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02 março 2011

Por que os CFO's se envolvem em manipulações contábeis?

Por que os CFO's se envolvem em manipulações contábeis? Por Pedro Correia

Há um velho ditado que "o dinheiro é a raiz de todo mal." Mas pesquisas recentes mostram que a motivação para alguns diretores a se envolver em manipulações contábeis tem mais a ver com a pressão dos CEOs (diretor-presidente) de suas empresas do que com dinheiro. Pesquisa realizada por vários professores de contabilidade da Universidade de Pittsburgh e da Universidade de Washington usaram uma amostra global de manipulações contábeis relevantes divulgados entre 1982 e 2005, para investigar os custos e benefícios associados com divulgação intencional de informações financeiras fraudulentas por parte dos CFOs (diretor-financeiro).
O que a pesquisa mostra é que os CFOs não são os instigadores de manipulações contábeis. Em vez disso, os CEOs, especialmente os poderosos, que têm patrimônio elevado, exercem enorme influência sobre as decisões de divulgação financeira dos CFOs. Assim, os CFOs estão respondendo mais a pressão CEO do que estão na busca pessoal de benefícios financeiros imediatos. Como resultado, o papel fiscalizador dos CFOs sobre relatórios financeiros é prejudicado por essa pressão dos CEOs.

Os resultados gerais do estudo sugerem uma falha de governança corporativa e têm implicações para a reforma da governança corporativa. Embora, algumas pessoas tenham colocado o foco na remuneração baseada em ações e seus efeitos sobre os falsos números contábeis dos CFOs, esta pesquisa sugere que refazer os pacotes de remuneração de para os diretores financeiros não é a única resposta. Melhorar a independência do CFO, limitando a pressão de CEOs no CFOs poderia também melhorar a qualidade dos relatórios financeiros. Uma possível forma para alcançar isso seria ter conselhos ou comitês de auditoria mais envolvidos na avaliação de desempenho do CFO .
Artigo completo : Aqui

Paradoxo da Megasena

Paradoxo da Megasena - Postado por Pedro Correia
Há no mundo da probabilidade um paradoxo aparente: a tendência do retorno a média [1] e a repetição de eventos independentes.
O paradoxo é aparente, pois o retorno a média é uma variável aleatória que possivelmente garantiria que uma determinado valor deveria acontecer após um certo número de repetições.
Essencialmente é o seguinte: Considerando uma moeda não viciada (ou dado, ou o que seja), a chance de sair cara é 1/2 e coroa é 1/2.

Pergunta 1: Qual é a chance de não sair cara em 10 repetições?

Pergunta 2: Dado que não saiu cara em 9 repetições, qual é a chance de sair cara na décima repetição?

Já adiantando, a resposta a pergunta 1 é a mesma de sair somente 10 coroas em 10 repetições. Ou seja (1/2)^10 ou 1 em 1024.

A resposta a pergunta 2 é mais curiosa: 1/2. O fator é que as repetições são independentes. Isto não é simples de ver, mas pode ser obtido da seguinte fórmula:

P(cara na décima tentativa 9 coroas nas tentativas anteriores)=P(cara na décima tentativa e 9 coroas nas tentativas anteriores)/P(9 coroas nas tentativas anteriores) = (1/2*1/512)/(1/512) = 1/2

No caso, a nossa cara tem de ocorrer na décima tentativa e por este motivo não é o mesmo que nas tentativas de Bernoulli, em que a cara pode ocorrer na primeira, segunda, terceira,..., ou décima tentativa. Neste caso temos:

P(1 cara e 9 coroas) = 10*(1/2)^9*1/2 = 10/1024

O fato é que se jogarmos a moeda 9 vezes e sair coroa, a probabilidade de sair cara na décima jogada é exatamente 50%. Note que isto parece contradizer a resposta da pergunta 1.

O que isto serve para cada um de nós? [2]

Digamos que você jogue na Megasena religiosamente a 10 anos o jogo de 1 dezena (chances de ganhar 1 em 50063860). Se você não acertou as seis dezenas ao longo das N apostas, a chance de acerta na aposta N+1 é exatamente 1 em 50063860 (e não 1 em 96154 como se imaginava pelas repetições).

