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07 abril 2024

Mito das Dez Mil horas

Gladwell popularizou a ideia de que seriam necessárias dez mil horas para produzir um especialista em qualquer área. O autor utilizou um artigo de 1993, de Anders Ericsson, que estudou músicos que alcançavam ou não fama mundial. A simplificação de Gladwell era bastante atraente, assim como todos os temas do autor. No entanto, era uma enorme simplificação.

Na verdade, Anders falava no número de horas, mas insistia na prática deliberada. O pesquisador esclarece isso de forma bem consistente no livro "Direto ao Ponto", que faz uma boa leitura. Mas encontrei um artigo de Scott Young onde se questiona o fato de Anders ter subestimado a habilidade ou o talento. Naturalmente, isso varia conforme o campo de conhecimento. Mas Young chama a atenção para o fato de que o processo é comparativo. Um cantor de elevada qualidade significa uma comparação com milhões de outros cantores. Aqui, a exigência de um grande número de horas dedicadas à prática deliberada pode ser necessária. Mas pessoas que tocam Glass Armonica, um instrumento que usa uma série de tigelas de vidro de tamanhos graduados onde o músico toca as bordas umedecidas com os dedos para produzir sons, são raras e exigirão menos devoção para ser um artista de elite.


A discussão é importante e afeta o campo do ensino. Considere um programa de doutorado. Uma das habilidades importantes para a futura doutora é a capacidade de fazer pesquisa e escrever relatórios. Assim, a prática focada na pesquisa pode ser uma exigência interessante para a aluna de pós-graduação, mais do que fazer provas sem consulta ou decorar deduções matemáticas.

Leia: Young, Scott. The 10,000-Hour Rule is a Myth. 23 de jan 2024.  Imagem criada pelo ChatGPT

28 março 2024

Comentário sobre os periódicos nacionais

A expansão dos programas de pós-graduação em nossa área, ocorrida no início do milênio, também trouxe uma consequência importante: o aumento dos periódicos nacionais. Como cada programa “tinha” seu periódico, com algumas exceções, o número de veículos para publicação das pesquisas cresceu substancialmente. Outro fator importante foi o fato de que a grande maioria era em formato digital, o que significava um custo próximo de zero. Tudo parecia funcionar perfeitamente: o aumento no número de alunos e docentes na pós-graduação levava ao crescimento da produção científica, que, por sua vez, impulsionava os periódicos.


Há outro fato que não podemos desprezar que ocorreu no Brasil. Algumas áreas da pós-graduação decidiram deixar de lado as métricas tradicionais de publicação, usadas globalmente, e passaram a contar com uma métrica específica para o nosso país, o Qualis. Assim, um periódico não precisava estar em uma grande base mundial de pesquisa para entrar no Qualis. Também não era relevante a publicação de pesquisa em inglês, a linguagem universal da ciência atual.

Mas, nos últimos anos, os editores de periódicos perceberam três pontos relevantes. O primeiro deles é que a quantidade de artigos de qualidade submetidos parece ter diminuído. Houve também uma redução na demanda por pós-graduação que pode justificar parcialmente essa redução. E a redução no número de alunos da pós – ou talvez seja no número de candidatos dispostos a fazer a pós – ocorreu dado que a expansão da pós atendeu à demanda reprimida que existia, representada por professores mais experientes que precisavam da titulação, e por uma visão de que estudar em uma instituição formal talvez não seja tão vantajoso assim. Este último ponto é polêmico e merece, eu sei, maior aprofundamento.


Mas a menor quantidade de artigos submetidos certamente não foi justificada somente pelo menor número de alunos da pós. Os autores de pesquisa perceberam que publicar em periódicos internacionais tinha algumas vantagens interessantes. Na maioria dos casos, essa publicação é paga, mas o fato de a pesquisa ser indexada em uma base de publicação reconhecida permite que a pesquisa seja citada no exterior. Um dos grandes motores da publicação é o orgulho, e ter um artigo publicado em língua inglesa, citado por um autor de outro país e até reconhecido, compensa o desafio de publicar em periódico internacional.

O segundo ponto relevante que os editores perceberam é que o custo de manter um periódico não é zero. Você precisa ter um apoio administrativo para lidar com a quantidade de artigos que chegam, o registro do periódico em algumas bases, para torná-lo mais atrativo, tem um custo, e o tempo que o editor se dedica à tarefa é muito grande. E a brincadeira cansa. Há pressão para soltar o periódico no prazo, manter-se atualizado em termos de novas tendências, encontrar pareceristas que façam um bom trabalho e lidar com a concorrência. Tornou-se comum os periódicos demorarem mais de 500 dias para recusar um artigo depois de seis rodadas com um parecerista (aconteceu comigo). Outros simplesmente não fazem seu artigo progredir. Ou publicam seu artigo atrasado, afetando seu planejamento de publicação. E muitas pessoas perceberam que ser editor de um periódico significa trabalho, mas muito pouco status.

A percepção chegou de forma forte para alguns periódicos, onde os editores foram fazer outra coisa e ninguém apareceu para se dedicar com empenho à tarefa. Vários deles sumiram. Publiquei, por exemplo, um artigo em um deles e não guardei a versão final em PDF. O resultado é que, quando alguém pede a pesquisa, não tenho como encaminhar. O custo oculto do periódico não foi devidamente calculado no passado e cobra seu preço.

A terceira questão é que o processo de publicar um artigo em um periódico é mais complexo do que parece. Não irei falar aqui da fase de formatação ou da fase de captação dos pareceristas, mas sim do momento após o artigo estar disponível para os leitores. Alguns periódicos internacionais enviam um e-mail bastante atraente com um resumo menos técnico para que a pesquisa cause impacto. Isso envolve podcasts e infográficos que são realmente atraentes. A presença nas redes sociais também é notada, o que inclui postagens específicas em blogs, Instagram ou TikTok. Durante quase vinte anos de blog, confesso que não me lembro de um editor solicitando a divulgação das pesquisas dos periódicos. Fazemos isso por opção, mas a falta de interesse mostra que o caminho da divulgação das pesquisas por parte dos periódicos brasileiros precisa melhorar bastante.

É verdade que alguns poucos periódicos perceberam que precisam estar em bases de dados indexadas para serem vistos. Ou que os artigos só serão lidos se estiverem em língua inglesa. Ou que poderiam lançar um serviço de apoio ao autor para ajudá-lo no processo de submissão e publicação. Ou que o e-mail enviado aos cadastrados não seja apenas algo como "foi publicada uma nova edição". No mundo onde a atenção é importante, atrair o leitor significa ter pessoas que não só irão ler, mas também citar os trabalhos.

Diante desse contexto, o processo de extinção de periódicos continuará acontecendo. Alguns poucos até serão vendidos para editoras internacionais, que passarão a cobrar pela publicação e acesso ao artigo. Outros continuarão com uma qualidade de atendimento ao pesquisador tão ruim que serão extintos ou definharão. 

(Imagem criada pelo GPT a partir do texto acima)

24 março 2024

Levitt anuncia aposentadoria

O economista Levitt anunciou sua aposentadoria. O co-autor do famoso Freakonomics parece estar cansado da academia. A revista The Economist fez uma análise do trabalho dele, mas destaco o seguinte: 

O capítulo mais controverso do livro argumentava que a legalização do aborto em todo o território americano em 1973 levou a uma queda no crime nos anos 90, porque mais bebês indesejados foram abortados antes que pudessem crescer e se tornar adolescentes delinquentes. Era um clássico do gênero inteligentinho: um cientista social destemido usando dados para chegar a uma conclusão contraintuitiva e não se esquivando de ofender. No entanto, estava errado. Pesquisadores posteriores encontraram um erro de codificação e apontaram que o Sr. Levitt havia usado o número total de prisões, que depende do tamanho de uma população, e não a taxa de prisão, que não depende. Outros apontaram que a queda no homicídio começou entre as mulheres.


