Translate

18 julho 2006

Novo Plano Contábil para os Fundos

CVM aprova um novo plano contábil

São Paulo, 14 de Julho de 2006 - A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) publicou ontem a Instrução 438, que aprova o Plano Contábil dos Fundos de Investimento (Cofi). Segundo o comunicado da autarquia, a nova regra - válida para fundos regidos pelas Instruções 409 e 279 e fundos de aposentadoria programada individual (Fapi) - consolida e padroniza normas e procedimentos contábeis.

O plano cria novas contas, a fim de facilitar a compreensão das demonstrações contábeis dos fundos. Uma das principais mudanças envolve a conta que registra a despesa com taxa de administração do fundo. Com a nova regra, essa conta foi desdobrada em cinco subcontas, para o registro dos gastos com gestão, consultoria, controladoria, distribuição e administração efetiva. Também foram criadas novas contas para registro das despesas com taxa de performance e taxas de ingresso e saída.

Em relação aos critérios de avaliação e apropriação contábil, o plano introduz novas condicionantes para aumentar restrição à utilização da classificação dos ativos do fundo na categoria "mantidos até o vencimento".

Se o administrador do fundo entender que a adoção de uma determinada disposição prevista no plano possa resultar em informações distorcidas, apuração inadequada do valor patrimonial da cota ou distribuição não eqüitativa dos resultados entre os cotistas, a CVM admite, mediante consulta prévia, a possibilidade de o administrador deixar de aplicar a referida disposição.

O plano contábil, segundo a autarquia, não fará alterações substantivas e estruturais nas normas e procedimentos contábeis vigentes. A CVM informou que ficam preservados, em grande parte, os princípios gerais e a estrutura do Plano Contábil das Instituições do Sistema Financeiro Nacional (Cosif), inclusive a divisão em títulos, capítulos e seções para facilitar a assimilação das alterações pelos usuários.

Nova audiência

Ontem, a CVM colocou em audiência pública minuta de instrução sobre normas contábeis aplicáveis a fundos de recebíveis (FIDC), fundos imobiliários, fundos de investimento em empresas emergen-tes (FMIEE) e os fundos de Participações (FIP).

A CVM propõe: à parcela da carteira livre dos fundos seriam aplicadas integralmente as regras do Cofi e, à parcela relativa aos seus ativos-objeto, seriam aplicadas as regras específicas expedidas pela CVM, as regras das companhias abertas e, subsidiariamente, as regras do Cofi. Os interessados poderão encaminhar sugestões até dia 15 de setembro.


Enviado por Ricardo Viana

Mudanças nos Balanços

Uma reportagem sobre as alterações nos balanços das empresas brasileiras referente as obrigações tributárias. Como nossa legislação fiscal é as vezes confusa, temos uma justiça lenta, os efeitos podem ser significativos. A reportagem foi enviada por Ricardo Viana.

CVM exige adaptação de balanços
Josette Goulart
03/07/2006

Os balanços das empresas brasileiras vão passar por uma transformação neste ano que pode trazer à tona uma série de esqueletos escondidos sob a égide de "contingências tributárias possíveis ou remotas". É que, ao classificar disputas fiscais dessa forma, as empresas não são obrigadas a provisionar os valores de impostos que não pagaram e estão discutindo administrativa ou judicialmente. Muitos desses casos, entretanto, escondem passivos que a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) passou a exigir, por meio da Deliberação nº 489, que sejam classificados como "obrigações tributárias" e que, portanto, estejam refletidos nos balanços. A nova regra entrou em vigor em 1º de janeiro deste ano, mas poucas são as empresas que ajustaram seus balanços do primeiro trimestre. Nem mesmo a CVM já está preparada, pois só vai fazer a fiscalização a partir dos balanços anuais referentes a 2006.

A regra gera ainda muita controvérsia e muitas empresas sequer sabem exatamente o que precisam fazer para se adequar. O tributarista Roberto Haddad, do escritório Branco Consultores, diz que em princípio, pela forma como a regra foi apresentada, com exemplos do que deveria mudar, entendia-se que era necessário provisionar toda e qualquer autuação que a Receita Federal lavrasse contra a empresa. Isso causaria rombos bilionários em todos os balanços e quebraria contabilmente muitas empresas. Mas a regra é muito mais subjetiva.

De acordo com o esclarecimento do gerente de normas da CVM, José Carlos Bezerra da Silva, a comissão só fez algumas adaptações e detalhou um pouco melhor uma norma que já existia. Bezerra da Silva diz que as empresas precisam classificar como obrigação tributária aquilo que está na lei, mesmo que a empresa esteja questionando o pagamento na Justiça. A idéia é a de que uma lei só se torna ilegal se o Supremo Tribunal Federal (STF) assim determinar ou até que esta lei seja revogada pelo Senado. Mas o gerente informou que somente os balanços anuais serão fiscalizados pois a CVM está se organizando para fiscalizar todos os pontos da Deliberação nº 489, apesar de as normas já vigorarem para as informações trimestrais.