Ou seja: o fato de você ter apostado 10, 20 ou 30 anos religiosamente na Megasena não aumenta em nada a sua chance de ganhar o próximo sorteio.

Texto de Leonardo de Menezes - Professor da UnB. Especialista em Engenharia Elétrica – Eletromagnetismo
[1]- Segundo Peter Berstein foi Francis Galton, em 1875, que descobriu a regressão média, que é denominado também como retorno a média. Assim, ao tomarmos uma decisão baseada na expectativa em que as coisas voltarão ao "normal", estamos empregando a noção de regressão à média. Mais um exemplo aqui.
[2]-O desenvolvimento da teoria das probabilidades se deu a partir da curiosidade dos homens em entender os jogos de azar. A compreensão de alguns desses jogos permitiu que os indivíduos tomassem decisões de modo mais racional, pois foi possível quantificar o risco a ser enfrentado, assim como entender a natureza da tomada de decisões. Além disso,em regra geral : eventos anteriores não afetam probabilidades ou riscos futuros.

01 março 2011

Rir é o melhor remédio



Comercial da Red Bull sobre xadrez rápido. Fonte: Aqui

Links

Em finanças comportamentais

A economia e a felicidade

Bebês entendem cedo que o mais forte é quem manda

A ciência do romance

Diferença na felicidade explica a chance de divórcio

Conselhos de Dan Ariely para o dia dos Namorados

Britânicas gastam em roupas que não irão usar

Campanha contra Homeopatia e efeito placebo

Relação entre Twitter e Mercado

A neurocientista do amor

Cinco livros indicados por Robert Shiller

É possível avaliar um planeta?

Sim, é possível determinar o valor de um planeta. Lee Billings, um escritor de ciência, apresentou a seguinte fórmula para avaliar o valor de um planeta:



Com esta expressão será possível determinar quanto vale Marte, por exemplo. Ou Gliese 581 c. Por exemplo, aplicando a fórmula em Marte, seu preço seria 14 mil dólares. A Terra seria 5 quatrilhões ou 100 vezes o valor da economia. Gliese 581 c teria um valor de 160 dólares, enquando Gliese 581 g valeria 60 mil dólares. Já Venus valeria menos de um dólar.

Vamos explicar somente o primeira parte da expressão, ou seja,

A primeira parte representa o custo da missão Kepler dividido pelo número de planetas igual à Terra que a missão deve encontrar. O valor da segunda parte da expressão é a idade da estrela dividida por meio bilhão de anos. Isto favorece planetas mais antigos, obviamente. O terceiro termo é a massa.

Outras variáveis que estão incluídas são luz, temperatura, proximidade com a Terra (o termo com 2009 na expressão), brilho.

Se a avaliação parece não ser o aspecto mais problemático, é bom lembrar que o valor de um bem está associado a possibilidade de internalizar o fluxo de caixa que seria gerado.

Para Ler Mais: Cosmic Commodities: How much is a new planet worth?, Boing Boing

Teste 440

A inflação deste país é uma das maiores do mundo atual. O governo tem sido acusado de subestimar o valor da inflação. Além disto, o governo decidiu multar uma consultoria que estava calculando a variação de preços por “estimativa inexata”. Este país é:

Argentina
Venezuela
Zimbabwe

Resposta: Todos três participaram. Fonte: aqui

Mulheres e Vendas

O estudo Can buy me love: Mate attraction goals lead to perceptual readiness for status products com 133 indivíduos do sexo masculino, de idades entre 17 e 32, olhavam as fotos dos produtos depois de conversar com uma mulher seminua ou outra conservadora (imagem à direita).

Cada produto, que variou de um Porsche a uma caneta, foi exibido na tela de um computador por um segundo. Eles também foram convidados a classificar cada produto com base no custo e no status.

"Nosso estudo mostra que a exposição a uma pesquisadora sexy aumenta a atenção dos homens para produtos de status", escrevem os pesquisadores. "A mera presença de uma mulher "sexy" em um contexto de vendas pode ser suficiente para aumentar as vendas de itens de alto custo. "

Fonte: aqui

Copa do mundo

A Copa do Mundo da iniciativa privada ruiu. Um estudo do TCU (Tribunal de Contas da União) mostra que sairão dos cofres públicos 98,56% dos R$ 23 bilhões orçados para as obras de 2014.

