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15 maio 2006

Macaco Cebus

O macaco Cebus é também chamado de capuchino por lembrar os freis capuchinhos da igreja católica. Em certos lugares é conhecido como mico.

Ele é encontrado na América Central e na América do Sul, inclusive Brasil. Esse macaco mede entre 30 a 56 cm e pesa em torno de 1,3 kg. É um macaco que vive em árvores e possui como inimigos os falcões, as cobras e os gatos. O Cebus alimenta-se de frutas, insetos, aranhas, ovos de pássaros e pequenos vertebrados.

O Cebus é considerado um dos macacos mais inteligentes e por essa razão tem sido utilizado em pesquisas em laboratórios. Em Boston, o Cebus tem sido treinado para ajudar quadriplégicos, da mesma forma de cachorros.

Qual a relação do Cebus com a contabilidade financeira?

Durante muitos anos os especialistas de finanças comportamentais atribuiram muita atençaõ a conceitos como aversão à perda e dependência de referência (reference-dependence). Além deles, os estudiosos de sociologia e psicologia também davam uma atenção especial a esses conceitos. Um pressuposto do uso desses conceitos era que sua aplicação ocorria na sociedade humana. Até o momento tem sido comum associar os conceitos de finanças aos sentidos do homem.

Três pesquisadores da Yale University, Keith Chen, Venkat Lakshminarayanan e Laurie Santos, questionaram se certos comportamentos considerados como viés do ser humano talvez possa ser inato a outros seres. Os pesquisadores utilizaram cinco Cebus, sendo dois machos. Além disso, somente dois dos animais possuía vínculo genético.

A analise dos pesquisadores mostrou que é possível afirmar que as decisões do Cebus são parecidas com a dos seres humanos no que diz respeito a aversão à perda. Desse modo o Cebus também não gosta de perder, sendo algo talvez inato aos ancestrais.

Quem deve vencer o próximo Nobel de Economia?

O Prêmio Nobel de Economia é sempre aguardado na área de economia, administração e finanças. Apesar de todas as críticas sobre a parcialidade e as injustiças cometidas (recentemente JK Galbraith faleceu sem receber o prêmio) é inegável a importância do prêmio como reconhecimento de uma carreira acadêmica de sucesso.

Em 1990 um artigo de Eugene Garfield já tratava das especulações sobre o vencedor do Nobel. Utilizando dados do Social Sciences Citation Index, um banco de dados da área científica, Garfield discutia que os cientistas mais citados eram prováveis vencedores do prêmio. Naquela data, os cientistas mais citados na área de economia eram, na ordem, Arrow, Samuelson, Simon e Friedman, todos vencedores do Nobel. Seguiam Becker, Fama, Feldstein, Theil e Stigler. Desses, somente Stigler tinha vencido, até 1990, o prêmio. Becker recebeu a premiação depois.

Recentemente Mankiw, um famoso economista, disse que o vencedor do prêmio não era segredo: economista com artigos altamente citados por outros economistas. A comissão do prêmio na Suécia ignora outras atividades como aulas, consultorias, previsões, editorias, livros textos, etc.

Em 2002 os economistas mais citados eram:

1. Eugene Fama
2. Robert Barro
3. James Heckman - Já premiado em 2000
4. Joseph Stiglitz - Já premiado em 2001
5. Halbert White
6. Robert Engle - já premiado
7. Michael Jensen
8. Robert Lucas - já premiado em 1995
9. Soren Johansen
10. Jerry Hausman
11. Clive Granger - premiado em 2003
12. Stephen Ross
13. Martin Feldstein
14. Paul Krugman
15. Gary Becker
16. Lars Hansen
17. Peter Phillips
18. Daniel Kahneman - premiado em 2002
19. Sanford Grossman
20. Oliver Williamson
21. Paul Romer
22. Paul Milgrom
23. Dixit
24. Lawrence Summers
25. Bengt Holmstrom
26. Sam Peltzman
27. Oliver Hart
28. Richard Roll
29. Amos Tversky
30. Thomas Sargent

Façam suas apostas. Mas lembrem-se: a acadêmica tem uma leve predileção pelos cientistas escandinavos.

13 maio 2006

Dilema Moral

Num teste para contratação de um empregado foi perguntado o seguinte:

Você está dirigindo seu carro durante uma tempestade. Você passa por um ponto de ônibus e descobre três pessoas esperando um ônibus. Seu carro é uma pick-up que só pode carregar uma pessoa, além do motorista. Você deve escolher:

1. Um senhora idosa que olha para você como se fosse morrer
2. Um velho amigo que uma vez salvou sua vida
3. Uma mulher perfeita, que você sempre sonhava

Qual a sua escolha?