O divórcio sem culpa, ao invés do aborto legalizado, pode ter desempenhado um papel mais significativo. Outros economistas, incluindo James Heckman, colega do Sr. Levitt em Chicago e também ganhador do Prêmio Nobel, preocupavam-se com a trivialização. "Fofo", foi como ele descreveu a abordagem em uma entrevista. Pegue um artigo sobre discriminação no "The Weakest Link", um show de jogos onde os concorrentes votam para eliminar outros participantes dependendo se eles acham que estão custando dinheiro ao errar perguntas (na parte inicial do jogo) ou se são competição para o prêmio por acertá-las (mais tarde). Isso forneceu um cenário no qual o Sr. Levitt pôde observar como a percepção da competência dos outros interagia com racismo e sexismo. Um design astuto — mas talvez de relevância limitada para entender resultados econômicos mais amplos.

No cerne da crítica do Sr. Heckman estava a ideia de que os praticantes de tais estudos estavam focando em "validade interna" (garantir que as estimativas do efeito de alguma mudança fossem corretamente estimadas) sobre "validade externa" (se as estimativas se aplicariam mais geralmente). O Sr. Heckman, em vez disso, achava que os economistas deveriam criar modelos estruturais de tomada de decisão e usar dados para estimar os parâmetros que explicavam o comportamento dentro deles. O debate se tornou tóxico. De acordo com o Sr. Levitt, o Sr. Heckman chegou ao ponto de designar alunos de pós-graduação com a tarefa de desmontar o trabalho do autor de Freakonomics para seu exame final. Você sabia... Nenhum dos dois ganhou. A revolução da credibilidade devorou seus próprios filhos: trabalhos subsequentes muitas vezes revertiam resultados, mesmo que, como no caso daqueles popularizados por Freakonomics, tivessem uma sobrevida como anedotas de festas. O problema se espalhou para o restante da profissão também. Um estudo recente de economistas do Federal Reserve descobriu que menos da metade dos artigos publicados que examinaram poderia ser replicado, mesmo quando recebiam ajuda dos autores originais. Os resultados contraintuitivos do Sr. Levitt saíram de moda e os economistas em geral se tornaram mais céticos. Ainda assim, as abordagens favorecidas pelo Sr. Heckman têm seus próprios problemas. Modelos estruturais requerem suposições que podem ser tão implausíveis quanto qualquer experimento quase-exótico. Infelizmente, muitas pesquisas contemporâneas usam vastas quantidades de dados e as técnicas da "revolução da credibilidade" para chegar a conclusões óbvias. As questões centenárias da economia são tão interessantes quanto sempre foram. As ferramentas para investigá-las permanecem em desenvolvimento.

(Traduzido via ChatGPT)

19 março 2024

Clube do Livro

O Clube do Livro é um projeto que visa fomentar o engajamento de docentes e de discentes (graduação e pós-graduação) junto às temáticas abordadas no âmbito do UnB Accounting and Governance Conference (UnBAGC). Tal congresso ocorre anualmente, com a presença de renomados palestrantes internacionais. A cada edição do UnBAGC, ter-se-ão novas edições do Clube do Livro, tratando-se, portanto, de um projeto que poderá ser reeditado a cada ano.

Dentre os palestrantes internacionais já convidados e com presença confirmada no 10th UnBAGC, destaca-se a renomada professora Patricia M. Dechow. Suas pesquisas tratam de acréscimos contábeis, qualidade e confiabilidade dos lucros, no uso de informações sobre lucros na previsão dos retornos das ações e no efeito das previsões dos analistas nas percepções dos investidores sobre o valor da empresa. Para tanto, toma como base os conteúdos pertinentes à Teoria da Contabilidade Financeira.

Um livro de referência para tal conteúdo é do prof. W. R. Scott, que fornece uma apresentação completa das teorias da contabilidade financeira. Em sua 7ª edição, o livro inclui uma cobertura considerável das normas contábeis orientadas para as normas do IASB, bem como das principais normas contábeis dos EUA. Embora a discussão do texto se concentre em relacionar os padrões com a estrutura teórica do livro, a cobertura proporciona aos alunos a exposição ao conteúdo dos próprios padrões. O livro é apropriado para cursos de Teoria da Contabilidade Financeira tanto nos níveis de graduação quanto de mestrado profissional. 

A proposta do Clube do Livro, portanto, nesta sua segunda edição e acoplada ao 10th UnBAGC, é estudar com profundidade a obra citada, promovendo engajamento dos envolvidos no projeto do Clube do Livro e possibilitando uma participação mais efetiva dos pesquisadores no referido evento.

Local:

Os encontros ocorrerão de forma presencial, na Sala de Reuniões - Prédio da FACE/UnB, e virtualmente, pela Plataforma Microsoft Teams. Os links serão disponibilizados, a cada encontro, pelo Instagram.

Cronograma:

Encontro 1 - Introdução e Accounting under Ideal Conditions - Responsável: Mariana Guerra - cap. 1 e 2 - 21/mar

Encontro 2 - The Decision Usefulness Approach to Financial Reporting - Fernanda e Juliana - cap. 3 - 28/mar

Encontro 3 - Efficient Securities Markets - Responsável: Sérgio Nazaré - cap. 4 - 11/abr

Encontro 4 - The Value Relevance of Accounting Information - Responsável: Francisca - cap. 5 - 25/abr

Encontro 5 - The Measurement Approach to Decision Usefulness - Responsável: Paulo Mendes - cap. 6 - 16/maio

Encontro 6 - The Efficient Contracting Approach to Decision Usefulness. Responsável: César - cap. 8 - 23/maio

Encontro 7 - An Analysis of Conflict - Responsável: Tiago Mota - cap. 9 - 13/jun

Encontro 8 - Earnings Management - Responsável: Rodrigo Gonçalves - cap 11 - 27/jun

Fonte: aqui

21 novembro 2023

Ignorância Estratégica

Há um conceito em Economia da Informação chamado Ignorância Estratégica. O que significa isso? Basicamente muitas vezes é melhor você escolher a ignorância do que o conhecimento. Eu gosto do exemplo de uma pessoa que resolve fazer uma pós-graduação. Se ele consultar conhecidos que já fizeram, coletar as informações sobre o que isso significa em termos de sacrifícios e noites de estudo, provavelmente sua decisão racional seria não fazer o curso. Ao ignorar as informações sobre o tema e escolher fazer a sua pós, ao final de alguns anos ele terá obtido seu certificado de conclusão de curso. E percebido que se soubesse hoje o que isso significa, talvez não tivesse escolhido fazer a pós. É melhor não saber de todos os detalhes sobre o que significa fazer uma pós-graduação.

Encontrei uma situação semelhante em um pequeno artigo com conselhos sobre investimento. Erik Carter traz três conselhos sobre investimento e o que interessa é o segundo. (Para evitar a curiosidade, o primeiro é não acreditar que gastar dinheiro com luxo significa felicidade; o terceiro é que pequenos ajustes permitem mudar o comportamento das pessoas)

Carter considera um mito o seguinte: Acompanhe seus investimentos frequentemente para garantir que eles estejam indo bem. 

Eis o trecho que interessa:

Afinal, na maioria das áreas de nossas vidas, o desempenho é bastante importante. É por isso que os fãs de esportes ficam obsessivos com estatísticas e os empregadores pedem currículos aos seus candidatos. Embora saibamos que não há garantia, também sabemos que o desempenho passado é um indicador bastante bom do desempenho futuro – exceto quando se trata de investimentos.