Isso menos de dois anos após o presidente do COL (Comitê Organizador Local), Ricardo Teixeira, declarar que a maioria dos gastos do próximo Mundial seria bancada com dinheiro privado.

A maior parte das verbas virá dos bancos governamentais [1](Caixa Econômica Federal e BNDES) e da Infraero [2], estatal que administra os aeroportos do país. Juntas, as três empresas públicas investirão cerca de R$ 16,5 bilhões até a abertura da Copa.

Responsável por financiar as obras de mobilidade urbana nas 12 cidades-sedes, a Caixa irá repassar R$ 6,6 bilhões para os governos estaduais e municipais.

Já o BNDES investirá R$ 4,8 bilhões --R$ 1,2 bilhão em mobilidade urbana e R$ 3,6 bilhões para as arenas.

Segundo o estudo do TCU, a Infraero gastará cerca de R$ 5,1 bilhões para a reforma e a ampliação dos aeroportos.

O órgão federal não computou na conta os bilhões que os governos vão destinar para organizar o esquema de segurança do Mundial.

No trabalho realizado pelo TCU, a iniciativa privada aparece investindo apenas R$ 336 milhões, ou 1,44% dos R$ 23 bilhões do torneio [3]. A verba não sairá de nenhuma empresa e virá dos cofres dos clubes que vão reformar ou construir estádios.

Internacional e Atlético-PR já confirmaram que vão investir nos seus estádios para o Mundial. Segundo o órgão, os paranaenses vão gastar R$ 113 milhões na Arena da Baixada. Já os gaúchos destinarão R$ 133 milhões para reformar o Beira-Rio.

Em São Paulo, o Corinthians pretende construir uma arena em Itaquera.

O clube do Parque São Jorge ainda tenta viabilizar o novo estádio. Na conta do TCU, o Corinthians investirá R$ 90 milhões. A intenção da Fifa é realizar a abertura da Copa na arena de Itaquera.

A verba privada no Mundial é menos de 10% do que o BNDES vai usar para financiar os projetos das arenas.

Em 2007, quando o país ganhou o direito de abrigar a Copa pela segunda vez, a CBF, responsável pela candidatura brasileira na Fifa, estimou que o país gastaria pouco menos de R$ 2 bilhões com estádios. A conta atual já superou os R$ 5 bilhões. [4]

A projeção de investimento dos brasileiros supera a cifra gasta pelos sul-africanos no Mundial-10. [5] A África do Sul pagou R$ 3,9 bilhões para erguer dez estádios, dois a menos do que no Brasil.

Alguns dos projetos da África do Sul são arquitetonicamente mais ousados do que os brasileiros, como o do Soccer City, em Johannesburgo, além das arenas da Cidade do Cabo e de Durban.

Folha de São Paulo - Copa de 2014 terá 98,5% de dinheiro público - Sérgio Rangel

[1] Aqui a notícia tem um problema. O fato de um banco público ajudar a financiar os investimentos não significa dizer que o dinheiro é público. Suponha, por exemplo que o Corinthians obtenha R$500 milhões de financiamento do BNDES. Isto só seria dinheiro público se o clube não pagasse o passivo. Observe que existe uma confusão entre o ativo (estádio), que será privado, com o passivo (financiamento), que é dinheiro público. Lamentável a falha do TCU.

[2] Novamente uma confusão. Os investimentos da Infraero só acontece em razão da estrutura de aeroportos no Brasil ser de capital público. E estes investimentos serão em razão do fluxo maior de turistas, beneficiando outros passageiros. Deste modo, é questionável incluir nesta conta os valores que a Infraero irá gastar.

[3] É lógico que a conta do TCU está errada. Computou o financiamento do BNDES para um estádio privado como sendo investimento público.

[4] Isto possui uma explicação técnica (originária da disciplina de custos) ou política.

[5] É necessário ter cuidado com estes valores, pois não sabemos como foram calculados (taxa de câmbio usada, inflação etc)

Previsão

as pessoas que conseguiram prever os eventos extremos, e estão devidamente enfeitados com elogios, as vendas de livros grandes e lucrativas palestras, não o fazem porque o seu julgamento é tão afiado. Eles fazem isso porque é muito ruim...