O vice-presidente do Instituto Brasileiro dos Auditores Independentes (Ibracon), Francisco Papellas, diz que cada disputa descrita nos balanços na linha de contingências precisa ser analisada individualmente - o famoso cada caso é um caso. Em alguns, discute-se a lei, em outros a interpretação da lei. O primeiro é uma obrigação, o segundo uma contingência. Mas não é tão simples assim, pois o que os auditores vão considerar como uma obrigação é muito subjetivo e extremamente jurídico. O advogado Vinícius Branco, do escritório Levy & Salomão, defende a idéia de que o Ibracon e a CVM chamem os advogados para ajudar a fazer os regulamentos, já que os aspectos contábeis podem ser alterados pelos processos jurídicos.

Branco diz ainda que essa deliberação com certeza afetará muitos balanços e isso vai acontecer especialmente por um outro problema: o fato de os advogados que promovem as ações tributárias em nome da empresa serem os mesmos que classificam as contingências como prováveis (que precisam ser provisionadas), possíveis ou remotas. "Como um advogado que oferece uma ação para a empresa pode, alguns meses depois, dizer a esta mesma empresa que as chances de perda são prováveis?", diz Branco. "Os acionistas de hoje vão pagar pelos lucros dos acionistas de ontem", diz Branco, referindo-se ao fato de que, ao reconhecer provisões que já deviam estar nos balanços, os lucros distribuídos aos acionistas são reduzidos.

Em uma busca pelas notas explicativas dos balanços trimestrais são encontradas desde empresas que explicam absolutamente todos os questionamentos em que estão envolvidas, mesmo de contingências que não precisam ser provisionadas, até aquelas que admitem que suas notas explicativas estão equivocadas. A ALL, por exemplo, informa na nota explicativa de seu balanço que não provisionou R$ 15 milhões, pois considera remota a chance de perda de uma disputa que questiona a majoração da alíquota de 2% para 3% do PIS e da Cofins. Mas essa questão já foi definida no ano passado pelo Supremo, que deu ganho de causa ao fisco. Por meio de sua assessoria, a empresa informou que a nota explicativa será corrigida, pois os valores já estão contabilizados nas obrigações tributárias.

Por outro lado, algumas empresas deixam de informar as contingências consideradas como possíveis ou remotas, como é o caso da Sadia e da Ambev. A Sadia informa que tem R$ 460 milhões em discussão tributária que não estão provisionados, mas não especifica que discussões são essas. Procurada pelo Valor, a empresa não respondeu o pedido de informações. O mesmo faz a Ambev, que diz ter contingências de R$ 4,8 bilhões que não estão provisionadas porque os consultores jurídicos entendem que são possíveis ou remotas de perdas, e que portanto, não é preciso provisionar. A empresa explica apenas que R$ 3,6 bilhões referem-se a autuações fiscais com base em lucros auferidos por coligadas ou controladas, mas os outros R$ 1,2 bilhão não estão relacionados. A assessoria de imprensa da Ambev informou que os valores referem-se a disputas muito pulverizadas, e que por isso não estão especificados no balanço. Mas assim como estes valores podem estar classificados corretamente como contingências que não precisam ser provisionadas, podem também se referir a questionamentos que passam agora a fazer parte da conta "obrigações tributárias".

O auditor Valdir Coscodai, sócio da PricewaterhouseCoopers, lembra que essas obrigações só poderão ser reconhecidas nos resultados quando a disputa judicial já estiver transitado em julgado para a empresa. Foi o que aconteceu com a questão do alargamento da base de cálculo da PIS/Cofins, em que o Supremo decidiu pela inconstitucionalidade da lei em um recurso extraordinário e que, portanto, só vale para as empresas que já tiveram suas ações julgadas pela corte.

Valor Econômico

13 julho 2006

Receita, Previsão e Cinema

Uma das tarefas mais difíceis de um especialista em contabilidade financeira é fazer uma previsão. Quando se pensa em estimativa de demonstrações financeiras, a tarefa torna-se mais complicada ainda.

Geralmente o processo de previsão inicia-se com a receita da empresa. Através da receita podemos estimar mais facilmente os valores a receber e outros itens vinculados ao ciclo financeiro, além de algumas despesas.

A indústria do cinema é bastante sugestiva nesta dificuldade de fazer uma previsão para a receita. Segundo sítio The Stalwart, os grande sucessos de Hollywood, em termos das maiores arrecadações no final de semana de estréia, são os seguintes:

1. Piratas do Caribe 2
2. Star Wars III
3. X-Men: The Last Stand
4. Spider Man 2
5. Harry Potter and the Goblet of Fire
6. Spider Man
7. Harry Potter and the Prisoner of Azkaban
8. The Matrix Reloaded
9. The Lord of the Rings: The Return of the King
10. Harry Potter and the Sorcercer´s Stone
11. X2: X-Men United
12. Star Wars II

Fonte: The Stalwart

A lista parece promissora pois a maioria dos filmes são seqüencias. Então a projeção da receita ficaria mais fácil uma vez que um filme que seria a continuação de um sucesso tem grandes chances de ser também um sucesso?