Um problema é que os mercados tendem a se mover em ciclos. Lembra-se da bolha das empresas ponto.com e da bolha imobiliária? Quando um tipo específico de investimento está se saindo bem, as pessoas tendem a aportar mais dinheiro nessa categoria. Quando todos, desde jornais até membros da sua família, estão falando sobre o quanto dinheiro está sendo ganho, você quer participar da ação.

Mas o que acontece quando esse investimento inevitavelmente começa a perder valor? Você pode esperar um pouco, mas quando o prejuízo se torna muito doloroso, a tendência é interrompê-lo, retirando seu dinheiro ou, pelo menos, não colocando mais [1]. Claro, isso significa que você também perde a eventual recuperação e transforma uma perda temporária em permanente.

Você volta a investir quando o investimento começa a se recuperar? Normalmente, as pessoas querem esperar um pouco e ver se é real. O problema é que os mercados raramente se movem em linhas retas, então há muitos solavancos no caminho. Uma vez que ele se recupere por um tempo, o investimento provavelmente está se aproximando de outro pico, e o ciclo de ganância, esperança e medo se repete. Isso é chamado de comportamento de rebanho na finança comportamental.


E se um fundo não estiver se saindo tão bem quanto outros em sua categoria? Muitos consultores financeiros citam isso como uma razão para mudar de curso, mas a evidência mostra que os fundos de melhor desempenho geralmente não continuam a superar [2]. Na verdade, eles não tendem a fazer melhor do que os piores. Um indicador muito melhor de desempenho futuro ao comparar fundos semelhantes são as baixas taxas.

Então, o que fazer? O lendário investidor Jack Bogle uma vez disse: “Não olhe nem mesmo para sua própria conta, não abra os extratos” [3] e chamou isso de “uma das maiores regras já feitas para investir”. Isso é um pouco drástico, mas você entende o ponto.

Se e quando você olhar para sua conta, deve ser apenas para garantir que sua carteira ainda seja apropriada para seus objetivos e tolerância ao risco, reequilibrá-la, se necessário, e procurar oportunidades para reduzir taxas, custos de negociação e impostos.

[1] Conceito de aversão à perda aqui é importante.

[2] Conceito de reversão a média. 

[3] É o conceito que dá título a postagem. 

Foto: Eric Muhr

31 outubro 2023

Mais um ranking: melhor lugar para fazer um curso superior

Eis o resumo:


Os estudantes na Polônia têm a melhor vantagem global devido aos preços baixos, considerável apoio do governo e boas perspectivas após a formatura.

Um diploma aumenta os ganhos dos graduados americanos mais do que em qualquer outro lugar. Em média, graduados americanos com idades entre 45 e 54 anos ganham o dobro da renda média do país.

Onze países têm as mensalidades mais baixas no estudo, porque oferecem educação superior gratuitamente, mas o Reino Unido não está entre eles. Os estudantes britânicos estão sujeitos às educações universitárias mais caras em geral, com um diploma custando em média $12,255 por ano.

A vida estudantil é mais acessível no México, onde o índice de custo de vida é apenas 25 em 100.

O governo da Noruega contribui mais para o ensino superior do que qualquer outro país, com 92,2% de seu orçamento de educação terciária financiado por fontes públicas.

O sucesso pós-graduação é maior na Lituânia, onde os estudantes universitários podem esperar boas perspectivas de carreira e salários elevados após a educação superior.

Há problemas aqui: a amostra são dos 30 países da OCDE; o uso do custo de vida como uma aproximação do custo de vida do estudante pode ser questionável; o acesso ao ensino pode ser inviável para quem deseja aproveitar o ranking, entre outros. Mas é interessante.  

24 outubro 2023

Congresso


Divulgamos o I Congresso Interinstitucional de Contabilidade e Controladoria (CINCO), um evento remoto que ocorrerá nos dias 13/12 e 14/12. O congresso é organizado pelos programas de pós-graduação em Ciências Contábeis das seguintes universidades: Universidade Federal do Espírito Santo, Santa Maria, Mato Grosso do Sul, Paraíba e Pará.

O evento tem como objetivo promover o acesso de estudantes, professores, pesquisadores e profissionais da contabilidade a um espaço de debate sobre temas de interesse da comunidade científica e profissional. Nesta primeira edição, o tema central será "Os desafios e oportunidades da inteligência artificial no contexto acadêmico e profissional". Para atingir esse objetivo, haverá uma série de atividades que abordarão diretamente ou indiretamente o impacto da inteligência artificial nas Ciências Contábeis.

Com uma taxa de inscrição simbólica e uma variedade de atividades voltadas para diversos públicos, esperamos contar com o seu apoio na divulgação e na participação no evento.

Informações detalhadas podem ser obtidas aqui. A submissão já começou. 

01 outubro 2023

Beleza e notas durante a pandemia

O economista por trás de um estudo controverso que mostrou que estudantes universitárias atraentes obtiveram notas mais baixas após a mudança para aulas online durante a pandemia foi absolvido de má conduta em pesquisa, de acordo com um relatório de sua antiga instituição.


No entanto, o pesquisador, Adrian Mehic, não saiu ileso: mesmo que o trabalho tenha seguido à risca a lei, ainda pode ter tido "consequências antiéticas", escreveu Erik Renström, vice-reitor da Universidade de Lund, na Suécia, no relatório de 8 de junho.


No estudo, um júri composto principalmente de estudantes do último ano do ensino médio avaliou a aparência de estudantes universitários com base em fotos tiradas de suas contas de mídia social. As avaliações foram então vinculadas a outros dados publicamente disponíveis sobre os alunos, incluindo o desempenho acadêmico. As descobertas, publicadas na revista Economics Letters em agosto de 2022, repercutiram globalmente.


No entanto, os estudantes não deram consentimento para a pesquisa, nem foram informados sobre ela. A revelação desencadeou "uma onda de críticas na universidade", de acordo com a mídia local.

Alguns participantes do estudo expressaram choque e desconforto por terem tido sua atratividade avaliada sem o conhecimento deles. Outros reclamaram que os dados brutos não foram devidamente anonimizados, alegando que conseguiram se identificar em apenas três minutos, dando-lhes acesso às suas classificações de beleza.


Em outubro, Mehic, na época um estudante de doutorado na Universidade de Lund, foi denunciado ao comitê de ética da escola por "suspeita de desvio das boas práticas de pesquisa", de acordo com o relatório. As acusações se concentraram em como Mehic coletou e manipulou dados pessoais e se ele deveria ter obtido aprovação ética para seu estudo e consentimento dos participantes.

A Universidade de Lund pediu à Junta de Recurso de Revisão de Ética Nacional que decidisse se o estudo teria necessidade de aprovação ética rigorosa. Em fevereiro, a junta concluiu que os dados pessoais coletados no estudo não eram de natureza tão sensível a ponto de requerer tal revisão.

A escola também solicitou que uma especialista externa, Jane Reichel, da Universidade de Estocolmo, revisasse o caso. Ela concluiu em março que o estudo não havia desviado das boas práticas de pesquisa, estava de acordo com as regras de proteção de dados europeias e havia seguido os padrões éticos da revista que publicou as descobertas.

O relatório concluiu que Adrian Mehic e seus supervisores não eram culpados de desviar das boas práticas de pesquisa. No entanto, o documento também criticou o pesquisador, observando que ele poderia facilmente ter notificado os participantes de que estava conduzindo o estudo.

Além disso, o relatório observou que o estudo poderia ser considerado uma invasão da integridade pessoal, mesmo se estivesse dentro da lei. Essa execução do estudo merece críticas por esse motivo.

