venda computadores em nome de uma subsidiária em Cingapura, onde os impostos são baixos.

Além disso, a Apple foi a pioneira numa técnica de contabilidade conhecida como "Double Irish with a Dutch Sandwich" (acordo entre países da Europa para reduzirem sua carga fiscal), pela qual os impostos são reduzidos canalizando os lucros através de duas subsidiárias irlandesas e a Holanda e, depois, para o Caribe. Em 2004, a Irlanda, uma nação com menos de 5 milhões de habitantes, gerou mais de um terço da receita global da Apple.

Sem essas táticas, no ano passado, o total de impostos federais da Apple nos EUA provavelmente chegaria a US$ 2,4 bilhões a mais, segundo o recente estudo de um ex-economista do Departamento do Tesouro, Martin A. Sullivan.

Na realidade, a companhia pagou em dinheiro vivo impostos no valor de US$ 3,3 bilhões em todo o mundo, sobre lucros registrados de US$ 34,2 bilhões no ano passado, a uma taxa de 9,8%. Em comparação, a varejista Walmart pagou no mundo todo impostos de US$ 5,9 bilhões sobre lucros de US$ 23,4 bilhões, a uma taxa de 24%, aproximadamente a média das companhias de outros setores que não o de tecnologia.


Evasão 1

Segundo reportagem do Estado de S Paulo (1 de maio, Na Suíça, Vale se livra de US$ 3 bi em impostos) a Vale do Rio Doce deixou de pagar 3 bilhões de impostos desde 2006 graças a abertura de escritório na Suiça:

(...) a Vale repatriou para a Suíça cerca de 40% de seus lucros mundiais, justamente para se aproveitar dos benefícios que foram concedidos a ela em 2006 pelo cantão de Vaud, mais precisamente no vilarejo de Saint-Prex.


(...) o cálculo foi feito a partir das próprias declarações da Vale, que indicou que havia pago 285 milhões de francos suíços em impostos na Suíça entre 2006 e 2009. Nesse período, a empresa contou com um acordo que a isentava de pagar impostos estaduais e, nos tributos da federação, o benefício era de 80%. (...)

Leia a continuação aqui

01 maio 2012

Rir é o melhor remédio

Sobre o comportamento dos seguranças do presidente Obama

Índices

Amanhã estaremos encerrando a série de postagens sobre os índices para análise de balanços.

Celso Furtado, Crescimento Econômico e Inflação


Mauro Boianovsky, professor do Departamento de Economia, analisou a participação do economista Celso Furtado em debates sobre a relação entre crescimento econômico e inflação nas décadas de 1950 e 1960. O artigo Furtado and the structuralist-monetarist debate on economic stabilization in Latin America é o primeiro estudo que analisa com profundidade a contribuição do economista nessas discussões, como ela se situou entre outros posicionamentos teóricos sobre o tema na América Latina e sua relação com a política econômica da época.

O trabalho foi vencedor do prêmio Haralambos Simeonidis 2011 da Associação Nacional de Cursos de Pós-Graduação em Economia (ANPEC), na categoria artigos, o mais importante em economia do Brasil. Também foi aceito na revista internacional History of Political Economy, com publicação prevista para junho de 2012. O texto concentra-se no período entre 1952 e 1963 e também analisa a obra de outros economistas latino-americanos como Eugênio Gudin, Roberto de Oliveira Campos, Raul Prebisch, Juan Noyola e Osvaldo Sunkel. Mauro baseou-se em livros e artigos escritos na época, correspondências, materiais de arquivo e o Plano Trienal elaborado por Furtado quando ele era ministro do Planejamento no governo João Goulart, entre 1962 e 1963.

No período estudado os teóricos se dividiam entre dois posicionamentos: os estruturalistas, que defendiam que a inflação era parte natural do processo de crescimento econômico, e os monetaristas, para os quais não havia relação necessária entre os dois fenômenos. "Celso Furtado se incluía no primeiro grupo e acreditava que o controle da inflação dependia de mudanças estruturais na economia", explica Mauro Boianovsky. Entre as mudanças propostas pelo economista estava o investimento do país na industrialização por substituição das importações. Era uma forma de mudar a composição da oferta agregada, total de bens produzidos no país, colocando mais produtos domésticos no mercado no lugar de produtos estrangeiros.

MONETARISMO
- Do outro lado estava o Fundo Monetário Internacional (FMI) que, partindo de um posicionamento monetarista, defendia a diminuição da demanda agregada, que é o total de gastos da economia. Para eles, o caminho para que isso fosse concretizado era a diminuição dos gastos do governo e uma política monetária contracionista. Segundo o professor, os estruturalistas como Furtado temiam que uma política como essa freasse o crescimento. Em vez disso, eles defendiam uma política gradualista, em que os gastos de governo seriam reduzidos, sim, mas de forma gradual, sem causar um choque na economia.

"Essa concepção gradualista estava presente no Plano Trienal elaborado por Furtado enquanto foi ministro", esclarece o professor. Segundo ele, ao final do período estudado o posicionamento tornou-se consenso entre os economistas latino-americanos que refletiam sobre o assunto. Contudo, a proposta do então ministro não vingou. Por causa da falta de condições políticas de implementar o plano ele abandonou o cargo e retornou à direção da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE).
Celso Furtado é o mais célebre e reconhecido economista brasileiro do século XX. Como intelectual ficou famoso por suas teses a respeito de desenvolvimento e subdesenvolvimento contrárias às doutrinas econômicas dominantes e favoráveis à intervenção na economia em prol do desenvolvimento e redução das desigualdades. Morreu em 2004, com 84 anos, mas continua a ser um dos teóricos mais estudados na economia até hoje.