Ledo engano. Uma consulta no sítio The Numbers, sobre cinema, revela que o recorde de receita, ajustado pela inflação, ainda está com os filmes originais: Star Wars, ET, Titanic, O Império Contra-ataca, Retorno de Jedi, Jurassic Park, Star Wars: Phantom, Os Caçadores da Arca Perdida, Forrest Gump e o Rei Leão, nesta ordem. (Somente receita nos Estados Unidos. A ordem considerando o mundo todo muda um pouco)

Segundo Leonard Mlodinow, numa reportagem para o Los Angeles Times, a previsão para o filme que será sucesso é algo que se aproxima do caos. Mlodinow lembra inúmeros casos em que o acaso foi muito mais preciso que a confiança dos executivos de Hollywood. Este autor de livros de física e matemática lembra que os bem remunerados executivos não acreditavam em sucessos como Guerra nas Estrelas, Tubarão, entre outros, mas apostaram em Ishtar (Warren Beatty+Dustin Hoffman+$55 milhões de orçamento=$14 milhões de receita) ou Last Action Hero (Schawarzenegger+85 milhões=50 milhões) entre outros fracassos.

A reportagem do LA Times lembra de erros comuns já investigados pela ciência. Um deles é a ilusão do controle, onde as pessoas pensam que tem poder sobre o que ocorre no mundo (algo como vestir "aquela" camisa da sorte e o Brasil não irá perder para a França. Deu sorte na última copa). Os executivos tem ilusão do controle pois acreditam que sua decisão terá influencia sobre o mercado de cinema. É uma "ilusão".

No sítio Art de Vany existem dois gráficos interessantes que mostram a dificuldade da estimativa no cinema. O primeiro gráfico mostra uma curva normal e uma curva com a variação do lucro ao longo do tempo. A curso do lucro de filmes reflete uma distribuição que não é simétrica.















O segundo gráfico apresenta a variação do lucro ao longo do tempo. Não existe uma tendência a redução da variância, demonstrando que o negócio cinema é arriscado

As 500 maiores do mundo e o Brasil

Na relação divulgada das quinhentas maiores empresas da Fortune aparecem 4 empresas brasileiras:

Petrobrás = 86a., com Receitas de US$56 milhões;
Bradesco = 269a., com Receitas de US$22,9 milhões
Banco do Brasil = 323a. com receitas de 20,0 milhões; e
Itaúsa = 415a., com receitas de 16,2 milhões.

Fonte: Fortune

Entre as maiores empresas do mundo, a lista é a seguinte (receita e lucro, na ordem, em $bilhões):

1
Exxon Mobil 340 36
2 Wal-Mart Stores 316 11
3 Royal Dutch Shell 307 25
4 BP 268 22,3
5 General Motors 193 -10,6
6 Chevron 189,5 14,1
7 DaimlerChrysler 186,1 3,5
8 Toyota Motor 185,8 12
9 Ford Motor 177,2 2,
10 ConocoPhillips 166,7
13,5

Os três maiores prejuízos:

1 Vodafone 66 39,092.9*
2 UAL 369 21,176.0*
3 General Motors 5 10,567.0

Fonte: Fortune

Inscrições para Mestrado

Estão abertas inscrições para o mestrado da Universidade de Brasília, UFPB e UFRN. Para maiores informações consulte: www.unb.br/cca
Também estão abertas as inscrições para o mestrado da Universidade Estadual de Blumenau. Informações em http://www.furb.br/ppgcc

Quanto menos informação, melhor

Publicado no jornal Valor Econômico, cita uma pesquisa que afirma que "quanto menos informação, melhor". Comenta uma pesquisa realizada nos Estados Unidos e é muito interessante. Enviado por Ricardo Vianna.

Quanto menos informação, melhor a decisão de investimento
Aquiles Mosca
11/07/2006

Via de regra, aceitamos sem questionar que quanto mais informação tivermos, maior é a probabilidade de que uma dada decisão seja acertada, sobretudo se tais informações forem apresentadas de maneira lógica e sistemática. No entanto, em diferentes campos de estudo, que variam da medicina ao comportamento de consumidores, passando por decisões de investimentos, há ampla evidência de que a maior parte de decisões acertadas são feitas com base em um conjunto bastante limitado, porém altamente relevante, de poucas informações.

Para a maioria dos profissionais é difícil admitir que tal afirmação seja verdadeira e provavelmente ninguém sofre mais com isso que os economistas (grupo do qual também faço parte), para quem o domínio das relações de causa e efeito, de variáveis endógenas e exógenas e uma pretensa capacidade de organizar o caos econômico conferem uma aura de sabedoria.

O estudo conduzido por Stuart Oskamp, professor emérito de ciência do comportamento da Universidade de Stanford, pode ajudar a compreender a mecânica mental e a conseqüência comportamental que dão validade à afirmação de que na hora de tomar decisão, menos informação pode valer muito mais. Oskamp reuniu um grupo de psiquiatras e psicólogos aos quais foi colocado o desafio de traçar o perfil de um indivíduo de 29 anos e veterano de guerra de nome Joseph Kidd.