Quanto a essa questão, Mehic afirmou que há muitas pesquisas que podem deixar as pessoas desconfortáveis, como estudos com animais. Ele também mencionou que os países escandinavos permitem que os pesquisadores usem dados administrativos detalhados sobre renda, dívida, saúde mental, uso de medicamentos, entre outros. No final do dia, é uma questão de equilíbrio entre a integridade e o progresso científico.

Anders Ahlberg, diretor de estudos de pós-graduação na faculdade de engenharia da Universidade de Lund, foi uma das pessoas que denunciaram o estudo ao comitê de ética da escola. Ele afirmou que achou interessante que o estudo tenha sido absolvido e criticado ao mesmo tempo. Ele também mencionou a importância de se considerar o equilíbrio entre o que é formalmente considerado antiético e o que pode ser permitido, mas ainda considerado inadequado.

Ele acrescentou que achou "estranho" que fotos e classificações armazenadas da atratividade dos participantes do estudo não tenham sido consideradas informações pessoais sensíveis ou prejudiciais psicologicamente. Ele argumentou que os alunos deveriam ter sido solicitados a dar consentimento antes do estudo.

De acordo com um comunicado de imprensa de 14 de junho da Universidade de Lund, a Junta Nacional Sueca de Avaliação de Má Conduta na Pesquisa também absolveu o estudo de "todas as acusações anteriores". Um especialista da junta concluiu que não foram cometidos erros em relação ao consentimento, divulgação de informações, respeito pelos sujeitos da pesquisa e manipulação de dados. Isso significa que o estudo de Adrian Mehic foi realizado de maneira completamente correta.

Adaptado daqui

Eu vi a publicação no periódico e não há divulgação de fotografias. O relatório de investigação pareceu um texto que tenta responder a uma indagação, mas não encontra elementos para recriminar o pesquisador. Talvez o único problema tenha sido o fato de não ter deixado claro que se trata de uma pesquisa acadêmica. 

O efeito beleza tem sido objeto de estudo há tempos. Ignorar a sua existência parece muito estranho. 

19 junho 2023

Redução no número de doutores

Recebemos notícias recentes de uma provável crise referente a falta de profissionais contábeis em diversos países. Mas há outra crise na área de formação contábil: a falta de formação de doutores. Conforme o Journal of College, Teaching and Learning (via aqui), o número de doutorados e de doutores em contabilidade nos Estados Unidos continua em declínio. Ou seja, há um número menor de novos professores. O artigo é de 2007, mas parece que pouca coisa mudou.

Segundo o artigo isto seria reflexo de mudanças que foram menos alardeadas como mudanças de atitude em relação aos papéis de ensino, extensão e pesquisa e mudanças na medição e compensação de desempenho. 

No Brasil é possível observar algo próximo. Ainda não temos números precisos, mas depois de uma rápida expansão nos cursos de pós-graduação, os números dos candidatos que se inscrevem nos processos seletivos reduziu substancialmente. Talvez parte deste problema seja decorrente da pandemia, mas creio que não. Recentemente o tradicional curso da Unisinos fechou; ao mesmo tempo, há uma oferta predatória por parte de algumas instituições de ensino, com qualidade questionável. 

18 março 2023

Tendências das teses no Brasil

Eis o resumo:

O presente estudo buscou identificar as abordagens paradigmáticas, teóricas e os procedimentos metodológicos de maior predominância nas teses dos Programas de Pós-Graduação (PPGs) em Contabilidade do Brasil. Para tanto, realizou-se uma pesquisa descritiva, documental e de abordagem qualitativa, por meio da análise de 461 estudos de doutoramento. Nesses, identificou-se que o paradigma funcionalista – aquele que busca compreender a sociedade de uma forma pragmática e objetivista – ainda domina o posicionamento dos pesquisadores contábeis no país e, no caso dos procedimentos metodológicos, as pesquisas descritivas, documentais e com abordagens quantitativas prevalecem em cena. Nos suportes teóricos, o estudo mostrou que se destaca nessa área a utilização dos pressupostos de uma teoria (majoritariamente Teoria da Agência) e a ausência de lentes teóricas em um terço dos trabalhos analisados. Tal cenário ressalta uma tendência monoparadigmática e pouca diversidade teórica nas pesquisas de maior impacto da Ciência Contábil. Como contribuição, o estudo esclarece os posicionamentos individuais dos pesquisadores da área, discute como está a produção científica nos trabalhos de maior impacto da área e traça novos caminhos de análise para a evolução da Ciência Contábil.

Interessante a tabela a seguir:

Há uma predominância do gênero feminino entre orientadores, mas a diferença entre os doutorandos é menor. Isto significa que a diferença de gênero pode reduzir nos próximos anos. Esta tabela é somente para os orientadores que realmente conduziram uma orientação com sucesso no período da pesquisa e, para os professores do Programa Multi, não foram consideradas as orientações entre 2007 a 2015. Os programas do Sul tem uma grande formação de doutoras. 


Há uma prevalência pela abordagem quantitativa (painel B)


19 dezembro 2022

Avaliação Capes dos Programas de Pós

Saiu hoje o resultado da avaliação quadrienal da pós-graduação brasileira. Os programas que possuem no seu nome o termo "contabilidade" ou derivados apresentaram o seguinte resultado:

Nota 6 

Fucape - Administração e Ciências Contábeis - ME/DO

Universidade de São Paulo - Controladoria e Contabilidade - ME/DO 

Nota 5

FURB - Ciências Contábeis - ME/DO

Universidade Federal de Minas Gerais - Controladoria e Contabilidade - ME/DO 

Universidade Federal da Paraíba - João Pessoa - Ciências Contábeis - ME/DO 

Universidade Federal do Paraná - Contabilidade - ME/DO 

Universidade Federal do Rio de Janeiro - Ciências Contábeis - ME/DO 

Universidade Federal de Santa Catarina - Contabilidade - ME/DO

Universidade de Brasília - Ciências Contábeis - ME/DO

Universidade de São Paulo - Ribeirão Preto - Controladoria e Contabilidade - ME/DO 

Fucape - Ciências Contábeis e Administração - MP/DP 

UP Mackenzie - Controladoria e Finanças Empresariais - MP/DP

Nota 4

Universidade Federal da Bahia - Contabilidade - ME

Universidade Federal do Ceará - Administração e Controladoria - ME/DO 

Universidade Federal do Espírito Santo - Ciências Contábeis - ME/DO

Universidade Federal de Goiás - Ciências Contábeis - ME

Universidade Federal do Rio Grande do Sul - Controladoria e Contabilidade - ME

Universidade Federal Rural de Pernambuco - Controladoria - ME 

Universidade Federal de Uberlândia - Ciências Contábeis - ME/DO

Universidade Estadual do Oeste do Paraná - Contabilidade - ME 

Universidade do Vale do Rio dos Sinos - Ciências Contábeis - ME/DO 

Universidade  Comunitária da Região de Chapecó - Ciências Contabeis e Administração  - ME 

Universidade de São Paulo - Controladoria e Contabilidade - ME/DO 

Faculdade Fipecafi - Controladoria e Finanças - MP 

Fucape RJ - Ciências Contábeis e Administração - MP 

PUC São Paulo - Ciências Contabeis, Controladoria e Finanças - MP 

Universidade Federal do Ceará - Administração e Controladoria - MP 

Nota 3

Fucape-MA - Contabilidade e Administração - ME

Furg - Contabilidade

Universidade Estadual de Maringá - Ciências Contábeis - ME

Universidade Federal do Mato Grosso do Sul Ciências Contábeis - ME

Universidade Federal de Pernambuco - Ciências Contábeis - ME/DO 

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - Ciências Contábeis - ME 

Universidade Federal de Santa Maria - Ciências Contábeis - ME 

Centro Universitário Fecap - CiÊncias Contábeis - ME

Universidade do Estado do Rio de Janeiro - Ciências Contábeis - ME

Universidade do Estado do Rio de Janeiro - Controladoria e Gestão Pública - MP

Nota 2

Universidade do Estado do Rio de Janeiro - Ciências Contábeis - ME

Meus comentários:

1. Os programas de mestrados com nota 4 serão sérios candidatos a pleitear a abertura de curso de doutorado. Ou seja, a médio prazo poderemos ter mais 9 cursos de doutorado no país. Muito? Provavelmente sim. 