O candidato contratado respondeu o seguinte:

Eu daria a chave do meu carro para que meu velho amigo levasse a pessoa idosa para um hospital. E ficaria no ponto de ônibus, com a mulher perfeita, que eu sempre sonhava.

11 maio 2006

Gazprom

A empresa russa Gazprom é uma das maiores empresas na área de petróleo. Dependendo do critério talvez seja a maior empresa nesse setor. Observe os seguintes dados:

Reservas (em bilhões de barris de óleo equivalente)
Exxon Mobil = 60
Gazprom = 117
BP = 48
R. Dutch Shell = 41

Receitas em 2005 (em bilhões de doláres)
Exxon Mobil = 370,1
Gazprom = 45,9 (est.)
BP = 255,2
R. Dutch Shell = 306,7

Lucro Líquido (em bilhões de doláres)
Exxon Mobil = 36,1
Gazprom = 17,8 (est.)
BP = 22,6
R. Dutch Shell = 25,3

Valor de Mercado
Exxon Mobil = 386,59
Gazprom = 289,96
BP = 272,68
R. Dutch Shell = 234,41

Fonte: WSJ

A Exxon é uma empresa com maior receita, maior lucro e capitalização. A Gazprom é maior em reservas, um fator importante para medir a capacidade da empresa no setor no futuro. Entretanto, quando se compara o valor de mercado da Gasprom (última coluna) parece que esse número está subestimado. Sabendo que os investidores observam a capacidade da empresa em gerar riqueza no futuro, a rigor a Gazprom deveria ter um valor de mercado compatível com a Exxon.

A diferença está no risco de ser uma empresa russa, o que faz com que os investidores talvez considerem uma maior taxa para descontar a riqueza a ser gerada pela empresa.

10 maio 2006

Quem pesquisa mais em contabilidade

O Google possui uma ferramenta - trends - que lista a origem das pesquisas. Coloquei o termo "accounting" e a resposta foi (na ordem): Delhi (Índia), Mumbai (Índia), Chennai (Índia), Washington (EUA), Vancouver (Canadá), Hong Kong, Sydney (Austrália), Cingapura, New York (EUA) e Auckland (Nova Zelândia).

Por região o resultado foi Paquistão, Malasia, Filipinas, África do Sul, Indonésia, Índia, Hong Kong, Cingapura, Austrália e Irlanda.

Por língua: Tagalog (??), inglês, chinês, holandês, alemão, francês, espanhol e japonês.

Mas será que o sistema funciona mesmo? Coloquei Contabilidade e o resultado foi o seguinte:

1. Porto Velho
2. Belém
3. Salvador
4. Manaus
5. Fortaleza
6. Natal
7. Recife
8. Campo Grande
9. Goiânia
10. Paragominas

Continuei com a brincadeira e coloquei "corrupção". Brasília aparece em 3o e Porto Velho está em primeiro, seguido de Salvador. O interessante da pesquisa é que o volume foi significativamente maior no terceiro trimestre de 2005.

Coloquei finanças, e as dez primeiras cidades são portuguesas. Testei se o Brasil é realmente o país do futebol ("soccer") e o primeiro lugar no mundo é Dublin, depois Sydney, Toronto, Vancouver, Melbourne, Perth (Austrália), Dallas, San Diego, Seattle e Chicago. Ou seja, nenhuma cidade com tradição nesse esporte. Talvez seja um sintoma de que quem entende de soccer não fica na internet pesquisando sobre esse assunto: "quem conhece, faz".

Entrevista para o Mestrado

Um candidato necessitava desperadamente entrar no mestrado. A entrevista estava indo bem, mas complicou quando o entrevistador perguntou:

- Mais uma questão. Quanto é quatro vezes oito?

O candidato ficou desesperado pois não sabia o resultado de memória. Ele sempre utilizava uma HP 12C ou o Excel. Nessa situação resolveu arriscar:

- Trinta e quatro.

Depois de sair da sala e deixar o prédio, o candidato pegou sua HP e entrou com 4 vezes 8 e viu sua resposta. Ficou desesperado pois já contava que iria ser reprovado.

Sua surpresa é que foi aprovado. Passado um tempo, já quase no final do seu curso, decidiu satisfazer sua curiosidade perguntando ao professor que o entrevistara:

- Professor, estou curioso. Errei na sua última pergunta e mesmo assim passei na prova. Qual a razão disso?