Na primeira fase, apenas informações básicas, como idade, cidade de origem, profissão dos pais, etc, foram disponibilizados. Na segunda fase, Oskamp forneceu uma página e meia com informações relativas à infância de Joseph, seguidas na terceira fase por informações sobre os anos de Joseph no colegial e faculdade. Por fim, na quarta e última fase, o grupo de analistas recebeu informações detalhadas sobre o tempo de Joseph no exército e em outras atividades. Após cada fase, os analistas tinham de responder um questionário de múltipla escolha sobre a vida de Joseph.

Oskamp descobriu que, quanto mais informação era fornecida aos analistas, maior era a crença desses na exatidão de suas avaliações. Esse aumento de confiança se tornava mais significativo quanto mais detalhes recebiam. No entanto, apesar dos próprios analistas julgarem estar cada vez mais precisos em suas avaliações, o que Oskamp verificou foi que a cada nova fase e inclusão de novas informações, o percentual de acerto permanecia consistentemente ao redor de 30% para todos os analistas, muitos dos quais respondiam de maneira diferente a mesma questão em fases distintas.

Ou seja, conforme recebemos mais e mais informações, a certeza na exatidão de avaliações torna-se fora de proporção se comparada com a exatidão das decisões efetivamente tomadas. Para o universo dos investimentos, tal estudo e suas conclusões colocam grandes questionamentos. Há um risco não desprezível de ao coletar e analisar um número crescente de informações (o que é perfeitamente compreensível dada a complexidade dos sistemas econômicos) acaba-se por gerar uma situação onde o volume de dados é tal que uma parcela significativa das informações ou é irrelevante para a decisão a ser tomada ou somos simplesmente incapazes de processá-las de tal forma que contribuam positivamente para a qualidade de decisão. No entanto, fazem com que seja muito maior o grau de conforto e a confiança sob o qual a decisão é feita.

Há uma grande ironia em tudo isso: o desejo de gerar confiança é exatamente o que acaba minando a qualidade da decisão tomada. Acaba-se alimentado com mais dados e informações, muitas delas irrelevantes, um sistema mental que muitas vezes já se encontra congestionado.

O mercado financeiro não está imune a essa tendência comportamental. Ganha espaço a avaliação de que o fator fundamental para o sucesso das decisão de alocação, seleção de ativos e momento mais adequado de montar posições nos diversos mercados parece estar baseado na identificação das teses de mercado, isto é, a convergência da expectativas dos agentes para uns poucos temas que acabam conduzindo os movimentos das cotações dos principais ativos. No período atual, tal tese é de que há um risco global de que o período recente de bonança nos mercados poderá ser ameaçado pela continuidade do ciclo de aperto monetário nos EUA. Esse fator tem ditado o rumo dos mercados há alguns meses e o investidor que concentrou com antecedência o foco de sua atenção nesse componente do mercado, desconsiderando demais informações que possam poluir seu processo decisório, certamente teve mais sucesso que seus concorrentes, ao menos até que tal tese, e a conseqüente convergência de expectativas, sofra nova mudança de foco.

Aquiles Mosca é economista e estrategista de investimentos pessoais do ABN Amro Asset Management


Falha de comunicação e falha em projetos

Notícia sobre pesquisa que mostra a relação entre falha de comunicação e falha em projetos:

Falta de comunicação é principal razão de falhas em projetos

Segundo estudo divulgado pela companhia Vital Smarts, especializada em treinamento corporativo, dificuldade de trocar informações é a mais causa de problemas.

Por COMPUTERWORLD
07 de junho de 2006 - 16h47

Falhas de comunicação podem ser a principal causa de falhas em projetos corporativos. É o que apontam os resultados preliminares de uma pesquisa sobre gerenciamento de projetos, conduzida pela empresa norte-americana de treinamento Vital Smarts.

O estudo mostra que a falta de habilidade dos gerentes de projetos para conversar com sua equipe sobre situações críticas freqüentemente acarretam o
fracasso. O diretor da pesquisa David Maxfield sugere cinco situações críticas que envolvem problemas de comunicação:

- Estabelecer prazos finais arbitrários e recursos inadequados
- Falta de liderança e energia para conduzir o projeto, além de interesses políticos
- Não respeitar a priorização dos processos do projeto
- Má vontade dos membros da equipe, que encaram a tarefa com sofreguidão
- Falhas para identificar problemas no projetos em tempo hábil para consertá-lo.

A pesquisa foi realizada com mais de 800 gerentes de projetos e 150 horas de observação de atividades em projetos. Um dos resultados é que:

* 80% destes gerentes dizem enfrentar com freqüência prazos e recursos inadequados que não têm relação com a realidade.
* 18% afirmam sentir que foram capazes de enfrentar a situação.

Em números, o estudo mostra que, devido à falta de comunicação:

* 74% dos empresários gastam mais do que o previsto no orçamento,
* 82% ultrapassam os prazos,
* 79% não conseguem atender às especificações de qualidade e funcionalidades e
* 67% enfrentam problema de auto-estima da equipe.