O trabalho mais notável no campo é de Philip Tetlock, da Universidade da Pensilvânia. Tetlock analisou mais de 80.000 previsões políticas de supostos especialistas por mais de duas décadas para ver como eles se saíram.

A resposta é: ruim. Os peritos fizeram tão bem quanto chance. E quanto mais procurado o especialista, mais ousado e, portanto, menos precisas, as previsões. Uma pesquisa feita por um punhado de outros sugere que o mesmo vale para analistas econômicos. Uma previsão precisa - de um evento extremo pode gerar excesso de confiança, que pode levar a fazer mais ousadas apostas e, portanto, e mais mais erros...

Fonte: aqui

Dodd–Frank Wall Street Reform

Dodd–Frank Wall Street Reform - Por Pedro Correia

A Dodd-Frank Wall Street Reform and Consumer Protection Act, como a lei é oficialmente conhecida, tem a tarefa precípua de tratar da incrível tendência do setor financeiro em colocar todo o sistema em risco e, eventualmente, ser socorrido às custas do contribuinte. Esse Act foi proposto, em 2009, por Barney Frank na Câmara e no Senado por Chris Dodd . Apesar de ter por volta de 2300 páginas, ou possivelmente por causa delas, há uma dúvida de qual será seu eventual impacto. A lei exige mais de 225 novas regras financeiras em 11 agências federais americanas. A tentativa de consolidação da regulamentação foi mínima e muitos dos reguladores que falharam durante a última crise têm recebido mais autoridade. Além disso, a lei representa o conjunto mais abrangente de reformas do setor financeiro dos EUA desde a crise de 1929.


No livro Regulating Wall Street os eminentes acadêmicos da New York University's Stern School of Business realizaram um profundo estudo da Lei de Dodd-Frank. Segundo o prólogo do livro de Acharya, Cooley, Richardson, Sylla e Walter estes são os principais pontos:

1-Identificação e regulação do risco sistêmico: a lei cria um Conselho de Risco Sistêmico que define quais instituições não-financeiras são sistemicamente importantes, esse conselho pode regulamentá-las e, como último recurso, dividi-las. Além disso, estabelece também um escritório no âmbito do Tesouro dos EUA para recolher, analisar e disseminar informações relevantes para antecipar futuras crises.

2- Estabelece a responsabilidade e a autoridade do Federal Reserve: a lei concede a autoridade do Fed sobre todas as instituições financeiras rotuladas como “sistematicamente importantes”, que significa que o seu fracasso poderia desestabilizar o sistema financeiro e concede ao Fed a faculdade de impor qualquer tipo de regulação sobre a entidade, como exigir que ele aumente o capital social, limite a quantidade de dívida de curto prazo que pode emitir e etc. Além disso, o banco central norte-americano tem responsabilidade de preservar a estabilidade financeira. Em suma, dá ao Fed enorme poder de regulação.

3- Regulação e transparência dos derivados: a lei dispõe sobre a compensação central de derivativos padronizados, e a regulação dos mais complexos que permanecem negociados no balcão (isto é, fora das plataformas centrais de compensação), em suma, visa à transparência de todos os derivados.

4-Restringe intervenções regulatórias discricionárias: a lei impede ou limita a ajuda emergencial do governo para cada instituição.


5- Restabelece uma forma limitada de Glass-Steagall (a Volcker Rule): limita os bancos na manutenção de companhias para investimentos mínimos em atividades de negociação por conta própria, tais como fundos de hedge e de private equity, e proíbe-os de resgatar financeiramente esses investimentos.
Além disso, a lei introduz uma série de reformas para as hipotecas, a divulgação de fundos de hedge, resolução de conflitos em agências de rating.


6-BCFP- A reforma mais popular da lei, ainda que secundária à crise financeira é a criação do Bureau of Consumer Financial Protection (BCFP), que terá extensa autoridade para regular e fazer cumprir as normas que regem os serviços financeiros, para qualquer indivíduo que se engaje na oferta ou venda de um produto ou serviço financeiro junto aos consumidores. O BCFP é especificamente encarregado de proteger os consumidores contra a discriminação e "atos desleais, enganosas e/ou práticas abusivas. Uma série de entidades, serão dispensados da autoridade do BCFP, incluindo, por exemplo, a SEC.