O professor respondeu:

- Sua resposta é a que chegou mais perto.

Globalização do Brasil


O gráfico acima mostra a evolução do índice de globalização do Brasil. Uma economia mais globalização significa, de certa forma, que as empresas terão uma maior vínculo com o exterior, aumentando a parcela da receita em moeda estrangeira, seus investimentos em outros países, o lançamento de ações em outras bolsas entre outros aspectos que influenciam a contabilidade financeira.

Pode ser notado que esse índice aumentou de forma expressiva nos últimos anos, refletindo a abertura dos nossos mercados.

09 maio 2006

Crony Capitalism

Ainda tentando entender o que ocorreu com a Petrobrás e a Bolívia, li um artigo muito instrutivo colocado, no dia 7 de maio, no blog de Becker e Posner, sendo o primeiro Nobel de Economia, o segundo um sério candidato ao prêmio.

Gary Becker questiona a razão pela qual a América Latina está movendo no sentido contrário aos outros países do mundo. Enquanto China e Índia, que possuem 40% da população do mundo, estão saindo do socialismo e do comunismo, os políticos da América Latina usam uma linguagem anti-capitalista.

Uma possível explicação é que a linguagem não significa necessariamente a adoção de uma política de esquerda. Cita o exemplo de Lula da Silva, que apesar da origem esquerdista e de confronto sindical, é conservador na área fiscal.

Becker acredita que uma possível razão para a oposição ao capitalismo na América Latina é o "crony capitalism". Crony é uma palavra da língua inglesa cuja tradução seria "amigo íntimo de longa data". Utilizarei o termo capitalismo da amizade. Segundo Becker "o capitalismo da amizade é o oposto do capitalismo competitivo, que produz resultados sociais desejáveis. O Capitalismo da amizade é um sistema onde empresas com forte conecções com o governo ganha poder econômico, e não por ser mais competitiva, mas pelo uso do governo para favorecimento e proteção de sua posição. (...) Algum cronysmo é encontrado em todos os países, mas Méxicoe e outros países latinos tem influencia das conexões políticas no seu extremo."

"Em essência, o capitalismo da amizade quase sempre cria monopólios privados que ferem consumidores comparados com o bem-estar na competição (...) Uma característica do Chile desde as reformas do início de 1980´s é o crescimento no capitalismo competitivo em detrimento do capitalismo da amizade".

"Um fator adicional para a recente ressureição da esquerda na América Latina é o acesso desigual na educação e no capital financeiro que tem produzido um grau pouco usual de desigualdade de renda em muitos desses países."

Com respeito a Bolívia e a Venezuela, Becker lembra que "democracia e capitalismo competitivo são menos prováveis de florescer quando óleo e outros recursos naturais trazem consideráveis receitas para os governos, mesmo sem políticas econômicas adequadas. O paradoxo desse efeito negativo no desempenho econômico do crescimento da receita de recursos naturais tem sido notado freqüentemente, e tem sido algumas vezes chamado de Dutch disease".

Becker lembra que o exemplo do Chile, vis-a-vis com Cuba, não tem sido instrutivo: "sucesso do Chile nos últimos vinte e cinco anos e o desastre da economia de Cuba tem influenciado muitos economistas latinos e alguns escritores, mas tem tido menos influencia nos resultados das eleições do que poderia ser esperado".

Efeito Propriedade

Um dos conceitos mais interessantes das Finanças Comportamentais é o efeito propriedade. Os pesquisadores descobriram que as pessoas tendem a valorizar aquilo que possui, em detrimento dos bens de terceiros.

O efeito propriedade pode ser traduzido no provérbio "mais vale um pássaro na mão do que dois voando". A pesquisa crucial foi realizada por Knetsch, em 1989. Esse pesquisador fez um experimento interessante. Perguntou a um grupo de pessoas qual produto gostava mais - chocolate e café. Após obter um resultado equilibrado, com metade das pessoas optando por chocolate e a outra metade por café, distribuiu os dois produtos (café e chocolate), um para cada indíviduo, aleatoriamente. Como o gosto estava dividido e o número de produtos distribuídos corresponde ao número de pessoas, Knetsch esperava que a metade dos indíviduos receberia o produto da sua preferência, mas a outra metade não. Existindo a possibilidade de trocar os produtos recebidos, Knetsch constatou que a grande maioria das pessoas optaram pela manutenção do produto recebido, o que era incoerente.