2. Os programas de mestrado/doutorado com nota 3 estão sob observação. Isto inclui o programa da UFPE.

3. A grande surpresa foi a confirmação de um boato de que a USP da capital tinha levado uma nota baixa. O programa da USP, que já foi 6, teve uma nota 4 agora na avaliação. O interessante é que a USP Ribeirão, sua co-irmã, recebeu nota 5. Mas a USP entrou com recurso e a nota final ficou 6. 

4. A UERJ de Contábeis, que já contribuiu substancialmente para evolução da área no Brasil, recebeu nota 2. A crise financeira deve ter sido um dos motivos para esta nota reduzida. Mas com o recurso, o curso subiu para 3

5. No total, 35 programas de pós na nossa área. Nada mal. 

6. Na primeira postagem cometi dois enganos. Grato Sandro pela correção. 

13 dezembro 2022

Futuro da Profissão - 2

 A sustentabilidade atravessa todos os vectores da sociedade e irá assumir cada vez mais importância no futuro. Hugo Ribeiro, contabilista certificado, CEO da HVR Business Consulting, antecipa o caminho ao Jornal Económico: “Vamos assistir a consumidores que vão ter escolhas cada vez mais conscientes dos impactos dos seus consumos, no entanto, não será de todo linear criar modelos de ‘report’ para um tecido empresarial português caracterizado por microempresas muitas delas que correspondem em muitos casos à criação do próprio emprego”.

A criação deste tipo de obrigações a determinadas áreas não terá “o impacto que se pretende”. Mais. “Será para este tipo de negócio apenas algo burocrático e sem enquadramento”. Em concreto, “na área da Contabilidade apesar de ser o tema do passado congresso ainda está num processo embrionário”, adianta Hugo Ribeiro.

A transição para uma economia mais sustentável, que parece ter-se tornado irreversível nesta segunda década do século XXI, significa que os critérios ambientais, sociais e de governança, conhecidos por ESG, serão fundamentais na gestão das empresas e organizações do futuro. Neste contexto, olhamos para o sector da Contabilidade. Como estão os contabilistas a endereçar o desafio da sustentabilidade? São necessárias novas competências? Que papel desempenha a academia neste processo?

No ISCAL – Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Lisboa, Ana Isabel Dias, diretora da licenciatura em Contabilidade e Administração, e Pedro Pinheiro, presidente do Instituto, sinalizam que os ESG, tópicos de Environmental, Social and Governance, no original em inglês, e a sustentabilidade são hoje um dos principais desafios em diversas áreas de atuação e a Contabilidade não é exceção.

“Os contabilistas, face a este desafio, têm respondido como habitualmente o fazem, ou seja, preparando-se para enfrentar uma abordagem diferente daquela que tradicionalmente enfrentam. O relato da informação de natureza não financeira e a garantia da fiabilidade desta, implica que os contabilistas adquiram um novo conjunto de competências que os possa preparar convenientemente para esta alteração de paradigma”, afirmam.

Explicam depois que “a problemática da recolha da informação de natureza não financeira, o seu tratamento e o adequado relato dessa mesma informação, de modo a suprir as necessidades dos diferentes stakeholders” faz com os contabilistas necessitem, em muitos casos, de efetuar um esforço adicional para responder de forma afirmativa ao desafio. Assim, segundo os professores do ISCAL, o foco dos contabilistas está na formação, instrumento que pode ajudar a “desenvolver as competências necessárias para endereçar o relato ESG com os mais elevados padrões de qualidade e deste modo contribuir, no âmbito das suas competências, para o desígnio do desenvolvimento sustentável”.

A perspetiva da Católica Porto Business School

Paulo Alves, professor associado da Católica Porto Business School e diretor do MSc Finance, diz ao Jornal Económico que a formação de contabilistas, que é “muito focada na excelência ao nível do conhecimento contabilístico”, carece de “uma profunda adaptação para fazer face às novas exigências” de um ambiente de negócios fortemente marcado pela agenda da sustentabilidade.

“A criação de valor por parte do profissional de Contabilidade será cada vez mais ancorada na sua capacidade de acompanhar a entidade num complexo ecossistema com exigências crescentes ao nível da informação necessária”, explica.

No geral, este cenário torna “urgente e imperativa”, a inclusão de disciplinas que desenvolvam competências nas áreas da estratégia, risco e sustentabilidade, e a interligação destas à contabilidade, ao relato de informação não financeira e às finanças empresariais.

Paulo Alves chama a atenção para o facto da formação na área da sustentabilidade não ser específica a um ramo do conhecimento. O que se trata é de formação que permita o “desenvolvimento de profissionais capazes de fazer a diferença para uma sociedade mais sustentável”. Nesse sentido, adianta, a sustentabilidade é uma matéria core na estratégia da Católica Porto Business School e no seu propósito de “formar profissionais de excelência”.

Este compromisso, acrescenta, traduz-se “na preocupação da Escola em acompanhar os mais recentes desenvolvimentos na área e incluí-los nos cursos”. Ao que refere, a inclusão das matérias relacionadas com a sustentabilidade atravessa toda a oferta formativa, desde uma abordagem mais disseminada na licenciatura, a uma formação específica ao nível da formação pós-graduada.

Exemplos? O Mestrado em Finanças inclui uma disciplina exclusivamente focada em Sustainable Finance. Na formação para executivos está atualmente em fase de candidaturas a primeira edição do curso Innovation for Sustainable & Regenerative Business. Finalmente, e em parceria com a WU – Vienna University of Economics and Business, uma das mais reputadas business schools do mundo, a CPBS organiza a Porto Sustainable Business Summer School que permite uma experiência internacional distinta.



A perspetiva do ISCAL

Ana Isabel Dias, docente e Pedro Pinheiro, presidente do ISCAL, dizem ao JE que da parte dos alunos ou futuros alunos, há não só interesse, mas entusiasmo para aumentar o nível de conhecimento neste assunto. “As novas gerações, tendencialmente mais despertas para problemáticas relacionadas com as alterações climáticas, muito devido ao foco colocado pelo ensino obrigatório nesta temática, estão mais do que predispostas para abarcar estas aprendizagens”.

A matriz de competências do International Federation of Accountants (IFAC) para a qualificação de um profissional – uma pirâmide de três níveis (fundamental, intermédio e avançado) – baseia os resultados da aprendizagem em compreender o problema, providenciar a solução e aconselhar e relatar, sempre a par de um comportamento ético expectável.

“Assim — explicam Ana Isabel Dias e Pedro Pinheiro — as competências a desenvolver para os tópicos de ESG serão baseadas nesta mesma linha de ensino-aprendizagem que permita desenvolver competências na análise de questões complexas, e por vezes, até controversas, relativamente a aspetos que se revestem de elevado nível de abstração, o que conduz a uma maior dificuldade na garantia da fiabilidade do processo de relato”. Todavia, acrescentam, as pressões dos vários stakeholders para “um relato mais transparente”, conjugada com “a necessidade do mundo empresarial de dar a conhecer os seus modelos de negócios”, conduziu “a práticas de relato que abrangem os tópicos relacionados com o ESG” e, atualmente, a que fossem “alvo de regulação”.


formação para contabilistas

O ISCAL é herdeiro da Aula do Comércio, criada por Marquês de Pombal em 1759. A sua oferta abrange Contabilidade, Fiscalidade e Auditoria. No primeiro ciclo existe a licenciatura em Contabilidade e Administração e no segundo ciclo o mestrados em Contabilidade, em Fiscalidade e em Auditoria. Nos cursos não conferentes de grau, destacam-se a especialização em Contabilidade, Fiscalidade e Planeamento no Setor Segurador, em parceria com a Associação Portuguesa de Seguradores, e a Pós-Graduação em Contabilidade e Gestão Pública, em parceria com o ISCSP-UL.