Tradução livre de Pedro Correia

Kadafi e LSE

A London School Economics é uma das escolas de economia mais respeitadas do mundo. Ou era até aceita 300 mil libras para financiar pesquisa para uma fundação dirigida por Saif al-Islam Kadafi, filho do ditador e, coincidência, ex-aluno da LSE. Por conta disto, a LSE foi apelidade de "Faculdade de Economia da Líbia".

O diretor, Sir Howard Davies, lamenta o erro de considerar Saif uma "figura modernizadora".

Auditorias

(...) Nove conselheiros [da Sadia], entre eles a empresária Luiza Helena Trajano, uma das donas do Magazine Luiza, receberam multas que variam de 200 000 reais a 400 000 reais. “Eles falharam ao permitir operações acima do limite estabelecido pela companhia”, diz Alexsandro Broedel Lopes, relator do processo. Como é de imaginar, a decisão da CVM incomodou os conselheiros.

“Todo mundo errou”, diz Roberto Faldini, ex-conselheiro que acabou inocentado no julgamento porque havia assumido uma cadeira no conselho da Sadia poucos dias antes do estouro do escândalo. “Por isso mesmo, estranhamos o fato de os auditores não terem sido sequer indiciados.” A KPMG, auditora da companhia entre 2004 e 2008, nunca fez ressalvas sobre o risco das operações com derivativos em seus pareceres anuais. Segundo a CVM, a apuração da conduta dos auditores ainda está em curso.

O debate em torno do rombo na Sadia (empresa que viria a se unir logo depois à Perdigão para formar a Brasil Foods) é mais um dos vários escândalos financeiros dos últimos anos que colocam em dúvida o papel das firmas de auditoria. Nos últimos tempos, três outras grandes empresas sofreram perdas bilionárias com fraudes ou irregularidades contábeis — Aracruz, Carrefour e PanAmericano, todas avalizadas por auditorias independentes. Estima-se que companhias desse porte paguem algo em torno de 5 milhões de reais ao ano para contar com o serviço de auditores.

Com tanto dinheiro na mesa, seria fácil supor que o carimbo dessas firmas representasse uma garantia de que investidores e acionistas poderiam confiar nas informações divulgadas nos balanços. Mas não é bem isso o que acontece. De acordo com a legislação, descobrir fraudes não é papel das auditorias. Sua função é esquadrinhar as contas dos clientes para verificar se a contabilidade está em ordem. E só. Ainda assim, essa tarefa esbarra numa limitação prática — o volume assombroso de documentos gerado pelas grandes empresas.

Para revisá-los, os auditores trabalham por amostragem. Pinçam alguns dados e checam com fornecedores, bancos e outras áreas da companhia se as informações estão corretas. Desse modo, encontrar uma fraude isolada pode ser tão difícil quanto tirar o bilhete premiado na loteria. “Se um administrador conhecer os meandros e quiser burlar o sistema, pode ter sucesso”, diz Jorge Menegassi, presidente da Ernst&Young Terco. “Nosso trabalho é criterioso, mas nunca vai ser infalível.”

As estatísticas mostram que são raras as situações em que essas firmas percebem alguma irregularidade nesse sentido. Uma pesquisa da KPMG avaliou que em apenas 2% dos casos uma fraude é apontada pela auditoria. Quem identifica com mais frequência os rombos são os filtros criados pelas próprias companhias — de canais para receber denúncias de funcionários a auditorias internas. Fortalecer esses órgãos foi justamente a solução da Brasil Foods para evitar ter novas surpresas em seus balanços.

Exame, via Notícias Contábeis

A questão que persegue as auditorias é aparentemente estatística. Qualquer procedimento de auditoria possui um percentual que possibilita evitar fraudes. Mas o destaque da imprensa será sempre sobre o percentual de falha. Por exemplo, suponha que uma empresa de auditoria possua 98% de chance de sucesso no seu trabalho, descobrindo fraudes. Isto significa que de cada 100 empresas que auditar, duas deverão apresentar problemas. Estas serão notícias quando o problema for descoberto.