Essas situações onde o processo decisório dos indivíduos apresentam uma decisão incoerente é típica dos estudos de Finanças Comportamentais. Entretanto, a teoria Neoclássica discorda dos resultados obtidos nessas situações. Os teóricos neoclássicos ressaltam que o processo decisório da forma como é apresentado pelas Finanças Comportamentais difere das situações práticas. Segundo os neoclássicos, as pessoas mudam suas posições com o processo de aprendizado. Assim, caso a experiência fosse repetida mais vezes os indíviduos poderiam melhorar suas decisões, deixando de existir o efeito propriedade.

Em 2003 John List refez o estudo de Knetsch utilizando de uma pesquisa (aqui o vínculo para arquivo, em inglês, em PDF) com fãs de figurinhas e outros itens. List encontrou que as pessoas tomam decisões incoerentes caso sejam consumidores inexperientes. Mas para os consumidores experientes, com grandes oportunidades de troca, as bases de Finanças Comportamentais não são razoáveis para estudar seu comportamento. Nesse caso é mais interessante usar a abordagem da teoria neoclássica.

Ou seja, pessoas com experiência intensa de mercado não possuem a anomalia descrita pelas Finanças Comportamentais.

08 maio 2006

Pesquisa em Contabilidade Financeira

Uma típica pesquisa na área de contabilidade financeira procura estabelecer como usuário irá reagir em determinadas situações. Para isso, os pesquisadores procuram estabelecer variáveis relevantes para seu estudo e determinar qual a reação do usuário.

Uma forma fácil de analisar essa reação é através do comportamento dos preços no mercado de capitais. Considere a seguinte situação para exemplificar: um pesquisador acredita que o anúncio de uma negociação por parte de uma empresa possa afetar a forma como o usuário percebe a empresa, sendo importante para análise. A partir desse ponto, o analista pode buscar na história das empresas situações onde esse fato ocorreu e verificar se o mercado reagiu a essa notícia.

O problema é que nosso mercado de capitais não é suficientemente grande para fazer algumas pesquisas interessantes como, por exemplo, o impacto de anúncio de investimento em P&D, influencia da retirada de um executivo ou alteração do método de avaliação de estoques.

Uma alternativa é buscar através de estudo de caso. A técnica do estudo de caso não permite, no entanto, que se faça inferências mais genéricas sobre um determinado assunto.

Uma saída interessante que a temática de finanças comportamentais está utilizando é através de perguntas relacionadas ao tema que se deseja investigar para pessoas comuns. Apesar de muitas vezes não reproduzir uma situação típica de mercado, os questionários apresentam conclusões interessantes.

Se o objetivo é verificar como se comporta um determinado indivíduo diante um processo decisório outras fontes podem ser utilizadas.

David Romer, um pesquisador da University of California, fez uma pesquisa interessante sobre a maximização das empresas. Esse é um tema de interesse não somente da contabilidade financeira, mas também da economia e de finanças. A base de dados para sua discussão foi a parte mais interessante do seu trabalho: o futebol americano. Romer analisou como os indíviduos se comportam diante de uma situação de risco e visando a maximização de resultados.

Para sua pesquisa, utilizou a decisão de técnicos de futebol americano para mostrar que esses indivíduos tendem a ser conservadores mesmo atuando num ambiente onde a permanência no emprego não é garantido (não é só no futebol brasileiro que isso ocorre). Entre duas estratégias, uma conservadora, mas com pouca chance de vitória, e outra mais "radical", onde a probabilidade é maior, os técnicos preferem a alternativa padrão, mesmo que não seja a melhor.

Confesso que a pesquisa de Romer fica sem sentido para nós que não conhecemos/entendemos o futebol americano. Mas para quem quer dar uma olhada, veja também os comentários do sítio
Statiscal Modeling, Causal Inference, and Social Science e no sítio Marginal Revolution (4 de Maio)

05 maio 2006

Para Divertir - Dois Analistas de Balanços

Primeiro Analista: Como é sua esposa?
Segundo Analista: Comparado a quem?

Petrobras e Bolívia - 02


Após a tempestade é possível analisar mais friamente o impacto das medidas do governo da Bolívia sobre a Petrobás. Os jornais deixam claro que basicamente a única empresa atingida foi a Petrobrás. A atitude do governo brasileiro tem sido muito criticada, por não defender os interesses da empresa da qual é acionista.

Já o mercado tomou os problemas como um "soluço" para a Petrobrás. O gráfico a seguir mostra o desempenho dos ADRs da Petrobrás na Bolsa de Nova Iorque. Ocorreu uma pequena queda no preço das ações e já existe uma perpectiva de crescimento. Apesar do Morales.