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03 maio 2009

O caso Sadia

Seria interessante que os professores de controladoria pudessem discutir em sala de aula o caso Sadia. Como uma empresa deste porte permitiu um prejuízo de 2,5 bilhões de reais com derivativos.

Após a notícia, a providência da empresa foi demitir do diretor financeiro, providenciado um culpado. Mas esta medida é muito simplista, pois certamente a ausência de controles é de responsabilidade da presidência. É sempre bom lembrar um conceito importante da teoria administrativa:

Você delega funções, mas não responsabilidades


Isto diz muito sobre o fato da diretoria imputar no ex-diretor a culpa pelo prejuízo. Um texto da Gazeta Mercantil (Ex-diretor da Sadia diz que se reportava ao conselho, 8/4/2009, p. 1, Fabiana Batista) mostra que o ex-diretor, Adriano Lima Ferreira, afirmou que reportava diretamente ao Conselho de Administração. Uma consulta a página da empresa na internet mostra que são as pessoas que compõe este Conselho.

Mais ainda, Ferreira afirmou que as operações que trouxeram prejuízo em 2008 foram as mesmas que corresponderam a 60% do lucro da empresa nos últimos seis anos.

Mas observe o que afirmou o ex-diretor para Folha de São Paulo ("A Sadia sabia de tudo", afirma ex-diretor, 9/4/2009, Cristiane Barbieri)

FOLHA - As de derivativos tóxicos também?
FERREIRA - As operações dois para um começaram em meados de 2007. A empresa ficou mais de um ano fazendo essas operações, que tiveram várias auditorias. Quando se fechava uma operação desse tipo, a boleta ia para nossos operadores, para a contabilidade e à controladoria da companhia, que era separada da área financeira. Ia também para a auditoria interna e para o conselho de administração. Pela atipicidade da cultura financeira da empresa, a auditoria independente, a KPMG, tinha uma equipe financeira destacada para auditar a área financeira da Sadia.

FOLHA - Não era uma auditoria de empresa não financeira?
FERREIRA - Havia uma auditoria principal para a área de alimentos, que buscava apoio numa equipe de auditores de bancos, corretoras e instituições financeiras, porque a Sadia tinha uma cultura financeira forte, operava todos os instrumentos disponíveis no mercado. As operações, sejam derivativos ou não, sempre foram contabilizadas, auditadas e aprovadas em várias instâncias. Havia alçadas rigorosamente atendidas e relatórios mensais.

FOLHA - Eles eram detalhados?
FERREIRA - Não havia o nível de detalhamento [de todas as operações] porque não fazia parte da cultura da companhia. Você apresentava resultados que as operações deram, a exposição dessas operações, simultaneamente com apresentações da área de risco. Em 2003, determinou-se que o limite de risco do câmbio era de 20% sobre o patrimônio, equivalente a R$ 600 milhões ou R$ 700 milhões de perda assumida. Só que havia 95% de confiança nessas operações e 5% de risco. Esse "modus operandi" era o dia a dia da companhia. Agora, de um dia para outro, dizer que não sabia dessas operações? Como não sabia? Tinha diversas auditorias e formas de controle que eram apresentados todo mês.

FOLHA - O conselho de administração e a presidência executiva sabiam das operações?
FERREIRA - As operações eram apresentadas a eles. Todas foram registradas, auditadas e aprovadas. Quando aconteceu uma crise desse tamanho, não só a Sadia, mas centenas de empresas no Brasil, no México e na Ásia, principalmente, tiveram os mesmos problemas. Quando se faziam essas operações, usavam-se como base cenários e probabilidades que, quando colocados nos modelos [econométricos], era difícil de a perda não compensar seu uso. Tanto é que centenas de empresas os utilizavam.

FOLHA - Por que a área financeira não se reportava à presidência executiva?
FERREIRA - Nos seis anos em que eu estive lá, 60% dos resultados da companhia eram de operações financeiras. Se olhar para trás, o percentual era maior. A empresa só teve lucro em alguns anos por causa da área financeira. Até o primeiro semestre de 2008, 80% dos lucros vieram dessas operações específicas. A estrutura de governança da companhia espelhava uma cultura financeira, de uma empresa que tinha uma corretora, que tinha uma tesouraria ativa, que tinha um projeto de criar um banco, que aconteceu. A companhia sempre teve um risco financeiro. A estrutura, quando o presidente-executivo assumiu, em 2004, tinha forma do reporte da diretoria financeira para o conselho [por causa dessa cultura]. Mas contabilidade, controladoria e jurídico, que aprovava as operações, estavam sob a área executiva. Se fechasse uma operação [de derivativo] hoje, no mesmo dia o boleto estava na mão dele [do presidente-executivo].
(...)


Aproveitem estudiosos da controladoria. Este é um excelente caso para discutir sobre controles, auditoria, responsabilidade, etc.

Iguatemi

Iguatemi tem R$ 2,2 bi em ativos
8 Abril 2009 - Valor Econômico

O valor de mercado dos 11 shopping centers nos quais o grupo Iguatemi possui participação acionária totaliza R$ 4,2 bilhões. A parte que equivale à companhia nesses empreendimentos é de R$ 2,2 bilhões, cifra bem superior ao valor de mercado da Iguatemi na Bolsa de Valores, que está em torno de R$ 907 milhões.