Por isso, o analista alerta que é preciso criar o hábito de conversar sobre assuntos críticos e estabelecer uma métrica que avalie e indique se
o processo está sendo bem-sucedido ou não.

(Enviado por Rubens)

11 julho 2006

Direito e o mais fraco

O jornal Valor Econômico, do dia 10/07, divulga uma pesquisa sobre a justiça e o mais fraco. É um estudo muito questionável pois escolher ao "acaso" um conjunto de decisões não garante sua conclusão. Talvez uma amostragem estratificada fosse mais interessante pois afinal uma causa de milhões é diferente de uma causa de alguns reais. E, pelo que deixa a entender a reportagem, isto não foi feito.

Além disto, as percentagens e a suposição de que a decisão deva ser neutra (50% de chance para cada lado) é também muito questionável. Com base em qual fundamento isto foi feito? Na verdade a reportagem não informa que estudo foi realizado (uma tese não seria, pois são dois autores do trabalho) e como ter acesso ao trabalho.

De qualquer forma, eis a reportagem:

Justiça não favorece os mais fracos

Felipe Frisch

Um estudo com base em quase 200 acórdãos do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) contraria o que tem se tornado cada vez mais um senso comum - a afirmação de que a incerteza jurídica e o rompimento dos contratos pela Justiça justificam, em parte, as altas taxas de juros dos financiamentos dos bancos. Segundo testes realizados pelos pesquisadores Ivan César Ribeiro e Brisa Ferrão, quando o contrato favorece a parte mais forte - casos dos contratos de leasing (alienação fiduciária), fornecimento, representação, crédito rotativo e duplicatas -, há 45,41% a mais de chances de ele ser mantido no processo.

Essa vantagem da instituição financeira cai em apenas um terço quando a legislação intervém em favor do mais fraco, pela análise das decisões. O ideal, diz Ribeiro, seria essa relação ser neutra. Teóricos usuais do assunto tendem a dizer que os mais fracos são favorecidos pelos juízes, sendo os contratos rompidos em boa parte dos casos.

Em outro teste, os pesquisadores chegaram à conclusão de que, quanto maior a regulação - casos de relação de consumo, por exemplo, reguladas pelo Código de Defesa do Consumidor -, menor é a chance, em 22,28%, de o contrato ser mantido. Na interpretação dos pesquisadores, isso significa que, quando há menos liberdade para contratar, menor a chance de o contrato conter algum dispositivo que contrarie a lei. Além das decisões judiciais propriamente, a pesquisa contou com questionários preenchidos pelos desembargadores do TJSP.

O estudo foi feito com base em 181 decisões escolhidas aleatoriamente de 1.019 acórdãos dos anos de 2004 e 2005 levantados. Segundo os pesquisadores, o favorecimento dos "economicamente privilegiados" acontece porque a suposta neutralidade do juiz ignora as maiores chances de defesa que o "litigante organizacional" - a instituição financeira - normalmente tem. Para assegurar a separação - de um lado devedores como a parte efetivamente mais fraca e, de outro, credores como a mais forte - a pesquisa eliminou da base analisada os casos em que os devedores eram grandes grupos, onde a definição de "mais forte" era dificultada. Com isso, restaram 129 casos em que esse contraste era claro.

O economista Armando Castelar Pinheiro, referência nas pesquisas que apontam o Judiciário como um dos responsáveis pelos juros altos dos bancos, reconhece o mérito da pesquisa em ir na fonte primária de informações - as decisões judiciais. Mas faz uma ressalva de que, para saber até que ponto o cumprimento ou não dos contratos pelos juízes não está associado a fazer justiça social, seria necessário avaliar as motivações dos magistrados por trás de cada decisão. "Quando um juiz revê um contrato para favorecer a parte mais fraca, não diz que está fazendo isso em nome da justiça social, mas procura a lei para justificar", diz Castelar. Na pesquisa dele, feita em 12 Estados, 25% dos juízes disseram que era muito freqüente uma sentença ser justificada pela ideologia do julgador.

A tese de Ivan Ribeiro e Brisa Ferrão, no entanto, encontra eco entre especialistas em direito bancário. O advogado Rodrigo Guedes acha ainda pequeno o percentual de favorecimento da parte mais forte. Ele avalia que mesmo inovações na legislação, como a nova Lei de Falências, que facilitam a cobrança de créditos pelo banco, as taxas de juros não caíram. Para o advogado João Antonio Motta, a incerteza jurídica é irrelevante para a definição das taxas de juros, já que os níveis de inadimplência são baixos e apenas uma pequena parte dos devedores - segundo ele, menos da metade dos que não pagam - chega ao Judiciário. De fato, segundo dados de maio do Banco Central, os últimos disponíveis, os atrasos de pagamento superiores a 90 dias são apenas 4,9% e as taxas do cheque especial são de 145,36% ao ano, em média, e as do crédito pessoal, empréstimo direto, de 62,29%.

Em dívida com o Mercado

A CVM divulgou uma lista com as empresas abertas que estão em dívida com o usuário da informação contábil. Em outras palavras, são empresas em atraso há mais de seis meses com as informações obrigatórias ao mercado.