Pedro Pinheiro adianta ao JE que o ISCAL se prepara para reforçar no próximo ano a oferta formativa não conferente de grau, própria e em parceria, relacionada com a problemática da sustentabilidade e do relato integrado.

Já nas licenciaturas e mestrados, o caminho passa pela atualização das unidades curriculares, incorporando os tópicos de ESG, enquanto parte de conteúdos relacionados com o relato empresarial e com a ética profissional.

O objetivo destas alterações é que os diplomados ganhem um conjunto de competências para que possam também eles responder de forma afirmativa aos desafios futuros.

Fonte: Jornal Economico. Foto: Maximalfocus

25 outubro 2022

Concentração nos conselhos editoriais dos periódicos


Para pensar:

Um dos principais problemas que preocupa um grande número de economistas é a distribuição desigual de recursos econômicos, riqueza e poder (veja as entradas anteriores Rodríguez 2022, Ferreira 2018; Domènech e Sánchez-Cuenca 2022) e, como diz o ditado, "na casa do ferreiro, espeto de pau". Mais de duas décadas atrás Hodgson e Rothman (1999), diante da crescente importância das revistas Top 5 em Economia, se perguntavam se a organização da disciplina econômica era dominada por um pequeno grupo de departamentos. Seus dados, baseados em 30 publicações de revistas consolidadas em economia em 1995, mostraram que membros de conselhos editoriais vieram predominantemente de universidades americanas: 60% de todos os editores obtiveram doutorado em nove instituições americanas, enquanto 40% trabalhavam em 12 instituições americanas. Com uma concentração tão alta de poder em um pequeno grupo de instituições, sua principal preocupação estava na ameaça de que essa situação representasse "o potencial de inovação e mudança": com um pequeno conjunto de instituições dominando a profissão, a variedade de idéias e abordagens necessárias para inovação e mudança estaria em risco.

Fonte: aqui. Foto: Artur Shamsutdinov

Este é um tema que poderia ser pesquisado para o Brasil, nos nossos periódicos de contabilidade. (Quem fizer, a partir desta dica, ou saiba que já foi feito, peço encaminhar a pesquisa para o blog). 

Será que temos esta concentração? Bom, a história da pós-graduação no Brasil pode ajudar um pouco. O tronco de todos os programas brasileiros foi a pós da Universidade de São Paulo. Isto pode forçar a concentração. Mas vários programas usaram de profissionais formados em outras áreas (administração, educação, métodos quantitativos e outros) para formar o seu corpo docente. Isto pode, por outro lado, dar uma pluralidade maior na nossa área, no Brasil. 

30 agosto 2022

Ensino remoto e invasão da privacidade

Eis a notícia lá de fora:


Um juiz do tribunal federal decidiu na segunda-feira que as varreduras de salas - um componente de muitos serviços de procura on-line - violam a Constituição.

Juiz J. Philip Calabrese, do Tribunal Distrital dos EUA no Distrito Norte de Ohio ficou do lado com o autor em uma decisão que foi descrita por alguns observadores legais como injetando uma nota de cautela sobre o uso dos polêmicos softwares, que explodiram durante a pandemia. O autor, um estudante da Cleveland State University, foi convidado a fazer uma breve varredura de seu quarto no início de 2021, antes de fazer um teste remoto.

Realmente o ligar da câmera é invasivo. Lembro da primeira pergunta que tive de responder de um aluno durante o início da pandemia: que livros eram aqueles que estavam após a minha imagem? Quase todos alunos desligavam suas câmeras e restava falar para uma tela do computador. 

Também lembro de uma entrevista de seleção da pós-graduação, onde a câmera era obrigatória estar ligada, sendo possível ver o local onde estava a pessoa. Em alguns casos, era possível perceber o ambiente. 

Em casos como este, o objetivo é evitar fraudes nos exames. Um tema bem complicado. 

14 julho 2022

Dez conselhos ruins em finanças pessoais


Gostei deste artigo, do El Blog Salmon. Fiz algumas leves adaptações. 

A maioria das pessoas não tem um euro miserável economizado, entre outras razões, porque faz as coisas ao contrário. A péssima educação financeira neste país é parcialmente responsável por isso.

De certa forma, hoje vou falar sobre ela. Eu vou analisar dez conselhos financeiros socialmente aceitos que, na minha humilde opinião, não têm pés nem cabeça.

Garanto-lhe que, se você os seguir à risca, mais cedo ou mais tarde, acabará tendo problemas financeiros.

1 "Economize 10% do seu salário."

O sistema público de pensões está matematicamente quebrado.

Você pode gostar mais ou menos, mas é um fato: sua pensão e a minha serão simbólicas, um cocô de vaca.

E não espere que alguém venha resolver o problema. O plano B subtrai votos e nenhum político ousará executá-lo.

Como problemas adicionados: todos os anos há mais e mais impostos; a expectativa de vida está aumentando; e a inflação pode ficar conosco por várias décadas.

Então eis que aparece um "ser de luz que anda nas águas" e, a partir de seu púlpito do guru financeiro, ele recomenda "economizar 10% do seu salário todos os meses.".

Apenas 10%? Está brincando? Com isso você está a caminho da ruína; as contas não batem. Você tem que se esforçar mais; você tem que economizar mais.

E se você quiser obtê-lo sem vender sua alma ao agiota, você terá que se concentrar em ganhar mais dinheiro.

Não há teto e lembre-se: ganhe o que puder agora, tente ganhar um pouco mais.

2 "Apenas sua paixão"

Para ganhar mais dinheiro, alguns decidem seguir sua paixão.

Ter paixões injeta um molho picante na vida. Todos devem ter pelo menos uma paixão.

Agora, tentar monetizar sua paixão obsessivamente até que ela se torne o epicentro financeiro de sua vida parece um erro para mim.

Quando eles lhe dizem que "estude o que você gosta" ou "trabalhe no que você ama até que seus sonhos se tornem realidade", respire fundo e engula saliva.

Se sua paixão não estiver alinhada com os interesses do mercado, você corre o risco de colocar jogar fora vários anos da sua vida.

Não persiga sua paixão, o que você precisa perseguir é dinheiro.

3 "Saia da sua zona de conforto." 

Esta pequena frase se espalhou mais rápido que a foto "de você sabe quem" do Whatsapp e causou muitos danos à cabeça.

Se você está mais ou menos bem estruturado e chegou a um ponto em que desfruta de uma boa qualidade de vida, deixar sua zona de conforto é completamente ridículo. Não faz sentido.

Meu conselho é esse tente melhorar gradualmente sua zona de conforto (que é infinitamente mais fácil do que criar uma nova zona de conforto) até transformá-la em um nirvana de conforto.

Mas, por favor, não pule de uma zona de conforto para outra zona de conforto como se estivesse com em um parquinho. Você vai ficar tonto, mais do que qualquer outra coisa.

4 "A universidade é inútil"

Não vou enganá-lo, mesmo eu (que tenho um diploma universitário e pós-graduação) cometi o erro de dizer o seguinte:

"Li inivirsidid ni sirvi piri nidi"

Você vai ver.