O cálculo do valor dos ativos foi encomendado à consultoria CB Richard Ellis e, segundo comunicado da Iguatemi, será utilizado pelo grupo na reconciliação das demonstrações financeiras para os padrões contábeis internacionais do IFRS (International Financial Reporting Standard) .

Segundo a Iguatemi, a metodologia utilizada para avaliar os empreendimentos foi o "fluxo de caixa descontado" de cada empreendimento, pelo período de 10 anos. Os fluxos foram descontados por taxas diferentes, de acordo com a maturidade do empreendimento e riscos envolvidos. Os R$ 2,2 bilhões apurados para o valor dos ativos da Iguatemi não consideram os cinco novos projetos já anunciados nem o banco de terrenos da empresa, que é presidida por Carlos Jereissati Filho.

Buffett e a conferência para acionistas da BH


O Wall Street Journal trouxe uma série de reportagens sobre a famosa conferência com os acionistas da B

Os links estão aqui, aqui, aqui (sobre jornais), aqui, aqui, aqui, aqui (sobre seguros), aqui (otimismo de Munger), aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui (ufa).

02 maio 2009

Rir é o melhor remédio



Fonte: Aqui

Maiores concordatas dos EUA

Nome da empresa, data e ativos em dólares

1) Lehman Brothers Holdings Inc. - 15/9/2008 - 691 bilhões
2) Washington Mutual Inc. - 26/9/2008 - 327 bilhões
3) WorldCom Inc. - 21/7/2002 - 104 bilhões
4) Enron Corp. - 2/12/2001 - 66 bilhões
5) Conseco Inc. - 17/12/2002 - 61 bilhões
6) Pacific Gas & Electric Co. - 6/4/2001 - 36 bilhões
7) Texaco Inc. - 12/4/1987 - 35 bilhões

Fonte: Aqui

Celebridades pobres

Exemplo de como não conduzir suas finanças pessoais:

* Willie Aames
* Kim Basinger
* Anita Bryant
* Gary Coleman
* Corey Haim
* MC Hammer
* Don Johnson
* O.J. Simpson
* Mike Tyson
* Michael Vick

Fonte: Aqui

EUA e o IASB

Chefe do FASB e a decisão sobre contabilidade internacional
Emily Pickrell - 30 de Abril de 2009 - Reuters News

Os Estados Unidos deveriam considerar a adoção das normas internacionais de contabilidade, nos próximos três a cinco anos, mesmo se não existir uma convergência completa, disse o cabeça da contabilidade estadunidense na quinta-feira.

O processo de alinhamento dos EUA e as regras internacionais de contabilidade será "sustentável para os próximos três a cinco anos", mas uma decisão sobre a plena aprovação deverá ser feita após este ponto, disse o presidente do Financial Accounting Standards Board, Robert Herz, numa conferência em contabilidade na quinta-feira na Pace University de Nova York.

O International Financial Reporting Standards (IFRS) já utilizado em mais de 100 países, têm sido muitas vezes caracterizado como mais simples abordagem à contabilidade do que o US GAAP. (...)

01 maio 2009

Rir é o melhor remédio



Fonte: Aqui

Mascáras criativas

Para gripe suína:





Fonte: Aqui

Custo de Reposição

(...) Considere a indústria petrolífera e do gás. O valor de um campo produtor não tem nada a ver com o custo para desenvolvê-lo vinte anos atrás, ou mesmo o quanto ele produziu até hoje. Valorização tem tudo a ver com todos os tipos de coisas ignoradas pelo custo histórico: os preços atuais do petróleo, o montante atual de reservas, e as capacidades atuais do atual proprietário para operar e gerir a área restante para maximizar o seu retorno econômico.

Fonte: Aqui

Canadá

(...) Canada's Accounting Standards Board planeja esperar até o final do mês para responder as mudanças dos EUA, um atraso que a Canadian Bankers Association diz que irá penalizar os bancos domésticos nacionais, pois o novo padrão não será anunciado a tempo para o final do segundo trimestre, em 30 de abril.

“Consistência nas demonstrações para instituições financeira na America do Norte é crucial neste momento para evitar incerteza e confusão entre os usuários das demonstrações financeiras”, a associação diz num e-mail.

Os grandes bancos do Canadá fizeram aproximadamente 20 bilhões em baixa dos seus ativos desde o início da crise. (...)

Canada's Accounting Standards Board está esperando pois quer ver o que o International Accounting Standards Board (IASB) decide sobre as mudancas [contábeis] dos EUA num encontro em 23 e 24 de abril em Londres, diz Paul Cherry, chairman do Board canadense.


Banks push for adoption of U.S. accounting rule
JANET McFARLAND & TARA PERKINS – 8/4/2009 - The Globe and Mail - B1


O problema para o Canada é sua ligação histórica e econômica com os EUA. Uma mudança como esta na contabilidade do país vizinho influência as normas do Canadá. Mas o Canadá adotou as normas do Iasb.

Agenda Conjunta CVM CPC

A CVM divulgou a relação da agenda conjunta com o CPC. Vale a pena dar uma olhada (aqui).

Nesta agenda são listadas:

a) as normas já emitidas
b) as normas a serem editadas
c) as interpretações e minutas

Serão 32 normas a serem emitidas em 2009.