A CVM informa que o "objetivo é que considerem essa informação nas suas relações com as citadas companhias abertas, ou nas suas decisões de investimento." Bastante sutil o recado da CVM. O comunicado (sem o CNPJ e observações) encontra-se a seguir:

COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS
SUPERINTENDÊNCIA DE RELAÇÕES COM EMPRESAS
EDITAL DE NOTIFICAÇÃO

(Publicado no DOU de 05.07.06)

A COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS – CVM, de acordo com a Deliberação CVM nº 178, de 13.02.95, vem a público divulgar a relação das companhias abertas que estão inadimplentes há mais de 06 (seis) meses quanto à divulgação de informações obrigatórias ao mercado, nos termos da Lei nº 6.385, de 07.12.76, e da Instrução CVM nº 202, de 12.06.93.

O objetivo desse comunicado é alertar aos investidores e ao público em geral que considerem essa informação nas suas relações com as citadas companhias abertas, ou nas suas decisões de investimento.

Na relação estão incluídas 17 (dezessete) companhias abertas que estão em atraso superior a 06 (seis) meses com pelo menos um dos formulários ITR, DFP e IAN, até a emissão de relação (03.07.2006), valendo ressaltar que não fazem parte dessa lista as companhias que estejam, segundo o cadastro da CVM, em situação de falência, liquidação ou liquidação extrajudicial.

1 - AMERICEL S.A.
2 - BERGAMO CIA INDUSTRIAL
3 - CACHOEIRA VELONORTE S.A. - CONCORDATÁRIA
4 - CENTRO HOSPITALAR ALBERT SABIN S.A.
5 - CTM CITRUS S.A.
6 - DIJON S.A.
7 - FERRAGENS DEMELLOT S.A.
8 - MAORI S.A.
9 - MINASFER S.A.
10 - PROCID PARTICIPAÇÕES E NEGÓCIOS S.A.
11 - RIMET EMPREENDIMENTOS IND. E COMERCIAIS S.A.
12 - SOLE DO BRASIL S.A. TELECOMUNICAÇÕES E COMÉRCIO EXTERIOR
13 - TORCEDOR S.A.
14 - TRORION S.A.
15 - USINA COSTA PINTO S.A. ACUC ALC
16 - VERPAR CENTROS COMERCIAIS S.A.
17 - VIAÇÃO AÉREA SÃO PAULO S.A. – VASP

Rio de Janeiro, 03 de julho de 2006


FERNANDO SOARES VIEIRA
Gerente de Acompanhamentos de Empresas



ELIZABETH LOPEZ RIOS MACHADO
Superintendente de Relações com Empresas

Os investimentos do Presidente

A semana passada trouxe notícias sobre a riqueza do nosso presidente. (É bem verdade que os jornais também anunciaram que a fortuna de Quércia ultrapassava a R$100 milhões!)

Um comentário interessante apareceu no jornal Estado de S. Paulo de 7/7/2006, p. A5, com o título "Presidente pode ter ferido código de ética", de Lisandra Paraguassú. Conforme lembra a reporter:

"O detalhamento do patrimônio do presidente (...) inclui aplicações em ações de três empresas: Banco do Brasil, Petrobrás e Vale do Rio Doce. As aplicações somam R$3.473,23 e poderiam passar desapercebidas frente ao patrimônio do presidente, de cerca de R$839 mil, não fosse um detalhe que chama a atenção de quem conhece as normas que regem o comportamento dos funcionários públicos."

"O Código de Conduta da Alta Administração Federal veta o investimento de servidores de primeiro e segundo escalões em bens que possam ter seu valor alterado em conseqüência de decisões governamentais."


A reportagem esclarece que o Código não faz nenhuma referência explícita sobre o cargo de Presidente, mas deixa a entender que é razoável que o mesmo também seja contemplado.

Num pequeno quadro o repórter Sérgio Gobetti, foi mais feliz ainda:

"As declarações apresentadas pelo presidente Lula ao TSE mostram que ele precisaria ter economizado ao menos 76% de sua renda mensal desde 2003 para dobrar seu patrimônio. Lula tem duas fontes de renda: salário de presidente (R$8.885,48) e aposentadoria de anistiado político, de R$4.509 desde maio.

Nos últimos três anos e cinco meses, Lula ganhou R$565,3 mil - R$448,9 mil líquido. Despesas pessoais do presidente são pagas pelos cofres públicos. Simulando qual seria o ganho se economizasse por mês 76% do que ganha e investisse em fundos de renda fixa e poupança, há rendimento líquido com juros de R$76,8 mil. Mais o valor original da poupança, fora CPMF, são R$416 mil, valor da expansão dos bens desde 2002."

Grafismo

O estudo do comportamento de preços através dos gráficos tem defensores que acreditam realmente que é possível antever o que ocorre com o mercado através do comportamento histórico dos preços. Mas existe uma grande parcela de pessoas que não acreditam no grafismo e consideram algo próximo a astrologia.

A reportagem a seguir é da revista Isto é Dinheiro número 460, desta semana, e explica o que é o grafismo, com uma dose de ironia.

Desvendando o Código Da Vinci
nos mercados
Como uma corrente de analistas financeiros lê o futuro em gráficos de ações


Por Alexandre Teixeira

Eles não são místicos, mas pertencem a uma corrente de pensamento que, para os leigos, parece uma seita esotérica. Dizem-se capazes de ler o futuro em gráficos, onde enxergam figuras como a de um Buda meditando ou um homem enforcado. Parte importante de suas teorias é elaborada a partir da Seqüência de Fibonacci, imortalizada em uma das pistas para o “simbologista” Robert Langdon no best seller O Código Da Vinci. Os personagens. personagens em questão são analistas de mercado, trabalham em bancos ou corretoras e dedicam-se a recomendar compras e vendas de ações. Chamam-se analistas gráficos ou técnicos e, na turbulência que sacudiu os mercados nos últimos dois meses, provocaram seus colegas ortodoxos, gabando-se de ter antecipado a virada do mercado, a partir de 9 de maio. Com a ajuda de Fernando Góes, analista gráfico da corretora Ágora Senior, DINHEIRO desvenda a seguir os mistérios dessa versão financista de O Código Da Vinci.

A REVELAÇÃO
O ponto de partida para o desenvolvimento desta trama está em um mercado de arroz na cidade de Sakata, no Japão do século 18. Foi ali que um negociante conhecido como Homma criou os fundamentos da análise gráfica. Fez isso desenhando durante anos os preços de abertura e fechamento do mercado até detectar padrões de comportamento cíclicos que lhe permitiam antecipar movimentos. Um dos gráficos assim criado lembrava o formato de um Buda meditando. Rebatizado de “figura ombro-cabeça-ombro” ao ser adaptado à teoria ocidental, tornou-se um clássico da análise técnica, muito usado até hoje.

A TEORIA DE DOW
Mais de um século depois, em Nova York, Charles H. Dow, fundador da agência de notícias Dow Jones, formulou a primeira teoria ocidental para o estudo do movimento dos preços por meio de gráficos, que norteia a análise técnica até os dias de hoje. Mas os padrões encontrados em Sakata, reunidos na chamada “Teoria de Candlestick (castiçal, já que os gráficos de Homma eram em forma de vela)” ainda são muito usados atualmente.

AS ONDAS DE ELLIOT
Há uma série de vertentes alternativas da análise gráfica, como a “Teoria das Ondas de Elliot”, de 1939, que defende que o mercado de ações segue um padrão de cinco ondas de subida e três ondas de descida para completar um ciclo. Cada grafista tem suas preferências e vários deles usam um pouco de cada uma. “O mais importante”, diz Góes, “é que a análise gráfica está sempre refletindo a psicologia das massas, oscilando entre otimismo e pessimismo, em ciclos que tendem a se repetir”.

SEQÜÊNCIA DE FIBONACCI
Dentro de toda essa discussão sobre ciclos é que entra a Seqüência de Fibonacci – que se forma somando um número ao anterior infinitamente, como em “1,1,2,3,5,8,13”. Criado pelo matemático italiano Leonardo de Pisa (Fibonacci é uma corruptela de Filho de Bonaccio), no século 12, este padrão é encontrado em constelações, nos ciclos das marés e até nas proporções do corpo humano. Da Vinci a chamava de Divina Proporção e a usou em muitos de seus trabalhos. “Como a natureza, o mercado também segue o padrão”, diz Góes. “Após configurar um gráfico, apontando alta ou baixa da bolsa, podemos projetar para onde o mercado vai usando Fibonacci”, ensina.

PROFECIA REALIZADA
Mesmo os mais céticos surpreendem-se com a capacidade da análise gráfica em antecipar o movimento dos mercados. “Antes do atentado de 11 de setembro, tínhamos gráficos totalmente configurados para quedas, com grandes figuras apontando nessa direção”, lembra Góes. Pode ser coincidência. E há até quem diga que insiders da Al Qaeda se posicionaram no mercado antecipando a grande baixa. “O importante é que estava tudo estampado nos gráficos, e a queda realmente veio”, pontifica o analista.

NÃO PERGUNTE POR QUÊ
A bola de cristal dos grafistas teria funcionado, também, na reversão de expectativas na bolsa no último mês de maio. O mercado subia de vento em popa, até que uma súbita reviravolta mudou a direção das cotações das ações, que despencaram. “Isso também foi antecipado por uma figura de queda, a chamada ombro-cabeça-ombro”, afirma Góes. Segundo ele, o analista gráfico não está interessado nas razões do mercado, mas sim no seu modus operandi. Em outras palavras, se quiser decifrar este código, não pergunte por que os preços sobem e descem, mas como e quando isso acontece.

29 junho 2006

Cilada Emocional

Reportagem enviada por Ricardo Viana, publicada no Jornal Valor Econômico:

Cilada emocional

Por Catherine Vieira
20/06/2006

O empresário Hélio do Amaral começou a investir em ações há cerca de três anos, como forma de turbinar a renda de sua futura aposentadoria. Até maio, com a animadora seqüência de altas no mercado local, ele nunca precisou rever a estratégia. Com as turbulências iniciadas em maio, porém, o temor de colocar o futuro em risco assustou Amaral. Assim como milhares de investidores individuais, que passaram a abarrotar os chats na internet e as centrais telefônicas das corretoras, ele se viu diante da necessidade de tomar uma decisão: é hora de vender ou devo manter minhas posições?

É justamente nestes momentos, de maior pressão, quando o assunto envolve decisões estratégicas, que os especialistas do comportamento humano alertam: cuidado com as armadilhas internas.

Quando o mercado passa por momentos de virada e os investidores precisam decidir o que fazer em relação ao novo cenário, ficam mais evidentes os fatores que mostram que os aplicadores não se comportam de forma puramente racional, lembra o professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e especialista em finanças comportamentais Jurandir Sell Macedo. Eles são também influenciados pelas emoções e as chamadas "ilusões cognitivas". "Quem só conhece mercado em alta pode ter essa ilusão, mas a queda também faz parte da dinâmica e quem não convive bem com isso não deve investir em ações", diz.

Um artigo dos especialistas John Hammond, Ralph Keeney e Howard Raiffa na revista Harvard Busines Review enumerou as sete ciladas psicológicas que costumam atrapalhar gestores de negócios e carteiras na hora da decisão. A primeira das chamadas "armadilhas ocultas" é a que eles chamaram de efeito-âncora, que leva o investidor a dar um peso desproporcional à primeira informação recebida sobre determinado assunto. Já a armadilha do status quo mostra a tendência a manter a carteira ou posição como está, ainda que possam haver alternativas melhores, enquanto o problema do custo irrecuperável leva o investidor a perpetuar erros cometidos no passado por evitar realizar algum prejuízo. Outro vício é aquele que faz com que as pessoas tentem sempre buscar dados que confirmem suas teses e recusar dados que as refutam.

Há ainda a questão do excesso de confiança, que leva a superestimar a exatidão das próprias projeções ou de terceiros ou, ao contrário, a armadilha da prudência exagerada, que traz demasiada cautela na hora de prever eventos incertos. Por fim, há o efeito lembrança, que é uma espécie de trauma no qual o indivíduo acaba atribuindo um peso desmedido a eventos recentes e dramáticos.

Ao contrário do que ocorreu em outros momentos de volatilidade do passado, os investidores individuais revelam uma paciência maior com o sobe-e-desce. Isso também é explicado pela fase prolongada de altas do Índice Bovespa, que chegou a valer 8.500 pontos em 2002 e este ano, antes dos solavancos, foi perto dos 42.000 pontos. "Não vou dizer que não dá medo olhar o mercado em queda, o mercado está perigoso", diz o empresário Hélio Amaral. Cliente da Corretora Ativa, ele prefere continuar acompanhando de perto antes de tomar a decisão de vender. "Mas estou mais cauteloso, não dá para entrar em qualquer lançamento de ações, por exemplo."

O diretor de varejo da corretora Ágora Senior, Marcelo Smarrito, conta que os clientes aumentaram muito o volume de consultas e freqüência aos chats. "Mas em geral eles têm mantido as posições", conta o executivo.

Se as decisões tomadas hoje são acertadas é difícil saber, diz Macedo, da UFSC. Mas, pelo menos num ponto, o especialista acredita que a atitude atual dos investidores pode estar sendo mais positiva do que em outros momentos. "Não ser movido pelo pânico e não tentar vencer o mercado a todo momento já é um bom caminho, demonstra um maturidade maior do investidor brasileiro", diz. "O que os estudos de finanças comportamentais mostram é que bater o mercado, ou seja, os índices básicos, com consistência, é praticamente impossível", acrescenta.

O especialista americano Meir Statman, que esteve no Brasil no mês passado, lembrou que justamente dessa conclusão nasceram os chamados fundos de ações passivos, ou fundos de índice, que só reproduzem as carteiras teóricas dos índices.

De acordo com o especialista catarinense, muitos investidores tendem a acreditar que podem conseguir sempre superar o mercado, a começar por ele próprio, que também é consultor. " Eu tenho um perfil muito especulador e um dos clientes que eu assessoro é superconservador, quase não gira a carteira e gosta de bons dividendos ", conta Macedo. "Sempre achei que eu ganhava muito mais que ele e, um dia, coloquei na ponta do lápis e descobri que, num período de oito anos, minha carteira perdia em 3% para a dele".

Para se livrar das ciladas, os especialistas recomendam comprar devagar, vender devagar, não ficar suscetível a momentos de pânico e manter-se fiel aos objetivos. "Quem quer juntar dinheiro para comprar um apartamento por exemplo, quando a quantia já for suficiente, deve vender as ações e comprar o imóvel", diz Macedo. "Não se pode ceder à tentação de acreditar que a bolsa só sobe e ficar sempre tentando ganhar mais, assim como não se deve resistir a realizar um ganho menor porque surgiu uma queda", conclui.

Valor Econômico