Hoje, as universidades se tornaram máquinas de venda automática por diplomas. Eu acho que até aqui todos concordamos.

Você insere 4 anos de sua vida e alguns milhares de euros para o slot e, em troca, obtém um papel que justifica que você sabe muito sobre o seu.

Assinado: o rei.

Mas todos sabemos que o atual modelo universitário está desatualizado e que a maioria dos diplomas é pior do que negociar com 4 telas.

Contudo, a realidade nos dá duas dicas:

A taxa de desemprego para estudantes universitários é muito menor que a taxa de desemprego para estudantes não universitários. Com poucas exceções, o salário médio dos estudantes universitários é superior ao salário médio dos estudantes não universitários. A faculdade também serve a qualquer coisa? Ao contrário da minha opinião (e talvez a sua também), em geral, a resposta é sim.

5 "Leia todos os livros que puder."

Não me interpretem mal, mas a leitura excessiva pode ser absurda.

De vários livros lidos sobre um tópico, ler um pouco mais não adiciona nada. Só levará tempo para algo muito mais importante: agir.

Pense nisso.

Certamente, em algum momento de sua vida, você ficou obcecado em ler livros sobre finanças, investimentos, negócios, estilo de vida ... Você não terminou um e já está pensando em ler o próximo.

Livro, livro, livro, livro ... E colocando no Twitter que você tem 11 livros lidos em 7 meses.

Pare, cara, pare. Você lê para aprender a investir, mas não investe? Você lê para aprender a empreender, mas não se compromete? Você lê para se tornar o proprietário do seu tempo, mas passa quatro horas por dia na frente de um livro?

Talvez você devesse leia menos e faça mais. Lembre-se: Você não aprende sexo lendo o kamasutra.

6 "Investir é para especialistas"

Este foi pressionado até mim e que, como eu estava dizendo, tenho um artigo assinado pelo rei, no qual ele diz que sei muito sobre economia.

Antes da internet, investir era difícil ou muito difícil.

Você tinha que confiar no banco ou em um consultor financeiro para o seu inimigo. E, na maioria das vezes, você não tinha absolutamente nenhuma ideia de para onde estava indo seu dinheiro.

Felizmente, para você e eu, os tempos mudaram. Hoje qualquer um pode:

Aprenda o que é necessário; invista com bom senso no Princípio de Pareto: você não precisa aprender 100%, 20% é suficiente para você. Comece a investir com bom senso. Você só precisa perder o medo. Decida fazê-lo. O mais difícil é dar o primeiro passo. 

"Investir é para especialistas" não é mais difícil, e eu vou girar com o próximo ponto.

7 "Investir é jogar"

Para ganhar 25% de rentabilidade anual, você deve apostar; para obter uma lucratividade semelhante à do mercado, você precisa investir.

Tenha cuidado, jogar (ou especular) não precisa ser ruim por si só se você o fizer conscientemente e conhecer os riscos.

Você deseja obter alta rentabilidade em pouco tempo? Então você não quer comprar um fundo indexado. Você tem que jogar e tem que apostar. Você pode fazê-lo na bolsa, no cassino, no bingo ou com cavalos. Você também pode roubar uma van.

É a sua aposta.

Isso pode dar certo ou pode dar errado. Mas não confunda jogo com investimento. São coisas diferentes. Ouso dizer que são antônimos.

8 "Cryptomonedas são o futuro"

Sobre investimentos, uma subseção.

Comprar a ideia de que as criptomoedas são o futuro e que você precisa investir nelas e pisar como se não houvesse amanhã parece um pouco imprudente para mim.

Milhares de jovens que não sabem diferenciar um blockchain de um pacote de Marlboro e falam de dinheiro fiduciário e políticas monetárias como se tivessem acabado de passar por um mestrado na Harvard Business School, quando a realidade é que eles não têm ideia.

Vamos enfrentá-lo não temos uma bola de cristal mágica. Portanto, nem você nem eu nem mais ninguém podemos ter certeza se as criptomoedas serão ou não o futuro.

Isso significa que devemos ignorá-los como se fossem uma cerveja não alcoólica? Não, isso não significa isso. Isso significa que você precisa saber como medir riscos.

9 "Boa dívida será sua alavanca."

O argumento para uma boa dívida (entendida como a ajuda para comprar ativos com os quais obter renda) tem um rastro de cadáveres por trás.

Comprar um apartamento hipotecário e alocá-lo para alugar pode ser uma boa ideia se você fizer isso com a cabeça. Os inquilinos pagarão a hipoteca e as despesas e você receberá um benefício passivo todos os meses. Em 20 anos, o apartamento será pago e quase todo o aluguel se tornará um benefício.

Um negócio infernal que o banco pagou a você.

Agora repita a operação com 5 ou 10 andares e você terá 5 ou 10 rendas passivas. Uma boa dívida fará de você um milionário. Ou talvez não.

5 ou 10 hipotecas equivale a 5 ou 10 problemas potencialmente importantes que podem literalmente falir com você.

Meu conselho? Não exagere e tenha cabeça e tenha muito cuidado com dívidas.

10 - "Trabalhe duro e fique rico"

Se você deseja criar seu próprio império a partir do zero absoluto, terá que trabalhar muito por alguns anos de sua vida. Não serei eu quem dirá o contrário. Não há truques de mágica.

Agora, transformar o trabalho duro no motor da sua vida é uma besteira que não o levará a lugar algum. Só no hospital com um ataque de ansiedade. Ou, pior ainda, com um ataque cardíaco.

E não é isso que queremos.

Se você quiser ganhar macarrão de verdade você terá que parar de trocar tempo por dinheiro Trabalhar uma hora e cobrar uma hora não fará de você um milionário. Seu tempo é limitado.

Juros compostos não se aplicam apenas a investimentos. Aplica-se a tudo na vida, incluindo a renda gerada pelo trabalho.

Até então, um grande abraço. Nudista investidor

14 junho 2022

Prêmio da graduação e da pós

Afinal, fazer uma graduação e/ou uma pós-graduação faz sentido? Eis uma revisão da pesquisa na área:

This paper reviews and evaluates progress in recent research on the graduate premium in general as well as the differential graduate premiums by discipline, accounting for higher-education choice by individuals under substantial uncertainty. The contribution of this review, relative to previous reviews, is the collection of a wider variety of evidence that all bears on a relatively narrow issue, namely the graduate and discipline premiums, allowing for selection into undergraduate degree and degree subjects which include the option value of undertaking postgraduate degrees. The issue of subject-job match quality after graduation is only treated as a sensitivity check to the main results, due to concerns with self-selection. We emphasize that the sizes of the graduate and discipline premiums are context-specific, especially regarding how HE is structured and financed in a country, without going into details. Much higher weight is placed on the most up-to-date research that sheds light on the causal effects of higher-education and subject choice, and the conclusions are heavily driven by the best evidence rather than by consensus built around correlations. This paper ends with a short summary of the empirical evidence and a brief discussion of possible areas for future research.

10 junho 2022

Ciência de Dados e Contabilidade

A presente pesquisa investigou como a adoção da ciência de dados na Pós-graduação Brasileira relaciona-se com a formação de mestres e doutores em contabilidade. A relevância da temática recai sobre a importância da disseminação de conhecimentos, que aproxima as universidades do mercado de trabalho contribuindo para o desenvolvimento da sociedade. Diante disso, a pesquisa teve como objetivo determinar os fatores de adoção de conhecimentos em ciência de dados e suas influências na formação de mestres e doutores em contabilidade, evidenciada na literatura baseada na difusão da inovação, redes complexas e ciências de dados na contabilidade. O percurso metodológico procurou explorar o Catálogo de Dissertações e Teses da Capesa, referente ao período de 1987 até 2019, que posteriormente foram analisados com a utilização da linguagem computacional (Python e Gephi), mineração de dados, estatísticas descritivas e redes complexas, com objetivo de mapear e identificar as principais pesquisas e módulos criados e desenvolvidos pela rede de co-palavras-chaves, com intuito da expansão da pesquisa sobre a colaboração científica e a evolução da ciência de dados na contabilidade. Os resultados indicam a existência de uma evolução temporal nítida onde foi possível identificar que mais de 70% das pesquisas alinhadas com a área contábil estão concentradas em cinco módulos, formando um padrão a partir de 2013, sendo eles: aprendizagem de máquina, mineração de dados, inteligência artificial, grandes dados e inteligência de negócios. Além disso, a contabilidade financeira ganhou destaque por emergir como um módulo em termos essencialmente contábeis, apontando novos rumos e tendências. 

Fonte: Dissertação de Ricardo dos Santos Cardoso

Um aspecto interessante é a evolução de teses e dissertações na nossa área:



27 maio 2022

Culto da Siginificância Estatística

 

Se você prometer que não vai espalhar para todo mundo, vou contar um segredo sobre uma das técnicas principais usadas na ciência econômica moderna, o "teste estatístico de significância". Esse teste é usado em boa parte da ciência econômica, finanças, sociologia, psicologia e medicina modernas.

É difícil explicar. Em 1966, quando eu estava fazendo um exame oral no curso de pós-graduação em Harvard, me pediram para explicar. Não consegui. Eu já havia feito três cursos de econometria e dominado provas impressionantes de todos os tipos. Mas errei as balizas do gol por uns três metros.

Deixe-me tentar.

Não podemos perguntar a cada brasileira, todos os meses, se ela está empregada ou não. Custaria muito caro. Então fazemos a pergunta a uma amostra aleatória de brasileiros, possivelmente mil, e aplicamos o resultado à nação. Para uma pessoa não quantitativa, isso já soa absurdo. Mas eu fiz três semestres de economia e adoro números, de qualquer maneira.

Será que a estimativa é correta? O economista do Ministério do Trabalho responde: "É claro que sim. O tamanho da amostra é mil, então há uma probabilidade baixíssima de a estimativa estar muito errada em função de erro de amostragem". E então ele conclui com um sorrisinho satisfeito: "A estimativa é estatisticamente significativa".


Deixemos de lado certas preocupações quantitativas avançadas sobre se a amostra é de fato aleatória ou se erros de arredondamento nos programas de computador estão rendendo resultados incorretos. O problema fundamental é que o economista pensa que esse cálculo indica que a taxa de desemprego é importante, que ela tem importância. Entretanto, a precisão, nesse sentido estrito do termo, não significa nada desse tipo..

Para que algo seja importante, para que faça diferença, precisamos responder à pergunta filosófica sobre o que significa o desemprego e qual dimensão do desemprego o levaria a ter importância.

Sim, eu sei. É difícil de entender. Tão difícil que a ciência econômica e a medicina estatística não entendem.

Mais uma tentativa e então deixarei a seu cargo pesquisar a "controvérsia do teste da significância" na estatística econômica e médica. Faça um Google por David Rothman ou Stephen Ziliak, por exemplo. Artigo esta aqui.

Você me pergunta se está um dia bonito em Chicago. Eu respondo: "Seis". Você diz: "O que isso quer dizer?". Eu respondo, irritada: "Como assim, ‘o que quer dizer’. É seis. Você não acredita em números?".

Os números, assim como as palavras, não encerram um significado próprio. Pesquisadores econômicos e médicos pensam que sim. É um desastre científico.



Fonte: aqui

14 março 2022

Modo robô


Bem interessante o texto de Isabella Abreu, do jornal O Estado de S. Paulo (12 de março). Abreu fala sobre o modo robô, quando você está no "piloto automático". Eis um trecho:

É provável que você se tenha identificado com alguma dessas situações. São muitas as atividades que realizamos de forma automática no dia a dia – escovar os dentes, tomar banho, fazer uma refeição. Christian Haag Kristensen, professor de Pós-graduação em Psicologia da PUC-RS, explica que quando, em nosso cérebro, um processo se torna mais automatizado, significa que necessitamos despender menos “energia”.

“Os processos mais automatizados necessitam de menor direcionamento de recursos de atenção, menos esforços conscientes, por assim dizer, para que uma determinada tarefa seja executada. Dessa forma, ao precisarmos exercer menor controle mental para o gerenciamento de tarefas, podemos ter recursos (de atenção, de memória, etc.) disponíveis para outras atividades”, diz. Um exemplo é quando estamos aprendendo a dirigir. No início, precisamos de muita atenção em processos básicos. Na medida em que essas tarefas (trocar marcha, por exemplo) se tornam procedimentos de rotina, podemos focalizar a atenção em outros aspectos, como o ambiente a nossa volta, outras pessoas no carro, etc. 

 (...) A psicóloga [Elaine de Moraes] avalia que um dos grandes obstáculos para se manter presente é o vício tecnológico. O bombardeio de informações, propagandas e imagens que “metralham” nossos olhos diariamente vem gerando um padrão de concentração baseado na distração concentrada. “Esse estado de excitação e inquietação mental produzido pelas telas deixa as pessoas muito mais voltadas para esses estímulos externos e visuais, atrofiando a capacidade de concentração interna, reflexiva e consciente do momento presente.”

Um estilo de vida acelerado e sem presença pode acarretar diversos prejuízos. Para Déborah Aquino, especialista em desenvolvimento humano, a falta de presença nos tira da excelência. “Gosto do conceito do professor Clóvis de Barros Filho, que afirma que excelência é alocar todos os seus recursos numa determinada atividade, fazendo o que pode ser feito, com o que você tem no momento. Considerando essa ideia, são pouquíssimas as pessoas que são realmente excelentes nas diversas áreas da vida”, observa.

Segundo a especialista, a desconexão com o momento presente afeta a carreira, prejudicando o pensamento criativo e o foco na solução e em novas ideias. Nas relações com amigos e familiares, são grandes as possibilidades de que elas sejam superficiais e distantes. “Sem presença você não escuta, não olha nos olhos, não entende as necessidades emocionais das pessoas que são importantes para você”, enfatiza.

Já na saúde, o impacto também é enorme. “Quem é acelerado não come direito, porque está sempre com pressa e, consequentemente, come além da conta. Quem não tem presença, deixa de sentir, não sabe lidar com as emoções. Além disso, não dorme bem, não tem paciência para respirar”, enumera.

E a que devemos estar atentos para evitar uma vida no “piloto automático”? Falhas de memória, dificuldade em concentração, irritabilidade, senso de urgência para tudo (já reparou quantas vezes temos pressa e nem sabemos o motivo?), culpa por descansar e ser multitarefa são alguns indícios. “Nosso cérebro não suporta tanta coisa ao mesmo tempo. Ele ‘buga’. E quando isso acontece, ele escolhe o caminho mais fácil. E esse caminho, definitivamente, não é o caminho da consciência”, ressalta Déborah Aquino. A solução? Fazer uma coisa por vez.

09 março 2022

Meu Mestrado e Doutorado em Contabilidade Pública

Esta é uma daquelas ideias geniais. Um grupo de pesquisadores, querendo incentivar a pesquisa na área pública nos programas de pós-graduação, resolveu criar um local para discutir os projetos que seriam submetidos no processo seletivo. A ideia cresceu e continua em 2022. Conforme lembrou o blog Ideias Contábeis, estamos na sexta edição. 

Quem tiver interesse, pode clicar aqui. A seguir, algumas datas importantes: